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º CURSO
PROVA ESCRITA
DE
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL
VIA PROFISSIONAL – 1.ª CHAMADA
GRELHA DE CORREÇÃO
2. Identificação do Tribunal de Tribunal da Relação de Évora (artigos 427.º e 432.º, a contrario, do Código 0,20
Recurso de Processo Penal; artigo 32.º, n.º 1, e Anexo I, da LOSJ)
3. Regime do recurso: momento Subida imediata, nos próprios autos e com efeito suspensivo – 0,50
de subida, local e efeito disposições conjugadas dos artigos 399.º, 401.º, n.º 1, alínea a), 406.º, n.º 1,
407.º, n.º 2, alínea a), 408.º, n.º 1, alínea a), todos do Código Processo
1
Penal.
II. RECURSO
1. FUNDAMENTOS 1
1.1. Alteração não substancial O acórdão procede a alteração não substancial dos factos da acusação 2
de factos não comunicada – sem que tal tenha sido previamente comunicado ao arguido, como impõe
nulidade do acórdão o artigo 358.º, n.º 1, do Código de Processo Penal, quando considera como
provado que era o arguido BB quem levava e utilizou a espingarda (factos
provados n.ºs 9 e 11 vs. factos 8 e 10 da acusação).
Porém, este facto deve ser impugnado (infra), pois o tribunal não
dispunha de meios de prova valoráveis que lhe permitisse chegar a tal
conclusão. Sendo procedente tal impugnação, ficaria prejudicado o
conhecimento da nulidade.
1.2. Omissão de pronúncia Com os factos descritos na acusação (cuja qualificação jurídico-penal foi 2,5
quanto ao crime de coação propositadamente deixada em branco), os arguidos AA e BB cometeram
agravada, na forma tentada, também, como autores 2 e em concurso efetivo com os demais, um crime
imputado aos arguidos de coação agravada, na forma tentada, previsto e punido pelas
disposições conjugadas dos artigos 154.º, n.ºs 1 e 2, 155.º, n.º 1, alínea a),
22.º, n.º 1 e n.º 2, alíneas a) e b), 23.º, e 26.º do Código Penal, e artigo 86.º,
n.º 3 e 4, da Lei n.º 5/2006, de 23 de fevereiro (“AA, que empunhava a
descrita espingarda de caça de calibre 12, com os dois canos serrados,
apontou-a na direção de DD, que residia em apartamento em frente à loja
e assomou à janela do mesmo, dizendo-lhe que se chamasse a polícia
levaria um tiro”). Note-se que esse ato não é instrumental da subtração
que ocorria, pelo que não integra crime de roubo.
1 Recorde-se que, como constava do enunciado, a presente prova consistia na elaboração de um recurso interposto pelo Ministério Público da
decisão final proferida, devendo considerar-se que o Ministério Público colocava em crise matéria atinente a) à subsunção fático-jurídica, b) à
observância do princípio da vinculação temática, c) à prova proibida, d) às nulidades da sentença e/ou vícios constantes do artigo 410.º do
Código de Processo Penal, e que o recurso deveria incidir obrigatoriamente sobre toda a matéria constante das supra referidas alíneas, cuja
ordem era aleatória e não deveria condicionar a lógica da argumentação, não sendo valorizado o tratamento de outra qualquer questão, a não
ser que se encontrasse necessariamente ligada à matéria que dessas alíneas consta. Note-se, ainda, que ficou aí expresso que deveria ser
analisadas todas as questões acima mencionadas ainda que a procedência de qualquer uma delas prejudicasse, na prática, o conhecimento
subsequente de outras.
2 Sobre a imputação do crime a ambos os arguidos, como coautores ou como instigadores, cf. infra ponto 1.4.3.
2
conjugação de esforços e comunhão de intentos, na execução de plano
por eles previamente traçado, utilizando o auxílio mútuo para melhor
concretizarem os seus intentos, tendo a atuação de cada um sido
determinante para a obtenção do resultado que almejavam e
concretizaram”).
Tal omissão acarreta a nulidade do acórdão – artigo 379.º, n.º 1, alínea c),
do Código de Processo Penal.
Neste ponto, deveria o recorrente pugnar para que o TRE suprisse tal
vício, condenando os arguidos pela prática de tal crime – artigo 379.º, n.º
2, do Código de Processo Penal (infra ponto 1.5.3.). Note-se que a matéria
da escolha e medida da pena não é objeto desta prova.
1.3. Proibição de prova de No julgamento, o arguido AA respondeu às perguntas da Juiz Presidente, 2,5
valoração das declarações admitiu a prática dos factos descritos na acusação, com as seguintes
do arguido AA na parte em ressalvas: negou ser possuidor ou ter sido ele a empunhar e disparar a
que envolvem o coarguido caçadeira de canos serrados, de calibre 12, o que foi feito pelo arguido BB.
BB e consequente alteração Porém, recusou depois responder às perguntas do advogado do
dos factos provados coarguido BB.
1.4. Qualificação jurídico- Erros de enquadramento jurídico-penal feitos pelo tribunal recorrido.
penal 3
1.4.1. Um crime de furto O tribunal considerou provado que “17) Os arguidos ÁLVARO ALVES e 2
qualificado, na BÁRTOLO BOTAS e o terceiro indivíduo cuja identidade não se logrou
forma consumada, apurar agiram com o propósito concretizado de fazerem seu o veículo
previsto e punido BMW com a matrícula AA-11-BB, contra a vontade do seu legitimo
pelas disposições proprietário”.
conjugadas dos
3
artigos 26.º, 203.º,
n.º 1, e 204.º, n.º 1, Havendo subtração de coisa alheia com o propósito de a fazerem sua,
alínea a), e n.º 2, cometeram o crime de furto (na forma qualificada devido ao valor da
alínea f), do Código coisa e ao facto de terem consigo arma, arma essa que estava ao serviço
Penal e não um da execução dos seus planos, como veio a suceder junto ao
crime de furto de estabelecimento comercial e ali poderia ter sucedido se surgisse alguém
uso do veículo, que pudesse a eles obstar) e não o crime de furto de uso.
previsto e punido
pelo artigo 208.º, n.º O dano/incêndio posteriores à consumação do furto qualificado são
1, do Código Penal factos posteriores não puníveis.
(automóvel BMW)
4
O tribunal considerou como provado que o “o arguido BÁRTOLO BOTAS
1.4.3. Crime de coação [vimos já que deveria apenas ser “um deles”], que empunhava a descrita 2
agravada, na forma espingarda de caça de calibre 12, com os dois canos serrados, apontou-a
tentada, previsto e na direção de Dinis Dório, que residia num dos referidos apartamentos e
punido pelas assomou à janela do mesmo, dizendo-lhe que se chamasse a polícia
disposições levaria um tiro” (8) e que “Não obstante atemorizado, Dinis Dório
conjugadas dos telefonou para o Esquadra da PSP de Évora” (9), bem como que “Os
artigos 154.º, n.ºs 1 e arguidos ÁLVARO ALVES e BÁRTOLO BOTAS e o terceiro indivíduo cuja
2, 155.º, n.º 1, alínea identidade não se logrou apurar combinaram conjuntamente utilizar
a), 22.º, n.º 1 e n.º 2, todos os meios necessários à concretização da apropriação dos objetos
alíneas a) e b), 23.º, existentes na montra do referido estabelecimento e atos subsequentes,
e 26.º do Código designadamente, viaturas e arma de fogo a utilizar, se necessário a ser
Penal, e artigo 86.º, disparada contra quem se lhes opusesse” (15), e, finalmente, “Os
n.º 3 e 4, da Lei n.º arguidos ÁLVARO ALVES e BÁRTOLO BOTAS e o terceiro indivíduo cuja
5/2006, de 23 de identidade não se logrou identificar agiram em conjugação de esforços e
fevereiro. comunhão de intentos, na execução de plano por eles previamente
traçado, utilizando o auxílio mútuo para melhor concretizarem os seus
intentos, tendo a atuação de cada um sido determinante para a obtenção
do resultado que almejavam e concretizaram” (19).
2. Conclusões e pedido 4
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proibição de utilização de meio de prova) a identificação do(s)
facto(s) a alterar e o sentido em que devem ser alterados, e as
demais provas que permitem essa conclusão
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III. Estrutura Lógico-Formal do 2
Recurso. Organização do
discurso técnico-jurídico e
linguagem utilizada.
TOTAL 20