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Nota: os tópicos de resolução que se seguem constituem os elementos que teriam de ser
obrigatoriamente referidos com vista à obtenção da cotação correspondente a cada
pergunta, sendo que aos mesmos haverá que acrescentar os dados relativos ao
enquadramento e à aplicação dos conceitos mencionados, do ponto de vista teórico e com
referência aos dados concretos e relevantes da hipótese, fundamentando, assim, as
respostas.
Todas as disposições mencionadas sem referência à respetiva fonte pertencem ao Código de
Processo Civil (“CPC”).
QUESTÃO A)
(i) Litisconsórcio de Anabela e Belmira
• Compatibilidade processual:
o Ambos os pedidos seguem a forma única de processo declarativo comum
(arts. 37.º/1, 546.º/1 e 2/2.ª parte e 548.º). Justificar;
o Identidade de competência absoluta
§ Competência internacional
• Competência territorial
o Pedido 1: art. 80.º/3, por não ser possível a determinação do tribunal
competente com recurso ao art. 71.º/1: “(…) tribunal do lugar em que se
encontrar; não se encontrando em território português, (…) do domicílio do
autor, e, quando este domicílio for em país estrangeiro, (…) tribunal de Lisboa”;
não havendo dados na hipótese que permitam concluir que Belmira se
encontra em território português, terá de ser demandada no tribunal do
domicílio da sucursal, ou seja, no tribunal com competência sobre o município
de Aveiro;
o Pedido 2: art. 71.º/2: “lugar onde o facto ocorreu”, Aveiro;
o Conclusão: é competente um juízo central cível do Tribunal Judicial da
Comarca de Aveiro (Anexo II à LOSJ), competente para todos os pedidos.
B)
• Regra geral da admissibilidade da prova por testemunhas (art. 392.º do Código Civil);
• Anabela pode ser testemunha porque não é parte na ação, ainda que seja parte da
relação material controvertida subjacente ao primeiro pedido (art. 496.º);
C)
• O patrocínio era obrigatório neste caso (arts. 40.º/1/a) e 629.º/1 CPC, e 44.º/1 LOSJ).
A causa tem valor superior à alçada dos tribunais de primeira instância – v. resposta à
questão 1, supra;
• João não é advogado, é estudante de Gestão, e como tal estamos perante um caso de
falta de constituição de advogado (art. 41.º);
• Prova documental
o Documento particular simples (art. 363.º/2/2.ª parte do Código Civil).
Justificar;
o Força probatória formal dos documentos particulares simples (art. 374.º do
Código Civil). Explicar;
o Força probatória material dos documentos particulares simples (art. 376.º do
Código Civil): só abrange as declarações das partes (no caso, que o
representante da sucursal declarou que recebeu de Anabela e Belmira a
quantia de 60.000€). Para se considerarem provados os factos declarados, é
necessária a confissão;
• Nos termos conjugados dos arts. 376.º/2 e 358.º/2 do Código Civil, ter-se-á, assim, por
plenamente provado, além da declaração, que o representante da sucursal recebeu
de Anabela e Belmira a quantia de 60.000€ ou, por outras palavras, o pagamento;
• Porém, nos termos do art. 359.º do Código Civil, a autora poderá tentar contrariar
aquela prova se, além de alegar e provar que não recebeu a quantia de 60.000€,
provar que errou acerca desse facto ou que foi vítima de alguma falta ou vício da
vontade.
E)
• Ónus da prova: conceito, regras legais de repartição (arts. 342.º e segs. do Código Civil)
e teoria da norma. Explicação;
• Contudo, o art. 799.º estabelece uma presunção legal de culpa e o art. 344.º
estabelece expressamente a inversão da regra de repartição do ónus da prova
“quando haja presunção legal”; e, no mesmo sentido, o próprio art. 799.º, n.º 1,
estabelece que “[i]ncumbe ao devedor provar que a falta de cumprimento ou o
cumprimento defeituoso da obrigação não procede de culpa sua”;
• No caso, não tendo Belmira conseguido ilidir a presunção legal em causa, provando
que a falta de cobertura do cheque não lhe era imputável, e estando provados todos
os factos correspondentes aos demais pressupostos da responsabilidade civil
contratual, o tribunal deverá julgar contra ela, condenando-a no pedido.