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Sebenta Organização Judiciária pp Marta Costa Andrade

Organização Judiciária (Universidade de Coimbra)

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Sebenta Organização Judiciária


PowerPoint Dra. Marta Costa Santos
Constituída pelo conjunto de órgãos aos quais, nos termos constitucional e legalmente previstos, compete
administrar a justiça, quer em matéria:
 Constitucional ou financeira
 Cível e criminal
 Administrativa e fiscal
 Militar
Ordenamento judiciário: acervo das normas que disciplinam tais órgãos

Tribunais (Pluralidade de Jurisdições)


Arte. 209.º CRP:
 Tribunal Constitucional
 STJ e tribunais judiciais de primeira e de segunda instância
 STA e demais tribunais administrativos e fiscais
 Tribunal de Contas
 Tribunais marítimos (tribunais judiciais de competência especializada)
 Tribunais Arbitrais
 Julgados de paz (tribunais estaduais dotados de competência alternativa em relação aos tribunais
judiciais)
 Tribunais militares – art.º. 213.º CRP

Escolha a afirmação verdadeira:

a) A jurisdição tanto se pode referir ao conjunto dos tribunais portugueses como a uma certa
categoria de tribunais portugueses.
b) A jurisdição refere-se apenas ao conjunto dos tribunais portugueses.
c) A jurisdição refere-se apenas a uma certa categoria de tribunais portugueses.

Poder de julgar, constitucionalmente


atribuido ao conjunto dos tribunais existentes
e 2 1 de 58
na ordem juridica Portuguesa (art 202 nº 1Página
CRP)

Jurisdição Poderes
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uma das ordens dos tribunais, por oposição ao
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poder reconhecido a outra categoria de


tribunais (jurisdição civel e Criminal; jurisdição
administrativa e fiscal) art 109 º1 CPC

Competência:
 Internacional dos Tribunais Portugueses: parcela do poder jurisdicional que lhes é atribuída, no seu
conjunto, por oposição à que pertence aos tribunais não nacionais (artes. 62.º e 63.º CPC +
regulamentos comunitários)
 Interna: parcela do poder jurisdicional – que se acha repartido entre os diferentes tribunais
portugueses (judiciais, administrativos, fiscais, etc.) - atribuída a cada um dos tribunais integrados
numa certa categoria (Ex: a dos tribunais judiciais).

Artigo 109.º
Conflito de jurisdição e conflito de competência
1) Há conflito de jurisdição quando duas ou mais autoridades, pertencentes a diversas atividades do
Estado, ou dois ou mais tribunais, integrados em ordens jurisdicionais diferentes, se arrogam ou
declinam o poder de conhecer da mesma questão: o conflito diz-se positivo no primeiro caso e
negativo no segundo.
2) Há conflito, positivo ou negativo, de competência quando dois ou mais tribunais da mesma ordem
jurisdicional se consideram competentes ou incompetentes para conhecer da mesma questão.
3) Não há conflito enquanto forem suscetíveis de recurso as decisões proferidas sobre a competência.

Competência concreta do tribunal para julgar determinada Acão, de certo tipo


Exemplo: nos juízos de competência especializada, os juízos de família e menores – em abstrato são os
competentes para julgarem ações de investigação da paternidade: artigo 123.º, n.º 1, al. l) da LOSJ- MAS –
o Juízo de Família e Menores de Coimbra só é competente, em concreto, para determinada Acão dessa
natureza, intentada pelo filho contra o pretenso pai, se o réu tiver o seu domicilio na área de competência
territorial desse juízo (ex: no município de Coimbra, no de Condeixa ou no de Penacova) – arts. 80.º, n.º 1 e
82.º, n.º 1 do CPC e mapa III anexo ao ROFTJ, na redacção que lhe foi dada pelo DL n.º 86/2016 de 27 de
dezembro.

Instância e grau de Jurisdição


Instância - relação jurídica processual, que se estabelece e desenvolve entre cada uma das partes e o
tribunal:

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1º Proposição da acção (art. 259.º, n.ºs 1 e 2 CPC) [a relação processual triangular só fica completa
com a citação do réu]; modificações – arts. 260.º e 564.º, al. b) CPC); extinção – art. 277.º CPC.
2º Acção deve ser proposta nos tribunais de 1.ª instância – em regra são os tribunais de comarca (com
o respectivo juízo competente);
3º Decisão proferida não tem necessariamente carácter definitivo:
a. Em matéria cível – pode ser impugnada em via ordinária mediante recurso de APELAÇÃO
(arts. 627.º, n.º 1, 629.º, n.º 1, 633.º, n.º 1 e 644.º CPC)

Conhecer do litígio após uma decisão anterior proferida por um tribunal pertencente à mesma ordem, mas
hierarquicamente inferior

Recurso de Apelação - para o tribunal de segunda instância (em regra, Tribunal da Relação)

 2.º grau de jurisdição

Nestes casos existem dois graus de jurisdição, mas um só grau de apelação, uma vez que o STJ é, em regra, apenas
um tribunal de REVISTA (não podendo, regra geral, apelar-se da decisão da Relação, proferida em via de recurso, para
o STJ)

 Em matéria penal: tribunal de 1.ª instância – aquele a que compete julgar o arguido pela primeira vez (em
regra tribunal de Comarca, através da competente juízo)

Em regra, o tribunal competente para conhecer do recurso interposto da decisão proferida pelo tribunal de 1.ª
instância é o da Relação – 2.ª instância (art. 427.º CPPenal).

Jurisdição administrativa e fiscal – Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais (ETAF) e o Código de Processo dos
Tribunais Administrativos (CPTA) utilizam os conceitos “primeira ou segunda instância” e “primeiro grau de
jurisdição”.

O Código de Procedimento e Processo Tributário (CPPT) é uniforme na terminologia adotada, empregando sempre
“instância”.

Alçada
Limite de valor até ao qual o tribunal decide sem que (em regra) seja admitido recurso ordinário. - Em regra,
apenas é admitida a interposição de recurso ordinário de decisão proferida em acção cujo valor seja superior à
alçada do respectivo tribunal (art. 629.º, n.º 1 CPC; art. 42.º, n.º 2 da LOSJ; art. 142.º, n.º 1 CPTA e art. 280.º, n.º 4
CPPT).

A circunstância de o valor de uma causa exceder a alçada do tribunal em que é instaurada não o torna
incompetente para dela conhecer.

SIGNIFICA APENAS QUE A DECISÃO PROFERIDA AFINAL É SUSCEPTÍVEL DE RECURSO ORDINÁRIO, NÃO
CONSTITUINDO, PORTANTO, A RESOLUÇÃO DEFINITIVA DO CASO.

Alçadas
 Primeira instância = € 5.000
 Tribunais da Relação = € 30.000

art. 6.º, n.º 3 do ETAF – A alçada dos tribunais administrativos de círculo e dos tribunais tributários corresponde
àquela que se encontra estabelecida para os tribunais judiciais de 1.ª instância.

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Alçada e competência não se confundem: a circunstância de o valor de uma causa exceder a alçada do tribunal em
que é instaurada não o torna incompetente para dela conhecer; significa, tão-só, que a decisão proferida afinal é
susctível de recurso ordinário, não constituindo, portanto, a resolução definitiva do caso.

A INDEPENDÊNCIA DOS TRIBUNAIS E OS SEUS SENTIDOS


a) Os tribunais são independentes em relação aos outros poderes do Estado, mas não entre si, em
virtude de serem obrigados a acatar as ordens ou instruções dos tribunais superiores;
b) Os tribunais são independentes em face dos outros poderes estaduais e entre si, salvo no que
respeita ao dever de acatamento das decisões proferidas em via de recurso pelos tribunais
superiores;
c) A independência externa dos tribunais portugueses consiste em eles não estarem sujeitos às leis de
outros países, nem ao direito da União Europeia.
Art 203 CRP juntamente com Art. 22.º da Lei de Organização do Sistema Judiciário (LOSJ), 2.º do ETAF, 7.º, n.º 1 da Lei
de Organização e Processo do T. Contas (LOPTContas)

1) A independência dos tribunais deve ser entendida como:

 uma concretização do princípio da separação de poderes entre os órgãos de soberania, consagrado no art.
111.º, n.º 1 da CRP
 Ausência de subordinação do poder judicial a qualquer outro poder do Estado (independência externa)

Art. 203.º - “lei” – todas as normas que vigoram na ordem jurídica portuguesa, incluindo as disposições dos tratados
que regem a UE; as emanadas das suas instituições, no exercício das suas competências e a CRP.

2) A independência dos tribunais tem de ser vista no plano das relações entre eles : os tribunais são independentes
entre si (independência interna)

Independência interna:

 Quer no que respeita às diferentes categorias ou ordens de tribunais – cada uma deles goza de
independência em relação às outras (ex: tribunais administrativos e fiscais são independentes face aos
tribunais judiciais);
 Quer dentro de cada uma dessas ordens jurisdicionais – quando a mesma integre vários tribunais, cada um
deles é independente dos restantes (ex: Tribunal da Relação é independente do STJ; TAF independentes do
STA)

Que é o mesmo que dizer que nenhum tribunal está sujeito a diretivas, ordens ou instruções emitidas por outro,
ainda que hierarquicamente superior

E diferente do dever da acatamento, por parte dos tribunais inferiores das decisões proferidas em via de recurso
pelos tribunais superiores.

A INDEPENDÊNCIA DOS JUÍZES E AS SUAS GARANTIAS


Identifique a afirmação verdadeira:

1.
a) A garantia da inamovibilidade tem carácter absoluto, obstando a toda e qualquer modificação da situação
dos juízes.
b) A inamovibilidade dos juízes (não militares) tanto é compatível com a sua nomeação vitalícia como com a
nomeação por tempo determinado, desde que sem possibilidade de renovação.
c) Os juízes do Tribunal Constitucional não gozam da garantia da inamovibilidade, em virtude de a sua
nomeação ser feita por tempo determinado.
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2.
a) O Ministério Público é uma magistratura vestibular da magistratura judicial, sem independência em relação a
esta.
b) O Ministério Público é uma magistratura paralela e independente da magistratura judicial, mas não goza de
autonomia em relação aos demais órgãos do poder central, regional e local.
c) Os magistrados do Ministério Público estão subordinados a ordens, diretivas ou instruções emanadas
pelos de grau superior, nos termos do respectivo Estatuto.

(Caráter vestibular que a magistratura do MP teve até ao 25 de Abril: para se ser juiz tinha que se passar pelo MP,
e os quadros superiores do MP eram desempenhados por juízes em comissão de serviço)

3.
a) O Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais é o órgão privativo de gestão e disciplina dos
juízes dos tribunais judiciais.
b) O Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais é o órgão privativo de gestão e disciplina dos
juízes dos tribunais administrativos e fiscais, bem como dos juízes do Tribunal de Contas.
c) O Conselho Superior da Magistratura é o órgão privativo de gestão e disciplina dos juízes dos tribunais
judiciais.

 Independência dos juízes enquanto decorrência da independência dos tribunais


 Expressamente prevista para os juízes do Tribunal Constitucional – art. 222.º, n.º 5 da CRP e 22.º da
LOFPTConst.
 Art. 4.º da LOSJ – independência para os juízes de todas as categorias de tribunais estaduais
 Art. 4.º, n.º 1 do EMJ – para os juízes dos tribunais judiciais
 Art. 3.º da Lei n.º 101/2003, de 15 de Novembro – para os juízes militares

A independência dos juízes traduz-se no facto de eles julgarem apenas segundo a Constituição e a lei, sem estarem
sujeitos a ordens ou instruções (nem dos outros poderes estaduais, nem de outros juízes posicionados em escalões
superiores da respetiva magistratura)

O que assegura a independência dos Juízes:

 Inamovibilidade
 Princípio da irresponsabilidade das suas decisões
 Autogoverno
 Regime de incompatibilidades

1. Inamovibilidade
art 216 CRP (os juízes não podem (designadamente) ser transferidos, suspensos, aposentados ou demitidos senão
nos casos previstos na lei.)

Estabilidade relativa no cargo – os juízes não estão sempre vinculados ao lugar onde obtêm a sua primeira colocação
Excepções a este princípio = são somente as previstas na lei (nunca mediante, p. ex., decisão governamental).
Art. 5.º, n.º 1 da LOSJ + art. 216.º, n.º 1 CRP + art. 6.º do EMJ (magistrados judiciais) + 3.º, n.º 1 ETAF (juízes dos
tribunais administrativos e fiscais) + 22.º da LOFPTConst. e 7.º, n.º 2 da LOPTContas.
A inamovibilidade é diferente da duração legal do cargo, ou seja, com a natureza vitalícia ( Garantida para os
magistrados judiciais (art. 6.º, parte inicial doEMJ) e para os juízes dos tribunais administrativos e fiscais (remissão
contida no art. 3.º, n.º 3, parte final e art. 57.º do ETAF)) ou temporária do mesmo

Com exeção para p tribunal Constitucional em que mandato tem a duração de 9 anos e não é suscetível de renovação
(art. 222.º, n.º 3 da CRP). Nestes casos a garantia da inamovibilidade exige que a nomeação ou designação seja feita
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por um período certo e determinado e sem possibilidade de renovação, para evitar a insegurança ligada à incerteza
sobre a renovação da nomeação.

2. Irresponsabilidade dos juízes pelas suas decisões


 Art. 216.º, n.º 2 CRP – garantia sem carácter absoluto – reserva-se à lei a determinação dos casos em que,
excepcionalmente, os juízes são responsáveis pelo exercício da sua atividade decisória.
 A irresponsabilidade não é, em geral, expressamente considerada como forma de assegurar a independência
dos juízes, nomeadamente pelas exceções que comporta.
 Art. 4.º, n.º 2 da LOSJ + art. 3.º, n.º 2 ETAF + art. 24.º da LOFPTConst.+ art. 5.º EMJ; 7.º da LOPTContas

2.1.Exceções à irresponsabilidade
Art 5 nº2 EMJ
 Responsabilidade criminal, civil e disciplinar
 Magistrados do Ministério Público – 219.º, n.º 4 CRP; 9.º, n.º 2 LOSJ; 97.º, n.º1 do EMP

Os juízes e os magistrados do MP são responsáveis pelos actos praticados no exercício das suas funções, salvo no
que se refere à responsabilidade meramente civil, que está excluída quando actuem com culpa leve (art. 5.º, n.º 3 do
EMJ, art. 26.º da LOPTContas, art. 97.º do EMP e art. 14.º, n.º 1 do Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual
do Estado e Demais Entidades Públicas), só quando actuem com dolo ou culpa grave e mediante acção de regresso

Tanto os juízes como os magistrados do Ministério Público respondem civilmente pelos actos praticados no exercício
das respectivas funções, mas só quando actuem com dolo ou culpa grave e mediante acção de regresso.

Elementos a mencionar na justificação: definição de irresponsabilidade enquanto garantia de independência dos


juízes; referência à natureza relativa desta garantia (ressalvando, todavia, a responsabilidade política que é
absolutamente excluída); comparação do regime jurídico aplicável aos magistrados judiciais com aquele que se aplica
aos magistrados do Ministério Público, mencionando os preceitos constitucionais e legais pertinentes.

3. Autogoverno
Existência de um órgão privativo de gestão e disciplina
Juízes do Tribunal Constitucional e do Tribunal de Contas – cabe a cada um destes tribunais o exercício o poder
disciplinar sobre os respetivos juízes [art. 6.º, n.º 3 da LOSJ remete para o art. 25.º, n.º 1 da LOFPTConst. e arts. 7.º,
n.º 2, 25.º e 75.º, al. e) da LOPTContas]
A nomeação dos juízes do Tribunal de Contas é da competência do respectivo Presidente, que, por sua vez, é
nomeado pelo Presidente da República, sob proposta do Governo (art. 133.º, al. m) CRP e art. 74.º, n.º 1, al. j) da
LOPTContas).
Diferente dos Juízes dos tribunais judiciais e aos juízes dos tribunais administrativos e fiscais – a nomeação,
colocação, transferência e promoção dos juízes e o exercício da acção disciplinar em relação a eles, não pertencem a
eles próprios, mas a órgãos privativos de gestão e disciplina, só em parte constituídos por juízes (não tendo de
constituir a maioria)
CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA e CONSELHO SUPERIOR DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS
(arts. 217.º, nºs 1 e 2 da CRP; 6.º, nºs 1 e 2, 153.º, 155.º, al. a), 160.º e 162.º, al. a) da LOSJ, arts. 136.º e 149.º, al. a)
do EMJ art. 74.º, n.º 1 e n.º 2, al. a) do ETAF).

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CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA - art. 218.º, n.º 1 CRP; art, 137.º, n.º 1 do EMJ e art. 154.º, n.º 1 da
LOSJ

17 membros, na maioria (9) designados/eleitos pelos órgãos de soberania cuja eleição é feita por sufrágio direto.
Contudo, o Presidente da República e a Assembleia da República podem designar ou eleger juízes.

O Governo não elege nenhum membro do Conselho Superior da Magistratura, o que constitui garantia de não
ingerência daquele no “governo” da magistratura judicial.

CONSELHO SUPERIOR DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS

 Arts. 75.º, n.º 1 do ETAF e 161.º, n.º 1 da LOSJ


 A maioria de conselheiros é nomeada pelos órgãos de soberania
 Falta de garantia da existência de uma maioria de juízes
 O Governo não elege nenhum membro

A Constituição e a lei não consagram o «autogoverno puro» como garantia dos juízes de todas as ordens
jurisdicionais.
Elementos a mencionar na justificação: alusão ao «autogoverno» enquanto garantia de independência dos
juízes; dizer (justificando) que ele só existe (como «autogoverno puro») em relação aos juízes do Tribunal
Constitucional e do Tribunal de Contas, enquanto para os juízes dos tribunais judiciais e para os juízes dos
tribunais administrativos e fiscais há órgãos de gestão e disciplina constitucionalmente autónomos, o
Conselho Superior da Magistratura e o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais,
respetivamente, que não são constituídos exclusivamente por juízes; citação dos preceitos constitucionais e
legais pertinentes.

4. Regime de incompatibilidades
As incompatibilidades, constitucional e legalmente previstas, equivalem à consagração da “regra da
dedicação exclusiva dos juízes profissionais”.
 Artigos:
o 216º, nº. 3 CRP;
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o 222º, nº. 5 CRP


o 27º nº. 1 da LOPTContas.

Têm os juízes de obter autorização para poder exercer a actividade de docente ou de investigação
científica? Têm

Quanto aos juízes dos tribunais judiciais, os mesmos têm de obter autorização do Conselho Superior da
Magistratura para esse efeito (art. 13º nº. 2 do EMJ) e no caso dos juízes dos tribunais administrativos e
fiscais, necessário se mostra obter autorização do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais
[art. 13º nº. 2 do EMJ, aplicável “ex vi” do art. 3º nº. 3 e do art. 57º do ETAF e o art. 74º nº. 2 al. p) do EMJ].

O princípio da dedicação exclusiva dos juízes às funções próprias do seu cargo encontra justificação na
necessidade de assegurar a sua concentração nessa actividade, evitando a sua dispersão por outras
actividades, com prejuízo do estudo e da reflexão exigidos a quem exerce tal cargo.

A acrescer a isto, justifica-se, também, pela conveniência de evitar a criação de laços de dependência
profissional ou económica que poderiam comprometer a sua independência.

Art. 216º nº. 4 da CRP


Como apenas existem o Conselho Superior da Magistratura (como órgão de gestão e disciplina dos juízes
dos tribunais judiciais) e o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, põe-se a questão de
saber se os juízes das restantes categorias de tribunais poderão ser nomeados para comissões de serviço
estranhas às respectivas funções.

Entendimentos díspares: Gomes Canotilho e Vital Moreira sustentam que não; Vieira Cura entende que não
é assim, pelo menos, no caso do Tribunal de Contas, pois o art. 23º do LOPTContas admite expressamente a
“nomeação de juízes do Tribunal de Contas para outros cargos, em comissão de serviço”.

O MINISTÉRIO PÚBLICO E A SUA AUTONOMIA


O Ministério Público é uma magistratura paralela e independente da magistratura judicial, o que decorre,
desde logo, de ter constitucionalmente garantido um “estatuto próprio” (art. 219º nº. 2 CRP e art. 3 nº. 2
da LOSJ) e, além disso, é expressamente afirmado nesse estatuto e na LOSJ – art. 3.º e 96º nº. 1 do EMP e
art 9º nº. 3 da LOSJ.
Órgão superior do MP: Procuradoria–Geral da República, que é presidida pelo Procurador-Geral da
República (arts. 17.º e 19.º EMP), nomeado pelo Presidente da República, sob proposta do Governo, e cujo
mandato tem a duração de seis anos (vejam-se art. 133.º al. m) e art. 220.º nº. 1,2 e 3 da CRP; arts.12º nº.
1 al. a); 14.º; 17.º; 175.º, n.º 2 do EMP e art. 165.º nº. 2 1ª parte do LOSJ).

A Constituição da República garantiu ao Ministério Público autonomia, em termos a definir pela lei (art.
219º nº. 2 CRP).
Os magistrados do MP estão vinculados apenas às diretivas, ordens e instruções previstas na lei” (art. 3.º
nº. 1 e 2 do EMP e art. 3º nº. 2 e 3 da LOSJ).
Autónomos face aos demais órgãos do poder central, regional e local, em particular, em relação ao
Governo e aos seus membros, designadamente ao Ministro da Justiça
FUNÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO
As funções do Ministério Público encontram-se sintetizadas no art. 219º da CRP, no art. 4.º do EMP e no
art. 3º nº. 1 da LOSJ.
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As funções resumem-se:
 A representação do Estado;
 A defesa dos interesses que a lei determinar;
 A participação na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania;
 O exercício da ação penal – orientado pelo princípio da legalidade;
 E a defesa da legalidade democrática.

As principais competências do Ministério Público são as mencionadas no art. 4º nº. 1 do EMP e entre
elas destacam-se as seguintes:
 A representação do Estado, das regiões autónomas, das autarquias locais, dos incapazes, dos
incertos e dos ausentes em parte incerta (al. a)) – vejam-se art. 24º do CPC; art. 6º do CPTrabalho,
art. 11º nº.2 doCPTA, art. 18º nº.3, art. 21º nº. 1 e art. 23º nº. 1 todos do CPC, art. 2 nº. 2 do
CPTrabalho, art. 21º nº. 1, art. 22º nº. 2, art. 23º nº. 1 todos do CPC e art. 14º do CPPT.
 O exercício da ação penal (al. c)) – vejam-se arts. 48º e 53º nº. 2 al. c) do CPPenal;
 O patrocínio oficioso dos trabalhadores e suas famílias na defesa dos seus direitos de carácter social
(al. g)) – veja-se art. 7º al. a) do CPTrabalho;
 A defesa de interesses colectivos e difusos (al. h)) – vejam-se art. 31º do Código de Processo Civil e
art. 9 nº. 2 do CPTA;
 A de promover a execução das decisões dos tribunais para que tenha legitimidade (al. k)) – vejam-se
art. 57º do CPC e arts. 469º e 491º nº. 1 e 2 do CPP;
 A direcção da investigação criminal (al. e)) – vejam-se arts.53º nº. 2 al. b) e 263º nº. 1 do CPP
 A de fiscalizar a constitucionalidade dos actos normativos (al.l))
 A intervenção nos processos de insolvência e em todos os que envolvam interesse público (al. m)) –
vejam-se arts. 13º nº. 1, 20º nº. 1, 37º nº. 2, 64º nº. 2 e 72º nº. 6 do CIRE, art. 40 nº. 2 al. c) e art.
68º nº. 1 al. c) ambos do CPTA, art. 141º nº. , art. 192º nº. 3, art. 1639º nº. 1 e art. 1980º nº. 5
todos do CCivil;
 A interposição de recurso sempre que a decisão seja efeito de conluio das partes no sentido de
fraudar a lei ou tenha sido proferida com violação de lei expressa (al. q)).

A RESPONSABILIDADE E A SUBORDINAÇÃO HIERÁRQUICA DOS MAGISTRADOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO


A Constituição e a lei contrapõem à “irresponsabilidade dos juízes” a responsabilidade dos magistrados do
Ministério Público.
Todavia, a situação das duas magistraturas do ponto de vista da responsabilidade não é substancialmente
diferente, com a ressalva de os magistrados do Ministério Público “responderem, nos termos da lei (…),
pela observância das diretivas, ordens e instruções que receberem” (art. 97º nº. 2 do EMP).

Subordinação hierárquica - art. 219º nº. 4 da CRP, no art. 97º nº. 1 do EMP e no art. 9º nº. 2 do LOSJ.
n Art. 97º nº. 3 do EMP - “a hierarquia consiste na subordinação dos magistrados (de grau inferior) aos
de grau superior”

“consequente obrigação de acatamento por aqueles das directivas, ordens e instruções recebidas”

Salvo o art. 97º nº. 3 do EMP – sem prejuízo do disposto no artigo 100.º do EMP.

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EMP prevê ainda a existência das procuradorias-gerais regionais como órgão do Ministério Público (art. 12º
al. b)):
 uma procuradoria-geral regional “na sede de cada distrito judicial”, ou seja, em Coimbra, Évora,
Lisboa e Porto (art. 65.º EMP), dirigida por um dos procurador-geral-adjunto que nela exercem
funções, com a designação de “procurador-geral regional” (art. 67º) e cuja competência é indicada
no art. 66º do EMP.

Cabe dirigir e coordenar a actividade do Ministério Público na área de competência dos tribunais da
Relação
Exemplo: a direcção e a coordenação da actividade do Ministério Público pela “procuradoria–geral
regional” do Porto é exercida na área da competência territorial do Tribunal da Relação do Porto e na do
Tribunal da Relação de Guimarães, pois estes tribunais estão sediados no mesmo distrito judicial - o do
Porto.

Os magistrados do Ministério Público têm ainda assegurada a estabilidade - não podem ser transferidos,
suspensos, promovidos, aposentados ou demitidos (nem mudados de situação “por qualquer outra
forma”) senão nos casos previstos na lei ou no respectivo estatuto (art. 219º nº 4 da CRP; art. 99º do EMP e
art. 11º nº. 1 da LOSJ)
Também para eles se acha previsto um regime de incompatibilidades – art. 107º do EMP.

Conselho Superior do Ministério Público - órgão privativo encarregado da disciplina e da gestão dos
magistrados do Ministério Público, integrado na Procuradoria-Geral da República (art. 220º nº. 2 da CRP,
artigos 15.º, n.º 2, 21º e 22º do EMP e art. 165º nº. 2 da LOSJ).

TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
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 É uma das categorias de tribunais previstas na Constituição (art. 209.º, n.º 1).
 A definição deste Tribunal (art. 221.º), a sua composição e o estatuto dos respectivos juízes (art.
222.º), a sua competência (art. 223.º) e a remissão da disciplina da sua organização e
funcionamento para a lei ordinária (art. 224.º).
 É “órgão constitucional autónomo de regulação do processo político-constitucional”.
 O Tribunal Constitucional não se limita a funcionar como “órgão superior da justiça constitucional”
(embora essa seja a sua função essencial e verdadeiramente caracterizadora da sua jurisdição),
estando-lhe igualmente cometidas outras tarefas.

Qual a afirmação Verdadeira


a) A interposição de recurso para o Tribunal Constitucional nunca pressupõe o prévio esgotamento da
possibilidade de recurso ordinário.
b) A interposição de recurso, para o Tribunal Constitucional, de decisão que recuse a aplicação de uma
norma com fundamento na sua inconstitucionalidade pressupõe o prévio esgotamento da
possibilidade de recurso ordinário.
c) A interposição de recurso, para o Tribunal Constitucional, de decisão que aplique uma norma cuja
inconstitucionalidade haja sido alegada no processo, por uma das partes, pressupõe o prévio
esgotamento da possibilidade de recurso ordinário.

Caso prático 1.
Em 10 de Março de 2002, Adozinda, casada com Barnabé desde 1999, teve um filho, Carlos, cujo
nascimento foi declarado pela mãe na Conservatória do Registo Civil sem qualquer indicação quanto à
paternidade (ficando assim estabelecida esta, nos termos do art. 1826.º do C.Civil).
Em Agosto de 2010, «por motivos graves e devidamente ponderados», Adozinda e Barnabé divorciaram-
se por mútuo consentimento. No dia 10 de Julho de 2012, após ter estado a trabalhar na Austrália
durante 10 anos, Diocleciano – que mantivera relações sexuais (de cópula consumada) com Adozinda no
período legal da concepção – regressou a Portugal. Sabendo que Adozinda estava divorciada e, por isso,
já não iria pôr em causa a relação dela com Barnabé, Diocleciano, convencido de que é o pai biológico de
Carlos, pretende ver juridicamente estabelecida a sua paternidade em relação a este.
Tendo sido informado de que, nos termos do disposto nos arts. 1839.º, n.º 1, e 1841.º do C.Civil, o
Ministério Público apenas podia propor a acção de impugnação da paternidade mediante prévio
requerimento ao tribunal judicial competente (para avaliar a viabilidade do pedido) feito por quem
afirma ser pai biológico, formulado no prazo de 60 dias, a contar da data em que a paternidade do
marido conste do registo (n.º 2 do art. 1841.º), Diocleciano decidiu requerer ao Tribunal Constitucional a
apreciação da constitucionalidade da norma que estabelece tal prazo, por entender que põe em causa,
nomeadamente, o direito de constituir família (art. 36.º, n.º 1, da C.Rep.). Quid iuris?

R: O que está em causa é um pedido de fiscalização da constitucionalidade formulado diretamente no


Tribunal Constitucional.
Salvo quando tem funções jurisdicionais directas, como sucede, em certas hipóteses, no contencioso
eleitoral, o Tribunal Constitucional apenas intervém mediante recurso interposto de decisões proferidas
por outros tribunais (art. 280.º, n.º 1, da C.Rep. e art. 70.º, n.os 1 e 2, da LOFPTConst.) – «maxime», dos
tribunais judiciais e dos tribunais administrativos e fiscais –, sobre a questão incidental de
inconstitucionalidade surgida no decurso de uma acção; não existe a possibilidade de submeter
directamente ao Tribunal Constitucional a questão da inconstitucionalidade de normas.

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Caso Prático 2.
Elvira instaurou ação de impugnação da paternidade (presumida) contra Fausto e Gabriel (este
representado pelo curador, por ser menor), no Tribunal de Família e Menores de Vila Nova de Gaia,
pedindo que se declarasse não ser Fausto o pai de Gabriel e que, em consequência, se ordenasse o
cancelamento ou a rectificação do registo de nascimento de Gabriel, relativamente à paternidade
estabelecida de Fausto. Os RR. foram absolvidos do pedido, em virtude de já ter decorrido o prazo
estabelecido no art. 1842.º, n.º 1, al. b), do C.Civil (três anos a contar do nascimento), e a caducidade ser
de conhecimento oficioso (art. 496.º do C.P.Civil de 1961 – actual art. 579.º do C.P.Civil).
Elvira interpôs recurso da sentença para o Tribunal da Relação do Porto, que, por acórdão de
19/04/2012, julgou procedente a apelação e revogou a decisão recorrida, recusando a aplicação da
referida norma, por a reputar inconstitucional (violação do direito à identidade pessoal – art. 26.º, n.º 1,
da C.Rep.). Haveria recurso para o Tribunal Constitucional? Quanto a que questão e em que termos?

R: A resposta é afirmativa. Com efeito, cabe recurso para o Tribunal Constitucional das decisões de outros
tribunais (como os judiciais) que recusem a aplicação de qualquer norma com fundamento na sua
inconstitucionalidade (art. 280.º, n.º 1, al. a), da C.Rep. e art. 70.º, n.º 1, al. a), da LOFPTConst.). Foi o que
aconteceu neste caso: o Tribunal da Relação do Porto recusou a aplicação da norma contida no art. 1842.º,
n.º 1, al. b), do C.Civil, por a reputar inconstitucional.
Em conformidade com o disposto no n.º 6 do art. 280.º da C.Rep. e no art. 71.º, n.º 1, da LOFPTConst., o
recurso é restrito à questão da inconstitucionalidade (só não é assim no caso previsto no n.º 2 do art. 71.º
da LOFPTConst.). O TC não aprecia eventuais nulidades das sentenças ou acórdãos, erros de julgamento,
etc.
Uma vez que se trata de uma decisão positiva de inconstitucionalidade (o Tribunal da Relação do Porto
considerou a norma inconstitucional), ao contrário do que sucede em relação às decisões negativas (cfr. o
art. 70.º, n.º 2, da LOFPTConst.), não se exige a prévia exaustão dos recursos ordinários que dela caibam,
podendo recorrer-se para o TC (quanto à questão da constitucionalidade) logo que se verifique a não
aplicação da norma. Assim, apesar de a decisão do Tribunal da Relação admitir recurso (de revista, para o
STJ – em virtude de o valor da causa ser de 30.000,01 €, por se tratar de uma acção de estado), podia ser
interposto recurso para o TC, que, aliás, era obrigatório para o MP (art. 72.º, n.º 3, da LOFPTConst.).
O recurso para o Tribunal Constitucional era interposto no tribunal que proferiu a decisão, por meio de
requerimento em que se identifique a alínea do n.º 1 do art. 70.º da LOFPTConst. Ao abrigo da qual a
mesma é efectuada (neste caso, a al. a)), assim como a norma cuja inconstitucionalidade se pretendia ver
apreciada pelo Tribunal Constitucional, a do art. 1842.º, n.º 1, al. b), do C.Civil (cfr. os arts. 75.º-A, n.º 1, e
76.º, n.º 1, da LOFPTConst. E art. 637.º do C.P.Civil – art. 684.º-B do C.P.Civil de 1961 –, aplicável «ex vi» do
art. 69.º daquela lei).

Caso Prático 3.
Horácio impugnou no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa um despacho proferido por X, no qual
se fez aplicação do disposto no art. 19.º do Regulamento de Disciplina Militar aprovado pelo Decreto-Lei
n.º 142/77, de 9/04/1977. O Tribunal considerou essa norma inconstitucional e a autoridade recorrida
interpôs recurso para o STA.
Que outro recurso terá sido interposto e por quem? Com que fundamento? Que acontecia ao recurso
interposto para o STA?

R: Outro recurso interposto foi o referente à recusa de aplicação da referida norma, com fundamento na
sua inconstitucionalidade (uma vez que os tribunais não devem aplicar normas inconstitucionais – art.
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204.º da C.Rep.). Também aqui se tratou de uma decisão positiva de inconstitucionalidade. Como a norma
em causa constava de um Decreto-Lei (acto de natureza legislativa), o recurso era obrigatório para o MP
(art. 280.º, n.º 3 CRP).
Nos termos do art. 75.º, n.º 1, da LOFPTConst. «o prazo de interposição de recurso para o Tribunal
Constitucional é de 10 dias e interrompe os prazos para a interposição de outros que porventura caibam da
decisão, os quais só podem ser interpostos depois de cessada a interrupção». A apreciação da questão da
inconstitucionalidade tem, pois, prioridade.
O recurso interposto para o STA, segundo a decisão tomada pelo TC, ficava suspenso até se decidir a
questão da inconstitucionalidade.

Caso Prático 4.
Em 7/04/2007, Ivone instaurou ação de impugnação da paternidade contra Joaquim e Lucas, no Tribunal
da Comarca de Figueiró dos Vinhos, pedindo que se declarasse não ser Joaquim o pai de Lucas e que, em
consequência, se ordenasse o cancelamento ou a retificação do registo de nascimento de Lucas,
relativamente à paternidade estabelecida de Joaquim.
Na contestação, Joaquim invocou a caducidade do direito (na altura, o prazo para a mãe instaurar a
acção era de dois anos). Na réplica, Ivone sustentou a inconstitucionalidade da norma do art. 1842.º, n.º
1, al. b), do C.Civil (na versão em vigor na época).
Mas o tribunal entendeu que a norma não era inconstitucional e aplicou-a, julgando verificada a
caducidade do direito de impugnação.
Ivone recorreu para o Tribunal da Relação de Coimbra, que confirmou a decisão de 1.ª instância.
Recorreu depois para o STJ, que,em 25/03/2010, considerou a norma inconstitucional.
Haveria recurso para o Tribunal Constitucional? Quanto a que questão e em que termos?

R: A resposta é afirmativa, pois o STJ recusou a aplicação de uma norma com fundamento na sua
inconstitucionalidade – decisão positiva de inconstitucionalidade (cfr. a resolução do caso n.º 2).
N.B. Foram esgotados os recursos ordinários porque as decisões do tribunal de 1.ª instância e do Tribunal
da Relação foram decisões negativas de inconstitucionalidade.

Caso Prático 5.
Em 2010, Marcela, de 50 anos de idade, instaurou ação de investigação da paternidade contra Norberto,
no Tribunal da Comarca de Viseu, pedindo que se declarasse ser ela filha do investigado. Para tanto
sustentou, desde logo, a inconstitucionalidade da norma do n.º 1 do art. 1817.º do C.Civil (aplicável «ex
vi» do art. 1873.º).
Na contestação, Norberto invocou a caducidade do direito, por já ter decorrido o prazo legalmente
aplicável. O tribunal entendeu que o direito de instaurar a acção tinha caducado, aplicando a referida
norma, que considerou não ser inconstitucional.
Marcela recorreu para o Tribunal da Relação de Coimbra, que confirmou a decisão de 1.ª instância.
Recorreu depois para o STJ, que, também manteve a decisão.
Haveria recurso para o Tribunal Constitucional? Quanto a que questão e em que termos?

R: Também neste caso havia recurso para o Tribunal Constitucional, pois o STJ aplicou a norma do n.º 1 do
art. 1817.º do C.Civil, cuja inconstitucionalidade foi suscitada durante o processo (art. 280.º, n.º 1, al. b), da
C.Rep. e art. 70.º, n.º 1, al. b), da LOFPTConst.).
Em conformidade com o disposto no n.º 6 do art. 280.º da C.Rep. e no art. 71.º, n.º 1, da LOFPTConst., o
recurso é restrito à questão da inconstitucionalidade (só não é assim no caso previsto no n.º 2 do art. 71.º
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da LOFPTConst.). Como se disse a respeito do caso n.º 2, o TC não aprecia eventuais nulidades das
sentenças ou acórdãos, erros de julgamento, etc.
Uma vez que se trata de uma decisão negativa de inconstitucionalidade (o STJ não considerou a norma
inconstitucional), bem andou Marcela ao recorrer da decisão do tribunal de 1.ª instância para o Tribunal da
Relação de Coimbra (recurso de apelação) – porque o valor da causa era de 30.000,01 € (superior, portanto,
à alçada do tribunal de cuja decisão se recorria, que é de 5.000,00 € – art. 24.º, n.º 1, da LOFTJ
de 1999) – e do acórdão proferido por este tribunal para o STJ (recurso de revista) – porque o valor da
causa era de 30.000,01 € (superior, portanto, à alçada dos tribunais da Relação, que é de 30.000,00 € – art.
24.º, n.º 1, da LOFTJ de 1999) –, pois a LOFPTConst. exige a prévia exaustão dos recursos ordinários que
caibam da decisão (art. 72.º, n.º 2), não podendo recorrer-se para o TC (quanto à questão da
constitucionalidade) logo que se verifique a aplicação da norma cuja inconstitucionalidade haja sido
suscitada.
O recurso para o Tribunal Constitucional era interposto no tribunal que proferiu a decisão (o STJ), por meio
de requerimento em que teria de se identificar (cfr. os arts 75.º-A, n.º 1 e n.º 2, e 76.º, n.º 1, da
LOFPTConst. e art. 637.º do C.P.Civil – art. 684.º-B do C.P.Civil de 1961 –, aplicável «ex vi» do art. 69.º
daquela lei):
 a alínea do n.º 1 do art. 70.º da LOFPTConst. ao abrigo da qual a mesma era efectuada (neste caso, a
al. b));
 a norma cuja inconstitucionalidade se pretendia ver apreciada pelo Tribunal Constitucional, a do art.
1817.º, n.º 1, do C.Civil;
 e – por se tratar de recurso interposto ao abrigo da alínea b) do n.º 1 do artigo 70.º da LOFPTConst.,
a norma ou princípio constitucional ou legal que se considera violado, bem como a peça processual
em que a recorrente suscitou a questão da inconstitucionalidade.
Só Marcela podia interpor o recurso, por se tratar de recurso previsto na alínea b) do n.º 1 do artigo 70.º. E
era preciso que tivesse suscitado a questão da inconstitucionalidade perante o tribunal que proferiu a
decisão recorrida (neste caso o STJ – não bastava ter suscitado a questão em 1.ª instância, nem foi o que
aconteceu, pois insistiu nela no Tribunal da Relação e no STJ), de modo processualmente adequado, em
termos de esse tribunal estar obrigado a dela conhecer (art. 72.º, n.º 2, da LOFPTConst).
n Também estava verificado o outro requisito que o TC exige nestes casos: a norma do art. 1817.º, n.º 1, do
C. Civil ter sido aplicada pelo STJ como «ratio decidendi», pois o STJ confirmou a decisão das instâncias
sobre a caducidade do direito de investigar a paternidade, por ter decorrido o prazo estabelecido nessa
norma.

A COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL E O MANDATO DOS RESPECTIVOS JUÍZOS


 O Tribunal Constitucional é o único tribunal cuja composição se encontra estabelecida na própria
Constituição.
 Nos termos do art. 222.º, n.º 1, ele é composto por treze juízes (juízes conselheiros), dos quais seis
são obrigatoriamente juízes oriundos de outros tribunais, enquanto os restantes podem ser
quaisquer juristas (n.º 2 desse artigo). Não se exclui, portanto, a possibilidade de entre estes sete
estarem também juízes de outras categorias de tribunais.
 A Constituição não obriga a que o Tribunal Constitucional seja maioritariamente constituído por
juízes provenientes de outros tribunais.
 Dos treze juízes que compõem o Tribunal Constitucional, dez são diretamente designados pela
Assembleia da República, enquanto os restantes três são cooptados pelos primeiros (art. 222.º, n.º
1, 2.ª parte, da C, Rep.).

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maioria de 2/3 dos deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dos que se encontrem em
efetividade de funções (art. 163.º, al. h), da CRP e art. 16.º, n.º 4, da LOFPT.Const.)

Mandato dos juízes do Tribunal Constitucional:


 duração de nove anos e não é renovável (art.222.º, n.º 3, da C. Rep. e art. 21.º, n.º 1 e n.º2, da
LOFPTConst).
 O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Constitucional são eleitos pelos respectivos juízes e
exercem funções durante um período igual a metade da duração do mandato de juiz do Tribunal
Constitucional (ou seja, um período de quatro anos e meio), com possibilidade de recondução (art.
222.º, n.º 4, da C.Rep. e arts. 36.º, al. a), e 37.º, n.º 1, da LOFPTConst.).

JURISDIÇÃO, SEDE E FUNCIONAMENTO

 O Tribunal Constitucional “exerce a sua jurisdição no âmbito de toda a ordem jurídica” e a sua sede
é em Lisboa (art. 1.º da LOFPTConst.)
 Matérias compreendidas na sua jurisdição: arts. 221.º e 223.º da Constituição – as que envolvam a
interpretação e a aplicação das normas constitucionais.
 Também possui competência em matérias que não se reconduzem ao núcleo caracterizador da sua
jurisdição - art. 223.º, n.º 1, da Constituição

Como funciona?
 em sessões plenárias
 por secções (art. 40.º, n.º 1, da LOFPTConst.).

As Secções:
 são três (não especializadas);
 cada uma delas é constituída pelo Presidente ou pelo Vice-Presidente do tribunal e por mais quatro
juízes (art. 41.º, n.º 1, da LOFPTConst.), de acordo com a distribuição feita pelo tribunal no início de
cada ano judicial (art. 41.º, n.º 1, da LOFPTConst.).

Tanto em plenário como em secção, o Tribunal Constitucional só pode funcionar se estiver presente a
maioria dos respetivos membros em efetividade de funções, incluindo o Presidente ou Vice-Presidente
(art.42.º, n.º 1, da LOFPTConst.); por isso, se todos os juízes se encontrarem em efetividade de funções, o
quórum de funcionamento do plenário é de sete membros, enquanto o de cada uma das secções é de três.

A COMPETÊNCIA FUNDAMENTAL DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL

“competência característica e nuclear” - fiscalização da constitucionalidade e da legalidade das normas


jurídicas que constituem a ordem jurídica portuguesa, em geral, de certas normas jurídicas ou de
omissões normativas - “um órgão jurisdicional de controlo normativo”
Essa competência do Tribunal Constitucional abrange:
 A fiscalidade preventiva da constitucionalidade (art. 278.º, n.ºs 1 e 2 da C.Rep.);
 A fiscalidade sucessiva abstrata da constitucionalidade ou legalidade (art. 281.º da C.Rep.);
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 A fiscalidade concreta da constitucionalidade ou da legalidade (art. 280.º da C.Rep.);


 A verificação da existência de alguma inconstitucionalidade por omissão das “medidas legislativas
necessárias para tomar exequíveis as normas constitucionais” (art. 283.º C.Rep.).

A INTERVENÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL NA FISCALIZAÇÃO CONCRETA DA


CONSTITUCIONALIDADE OU LEGALIDADE
A fiscalidade concreta da constitucionalidade (ou da legalidade) cabe a todos os tribunais, que a efetuam
de forma incidental, nas ações submetidas à sua apreciação, relativamente às normas relevantes para a
decisão do caso concreto, na medida em que não podem “aplicar normas que infrinjam o disposto na
Constituição ou os princípios nela consagrados” (art. 204.º da C.Rep.) e, estando “sujeitos à lei” (art.203.º,
2.ª parte, da C.Rep.), também não podem aplicar normas ilegais.
Se um tribunal for confrontado pelas partes com a questão da inconstitucionalidade (ou ilegalidade) de
determinada norma e concluir pela sua inconstitucionalidade (ou ilegalidade), ou se conhecer “ex officio”
da mesma, limitar-se-á a não a aplicar ao caso concreto que lhe compete julgar; se entender que ela não
viola a Constituição ou os princípios nela consagrados (ou a lei), então aplicá-la-á na resolução desse caso.
Decisão tomada não tem carácter definitivo: pode haver (e em alguns casos há obrigatoriamente) recurso
de constitucionalidade (ou de legalidade) para o Tribunal Constitucional.
Em regra, este apenas intervém mediante recurso interposto de decisões proferidas por outros tribunais
(art. 280.º, n.º 1, da C.Rep. e art. 70.º, n.ºs 1 e 2, da LOFPTConst.) – dos tribunais judiciais e dos tribunais
administrativos e fiscais -, sobre a questão incidental de inconstitucionalidade (ou legalidade) surgida no
decurso de uma acção; não existe, com efeito, a possibilidade de submeter diretamente ao Tribunal
Constitucional a questão da inconstitucionalidade (ou da legalidade) de normas.
As decisões dos restantes tribunais de que cabe recurso para o Tribunal Constitucional (restrito à questão
da inconstitucionalidade ou da ilegalidade) – art. 280.º, n.º 6, da C.Rep. e art. 71.º, n.º 1, da LOFPTConst.,
salvo o disposto no n.º 2 deste artigo são as seguintes:
 Art. 280.º, n.º 1, al. a), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. a), da LOFPTConst.
 Art. 280.º, n.º 2, al. a), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. c), da LOFPTConst.
 Art. 280.º, n.º 2, al. b), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. d), da LOFPTConst.
 Art. 280.º, n.º 2, al. c), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. e), da LOFPTConst.
 Art. 280.º, n.º 2, al. d), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. f), da LOFPTConst. – reportando-se esta alínea
às als. c), d) e e) do mesmo número desse artigo
 Art. 280.º, n.º 5, al. c), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. g), da LOFPTConst.
 Art. 70.º, n.º1, al. h), da LOFPTConst.
 Art. 70.º, n.º1, al. i), da LOFPTConst.

Espécies de recursos e respetivos requisitos


Decisão proferida pelo tribunal que, incidentalmente, se ocupou da questão da constitucionalidade de
normas aplicáveis ao caso concreto: decisões positivas inconstitucionalidade (ou legalidade) ou decisões
negativas de inconstitucionalidade
Implica dois tipos de recursos:

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Os primeiros são interpostos de decisões de outros tribunais que tenham recusado a aplicação, de uma
norma, por a considerarem inconstitucional (ou ilegal):
 art. 280.º, n.º1, al. a), e n.2, als. a), b) e c), da C.Rep. (e no art. 70.º, n.º1, als. a), c), d), e) e i) da
LOFPTConst.)
Os segundos são os interpostos de decisões que aplicaram uma norma apesar de ter sido suscitada a
questão da sua inconstitucionalidade (ou ilegalidade) no processo (rejeitando a tese da sua
inconstitucionalidade ou ilegalidade).
 art. 280.º, n.º 1, al. b), n.º 2, al. d) e n.º 5 da C.Rep. ( e no art. 70.º, n.º 1, als. b), f), g) e h) da
LOFPTConst.)
Recursos de decisões de não aplicação (ou de desaplicação) alguma norma com fundamento na sua
inconstitucionalidade ou ilegalidade (decisões positivas) não se exige a prévia exaustão dos recursos
ordinários que delas caibam, podendo recorrer-se para o Tribunal Constitucional logo que se verifique a
não aplicação da norma, com qualquer dos referidos fundamentos.
Tais recursos podem ser interpostos pelo Ministério Público ou por quem tenha legitimidade para o efeito,
de acordo com a lei processual que regula o processo em que foram proferidas (art. 72.º, n.º 1, da
LOFPTConst.)

Recursos de decisões que apliquem normas cuja inconstitucionalidade ou ilegalidade haja sido alegada
durante o processo (decisões negativas)

Pressupostos:
 Alíneas b) e f) do n.º 1 do art. 70.º da LOFPTConst. [art. 280.º, n.º 1, al. b), e n.º 2, al. d), da CRP]
 É preciso que a questão da inconstitucionalidade ou da ilegalidade tenha sido “suscitada durante
o processo de modo processualmente adequado perante o tribunal que proferiu a decisão
recorrida, em termos de este estar obrigado a dela conhecer” (arts. 70.º, n.º 1, als. b) e f), e 72.º,
n.º 2, da LOFPTConst.).
Exemplo: não é possível interpor recurso de inconstitucionalidade ou de ilegalidade para o Tribunal
Constitucional de uma decisão do tribunal de 1.ªinstância que tenha aplicado uma norma cuja
inconstitucionalidade ou ilegalidade haja sido suscitada nesse tribunal, se a decisão admitir recurso para o
tribunal da Relação
ou
 de uma decisão do Tribunal da Relação que aplique norma arguida de inconstitucionalidade ou
ilegalidade, se ela for susceptível de recurso (de revista) para o Supremo Tribunal de Justiça.
 A legitimidade para recorrer cabe somente à “parte que haja suscitado a questão da
inconstitucionalidade ou da ilegalidade”, nos termos mencionados (art. 280.º, n.º 4, da C.Rep. e art. 70.º,
n.º 2, da LOFPTConst.)

Exemplo:
“tendo em vista um eventual recurso para o Tribunal Constitucional, a alínea c), do n.º 3, do art. 1817º do
Código Civil é inconstitucional, por violação dos princípios constitucionais da certeza e segurança jurídicas
(que decorrem do princípio constitucional do Estado de Direito Democrático – art. 2.º da CRP) e do respeito

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da vida privada e familiar do investigado e da sua família, cuja tutela não pode deixar de ser considerada
(art. 26.º, n.º 1 da CRP), quando inclua no conceito de facto superveniente uma ocorrência que apenas veio
“adensar ou reforçar as suspeitas” do investigador, que desde criança “suspeitou ser filha biológica” do
investigado, e não apenas aquele(s) facto(s) que pela primeira vez suscita(m) suspeitas fundadas sobre a
paternidade, até aí totalmente desconhecida.”

Recursos de decisões que recusem a aplicação de qualquer norma com fundamento em


Inconstitucionalidade
(arts. 280.º/1/a CRP e 70.º/1/a LTC)
Pressupostos processuais específicos
Legitimidade Obrigatoriedade Modo de Subida
Parte (prejudicada) Art. 72.º/1/b Recurso direto facultativo (art. 70.º/2 a
Facultativo
LTC contrário sensu)
Obrigatório – arts. 280.º/3
Recurso direto obrigatório
Ministério Público (mesmo que CRP e 72.º/3 LTC
não seja parte) Facultativo – nos demais Recurso direto facultativo (art. 70.º/2 a
casos contrário sensu)

Recursos de decisões que apliquem norma cuja inconstitucionalidade haja sido suscitada durante o
processo
(arts. 280.º/1/b CRP e 70.º/1/b LTC)
Pressupostos processuais específicos
Parte que tiver suscitado o incidente de inconstitucionalidade e
Legitimidade Ministério Público se for parte e tiver suscitado o incidente de
inconstitucionalidade (artigos 280.º/4 CRP e 72.º/2 LTC)
Suscitação do incidente de
Durante o processo (art. 280.º/1/b CRP e 72.º/2 LTC)
inconstitucionalidade
Modo de Subida Esgotamento dos recursos ordinários (art. 70.º/2, 3 e 4 LTC)

Recursos de decisões que apliquem norma anteriormente julgada inconstitucional pelo TC


(arts. 280.º/5 CRP e 70.º/1/g LTC)
Pressupostos processuais específicos
Legitimidade Obrigatoriedade / Facultatividade Modo de Subida
Parte prejudicada, mesmo que não Recurso direto facultativo
tenha suscitado o incidente de Facultativo
inconstitucionalidade
Ministério Público (mesmo que não Obrigatório – arts. 280.º/5 CRP e Recurso direto obrigatório
seja parte) 72.º/3 LTC
Pressuposto objectivo: norma aplicada pelo tribunal a quo foi anteriormente julgada inconstitucional
pelo TC

Os recursos obrigatórios do MP não dependem de ele intervir ou não no processo e


devem ser interpostos diretamente para o TC.
Recurso é obrigatório em 3 situações:
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1. Quando a norma cuja aplicação tiver sido recusada constar de acto legislativo, convenção internacional e
decreto regulamentar – art. 280.º/ n.º 3. Presunção de validade daqueles actos normativos (já foram objeto de um
controlo jurídico-político: promulgação, assinatura, ratificação);
2. Quando um tribunal aplicar uma norma anteriormente julgada inconstitucional (art. 280.º, n.º 5). Aqui a
razão da obrigatoriedade consiste na afirmação da primaziadas decisões do TC em sede de controlo da
constitucionalidade ou ilegalidade;
3. Em caso de contradição de julgados entre as secções do TC, situação em que o MP, quando intervenha no
processo como recorrente ou recorrido, é obrigado a recorrer para o Plenário (art. 79.º-D da LTC), com vista a
garantir a uniformidade da jurisprudência do TC, valor ínsito na ideia de segurança jurídica e proteção da confiança
dos cidadãos.

Efeitos do julgamento de inconstitucionalidade ou de ilegalidade


Os efeitos da decisão do Tribunal Constitucional que julgue uma norma inconstitucional ou ilegal:
 fiscalização concreta: restringem-se ao caso concreto, repercutindo-se apenas na decisão que
havia sido proferida pelo tribunal “a quo”
 fiscalização abstracta: declaração da inconstitucionalidade ou ilegalidade tem “força obrigatória
geral” (art. 281.º, n.º 1, da C.Rep.).
o Só depois de uma norma ser julgada inconstitucional ou ilegal em três casos concretos –
segue-se o processo destinado a declarar a sua inconstitucionalidade ou ilegalidade com
força obrigatória geral (art. 281.º, n.º 3, da C.Rep. e art. 82.º da LOFPTConst.).

OUTRAS COMPETÊNCIAS JURISDICIONAIS DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL


A competência materialmente jurisdicional do Tribunal Constitucional não se esgota no controlo da
inconstitucionalidade ou de certas formas de ilegalidade.
Além dessa competência nuclear, tem outras competências jurisdicionais.
A Constituição refere, directamente, as seguintes:
 art. 223.º, n.º 2, al. c), da C.Rep.
 art. 223.º, n.º 2, al. g), da C.Rep.
 art. 223.º, n.º 2, al. h), da C.Rep.

Tribunal de Contas
• Art.º 209.º, n.º 1 da C.Rep.
• Art.º 214.º da C.Rep.
• Art.º 133, al. m) da C.Rep.

DEFINIÇÃO, COMPOSIÇÃO E NOMEAÇÃO DO PRESIDENTE


Tribunal de Contas é composto:
• Presidente
• 16 Juízes, na sua sede (art. 14.º, n.º 1, al. a))

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• Um juiz em cada secção regional (art. 14.º, n.º 1, al. b)).


Os juízes deste tribunal (juízes conselheiros) são recrutados mediante concurso curricular (art. 18.º, n.º 1),
ao qual apenas pode apresentar-se quem cumpra os requisitos especiais exigidos pelo art. 19.º, n.º 1, da
LOFPContas.
JURISDIÇÃO, SEDE. SECÇÕES REGIONAIS E FUNCIONAMENTO
Art. 1.º, n.º 2, da LOPTContas - tem jurisdição e poderes de controlo financeiro “no âmbito da ordem
jurídica portuguesa, tanto no território nacional como no estrangeiro”.
A sua jurisdição e os seus poderes de controlo financeiro têm como âmbito pessoal todas as entidades
mencionadas no art. 2.º da LOPTContas.
A sua sede é em Lisboa, mas possui duas secções regionais, nas Regiões Autónomas dos Açores e Madeira,
com sede em Ponta Delgada e Funchal, respetivamente (art. 3.º, n.º 1 e n.º 2, da LOPTContas), que exercem
jurisdição e poderes de controlo financeiro na área de cada uma dessas regiões (art. 4.º, n.º 2, da
LOPTContas)
Das decisões das duas secções regionais cabe recurso (em matéria de visto, de responsabilidade financeira
e de multa) para a sede do Tribunal (art. 4.º, n.º 1, da LOPTContas).
O Tribunal de Contas funciona em plenário geral, em plenário de secção, em subsecção e em sessão diária
de visto (art. 71.º, n.º 1, da LOPContas)
Na sede existem três secções especializadas (art. 15.º, n.º 1, da LOPTContas):
• a 1.ª secção exerce competências em plenário, em subsecção e em sessão diária de visto (art. 77.º,
n.ºs 1 a 3);
• a 2.ª secção exerce as suas competências em plenário e em subsecção (art. 78.º, n.ºs 1 e 2, da
LOPTContas);
• 3.ª secção funciona em plenário e com juiz singular (art. 79.º, n.ºs 1 e 2, da LOPTContas).

Competência Jurisdicional
O Tribunal de Contas não tem unicamente funções de natureza jurisdicional.
Entre as competências desse tribunal que não revestem tal natureza encontram-se designadamente, as
seguintes:
• art. 214.º, n.º 1, als. a) e b), da C.Rep. e arts. 5.º, n.º 1, als. a) e b), 41.º e 42.º da LOFTContas
• art. 5.º, n.º 2, da LOPTContas

TRIBUNAIS JUDICIAIS
• Art. 209.º, n.º 1, al. a), da C.R.P. • Art. 215.º, da C.R.P.
• Art. 210.º, da C.R.P. • Art. 217, n,º 1.º, da C.R.P.
• Art. 211.º, da C.R.P. • Art. 218.º, da C.R.P.
Lei n.º 62/2013 [com as alterações do DL 110/2018, de 10 de Dezembro; da Lei 19/19, de 19 de Fevereiro;
da Lei 27/2019, de 28 de Março; da Lei 55/2019, de 5 de Agosto; da Lei 107/2019, de 9 de Setembro]- Lei
da Organização do Sistema Judiciário (LOSJ)
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Decreto – Lei n.º 49/2014 (redação do DL n.º 86/2016, de 27/12) – Regime da Organização e
Funcionamento dos Tribunais Judiciais (ROFTJ)

A JURISDIÇÃO DOS TRIBUNAIS JUDICIAIS


Os tribunais judiciais são “tribunais comuns em matéria cível e criminal” (art. 211.º, n.º 1, 1.ª parte, da
CRP), mas possuem ainda uma jurisdição residual, uma vez que nela se acham compreendidas “todas as
áreas não atribuídas a outras ordens judiciais” (art. 211.º, n.º 1, 2.ª parte, da CRP).
Para sabermos se estamos perante matéria pertencente à jurisdição dos tribunais judiciais, não basta, pois,
averiguar se ela tem natureza cível ou criminal, será preciso, no entanto, que ela não se integre na
jurisdição do Tribunal Constitucional, na do Tribunal de Contas ou na dos tribunais administrativos e
fiscais

Saber qual a parcela do território nacional em que cada tribunal judicial pode administrar
a justiça:
A divisão judiciária do território nacional ocorre porque os tribunais judiciais têm carácter permanente
quanto ao espaço e porque coexistem no território nacional diversos tribunais judiciais da mesma
categoria. Daí ser necessário estabelecer aquela parcela.
Como o volume de processos entrados nos tribunais de primeira instância é muito maior que nos tribunais
de recurso, o número de tribunais tem de ser maior no primeiro grau de jurisdição do que no segundo,
sendo que o tribunal de revista deve ser único para todo o território nacional.
A LOSJ no artigo 33.º, n.º 2, divide o território nacional em 23 comarcas
As comarcas previstas em tal anexo são as seguintes:
 Açores, Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa,
Lisboa Norte, Lisboa Oeste, Madeira, Portalegre, Porto, Porto Este, Santarém, Setúbal, Viana do
Castelo, Vila Real e Viseu.

CATEGORIAS DE TRIBUNAIS JUDICIAIS E SUA HIERARQUIZAÇÃO


A própria Constituição refere os diversos tipos de tribunais judiciais que devem existir - art. 209.º, n.º 1, al.
a). São eles:
 o Supremo Tribunal de Justiça,
 os tribunais da Relação
 os tribunais de 1ª. Instância
O Supremo Tribunal de Justiça é o “órgão superior da hierarquia dos tribunais judiciais”, embora “sem
prejuízo da competência própria do Tribunal Constitucional” (art. 210.º, n.º 1, da C. Rep.); funcionamento
como tribunal de instância, nos casos previstos na lei (art. 210.º, n.º 5, da C. Rep.).

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Quanto aos tribunais da Relação


 tribunais que, “em regra”, são os de 2.ª instância (arts. 209.º, n.1, al. a), e 210.º, n.º 4, da C. Rep.)
 se assim é “em regra”, fica em aberto a possibilidade de funcionamento igualmente como tribunais
de 1.ª instância, cabendo à lei a determinação dos casos em que, excepcionalmente, exercem
competências em primeiro grau de jurisdição.

Relativamente aos tribunais de 1ª. Instância:


 são, “em regra”, os tribunais de comarca (arts. 209.º, n.º 1, al. a), e 210.º, n.º 3, da C. Rep.),
 aos quais são equiparados:
o os tribunais de competência específica
o os de competência especializada, referidos no n.º 2 do art. 211.º da C. Rep.,
independentemente de a sua área decompetência territorial coincidir ou não com a comarca
estes são concebidos, também, como tribunais de 1.ª instância, apesar de não serem tribunais de comarca (mas, tão-
só, equiparados, a eles), o que constitui uma das razões da afirmação de que são “em regra” os tribunais de comarca
(a que se junta a possibilidade de o próprio Supremo Tribunal de Justiça e os tribunais da Relação funcionarem como
tribunais de 1.ª instância).

 Art. 29.º, n.º 1, al. a), n.º 2 e n.º 3, da LOSJ;  Art. 33.º, n.º 1, da LOSJ;
 Art. 33.º, n.º 3, da LOSJ;  Art. 42.º da LOSJ

A DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA INTERNA DOS TRIBUNAIS JUDICIAIS (OU DOS SEUS


JUÍZOS)
Os critérios legais de determinação dessa competência
A competência interna dos tribunais respeita à parcela do poder jurisdicional atribuída a cada um dos
tribunais integrados numa certa categoria; a competência dos tribunais judiciais traduz-se na fracção desse
poder que pertence a cada um dos tribunais desta ordem jurisdicional.
Nos termos da lei, tal competência é estabelecida em função de quatro critérios: o da matéria, o do valor, o
da hierarquia e o do território (art. 37.º, n.º 1, da LOSJ).

O da matéria:
 Este critério permite saber se é o STJ ou os Tribunais da Relação que conhecem em 1.ª instância
 Permite a repartição da competência entre os tribunais de comarca e os tribunais de competência
territorial alargada (art. 40.º, n.º 2 LOSJ)
 A delimitação de competência em razão da matéria é efetuada entre JUÍZOS (com funções
jurisdicionais) – de competência especializada e de competência genérica - em que se desdobram
os tribunais de comarca.
A competência dos tribunais (ou dos juízos) em razão da matéria
Atendendo à matéria a que o litígio respeita, a LOSJ autonomiza na 1.ª instância determinados tribunais de
competência territorial alargada. São os indicados no n.º 3 do art. 83.º (cuja competência é definida nos
arts. 111.º a 116.º).
3 - São, nomeadamente, tribunais de competência territorial alargada:

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a) O tribunal da propriedade intelectual;


b) O tribunal da concorrência, regulação e supervisão;
c) O tribunal marítimo;
d) O tribunal de execução das penas;
e) O tribunal central de instrução criminal

O desdobramento dos tribunais de comarca em:


As precedentes instâncias centrais (redenominadas):
 Juízos centrais cíveis (antes secções de competência especializada cível)
 Juízos centrais criminais (antes secções de competência especializada criminal)
 Juízos locais cível ou criminal (antes secções de competência genérica, desdobradas em matéria
cível ou criminal)
 Juízos de instrução criminal (antes secções de competência especializada de instrução criminal)
 Juízos de família e menores (antes secções de competência especializada de família e menores)
 Juízos de trabalho (antes secções de competência especializada de trabalho)
 Juízos de comércio (antes secções de competência especializada de comércio)
 Juízos de execução (antes secções de competência especializada de execução)
As precedentes instâncias locais (redenominadas):
 Juízos de competência genérica (antigas secções de competência genérica)
 Juízos locais cíveis (antigas secções cíveis resultantes do desdobramento das secções de
competência genérica)
 Juízos locais criminais (antigas secções criminais resultantes do desdobramento das secções de
competência genérica)
 Juízos locais de pequena criminalidade (antigas secções de pequena criminalidade)
 Juízos de proximidade (antigas secções de proximidade)
Os juízos locais cíveis e os juízos de competência genérica têm competência residual alternativa, em
matéria cível, uma vez que ou há um juízo local cível (e outro criminal) ou um juízo de competência
genérica.
Apesar de os juízos locais cíveis e criminais serem incluídos nos especializados, têm competência residual,
como é próprio dos de competência genérica. Há uma divisão pelos dois da competência residual – art.
130.º
Desaparece o binómio instâncias centrais e instâncias locais bem como a designação “secções” de umas e
outras, e o que era designado por secção passa a ser designado por juízo de competência especializada,
genérica ou de proximidade – art. 81.º, n.º 1 LOSJ.
As circunscrições da estrutura judiciária do tribunal da comarca passaram a desdobrar-se em:
 Juízos de competência especializada
 Central cível;  Instrução criminal;
 Local cível;  Família e menores;
 Central criminal;  Trabalho;
 Local criminal;  Comércio;
 Local de pequena criminalidade;  Execução.
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 Juízos de competência genérica


 Juízos de proximidade
A competência dos tribunais (ou dos juízos) em razão do valor (e da forma de processo) – art. 41.º LOSJ
2. No que se refere às ações com processo comum de declaração, apenas determina a repartição da
competência entre as JUÍZOS CENTRAIS cíveis ou criminais e os JUÍZOS LOCAIS cíveis ou criminais de
tribunais de comarca (como estabelece o art. 41.º), e não entre estes tribunais.
O valor da causa assume importância na delimitação da competência dos (1) juízos centrais cíveis e dos (2)
juízos locais cíveis, nomeadamente, para a preparação e julgamento das acções declarativas cíveis de
processo comum:
• a partir de € 50.000 a competência pertencente às primeiras;
• até esse valor cabe às segundas.

A competência dos tribunais em razão da hierarquia


Os tribunais judiciais estão hierarquizados para efeito de recurso das suas decisões (art. 42.º, n.º 1, da
LOSJ).
Em questões de natureza cível:
• a admissibilidade de recurso ordinário depende de o valor da causa ser superior à alçada do tribunal
de cuja decisão se recorre – art. 629.º, n.º 1 do C.P.Civil (a apelação e a revista);
• todavia, a lei processual civil consagra algumas hipóteses em que a interposição de recurso é
sempre admissível, sem dependência do valor da causa, até ao Supremo Tribunal de Justiça ou, pelo
menos, para o Tribunal da Relação (art. 629.º, n.ºs 2 e 3, do C.P.Civil) às quais o Código de Processo
do Trabalho acrescenta outras em que é sempre admissível recurso para o tribunal da Relação (arts.
40.º, n.º 1, 79.º do C.P.Trabalho).
Nas questões de natureza criminal.
• o regime dos recursos é o consagrado nos arts. 399.º e segs. do C.P.Penal.
• as decisões que não admitem recurso são as mencionadas nas alíneas a) e f) do n.º 1 do art. 400.º
do C.P.Penal.
No topo da hierarquia desta ordem de tribunais encontra-se o Supremo Tribunal de Justiça.

Supremo Tribunal de Justiça (STJ)


Em regra, em matéria cível, apenas intervém em via de recurso, nas causas de valor superior à alçada dos
tribunais da Relação (art. 42.º, n.º 2, 1.ª parte , da LOSJ), quando o valor da causa seja superior, ainda que
em apenas 1 cêntimo, a € 30.000 (art. 44,º, n.º 1, da LOSJ e art. 629.º, n.º 1, do C.P.Civil) – contanto que
não se trate de alguma das hipóteses em que o recurso é sempre admissível, independentemente do valor
da causa – ex: art. 629.º, n.º 2, al. c), do C.P.Civil).
Em matéria penal há recurso para o Supremo Tribunal de Justiça das decisões ou acórdãos referidos no art.
432.º do C.P.Penal e também no caso previsto no art. 446.º do C.P.Penal

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Os tribunais da Relação:
São tribunais de 2ª. instância (art. 210.º, n. 4, da C.Rep. e arts 29.º n.º 2, e 67.º, n.º 1, da LOSJ).
Compete-lhes conhecer dos recursos interpostos das causas cujo valor exceda a alçada dos tribunais de 1.ª
instância - art. 42.º, n.º 2, 2.ª parte da LOSJ, isto é, quando o valor da causa exceda, em pelo menos 1
cêntimo, € 5.000 (art. 44º, n.º 1, 2.ª parte da LOSJ) e dos que sejam sempre admissíveis,
independentemente do valor da causa.
Em matéria penal, cabe-lhes conhecer dos recursos das decisões proferidas por tribunal de 1ª. instância de
que não haja recurso direto para o Supremo Tribunal de Justiça (art. 427.º do C.P.Penal).
Os tribunais que ocupam a posição hierárquica inferior são os tribunais de 1ª. Instância:
• Em regra, os de comarca (arts. 210.º, n.º 3, e 211.º, n.º 2, da C.Rep. e arts. 29.º, n.º 3, e 79.º da
LOSJ).
• As decisões proferidas pelos tribunais de 1.ª instância em causas de valor igual ou inferior a € 5.000
não admitem recurso ordinário;

Nessas causas não há, pois, duplo grau de jurisdição, mas a Constituição não obriga à existência de vários
graus de jurisdição.
A competência dos tribunais em razão do território. Os elementos de conexão territorial – art. 43.º LOSJ
O território é critério que permite repartir o poder jurisdicional entre os diferentes tribunais judiciais de
cada um dos níveis hierárquicos em que existam vários tribunais, ou seja:
• entre os tribunais da Relação – atualmente, Tribunais da Relação de Guimarães, Porto, Coimbra,
Lisboa e Évora
• entre os diversos tribunais de 1.ª instância;
• Entre os juízos de cada um dos tribunais de comarca que tenham a mesma especialização (quando
não haja apenas uma)
• e entre as diferentes juízos de competência genérica
A competência territorial (concreta) de cada tribunal é determinada pela circunscrição territorial que lhe
está adstrita e, quando não se trate de tribunal competente em todo o território nacional, pelo elemento
de conexão territorial relevante
Territorialmente competente é o tribunal ou juízo do tribunal com que o litígio mantém conexão, através do
elemento considerado decisivo pela lei.
A competência territorial dos tribunais da Relação, quando intervenham em via de recurso, é determinada
pela subordinação hierárquica do tribunal de que se recorre (art. 83.º do C.P.Civil).
Os recursos das decisões do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão - competente o Tribunal da
Relação de Lisboa (art. 188.º, n.º 5, da LOSJ), e não o da Relação de Évora, apesar de estar sediado em
Santarém.
Quando os Tribunais da Relação funcionem como tribunais de 1.ª instância, a sua competência territorial
é definida nos termos estabelecidos para os tribunais desta categoria.
Relativamente aos tribunais de 1.ª instância, os elementos de conexão territorial consagrados no C.P.Civil
para as ações declarativas são, nomeadamente, os seguintes:
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- O domicílio do réu (se tiver residência habitual), que é o fator determinante da competência territorial
quando outra norma não estabeleça critério diverso (art. 80.º, n.º 1), constituindo, assim, o critério geral
quanto às pessoas singulares;
- A sede da administração principal ou a sede da sucursal, agência, filial, delegação ou representação da
pessoa colectiva demandada (que não seja o Estado), conforme a acção seja dirigida conta aquela ou
contra estas (art. 81.º, n.º 2), critério geral quanto às pessoas colectivas;
- A situação dos bens, que determina a competência territorial para as ações referentes a direitos reais ou
direitos pessoais de gozo sobre coisas imóveis, assim como para as ações de divisão de coisa comum, de
despejo, de preferência e de execução específica sobre imóveis, e ainda as de reforço, substituição,
redução ou expurgação de hipotecas – art. 70.º CPC;
- O lugar onde a obrigação devia ser cumprida (art. 71.º, n.º 1);
- O lugar onde ocorreu o facto gerador de responsabilidade civil extracontratual ou delitual, para as
acções destinadas a efectivar esta, quando baseada em facto ilícito ou fundada no risco (art. 71.º, n.º 2);
- O domicílio ou a residência do autor, nas ações de divórcio ou de separação de pessoas e bens (art. 72.º).

Quanto às ações executivas os critérios são os seguintes:


O do tribunal português em que foi proferida a decisão, tratando-se de execução fundada em sentença
(art. 85.º, n.º 1).
O do domicílio do executado, quando a ação tenha sido proposta num tribunal da Relação ou no Supremo
Tribunal de Justiça (art. 86.º).
O do domicílio do executado ou, mediante opção do credor exequente, o do lugar onde a obrigação deva
ser cumprida, quando o executado seja pessoa coletiva ou quando, situando-se o domicílio do exequente
na área metropolitana de Lisboa ou do Porto, o executado tenha domicílio na mesma área metropolitana
(art. 89.º, n.º 1).
Os elementos de conexão territorial consagrados no C.P.Trabalho para as acções declarativas cíveis são,
nomeadamente, os seguintes:
- art. 13.º, n.º 1
- art. 14.º, n.º 1
- art. 15.º, n.ºs 1 e 4
- art. 16.º, n.º 1
O CIRE estabelece os seguintes elementos de conexão territorial, para os processos de insolvência:
- art. 7.º, n.º 1
- arts. 7.º, n.º 1, parte final, e 2.º, n.º 1, al. b)
Quanto à competência dos juízos de família e menores em matéria tutelar cível, disciplinada pelo REGIME
GERAL DO PROCESSO TUTELAR CÍVEL, estão consagrados os seguintes factores de conexão:
- art. 3.º
- art. 9.º
- art. 11.º

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Ainda quanto aos processos da competência desses juízos, para os processos de aplicação das medidas de
promoção dos direitos e de protecção previstos no art. 35.º da Lei de protecção de crianças e jovens em
perigo, esta lei consagra os seguintes factores de conexão:
- art. 79.º, n.º 1
- art. 79.º, n.ºs 2 e 3, 91.º e 92.º
Em matéria penal, os factores que determinam a competência territorial são, nos termos do C. Processo
Penal, essencialmente os seguintes:
- art. 19.º, n.º 1
- art. 19.º, n.º 2
- art. 20.º, n.º 1, 1.ª parte, e n.º 2
- art. 22.º, n.º 1, 1.ª parte
- art. 22.º, n.º 2

1º Matéria:
• STJ ou Tribunais da Relação conhecem em 1.ª instância
• Tribunal de competência alargada (ver art. 111.º e ss da LOSJ);
• Tribunal de comarca:
i. Juízos centrais cíveis, centrais criminais; Instrução criminal; Família e menores;
Trabalho; Comércio; Execução (art. 117.º e ss da LOSJ)
ii. Juízos locais cíveis, locais criminais, locais de pequena criminalidade, de
competência genérica e de proximidade (art.130.º da LOSJ)
2º Valor
• Se for questão cível temos de olhar para o valor (+ € 50.000,00 ou =/- € 50.0000,00)
3º Território
• Tribunal de competência alargada (Mapa IV do ROFTJ e Anexo III da LOSJ)
• Tribunais de comarca
i. Ver elemento de conexão territorial (em matéria cível CPC)
ii. Ver comarca competente – Mapa III do ROFTJ e Anexo II da LOSJ (qual a área de
competência territorial de cada comarca)
iii. Ver no Mapa III do ROFTJ qual a área de competência territorial do juízo
CASO PRÁTICO
Diga (justificando legalmente) qual o tribunal e o juízo a que compete apreciar e julgar, em 1.ª instância,
a seguinte acção/processo:
Acção de condenação no pagamento de indemnização (no valor de €31.000) instaurada por A, residente
em Sever do Vouga, contra a companhia de seguros «O Seguro da Circulação Prudente, S.A.», com sede
em Lisboa, cuja causa de pedir corresponde a acidente de viação ocorrido em Albergaria-a-Velha.
Parta do pressuposto que não se trata de matéria em que seja competente algum dos tribunais de
competência territorial alargada (art. 80.º/1 da LOSJ), nem dos casos excepcionais em que a competência
pertence, em 1.ª instância, ao Supremo Tribunal de Justiça ou aos tribunais da Relação.
R:
Enquadramento na jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).

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Determinação da competência dos tribunais de comarca: não se trata de matéria em que seja competente
algum dos tribunais de competência territorial alargada (art. 80.º/1 da LOSJ), nem dos casos excepcionais
em que a competência pertence, em 1.ª instância, ao Supremo Tribunal de Justiça ou aos tribunais da
Relação.
Alusão ao desdobramento de cada um dos tribunais de comarca (que são, simultaneamente, de
competência genérica e de competência especializada – cfr. o art. 80.º/2 da LOSJ) em juízos de
competência especializada (central cível, local cível, central criminal, local criminal, local de pequena
criminalidade, instrução criminal, família e menores, trabalho, comércio, execução), de competência
genérica e de proximidade (art. 81.º, e art. 130.º, n.os 2, 3 e 5 da LOSJ)

Indicação da competência dos juízos em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ) e do valor (art. 41.º da
LOSJ): Atendendo a que o valor da causa é de 31.000 euros, a competência não pertence a um juízo central
cível, apesar de seguir a forma de processo de declaração comum; a competência cabe a um juízo local
cível ou a um juízo de competência genérica, que têm competência residual (art. 130.º, n.º 1, da LOSJ).
Determinação da competência territorial: o factor de conexão relevante, nos termos do art. 71.º/2 do
CPCivil, é o lugar onde ocorreu o facto gerador da responsabilidade civil extracontratual,Albergaria-a-Velha;
Este município faz parte da comarca de Aveiro (cfr. o Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respectivo
tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Aveiro (cfr. os arts. 33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da LOSJ
e o Mapa III anexo ao ROFTJ, que faz parte integrante deste – art. 4.º/3 desse diploma).
Um dos juízos de competência genérica desse tribunal é o de Albergaria-a-Velha, territorialmente
competente nesse município (assim como no de Sever do Vouga), Juízo de Competência Genérica de
Albergaria-a-Velha (cfr. o art. 68.º/2, al. b), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo, que dele faz parte integrante
– art. 4.º/3 desse diploma), à qual, por isso, cabe a preparação e o julgamento desta acção
Caso Prático
Processo de insolvência da sociedade comercial «Metalurgia Real do Deserto da Margem Sul, S.A.», com
sede em Almada.
Indicação da competência dos juízos em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ): pertence ao juízo de
comércio dos tribunais de comarca (art. 128.º/1, al. a), da LOSJ).
Determinação da competência territorial: o fator de conexão relevante, nos termos do art. 7.º/1 do CIRE, é
a sede da sociedade devedora, Almada;
Este município faz parte da comarca de Lisboa (cfr. o Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respectivo
tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa (cfr. os arts. 33.º/2 e 3, 43.º/1 parte final, e 79.º da LOSJ e
o Mapa III anexo ao ROFTJ, que faz parte integrante deste – art. 4.º/3 desse diploma);
Nesse tribunal existem dois juízos com essa especialização (uma com sede em Lisboa e outra sediada no
Barreiro – cfr. o art. 84.º/1, als. n) e o), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo), mas a territorialmente
competente para apreciar e julgar (em 1.ª instância) esse processo é o Juízo de Comércio do Barreiro, uma
vez que o município de Almada faz parte da sua área de competência territorial (cfr. o art. 84.º/1, al. o), do
ROFTJ e o Mapa III a ele anexo, que dele faz parte integrante – art. 4.º/3 desse diploma).

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Os Tribunais Judiciais em especial


Supremo Tribunal de Justiça
Definição, sede e competência territorial
 O Supremo Tribunal de Justiça, é o órgão superior da hierarquia dos tribunais judiciais, constitui a
última instância nas matérias abrangidas pela jurisdição desta ordem de tribunais.
 A ressalva contida na parte final do n.º 1 do art. 210.º da C.Rep. e do n.º 1 do art. 31.º da LOSJ
mostra que essa posição cimeira sofre uma derrogação no que se refere às decisões sobre a
inconstitucionalidade de normas, que, são suscetíveis de recurso para o Tribunal Constitucional.
 A sua sede é em Lisboa (art. 45.º da LOSJ e art. 4.º, n.º 1, do ROFTJ).
 E a sua competência territorial estende-se a todo o território nacional (art. 43.º, n.º 1, 1.ª parte, da
LOSJ e mapa anexo ao ROFTJ, que dele faz parte integrante, nos termos do estatuído pelo n.º 1 do
art. 4.º).
Organização
Está organizado em secções, em matéria cível, em matéria penal e em matéria social (art. 47.º, n.º 1, da
LOSJ), uma secção para julgamento dos recursos das deliberações do Conselho Superior da Magistratura
(art. 47.º, n.º 2, da LOSJ), a denominada “secção do contencioso”, que é constituída pelo mais antigo dos
vice-presidentes do tribunal e por um juiz de cada uma das outras secções, designados “anual e
sucessivamente”, de acordo com a respectiva antiguidade (art. 47.º, n.º 3, da LOSJ).
O número de secções é fixado pelo referido Conselho Superior, que determina ainda o número de juízes
que compõem cada uma delas, tendo em conta “o volume e a complexidade do serviço” (art. 149.º, al.l),
do EMJ, art. 155.º, al. k), e art. 49.º, n.º 1, da LOSJ e art. 5.º, n.º 2, do ROFTJ).
Art. 54.º, n.º 1:
 as secções criminais (ou penais) julgam as causas de natureza penal (ou criminal);
 as secções sociais julgam as “causas referidas no artigo 126.º” da LOSJ;
 e as secções cíveis julgam as causas não atribuídas às outras duas espécies de secções, dispondo,
assim, de uma competência residual.
Como não há no Supremo Tribunal de Justiça secções especializadas em matérias da competência do
tribunal da propriedade intelectual (art. 111.º da LOSJ), do tribunal da concorrência, regulação e supervisão
(art. 112.º da LOSJ) e do tribunal marítimo (art. 113.º da LOSJ), as causas a elas respeitantes «são sempre
distribuídas à mesma secção cível» (art. 54.º/2 da LOSJ, na redação que lhe foi dada pela Lei n.º 55/2019,
de 5 de agosto);
E como também não há nesse tribunal qualquer secção especializada nas matérias da competência
(abstrata) dos juízos de comércio dos tribunais de comarca (art. 128.º da LOSJ), as causas a elas
respeitantes também «são sempre distribuídas à mesma secção cível», mas que não poderá ser a mesma a
que são distribuídas as indicadas no n.º 2 do art. 54.º (art. 54.º/3 da LOSJ, na redação que lhe foi dada pela
Lei n.º 55/2019, de 5 de agosto).
Existem no Supremo Tribunal de Justiça secções cíveis, secções criminais e uma secção social.
Funcionamento
O funcionamento do Supremo Tribunal de Justiça pode verificar-se:

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 em plenário (constituído por todos os juízes que compõem o tribunal) – só com a presença de, pelo
menos, três quartos dos juízes em exercício (art. 48.º, n.º 2, da LOSJ);
 em pleno das secções especializadas (pleno das secções cíveis, pleno das secções criminais ou
pleno da secção social, constituídos, respetivamente, por todos os juízes que compõem as secções
cíveis, as secções criminais e a secção social) - só com a presença de, pelo menos, três quartos dos
juízes em exercício (art. 48.º, n.º 3, da LOSJ);
 e por secções (art. 49.º da LOSJ).
Julgamento nas secções:
É feito por três juízes, sendo um deles o relator e intervindo os outros como adjuntos (art. 56.º, n.º 1, da
LOSJ).
Nas secções criminais:
 para os crimes comuns, o tribunal é composto pelo presidente da secção, pelo relator e por um juiz-
adjunto, tanto no caso de o julgamento ser realizado em conferência como no de haver audiência
(arts. 419.º, n.º 1, 429.º, n.º1, e 435.º do C.P.Penal, que prevalecem sobre as leis de organização
judiciária, como determina o art. 10.º deste Código);
 para os crimes de natureza estritamente militar é composto pelo presidente da secção, pelo relator
e por três juízes adjuntos, dois dos quais têm de ser juízes militares (art. 116.º, al. a), do
C.Just.Militar).
Competência
 Em regra, tanto em matéria cível como em matéria penal, o Supremo Tribunal de Justiça apenas
intervém em via de recurso. Todavia, em alguns casos (excecionais), respeitantes a uma e outra
dessas matérias, também possui competências em 1.ª instância.
 Em via de recurso
 Em regra, em matéria cível, o Supremo Tribunal de Justiça conhece em via de recurso das causas
cujo valor exceda a alçada dos tribunais da Relação (art. 47.º, n.º2, 1.ª parte, da LOSJ).
Recurso de revista:
 pode ser interposto quer de acórdãos dos tribunais da Relação, proferidos no recurso de apelação
(art. 671.º do C.P.Civil),
 das decisões de tribunais de 1.ª instância, nos casos em que seja admitido recurso “per saltum”, isto
é, directamente para o Supremo Tribunal de Justiça, “saltando-se por cima da Relação” (art.678.º,
n.º1, do C.P.Civil), e tem como objecto matéria de direito (art. 682.º, n.º1 e n.º2, 1.ª parte, do
C.P.Civil);
 mas também ao recurso de apelação (art. 644.º do C.P.Civil), interposto para o Supremo Tribunal de
Justiça, de decisões proferidas em primeira instância pelos tribunais da Relação, ou interposto para
o pleno das secções cíveis do Supremo Tribunal de Justiça, de decisões proferidas em primeira
instância por alguma dessas secções.
 A limitação dos seus poderes de cognição, em via de recurso, às causas cujo valor exceda a alçada
dos tribunais da Relação constitui apenas a regra – existem casos em que é sempre admitido
recurso até ao “órgão superior da hierarquia dos tribunais judiciais”, independentemente do valor
da causa, que são os referidos, que são os referidos no n. º2 do art. 629.º do C.P.Civil.
O julgamento do recurso de revista:
 compete às secções cíveis, de acordo com a distribuição feita entre elas (art. 54.º, n.º 1, al. a), da
LOSJ e arts. 203.º, 213.º e 215.º do C.P.Civil),

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 excepto quando se trate de matéria laboral, hipótese em que o julgamento do recurso cabe à
secção social (art. 54.º, n.º 1, “in fine”, e 55.º, al. a), da LOSJ);
 mas deixa de ser assim se for determinado pelo presidente do tribunal que o julgamento se faça
com intervenção do pleno das secções cíveis (ou, em matéria laboral, do pleno da secção social), em
virtude de tal se revelar necessário ou conveniente para assegurar a uniformidade da jurisprudência
(art. 686.º, n.º 1, do C.P.Civil).
O julgamento do recurso de apelação:
 compete às secções cíveis, quando a decisão recorrida tenha sido proferida, em primeira instância,
pelo tribunal da Relação (arts. 54.º, n.º 1, e 55.º, al. a), da LOSJ)
 ou ao respetivo pleno, tratando-se de decisão proferida, em primeira instância, pelo Supremo
Tribunal de Justiça, em secção cível (art. 53.º, al. b), da LOSJ).
O recurso extraordinário de revisão (art. 672.º CPC):
 que eventualmente seja interposto de acórdão proferido em secção cível pelo Supremo Tribunal de
Justiça é igualmente julgado em secção cível; e o destinado a impugnar um acórdão da secção social
é julgado por esta.
 Com efeito, a mencionada al. a) do art. 55.º da LOSJ atribui às secções, segundo a sua
especialização, o julgamento dos recursos que não sejam da competência do pleno das secções
especializadas
os recursos cujo julgamento compete ao referido pleno são somente os indicados nas als. b) e c) do art.
53.º da LOSJ.
Recurso interposto para uniformização de jurisprudência (art. 688.º e ss. CPC):
 é da competência do pleno das secções cíveis, quando se trate de causas não atribuídas a qualquer
das outras secções,
 ou do pleno da secção social, se respeitar às causas mencionadas no art. 126.º da LOSJ.

Em matéria criminal (uma vez que não há alçada), a sua competência em via de recurso é definida pelo
C.P.Penal (art. 44.º, n.º 2, da LOSJ).
Nos termos do n.º 1 do art. 432.º desse Código, há recurso ordinário para o Supremo Tribunal de Justiça
(que apenas conhece, em regra, de matéria de direito – art. 434.º do C.P.Penal e art. 46.º da LOSJ):
 art. 400.º al. a); b), c) e d)
O julgamento do recurso é da competência das secções criminais (arts. 54.º, n.º 1, e 55.º, al a), da LOSJ), de
acordo com a distribuição realizada (arts. 203.º, 213.º e 215.º do C.P.Civil, aplicáveis por força do dispositivo
no art. 4.º do C.P.Penal).
No que respeita aos recursos extraordinários, a decisão sobre o recurso de revisão da sentença,
autorizando-a ou denegando-a, é da competência das secções criminais (arts. 449.º, 451.º, n.º 1, 455.º,
n.ºs 2 e 3, 435.º - este último aplicável “ex vi” do n.º 6 do art. 455.º - e 11.º, n.º 4, al. d), do C.P.Penal, e art.
55.º, al. e), da LOSJ);
Recurso de qualquer decisão proferida contra jurisprudência fixada pelo Supremo Tribunal de Justiça,
interposto diretamente para este (arts. 446.º, n.º 1, 435 .º - aplicável por força do disposto no art. 448.º - e
art. 11.º, n.º 4, al. b), do C.P.Penal, e art. 55.º, al. a), da LOSJ) - secções criminais

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Julgamento do recurso de fixação (ou de uniformização) de jurisprudência (arts. 437.º, 443.º, n.º 1, e 11.º,
n.º 3, al. c), do C.P.Penal, e art. 53.º, al. c), do C.P.Penal, e art. 53.º, al. c) da LOSJ) - pleno das secções
criminais

Em primeira instância - O Supremo Tribunal de Justiça possui também competências em 1.ª instância.
Assim acontece, em especial, com as que tem para:
 art. 53.º, al. a), da LOSJ e art. 11.º, n.º 3, al. a), do C.P.Penal;
 art. 55.º, al. b), da LOSJ e art. 11.º, n.º 4, al. a), do C.P.Penal
 art. 55.º, al. c), da LOSJ;
 art. 55.º, al. d), da LOSJ e art. 11.º, n.º 4, al. c), do C.P.Penal;
 Praticar, nos termos da lei de processo (por cada um dos juízes das secções criminais), os actos
jurisdicionais relativos ao inquérito, dirigir a instrução criminal, presidir ao debate instrutório e
proferir despacho de pronúncia ou não pronúncia nos processos referidos na al. a) do n.º 3 e na al.
a) do n.º 4 do art. 11.º do C.P.Penal, assim como na alínea a) do artigo 53.º e na al. b) do art. 55.º da
LOSJ (art. 11.º, n.º 7, do C.P.Penal e art. 55.º, al. h), da LOSJ);
 art. 109.º, al. a), do C. Just. Militar e art. 109.º, al. c) do C.Just.Militar.

Artigo 109.º
Competência material e funcional
Compete, respetivamente:
a) Às secções criminais do Supremo Tribunal de Justiça julgar os processos por crimes estritamente
militares cometidos por oficiais generais, seja qual for a sua situação;
b) Às secções criminais das Relações de Lisboa e do Porto julgar os processos por crimes estritamente
militares cometidos por oficiais de patente idêntica à dos juízes militares de 1.ª instância, seja qual
for a sua situação;
c) A umas e outras praticar, nos termos da lei de processo, os actos jurisdicionais relativos ao
inquérito, dirigir a instrução, presidir ao debate instrutório e proferir despacho de pronúncia ou não
pronúncia nos processos referidos nas alíneas anteriores.
Tratando-se de decisões proferidas em 1.ª instância pelo

Supremo Tribunal de Justiça:


 Compete ao pleno das secções cíveis o julgamento dos recursos dos acórdãos proferidos ao abrigo
do disposto na al. c) do art. 55.º da LOSJ (art. 53.º, al. b), da mesma)
 Ao pleno das secções criminais o julgamento dos recursos das decisões proferidas nos processos
indicados nas als. b), d) e h) do art. 55.º da LOSJ (art.53.º, al. b), desta lei e art. 11.º, n.º 3, al. b), do
C.P.Penal);
 Ao plenário do tribunal, nomeadamente, o julgamento do recurso do acórdão proferido pelo pleno
das secções criminais na sequência do julgamento a que alude a al. a) do n.º 1 do art. 53.º da LOSJ
(art. 52.º, al a), desta lei).

Casos práticos

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1. Processo por crime de contrafacção («plágio») cometido por G, juiz desembargador do Tribunal da
Relação de Coimbra.
2. Processo por crime de peculato cometido por uma juíza desembargadora do Tribunal da Relação do
Porto, que terá pagado a alguns advogados para elaborarem projectos de acórdãos com dinheiro
pertencente a uma delegação da Cruz Vermelha Portuguesa.
1. Enquadramento na jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).
Determinação da competência do Supremo Tribunal de Justiça: trata-se de um dos casos excepcionais em
que a competência pertence, em 1.ª instância, ao «órgão superior da hierarquia dos tribunais judiciais»
(art. 210.º/1 e 5 da CRep. e arts. 31.º/1 e 55.º, al. b), da LOSJ), que tem sede em Lisboa – «foro pessoal»
para os juízes do próprio STJ e dos tribunais da Relação e para os magistrados do Ministério Público que
exercem funções junto desses tribunais (cfr. também o art. 11.º/4, al. a), do CPPenal).
Alusão à organização do STJ em secções especializadas, à competência (neste caso) exercida por uma das
suas secções criminais (arts. 48.º/1, 54.º/1 e 55.º, al. b), da LOSJ), de acordo com a distribuição efectuada
entre elas (cfr. os arts. 203.º, 213.º e 215.º do CPCivil, aplicáveis «ex vi» do art. 4.º do CPPenal), e ao
julgamento por três juízes (art. 11.º/5 do CPPenal), assim como à composição desse colectivo.
2. Enquadramento na jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).
Determinação da competência do Supremo Tribunal de Justiça: trata-se de um dos casos excepcionais em
que a competência pertence, em 1.ª instância, ao «órgão superior da hierarquia dos tribunais judiciais»
(art. 210.º/1 e 5 da CRep. e arts. 31.º/1 e 55.º, al. b), da LOSJ) – «foro pessoal» para os juízes do próprio STJ
e dos tribunais da Relação e para os magistrados do Ministério Público que exercem funções junto desses
tribunais (cfr. também o art. 11.º/4, al. a), do CPPenal).
Alusão à organização do STJ em secções especializadas, à competência (neste caso) exercida por uma das
suas secções criminais (arts. 48.º/1, 54.º/1 e 55.º, al. b), da LOSJ), de acordo com a distribuição efectuada
entre elas (cfr. os arts. 203.º, 213.º e 215.º do CPCivil, aplicáveis «ex vi» do art. 4.º do CPPenal), e ao
julgamento por três juízes (art. 11.º/5 do CPPenal), assim como à composição desse colectivo.

TRIBUNAIS DA RELAÇÃO
Definição, sede e competência territorial
Os tribunais da Relação são, em regra, tribunais de 2.ª instância; e são designados pelo nome do município
em que se encontram instalados (art. 210.º, n.º 4, da C. Rep., e arts. 29.º, n.º 2, e 67.º, n.º 1, da LOSJ):
Tribunal da Relação do Porto, Tribunal da Relação de Coimbra, Tribunal da Relação de Lisboa, Tribunal da
Relação de Évora e o Tribunal da Relação de Guimarães.
Art. 32.º, n.º 1 da LOSJ – A competência territorial de cada um dos tribunais da relação está definido no
anexo I; excepção da Tribunal da concorrência, regulação e supervisão, sediado em Santarém – recurso
destas decisões cabe à relação de Lisboa.

Organização
Secções – art. 67.º, n.º 3 da LOSJ:
 Matéria Cível;
 Matéria Penal;
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 Matéria Social;
 Matéria Família e Menores;
 Matéria de Comércio;
 Matéria de propriedade intelectual e de concorrência, regulação e supervisão;
Art.º 67.º da LOSJ – Só se assegura a existência de secções em material cível e em matéria penal; as
restantes secções depende do volume ou da complexidade do seu serviço.
No Tribunal da Relação de Lisboa existem, para além das secções em matérias cível, penal e social:
 Secção de Comércio – instalada em 1 de Abril de 2021
 Secção de propriedade intelectual e de concorrência, regulação e supervisão
Relativamente às causas cujo julgamento cabe às diferentes secções especializadas, aplica-se
subsidiariamente as necessárias adaptações, o estatuído pelo art. 54.º (para o Supremo Tribunal de
Justiça), por remissão do art. 74.º, n.º 1, da LOSJ; mas essa aplicação é feita sem prejuízo do disposto no n.º
2 do art. 67.º (art. 74.º, n.º 2).
 As secções criminais julgam as causas de natureza penal;
 As secções sociais julgam as “causas referidas no art. 126,º da LSOJ”
 As secções cíveis julgam as causas não atribuídas a outras secções - competência residual.

Enquanto não houver nos tribunais da Relação qualquer secção de família e menores a competência para
conhecer dos recursos das decisões proferidas nos processos da competência dos juízos da família e
menores dos tribunais de comarca pertence às secções cíveis daqueles tribunais salvo no que se refere aos
processos tutelares educativos, em que o julgamento dos recursos compete às secções criminais
As secções cíveis são igualmente competentes para julgar os:
 recursos das decisões proferidas pelos juízos de comércio dos tribunais da comarca (art. 128.º da
LOSJ) – sempre a mesma secção cível – EXCEPTO NO TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA, pelo
tribunal marítimo (art.113.º da LOSJ - secções cíveis do Tribunal da Relação de Lisboa - sempre na
mesma secção cível.
 No Tribunal da Relação de Lisboa, a secção de propriedade intelectual e de concorrência, regulação
e supervisão julga os recursos das causas previstas nos arts. 111.º e 112.º (art. 67.º/5, na versão da
Lei n.º 55/2019).

Funcionamento
 Os tribunais da Relação funcionam em plenário e por secções (art. 67.º, n.º 2, da LOSJ).
 O plenário de qualquer dos Tribunais da Relação – constituído por todos os juízes que compõem as
respetivas secções – não pode funcionar sem a presença de três quartos dos juízes em exercício de
funções (art. 48.º, n.º 2, da LOSJ, aplicável por remisão do art. 71.º).
 Nas secções, o julgamento é efetuado por três juízes, sendo um deles o relator e intervindo os
outros como adjuntos (art. 56.º, n.º 1, da LOSJ, aplicável “ex vi”do art. 74.º, n.º 1); nas secções
criminais, para os crimes comuns, o tribunal é constituído pelo presidente da secção, pelo relator e
por um juiz-adjunto (nos termos do disposto no art. 429.º, n.º 1, do C.P.Penal), para os crimes
estritamente militares é constituído pelo presidente da secção, pelo relator e por dois juízes
adjuntos, um dos quais tem de ser juiz militar (art. 116.º, al. b),do C. Just. Militar).

Competência
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Em regra, tanto em matéria cível como em matéria penal, os tribunais da Relação apenas intervêm em via
de recurso das decisões proferidas pelos tribunais de 1.ª instância que o admitem. Ainda que apenas em
alguns casos, relativos a uma e a outra dessas matérias, também possuem, no entanto, competências em
1.ª instância.

Em via de Recurso
À competência dos tribunais da Relação para julgar recursos (por secções) refere-se, especialmente, o art.
73.º, al. a), da LOSJ.
Em regra, em matéria cível, os tribunais da Relação conhecem em via de recurso das causas cujo valor
exceda a alçada dos tribunais de 1.ª instância (arts. 42.º, n.º 2, 2.ª parte, e 44.º, n.º 1, da LOSJ e art. 629.º,
n.º 1, do C.P.Civil. Só elas admitem, em princípio, recurso de apelação – o único recurso ordinário que pode
ser interposto para esses tribunais (arts. 627.º, n.º2, e 644.º do C.P.Civil e nos arts. 40.º, n.º 1, 79.º e 186.º-
P do C.P.Trabalho.
Enquanto não forem instaladas as novas secções previstas nos n.ºs 3 e 4 do art. 67.º, da LOSJ, o julgamento
do recurso de apelação compete às secções cíveis, de acordo com a distribuição feita entre elas (art. 73.º,
al. a), da LOSJ e arts. 203.º, 213.º e 214.º do C.P.Civil)
Quando se trate de matéria laboral - o julgamento do recurso cabe à secção social (art. 73.º, al. a), da
LOSJ), se existir.
O recurso extraordinário de revisão eventualmente interposto de acórdão proferido em secção cível por
um tribunal da Relação é igualmente julgado por esse tribunal (art. 697.º, n.º 1 do C.P.Civil), em secção com
essa especialização; se for de acórdão da secção social, o recurso de revisão será igualmente da
competência desta (art.73.º, al. a), da LOSJ).
Em matéria criminal - uma vez que não há alçada, a competência dos tribunais da Relação em via de
recurso é definida pelo C.P.Penal (art. 44.º, n.º2 da LOSJ).
Assim, nos termos do n.º 1 do art.427.º do C.P.Penal, da decisão proferida por tribunal de 1.ª instância, há
recurso ordinário para a Relação (que conhece de facto e de direito – art. 428.º do C.P.Penal) nos casos em
que, sendo o mesmo admitido, não haja recurso directo para o Supremo Tribunal de Justiça.
O julgamento de tais recursos compete às secções criminais, de acordo com a distribuição efectuada (art.
12.º, n.º 3, al. b), do C.P.Penal, art. 73.º, n.º 1, al. a), da LOSJ e arts. 203.º, 213.º e 214.º do C.P.Civil,
aplicáveis em “ex vi” do art. 4.º do C.P.Penal).
Compete igualmente às secções criminais o julgamento dos recursos das decisões:
 que apliquem medidas tutelares educativas,
 proferidas em processos de contraordenação.
Em primeira instância
As tribunais da Relação têm, a título excepcional, competência em 1.ª instância, designadamente, para:
 Art. 73. º, al. b), da LOSJ;
 Art. 12.º, n.º 3 al. a), do C.P.Penal e art. 73.º, al. c), da LOSJ;
 Art. 73.º, al. d), da LOSJ;
 Art. 73.º, al. e), da LOSJ, art. 979.º do C.P.Civil e art. 12.º,n.º3 al. d), do C.P.Penal;
 Art. 12.º, n.º3, al. c), do C.P.Penal e art. 73.º, al. g), da LOSJ;

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 Julgar (em secção criminal) os processos por crimes estritamente militares cometidos por oficiais de
patente idêntica à dos juízes militares de 1.ª instância, seja qual for a sua situação (art. 109.º, al.
b),do C.Just.Militar).

Diga (justificando legalmente) qual o tribunal e o juízo a que compete apreciar e julgar, em 1.ª instância,
a seguinte ação/processo:
1) Ação de condenação no pagamento de indemnização (no valor de €60.000) instaurada por A, residente
em Viseu, contra a companhia de seguros «O Seguro Morreu de Velho, S.A.», com sede em Lisboa, cuja
causa de pedir corresponde a acidente de viação ocorrido na Figueira da Foz.
Diga (justificando legalmente) a que tribunal (e secção) compete julgar o seguinte recurso:
2) Recurso interposto da sentença proferida na ação anterior.
1) Enquadramento na jurisdição dos tribunais judiciais (art.211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).
Determinação da competência dos tribunais de comarca: não se trata de matéria em que seja competente
algum dos tribunais de competência territorial alargada (art. 80.º/1 da LOSJ), nem dos casos excecionais
em que a competência pertence, em 1.ª instância, ao Supremo Tribunal de Justiça ou aos tribunais da
Relação.
Alusão ao desdobramento de cada um dos tribunais de comarca (que são, simultaneamente, de
competência genérica e de competência especializada – cfr. o art. 80.º/2 da LOSJ) em juízos de
competência especializada (central cível, local cível, central criminal, local criminal, local de pequena
criminalidade, instrução criminal, família e menores, trabalho, comércio, execução), de competência
genérica e de proximidade (art. 81.º, e art. 130.º, n.os 2, 3 e 5 da LOSJ)

Indicação da competência dos juízos em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ) e do valor (art. 41.º da
LOSJ): pertence aos juízos centrais cíveis, em virtude de setratar de uma acção declarativa cível a que
corresponde processo comum (art. 546.º/1 e 2, parte final, do CPCivil) e cujo valor (€ 60.000) é superior a €
50.000 (art. 117.º/1, al. a), da LOSJ).
Determinação da competência territorial: o factor de conexão relevante, nos termos do art. 71.º/2 do
CPCivil, é o lugar onde ocorreu o facto gerador da responsabilidade civil extracontratual, Figueira da Foz;
este município faz parte da comarca de Coimbra (cfr. o Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respectivo
tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra (cfr. os arts. 33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da
LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, que faz parte integrante deste – art. 4.º/3 desse diploma). Neste tribunal
existe o juízo central cível de Coimbra, territorialmente competente em toda a comarca de Coimbra, que
corresponde ao distrito administrativo de Coimbra (cfr. o art. 75.º/1, al. a), do ROFTJ e o Mapa III a ele
anexo, que dele faz parte integrante – art. 4.º/3 desse diploma), à qual, por isso, cabe a preparação e o
julgamento desta acção.

2) Determinação do tribunal competente em razão da hierarquia (tribunal da Relação, uma vez que, em
regra, os tribunais da Relação são os tribunais de 2.ª instância – art. 210.º/4 da C.Rep. e art. 67.º/1 da
LOSJ); intervenção em via de recurso (que, atendendo ao valor da causa seria admissível, em virtude de ser

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superior à alçada dos tribunais judiciais de 1.ª instância – € 5.000, de acordo com o art. 44.º/1 da LOSJ – cfr.
o art. 629.º/1 do CPCivil).
Funcionamento do tribunal em secção, segundo a sua especialização (art. 73.º, al. a) da LOSJ) – secção
em matéria cível (art. 67.º/3 e 4 e art. 54.º/1 da LOSJ, «ex vi» do art. 74.º da mesma lei).
Identificação do tribunal competente em razão do território: o tribunal a que está hierarquicamente
subordinado aquele de cuja decisão se recorre (Juízo Central Cível de Coimbra, do Tribunal Judicial da
Comarca de Coimbra), em função da sua sede, nos termos do art. 83.º do CPCivil, ou seja, o Tribunal da
Relação de Coimbra (que tem três secções cíveis, entre as quais se faz a distribuição – cfr. os arts. 203.º,
213.º e 214.º do CPCivil), em virtude de a sua área de competência territorial abranger (entre outras) a
comarca de Coimbra (anexo I à LOSJ e Mapas II e III do ROFTJ).

3) Julgar acção de regresso, fundada em responsabilidade por danos resultantes do exercício das suas
funções, proposta contra um juiz do Juízo de Execução de Águeda, do Tribunal Judicial da Comarca de
Aveiro.
Determinação da competência dos Tribunais da Relação: tratase de um dos casos excepcionais em que a
competência pertence, em 1.ª instância, aos tribunais da Relação que são, em regra, tribunais de 2.ª
instância; e são designados pelo nome do município em que se encontram instalados (art. 210.º, n.º 4, da
C. Rep., e arts. 29.º, n.º 2, e 67.º, n.º 1, da LOSJ) – «foro pessoal» para os juízes de direito e juízes militares
de primeira instância, procuradores da República e procuradores-adjuntos, por causa das suas funções
(artigo 73.º, al. b) da LOSJ).
Alusão à organização dos Tribunais da Relação em secções especializadas – art. 61.º, n.º 3 da LOSJ n
Tribunal da Relação do Porto – art. 71.º, n.º 2. Os Juízes têm domicílio necessário no juízo em que estão
colocados (art. 8.º, n.º 1 EMJ).

TRIBUNAIS DE 1.ª INSTÂNCIA


Os tribunais judiciais de 1.ª instância são, em regra, os tribunais de comarca (art. 210.º, n.º3, da C.Rep. e
arts. 29.º, n.º 3, e 79.º, 1.º parte da LOSJ);
Exceções:
 processos em que o tribunal competente em 1.ª instância é o tribunal da Relação ou o Supremo
Tribunal de Justiça;
 na LOSJ, são igualmente tribunais de 1.ª instância os tribunais de competência territorial alargada,
assim designados por serem territorialmente competentes em “mais do que uma comarca” (arts.
33.º, n.º1, e 83.º, n.º1).
 os tribunais de comarca podem ser tribunais de recurso (e não de 1.ª instância), como sucede,
nomeadamente, quanto às sentenças proferidas pelos julgados de paz, se o valor da causa exceder
metade da alçada dos tribunais de 1.ª instância, ou seja, se ultrapassar €2.500 (art. 62.º, n.º1, da Lei
n.º 78/2001, de 13 de Julho).

Espécies e respectiva competência

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A LOSJ prevê duas espécies de tribunais de 1.ª instância: estes continuam a ser, “em regra”, os tribunais de
comarca (arts. 29.º, n.º 3, e 79.º, 1.ª parte), mas existem ainda os tribunais de competência territorial
alargada (arts. 33.º, n.º1, e 38.º).
Os tribunais de comarca possuem uma competência residual, uma vez que lhes compete preparar e julgar
as “causas não abrangidas pela competência de outros tribunais” (art. 80.º, n.º1), o que deve ser entendido
no sentido de causas que não caibam aos tribunais de competência territorial alargada.

Os tribunais de competência territorial alargada


Estes tribunais são de competência especializada, pois conhecem de matérias determinadas, referidas na
lei, “independentemente da forma de processo aplicável” (art.83.º, n.º2, da LOSJ).
Os tribunais de competência territorial alargada (art.83.º, n.º3, e anexo III, a que se refere o n.º4, da LOSJ)
são os seguintes:
 Tribunal da propriedade intelectual (al.a));
 Tribunal da concorrência, regulação e supervisão (al. b));
 Tribunal marítimo (al. c));
 Tribunais de execução das penas (al.d));
 Tribunal central de instrução criminal (al.e)).

Tribunal da Propriedade Intelectual


É competente para conhecer das questões indicadas no art. 111.º da LOSJ.
A competência mencionada no n.º1 do art.º 111 da LOSJ abrange também a execução das decisões
proferidas por esse tribunal (n.º 2 desse artigo).
Atualmente, apenas existe um Tribunal da Propriedade Intelectual com sede em Lisboa, criado (de novo)
pelo art. 65.º, al. g), do ROFTJ, cuja área de competência é constituída pelo território nacional (anexo III à
LOSJ).

Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão


O tribunal da concorrência, regulação e supervisão possui competência para conhecer das questões
respeitantes a recurso, revisão e execução das decisões, despachos e demais medidas tomadas em
processo de contraordenação, e legalmente suscetíveis de impugnação e das entidades e das questões
previstas no art.º. 112.º.
A competência deste tribunal abrange ainda a execução das respetivas decisões (art.º. 112.º, n.º 5, “in
fine”).
Continua a estar prevista a existência de um único tribunal com esta especialização, o Tribunal da
Concorrência, Regulação e Supervisão com sede em Santarém, criado pelo art.º. 65.º, al. h), do ROFTJ, cuja
competência abrange todo o território nacional (anexo III à LOSJ).
Atenção: artigo 188.º, n.º 5 – TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA – SECÇÃO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL,
CONCORRÊNCIA, REGULAÇÃO E SUPERVISÃO

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Tribunal Marítimo
O tribunal marítimo é competente para conhecer das questões respeitantes às matérias indicadas no n.º 1
do art.º. 113.º.
Na LOSJ, a competência deste tribunal inclui também a execução das suas decisões (n. º2 do art.113.º).
O Tribunal Marítimo com sede em Lisboa, criado pelo art.º. 65.º, al. f), do ROFTJ, cuja competência
territorial compreende somente os departamentos marítimos do Norte, do Centro e do Sul (anexo III à
LOSJ); ficam, por conseguinte, fora da sua área de competência os departamentos marítimos dos Açores e
da Madeira.
Nessas circunscrições são competentes os respetivos tribunais de comarca, como resulta do disposto n.º 1
do art. 80.º e é reafirmado no n.º 3 do art.113.º.

Tribunais de execução das penas


A competência dos tribunais de execução das penas é constante do art.º. 114.º.
Nos termos do anexo III à LOSJ e no mapa IV anexo ao ROFTJ, os tribunais de execução das penas são cinco:
 Tribunal de Execução das Penas de Coimbra, com sede em Coimbra,
 Tribunal de Execução das Penas de Évora, com sede em Évora,
 Tribunal de Execução das Penas de Lisboa, com sede em Lisboa,
 Tribunal de Execução das Penas do Porto, com sede no Porto
 Tribunal de Execução de Penas dos Açores, com sede em Ponta Delgada (a instalar).
Lei 19/19 de 19 de fevereiro cria o Tribunal de Execução de Penas dos Açores (art.º. 65.º, al. a) do ROFTJ).
Entrou em funcionamento a 14 de maio de 2019 - Portaria n.º 205/2019

Tribunal central de instrução criminal


A competência do tribunal central de instrução criminal encontra-se estabelecida no n.º 1 do art.º. 120.º da
LOSJ, para que o art.º. 116.º, respeitante à competência desse tribunal, se limita a remeter.
Nos termos do disposto no n.º 1 do art.º. 120.º da LOSJ, o tribunal central de instrução criminal é
competente para proceder à instrução criminal, decidir quanto à pronúncia e exercer as funções
jurisdicionais relativas ao inquérito, quando a atividade criminosa ocorrer em comarcas pertencentes à
área de competência de diferentes tribunais da Relação – relativamente aos crimes previstos no art.º.
120.º.
De acordo com o anexo III à LOSJ, o Tribunal Central de Instrução Criminal tem sede em Lisboa e possui
competência em todo o território nacional.
Foi aprovada em Assembleia da República a integração do Juízo de Instrução Criminal de Lisboa no Tribunal
Central de Instrução Criminal. – Extinção do Juízo de Instrução Criminal de Lisboa.
Foi aprovada em Assembleia da República a integração do Juízo de Instrução Criminal de Lisboa no Tribunal
Central de Instrução Criminal.
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Extinção do Juízo de Instrução Criminal de Lisboa.


Tribunal Central de Instrução Criminal passa a ser competente nos casos referidos no artigo 119.º, n.º 1
(proceder à instrução criminal, decidem quanto à pronúncia e exercer as funções jurisdicionais relativas ao
inquérito), quando a atividade criminosa ocorrer no município de Lisboa.
Tribunais de 1ª Instancia
Diga (justificando legalmente) qual o tribunal e o juízo a que compete apreciar e julgar, em 1.ª instância,
cada uma das seguintes ações/processos:
a) Luísa, residente na Batalha, pretende instaurar uma ação de impugnação da paternidade contra
Manuel (marido da mãe no momento do nascimento dela, que figura no registo como pai) e
Natália (mãe), ambos residentes em Ansião.
Estamos no âmbito da jurisdição dos tribunais judiciais, por se tratar de matéria cível e o seu
conhecimento não pertencer a outra ordem jurisdicional (art. 211.º/1 da CRep. e art. 40.º/1 da LOSJ).
O tribunal competente é o tribunal de comarca, uma vez que não se trata de matéria em que seja
competente algum dos tribunais de competência territorial alargada (art. 80.º/1 da LOSJ), nem dos
casos excepcionais em que a competência pertence, em 1.ª instância, ao STJ ou aos tribunais da
Relação (competência «em razão da hierarquia», embora o art. 42.º/1 da LOSJ apenas disponha que os
tribunais judiciais estão «hierarquizados para efeito de recurso»).
Cada um dos tribunais de comarca (que são, simultaneamente, de competência genérica e de
competência especializada – cfr. o art. 80.º/2 da LOSJ) desdobra-se em juízos, de competência
especializada, na concepção do legislador, e de competência genérica, além dos juízos de proximidade
(art. 81.º/1 e 3, e art. 130.º da LOSJ, na versão resultante da Lei n.º 40- A/2016), sem prejuízo da
realização do julgamento em algum juízo de proximidade (art. 130.º/5, al. a), da LOSJ, na redacção que
lhe foi dada pela Lei n.º 19/2019, de 19 de fevereiro).
[Nesta parte, nas restantes resoluções, bastava remeter para a resposta dada em a.]
Neste caso, a competência em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ) pertence aos juízos de família e
menores (art. 123.º/1, al. l), da LOSJ).
• O factor de conexão relevante para a determinação da competência territorial é, nos termos do art.
80.º/1 do C.P.Civil, o domicílio do réu, Ansião.
• Este município faz parte da comarca de Leiria (cfr. o Anexo II à LOSJ), na qual é competente o
respectivo tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Leiria (cfr. os arts. 33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e
79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, ultimamente alterado e republicado em anexo pelo Decreto-
Lei n.º 38/2019). No Tribunal Judicial da Comarca de Leiria existem quatro juízos com essa
especialização – o Juízo de Família e Menores de Leiria, o Juízo de Família e Menores de Alcobaça, o
Juízo de Família e Menores de Caldas da Rainha e o Juízo de Família e Menores de Pombal (cfr. o art.
81.º/2 da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, na versão alterada e republicada em anexo pelo Decreto-
Lei n.º 38/2019);
• Em razão do território, o juízo competente é aquele cuja área de competência territorial compreende
o município de Ansião, ou seja, o Juízo de Família e Menores de Pombal (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ,
com a redação que lhe foi dada pelo referido decreto-lei).

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b) Processo de insolvência da sociedade comercial «Construções Egitanenses, S.A.», com sede na


Guarda.
Remete-se aqui para a introdução dada na resolução da a)
Indicação da competência dos juízos em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ, na redacção que lhe foi dada
pela Lei n.º 40-A/2016, de 22 de dezembro): pertence, em abstracto, aos juízos de comércio dos tribunais
de comarca (art. 128.º/1, al. a), da LOSJ, com a alteração introduzida pela referida Lei n.º 40-A/2016). Não
existindo juízo com essa especialização, no tribunal de comarca territorialmente competente, a
competência cabe aos juízos locais cíveis ou aos juízos de competência genérica, nos termos do disposto no
art. 130.º/1 da LOSJ, na sua nova redacção (competência residual).
Determinação da competência territorial: o factor de conexão relevante, nos termos do art. 7.º/1 do CIRE, é
a sede da sociedade devedora, Guarda; este município faz parte da comarca da Guarda, que aí tem a sua
sede (cfr. o Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respetivo tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca da
Guarda (cfr. os arts. 33.º/2 e 3, 43.º/3 e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, republicado em anexo ao
Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de Março); nesse tribunal não existe qualquer juízo de comércio (cfr. O art.
81.º/2 da LOSJ, o art. 2.º/2, al. b) do ROFTJ republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de
Março e a nova redacção do Mapa III anexo ao ROFTJ, alterado também pelo referido decreto-lei). A
competência pertence, pois, ao Juízo Local Cível da Guarda (arts. 81.º/2 e 130.º/1 da LOSJ, na sua nova
redacção), uma vez que o município da Guarda faz parte da sua área de competência territorial (cfr. o Mapa
III anexo ao ROFTJ, na versão alterada e republicada em anexo pelo Decreto-Lei n.º 38/2019).
N.B. Não seria o Juízo Central Cível da Guarda por se tratar de processo especial, e não de processo comum
(art. 117.º/1, al. a), e 2 da LOSJ, na sua nova redacção).
c) Ação de divórcio sem o consentimento do outro cônjuge que C, com domicílio em Vila do Conde,
pretende intentar contra D, com domicílio no Porto.
Indicação da competência dos juízos em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ, na redacção que lhe foi dada
pela Lei n.º 40-A/2016, de 22 de dezembro): pertence aos juízos de família e menores dos tribunais de
comarca (art. 122.º/1, al. c), da LOSJ, com a alteração introduzida pela citada Lei n.º 40- A/2016).
Determinação da competência territorial: o fator de conexão relevante, nos termos do art. 72.º do CPCivil,
é o domicílio do autor, Vila do Conde; este município faz parte da comarca do Porto (cfr. o Anexo II à LOSJ),
na qual é competente o respectivo tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca do Porto (cfr. os arts. 33.º/2 e 3,
43.º/3 e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18
de Março); nesse tribunal existem seis juízos com essa especialização (cfr. o art. 81.º/2 da LOSJ, o art. 2.º/1,
al. d), e o art. 5.º, n.º 1, al. g), do Decreto-Lei n.º 86/2016 e o Mapa III anexo ao ROFTJ, na redação que lhe
foi dada pelo citado decreto-lei). No entanto, no caso apresentado o competente para apreciar e julgar (em
1.ª instância) esta acção é o Juízo de Família e Menores de Vila do Conde, cuja área de competência
territorial inclui este município (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º
38/2019, de 18 de Março).
d) Ação de investigação da paternidade que A, com domicílio em Viseu, pretende instaurar contra B
(pretenso pai), com domicílio em Oliveira do Hospital.
Neste caso, a competência em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ) pertence aos juízos de família e
menores (art. 123.º/1, al. l), da LOSJ). Todavia, se não existir juízo com essa especialização no tribunal 17 de
comarca territorialmente competente ou se o(s) existente(s) não possuir (possuírem) competência

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territorial cabe aos juízos locais cíveis ou aos juízos de competência genérica (competência residual, art.
130.º/1, da LOSJ).
Determinação da competência territorial: o factor de conexão relevante, nos termos do art. 80.º/1 do
CPCivil, é o domicílio do réu, Oliveira do Hospital; este município faz parte da comarca de Coimbra (cfr. o
Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respectivo tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra
(cfr. os arts. 33.º/2 e 3, 43.º/3 e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, alterado e republicado em anexo
ao Decreto- Lei n.º 38/2019, de 18 de Março).
Nesse tribunal existem dois juízos com essa especialização, o Juízo de Família e Menores de Coimbra e o
Juízo de Família e Menores da Figueira da Foz (cfr. o art. 81.º/2 da LOSJ, o art. 2.º/1, al. d), e o Mapa III
anexo ao ROFTJ, republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de Março). Todavia, no caso
apresentado nenhum deles é competente para apreciar e julgar (em 1.ª instância) esta acção, uma vez que
o município de Oliveira do Hospital não faz parte da área de competência territorial de qualquer desses
juízos (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, na versão resultante do referido decreto-lei). Assim, a competência
pertence ao Juízo de Competência Genérica de Oliveira do Hospital (arts. 81.º/2 e 130.º/1 da LOS e Mapa III
anexo ao ROFTJ, republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de Março).
a. Recurso desta decisão?
Neste caso, como a sentença foi proferida por um dos juízos de família e menores do Tribunal Judicial da
Comarca de Coimbra (tribunal de 1.ª instância), o Juízo de Competência Genérica de Oliveira do Hospital, a
competência para conhecer do recurso (de apelação), interposto pela parte principal vencida – admissível
em virtude de o valor da causa ser superior a € 5.000,00 (era de € 30.000,01 – cfr. o art. 303.º/1 do C.P.Civil)
–, pertence a um tribunal da Relação, através das secções cíveis, por ainda não haver qualquer secção de
família e menores nos tribunais da Relação (arts. arts. 42.º/2, 2.ª parte, 44.º/1, 1.ª parte, 67.º/1, 1.ª parte,
e 4, 73.º, al. a), e 54.º/1 da LOSJ – o último aplicável por remissão do art. 74.º/1 – e os arts. 629.º/1,
631.º/1 e 644.º/1, al. a), do C.P.Civil).
O tribunal territorialmente competente é determinado em função da subordinação hierárquica daquele de
que se recorre (art. 83.º do C.P.Civil), definida pela sede deste (salvo no caso previsto no art. 188.º/5 da
LOSJ), nos termos do art. 83.º do CPCivil, ou seja, o Tribunal da Relação de Coimbra (que tem três secções
cíveis, entre as quais se faz a distribuição – cfr. os arts. 203.º, 213.º e 214.º do CPCivil), em virtude de a sua
área de competência territorial abranger (entre outras) a comarca de Coimbra, sendo o julgamento do
recurso efetuados por três juízes, o relator e dois adjuntos (cfr. O art. 43.º/2, o art. 67.º/1, 2.ª parte, e o art.
56.º/1 da LOSJ – aplicável por remissão do art. 74.º/1 –, o Anexo I à LOSJ – que faz parte integrante desta,
como estatui o art. 32.º/2 –, os arts. 213.º, 214.º e 216.º do C.P.Civil e os Mapas II e III anexos ao ROFTJ, na
versão republicada em anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019).
Ação de condenação no pagamento de uma indemnização no valor de € 40.000,00 que A, residente em
Aveiro, pretende instaurar contra a companhia de seguros «O Seguro do Prudente, S.A.», com sede em
Lisboa, cuja causa de pedir corresponde a acidente de viação ocorrido no município de Soure.
Trata-se de matéria cível e estamos perante uma ação declarativa cível a que corresponde processo comum
(art. 546.º/1 e 2, parte final, do CPCivil), com o valor de € 40.000,00. Assim sendo, a competência (em razão
da matéria, da forma de processo e do valor) não pertence aos juízos centrais cíveis (art. 117.º/1, al. a), da
LOSJ, na versão introduzida pela Lei n.º 40-A/2016), mas aos juízos locais cíveis ou aos juízos de
competência genérica (que possuem competência residual alternativa em matéria cível), em virtude de
esse valor não ser superior a € 50.000,00 (art. 130.º/1 da LOSJ, na redação que lhe foi dada pela Lei n.º 40-
A/2016).
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O fator de conexão relevante para a determinação da competência territorial é, nos termos do art. 71.º/2
do CPCivil, o lugar onde ocorreu o facto gerador da responsabilidade civil extracontratual, Soure; este
município faz parte da comarca de Coimbra (cfr. o Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respetivo
tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra (cfr. os arts. 33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da
LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, ultimamente alterado e republicado em anexo pelo Decreto-Lei n.º
38/2019).
No Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra existem alguns juízos locais cíveis e vários juízos de
competência genérica; um destes é, agora, o Juízo de Competência Genérica de Soure (criado pelo art. 10.º
do referido Decreto-Lei n.º 38/2019, que entrou «em funcionamento no dia 23 de abril de 2019», nos
termos do disposto no art. 45.º/1 desse diploma); esse juízo é o competente para apreciar e julgar a
presente ação, uma vez que a sua área de competência territorial é constituída, exatamente, pelo
município de Soure (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, com a redação que lhe foi dada pelo mencionado
decreto-lei).

Processo de insolvência da sociedade comercial «Transportes do Vouga, S.A.», com sede no município de
Águeda.
Neste caso, a competência em razão da matéria (art. 40.º/2, da LOSJ) pertence aos juízos de comércio (art.
128.º/1, al. a), da LOSJ).
O factor de conexão relevante para a determinação da competência territorial é, nos termos do art. 7.º/1
do CIRE, a sede da sociedade devedora, Águeda. Este município faz parte da comarca de Aveiro (cfr. o
Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respectivo tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Aveiro (cfr.
os arts. 33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, ultimamente alterado e
republicado em anexo pelo Decreto-Lei n.º 38/2019).
No Tribunal Judicial da Comarca de Aveiro existem dois juízos com essa especialização – o Juízo de
Comércio de Aveiro e o Juízo de Comércio de Oliveira de Azeméis (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, na versão
resultante do Decreto-Lei n.º 38/2019); o juízo territorialmente competente é o «Juízo de Comércio de
Aveiro» («instalado provisoriamente em Anadia»), em virtude de o município de Águeda fazer parte da sua
área de competência territorial (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, com a redacção que lhe foi dada pelo
referido decreto-lei).

Acção de divórcio sem o consentimento do outro cônjuge que D, com domicílio na Guarda, pretende
instaurar contra E, com domicílio em Viseu.
Neste caso, a competência em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ) pertence, em abstrato, aos juízos de
família e menores dos tribunais de comarca (art. 122.º/1, al. c), da LOSJ, com a alteração introduzida pela
citada Lei n.º 40-A/2016). Todavia, se não existir juízo com essa especialização no tribunal de comarca
territorialmente competente ou se o(s) existente(s) não possuir (possuírem) competência territorial cabe
aos juízos locais cíveis ou aos juízos de competência genérica (competência residual, art. 130.º/1, da LOSJ).
O factor de conexão relevante para a determinação da competência territorial é, nos termos do art. 72.º do
CPCivil, o domicílio do autor, Guarda. Este município faz parte da comarca da Guarda (cfr. o Anexo II à LOSJ),
na qual é competente o respectivo tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca da Guarda (cfr. os arts. 33.º/2 e

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3, 43.º/3 e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, ultimamente alterado e republicado em anexo pelo
Decreto-Lei n.º 38/2019).
No Tribunal Judicial da Comarca da Guarda não existe qualquer juízo de família e menores (cfr. o Mapa III
anexo ao ROFTJ, na versão resultante do referido decreto-lei). Assim sendo, a competência para apreciar e
julgar, em 1.ª instância, esta acção pertence ao Juízo Local Cível da Guarda, cuja área de competência
territorial abrange este município (arts. 81.º/2 e 130.º/1 da LOSJ e Mapa III anexo ao ROFTJ, com a
redacção que lhe foi dada pelo citado decreto-lei).

A sociedade, Sete Colinas, S.A., com sede em Lisboa, participou criminalmente (no DIAP de Lisboa)
contra Augusto, imputando-lhe a prática de um crime de falsificação de documentos (uma planta
topográfica).
O procurador da República titular do inquérito (Bernardo) proferiu despacho de arquivamento (art.
277.º/2 do C.P.Penal) no prazo que lhe havia sido fixado para a conclusão do inquérito («conclusão do
inquérito no prazo máximo de 60 dias»). Todavia, esse magistrado não levou a cabo quaisquer actos ou
diligências de investigação no âmbito do referido processo de inquérito, com vista a tomar uma decisão
fundada sobre o arquivamento do inquérito ou a dedução de acusação.
Em face disso, aquela sociedade decidiu participar criminalmente contra Bernardo, a quem imputou a
prática de um crime de denegação de justiça, p.p. no art. 369.º/1 do C.Penal.
Qual seria o tribunal (e a secção) competente para o julgamento, se o processo chegasse a essa fase? E
qual o tribunal (e a secção) a que teria cabido a prática dos actos jurisdicionais relativos ao inquérito?
Estamos no âmbito da jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).
Neste caso, como Bernardo era magistrado do Ministério Público (MP), com a categoria de procurador da
República, a competência para o julgamento do processo pelo crime de denegação de justiça por ele
alegadamente cometido pertenceria a um tribunal da Relação, em secção criminal (art. 73.º, al. c), da LOSJ,
com remissão para a al. anterior, e art. 12.º/3, al. a), do C.P.Penal), mediante distribuição, em formação
constituída pelo relator e por dois juízes adjuntos (art. 56.º, n.º 1, da LOSJ, aplicável por remissão do art.
74.º, n.º 1), por ser competência exercida em 1.ª instância.
E a competência para a prática dos atos jurisdicionais relativos ao inquérito também pertenceria ao
tribunal da Relação, por um dos juízes da secção criminal, igualmente de acordo com a distribuição (art.
73.º/1, al. g), da LOSJ, com remissão para a al. c), e art. 12.º/6 do C.P.Penal).
Havendo vários tribunais da Relação seria necessário determinar qual seria territorialmente competente.
Como o crime se consumou na comarca de Lisboa, que faz parte da área de competência territorial do
Tribunal da Relação de Lisboa, seria este o tribunal competente (art. 19.º/1 do C.P.Penal, Anexo I à LOSJ e
Mapa II anexo ao Decreto-Lei n.o 49/2014, de 27 de março – doravante ROFTJ –, na versão republicada em
anexo pelo Decreto-Lei n.o 38/2019, de 18 de março), através da secção criminal a que o processo fosse
distribuído.

Acção que F, com domicílio em Mangualde, pretende intentar contra a sociedade «Decar, S.A.», com
sede no município de Nelas, para obter o reconhecimento de que o contrato de trabalho que celebrou
com esta sociedade em 1 de setembro de 2016 é um contrato sem termo.

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Neste caso, a competência em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ) pertence aos juízos do trabalho (art.
126.º/1, al. b), da LOSJ).
O factor de conexão relevante para a determinação da competência territorial é, nos termos do art. 14.º/1
do CPTrab., a sede da entidade patronal (Mangualde) ou o domicílio do autor (Nelas). Estes municípios
fazem parte da comarca de Viseu (cfr. o Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respectivo tribunal, o
Tribunal Judicial da Comarca de Viseu (cfr. os arts. 33.º/2 e 3, 43.º/3 e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao
ROFTJ, ultimamente alterado e republicado em anexo pelo Decreto-Lei n.º 38/2019).
No Tribunal Judicial da Comarca de Viseu existem dois juízos com essa especialização – o Juízo do Trabalho
de Viseu e o Juízo do Trabalho de Lamego (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, ultimamente alterado e
republicado em anexo pelo Decreto-Lei n.º 38/2019); o juízo territorialmente competente para apreciar e
julgar esta acção é o Juízo do Trabalho de Viseu, uma vez que tanto o município de Mangualde como o
município de Nelas fazem parte da sua área de competência territorial (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ,com
a redacção que lhe foi dada pelo referido decreto-lei).

Diga (justificando legalmente) qual o tribunal e o juízo a que compete apreciar e julgar, em 1.ª instância,
cada uma das seguintes acções/processos:
1. Acção de investigação da paternidade instaurada por B, residente em Lisboa, contra C (pretenso pai),
residente em Almada.
Enquadramento na jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).
O tribunal competente é o tribunal de comarca, uma vez que não se trata de matéria em que seja
competente algum dos tribunais de competência territorial alargada (art. 80.º, n.º 1, da LOSJ), nem dos
casos excepcionais em que a competência pertence, em 1.ª instância, ao Supremo Tribunal de Justiça ou
aos tribunais da Relação (competência «em razão da hierarquia», embora o art. 42.º/1 da LOSJ apenas
disponha que os tribunais judiciais estão «hierarquizados para efeito de recurso»).
Cada um dos tribunais de comarca (que são, simultaneamente, de competência genérica e de competência
especializada – cfr. o art. 80.º/2 da LOSJ) desdobra-se em juízos, de competência especializada, na
concepção do legislador, e de competência genérica, além dos juízos de proximidade (art. 81.º/1 e 3, e art.
130.º
Indicação da competência do juízo em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ):
pertence ao juízo de família e menores (art. 123.º/1, al. l), da LOSJ), desde que existam e sejam
territorialmente competentes.
n Determinação da competência territorial: o factor de conexão relevante, nos termos do art. 80.º/1 do
CPCivil, é o domicílio do réu, Almada; este município faz parte da comarca de Lisboa (cfr. o Anexo II à
LOSJ), na qual é competente o respectivo tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa (cfr. os arts.
33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, que faz parte integrante deste,
republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de Março – art. 4.º/3); nesse tribunal existem
quatro juízos com essa especialização (cfr. o art. 84.º/1, als. h) a k), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo), mas
a territorialmente competente é o Juízo de Família e Menores de Almada, uma vez que o município de
Almada faz parte da sua área de competência territorial (cfr. o art. 84.º/1, al. i), do ROFTJ e o Mapa III a
ele anexo, que dele faz parte integrante – art. 4.º/3 desse diploma); é esse o juízo competente para
apreciar e julgar (em 1.ª instância) esta acção.
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2. Processo de insolvência da sociedade comercial «Cortiça da Planície, S.A.», com sede em Évora.
Remeter para a introdução da pergunta anterior
n Indicação da competência dos juízos em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ): pertence ao juízo de
comércio dos tribunais de comarca (art. 128.º/1, al. a), da LOSJ), desde que existam e sejam
territorialmente competentes.
Determinação da competência territorial: o factor de conexão relevante, nos termos do art. 7.º/1 do CIRE,
é a sede da sociedade devedora, Évora; este município faz parte da comarca de Évora (cfr. o Anexo II à
LOSJ), na qual é competente o respectivo tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Évora (cfr. os arts.
33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, que faz parte integrante deste –
art. 4.º/3 desse diploma).
Nesse tribunal não existe, no entanto, nenhum juízo de comércio. Assim sendo, e uma vez que o processo
de insolvência é um processo especial (o que exclui a competência dos juízos centrais cíveis – art. 117.º/1,
al. a), e 2 da LOSJ), a competência para conhecer esse processo cabe aos juízos locais cíveis ou aos juízos
de competência genérica (art. 130.º/1 da LOSJ), sendo territorialmente competente o Juízo local cível de
Évora do Tribunal Judicial da Comarca de Évora (cfr. o art. 77.º/2, al. b), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo,
que dele faz parte integrante – art. 4.º/3 desse diploma – republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º
38/2019, de 18 de Março), o qual, por conseguinte, é competente para apreciar e julgar este processo.
3. Acção fundada na falta de pagamento das quantias devidas ao trabalhador D, residente no município
de Anadia, em virtude da cessação do contrato de trabalho que tinha celebrado com a sociedade
«Espumantes de Baco, Lda», com sede no mesmo município.
Remeter para a introdução da primeira parte
Indicação da competência dos juízos em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ): pertence ao juízos de
trabalho (art. 126.º/1, al. b), da LOSJ).
Determinação da competência territorial: o factor de conexão relevante, nos termos do art. 14.º/1 do CPT,
é o lugar da prestação do trabalho ou o domicílio do autor (seria este o determinante, em virtude de o
contrato de trabalho já ter cessado), Anadia;
Este município faz parte da comarca de Aveiro (cfr. O Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respectivo
tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Aveiro (cfr. os arts. 33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da LOSJ
e o Mapa III anexo ao ROFTJ, que faz parte integrante deste – art. 4.º/3 desse diploma); existem quatro
juízos com essa especialização (cfr. o art. 68.º/1, als. m) a p), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo), mas a
territorialmente competente é o Juízo de Trabalho de Águeda, uma vez que o município de Anadia faz
parte da sua área de competência territorial (cfr. o art. 68.º/1, al. n), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo,
que dele faz parte integrante – art. 4.º/3 desse diploma - republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º
38/2019, de 18 de Março); é, pois, esse o juízo competente para apreciar e julgar esta acção.
3.1. Imagine agora que o Trabalhador residia no município de Trancoso, local da sede da empresa.
Resposta igual à anterior até ao elemento de conexão.
Determinação da competência territorial: o factor de conexão relevante, nos termos do art. 14.º/1 do CPT,
é o lugar da prestação do trabalho ou o domicílio do autor (seria este o determinante, em virtude de o
contrato de trabalho já ter cessado), Trancoso; este município faz parte da comarca da Guarda (cfr. o Anexo
II à LOSJ), na qual é competente o respectivo tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca da Guarda (cfr. os

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arts. 33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, que faz parte integrante
deste – art. 4.º/3 desse diploma); este tribunal tem somente um juízo com essa especialização (que é
territorialmente competente em toda a comarca), o Juízo de Trabalho da Guarda,uma vez que o município
de Trancoso faz parte da sua área de competência territorial (cfr. o art. 81.º/1, al. c), do ROFTJ e o Mapa III
a ele anexo, que dele faz parte integrante – art. 4.º/3 desse diploma); é, pois, esse o juízo competente para
apreciar e julgar esta acção.
4) Acção de anulação de uma deliberação tomada pela assembleia geral da sociedade comercial «Cortiça
da Margem Sul, S.A.», com sede no Montijo, que o sócio E pretende intentar contra essa sociedade.
Indicação da competência das secções em razão da matéria
(art. 40.º/2 da LOSJ): pertence aos juízos de comércio dos tribunais de comarca (art. 128.º/1, al. d), da
LOSJ). Determinação da competência territorial: o factor de conexão relevante, nos termos do art. 81.º/2
do C.P.Civil, é a sede da sociedade, Montijo; este município faz parte da comarca de Lisboa (cfr. o Anexo II à
LOSJ), na qual é competente o respectivo tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa (cfr. os arts.
33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, que faz parte integrante deste –
art. 4.º/3 desse diploma); neste tribunal existem dois juízos com essa especialização (um com sede em
Lisboa e outro sediado no Barreiro – cfr. o art. 84.º/1, als. n) e o), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo), mas o
territorialmente competente para apreciar e julgar essa acção é o Juízo de Comércio do Barreiro, uma vez
que o município do Montijo faz parte da sua área de competência territorial (cfr. o art. 84.º/1, al. o), do
ROFTJ e o Mapa III a ele anexo, que dele faz parte integrante – art. 4.º/3 desse diploma).
5) Acção de divórcio instaurada por C, residente em Estremoz, contra D, residente em Évora.
Indicação da competência dos juízos em razão da matéria (art 40.º/2 da LOSJ): pertence aos juízos de
família e menores dos tribunais de comarca (art. 122.º/1, al. c), da LOSJ), desde que existam e sejam
territorialmente competentes. Determinação da competência territorial: o factor de conexão relevante, nos
termos do art. 72.º do CPCivil, é o domicílio ou a residência do autor, Estremoz; este município faz parte
da comarca de Évora (cfr. o Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respectivo tribunal, o Tribunal Judicial
da Comarca de Évora (cfr. os arts. 33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ,
que faz parte integrante deste – art. 4.º/3 desse diploma); nesse tribunal existe apenas um juízo de família
e menores, com sede em Évora (cfr. o art. 77.º/1, al. d), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo), mas a sua área
de competência territorial não abrange o município de Estremoz (não inclui todos os municípios da
comarca). Assim sendo, é competente para apreciar e julgar esta acção o juízo de competência genérica
(de competência residual – art. 130.º/1, al. a), do LOSJ) definido pelo indicado factor de conexão, ou seja,
o Juízo de Competência Genérica de Estremoz (cfr. o art. 77.º/2, al. a), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo,
que dele faz parte integrante – art. 4.º/3 desse diploma
6) Acção instaurada por C, residente em Coimbra, contra a Almedina por violação de direito de Autor.
Enquadramento na jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).
Determinação da competência dos tribunais de competência territorial alargada (art. 80.º/1 da LOSJ),
nomeadamente do Tribunal da Propriedade Intelectual (artigo 111.º, n.º 1, al. a) LOSJ)
É competente para conhecer das questões indicadas no art. 111.º da LOSJ.
A competência mencionada no n.º1 do art.º 111 da LOSJ abrange também a execução das decisões
proferidas por esse tribunal (n.º 2 desse artigo).

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Actualmente, apenas existe um Tribunal da Propriedade Intelectual com sede em Lisboa, criado (de novo)
pelo art. 65.º, al. f), do ROFTJ, cuja área de competência é constituída pelo território nacional (anexo III à
LOSJ). Competência da sua secção de propriedade intelectual
7) Tribunal competente para apreciar o requerimento de A, preso no estabelecimento prisional das
Caldas da Rainha, condenado na pena de 4 anos de prisão, por decisão transitada em julgado, de
modificação da execução da pena de prisão efectiva pelo regime de permanência na habitação, com
fiscalização por meios técnicos de controlo à distância.
Enquadramento na jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).
Determinação da competência dos tribunais de competência territorial alargada (art. 80.º/1 da LOSJ),
nomeadamente do Tribunal de Execução das Penas (artigo 114.º, n.º 1 LOSJ) Nos termos do anexo III à
LOSJ e no mapa IV anexo ao ROFTJ, os tribunais de execução das penas são quatro: o Tribunal de Execução
das Penas de Coimbra, com sede em Coimbra, o Tribunal de Execução das Penas de Évora, com sede em
Évora, o Tribunal de Execução das Penas de Lisboa, com sede em Lisboa, e o Tribunal de Execução das
Penas do Porto, com sede no Porto. Neste caso é competente o Tribunal de Execução das Penas com sede
em Lisboa (área de competência: comarcas dos Açores, Lisboa, Lisboa Norte, Lisboa Oeste, Madeira e
estabelecimentos prisionais de Alcoentre, das Caldas da Rainha e de Vale de Judeus).
8) Acção de investigação da paternidade instaurada por A, residente em Lisboa, contra B (pretenso pai),
esidente em Montemor-o-Novo
Nesta parte, bastava remeter para a resposta dada em 1.]
Indicação da competência dos juízos em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ): pertence aos juízos de
família e menores dos tribunais de comarca (art. 123.º/1, al. l), da LOSJ), desde que existam e sejam
territorialmente competentes.
Determinação da competência territorial: o factor de conexão relevante, nos termos do art. 80.º/1 do
CPCivil, é o domicílio do réu, Montemor-o-Novo; este município faz parte da comarca de Évora (cfr. o Anexo
II à LOSJ), na qual é competente o respectivo tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Évora (cfr. os arts.
33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da LOSJ e o Mapa III anexo ao ROFTJ, que faz parte integrante deste –
rt. 4.º/3 desse diploma); existe neste tribunal um juízo com essa especialização (cfr. o art. 77.º/1, als. d), do
OFTJ e o Mapa III a ele anexo), Juízo de Família e Menores de Évora, que não é competente para o
município e Montemor (cfr. o art. 77.º/1, al. d), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo, que dele faz parte
integrante – art. .º/3 desse diploma); logo será competente o Juízo de competência genérica de
Montemor-o-Novo. É este o juízo competente para apreciar e julgar (em 1.ª instância) esta acção.
9) O Banco Para Nós, S.A., com sede em Lisboa, pretende requerer a insolvência de Jerónimo, residente
em Celorico da Beira.
Resposta (síntese)
Estamos no âmbito da jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).
O tribunal competente éo tribunal de comarca, uma vez que não se trata de matéria em que seja
competente algum dos tribunais de competência territorial alargada (art. 80.º, n.º 1, da LOSJ), nem dos
casos excepcionais em que a competência pertence, em 1.a instância, ao Supremo Tribunal de Justiça ou
aos tribunais da Relação (competência «em razão da hierarquia», embora o art. 42.º/1 da LOSJ apenas
disponha que os tribunais judiciais estão «hierarquizados para efeito de recurso»).

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Cada um dos tribunais de comarca (que são, simultaneamente, de competência genérica e de competência
especializada – cf.. o art. 80.º/2 da LOSJ) desdobra-se em juízos, de competência especializada, na
concepção do legislador, e de competência genérica, além dos juízos de proximidade (art. 81.º/1 e 3, e art.
130.º da LOSJ, na versão resultante da Lei n.º 40-A/2016). Neste caso, a competência em razão da matéria
(art. 40.º/2 da LOSJ) pertence aos juízos de comercio (art. 128.º/1, ali a), da LOSJ).
O factor de conexão relevante para a determinação da competência territorial é, nos termos do art. 7.º/1
do CIRE, o domicilio do devedor, Celorico da Beira. Este município faz parte da comarca da Guarda, que
aítem a sua sede (cfr. o Anexo II àLOSJ).
No Tribunal Judicial da Comarca da Guarda não existe, no entanto, qualquer juízo de comércio (cfr. o Mapa
III anexo ao ROFTJ, com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei no 86/2016). Em virtude disso, a
competência para apreciar e julgar esse processo, em 1.ª instancia, pertence a um juízo local cível ou a um
juízo de competência genérica, consoante exista um daqueles ou um destes, que possui competência
residual (art. 130.º/1 da LOSJ): o Juízo de Competência Genérica de Celorico da Beira, cuja área de
competência territorial abrange esse município. (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, republicado em anexo ao
Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de Março).
N.B. Mesmo que o valor da massa insolvente fosse superior a € 50.000, a competência nunca seria do Juízo
Central Cível da Guarda, uma vez que este (nos termos do disposto no art. 117.º/1, li a), da LOSJ) só tem
competência para as acções declarativas cíveis de processo comum (estando excluídos os processos
especiais).
10) Ana, residente em Barcelos, pretende instaurar uma acção de impugnação da paternidade contra
Bernardino (marido da mãe, que figura no registo como pai) e Carolina (mãe), ambos residentes em Fafe.
Diga (justificando legalmente) qual o tribunal (e juí́zo) competente para apreciar e julgar, em 1.ª
instância, essa acção
Neste caso, a competência em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ) pertence, também, aos juízos de
família e menores (art. 123.º/1, al. l), da LOSJ).
O factor de conexão relevante para a determinação da competência territorial é, nos termos do art. 80.º/1
do C.P. Civil, o domicílio do réu, Fafe. Este município faz parte da comarca de Braga (cfr. o Anexo II à LOSJ).
No Tribunal Judicial da Comarca de Braga há cinco juízos com ssa especialização – o Juízo de Família e
Menores de Braga, o Juízo de Família e Menores de Barcelos, o Juízo de Família e Menores de Fafe (criado
pelo Decreto-Lei n.º 86/2016, entrou «em funcionamento» em 1 de Janeiro de 2017 – art. 5.º/1, al. c), e
art. 13.º/1), o Juízo de Família e Menores de Guimarães e o Juízo de Família e Menores de Vila Nova de
Famalicão (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de
Março); o competente éaquele cuja área de competência territorial compreende o município de Fafe, que
éo Juízo de Família e Menores de Fafe (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, com a redacção que lhe foi dada pelo
Decreto-Lei n.º 86/2016).
11) Humberto, sócio da sociedade comercial Aniceto e Rui, Lda., com sede no Bombarral, pretende
instaurar uma acção de anulação de uma deliberação tomada pela assembleia geral da referida
sociedade.
Neste caso, a competência em razão da matéria (art. 40.º/2, da LOSJ) pertence aos juízos de comercio
(art. 128.º/1, al. d), da LOSJ).

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O factor de conexão relevante para a determinação da competência territorial é, nos termos do art. 81.º/2
do C.P. Civil, a sede da sociedade, Bombarral. Este município faz parte da comarca de Leiria(cfr. o Anexo II à
LOSJ). No Tribunal Judicial da Comarca de Leiria existem dois juízos com essa especialização – o Juízo de
Comercio de Leiria e o Juízo de Comercio de Alcobaça (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, republicado em
anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de Março); mas o territorialmente competente éo «Juízo de
Comercio de Alcobaça, em virtude de o município do Bombarral fazer parte da sua área de competência
territorial (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, na versão alterada e republicada em anexo ao Decreto-Lei n.º
38/2019, de 18 de Março).
12) Tiago, residente em Faro, pretende instaurar acção declarativa, com processo comum, contra a
editora As Letras de Forma, Edições, S.A., com sede em Vila Nova de Gaia, para pedir a condenação desta
no pagamento da quantia de € 5.200,00 correspondente aos direitos de autor contratualmente devidos
(e não pagos) a Tiago pela edição da sua obra «História de Portucale».
Estamos no âmbito da jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ). O
tribunal competente é um dos tribunais de competência territorial alargada (art. 80.º/1 e 83.º/1 da LOSJ),
que são de competência especializada (por conhecerem de matérias determinadas independentemente da
forma de processo – art. 83.º/2 da LOSJ), o Tribunal das Propriedade Intelectual (art. 83.º/3, al. a), da LOSJ)
– tribunal competente para conhecer das questões indicadas no art. 111.º da LOSJ, entre as quais se
encontram as acções «em que a causa de pedir verse sobre direito de autor e direitos conexos» (art.
111.º/1, al. a)). Na hipótese apresentada, trata-se de «direitos de autor contratualmente devidos (e não
pagos) a Tiago pela edição da sua obra «Historia de Portucale».
Existe apenas um Tribunal da Propriedade Intelectual, com sede em Lisboa, criado (de novo) pelo art. 65.º,
al. f), do ROFTJ, cuja área de competência é constituída pelo território nacional (anexo III à LOSJ). Assim, é
esse tribunal o competente para julgar a mencionada acção, na sua secção de propriedade intelectual.
13) Umbelino, com domicílio em Oliveira do Hospital, pretende instaurar uma acção de divórcio contra
Vitália, residente no município de Cantanhede.
Neste caso, a competência (abstracta) em razão da matéria (art. 40.º/2 da LOSJ) pertence aos juízos de
família e menores (art. 122.º/1, al. c), da LOSJ).
O factor de conexão relevante para a determinação da competência territorial é, nos termos do art. 72.º do
C.P. Civil, o domicilio ou a residência do autor, Oliveira do Hospital. Este município faz parte da comarca de
Coimbra (cfr. o Anexo II àLOSJ).
No Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra há dois juízos de família e menores, o Juízo de Família e
Menores de Coimbra e o Juízo de Família e Menores da Figueira da Foz (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, com
a redacção que lhe foi dada pelo Decreto- Lei n.º 86/2016).
Todavia, como resulta do citado Mapa III, o município de Oliveira do Hospital não faz parte da área de
competência territorial de qualquer desses juízos.
Assim sendo, a competência pertence ao Juízo de Competência Genérica de Oliveira do Hospital (art.
130.º/1 da LOSJ, na versão resultante da Lei n.º 40-A/2016, e Mapa III anexo ao ROFTJ, republicado em
anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de Março).
14) A Associação Portuguesa de Ensino dos Futuros Ases do Volante, devidamente representada,
impugnou judicialmente a decisão da Autoridade da Concorrência que a condenou na coima de €
400.000,00 pela prática da contra-ordenação p. e. p. pelo art. 9.º, n.º 1, al. a), e 68.º, n.º 1, al. a), da Lei

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n.º 19/2012, de 8 de maio («Novo Regime Jurídico da Concorrência»). O Tribunal da Concorrência,


Regulação e Supervisão (TCRS), por sentença proferida no passado dia 13 de Novembro, manteve
acondenação da Associação Portuguesa de Ensino dos Futuros Ases do Volante.
Qual o tribunal competente para o julgamento do recurso da decisão do TCRS?
sentença foi proferida pelo Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, com sede em Santarém, que
é um tribunal de 1.ª instancia, de competência territorial alargada, dotado de competência especializada
(cfr. o art.83.º, n.ºs 1,2 e 3,al.b),da LOSJ, o Anexo III a esta e o Mapa IV anexo ao ROFTJ). Segundo o critério
da subordinação hierárquica do tribunal de cuja decisão se recorre, se tal subordinação fosse determinada
pela sede seria competente o Tribunal da Relação de Évora (o município de Santarém éa sede da comarca
de Santarém, e esta pertence àárea de competência territorial do Tribunal da Relação de Évora (cfr. o Anexo
I à LOSJ e os Mapas II e III anexos ao ROFTJ, republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de
Março). No entanto, a partir do dia 27 de Agosto de 2013, por força do disposto no art. 188.º/5 da LOSJ
passou a vigorar um critério especial de subordinação: o Tribunal competente éo Tribunal da Relação de
Lisboa.
Ø No Tribunal da Relação de Lisboa, a secção de propriedade intelectual e de concorrência, regulação e
supervisão julga os recursos das causas previstas no art. 112.º (art. 67.º/5, na versão da Lei n.º 55/2019).
15) A sociedade Naval da Beira Ria, S.A., com sede em Aveiro, pretende instaurar uma acção declarativa,
com processo comum, a pedir a condenação de Saúl, residente na Figueira da Foz, no pagamento da
quantia de € 20.000 pela reparação que efectuou nos seus estaleiros navais, no Porto de Aveiro, com
base em contrato celebrado entre as partes, da embarcação de pesca «A Minha Sorte», de que Saúl
éproprietário (e é por ele usada na pesca costeira).
Estamos no âmbito da jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).
O tribunal competente é um dos tribunais de competência territorial alargada (art. 80.º/1 e 83.º/1 da
LOSJ), que são de competência especializada (por conhecerem de matérias determinadas
independentemente da forma de processo – art. 83.º/2 da LOSJ), o Tribunal Marítimo (art. 83.º/3, al. c), da
LOSJ) – tribunal competente para conhecer das questões indicadas no art. 113.º da LOSJ, entre as quais se
encontram as relativas a «contratos de construção, reparação, compra e venda de navios, embarcações e
outros engenhos flutuantes, desde que destinados ao uso marítimo» (art. 113.º/1, al. b)). Na hipótese
apresentada, trata-se da reparação efectuada por «Naval da Beira Ria, S.A.» (com base em contrato
celebrado entre as partes) da embarcação de pesca «A Minha Sorte», de que Saúl é proprietário (e é por
ele usada na pesca costeira), que este não pagou. Existe somente um Tribunal Marítimo, com sede em
Lisboa, criado (de novo) pelo art. 65.º, al. e), do Decreto-Lei n.º 49/2014, de 27 de março (ROFTJ), cuja área
de competência é constituída pelos departamentos marítimos do Norte, do Centro e do Sul (anexo III à
LOSJ e Mapa IV anexo ao ROFTJ). Em virtude de o elemento de conexão relevante ser o domicilio do réu
(art. 71.º/1 C.P. Civil), Figueira da Foz (que faz parte da área de jurisdição do Departamento Marítimo do
Norte, apesar de isso não ser exigido – bastando saber que o Tribunal Marítimo só não é competente nas
áreas dos departamentos marítimos dos Açores e da Madeira), é esse o tribunal competente para julgar a
mencionada acção.
16) Quintino, residente em Moimenta da Beira, pretende instaurar contra a sociedade comercial Os
Lobos Nem Sempre Uivam, L.da, com sede e instalações fabris nesse município, uma acção destinada a
obter o reconhecimento de que o contrato de trabalho com esta celebrado em 1 de Setembro de 2014
éum contrato sem termo.

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Diga (justificando legalmente) qual o tribunal (e juízo) competente para apreciar e julgar, em 1.ª
instância, essa acção.
O factor de conexão relevante para a determinação da competência territorial e, nos termos do art. 14.º/1
do C.P. Trabalho, a sede da entidade patronal ou o domicilio do autor, Moimenta da Beira (em qualquer
caso). Este município faz parte da comarca de Viseu (cfr. o Anexo II àLOSJ).
No Tribunal Judicial da Comarca de Viseu existem dois juízos com essa especialização – o Juízo do Trabalho
de Viseu e o Juízo do Trabalho de Lamego (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ, com a redacção que lhe foi dada
pelo Decreto-Lei n.º 86/2016); mas o territorialmente competente éo Juízo do Trabalho de Lamego, uma
vez que o município de Moimenta da Beira faz parte da sua área de competência territorial (cfr. o Mapa III
anexo ao ROFTJ, republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de Março).
17) Teodoro, residente na Figueira da Foz, pretende instaurar uma acção com processo de declaração
comum, com o valor de € 50.000, contra a companhia de seguros O Seguro Morreu de Vellho, S.A., com
sede em Lisboa, cuja causa de pedir corresponde a acidente de viação ocorrido no município de
Pampilhosa da Serra.
A competência pertence aos juízos locais cíveis ou aos juízos de competência genérica (competência
residual alternativa), consoante o existente com competência no município de Pampilhosa da Serra
(Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra), em virtude de esse valor não ser superior a € 50.000 (art.
130.º/1 da LOSJ, na sua nova redacção).
O factor de conexão relevante para a determinação da competência territorial é o acima referido, o lugar
onde ocorreu o facto gerador da responsabilidade civil extracontratual (art. 71.º/2 do C.P. Civil), Pampilhosa
da Serra. A competência pertenceria ao Juízo de Competência Genérica da Lousã, uma vez que a sua área
de competência territorial abrange o município de Pampilhosa da Serra (cfr. o Mapa III anexo ao ROFTJ,
republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 38/2019, de 18 de Março).

Tribunais de Comarca
Desdobramento dos tribunais de comarca (de competência genérica e de competência especializada – art.
80.º/2) em:
 juízos de «competência especializada»,
 de competência genérica
 de proximidade (art. 81.º/1 e 130.º).
(para a avaliação restringimos apenas aos seguintes Tribunais Judiciais de Comarca: Aveiro, Coimbra,
Guarda, Leiria, Porto e Viseu).

Juízos Centrais Cíveis


N.º 1 do art. 117.º da LOSJ:
 Preparar e julgar as acções declarativas cíveis de processo comum de valor superior a €50.000,00
(al.a));
 Al. b);
 Al.c).

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A competência que lhes é conferida na al.a) do n.º 1 do art. 117.º é determinada também pela forma de
processo e pelo valor. Só no caso de se tratar de acção declarativa a que corresponda processo comum,
respeitante a matéria cível, e de o valor da causa ser superior a €50.000,00 é que lhes compete a sua
preparação e julgamento.
Ø Até esse valor cabe, em alternativa, aos juízos locais cíveis ou aos juízos de competência genérica.
Ao juízo central cível apenas cabe preparar e julgar as acções declarativas cíveis de processo comum não
atribuídas a outros Juízos especializados.
Os Juízos Centrais Cíveis preparam e julgam as acções declarativas cíveis de processo comum, de valor
superior a € 50.000,00 que a lei atribui a tribunais de competência territorial alargada no caso de a
competência territorial de algum desses tribunais não se estender a alguma parte do território nacional:
como sucede com o Tribunal Marítimo (que não é competente em relação aos departamentos marítimos
dos Açores e da Madeira).
Os juízos centrais cíveis apenas são competentes para as ações executivas (de valor superior a € 50.000,00)
na eventualidade de não existir nenhum juízo de execução ou quando o juízo de execução existente nesse
tribunal não seja territorialmente competente.
E no que se diz quanto às acções indicadas nas als. a) e b) do n.º 1 do art. 117.º vale também quanto aos
procedimentos cautelares, por força do disposto na al. c).
Aos juízos centrais cíveis caberá a preparação e julgamento das acções declarativas de processo comum
previstas no n.º 1 do art. 128.º quando o seu valor exceda €50.000,00, mas não as de processo especial:
 os processos de insolvência (art. 128.º, 1, al. a));
 os processos especiais de revitalização (art. 128.º, 1, al. a));
 as acções relativas ao exercício de direitos sociais (art. 128.º, 1, al.c)),
a que correspondem os processos especiais previstos nos arts. 1048.º a 1071.º do C.P.Civil.´
Todos os tribunais de comarca integram um ou mais juízos centrais cíveis.
Quando existe somente um juízo central cível no tribunal da comarca, a sua área de competência
territorial abrange a totalidade dos municípios que constituem esta circunscrição territorial; na hipótese
de haver dois ou mais juízos cíveis, a competência territorial é repartida entre eles, cabendo em cada um
em relação a parte dos municípios da comarca. Isso resulta do mapa III anexo à ROFTJ, no qual se delimita a
área de competência de cada um dos juízos cíveis.

Juízos Centrais Criminais


A competência dos juízos centrais criminais é a definida no n.º1 do art.118.º da LOSJ.
Também existe pelo menos um juízo central criminal em todos os tribunais de comarca.
A área de competência territorial do único juízo criminal de cada um dos tribunais de comarca abrange a
totalidade dos municípios que constituem a respectiva circunscrição, enquanto a de cada um dos juízos
centrais criminais do mesmo tribunal corresponde a uma parcela da comarca (cujo território é
integralmente abrangido pelo conjunto desses juízos), nos termos que se acham definidos no mapa III
anexo ao ROFTJ.

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Juízos Locais Cíveis


Juízo especializado
Os juízos locais cíveis e os juízos de competência genérica têm competência residual alternativa, em
matéria cível, uma vez que ou há um juízo local cível (e outro criminal) ou um juízo de competência
genérica.
Apesar de os juízos locais cíveis e criminais serem incluídos nos especializados, têm competência
residual, como é próprio dos de competência genérica. Há uma divisão pelos dois da competência
residual – art. 130.º
Nem sempre há juízo local cível (e criminal); muitas vezes há juízo de competência genérica.
“juízos de proximidade” - não possuem competências de natureza jurisdicional, por isso, não possuem
juiz – art. 130.º, n.º 6
Em razão da matéria, segundo a LOSJ, os tribunais de comarca são tribunais de competência genérica e
especializada, a exercitar pelos seus juízos.
Os juízos locais cíveis e os juízos de competência genérica possuem, fundamentalmente, uma competência
residual.
Exceção:
Por força do estatuído pelo n.º 5 do art. 124.º da LOSJ (e pela al. d) do n.º1 do art. 117.º), aos juízos locais
cíveis ou aos juízos de competência genérica compete ainda conhecer dos processos de promoção e
protecção (a que se referem o n.º 1 do art. 124.º e a al. g) do n.º 1 do art. 123.º da LOSJ), nas áreas não
abrangidas pela competência territorial dos juízos de família e menores – a saber, nas comarcas de
Bragança, da Guarda e de Portalegre, em cujo tribunal judicial não há juízos de família e menores, e na
parte das circunscrições correspondentes às comarcas dos Açores, de Beja, de Évora, da Madeira, de Viana
do Castelo e de Vila Real em que os juízos de família e menores não são territorialmente competentes.

Juízos Locais Criminais


 130.º, n.º 2:
Julgam processos de natureza criminal que não sejam da competência do tribunal colectivo ou do júri,
assim como aqueles em que, sendo da competência desse tribunal, tenha havido despacho do MP no
sentido de não ser aplicado ao arguido uma pena superior a 5 anos.
Fazem a instrução criminal nas comarcas onde não existe juízo de instrução criminal.
Juízos locais de pequena criminalidade (n.º4 do art. 130.º) - depende da existência de um volume
processual que o justifique.
Os juízos locais criminais possuem, fundamentalmente, uma competência residual face aos juízos de
instrução criminal. Excepção:
Por força do estatuído pelo n.º 5 do art. 124.º da LOSJ (e pela al. d) do n.º1 do art. 117.º), aos juízos locais
criminais ou aos juízos de competência genérica compete ainda conhecer dos processos tutelares
educativos, nas áreas não abrangidas pela competência territorial dos juízos de família e menores – a

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saber, nas comarcas de Bragança, da Guarda e de Portalegre, em cujo tribunal judicial não há juízos de
família e menores, e na parte das circunscrições correspondentes às comarcas dos Açores, de Beja, de
Évora, da Madeira, de Viana do Castelo e de Vila Real em que os juízos de família e menores não são
territorialmente competentes.

Juízo de instrução criminal


Nos termos do disposto na 1.ª parte do n.º 1 do art. 119.º da LOSJ, compete aos juízos de instrução
criminal proceder à instrução criminal, decidir quanto à pronúncia e exercer as funções jurisdicionais
relativas ao inquérito.
A 2.ª parte da norma ressalva, contudo, os casos em que as funções jurisdicionais relativas ao inquérito
podem ser exercidas pelos juízos de competência genérica ou pelos juízos locais criminais (que são
mencionados no art. 130.º, n.º 2, als. a) e b)).
Nos n.ºs 2, 3 e 4 do art. 120.º são consagrados critérios especiais de competência para determinados juízos
de instrução criminal. Assim, “os juízos de instrução criminal da sede dos tribunais da Relação” – ou seja, as
de Coimbra, Évora, Guimarães, Lisboa e Porto – são competentes para proceder à instrução criminal,
decidir quanto à pronúncia e exercer funções jurisdicionais relativas ao inquérito em toda a área de
competência desses tribunais, quanto aos crimes referidos no n.º 1 do mesmo artigo desde que a
actividade criminosa ocorra em “comarcas diferentes dentro da área de competência do mesmo tribunal da
Relação (n.º2) – por exemplo, nas comarcas de Coimbra e de Viseu, nas de Beja e de Faro, nas de Braga e
Vila Real, nas dos Açores e de Lisboa e nas de Aveiro e do Porto.
Não há juízos de instrução criminal em todos os tribunais de comarca.
Não foi criada, portanto, qualquer juízo de instrução criminal nos tribunais das comarcas de Beja, de
Bragança, de Castelo Branco, da Guarda, de Portalegre e de Vila Real.
Nas comarcas em cujos tribunais não foi criada qualquer juízo de instrução criminal e na parte das
comarcas dos Açores e da Madeira excluída da área de competência territorial dos respectivas juízos de
instrução criminal, a competência para proceder à instrução criminal, decidir quanto à pronúncia e exercer
as funções jurisdicionais relativas ao inquérito pertence aos juízos de competência genérica ou ao juízos
locais criminais (art. 130.º, n.º2, al. a), da LOSJ).

Juízos de família e menores


A competência destes juízos é a indicada nos arts. 122.º a 124.º da LOSJ.
Em relação ao estado civil das pessoas e à família (art. 122.º da LOSJ).
Relativamente a menores e a filhos maiores (art. 123.º da LOSJ).
E em matéria de promoção e protecção dos direitos das crianças e jovens em perigo e tutelar educativa
(art. 124.º da LOSJ)
As unidades jurisdicionais especializadas em família e menores não existem em todos os tribunais de
comarca.
Só não há qualquer secção de família e menores nos tribunais judiciais das comarcas de Bragança, da
Guarda e de Portalegre.

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Nos tribunais de comarca dotados de apenas um juízo de família e menores esta não goza de competência
territorial em todos os municípios que constituem a comarca, como resulta do mapa III anexo ao ROFTJ.
Nas três comarcas em cujos tribunais não existe juízo de família e menores (Bragança, Guarda e Portalegre)
e na parte das comarcas em que o juízo de família e menores existente não é territorialmente competente,
a competência que a lei atribui a tais juízos é exercida pelos juízos de competência genérica ou pelos juízos
locais civeis, ao abrigo do disposto no art. 130.º, n.º 1 da LOSJ.
Entraram em funcionamento recentemente (1/09/2021) juízos de família e menores em Marco de
Canaveses e na Maia.

Juízos de trabalho
A competência dos juízos do trabalho, em matéria cível, encontra-se estabelecida no n.º 1 do art. 126.º da
LOSJ.
Todos os tribunais de comarca têm um ou mais juízos de trabalho.
Quando existe um único juízo de trabalho a sua área de competência territorial coincide com a do
próprio tribunal, abrangendo toda a comarca, salvo no caso do juízo de trabalho de Ponta Delgada, cuja
área de competência territorial é constituída por apenas seis dos dezanove municípios da comarca dos
Açores.
Na parte da comarca dos Açores em que o juízo de trabalho não é territorialmente competente, a
competência em matéria cível que a lei atribui aos juízos com essa especialização cabe aos juízos de
competência genérica ou aos juízos locais cíveis, nos termos do disposto do art. 130.º, n.º 1 da LOSJ.

Juízos de comércio
Os juízos de comércio são competentes para a preparação e julgamento dos processos e acções referidos
no art. 128.º da LOSJ.
A LOSJ prevê a possibilidade de não haver juízos de comércio em todas as comarcas (art. 117.º, n.º 2).
Não há juízo de comércio nos tribunais judiciais das comarcas dos Açores, de Beja, de Bragança, de Évora,
da Guarda, de Portalegre, de Viana do Castelo e Vila Real.
À exceção do que acontece com o juízo de comércio do Funchal, que não abrange o município de Porto
Santo, quando existe somente um juízo com essa especialização no tribunal de comarca, a sua área de
competência territorial corresponde a toda a circunscrição daquele.
Tanto no caso de não haver qualquer juízo de comércio no tribunal de comarca como no de ela existir mas
não abranger toda a comarca (como sucede com o do Funchal) a competência cabe aos juízos centrais
cíveis, por força do estatuído pelo art. 117.º, n.º 2, da LOSJ ou, quando não possam ser conhecidas pelos
juízos centrais cíveis, aos juízos locais cíveis ou aos juízos de competência genérica, consoante o valor da
acção (superior a €50.000,00 ou não) e a respetiva forma de processo (processo de declaração comum ou
especial).

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Exemplo: Processos de insolvência; processos especiais de revitalização (al. a)) e acções relativas ao
exercício de direitos sociais (al.c)), como seguem um processo especial, são da competência dos juízos
locais cíveis ou dos juízos de competência genérica.

Juízos de execução
A competência dos juízos de execução é a indicada no art. 129.º da LOSJ.
Todavia, logo se excluem dessa competência (n.º 2 do art. 129.º) os processos de execução atribuídos a
determinados tribunais de competência territorial alargada – ao tribunal da propriedade intelectual, ao
tribunal da concorrência, regulação e supervisão e ao tribunal marítimo – ou a outros juízos especializados
– aos juízos de família e menores, aos juízos de trabalho e aos juízos de comércio -, assim como as
“execuções de sentenças proferidas por juízo criminal que, nos termos da lei processual penal, não devam
correr perante uma juízo cível”.

Nas comarcas em que exista juízo de execução e este seja territorialmente competente, a execução das
decisões proferidas pelos juízos cíveis não é da competência destes, mas do juízo de execução, nos
termos do n.º 1 do art. 129.º.
Os tribunais judiciais em que não existe juízo de execução são, assim, os das comarcas dos Açores, de
Beja, de Bragança, de Castelo Branco, da Guarda, de Portalegre e de Viana do Castelo.
À exceção do que acontece com o juízo de execução do Tribunal Judicial da Comarca da Madeira, que não
abrange o município de Porto Santo, quando existe somente um juízo com essa especialização no tribunal
de comarca, a sua área de competência territorial corresponde a toda a circunscrição daquele.
Nas comarcas em que não existe qualquer juízo de execução cabe aos juízos centrais cíveis exercer as
competências previstas no Código de Processo Civil nas acções executivas de natureza cível cujo valor
seja superior a €50.000,00.
E compete aos juízos locais cíveis e aos juízos de competência genérica a prática dos actos da
competência do tribunal no processo executivo quando se trate de acções executivas de natureza cível de
valor igual ou inferior a €50.000,00 (art.130.º, n.º 1, al. d), da LOSJ).
Em relação ao município de Porto Santo, cremos que a competência para as acções executivas cíveis
permanecerá, em qualquer caso, ao juízo de competência genérica de Porto Santo.

Funcionamento
Os tribunais judiciais de 1.ª instância funcionam como o tribunal singular, como o tribunal coletivo ou como
tribunal do júri (art. 85.º, n.º 1, da LOSJ).
O tribunal singular é composto por um juiz (art.132, n.º 1, da LOSJ).
O tribunal colectivo é composto, em regra, por três juízes privativos (art. 133.º, n.º 1 da LOSJ).
O tribunal do júri é constituído pelo presidente do tribunal colectivo, pelos restantes dois juízes que o
constituem e por quatro jurados (art. 136.º, n.º 1, da LOSJ e art. 1.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º 387 – A/87, de

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29 de Dezembro, que contém o regime jurídico do júri, em processo penal). Compete a este tribunal o
julgamento dos processos a que se refere o art. 13.º do C.P. Penal.
3. a) - O Tribunal da Propriedade Intelectual apenas é competente para conhecer de acções em que a causa
de pedir verse sobre direitos de autor.
b) - O Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão possui competência para conhecer,
nomeadamente, da impugnação de decisões tomadas em processo de contraordenação pela Autoridade de
Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.
c)- Segundo a Lei da Organização do Sistema Judiciário (LOSJ) e o ROFTJ (que regulamenta essa lei), o
tribunal competente para conhecer (em 2.ª instância) dos recursos das decisões proferidas pelo Tribunal da
Concorrência, Regulação e Supervisão é o Tribunal da Relação de Évora, em virtude de aquele tribunal ter a
sua sede em Santarém.
3. b)
4.a) - Em razão da matéria, segundo a LOSJ, os tribunais de competência territorial alargada são tribunais
de competência genérica e especializada.
b) - Em razão da matéria, segundo a LOSJ, os tribunais de competência territorial alargada são tribunais de
competência específica.
c)- Em razão da matéria, segundo a Lei da Organização do Sistema Judiciário (LOSJ), os tribunais de
competência territorial alargada são tribunais de competência especializada.
4. c).
Os tribunais de competência especializada conhecem de matérias determinadas, independentemente da
forma do processo. Os tribunais de competência específica conhecem de determinadas matérias em
função da forma de processo aplicável.
Os tribunais de comarca são de competência genérica e especializada (art. 80.º/2)

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