Você está na página 1de 91

+

Organização Judiciária

Aulas práticas
Marta Costa Santos
+n É uma das categorias de tribunais previstas na
Constituição (art. 209.º, n.º 1).

n A definição deste Tribunal (art. 221.º), a sua composição


e o estatuto dos respectivos juízes (art. 222.º), a sua
competência (art. 223.º) e a remissão da disciplina da
sua organização e funcionamento para a lei ordinária
(art. 224.º).

n É “órgão constitucional autónomo de regulação do


processo político-constitucional”.

n O Tribunal Constitucional não se limita a funcionar


como “órgão superior da justiça constitucional” (embora
essa seja a sua função essencial e verdadeiramente
caracterizadora da sua jurisdição), estando-lhe
igualmente cometidas outras tarefas.
+ A COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL E O
MANDATO DOS RESPECTIVOS JUÍZOS

n O Tribunal Constitucional é o único tribunal cuja


composição se encontra estabelecida na própria
Constituição.

n Nos termos do art. 222.º, n.º 1, ele é composto por treze


juízes (juízes conselheiros), dos quais seis são
obrigatoriamente juízes oriundos de outros tribunais,
enquanto os restantes podem ser quaisquer juristas (n.º
2 desse artigo). Não se exclui, portanto, a
possibilidade de entre estes sete estarem também
juízes de outras categorias de tribunais.

n A Constituição não obriga a que o Tribunal


Constitucional seja maioritariamente constituído por
juízes provenientes de outros tribunais.
+ n Dos treze juízes que compõem o Tribunal Constitucional, dez
são directamente designados pela Assembleia da República,
enquanto os restantes três são cooptados pelos primeiros (art.
222.º, n.º 1, 2.ª parte, da C, Rep.).

maioria de 2/3 dos deputados presentes, desde que superior à


maioria absoluta dos que se encontrem em efectividade de funções
(art. 163.º, al. h), da C. Rep. e art. 16.º, n.º 4, da LOFPT.Const.)

n Mandato dos juízes do Tribunal Constitucional:


n duração de nove anos e não é renovável (art.222.º, n.º 3, da C. Rep. e art.
21.º, n.º 1 e n.º2, da LOFPTConst).
n O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Constitucional são eleitos
pelos respectivos juízes e exercem funções durante um período igual a
metade da duração do mandato de juiz do Tribunal Constitucional (ou
seja, um período de quatro anos e meio), com possibilidade de
recondução (art. 222.º, n.º 4, da C.Rep. e arts. 36.º, al. a), e 37.º, n.º 1, da
LOFPTConst.).
+ JURISDIÇÃO, SEDE E FUNCIONAMENTO
nO Tribunal Constitucional “exerce a sua
jurisdição no âmbito de toda a ordem jurídica”
e a sua sede é em Lisboa (art. 1.º da
LOFPTConst.)

n Matérias compreendidas na sua jurisdição:


arts. 221.º e 223.º da Constituição – as que
envolvam a interpretação e a aplicação das
normas constitucionais.

n Também possui competência em matérias que


não se reconduzem ao núcleo caracterizador
da sua jurisdição - art. 223.º, n.º 1, da
Constituição.
+ n Funciona:
n em sessões plenárias e por secções (art. 40.º, n.º 1, da
LOFPTConst.).

n As secções:
n são três (não especializadas);
n cada uma delas é constituída pelo Presidente ou pelo Vice-
Presidente do tribunal e por mais quatro juízes (art. 41.º, n.º 1,
da LOFPTConst.), de acordo com a distribuição feita pelo
tribunal no início de cada ano judicial (art. 41.º, n.º 1, da
LOFPTConst.).

n Tanto em plenário como em secção, o Tribunal


Constitucional só pode funcionar se estiver presente a
maioria dos respectivos membros em efectividade de
funções, incluindo o Presidente ou Vice-Presidente (art.
42.º, n.º 1, da LOFPTConst.); por isso, se todos os juízes
se encontrarem em efectividade de funções, o quórum de
funcionamento do plenário é de sete membros,
enquanto o de cada uma das secções é de três.
+ ACONSTITUCIONAL
COMPETÊNCIA FUNDAMENTAL DO TRIBUNAL

n “competência característica e nuclear” - fiscalização da


constitucionalidade e da legalidade das normas
jurídicas que constituem a ordem jurídica
portuguesa, em geral, de certas normas jurídicas ou de
omissões normativas - “um órgão jurisdicional de
controlo normativo”

n Essa competência do Tribunal Constitucional abrange:


n A fiscalidade preventiva da constitucionalidade (art. 278.º,
n.ºs 1 e 2 da C.Rep.);
n A fiscalidade sucessiva abstracta da constitucionalidade ou
legalidade (art. 281.º da C.Rep.);
n A fiscalidade concreta da constitucionalidade ou da
legalidade (art. 280.º da C.Rep.);
n A verificação da existência de alguma inconstitucionalidade
por omissão das “medidas legislativas necessárias para
tomar exequíveis as normas constitucionais” (art. 283.º
C.Rep.).
+ A INTERVENÇÃO DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
NA FISCALIZAÇÃO CONCRETA DA
CONSTITUCIONALIDADE OU LEGALIDADE
n A fiscalidade concreta da constitucionalidade (ou da
legalidade) cabe a todos os tribunais, que a efectuam de
forma incidental, nas acções submetidas à sua apreciação,
relativamente às normas relevantes para a decisão do caso
concreto, na medida em que não podem “aplicar normas
que infrinjam o disposto na Constituição ou os princípios
nela consagrados” (art. 204.º da C.Rep.) e, estando
“sujeitos à lei” (art.203.º, 2.ª parte, da C.Rep.), também não
podem aplicar normas ilegais.

n Se um tribunal for confrontado pelas partes com a questão


da inconstitucionalidade (ou ilegalidade) de determinada
norma e concluir pela sua inconstitucionalidade (ou
ilegalidade), ou se conhecer “ex officio” da mesma, limitar-
se-á a não a aplicar ao caso concreto que lhe compete
julgar; se entender que ela não viola a Constituição ou os
princípios nela consagrados (ou a lei), então aplicá-la-á na
resolução desse caso.
+

n Decisão tomada não tem carácter definitivo: pode


haver (e em alguns casos há obrigatoriamente) recurso
de constitucionalidade (ou de legalidade) para o
Tribunal Constitucional.

n Em regra, este apenas intervém mediante recurso


interposto de decisões proferidas por outros tribunais
(art. 280.º, n.º 1, da C.Rep. e art. 70.º, n.ºs 1 e 2, da
LOFPTConst.) – dos tribunais judiciais e dos tribunais
administrativos e fiscais -, sobre a questão incidental de
inconstitucionalidade (ou legalidade) surgida no
decurso de uma acção; não existe, com efeito, a
possibilidade de submeter directamente ao Tribunal
Constitucional a questão da inconstitucionalidade
(ou da legalidade) de normas.
+ n As decisões dos restantes tribunais de que cabe recurso para o
Tribunal Constitucional (restrito à questão da inconstitucionalidade ou
da ilegalidade) – art. 280.º, n.º 6, da C.Rep. e art. 71.º, n.º 1, da
LOFPTConst., salvo o disposto no n.º 2 deste artigo são as seguintes:

n Art. 280.º, n.º 1, al. a), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. a), da LOFPTConst.

n Art. 280.º, n.º 2, al. a), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. c), da LOFPTConst.

n Art. 280.º, n.º 2, al. b), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. d), da LOFPTConst.

n Art. 280.º, n.º 2, al. c), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. e), da LOFPTConst.

n Art. 280.º, n.º 2, al. d), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. f), da LOFPTConst.
– reportando-se esta alínea às als. c), d) e e) do mesmo número desse
artigo

n Art. 280.º, n.º 5, al. c), da C.Rep. e art, 70.º, n.º1, al. g), da LOFPTConst.

n Art. 70.º, n.º1, al. h), da LOFPTConst.

n Art. 70.º, n.º1, al. i), da LOFPTConst.


Espécies de recursos e respectivos requisitos
+
n Decisão proferida pelo tribunal que, incidentalmente, se ocupou da questão da
constitucionalidade de normas aplicáveis ao caso concreto: decisões positivas
inconstitucionalidade (ou legalidade) ou decisões negativas de inconstitucionalidade

Implica dois tipos de


recursos:

n Os primeiros são interpostos de decisões de outros tribunais que tenham recusado a


aplicação, de uma norma, por a considerarem inconstitucional (ou ilegal):
n art. 280.º, n.º1, al. a), e n.2, als. a), b) e c), da C.Rep. (e no art. 70.º, n.º1, als. a), c), d), e) e i) da
LOFPTConst.)

n Os segundos são os interpostos de decisões que aplicaram uma norma apesar de ter
sido suscitada a questão da sua inconstitucionalidade (ou ilegalidade) no processo
(rejeitando a tese da sua inconstitucionalidade ou ilegalidade).
n art. 280.º, n.º 1, al. b), n.º 2, al. d) e n.º 5 da C.Rep. ( e no art. 70.º, n.º 1, als. b), f), g) e h) da
LOFPTConst.)
+ n Recursos de decisões de não aplicação (ou de
desaplicação) alguma norma com fundamento na
sua inconstitucionalidade ou ilegalidade (decisões
positivas)

não se exige a prévia exaustão dos recursos ordinários


que delas caibam, podendo recorrer-se para o Tribunal
Constitucional logo que se verifique a não aplicação
da norma, com qualquer dos referidos fundamentos.

Tais recursos podem ser interpostos pelo Ministério


Público ou por quem tenha legitimidade para o efeito, de
acordo com a lei processual que regula o processo em
que foram proferidas (art. 72.º, n.º 1, da LOFPTConst.)
+ n Recursos de decisões que apliquem normas cuja
inconstitucionalidade ou ilegalidade haja sido
alegada durante o processo (decisões negativas)

Pressupostos

n Alíneas b) e f) do n.º 1 do art. 70.º da LOFPTConst. [art.


280.º, n.º 1, al. b), e n.º 2, al. d), da CRP]

n É preciso que a questão da inconstitucionalidade ou da


ilegalidade tenha sido “suscitada durante o processo
de modo processualmente adequado perante o
tribunal que proferiu a decisão recorrida, em termos
de este estar obrigado a dela conhecer” (arts. 70.º, n.º
1, als. b) e f), e 72.º, n.º 2, da LOFPTConst.).
+ n Exemplo: não é possível interpor recurso de
inconstitucionalidade ou de ilegalidade para o Tribunal
Constitucional de uma decisão do tribunal de 1.ª
instância que tenha aplicado uma norma cuja
inconstitucionalidade ou ilegalidade haja sido
suscitada nesse tribunal, se a decisão admitir
recurso para o tribunal da Relação

ou

n de uma decisão do Tribunal da Relação que aplique


norma arguida de inconstitucionalidade ou
ilegalidade, se ela for susceptível de recurso (de
revista) para o Supremo Tribunal de Justiça.

n A legitimidade para recorrer cabe somente à “parte


que haja suscitado a questão da inconstitucionalidade
ou da ilegalidade”, nos termos mencionados (art. 280.º,
n.º 4, da C.Rep. e art. 70.º, n.º 2, da LOFPTConst.)
+ Exemplo:
“tendo em vista um eventual recurso para o Tribunal
Constitucional, a alínea c), do n.º 3, do art. 1817º do
Código Civil é inconstitucional, por violação dos
princípios constitucionais da certeza e segurança
jurídicas (que decorrem do princípio constitucional do
Estado de Direito Democrático – art. 2.º da CRP) e do
respeito da vida privada e familiar do investigado e da
sua família, cuja tutela não pode deixar de ser considerada
(art. 26.º, n.º 1 da CRP), quando inclua no conceito de facto
superveniente uma ocorrência que apenas veio “adensar
ou reforçar as suspeitas” do investigador, que desde
criança “suspeitou ser filha biológica” do investigado, e
não apenas aquele(s) facto(s) que pela primeira vez
suscita(m) suspeitas fundadas sobre a paternidade, até aí
totalmente desconhecida.”
Recursos de decisões que recusem a aplicação de
qualquer norma com fundamento em
inconstitucionalidade
(arts. 280.º/1/a CRP e 70.º/1/a LTC)

Pressupostos processuais específicos


Legitimidade Obrigatoriedade / Modo de subida
facultatividade

Parte Facultativo Recurso directo


(prejudicada) facultativo (art.
Art. 72.º/1/b LTC 70.º/2 a contrario
sensu)
Ministério Obrigatório – arts. Recurso directo
Público 280.º/3 CRP e 72.º/ obrigatório
(mesmo que não 3 LTC
seja parte)
Facultativo – nos Recurso directo
demais casos facultativo (art.
70.º/2 a contrario
Recursos de decisões que apliquem norma cuja
inconstitucionalidade haja sido suscitada durante o
processo
(arts. 280.º/1/b CRP e 70.º/1/b LTC)

Pressupostos processuais específicos


Legitimidade Parte que tiver suscitado o incidente
de inconstitucionalidade e Ministério
Público se for parte e tiver suscitado o
incidente de inconstitucionalidade
(artigos 280.º/4 CRP e 72.º/2 LTC)

Suscitação do Durante o processo (art. 280.º/1/b


incidente de CRP e 72.º/2 LTC)
inconstitucionalida
de
Modo de subida Esgotamento dos recursos ordinários
(art. 70.º/2, 3 e 4 LTC)
Recursos de decisões que apliquem norma
anteriormente julgada inconstitucional pelo TC
(arts. 280.º/5 CRP e 70.º/1/g LTC)

Pressupostos processuais específicos


Legitimidade Obrigatoriedade / Modo de
facultatividade subida
Parte prejudicada, Facultativo Recurso
mesmo que não tenha directo
suscitado o incidente facultativo
de
inconstitucionalidade
Ministério Público Obrigatório – arts. Recurso
(mesmo que não seja 280.º/5 CRP e 72.º/3 directo
parte) LTC obrigatório
Pressuposto objectivo: norma aplicada pelo tribunal a
quo foi anteriormente julgada inconstitucional pelo TC
Os recursos obrigatórios do MP não dependem de ele
! intervir ou não no processo e devem ser interpostos
directamente para o TC.

Recurso obrigatório em 3 situações:

1. Quando a norma cuja aplicação tiver sido recusada


constar de acto legislativo, convenção internacional e
decreto regulamentar – art. 280.º/ n.º 3. Presunção de
validade daqueles actos normativos (já foram objeto de
um controlo jurídico-político: promulgação, assinatura,
ratificação);

2. Quando um tribunal aplicar uma norma anteriormente


julgada inconstitucional (art. 280.º, n.º 5). Aqui a razão
da obrigatoriedade consiste na afirmação da primazia
das decisões do TC em sede de controlo da
constitucionalidade ou ilegalidade;

3. Em caso de contradição de julgados entre as secções do


TC, situação em que o MP, quando intervenha no
processo como recorrente ou recorrido, é obrigado a
recorrer para o Plenário (art. 79.º-D da LTC), com vista a
garantir a uniformidade da jurisprudência do TC, valor
ínsito na ideia de segurança jurídica e proteção da
confiança dos cidadãos.
+ Efeitos do julgamento de inconstitucionalidade ou de
ilegalidade
n Os efeitos da decisão do Tribunal Constitucional que
julgue uma norma inconstitucional ou ilegal:
n fiscalização concreta: restringem-se ao caso concreto,
repercutindo-se apenas na decisão que havia sido
proferida pelo tribunal “a quo”
n fiscalização abstracta: declaração da
inconstitucionalidade ou ilegalidade tem “força
obrigatória geral” (art. 281.º, n.º 1, da C.Rep.).
n Só depois de uma norma ser julgada inconstitucional
ou ilegal em três casos concretos – segue-se o
processo destinado a declarar a sua
inconstitucionalidade ou ilegalidade com força
obrigatória geral (art. 281.º, n.º 3, da C.Rep. e art. 82.º
da LOFPTConst.).
+ OUTRAS COMPETÊNCIAS JURISDICIONAIS DO TRIBUNAL
CONSTITUCIONAL

n A competência materialmente jurisdicional do Tribunal


Constitucional não se esgota no controlo da
inconstitucionalidade ou de certas formas de ilegalidade.
Além dessa competência nuclear, tem outras
competências jurisdicionais.

n A Constituição refere, directamente, as seguintes:


n art. 223.º, n.º 2, al. c), da C.Rep.

n art. 223.º, n.º 2, al. g), da C.Rep.

n art. 223.º, n.º 2, al. h), da C.Rep.


+
Resoluções
Afirmação verdadeira: c)- A interposição de recurso, para o Tribunal
Constitucional, de decisão que aplique uma norma cuja inconstitucionalidade haja
sido alegada no processo, por uma das partes, pressupõe o prévio esgotamento
da possibilidade de recurso ordinário. (15/1/2016)

Caso prático 1

n O que está em causa é um pedido de fiscalização da constitucionalidade


formulado directamente no Tribunal Constitucional.

n Salvo quando tem funções jurisdicionais directas, como sucede, em certas


hipóteses, no contencioso eleitoral, o Tribunal Constitucional apenas intervém
mediante recurso interposto de decisões proferidas por outros tribunais (art.
280.º, n.º 1, da C.Rep. e art. 70.º, n.os 1 e 2, da LOFPTConst.) – «maxime», dos
tribunais judiciais e dos tribunais administrativos e fiscais –, sobre a questão
incidental de inconstitucionalidade surgida no decurso de uma acção; não
existe a possibilidade de submeter directamente ao Tribunal Constitucional a
questão da inconstitucionalidade de normas.
+ n Caso prático 2
A resposta é afirmativa. Com efeito, cabe recurso para o
Tribunal Constitucional das decisões de outros tribunais
(como os judiciais) que recusem a aplicação de qualquer
norma com fundamento na sua inconstitucionalidade (art.
280.º, n.º 1, al. a), da C.Rep. e art. 70.º, n.º 1, al. a), da
LOFPTConst.). Foi o que aconteceu neste caso: o Tribunal
da Relação do Porto recusou a aplicação da norma
contida no art. 1842.º, n.º 1, al. b), do C.Civil, por a
reputar inconstitucional.

Em conformidade com o disposto no n.º 6 do art. 280.º da


C.Rep. e no art. 71.º, n.º 1, da LOFPTConst., o recurso é
restrito à questão da inconstitucionalidade (só não é
assim no caso previsto no n.º 2 do art. 71.º da
LOFPTConst.). O TC não aprecia eventuais nulidades das
sentenças ou acórdãos, erros de julgamento, etc.
+Uma vez que se trata de uma decisão positiva de
inconstitucionalidade (o Tribunal da Relação do Porto considerou a
norma inconstitucional), ao contrário do que sucede em relação às
decisões negativas (cfr. o art. 70.º, n.º 2, da LOFPTConst.), não se
exige a prévia exaustão dos recursos ordinários que dela
caibam, podendo recorrer-se para o TC (quanto à questão da
constitucionalidade) logo que se verifique a não aplicação da
norma. Assim, apesar de a decisão do Tribunal da Relação
admitir recurso (de revista, para o STJ – em virtude de o valor da
causa ser de 30.000,01 €, por se tratar de uma acção de estado),
podia ser interposto recurso para o TC, que, aliás, era
obrigatório para o MP (art. 72.º, n.º 3, da LOFPTConst.).

O recurso para o Tribunal Constitucional era interposto no tribunal


que proferiu a decisão, por meio de requerimento em que se
identifique a alínea do n.º 1 do art. 70.º da LOFPTConst. ao abrigo
da qual a mesma é efectuada (neste caso, a al. a)), assim como a
norma cuja inconstitucionalidade se pretendia ver apreciada pelo
Tribunal Constitucional, a do art. 1842.º, n.º 1, al. b), do C.Civil (cfr.
os arts. 75.º-A, n.º 1, e 76.º, n.º 1, da LOFPTConst. e art. 637.º do
C.P.Civil – art. 684.º-B do C.P.Civil de 1961 –, aplicável «ex vi» do
art. 69.º daquela lei).
+ n Caso prático 3

Outro recurso interposto foi o referente à recusa de


aplicação da referida norma, com fundamento na sua
inconstitucionalidade (uma vez que os tribunais não devem
aplicar normas inconstitucionais – art. 204.º da C.Rep.).
Também aqui se tratou de uma decisão positiva de
inconstitucionalidade. Como a norma em causa constava
de um Decreto-Lei (acto de natureza legislativa), o
recurso era obrigatório para o MP (art. 280.º, n.º 3 CRP).

Nos termos do art. 75.º, n.º 1, da LOFPTConst. «o prazo de


interposição de recurso para o Tribunal Constitucional é de
10 dias e interrompe os prazos para a interposição de outros
que porventura caibam da decisão, os quais só podem ser
interpostos depois de cessada a interrupção». A apreciação
da questão da inconstitucionalidade tem, pois, prioridade.

O recurso interposto para o STA, segundo a decisão


tomada pelo TC, ficava suspenso até se decidir a questão
da inconstitucionalidade.
+n Caso prático 4

A resposta é afirmativa, pois o STJ recusou a aplicação de


uma norma com fundamento na sua inconstitucionalidade
– decisão positiva de inconstitucionalidade (cfr. a
resolução do caso n.º 2).

N.B. Foram esgotados os recursos ordinários porque as


decisões do tribunal de 1.ª instância e do Tribunal da
Relação foram decisões negativas de
inconstitucionalidade.
+ n Caso prático 5

n Também neste caso havia recurso para o Tribunal Constitucional, pois o STJ aplicou a
norma do n.º 1 do art. 1817.º do C.Civil, cuja inconstitucionalidade foi suscitada
durante o processo (art. 280.º, n.º 1, al. b), da C.Rep. e art. 70.º, n.º 1, al. b), da
LOFPTConst.).

n Em conformidade com o disposto no n.º 6 do art. 280.º da C.Rep. e no art. 71.º, n.º 1, da
LOFPTConst., o recurso é restrito à questão da inconstitucionalidade (só não é assim
no caso previsto no n.º 2 do art. 71.º da LOFPTConst.). Como se disse a respeito do
caso n.º 2, o TC não aprecia eventuais nulidades das sentenças ou acórdãos, erros de
julgamento, etc.

n Uma vez que se trata de uma decisão negativa de inconstitucionalidade (o STJ não
considerou a norma inconstitucional), bem andou Marcela ao recorrer da decisão
do tribunal de 1.ª instância para o Tribunal da Relação de Coimbra (recurso de
apelação) – porque o valor da causa era de 30.000,01 € (superior, portanto, à alçada
do tribunal de cuja decisão se recorria, que é de 5.000,00 € – art. 24.º, n.º 1, da LOFTJ
de 1999) – e do acórdão proferido por este tribunal para o STJ (recurso de revista) –
porque o valor da causa era de 30.000,01 € (superior, portanto, à alçada dos tribunais
da Relação, que é de 30.000,00 € – art. 24.º, n.º 1, da LOFTJ de 1999) –, pois a
LOFPTConst. exige a prévia exaustão dos recursos ordinários que caibam da
decisão (art. 72.º, n.º 2), não podendo recorrer-se para o TC (quanto à questão da
constitucionalidade) logo que se verifique a aplicação da norma cuja
inconstitucionalidade haja sido suscitada.
+ n O recurso para o Tribunal Constitucional era interposto no
tribunal que proferiu a decisão (o STJ), por meio de
requerimento em que teria de se identificar (cfr. os arts. 75.º-
A, n.º 1 e n.º 2, e 76.º, n.º 1, da LOFPTConst. e art. 637.º do
C.P.Civil – art. 684.º-B do C.P.Civil de 1961 –, aplicável «ex vi»
do art. 69.º daquela lei):
n a alínea do n.º 1 do art. 70.º da LOFPTConst. ao abrigo da qual a
mesma era efectuada (neste caso, a al. b));
n a norma cuja inconstitucionalidade se pretendia ver apreciada
pelo Tribunal Constitucional, a do art. 1817.º, n.º 1, do C.Civil;
n e – por se tratar de recurso interposto ao abrigo da alínea b) do n.º
1 do artigo 70.º da LOFPTConst., a norma ou princípio
constitucional ou legal que se considera violado, bem como a peça
processual em que a recorrente suscitou a questão da
inconstitucionalidade.
+ n Só Marcela podia interpor o recurso, por se tratar de
recurso previsto na alínea b) do n.º 1 do artigo 70.º. E
era preciso que tivesse suscitado a questão da
inconstitucionalidade perante o tribunal que proferiu a
decisão recorrida (neste caso o STJ – não bastava ter
suscitado a questão em 1.ª instância, nem foi o que
aconteceu, pois insistiu nela no Tribunal da Relação e
no STJ), de modo processualmente adequado, em
termos de esse tribunal estar obrigado a dela conhecer
(art. 72.º, n.º 2, da LOFPTConst).

n Também estava verificado o outro requisito que o TC


exige nestes casos: a norma do art. 1817.º, n.º 1, do C.
Civil ter sido aplicada pelo STJ como «ratio
decidendi», pois o STJ confirmou a decisão das
instâncias sobre a caducidade do direito de
investigar a paternidade, por ter decorrido o prazo
estabelecido nessa norma.
+ TRIBUNAL DE CONTAS:
n Art.º 209.º, n.º 1 da C.Rep.

n Art.º 214.º da C.Rep.

n Art.º 133, al. m) da C.Rep.

ü DEFINIÇÃO, COMPOSIÇÃO E NOMEAÇÃO DO


PRESIDENTE

• Tribunal de Contas é composto:


• Presidente
• 16 Juízes, na sua sede (art. 14.º, n.º 1, al. a))
• Um juiz em cada secção regional (art. 14.º, n.º 1, al. b)).

Os juízes deste tribunal (juízes conselheiros) são recrutados


mediante concurso curricular (art. 18.º, n.º 1), ao qual
apenas pode apresentar-se quem cumpra os requisitos
especiais exigidos pelo art. 19.º, n.º 1, da LOFPContas.
+ JURISDIÇÃO, SEDE. SECÇÕES REGIONAIS E
FUNCIONAMENTO
n Art. 1.º, n.º 2, da LOPTContas - tem jurisdição e poderes de
controlo financeiro “no âmbito da ordem jurídica
portuguesa, tanto no território nacional como no
estrangeiro”.

n A sua jurisdição e os seus poderes de controlo financeiro


têm como âmbito pessoal todas as entidades mencionadas
no art. 2.º da LOPTContas.

n A sua sede é em Lisboa, mas possui duas secções


regionais, nas Regiões Autónomas dos Açores e Madeira,
com sede em Ponta Delgada e Funchal, respectivamente
(art. 3.º, n.º 1 e n.º 2, da LOPTContas), que exercem
jurisdição e poderes de controlo financeiro na área de cada
uma dessas regiões (art. 4.º, n.º 2, da LOPTContas)

n Das decisões das duas secções regionais cabe recurso (em


matéria de visto, de responsabilidade financeira e de
multa) para a sede do Tribunal (art. 4.º, n.º 1, da
LOPTContas).
+ n O Tribunal de Contas funciona em plenário geral, em
plenário de secção, em subsecção e em sessão diária de
visto (art. 71.º, n.º 1, da LOPContas)

n Na sede existem três secções especializadas (art. 15.º,


n.º 1, da LOPTContas):
n a 1.ª secção exerce competências em plenário, em
subsecção e em sessão diária de visto (art. 77.º, n.ºs 1 a 3);
n a 2.ª secção exerce as suas competências em plenário e em
subsecção (art. 78.º, n.ºs 1 e 2, da LOPTContas);
n a 3.ª secção funciona em plenário e com juiz singular (art.
79.º, n.ºs 1 e 2, da LOPTContas).
+ COMPETÊNCIA JURISDICIONAL

n O Tribunal de Contas não tem unicamente funções de


natureza jurisdicional.

n Entre as competências desse tribunal que não revestem


tal natureza encontram-se designadamente, as
seguintes:
n art. 214.º, n.º 1, als. a) e b), da C.Rep. e arts. 5.º, n.º 1, als. a)
e b), 41.º e 42.º da LOFTContas

n art. 5.º, n.º 2, da LOPTContas


+

TRIBUNAIS JUDICIAIS
+ n Art. 209.º, n.º 1, al. a), da C.R.P.

n Art. 210.º, da C.R.P.

n Art. 211.º, da C.R.P.

n Art. 215.º, da C.R.P.

n Art. 217, n,º 1.º, da C.R.P.

n Art. 218.º, da C.R.P.

n Lei n.º 62/2013 [com as alterações do DL 110/2018, de 10 de


Dezembro; da Lei 19/19, de 19 de Fevereiro; da Lei 27/2019, de
28 de Março; da Lei 55/2019, de 5 de Agosto; da Lei 107/2019, de
9 de Setembro]- Lei da Organização do Sistema Judiciário (LOSJ)

n Decreto – Lei n.º 49/2014 (redacção do DL n.º 86/2016, de 27/12) –


Regime da Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais
(ROFTJ)
+ A JURISDIÇÃO DOS TRIBUNAIS JUDICIAIS
n Os tribunais judiciais são “tribunais comuns em matéria
cível e criminal” (art. 211.º, n.º 1, 1.ª parte, da CRP), mas
possuem ainda uma jurisdição residual, uma vez que
nela se acham compreendidas “todas as áreas não
atribuídas a outras ordens judiciais” (art. 211.º, n.º 1, 2.ª
parte, da CRP).

n Para sabermos se estamos perante matéria pertencente


à jurisdição dos tribunais judiciais, não basta, pois,
averiguar se ela tem natureza cível ou criminal, será
preciso, no entanto, que ela não se integre na
jurisdição do Tribunal Constitucional, na do
Tribunal de Contas ou na dos tribunais
administrativos e fiscais
+ Saber qual a parcela do território nacional em que cada
tribunal judicial pode administrar a justiça:

n A divisão judiciária do território nacional ocorre porque os tribunais


judiciais têm carácter permanente quanto ao espaço e porque coexistem no
território nacional diversos tribunais judiciais da mesma categoria. Daí ser
necessário estabelecer aquela parcela.

n Como o volume de processos entrados nos tribunais de primeira instância é


muito maior que nos tribunais de recurso, o número de tribunais tem de ser
maior no primeiro grau de jurisdição do que no segundo, sendo que o tribunal
de revista deve ser único para todo o território nacional.

n A LOSJ no artigo 33.º, n.º 2, divide o território nacional em 23 comarcas

n As comarcas previstas em tal anexo são as seguintes:


n Açores, Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria,
Lisboa, Lisboa Norte, Lisboa Oeste, Madeira, Portalegre, Porto, Porto Este, Santarém, Setúbal,
Viana do Castelo, Vila Real e Viseu.
+ CATEGORIAS DE TRIBUNAIS JUDICIAIS E
SUA HIERARQUIZAÇÃO

n A própria Constituição refere os diversos tipos de


tribunais judiciais que devem existir - art. 209.º, n.º 1, al.
a). São eles:
n o Supremo Tribunal de Justiça,
n os tribunais da Relação e
n os tribunais de 1ª. Instância

n O Supremo Tribunal de Justiça é o “órgão superior da


hierarquia dos tribunais judiciais”, embora “sem
prejuízo da competência própria do Tribunal
Constitucional” (art. 210.º, n.º 1, da C. Rep.);
funcionamento como tribunal de instância, nos casos
previstos na lei (art. 210.º, n.º 5, da C. Rep.).
+
n Quanto aos tribunais da Relação
n tribunais que, “em regra”, são os de 2.ª instância (arts.
209.º, n.1, al. a), e 210.º, n.º 4, da C. Rep.),

n se assim é “em regra”, fica em aberto a possibilidade


de funcionamento igualmente como tribunais de 1.ª
instância, cabendo à lei a determinação dos casos em
que, excepcionalmente, exercem competências em
primeiro grau de jurisdição.
+ n Relativamente aos tribunais de 1ª. Instância:
n são, “em regra”, os tribunais de comarca (arts. 209.º, n.º 1,
al. a), e 210.º, n.º 3, da C. Rep.),
n aos quais são equiparados:
n os tribunais de competência específica
n os de competência especializada, referidos no n.º 2 do
art. 211.º da C. Rep., independentemente de a sua área de
competência territorial coincidir ou não com a comarca

estes são concebidos, também, como tribunais de 1.ª


instância, apesar de não serem tribunais de comarca (mas,
tão-só, equiparados, a eles), o que constitui uma das razões da
afirmação de que são “em regra” os tribunais de comarca (a
que se junta a possibilidade de o próprio Supremo Tribunal
de Justiça e os tribunais da Relação funcionarem como
tribunais de 1.ª instância)
+
n Art. 29.º, n.º 1, al. a), n.º 2 e n.º 3, da LOSJ;

n Art. 33.º, n.º 3, da LOSJ;

n Art. 33.º, n.º 1, da LOSJ;

n Art. 42.º da LOSJ;


A DETERMINAÇÃO DA
+ COMPETÊNCIA INTERNA
DOS TRIBUNAIS JUDICIAIS
(OU DOS SEUS JUÍZOS)
+ Oscritérios legais de determinação dessa
competência

n A competência interna dos tribunais respeita à parcela


do poder jurisdicional atribuída a cada um dos tribunais
integrados numa certa categoria; a competência dos
tribunais judiciais traduz-se na fracção desse poder
que pertence a cada um dos tribunais desta ordem
jurisdicional.

n Nos termos da lei, tal competência é estabelecida em


função de quatro critérios: o da matéria, o do valor, o
da hierarquia e o do território (art. 37.º, n.º 1, da LOSJ).
+ 1. O da matéria:
n Este critério permite saber se é o STJ ou os Tribunais
da Relação que conhecem em 1.ª instância
E
n Permite a repartição da competência entre os
tribunais de comarca e os tribunais de competência
territorial alargada (art. 40.º, n.º 2 LOSJ)
E
n A delimitação de competência em razão da matéria é
efectuada entre JUÍZOS (com funções jurisdicionais) –
de competência especializada e de competência
genérica - em que se desdobram os tribunais de
comarca.
+
n A competência dos tribunais (ou dos juízos) em razão
da matéria

n Atendendo à matéria a que o litígio respeita, a LOSJ


autonomiza na 1.ª instância determinados tribunais de
competência territorial alargada. São os indicados no
n.º 3 do art. 83.º (cuja competência é definida nos arts.
111.º a 116.º).

3 - São, nomeadamente, tribunais de competência


territorial alargada:
a) O tribunal da propriedade intelectual;
b) O tribunal da concorrência, regulação e supervisão;
c) O tribunal marítimo;
d) O tribunal de execução das penas;
e) O tribunal central de instrução criminal.
+ n O desdobramento dos tribunais de comarca em:

n As precedentes instâncias centrais (redenominadas):


n Juízos centrais cíveis (antes secções de competência especializada
cível)
n Juízos centrais criminais (antes secções de competência especializada
criminal)
n Juízos locais cível ou criminal (antes secções de competência genérica,
desdobradas em matéria cível ou criminal)
n Juízos de instrução criminal (antes secções de competência
especializada de instrução criminal)
n Juízos de família e menores (antes secções de competência
especializada de família e menores)
n Juízos de trabalho (antes secções de competência especializada de
trabalho)
n Juízos de comércio (antes secções de competência especializada de
comércio)
n Juízos de execução (antes secções de competência especializada de
execução)
+ n As precedentes instâncias locais (redenominadas):
n Juízos de competência genérica (antigas secções de
competência genérica)
n Juízos locais cíveis (antigas secções cíveis resultantes do
desdobramento das secções de competência genérica)
n Juízos locais criminais (antigas secções criminais resultantes do
desdobramento das secções de competência genérica)
n Juízos locais de pequena criminalidade (antigas secções de
pequena criminalidade)
n Juízos de proximidade (antigas secções de proximidade)

n Os juízos locais cíveis e os juízos de competência


genérica têm competência residual alternativa, em
matéria cível, uma vez que ou há um juízo local cível (e
outro criminal) ou um juízo de competência genérica.

n Apesar de os juízos locais cíveis e criminais serem


incluídos nos especializados, têm competência
residual, como é próprio dos de competência genérica.
Há uma divisão pelos dois da competência residual –
art. 130.º
+
n Desaparece o binómio instâncias centrais e instâncias locais bem como a
designação “secções” de umas e outras, e o que era designado por secção
passa a ser designado por juízo de competência especializada, genérica ou de
proximidade – art. 81.º, n.º 1 LOSJ.

n As circunscrições da estrutura judiciária do tribunal da comarca passaram a


desdobrar-se em:
n Juízos de competência especializada
n a) Central cível;
b) Local cível;
c) Central criminal;
d) Local criminal;
e) Local de pequena criminalidade;
f) Instrução criminal;
g) Família e menores;
h) Trabalho;
i) Comércio;
j) Execução.
n Juízos de competência genérica
n Juízos de proximidade
+ n A competência dos tribunais (ou dos juízos) em razão do valor
(e da forma de processo) – art. 41.º LOSJ

2. No que se refere às acções com processo comum de


declaração, apenas determina a repartição da competência
entre as JUÍZOS CENTRAIS cíveis ou criminais e os JUÍZOS
LOCAIS cíveis ou criminais de tribunais de comarca (como
estabelece o art. 41.º), e não entre estes tribunais.

n O valor da causa assume importância na delimitação da


competência dos (1) juízos centrais cíveis e dos (2) juízos locais
cíveis, nomeadamente, para a preparação e julgamento das
acções declarativas cíveis de processo comum:
n a partir de € 50.000 a competência pertencente às primeiras;

n até esse valor cabe às segundas.


+ 3. A competência dos tribunais em razão da hierarquia
n Os tribunais judiciais estão hierarquizados para efeito
de recurso das suas decisões (art. 42.º, n.º 1, da LOSJ).

n Em questões de natureza cível:


n a admissibilidade de recurso ordinário depende de o valor da
causa ser superior à alçada do tribunal de cuja decisão se
recorre – art. 629.º, n.º 1 do C.P.Civil (a apelação e a revista);
n todavia, a lei processual civil consagra algumas hipóteses em
que a interposição de recurso é sempre admissível, sem
dependência do valor da causa, até ao Supremo Tribunal de
Justiça ou, pelo menos, para o Tribunal da Relação (art. 629.º,
n.ºs 2 e 3, do C.P.Civil) às quais o Código de Processo do
Trabalho acrescenta outras em que é sempre admissível
recurso para o tribunal da Relação (arts. 40.º, n.º 1, 79.º do
C.P.Trabalho).
+ n Nas questões de natureza criminal.
n o regime dos recursos é o consagrado nos arts. 399.º e
segs. do C.P.Penal.
n as decisões que não admitem recurso são as
mencionadas nas alíneas a) e f) do n.º 1 do art. 400.º
do C.P.Penal.

n No topo da hierarquia desta ordem de tribunais


encontra-se o Supremo Tribunal de Justiça.
+ STJ

n Em regra, em matéria cível, apenas intervém em via de


recurso, nas causas de valor superior à alçada dos
tribunais da Relação (art. 42.º, n.º 2, 1.ª parte , da LOSJ),
quando o valor da causa seja superior, ainda que em
apenas 1 cêntimo, a € 30.000 (art. 44,º, n.º 1, da LOSJ e
art. 629.º, n.º 1, do C.P.Civil) – contanto que não se trate
de alguma das hipóteses em que o recurso é sempre
admissível, independentemente do valor da causa – ex:
art. 629.º, n.º 2, al. c), do C.P.Civil).

n Em matéria penal há recurso para o Supremo Tribunal de


Justiça das decisões ou acórdãos referidos no art. 432.º do
C.P.Penal e também no caso previsto no art. 446.º do
C.P.Penal.
+ n Os tribunais da Relação:
n são tribunais de 2ª. instância (art. 210.º, n. 4, da C.Rep. e arts
29.º, n.º 2, e 67.º, n.º 1, da LOSJ).
n Compete-lhes conhecer dos recursos interpostos das causas
cujo valor exceda a alçada dos tribunais de 1.ª instância - art.
42.º, n.º 2, 2.ª parte da LOSJ, isto é quando o valor da causa
exceda, em pelo menos 1 cêntimo, € 5.000 (art. 44,º, n.º 1,
2.ª parte da LOSJ) e dos que sejam sempre admissíveis,
independentemente do valor da causa.
n Em matéria penal, cabe-lhes conhecer dos recursos das
decisões proferidas por tribunal de 1ª. instância de que não
haja recurso directo para o Supremo Tribunal de Justiça (art.
427.º do C.P.Penal).
+n Os tribunais que ocupam a posição
hierárquica inferior são os tribunais de 1ª.
Instância:
n Em regra os de comarca (arts. 210.º, n.º 3, e
211.º, n.º 2, da C.Rep. e arts. 29.º, n.º 3, e 79.º da
LOSJ).
n As decisões proferidas pelos tribunais de 1.ª
instância em causas de valor igual ou inferior a
€ 5.000 não admitem recurso ordinário;

n Nessas causas não há, pois, duplo grau de


jurisdição, mas a Constituição não obriga à
existência de vários graus de jurisdição.
+ 4. A competência dos tribunais em razão do território.
Os elementos de conexão territorial – art. 43.º LOSJ

n O território é critério que permite repartir o poder


jurisdicional entre os diferentes tribunais judiciais
de cada um dos níveis hierárquicos em que existam
vários tribunais, ou seja:
n entre os tribunais da Relação – actualmente, Tribunais da
Relação de Guimarães, Porto, Coimbra, Lisboa e Évora
n entre os diversos tribunais de 1.ª instância;
n Entre os juízos de cada um dos tribunais de comarca que
tenham a mesma especialização (quando não haja apenas
uma)
n e entre as diferentes juízos de competência genérica
+ n A competência territorial (concreta) de cada tribunal
é determinada pela circunscrição territorial que lhe
está adstrita e, quando não se trate de tribunal
competente em todo o território nacional, pelo
elemento de conexão territorial relevante

n Territorialmente competente é o tribunal ou juízo do


tribunal com que o litígio mantém conexão, através do
elemento considerado decisivo pela lei.
+n A competência territorial dos tribunais da Relação,
quando intervenham em via de recurso, é determinada
pela subordinação hierárquica do tribunal de que se
recorre (art. 83.º do C.P.Civil).

n Os recursos das decisões do Tribunal da Concorrência,


Regulação e Supervisão - competente o Tribunal da
Relação de Lisboa (art. 188.º, n.º 5, da LOSJ), e não o
da Relação de Évora, apesar de estar sediado em
Santarém.

n Quando os Tribunais da Relação funcionem como


tribunais de 1.ª instância, a sua competência
territorial é definida nos termos estabelecidos para os
tribunais desta categoria.
+ n Relativamente aos tribunais de 1.ª instância, os elementos de
conexão territorial consagrados no C.P.Civil para as acções
declarativas são, nomeadamente, os seguintes:

- O domicílio do réu (se tiver residência habitual), que é o


factor determinante da competência territorial quando outra norma não
estabeleça critério diverso (art. 80.º, n.º 1), constituindo, assim, o
critério geral quanto às pessoas singulares;

- A sede da administração principal ou a sede da sucursal,


agência, filial, delegação ou representação da pessoa colectiva
demandada (que não seja o Estado), conforme a acção seja dirigida
conta aquela ou contra estas (art. 81.º, n.º 2), critério geral quanto às
pessoas colectivas;

- A situação dos bens, que determina a competência territorial


para as acções referentes a direitos reais ou direitos pessoais de gozo
sobre coisas imóveis, assim como para as acções de divisão de
coisa comum, de despejo, de preferência e de execução específica
sobre imóveis, e ainda as de reforço, substituição, redução ou
expurgação de hipotecas – art. 70.º CPC;
+ - O lugar onde a obrigação devia ser cumprida (art. 71.º, n.º 1);

- O lugar onde ocorreu o facto gerador de responsabilidade


civil extracontratual ou delitual, para as acções destinadas
a efectivar esta, quando baseada em facto ilícito ou fundada
no risco (art. 71.º, n.º 2);

- O domicílio ou a residência do autor, nas acções de divórcio ou


de separação de pessoas e bens (art. 72.º).

n Quanto às acções executivas os critérios são os seguintes:


n O do tribunal português em que foi proferida a decisão, tratando-se
de execução fundada em sentença (art. 85.º, n.º 1).
n O do domicílio do executado, quando a acção tenha sido proposta
num tribunal da Relação ou no Supremo Tribunal de Justiça (art.
86.º).
n O do domicílio do executado ou, mediante opção do credor
exequente, o do lugar onde a obrigação deva ser cumprida, quando o
executado seja pessoa colectiva ou quando, situando-se o
domicílio do exequente na área metropolitana de Lisboa ou do
Porto, o executado tenha domicílio na mesma área
metropolitana (art. 89.º, n.º 1).
+ n Os elementos de conexão territorial consagrados no
C.P.Trabalho para as acções declarativas cíveis são,
nomeadamente, os seguintes:

- art. 13.º, n.º 1

- art. 14.º, n.º 1

- art. 15.º, n.ºs 1 e 4

- art. 16.º, n.º 1

n O CIRE estabelece os seguintes elementos de conexão


territorial, para os processos de insolvência:

- art. 7.º, n.º 1

- arts. 7.º, n.º 1, parte final, e 2.º, n.º 1, al. b)


+ n Quanto à competência dos juízos de família e menores
em matéria tutelar cível, disciplinada pelo REGIME
GERAL DO PROCESSO TUTELAR CÍVEL, estão
consagrados os seguintes factores de conexão:
n art. 3.º
n art. 9.º
n art. 11.º
n Ainda quanto aos processos da competência desses juízos,
para os processos de aplicação das medidas de promoção
dos direitos e de protecção previstos no art. 35.º da Lei de
protecção de crianças e jovens em perigo, esta lei consagra
os seguintes factores de conexão:
n art. 79.º, n.º 1
n art. 79.º, n.ºs 2 e 3, 91.º e 92.º
+
n Em matéria penal, os factores que determinam a
competência territorial são, nos termos do C. Processo
Penal, essencialmente os seguintes:
n art. 19.º, n.º 1
n art. 19.º, n.º 2
n art. 20.º, n.º 1, 1.ª parte, e n.º 2
n art. 22.º, n.º 1, 1.ª parte
n art. 22.º, n.º 2
+ 1.º - Matéria:
n STJ ou Tribunais da Relação conhecem em 1.ª instância
n Tribunal de competência alargada (ver art. 111.º e ss da LOSJ);
n Tribunal de comarca:
n Juízos centrais cíveis, centrais criminais; Instrução criminal; Família e menores;
Trabalho; Comércio; Execução (art. 117.º e ss da LOSJ)
n Juízos locais cíveis, locais criminais, locais de pequena criminalidade, de
competência genérica e de proximidade (art.130.º da LOSJ)

2.º - Valor

n Se for questão cível temos de olhar para o valor (+ € 50.000,00 ou =/- € 50.0000,00)

3.º - Território

n Tribunal de competência alargada (Mapa IV do ROFTJ e Anexo III da LOSJ)

n Tribunais de comarca:
n Ver elemento de conexão territorial (em matéria cível CPC)
n Ver comarca competente – Mapa III do ROFTJ e Anexo II da LOSJ (qual a área de
competência territorial de cada comarca)
n Ver no Mapa III do ROFTJ qual a área de competência territorial do juízo
+ n CASO PRÁTICO
Diga (justificando legalmente) qual o tribunal e o juízo
a que compete apreciar e julgar, em 1.ª instância, a
seguinte acção/processo:

Acção de condenação no pagamento de indemnização (no


valor de €31.000) instaurada por A, residente em Sever do
Vouga, contra a companhia de seguros «O Seguro da
Circulação Prudente, S.A.», com sede em Lisboa, cuja causa
de pedir corresponde a acidente de viação ocorrido em
Albergaria-a-Velha.

Parta do pressuposto que não se trata de matéria em que


seja competente algum dos tribunais de competência
territorial alargada (art. 80.º/1 da LOSJ), nem dos casos
excepcionais em que a competência pertence, em 1.ª
instância, ao Supremo Tribunal de Justiça ou aos tribunais
da Relação.
+ n Enquadramento na jurisdição dos tribunais judiciais
(art. 211.º/1 da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).

n Determinação da competência dos tribunais de


comarca: não se trata de matéria em que seja
competente algum dos tribunais de competência
territorial alargada (art. 80.º/1 da LOSJ), nem dos casos
excepcionais em que a competência pertence, em 1.ª
instância, ao Supremo Tribunal de Justiça ou aos
tribunais da Relação.

n Alusão ao desdobramento de cada um dos tribunais de


comarca (que são, simultaneamente, de competência
genérica e de competência especializada – cfr. o art.
80.º/2 da LOSJ) em juízos de competência especializada
(central cível, local cível, central criminal, local
criminal, local de pequena criminalidade, instrução
criminal, família e menores, trabalho, comércio,
execução), de competência genérica e de proximidade
(art. 81.º, e art. 130.º, n.os 2, 3 e 5 da LOSJ)
+ n Indicação da competência dos juízos em razão da
matéria (art. 40.º/2 da LOSJ) e do valor (art. 41.º da
LOSJ):

n Atendendo a que o valor da causa é de 31.000 euros, a


competência não pertence a um juízo central cível,
apesar de seguir a forma de processo de declaração
comum; a competência cabe a um juízo local cível ou a
um juízo de competência genérica, que têm
competência residual (art. 130.º, n.º 1, da LOSJ).
+
n Determinação da competência territorial: o factor de
conexão relevante, nos termos do art. 71.º/2 do CPCivil,
é o lugar onde ocorreu o facto gerador da
responsabilidade civil extracontratual, Albergaria-a-
Velha;

n Este município faz parte da comarca de Aveiro (cfr. o


Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respectivo
tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Aveiro (cfr. os
arts. 33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da LOSJ e o Mapa
III anexo ao ROFTJ, que faz parte integrante deste – art. 4.º/
3 desse diploma).

n Um dos juízos de competência genérica desse tribunal é o


de Albergaria-a-Velha, territorialmente competente nesse
município (assim como no de Sever do Vouga), Juízo de
Competência Genérica de Albergaria-a-Velha (cfr. o art.
68.º/2, al. b), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo, que dele
faz parte integrante – art. 4.º/3 desse diploma), à qual, por
isso, cabe a preparação e o julgamento desta acção.
+ n Caso Prático
Processo de insolvência da sociedade comercial
«Metalurgia Real do Deserto da Margem Sul, S.A.», com
sede em Almada.
+ n Indicação da competência dos juízos em razão da matéria
(art. 40.º/2 da LOSJ): pertence ao juízo de comércio dos
tribunais de comarca (art. 128.º/1, al. a), da LOSJ).

n Determinação da competência territorial: o factor de


conexão relevante, nos termos do art. 7.º/1 do CIRE, é a
sede da sociedade devedora, Almada;

n Este município faz parte da comarca de Lisboa (cfr. o


Anexo II à LOSJ), na qual é competente o respectivo
tribunal, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa (cfr. os
arts. 33.º/2 e 3, 43.º/1, parte final, e 79.º da LOSJ e o Mapa
III anexo ao ROFTJ, que faz parte integrante deste – art. 4.º/
3 desse diploma);
n Nesse tribunal existem dois juízos com essa especialização
(uma com sede em Lisboa e outra sediada no Barreiro – cfr.
o art. 84.º/1, als. n) e o), do ROFTJ e o Mapa III a ele
anexo), mas a territorialmente competente para apreciar e
julgar (em 1.ª instância) esse processo é o Juízo de
Comércio do Barreiro, uma vez que o município de
Almada faz parte da sua área de competência territorial
(cfr. o art. 84.º/1, al. o), do ROFTJ e o Mapa III a ele anexo,
que dele faz parte integrante – art. 4.º/3 desse diploma).
+

OS TRIBUNAIS JUDICIAIS
EM ESPECIAL
+SUPREMO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA
+ Definição, sede e competência territorial
n O Supremo Tribunal de Justiça, é o órgão superior da hierarquia
dos tribunais judiciais, constitui a última instância nas matérias
abrangidas pela jurisdição desta ordem de tribunais.

n A ressalva contida na parte final do n.º 1 do art. 210.º da C.Rep. e


do n.º 1 do art. 31.º da LOSJ mostra que essa posição cimeira sofre
uma derrogação no que se refere às decisões sobre a
inconstitucionalidade de normas, que, são susceptíveis de
recurso para o Tribunal Constitucional.

n A sua sede é em Lisboa (art. 45.º da LOSJ e art. 4.º, n.º 1, do


ROFTJ).

n E a sua competência territorial estende-se a todo o território


nacional (art. 43.º, n.º 1, 1.ª parte, da LOSJ e mapa anexo ao
ROFTJ, que dele faz parte integrante, nos termos do estatuído
pelo n.º 1 do art. 4.º).
+ Organização

n Está organizado em secções, em matéria cível, em


matéria penal e em matéria social (art. 47.º, n.º 1, da
LOSJ),

n uma secção para julgamento dos recursos das


deliberações do Conselho Superior da Magistratura (art.
47.º, n.º 2, da LOSJ), a denominada “secção do
contencioso”, que é constituída pelo mais antigo dos vice-
presidentes do tribunal e por um juiz de cada uma das
outras secções, designados “anual e sucessivamente”, de
acordo com a respectiva antiguidade (art. 47.º, n.º 3, da
LOSJ).
+ n O número de secções é fixado pelo referido Conselho
Superior, que determina ainda o número de juízes que
compõem cada uma delas, tendo em conta “o volume e
a complexidade do serviço” (art. 149.º, al.l), do EMJ, art.
155.º, al. k), e art. 49.º, n.º 1, da LOSJ e art. 5.º, n.º 2, do
ROFTJ).

n Art. 54.º, n.º 1:


n as secções criminais (ou penais) julgam as causas de natureza
penal (ou criminal);
n as secções sociais julgam as “causas referidas no artigo
126.º” da LOSJ;
n e as secções cíveis julgam as causas não atribuídas às outras
duas espécies de secções, dispondo, assim, de uma
competência residual.
+ n Não há no Supremo Tribunal de Justiça secções
especializadas em matérias de competência do tribunal
da propriedade intelectual (art. 111.º da LOSJ), do
tribunal marítimo (art. 113.º da LOSJ) e dos juízos de
comércio dos tribunais da comarca (art. 128.º da LOSJ)

O n.º 2 do art. 54.º determina que as causas a elas


respeitantes “são sempre distribuídas à mesma secção
cível” (1.ª parte); e, como também não existe secção
especializada nas matérias cuja competência em 1.ª instância
pertence ao tribunal da concorrência, regulação e
supervisão (art. 112.º) estatui que as causas a elas referentes
“são sempre distribuídas à mesma secção criminal” (2.ª
parte).

n Existem no Supremo Tribunal de Justiça quatro secções


cíveis, duas secções criminais e apenas uma secção
social.
+
Funcionamento
n O funcionamento do Supremo Tribunal de Justiça pode
verificar-se:
n em plenário (constituído por todos os juízes que compõem o
tribunal) – só com a presença de, pelo menos, três quartos
dos juízes em exercício (art. 48.º, n.º 2, da LOSJ);
n em pleno das secções especializadas (pleno das secções
cíveis, pleno das secções criminais ou pleno da secção
social, constituídos, respectivamente, por todos os juízes
que compõem as secções cíveis, as secções criminais e a
secção social) - só com a presença de, pelo menos, três
quartos dos juízes em exercício (art. 48.º, n.º 3, da LOSJ);
n e por secções (art. 48.º, n.ºs 1, 2 e 3, da LOSJ).
+ n Julgamento nas secções:
n É feito por três juízes, sendo um deles o relator e intervindo
os outros como adjuntos (art. 56.º, n.º 1, da LOSJ).
n Nas secções criminais:
n para os crimes comuns, o tribunal é composto pelo
presidente da secção, pelo relator e por um juiz-adjunto,
tanto no caso de o julgamento ser realizado em
conferência como no de haver audiência (arts. 419.º, n.º 1,
429.º, n.º1, e 435.º do C.P.Penal, que prevalecem sobre as
leis de organização judiciária, como determina o art. 10.º
deste Código);
n para os crimes de natureza estritamente militar é
composto pelo presidente da secção, pelo relator e por
três juízes-adjuntos, dois dos quais têm de ser juízes
militares (art. 116.º, al. a), do C.Just.Militar).
+
Competência
n Em regra, tanto em matéria cível como em matéria
penal, o Supremo Tribunal de Justiça apenas intervém
em via de recurso. Todavia, em alguns casos
(excepcionais), respeitantes a uma e outra dessas
matérias, também possui competências em 1.ª
instância.

n Em via de recurso

n Em regra, em matéria cível, o Supremo Tribunal de


Justiça conhece em via de recurso das causas cujo
valor exceda a alçada dos tribunais da Relação (art.
47.º, n.º2, 1.ª parte, da LOSJ).
+ n Recurso de revista:
n pode ser interposto quer de acórdãos dos tribunais da
Relação, proferidos no recurso de apelação (art. 671.º do
C.P.Civil),
n das decisões de tribunais de 1.ª instância, nos casos em que
seja admitido recurso “per saltum”, isto é, directamente
para o Supremo Tribunal de Justiça, “saltando-se por cima
da Relação” (art.678.º, n.º1, do C.P.Civil), e tem como
objecto matéria de direito (art. 682.º, n.º1 e n.º2, 1.ª parte, do
C.P.Civil);
n mas também ao recurso de apelação (art. 644.º do
C.P.Civil), interposto para o Supremo Tribunal de Justiça, de
decisões proferidas em primeira instância pelos
tribunais da Relação, ou interposto para o pleno das
secções cíveis do Supremo Tribunal de Justiça, de
decisões proferidas em primeira instância por alguma
dessas secções.
+
n A limitação dos seus poderes de cognição, em via de
recurso, às causas cujo valor exceda a alçada dos
tribunais da Relação constitui apenas a regra – existem
casos em que é sempre admitido recurso até ao “órgão
superior da hierarquia dos tribunais judiciais”,
independentemente do valor da causa, que são os
referidos, que são os referidos no n.º2 do art. 629.º do
C.P.Civil.
+ n O julgamento do recurso de revista:
n compete às secções cíveis, de acordo com a distribuição
feita entre elas (art. 54.º, n.º 1, al. a), da LOSJ e arts. 203.º,
213.º e 215.º do C.P.Civil),
n excepto quando se trate de matéria laboral, hipótese em
que o julgamento do recurso cabe à secção social (art.
54.º, n.º 1, “in fine”, e 55.º, al. a), da LOSJ);
n mas deixa de ser assim se for determinado pelo presidente
do tribunal que o julgamento se faça com intervenção do
pleno das secções cíveis (ou, em matéria laboral, do pleno da
secção social), em virtude de tal se revelar necessário ou
conveniente para assegurar a uniformidade da
jurisprudência (art. 686.º, n.º 1, do C.P.Civil).

n O julgamento do recurso de apelação:


n compete às secções cíveis, quando a decisão recorrida
tenha sido proferida, em primeira instância, pelo
tribunal da Relação (arts. 54.º, n.º 1, e 55.º, al. a), da LOSJ)
n ou ao respectivo pleno, tratando-se de decisão proferida,
em primeira instância, pelo Supremo Tribunal de
Justiça, em secção cível (art. 53.º, al. b), da LOSJ).
+ n O recurso extraordinário de revisão (art. 672.º CPC):
n que eventualmente seja interposto de acórdão proferido em
secção cível pelo Supremo Tribunal de Justiça é igualmente
julgado em secção cível; e o destinado a impugnar um
acórdão da secção social é julgado por esta.
n Com efeito, a mencionada al. a) do art. 55.º da LOSJ atribui
às secções, segundo a sua especialização, o julgamento dos
recursos que não sejam da competência do pleno das
secções especializadas

os recursos cujo julgamento compete ao referido pleno são


somente os indicados nas als. b) e c) do art. 53.º da LOSJ.
+
n Recurso interposto para uniformização de
jurisprudência (art. 688.º e ss. CPC):
n é da competência do pleno das secções cíveis, quando se
trate de causas não atribuídas a qualquer das outras
secções,

n ou do pleno da secção social, se respeitar às causas


mencionadas no art. 126.º da LOSJ.
+ n Em matéria criminal (uma vez que não há alçada), a sua
competência em via de recurso é definida pelo C.P.Penal
(art. 44.º, n.º 2, da LOSJ).

n Nos termos do n.º 1 do art. 432.º desse Código, há


recurso ordinário para o Supremo Tribunal de Justiça
(que apenas conhece, em regra, de matéria de direito – art.
434.º do C.P.Penal e art. 46.º da LOSJ):
n art. 400.º al. a); b), c) e d)

n O julgamento do recurso é da competência das secções


criminais (arts. 54.º, n.º 1, e 55.º, al a), da LOSJ), de
acordo com a distribuição realizada (arts. 203.º, 213.º e
215.º do C.P.Civil, aplicáveis por força do dispositivo no
art. 4.º do C.P.Penal).
+ n No que respeita aos recursos extraordinários, a decisão
sobre o recurso de revisão da sentença, autorizando-a ou
denegando-a, é da competência das secções criminais
(arts. 449.º, 451.º, n.º 1, 455.º, n.ºs 2 e 3, 435.º - este último
aplicável “ex vi” do n.º 6 do art. 455.º - e 11.º, n.º 4, al. d),
do C.P.Penal, e art. 55.º, al. e), da LOSJ);

n Recurso de qualquer decisão proferida contra jurisprudência


fixada pelo Supremo Tribunal de Justiça, interposto
directamente para este (arts. 446.º, n.º 1, 435 .º - aplicável
por força do disposto no art. 448.º - e art. 11.º, n.º 4, al. b),
do C.P.Penal, e art. 55.º, al. a), da LOSJ) - secções
criminais

n Julgamento do recurso de fixação (ou de uniformização)


de jurisprudência (arts. 437.º, 443.º, n.º 1, e 11.º, n.º 3, al.
c), do C.P.Penal, e art. 53.º, al. c), do C.P.Penal, e art. 53.º,
al. c) da LOSJ) - pleno das secções criminais
+ n Em primeira instância - O Supremo Tribunal de Justiça
possui também competências em 1.ª instância. Assim
acontece, em especial, com as que tem para:
n art. 53.º, al. a), da LOSJ e art. 11.º, n.º 3, al. a), do C.P.Penal;
n art. 55.º, al. b), da LOSJ e art. 11.º, n.º 4, al. a), do C.P.Penal
n art. 55.º, al. c), da LOSJ;
n art. 55.º, al. d), da LOSJ e art. 11.º, n.º 4, al. c), do C.P.Penal;
n Praticar, nos termos da lei de processo (por cada um dos juízes
das secções criminais), os actos jurisdicionais relativos ao
inquérito, dirigir a instrução criminal, presidir ao debate
instrutório e proferir despacho de pronúncia ou não pronúncia
nos processos referidos na al. a) do n.º 3 e na al. a) do n.º 4 do
art. 11.º do C.P.Penal, assim como na alínea a) do artigo 53.º e
na al. b) do art. 55.º da LOSJ (art. 11.º, n.º 7, do C.P.Penal e art.
55.º, al. h), da LOSJ);
n art. 109.º, al. a), do C. Just. Militar e art. 109.º, al. c) do
C.Just.Militar.
+ n Artigo 109.º

Competência material e funcional

Compete, respectivamente:

a) Às secções criminais do Supremo Tribunal de Justiça julgar


os processos por crimes estritamente militares cometidos por
oficiais generais, seja qual for a sua situação;

b) Às secções criminais das Relações de Lisboa e do Porto


julgar os processos por crimes estritamente militares
cometidos por oficiais de patente idêntica à dos juízes militares
de 1.ª instância, seja qual for a sua situação;

c) A umas e outras praticar, nos termos da lei de processo, os


actos jurisdicionais relativos ao inquérito, dirigir a instrução,
presidir ao debate instrutório e proferir despacho de
pronúncia ou não pronúncia nos processos referidos nas
alíneas anteriores.
+ n Tratando-se de decisões proferidas em 1.ª instância
pelo Supremo Tribunal de Justiça:
n Compete ao pleno das secções cíveis o julgamento dos
recursos dos acórdãos proferidos ao abrigo do disposto na
al. c) do art. 55.º da LOSJ (art. 53.º, al. b), da mesma)

n Ao pleno das secções criminais o julgamento dos recursos


das decisões proferidas nos processos indicados nas als. b),
d) e h) do art. 55.º da LOSJ (art.53.º, al. b), desta lei e art.
11.º, n.º 3, al. b), do C.P.Penal);

n Ao plenário do tribunal, nomeadamente, o julgamento do


recurso do acórdão proferido pelo pleno das secções
criminais na sequência do julgamento a que alude a al.
a) do n.º 1 do art. 53.º da LOSJ (art. 52.º, al a), desta lei).
+
Casos práticos
1. Processo por crime de contrafacção («plágio»)
cometido por G, juiz desembargador do Tribunal da
Relação de Coimbra.

2. Processo por crime de peculato cometido por uma


juíza desembargadora do Tribunal da Relação do
Porto, que terá pagado a alguns advogados para
elaborarem projectos de acórdãos com dinheiro
pertencente a uma delegação da Cruz Vermelha
Portuguesa.
+ 1. Enquadramento na jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1 da
C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).

n Determinação da competência do Supremo Tribunal de Justiça: trata-


se de um dos casos excepcionais em que a competência pertence,
em 1.ª instância, ao «órgão superior da hierarquia dos tribunais
judiciais» (art. 210.º/1 e 5 da CRep. e arts. 31.º/1 e 55.º, al. b), da
LOSJ), que tem sede em Lisboa – «foro pessoal» para os juízes do
próprio STJ e dos tribunais da Relação e para os magistrados do
Ministério Público que exercem funções junto desses tribunais
(cfr. também o art. 11.º/4, al. a), do CPPenal).

n Alusão à organização do STJ em secções especializadas, à


competência (neste caso) exercida por uma das suas secções
criminais (arts. 48.º/1, 54.º/1 e 55.º, al. b), da LOSJ), de acordo com a
distribuição efectuada entre elas (cfr. os arts. 203.º, 213.º e 215.º do
CPCivil, aplicáveis «ex vi» do art. 4.º do CPPenal), e ao julgamento
por três juízes (art. 11.º/5 do CPPenal), assim como à composição
desse colectivo.
+ 2. Enquadramento na jurisdição dos tribunais judiciais (art. 211.º/1
da C.Rep. e art. 40.º/1 da LOSJ).

n Determinação da competência do Supremo Tribunal de Justiça:


trata-se de um dos casos excepcionais em que a competência
pertence, em 1.ª instância, ao «órgão superior da hierarquia dos
tribunais judiciais» (art. 210.º/1 e 5 da CRep. e arts. 31.º/1 e 55.º,
al. b), da LOSJ) – «foro pessoal» para os juízes do próprio STJ e
dos tribunais da Relação e para os magistrados do Ministério
Público que exercem funções junto desses tribunais (cfr. também
o art. 11.º/4, al. a), do CPPenal).

n Alusão à organização do STJ em secções especializadas, à


competência (neste caso) exercida por uma das suas secções
criminais (arts. 48.º/1, 54.º/1 e 55.º, al. b), da LOSJ), de acordo
com a distribuição efectuada entre elas (cfr. os arts. 203.º, 213.º e
215.º do CPCivil, aplicáveis «ex vi» do art. 4.º do CPPenal), e ao
julgamento por três juízes (art. 11.º/5 do CPPenal), assim como à
composição desse colectivo.

Você também pode gostar