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Direitos- Reais - Apontamentos Aula

Direitos Reais (Universidade Catolica Portuguesa)

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DIREITOS REAIS

AULA 1

× Ver programa da disciplina+ BIBLIOGRAFIA


× AVALIAÇÃO CONTÍNUA: teste (seg 30/04/2018 às 20h15)+ sabatina sobre toda
a matéria

DESIGNAÇÕES de Direitos Reais:

̶ Ciência jurídica ramo do Direito Privado Comum (divisão do Direito Civil)


̶ Objeto da própria ciência Jurídica (os direitos reais propriedade, usufruto,
servidão, superfície)
̶ o Código Civil dá-lhes o nome de “Direito das Coisas” no seu Livro III

CARACTERÍSTICAS dos Direitos reais:

̶ Ramo do Direito PATRIMONIALrelações jurídicas criadas ao abrigo do Dto


Patrimonial são avaliáveis em dinheiro

Exceção: direito de uso e habitação (acontece quando alguém tem


determinada coisa e usa-a para satisfação das suas necessidades pessoais e
familiares, as quais podem ou não!!! ter uma avaliação em dinheiro)

̶ Ramo do Direito PRIVADO quem constitui uma relação em Direitos Reais age:
1.em plano de igualdade;
2. Em liberdade FUNCIONA O PRINCÍPIO DA LIBERDADE CONTRATUAL
(distingue-se do Direito Público) quando tal não acontece, este plano de
igualdade, então a questão já será resolvida ao abrigo de outro ramo de Direito
que não os Direitos Reais
̶ Tem eficácia absoluta (CARÁTER ABSOLUTO)
exº:
 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES: A deve 1000 a B (obrigação tem eficácia
relativa, B apenas poderá exigir o pagamento a A)
Na obrigação, eu (CREDOR) preciso sempre a colaboração de alguém
(DEVEDOR)

 DIREITOS REAIS. A tem um Código Civil que comprou ninguém pode


impedir legalmente o exercício do direito OBRIGAÇÃO PASSIVA
(pessoas não têm de fazer algo, mas sim têm que se abster de impedir o
exercício do direito por parte do seu titular) UNIVERSAL (tem que ser
cumprida por todas as outras pessoas que não o titular)

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Há uma ligação direta entre o titular e o detentor da coisa, não


sendo necessária a colaboração de ninguém para o exercício do
direito
NÃO CONFUNDIR: caráter absoluto dos direitos reais (dotada de
EFICÁCIA REAL) com a relevância externa dos direitos reais (dotada de
EFICÁCIA OBRIGACIONAL)

Ex: Regime do Pacto de Preferência, com eficácia obrigacional ou


real (arts 414º e 421º)
× Pacto de preferência OBRIGACIONAL (414º)
Se um 3ºC, havendo um pacto de preferência OBRIGACIONAL
celebrado entre A e B, acertar com o dador da preferência A a
aquisição da coisa a que a preferência respeita, violando assim a
respetiva obrigação de dar preferência a B o contrato de compra
e venda celebrado entre A e C NÃO É INVÁLIDO e a VENDA
SUBSISTE o que resulta é a OBRIGAÇÃO, imposta a A e,
eventualmente, a C, como terceiro cúmplice, de ressarcir os
danos causados a B.

× Compropriedade (arts 1409º e 1410º) e Pacto de preferência


REAL (421º)
Se A, sem respeitar o direito de preferência de B, alienar a C a
coisa, B tem o direito de a haver para si, desde que o requeira no
prazo legal e deposite o preço devido (1410º/1 aplicável ex vi(por
analogia??) do 421º/2) verifica-se assim que o efeito
aquisitivo do contrato celebrado entre A e C NÃO PODE SER
OPOSTO A B, como também B tem o direito de invocar e
fazer valer contra C o seu DIREITO REAL de preferência (sem
prejuízo da indemnização que lhe seja, eventualmente, devida)
a preferência real de B prevalece sobre o direito de C

COMUM A AMBOS OS CASOS: necessidade de C respeitar a


situação jurídica de B

MAS!! NOS DIREITOS REAIS: há que assinalar a sua


ABSOLUTIDADE traduzida no seu efeito/oponibilidade erga
omnes, que permitem a B fazer prevalecer a sua preferência real
(com eficácia real) sobre a aquisição da coisa por terceiro (C)
titular de um direito incompatível como direito de preferência de B

Ex:

 A ficou de entregar um carro a B

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A é titular de um carrose ele quiser usufruir dele não precisa da autorização


de ninguém, pode-se dizer que existe uma ligação direta entre titular do direito
e a coisa (objeto desse DIREITO REAL)
POR OUTRO LADO
 Na OBRIGAÇÃO é sempre necessária a colaboração do devedor, ou seja, B não
pode usar o carro sem A lhe entregar o mesmo, pois A deve-lhe essa prestação

NO DIREITO REAL TEM QUE EXISTIR UMA COISA (SE ESSA COISA DEIXAR DE
EXISTIR, DEIXA DE EXISTIR DIREITO REAL)

̶ Incide sobre COISAS CORPÓREAS conclusão retirada do ART 1302º(Objeto


do direito de propriedade): Só as coisas corpóreas, móveis ou imóveis, podem ser
objeto do direito de propriedade regulado neste código.

(TRADICIONALMENTE os direitos reais incidem apenas por coisas corpóreas,


MAS!! não é uma escolha dogmática pode incidir sobre coisas incorpóreas,
embora essas estejam maioritariamente legisladas em legislação à
parte/AVULSA)

REQUISITOS DAS COISAS CORPÓREAS:


1. tem que pertencer ao domínio da matéria (ex: uma mesa)
ATENÇÃO: Não tem que estar no estado sólido (ex: água esta no estado
líquido e é uma coisa corpórea, assim como o oxigénio)
2. Algo que possa ser apreendido pelos sentidos
3. (requisito negativo) não pode ter nada a ver com o Homem (ex: o
Homem não pode ser considerado uma coisa)

Conclusão/ definição de direitos reais:


Direito/poder jurídico ABSOLUTO e INERENTE a uma COISA CORPÓREA, afetada
à REALIZAÇÃO DE INTERESSES JURÍDICO-PRIVADOS de uma PESSOA
DETERMINADA

Teorias sobre Direitos Reais


A lei não define direito real – há divergência na doutrina:

TEORIA REALISTA/CLÁSSICA
̶ Incide sobre a coisa
̶ Direito Real é o direito em que existe uma relação direta entre o titular e a coisa
(apenas e simplesmente isto) : poder direto e imediato sobre uma coisa

CRÍTICA:

Estão a ficcionar uma relação, ou seja, para haver uma relação têm que existir dois
sujeitos, pelo que não há uma relação entre a pessoa e a coisa

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TEORIA PERSONALISTA/MODERNA
O que descreve o direito real é a OBRIGAÇÃO PASSIVA UNIVERSAL poder absoluto
que vincula todos, isto é, ao qual corresponde do lado passivo o dever geral de
respeito ou a obrigação passiva universal – direito erga omnes:

CRÍTICA: ficciona relações, pois, de acordo com esta teoria, embora o direito real não
seja entre a pessoa e a coisa, é entre a pessoa e todos os outros sujeitos esta teoria
leva longe demais o conceito de relação entre o sujeito e o resto das pessoas TODAS

TEORIAS MISTAS
Para descrever o Direito Real existem 2 lados:

̶ LADO INTERNO: quando alguém quer exercer o direito real, esse acesso é
imediato, não sendo precisa a colaboração de ninguém para esse exercício, ou seja,
O TITULAR DO DIREITO BASTA-SE A SI PRÓPRIO (o titular do direito real, ao
pretender invoca-lo nomeadamente contra quem tenha em seu poder,
indevidamente, a coisa que é objeto do titular do direito real, tem apenas de
demonstrar a titularidade do direito, não carecendo de discutir com o seu possuidor
ou detentor os títulos através dos quais ele obteve a posse ou detenção)
̶ LADO EXTERNO: corresponde à eficácia absoluta dos direitos reais, isto é, a
OBRIGAÇÃO PASSIVA UNIVERSAL

TEORIA MAIS RECENTE


Direito Real só existe porque há uma permissão estadual para o titular do direito
real o exercer

Ex: sou titular de uma casa ninguém pode entrar na minha casa sem a minha
autorização

Há um Estado Organizado que permite a existência dos direitos reais e reconhece esses
direitos e que permite que o titular possa exercer o seu direito real.

E se alguém violar esses direitos há mecanismos (também pertencentes a esse Estado


Organizado) que sancionam essa atuação

3 TIPOS DE DIREITOS REAIS EXISTENTES

Direitos Reais de Gozo


nos quais nos vamos debruçar (Livro III):

O titular pode gozar a coisa pode envolver várias faculdades: USAR; FRUIR

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atribuem ao seu titular poderes de uso ou fruição de uma coisa (retirar os frutos que
eventualmente essa coisa possa dar).  o titular pode gozar a coisa

Há duas subcategorias:

- DIREITO REAL DE GOZO MÁXIMO: direito de propriedade; (direito real por


excelênciaé o que permite mais ao titular permite um gozo praticamente pleno)
- DIREITOS REAIS DE GOZO MENORES/LIMITADOS (permitem determinadas
faculdades ao titular, mas menores que o Direito de Propriedade):
o Usufruto
o Uso e Habitação
o Direito de Superfície
o Servidões prediais;
o direito real de habitação periódica;

DIFERENTE DE: Direitos pessoais de Gozo: o uso ou fruição de certa


coisa faz-se através da atividade de outra pessoa, que os proporciona ao
titular do direito, pelo que há sempre, com maior ou menor relevância, a
mediação do devedor na satisfação de certo interesse pelo
aproveitamento das utilidades da coisa (cabe-lhe a obrigação da
entrega a coisa e a de assegurar o gozo dela) enquanto que nos DIREITOS
REAIS em geral, para o seu exercício, o acesso do titular ao mesmo é
imediato, não sendo precisa a colaboração de ninguém para esse exercício
 há, assim, uma diferença ESTRUTURAL entre os direitos reais de gozo
e os direitos pessoais de gozo doutrina defende que nos direitos reais
de gozo há uma atuação direta e mediata sobre a coisa, enquanto
que nos direitos pessoais de gozo (direito de crédito) essa atuação sobre
a coisa se revela um poder mediato

Direitos Reais de Garantia


(Livro II, dos arts. 656º a 761º CC);

Direito real instrumental de um direito de crédito (destina-se a garantir o cumprimento


de uma obrigação)

Ex: A deve 1000 a B

× O património de A é a garantia das suas dívidas


× B quando constitui a obrigação pode proteger-se através de garantias: podem ser
reais ou patrimoniais (nesta cadeira apenas são relevantes as garantias reais)

GARANTIA PESSOAL Fiança (quem é o garante é uma PESSOA)

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GARANTIAS REAIS (o que é garante é uma COISA)

Permite ao credor ter prioridade na satisfação do crédito

Ex: A deve 1000 a B, o qual constitui uma Hipoteca (sobre a sua casa) garantia real
(IMPLICA REGISTO)

A vende a casa a C C constitui uma garantia de gozo

Como a garantia real foi constituída em primeiro lugar é essa que prevalece (prevalece a
registada em primeiro)

Direitos Reais de Aquisição


(dispersos no CC – ex: arts. 413º, 421º, 1409º, 1535º).

Instrumentais da aquisição de um direito real. A sua fonte é principalmente a lei mas


também pode ser a convenção entre as partes

Direito Real que permite a aquisição mais tarde de um direito real de gozo, ou
seja, quem tem o direito real de aquisição, tem o direito de mais tarde vir a
adquirir um direito real de gozo

Ex.

× Pacto de preferência com eficácia real


× Contrato Promessa com eficácia real

A e B assinam contrato promessa (com eficácia real)

A viola o contrato e vende a casa a 3º se não tivesse eficácia real, B apenas poderia
exigir indemnização

Caso tenha eficácia real, B pode requerer execução específica, que é o direito de
aquisição

AULA 2

FIGURAS PROPTER REM (figuras que têm que ver com a coisa)

1. OBRIGAÇÕES REAIS

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 Obrigação normal (há um credor e um devedor) obrigações em sentido técnico


– do lado passivo temos um direito de crédito  São impostas ao titular de um
direito real e estão relacionadas com esse direito real e, por isso, são reais (para
ser real tem que estar ligada a uma coisa)
 O que está em causa, é que o lado passivo da obrigação (devedor) é titular
de um direito realSó é devedor da obrigação porque é titular de um direito
real
o Estão sujeitas ao PRINCÍPIO DA TIPICIDADE (só há as obrigações reais
previstas na lei, como por exemplo os arts. 1366º/1, 1567º/4, 1537º/1,
1454º/1 e 2, 1411º/1. 1472º/1 e 1424º/1 CC);
 São imprescritíveis, contrariamente às obrigações comuns – não se extinguem pelo
decurso do tempo, MAS SIM, extinguem-se, em regra, quando extingue o direito real
(quando este prescreve, o que, em regra, não acontece)

Ex: Condomínio

ATENÇÃO!! Obrigação só pode ter conteúdo positivo (fazer/adotar certo


comportamento) discute-se se pode ter conteúdo negativo (não fazer/adotar
determinado comportamento parece que sim)

Ex: OBRIGAÇÃO REAL DE CONTEÚDO NEGATIVO

A é proprietário de um certo terreno agrícola e dá a B o direito de usufruto desse


terreno durante 30 anos.

B é usufrutuário

Fica uma cláusula no contrato que diz que usufrutuário não pode cultivar
nada de 3 em 3 anos -- obrigação real (só pode ser aplicada relativamente a B,
titular do direito real, e não a toda a gente) de conteúdo negativo  esta
obrigação apenas é imposta ao titular do direito real

NÃO CONFUNDIR!! Obrigações reais de conteúdo negativo com o exercício do


direito real  OBRIÇÃO REAL DE CONTEÚDO NEGATIVO É RELATIVA (apenas é
imposta a quem é titular do direito real), enquanto que o DIREITO REAL É
ABSOLUTO

Ex: DIREITO REAL

vizinho entra dentro do meu terreno e corta uma árvore minha NÃO PODE

Vem cá um estrangeiro de férias e corta uma árvore minha NÃO PODE pois tal é o
exercício de um direito real que é do proprietário

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Ou seja, apenas o detentor do direito real o pode exercer, não podendo mais ninguém
o fazer DIREITO REAL É ABSOLUTO

OBRIGAÇÃO REAL AMBULATÓRIA OU NÃO AMBULATÓRIA

OBRIGAÇÃO REAL AMBULATÓRIA quando a obrigação acompanha sempre a


coisa acompanham o bem quando ele muda de titular quem tem de cumprir a
obrigação é quem é o titular da coisa

(ex: obrigação de pagar o condomínio e suportar as obras)

OBRIGAÇÃO REAL NÃO AMBULATÓRIA obrigação não acompanha a coisa


mesmo que o titular do direito transmita a coisa a outra pessoa, ele nunca se liberta da
obrigação e esta continua sempre junto dele

(ex: pagar as prestações anteriores e pagar obras que já foram feitas e não pagas – questão
não muito pacífica!! HÁ DIFERENTES POSIÇÕES DOUTRINAIS)

Ex: Na obrigação de pagar o condomínio (diferente da obrigação de pagar o preço,


em que a FONTE DA OBRIGAÇÃO É O CONTRATO E NÃO A PRÓPRIA
PROPRIEDADE)

Proprietário da fração quer vender o apartamento, mas já não paga condomínio há 1


ano novo proprietário recebe carta da administração do condómino a exigir
pagamento quem tem de pagar? O novo proprietário (e titular do direito real) ou o
antigo proprietário que foi quem se endividou?

RESPOSTA (divergência doutrinal):

 PARA ALGUNS: a obrigação real é SEMPRE ambulatória  Sendo o vendedor (antigo


proprietário) a ter que pagar, muitas das vezes essa dívida nunca mais será
recuperada, daí haver a tentativa de que a obrigação real seja SEMPRE ambulatória
(quem teria que pagar era o comprador);
 PARA OUTROS: é preciso distinguir a:
o obrigação de fazer (são sempre ambulatórias)
o obrigação de dar (é preciso verificar se a obrigação:
 já se venceu  NÃO AMBULATÓRIA
 ainda não se venceu AMBULATÓRIA

Se a lei dissesse que é o novo proprietário (comprador) a pagar o condomínio,


estaria a inibir potenciais compradores e essa não é a função do Direito

O valor do condomínio é em função dos serviços que este disponibiliza aos seus
proprietários logo, quem usufruiu desses serviços foi o antigo proprietário
(vendedor) e não o novo

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OBRIGAÇAO DE PAGAR O CONDOMÍNIO JÁ ESTÁ VENCIDA? Sim!! Já passou o


prazo de pagamento, logo quem tem que pagar é o vendedor e ainda com
juros

EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇOES REAIS


Modalidade particular de extinção das obrigações reais

RENÚNCIA LIBERATÓRIA se o devedor da obrigação só o é se for titular do direito


real, este devedor deixa de o ser se prescindir do seu direito real  (fica liberto da
obrigação real correspondente)

PRESCRIÇÃO DAS OBRIGAÇOES REAIS


em regra, todas as obrigações estão sujeitas à prescrição

Também prescrevem como as obrigações normais?

× PARA A MAIOR PARTE DA DOUTRINA: NÃO se a obrigação real está ligada a


um direito real, se o direito real não prescreve então a obrigação real também
não, MAS!! Se o direito real, ao qual está ligada a obrigação real, prescrever, aí
também a obrigação real prescreverá

Ex: tenho um pinhal no meio do monte.

Não lá vou durante 50 anos.  não deixo de ser proprietária do pinhal LOGO a
obrigação real associada ao direito de propriedade também não prescreve

Exceção:

No exemplo do condomínio sendo a obrigação real não ambulatória, quem tem a


obrigação de pagar não é o atual proprietário, mas sim o vendedor LOGO a obrigação
real autonomiza-se da coisa

EXEMPLOS NA LEI DE OBRIGAÇOES REAIS


 1411/1
 1424/1
 1472/1
 1474
 1530/1
 1567/1

2. ÓNUS REAL

Semelhanças:

 Também é uma obrigação (tem credor, devedor, tem eficácia relativa, etc)

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 Ónus recai sobre o lado passivo (devedor) pois ele é titular de um direito real (se
não fosse titular de um direito real não recaía sobre ele o ónus)

Diferenças:

 Enquanto que as obrigações reais podem ser de fazer(não ambulatória) ou de dar


(ambulatória), o ónus só pode ser de dar
 Ónus é sempre ambulatório (acompanha sempre a coisa) aquele sobre quem
vai recair a coisa vai ser sempre o titular do direito real
 A coisa a que esta ligada o ónus constitui sempre a garantia para o cumprimento
desse ónus, ou seja, se o devedor do ónus real tiver mais credores, a primeira
necessidade a ser respeitada é o credor do ónus  ónus é um encargo dessa
coisa, que a acompanha sempre

Ex: IMI (Imposto Municipal sobre Imóvel) quem tem que pagar é sempre o proprietário
da casa, na medida em que se trata de um encargo que acompanha sempre a pessoa que
é titular do direito real de propriedade sobre o imóvel, pelo que, caso este a venda, será o
novo proprietário a ter que pagar o IMI em atraso.

 Art 2018º (Apanágio do cônjuge sobrevivo)

Ex: A e B são casados, mas um tem o património todo (A) e outro não tem nenhum (B).

A morre e o seu património é dividido por amigos de A (C, D) o viúvo ficaria sem meio
de subsistência

B vai ter direito a alimentos produzidos pelo rendimento dos bens de A, os quais foram
herdados por C e D (e não por B).

Caso algum deles deixe de pagar a B, este tem garantia sobre a coisa.

E ainda, se C vender a F, este último tem de pagar a mesma quantia, e se não o fizer o B
tem garantia sobre a coisa.

3. PRETENSÃO REAL

É o único que NÃO É UMA OBRIGAÇÃO (não há credor nem devedor)

Ao contrário das duas anteriores (obrigação real e ónus real), É O LADO ATIVO que é o
titular do direito real (pretensão real)

Qualquer mecanismo, em princípio judicial, que permita ao titular do direito real


defender o seu próprio direito

Ex: quando está em causa a defesa do direito de propriedade: AÇÃO DE


REIVINDICAÇÃO (Arts 1311º e ss.) quando tentamos recuperar judicialmente algo
que nos foi tirado de forma ilegal relacionado com a característica da SEQUELA
DOS DIREITOS REAIS.

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VER CASOS PRÁTICOS: NOÇOES INTRODUTÓRIAS

3 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS REAIS

INERÊNCIA Commented [ILA(1]: Então as características de


absoluto etc etc faladas na aula 1 não são efetivamente
características dos direitos reais?? A PARTIR DESTE
PONTO É QUE A MATÉRIA INTERESSA PARA
Direito real está obrigatoriamente ligado a uma coisa (inseparabilidade do direito e
REOLVER CASOS PRÁTICOS
da coisa) sem coisa, não há direito real  os direitos reais implicam a efetiva
afetação das utilidades da coisa à realização dos interesses do respetivo titular

Se a coisa mudar, o direito NÃO SE MANTÉM sobre a coisa novapelo facto de o


direito real ser inerente à coisa

Ex: tenho um livro e ele arde. Compro um novo. Não prevalece o direito real que existia
sobre o primeiro livro, mas sim, cria-se um novo direito real. (MAS!! Há casos em que se
mantém o direito real sobre a nova coisa ver mais à frente)

Direito real tem que ser sobre uma coisa:

× existente (não incide sobre coisas futuras),


× certa
× determinada

ex:

 prof vende carro a aluno, estando o carro no parque de estacionamento e arde


aluno vai ter de pagar o preço do carro pois o direito de propriedade (direito real)
transmite-se por mero efeito do contrato (devido ao princípio da
consensualidade dos direitos reais)
 prof vende carro a aluno, MAS tem dois e contrata que o aluno quando chegar ao
parque de estacionamento escolherá qual dos carros. Ardem os dois carros
aluno não terá de pagar a coisa pois a coisa é indeterminada logo a propriedade
não se transmite por mero efeito do contrato (devido ao art 408º/2 não se Commented [ILA(2]: OU SEJA, NESTE EXEMPLO NÃO
aplica o principio da consensualidade, MAS SIM o princípio da HÁ OBRIGAÇÃO REAL CERTO?? Não

especialidade/individualização)

Nota: Esta característica típica dos direitos reais, que é a inerência, admite exceções
como prevê o art 1545º/1, como acontece no regime do art 1568º, relativamente às
servidões prediais, segundo o qual certas mudanças objetivas da servidão se dão com
manutenção do primitivo direito

EXCEÇÕES (à característica da inerência—inseparabilidade do direito e da coisa):

× SUB-ROGAÇÃO REAL: nome que se dá quando há substituição da coisa (num


determinado património OU especificamente, como objetivo) direito real que já

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existia vai passar a incidir sobre a nova coisa os poderes que recaíam sobre a
antiga coisa (coisa substituída), passam a incidir sobre a nova coisa
(art 1480º pessoa é usufrutuária de uma casa e a mesma ardeUsufruto que
incidia sobre a casa, vai passar a incidir sobre o dinheiro da indemnizaçãoo tipo de
direito é o mesmo, mas o direito assume modalidades diferentes, tendo assim
projeção no seu conteúdo)
o 1536º/1 b) (Casos de extinção do direito de superfície, quando é destruída a obra
ou flores o superficiário mantém o direito de superfície sobre o que reconstruir ou
replantar, MAS terá que o fazer no respetivo prazo, a contar da destruição)

o 1539º/2 (os direitos reais de gozo ou de garantia constituídos pelo superficiário


em favor de terceiro são transferidos para a indemnização, sendo então uma
exceção à inerência)

Ex: Direito de superfície direito real de gozo

A é proprietário do soloTudo o que for construído sobre o terreno é dele

MAS! A pode ceder o direito de superfíciePassamos a ter 2 proprietários: A proprietário


do solo; B proprietário de tudo o que construir e plantar sobre o solo

Muito usado em centros comerciais e centros desportivos (estádios)

EXTINÇÃO DO DIREITO DE SUPERFÍCIE:

Coisas de B destroem-se destruídas as coisas objeto do direito de superfície, a


reconstrução ou renovação da plantação, dentro de certos prazos (10 anos a contar da
destruição), impede a extinção do direito de superfície lá existente, SALVO SE!!! A
extinção estiver estipulada no respetivo título constitutivo(1536º/2)

Não confundir INERÊNCIA com:

× IMEDIAÇÃO (também é característica dos direitos reais)traduz a


circunstância de o titular do direito real ter ao seu alcance a possibilidade de
realizar o seu interesse à custa das utilidades da coisa, sem depender de
qualquer conduta positiva ou negativa (omissiva) de outrem (terceiro)

O direito real não deixa de ser inerente à coisa se for mediato


(embora, em regra, uma característica acompanhe a outra) assim, os
direitos reais, não perdem, só por serem mediatos, a natureza de direitos
reais (apenas por existirem situações jurídicas em que, para a satisfação
do interesse do titular do direito real, seja necessária a
intervenção/colaboração de um terceiro) como ocorre nos direitos
reais de garantia e de aquisição (por outro lado, a imediação verifica-se
no direito do locatário)

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× PODER DIRETO (também é característica dos direitos reais) envolve uma


ideia de atuação sobre a própria coisa e, em certo sentido, até a detenção
da mesma
A inerência não exige nada disso (embora em muitos casos,
nomeadamente nos direitos reais de gozo, tal se verifique)
A afetação jurídica da coisa, de modo a assegurar a satisfação do
interesse do sujeito do direito real à sua custa, pode assumir várias
feições, sendo o poder direto uma delas

SEQUELA

Ação de Reivindicação de Direitos Reais (1311º e 1315º) relaciona-se com a característica da sequela
dos Direitos Reais

(uma das menos discutidas características dos direitos reais impôs-se doutrina
nacional)

ATENÇÃO!!

Sequela não pode ser vista como um DIREITO ou mesmo uma FACULDADE
AUTÓNOMA RELATIVAMENTE AO DIREITO REAL

Sequela pode então ser entendida como uma característica que se exprime através de
um DIREITO SUBJETIVO

Possibilidade de o direito real ser exercido sobre a coisa que constitui o seu objeto,
mesmo quando na posse ou detenção de outrem, onde quer que ela se encontre
POSSIBILIDADE de perseguir a coisa onde quer que ela esteja

Sequela pode surgir sob múltiplas manifestações, ligadas ao tipo de afetação da


coisa, segundo as várias modalidades dos direitos reais

 COMO É PRÓPRIO DOS DIREITOS REAIS DE GOZO, a sequela tem de


assegurar ao seu titular meios de atuação sobre a coisa
× Ação de reivindicação (arts 1311º e 1315º)
Possibilidade de o titular do direito obter o reconhecimento do seu
direito e reivindicar a coisa, pedindo a sua entrega, onde quer que a
mesma se encontre

Ex: se alguém me rouba o computador posso interpor ação de reivindicação contra essa
pessoa se quem roubou vende a 3º posso interpor ação contra 3º pois O MEU DIREITO
É ABSOLUTO

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 (generalidade dos) DIREITOS REAIS DE GARANTIA (nomeadamente a


HIPOTECA)
o interesse do credor fica assegurado mediante a possibilidade de fazer vender
a coisa, esteja ela no património do devedor ou de terceiro, para, através do
produto da sua venda (dinheiro gerado pela venda) realizar o seu direito

 DIREITOS REAIS DE AQUISIÇÃO (nomeadamente o DIREITO DE


PREFERÊNCIA)
O que importa ao preferente é a possibilidade de fazer valer a sua coisa
(adquirir), coisa essa alienada por quem está vinculado a DAR
PREFERÊNCIA ao titular do direito de preferência

EXCEÇÕES À SEQUELA

No plano substancial, quando estas exceções prevalecem, limitam a sequela, no plano


formal, é como se o terceiro tivesse adquirido, sobre a coisa, um direito mais forte do
que o verdadeiro titular:

(fator que têm em comum é ESTAR EM CAUSA A BOA FÉ DE TERCEIRO estando o


terceiro de boa fé, pode ficar PARALISADA A POSSIBILIDADE DE O TITULAR DO DIREITO
REAL O FAZER VALER CONTRA O 3º PROTEGIDO)

× Constituição de posse sobre imóveis a favor de terceiro de boa fé (NÃO


RELEVA NO SISTEMA JURÍDICO PORTUGUÊS “A POSSE VALE TÍTULO” NÃO
!!!!!)

Se alguém comprar uma COISA MÓVEL a comerciante do correspondente


ramo e estiver de boa fé, pode fazer valer a sua posse assim adquirida contra o
verdadeiro proprietário da coisa, mesmo que esta tenha sido ilegitimamente
desapossado dela (mesmo que o proprietário da coisa tenha sido roubado) pelo
comerciante ou por terceiro que àquele a tenha vendidoposse vale título, ou
seja, a posse substitui-se ao título válido de aquisição, que afinal, o terceiro
não se mostra munido?

Em Portugal não vale o sistema “A POSSE VALE TÍTULO” logo eu posso ir atrás da
coisa (SEQUELA)

Não se aplica em matéria de compra e venda, pelo que o verdadeiro proprietário da


coisa móvel, feito prova desta qualidade, pode exigir a sua entrega àquele que a
comprou DE BOA FÉ, mesmo que a venda tenha sido feita por comerciante que se
dedique ao comércio de coisas do mesmo género ou de género semelhante, MAS!!

Há uma obrigação legalmente imposta ao proprietário na reivindicação da coisa que


é RESTITUIR O PREÇO PAGO PELO ADQUIRENTE DE BOA FÉ

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Ex: A vende eletrodomésticos; B compra micro-ondas a A; mas o micro-ondas era


roubado a C C pode ir exigir o bem junto de B, mas para a recuperar terá que pagar o
valor do bem, desde que B esteja de boa fé e uma vez que este comprou a um vendedor,
confiando assim na sua posição de vendedor (sistema misto da posse vale título)

× Inoponibilidade da invalidade a terceiros de boa fé

A simula negócio com B B vende a C (aquisição tabular) NEGÓCIO ENTRE A e B é


nulo, logo a propriedade seria de A mas como a coisa está com C depende dos
5 pressupostos do art 291º

1. negócio jurídico respeitante a bens imóveis ou móveis


sujeitos a registo;
2. adquiridos a título oneroso,
3. por TERCEIRO DE BOA FÉ,
4. com o registo de aquisição for anterior ao registo da ação de
nulidade ou anulação)
5. ação proposta e registada dentro dos três anos posteriores à
conclusão do negócio

CASO SE VERIFIQUEM OS 5 PRESUPOSTOS A não podia ir buscar a coisa junto de


C, que não sabia de nada (exceção à sequela);

× Aquisição registal

Neste caso, estão em causa certas regras do registo, por força das quais uma pessoa
que adquiriu, com vício, certo direito e beneficia do registo do correspondente ato
aquisitivo terceiro de boa fé VÊ CONSTITUIDO A SEU FAVOR UMA SITUAÇÃO
JURÍDICA QUE PODE OPÔR AO VERDADEIRO TITULAR DESSE DIREITO

PREVALÊNCIA
(não confundir!! Com direito de preferência termo utilizado pela lei para identificar a
faculdade obrigacional ou real, reconhecida a alguém, de ser preferido a terceiros na
aquisição de um direito (arts 414º e ss.))

Prevalecer trata-se de ESTABELECER PRIORIDADE DE UM DIREITO SOBRE OUTROS, SE


ENTRE ELES HOUVER INCOMPATIBILIDADE (ex: art 407º- incompatibilidade entre
direitos pessoais de gozo MAS TER EM CONTA ART 6º do Código Registo Predial)

Há quem diga que prevalência é característica exclusiva dos direitos reais:

exceção: ( art 407º- incompatibilidade entre direitos pessoais de gozo MAS TER
EM CONTA ART 6º do Código Registo Predial ex: se eu emprestar a alguém o meu
livro, essa pessoa tem o direito pessoal de gozo (não é direito real); na mesma semana

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empresto livro a outra pessoa (DIREITOS PESSOAIS DE GOZO INCOMPATÍVEIS)


neste caso prevalece o primeiro, ainda que nem se tratem de direitos reais

o direito real tem EFICÁCIA ABSOLUTA e prevalece sobre outro direito


que não tenha a mesma força prevalece o DIREITO REAL sobre obrigações
relativas
 A tem quinta e faz contrato com B, nos temos do qual B pode ir lá
passear todos os fins de semana;
 A vende a quinta a C  B não pode exigir ir passear todos os fins de
semana à quinta que agora é de Co direito de B é relativo sendo
apenas exigível a A. Por outro lado, o direito de C é real
(absoluto) logo é SUPERIOR.
Direito Real prevalece sobre outros direitos inferiores que não sejam compatíveis com
o mesmo, independentemente de o direito real ter sido constituído antes ou

Quando são 2 Direitos Reais prevalece sobre o outro o que tiver sido constituído em
primeiro lugar NÃO HÁ HIERARQUIA DENTRO DOS DIRIETOS REAIS (todos os
direitos reais têm a mesma força nesta situação)

depois

NÃO SE COLOCAM EM TERMOS DE PREVALÊNCIA, MAS SIM!! DE


COMPATIBILIZAÇÃO DO RESPETIVO CONTEÚDO DOS DIREITOS, quando falamos de
relações, que se refiram a uma mesma coisa, entre:

 Direitos reais menores


 Direitos reais e direitos pessoais de gozo/direitos de crédito

Assim,

A pode ser proprietário da coisa X, B seu usufrutuário e C seu arrendatário, sem que,
neste concurso de direitos se encontrem problemas de prevalência.  o conteúdo de
cada um dos deles não colide com o dos demais, mas sim acomodam-se, pelo que
o exercício das correspondentes faculdades pode verificar-se sem que ocorra
problema

MAS!! Se A se obriga a emprestar certa coisa X a B, não pode invocar a


prevalência do direito real para se libertar da obrigação, que deve respeitar.

Se, porém,

A vender X a C, este NÃO É OBRIGADO a emprestá-la a B (pois tal era obrigação de A,


e não de C) neste sentido, o DIREITO REAL PREVALECE SOBRE O DIREITO DE CRÉDITO

EXCEÇÕES:

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 Direito real que prevalece sobre direito real mais antigo (art 751º- Privilégio
imobiliário especial e direitos de terceiro)
 Direito de crédito que prevalece sobre o direito real (art 746º-Privilégios por
despesas de justiça)

(privilégios apenas beneficiam os privilégios quem está estipulado na lei, podem


ser especiais (sobre uma coisa concreta) ou gerais (sobre todo o património)
trabalhadores têm privilegio especial imobiliário (quem recebe em primeiro lugar se
o edifício for vendido são eles) e geral mobiliário (todas as coisas móveis que estão
dentro deste edifício, se forem vendidas, os trabalhadores recebem primeiro)
apenas há direito real sobre a coisa imóvel pois todas as coisas móveis são
indeterminadas)

REVELÂNCIA CONJUNTA DA PREVALÊNCIA E DA SEQUELA

(traduz a mais forte tutela de que beneficiam os direitos reais quando confrontados
com os direitos de crédito) legislador, quando entende conveniente, atribui a meras
situações jurídicas pessoais uma proteção mais eficaz que em geral lhes está reservada
podendo assim fazer uso de meios jurídicos que normalmente são próprios dos direitos
reais

 Possibilidade de assegurar a realização de créditos mediante o recurso a


garantias reais, que vivem paralelamente ao crédito, e que, como verdadeiras
figuras reais, têm características próprias deste tipo de situações jurídicas
 Permissão ao titular de direitos pessoais para recorrer aos meios possessórios
 Criação de certos instrumentos jurídicos que asseguram resultados próximos
dos que decorrem de certas características dos direitos reaisImpugnação
pauliana como sucedâneo da sequela
Ex: venda com reserva de propriedade (art 409º); leasing  este tipo de
negócios asseguram um resultado equiparável ao de um direito real de
garantia

AULA 3

PRINCÍPIOS DOS DIREITOS REAIS

1.PRINCÍPIO DA TIPICIDADE

(Fixação de certas categorias jurídicas ou tipos em Direitos das Obrigações,


particularmente, a fixação de categorias jurídicas não assume caráter de taxatividade
ou exclusividade (os particulares podem criar, com relevância jurídica, categorias que
melhor assegurem a realização dos seus interesses) MAS!! EM DIREITOS REAIS

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PREVALECE O PRINCÍPIO DA TIPICIDADE está vedado/proibido às partes


criarem, COMO REAIS, direitos de garantia e de aquisição, para além do elenco
normativamente definido) + impossibilidade de aplicação analógica das normas que
fixam o regime dos direitos reais a situações jurídicas NÃO REAIS

Baseado no Art.1306 nº1: apenas podemos escolher um direito real se ele já tiver
prévia e expressamente previsto na lei;

ARTIGO 1306º («Numerus clausus»)

Artigo 1306o
«Numerus clausus»

1 – Não é permitida a constituição, com caráter real, de restrições ao direito de


propriedade ou de figuras parcelares deste direito senão nos casos previstos na lei;
toda a restrição resultante de negócio jurídico, que não esteja nestas condições, tem
natureza obrigacional.
2 – O quinhão e o compáscuo constituídos até à entrada em vigor deste código
ficam sujeitos à legislação anterior.

Artigo 293o
Conversão
O negócio nulo ou anulado pode converter-se num negócio de tipo ou conteúdo
diferente, do qual contenha os requisitos essenciais de substância e de forma, quando
o fim prosseguido pelas partes permita supor que elas o teriam querido, se tivessem
previsto a invalidada.

Impede os particulares de criarem, com eficácia real, situações jurídicas que não
estejam tipificadas como tal na lei (como situações com eficácia real)  perante uma
situação não tipificada, o que se verifica é não haver norma jurídica que a regule, sem
que isso signifique a existência de uma lacuna na lei (APENAS SIGNIFICA QUE
ESSA SITUAÇÃO NÃO EXISTE COMO UMA SITUAÇÃO JURÍDICA REAL)

DISTINÇÃO IMPORTANTE

RESTRIÇÕES AO DIREITO DE PROPRIEDADE em Portugal temos aquilo a que se


chamam tipos abertos, que permitem uma vez escolhido o direito real, uma margem
de alteração ao interessado

 Servidões 1544º

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 Usufruto 1445º
 Superfície1524º

vs
FIGURA PARCELAR é um outro modo de ser proprietário

 Compropriedade 1414º e ss.


 Propriedade horizontal

ATENÇÃO!! As QUALIFICAÇÕES LEGAIS e as QUALIFICAÇÕES DOS PARTICULARES não


são em si mesmas vinculativas o que importa é verificar se determinada situação
jurídica participa das características que QUALIFICAM a correspondente categoria

 RESTRIÇÃO AO DIREITO DE PROPRIEDADE (2ª parte do 1306º/1)

Aproveitamos o negócio, mas tem mera eficácia/natureza obrigacional

- Toda a restrição resultante de negócio jurídico, que não esteja nestas condições, tem
natureza obrigacional  é estatuída assim a CONVERSÃO LEGAL DESSE
NEGÓCIO sendo o negócio jurídico nulo por impossibilidade legal do objeto (art 280º)
e não podendo produzir-se os efeitos visados pelas partes, a lei atribui a eficácia
sucedânea de constituição de uma figura creditícia HOMÓLOGA

ATENÇÃO!! Apenas podemos aplicar o 293º(conversão), mas só se as partes provarem


que essa correspondia à sua vontade inicial.

o (art 405º) EFICÁCIA OBRIGACIONAL Consequência automática (não


depende da vontade das partes)

VS

o (art 293 CONVERSÃO) não é obrigatório o regime, depende da vontade das


partes, MAS PRESUME-SE QUE ESSA SERIA A VONTADE DAS PARTES) (aqui
não precisamos que eles provem porque também temos o 1306º(numerus
clausus) com a PRESUNÇÃO  293º+1306º não é sequer defensável que
não seja admitido aos autores do ato, a demonstração de que não teriam querido
ficar com um mero direito de crédito, para o caso de não poder o negócio
celebrado valer como mero constitutivo de direito real

Ex:

A e B intentaram constituir, por contrato, a favor de B, uma servidão predial de


passagem(DIREITO REAL, logo, ABSOLUTO), sem se verificarem, para tal, os requisitos
legais dessa servidão  o negócio não pode ter o efeito pretendido tem-se porém

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constituída uma SERVIDÃO PESSOAL que, como mero direito de crédito (DIREITO
RELATIVO), permite a B passar pelo terreno de A A fica obrigado a permitir a
passagem de B no seu terreno, (mas caso A venda a C o terreno, este C não estará
obrigado a permitir a passagem de B no seu terreno, uma vez que a servidão é pessoal)

verificou-se, assim, uma CONVERSÃO LEGAL (verifica-se sem a necessidade de se


preencherem os requisitos de que depende a conversão comum, prescritos no art 293º)
mas só se essa corresponder à vontade das partes

 FIGURAS PARCELARES AO DIREITO DE PROPRIEDADE (1ª parte do


1306º/1) Commented [ILA(3]: Ver
melhooooooooooooooooooooooooor

QUANDO AS PARTES QUEREM CRIAR UMA FIGURA PARCELAR AO DIREITO DE


PROPRIEDADE:

Diferentes posições doutrinais:

 (se não está previsto no 1306) aplicar o 293º (transformar um negócio com
eficácia real num negócio com mera eficácia obrigacional só vai haver
conversão se se provar que era essa a vontade deles, ou seja, terá que se
provar que as partes conceberam que mesmo que não fosse possível a
eficácia real, partes pretendiam a mera eficácia obrigacional) Só é admitida
a conversão se o “fim prosseguido pelas partes permitir supor que elas o teriam
querido, se tivessem previsto a nulidade” são as partes que têm que provar que
queriam converter o negócio por exemplo, escrevendo no contrato que se não
for possível a eficácia real do contrato, que as partes lhe querem atribuir eficácia
obrigacional

 (prof Menezes Leitão) consequência para a situação de as partes quererem criar


uma figura parcelar ao direito de propriedade é IGUAL à aplicada quando se
verifica uma restrição ao direito de propriedade eficácia obrigacional como
consequência automática (art 1306º), OU funcionando, a presunção de que
essa seria a vontade das partes (embora caso não corresponda à vontade das
partes, estas poderão provar tal facto)

2. PRINCÍPIO DA COISIFICAÇÃO

Direitos reais incidem necessariamente sobre coisas

MAS!! Há hipóteses no CC em que direitos reais não incidem sobre coisas, mas sim
sobre DIREITOS:

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 USUFRUTO (1439º) usufruto incide sobre direito de propriedade


 PENHOR (666º/1)
 HIPOTECA (688º/1)

3. PRINCÍPIO DA ATUALIDADE/IMEDIAÇÃO
(tem que ver com a característica da inerência)

Só há direitos reais sobre coisas atuais não há direitos reais sobre coisas futuras

Falamos quer da noção em sentido:

o Absoluto(não existe mesmo)


o Estrito (coisa existe, mas ainda não está na minha esfera jurídica, logo não
posso dispor dela)) a não ser que se trate a venda da coisa como venda de
bens futuros, não é válida, mas mesmo que tratemos como venda de bens
futuros não tem eficácia real (art 895º e 893º)

4. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE/INDIVIDUALIZAÇÃO
(tem que ver com o princípio da inerência)

Só pode haver direito se a coisa estiver determinada, individualizada,


especializada;

o Quando a coisa está então concretizada o direito real transfere-se por mero
efeito de contrato (princípio da consensualidade)

o Quando não é determinado temos de esperar por essa concretização 408º


nº2(não é por mero efeito do contrato!!!!):
 Coisa futura só quando adquirida pelo alienante
 Indeterminada quando for determinada
 Frutos naturais, com a colheita
Ex: Enquanto as laranjas estão ligadas à árvore ainda não há individualização
da coisa, ou seja, é necessário que a coisa se autonomize.
 Partes integrantes e partes componentes (coisa móvel ligada com caráter de
permanência à coisa imóvel) apenas se transmite a propriedade quando a
parte componente ou integrante é separada da coisa
principal/imóveltratamento semelhante, MAS COM UMA DIFEREÇA:
- Parte componente é indispensável à finalidade e utilização que se dá
ao imóvel;
- Parte integrante até pode aumentar o valor, mas não é essencial ao
uso do imóvel.

Exº:

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 Se forem frutos naturais (fruta) direito de propriedade transmite-se quando os


frutos são colhidos  dá-se a transmissão do direito real quando a coisa (laranjas)
ficar autónoma

 Pneus no carro não são partes integrantes (coisa móvel ligada com caráter de
permanência a uma coisa imóvel), na medida em que o próprio carro é uma coisa
móvel Commented [ILA(4]: Certo??

Parte componente é indispensável para a utilização da coisa imóvel

 Elevador, em regra é parte integrante, mas dependendo da altura do prédio, pode


passar a ser parte componente

Se quiser vender só a parte componente/integrante, a transmissão de propriedade


apenas se dá com a separação da coisa

5. PRINCÍPIO DA COMPATIBILIDADE/EXCLUSÃO

Se os direitos reais forem compatíveis é possível que sobre a mesma coisa, ao


mesmo tempo, COIXISTAM DIREITOS REAIS

 PROPRIEDADE
 USOFRUTO
 SERVIDÃO
 HIPOTECA

Assim,

A pode ser proprietário da coisa X, B seu usufrutuário e C seu arrendatário, sem que,
neste concurso de direitos se encontrem problemas de prevalência.  o conteúdo de
cada um dos deles não colide com o dos demais, mas sim acomodam-se, pelo
que o exercício das correspondentes faculdades pode verificar-se sem que
ocorra problema

MAS!! Se A se obriga a emprestar certa coisa X a B, não pode invocar a


prevalência do direito real para se libertar da obrigação, que deve respeitar.

6.PRINCÍPIO DA ELASTICIDADE/CONSOLIDAÇÃO

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DIREITOS REAIS NÃO TÊM SEMPRE O MESMO CONTEÚDO podem ser


expandidos ou limitados consoante outros direitos que, entretanto, surjam

Ex:

- Posso plantar uma árvore no meu terreno? Sim


- Posso plantar uma árvore no meu terreno se nele passar uma servidão? Não
conteúdo da propriedade não é imutável pode-se expandir ou limitar
consoante outros direitos que surjam
- Quando deixar de passar no meu terreno a servidão posso plantar uma árvore?
Sim  o meu direito de propriedade, extinta a servidão, readquire a sua plena
força

7.PRINCÍPIO DA CONSENSUALIDADE

Para a transmissão do direito real, basta o mero consenso entre as partes

 SISTEMA DO MODO vigente na Alemanha (1º negócio jurídico não chega para
produzir eficácia real é preciso um 2º NJ para a eficácia e ainda é precisa a
tradição da coisa 2 NJ são independentes)
 SISTEMA DO TÍTULO E DO MODO vigente em Espanha (temos 2 NJ para
produzir a transmissão do dto real mas!! Os dois negócios não são
independentes o 1º é + importante, pois caso seja inválido, o 2º não tem efeito
nenhum também)
 SISTEMA DO TÍTULO vigente em PORTUGAL (apenas há 1 Negócio Jurídico
para que haja transmissão do direito real princípio da consensualidade)

8.PRINCÍPIO DA BOA-FÉ

Qualquer NJ tem que obedecer à boa-fé

Em Direito das Obrigações (792/2, dimensão objetiva padrão de conduta/nível de


exigência que qualquer pessoa tem que cumprir para a feitura do NJ)

EM DIREITOS REAIS: dimensão subjetiva:

Boa fé deve ser avaliada em sentido:

 Psicológico (se sabia (que por exemplo o negócio que celebrava com outra parte,
assumindo a parte de comprador, se tratava de uma venda de bens alheios), está
de má fé, se não sabia, está de boa fé)

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 Ético (se não sabia está de boa fé, mas ainda se tem que averiguar se mesmo
não sabendo, se teria obrigação de o saber, pois caso tivesse essa mesma
obrigação, está de má fé)

Ex:

A vende casa a B (B não regista); A vende a C e este regista negócio entre A e C é


válido se C estiver de BOA FÉ

INSTITUTOS EM QUE É MUITO IMPORTANTE ESTE PRINCÍPIO:

 REGISTO
 PRAZOS PARA USUCAPIÃO (depende de a pessoa ser possuidora possuidor
de má fé precisa de cumprir prazo muito superior ao possuidor de boa fé)
 ACESSÃO INDUSTRIAL IMOBILIÁRIA (por engano pego nos meus tijolos e
materiais e começo a construir no terreno do vizinho, pensando que terreno é
meu se estiver de boa fé, terá que se saber qual deles trouxe mais valor, se
com a construção da casa, se o do terreno)

ATENÇÃO!! No abuso de direito é o único instituto em que se aplica a conceção


OBJETIVA da boa fé

ATO EMULATIVO ato em que a intenção é unicamente prejudicar outra pessoa

9.PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

Publicidade respeita a factos que, pela sua importância ou relevância importa dar a
conhecer para além do círculo de pessoas a quem diretamente respeitam, tornando-os
patentes ou públicos publicidade acompanha realidades jurídicas diversas, em relação
às quais se verifica a necessidade de as tornar públicas, ou, pelo menos, de possibilitar ou
facilitar o seu conhecimento por terceiros (designam-se genericamente como terceiros, as
pessoas a quem o conhecimento dessas realidades interessa, mas não o podem obter
diretamente por não terem participado nos atos correspondentes a publicitação dos
atos constitui, então, um importante fator de tutela (o desconhecimento da real
situação das coisas pode afetá-las, no que respeita às consequências dos negócios que
em relação a elas venham a praticar))

Razão de ser: tendo o direito real eficácia absoluta (oponível contra qualquer pessoa),
as outras pessoas têm que conhecer a existência desse direito (a realidade jurídica)

2 figuras cujo objetivo é a publicidade da situação jurídica do bem:

 REGISTO Para bens imóveis e bens móveis sujeitos a registo

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 POSSE publicidade espontânea, fundada na posse, respeita tanto a bens


móveis como imóveis MAS FUNCIONA COMO MEIO EXCLUSIVO DE
PUBLICIDADE DE DIREITOS REAIS QUE TÊM POR OBJETO COISAS
MÓVEISPara bens móveis não sujeitos a registo há, assim, um
comportamento social indicador da titularidade de certo direito
(correspondente sempre a uma coisa corpórea existente, certa e determinada),
daí que o seu exercício seja normalmente acompanhado de atos materiais sobre
a coisa que, em regra, pressupõem a sua detenção essa atuação material
sobre a coisa possibilita o seu mais fácil conhecimento por terceiros (o possuidor
ganha a “reputação” de proprietárioembora esta ideia seja válida quer para
bens móveis como para bens imóveis)

Artigo 1251o
Noção de Posse

Posse é o poder que se manifesta quando alguém atua por forma correspondente ao
exercício do direito de propriedade ou de outro direito real.

Posse:
 Está ligada a direitos reais de gozo
 envolve uma atividade material, genericamente de uso ou de fruição de uma
coisa, correspondente ao conteúdo de certo direito real pela sua
materialidade, a posse é percetível por terceiros

AULA 4

(TODOS OS ARTIGOS DESTA AULA SERÃO DO CÓDIGO DE REGISTO PREDIAL)

PRINCÍPIOS DO REGISTO PREDIAL

NOTA IMPORTANTE:

Não há um Princípio da Tipicidade do Registo problema coloca-se quanto aos factos


sujeitos a registo, estando em causa saber se estes constituem ou não um numerus
clausus importa apurar se a enumeração dos fatos e ações sujeitos a registo,
constante dos Arts 2º e 3º CódRegPred tem caráter taxativo OU exemplificativo

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Há que ter em consideração a forma de resolução desta questão, mas relativa ao


PRINCÍPIO DA TIPICIDADE DOS DIREITOS REAIS, sendo, assim, mais fácil responder a
esta questão em sede de registo a tipicidade dos direitos reais não se estende aos
factos de que dependem as suas vicissitudes Commented [ILA(5]: (restrições ou figuras
parcelares)????
ENTÃO, se se referir a tipicidade ao objeto do registo em si mesmo (isto é, aos factos
jurídicos) não pode, senão, entender-se que a enumeração dos factos sujeitos a registo, feita
no CódRegPred não pode ser taxativa

1. Princípio da instância (art 41 Cód Reg Pred)

Registo, em Portugal, não é feito oficiosamente depende sempre de requerimento


dos interessados (salvo nos casos previstos na lei, o registo deve ser pedido, por quem
tenha para tal legitimidade)

Quem tem legitimidade para efetuar esse pedido?

Art 36º fazer remissão lado passivo ou lado ativo da relação jurídica (ex: A Commented [ILA(6]: (remissão do art 41 crpred para o
compra a B um imóvel e esta ação tem que ser registada quer A ou B pode requerer 36º)

registo MAS TAMBÉM PODERÁ REQUERÊ-LO QUALQUER OUTRO 3º INTERESSADO);


também têm legitimidade (obviamente) todas as pessoas que estejam obrigadas a
promover o mesmo registo

ATENÇÃO!!

O Princípio da Instância não implica, necessariamente, o caráter obrigatório ou


facultativo do registoo registo pode depender de pedido dos interessados e, ainda
assim, ser obrigatório (neste caso, o interessado não tem apenas o ónus jurídico de
requerer o registo, mas tem antes o dever de o fazer se não o cumprir, comete uma
transgressão, ficando sujeito à respetiva sanção)

Ex: Registo Predial é obrigatório (arts 8-A a 8-D CRPred)

2. Princípio da obrigatoriedade (art 8-A Cód Reg Pred) Commented [ILA(7]: SIGNIFICADO DA REMISSSÃO
FEITA NO Cod RegPred:Remissão no art 8ª quer dizer:
apesar do registo ter que ser pedido(art 41), ele é
obrigatório!! (art8)
Apesar de o registo ter que ser pedido, este NÃO É FACULTATIVO REGISTO
PREDIAL é obrigatório

 Quais os factos sujeitos a registo? Art 8º-A CódRegPred


 Quem está sujeito à obrigação de registar/deve promover o registo? Art 8º-B
CódRegPred
 Quais os prazos para promover o registo? Art 8º-C CódRegPred

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 O que acontece se não promover o registo no devido prazo? Art 8º-D


CódRegPred Se alguém não cumprir essa obrigatoriedade, teria de lhe ser
aplicada determinada sanção Neste caso, a sanção aplicável é ter de pagar o
dobro do custo do registo se tiver passado o prazo em que o deveria ter feito ( prazo
esse estipulado no art 8º-C) obrigado ao EMOLUMENTO

3. Princípio da Legalidade (art 68º Cód Reg Pred)

Princípio da Legalidade decorre do caráter PÚBLICO do registo sendo o conservador


e demais servidores das conservatórias funcionários PÚBLICOS, todos estão, nessa sua
qualidade, subordinados à lei, que devem respeitar, estando, deste modo, sujeitos ao
princípio da legalidade

NÃO CONFUNDIR!! NOTÁRIO (trabalha num cartório) DIFERENTE DE CONSERVADOR


DE REGISTO (trabalha na conservatória notarial)

Quando eu vou pedir o registo, o CONSERVADOR apenas o faz se forem respeitados


todos os elementos para chegar à conclusão sobre:

 Identidade do prédio
 Legitimidade dos interessados (alguém a quem a lei a reconheça essa
legitimidade)
 Verificar a regularidade formal do título (não posso registar um bem imóvel
por meio de documento particular)
 Verificar a validade substancial do negócio subjacente àquele registo

× Se tudo estiver conforme os trâmites legaisconservador concretiza o REGISTO


DEFINITIVO
× Se o conservador identificar problemas graves pode RECUSAR O REGISTO
APENAS NAS HIPÓTESES EXPRESSAMENTE PREVISTAS NO ART 69º

(ATENÇÃO!! Art 69º al) d) quando for manifesta a nulidade do ato SÓ
PODE RECUSAR SE O NEGÓCIO FOR NULO (MANIFESTAMENTE
NULO/NULIDADE PATENTE)

ex: duas crianças aparecem sozinhas no registo comercial para registar a compra
e venda de um imóvel, um vendeu e outro comprou NEGÓCIO ANULÁVEL logo
o conservador não pode recusar-se

Motivos pelos quais a anulabilidade não pode ser causa de recusa do


registo por parte do conservador do registo

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 Desde logo, os negócios anuláveis produzem os seus efeitos


enquanto não sejam invalidados (invalidados a requerimento das
pessoas a quem a lei estabelece legitimidade, nos termos do art
287º/1) não seria correto atribuir ao conservador um poder que iria
pôr em causa a eficácia do ato, num campo que é deixado à
disponibilidade de certas pessoas (estipuladas por lei)

 Anulabilidade não é de conhecimento oficioso do tribunal,


dependendo antes da arguição do interessado permitir a
interferência dos funcionários dos serviços e registo nesta matéria seria,
então, atribuir-lhes poderes mais amplos do que os reconhecidos ao
poder judicialSe o negócio for apenas anulável, o tribunal não pode
atuar, apenas o pode fazer quando a anulabilidade for invocada por uma
das partes se nem o tribunal pode atuar sozinho, muito menos o
conservador

× se conservador estiver em dúvida:


MAS FOREM DÚVIDAS PEQUENAS art 73º (Suprimento de deficiências)

SE NÃO FOR POSSIVEL SOLUCIONAR POR ESSA VIA  conservador vai registar,
mas não definitivamente!! REGISTO PROVISÓRIO POR DÚVIDAS (fundamento
do registo provisório é o conservador ter dúvidas quanto ao ato)
(ATENÇÃO!! Só nos casos mais graves, que estão taxativamente enumerados no Art
69º é que o conservador deverá recusar o registo)
Há um outro tipo de registo provisório: REGISTO PROVISÓRIO POR NATUREZA
(o próprio registo não pode ser feito definitivamente, dada a sua natureza)
Ex: qualquer ato relativamente a um imóvel tem que ser registado,
inclusivamente ações judiciais se o proprietário quiser o imóvel de volta: AÇÃO DE
REIVINDICAÇÃO tem que ser registada, mas não se sabe se vai ou não ganhar a
ação: registo provisório da ação de reivindicação (dada a natureza do registo)

Caso o particular não concordar com a decisão do conservador: (art


140º)Impugnação por parte do requerente (meios de reação por parte do Commented [ILA(8]: FAZER REMISSÃO DO ATR 69º (e
requerente que visam a realização de um registo indevidamente recusado ou lavrado dos das decisões do conservador) PARA O ART 140
(MEIOS DE REAÇÃO DO PARTICULAR INTERESSADO)
como provisório)

prazo de 30 dias para reagir por uma de duas vias ALTERNATIVAMENTE:

 RECURSO HIERÁRQUICO quando vier a decisão definitiva, ainda pode


impugnar judicialmente, tem 20 dias para o fazer (art 145º) Commented [ILA(9]: Remissão da pt do art 140º que
fala em recurso hierárquico para o art 145º

 IMPUGNAR JUDICIALMENTE A DECISÃO não poderá ir depois pelo recurso


Commented [ILA(10]: Remissão da pt do art 140º que
hierárquico
fala em impugnação judicial para o art 145º

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ATENÇÃO!! Para além destes meios, o requerente dispõe ainda de outros meios
destinados à reparação de danos que a conduta do conservador lhe tenha causado
efetivando a responsabilidade criminal e civil em que este incorra (Art 153º
CódRegPred) Commented [ILA(11]: Fazer remissão do art 140º para
o art 153º!!!! No final (para mostrar que é outro meio
ALTERNATIVO fazer OU (simbolo matemático U))

4. Princípio do Trato Sucessivo (art 34º Cód Reg Pred)

Um dos MAIS IMPORTANTES PRINCÍPIOS/ REGRA FUNDAMENTAL do Registo


Predial em Portugal (não só por presidir a aspetos muito relevantes da orgânica do
Registo Predial, mas também por ser uma das vias de efetiva realização da sua função e
finalidade)

DIRIGIDO AO CONSERVADOR DO REGISTO PREDIAL

Artigo 34.º
Princípio do trato sucessivo

1 - O registo definitivo de constituição de encargos por negócio jurídico depende da


prévia inscrição dos bens em nome de quem os onera.
2 - O registo definitivo de aquisição de direitos depende da prévia inscrição dos bens
em nome de quem os transmite, quando o documento comprovativo do direito do
transmitente não tiver sido apresentado perante o serviço de registo.
3 - A inscrição prévia referida no número anterior é sempre dispensada no registo de
aquisição com base em partilha.
4 - No caso de existir sobre os bens registo de aquisição ou reconhecimento de direito
suscetível de ser transmitido ou de mera posse, é necessária a intervenção do respetivo
titular para poder ser lavrada nova inscrição definitiva, salvo se o facto for
consequência de outro anteriormente inscrito.

 De acordo com o nº 1: o registo definitivo de constituição de encargos por


negócio jurídico só pode ser lavrado SE os bens que tais atos têm por objeto
estiverem inscritos em nome de quem os onera

Ex: A vende a B bem imóvel e B vende a C registo de C só será válido se estiverem


efetuados todos os registos anteriores do mesmo bem, de modo a que esteja no registo a
situação atual do prédio Processo de justificação (art 116 e ss.) C pode registar na
medida em que é interessado, mas depois não poderá exigir o dinheiro junto de B

 Nº 2 estabelece regra semelhante: para o registo definitivo de aquisição de


direitos, os bens que dela são objeto devem estar em nome de quem os transmite,
“quando o documento comprovativo do direito do transmitente não tiver sido
apresentado perante o serviço do registo”
 Nº 4: se sobre os bens existir registo de aquisição ou reconhecimento de direito
suscetível de ser transmitido ou de mera posse, para ser lavrada nova inscrição

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definitiva, é necessário intervir o respetivo titular, “salvo se o facto for consequência


de outro anteriormente inscrito”
 ATENÇÃO!! Nº 3 do art 34º e o Art 35º estabelecem dois desvios (EXCEÇÕES) ao
princípio do Trato Sucessivo:
34º/3 No registo de aquisição com base na partilha, é dispensada a inscrição
prévia exigida no nº2 do art 34º
35º é dispensada a inscrição intermédia em nome dos titulares de bens ou
direitos que integram a herança indivisa Commented [ILA(12]: Fazer ATENTION na epígrafe do
art 34 (pp do trato sucessivo) para estas duas exceções

Assim, em princípio, quando observado o Princípio do Trato Sucessivo,


assegura uma cadeia interrupta de inscrições de alienações ou onerações
relativas a certa coisa, desde a pessoa primeiramente inscrita como titular
do correspondente direito até quem figura, no novo ato a registar, como

a observância do Pp do Trato Sucessivo dá a GARANTIA de, salvo vício


substantivo ou de registo, a consulta das inscrições relativas à descrição de certo
prédio permitir apurar a história da situação jurídica desse bem, desde a
primeira inscrição até ao momento da consulta
autor da alienação ou oneração dessa coisa

 A garantia do respeito do Pp do Trato Sucessivo reside na proibição de ser


lavrado registo, quando o trato sucessivo estiver interrompido se for
submetido a registo um determinado facto, o registo definitivo só é possível,
uma vez reatado o trato sucessivo—meio próprio de justificação relativo ao
reatamento do trato sucessivo (art 116º/1 CódRegPred) Commented [ILA(13]: Fazer remissão do art 34º p 116

5. Princípio da legitimação registal (art 9 Cód Reg Pred)

Funciona em conjunto com o pp do trato sucessivo

Artigo 9.º
Legitimação de direitos sobre imóveis
1 - Os factos de que resulte transmissão de direitos ou constituição de encargos sobre
imóveis não podem ser titulados sem que os bens estejam definitivamente inscritos a
favor da pessoa de quem se adquire o direito ou contra a qual se constitui o encargo.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A partilha, a expropriação, a venda executiva, a penhora, o arresto, a apreensão em
processo penal, a declaração de insolvência e outras providências ou atos que afetem a
livre disposição dos imóveis;
b) Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no
mesmo dia os bens transmitidos ou onerados;
c) Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes.

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3 - Tratando-se de prédio situado em área onde não tenha vigorado o registo


obrigatório, o primeiro ato de transmissão posterior a 1 de outubro de 1984 pode ser
titulado sem a exigência prevista no n.º 1, se for exibido documento comprovativo, ou
feita justificação simultânea, do direito da pessoa de quem se adquire.

No pp do trato sucessivo, quem fiscaliza se está cumprido é o CONSERVADOR

O Princípio da Legitimidade Registal DIZ EXATAMENTE A MM COISA QUE O PP DO


TRATO SUCESSIVO, MAS!! É DIRIGIDO AO NOTÁRIO (e a outras autoridades
competentes para intervir em negócios que podem ser celebrados por documento
particular autenticado, registados no cartório, incumbindo às partes desses atos
fazer prova da existência do registo) se as partes não provarem a existência do
registo, o notário ou a entidade que autentique o documento particular deve
recusar-se a intervir no ato em causa

Ex: A vende a B e B quer vender a C mas B ainda não registou, logo não poderá
C registar, logo o notário não poderá efetuar esse registo ??

(art 9º/1) Não podem ser titulados atos jurídicos de que resulte a transmissão de
direitos ou a constituição de encargos sobre imóveis, sem que eles estejam
definitivamente inscritos a favor de quem transmite ou constitui o encargo

EXCEÇÕES ADMITIDAS PELO PP DA LEGITIMAÇÃO REGISTAL:

 9º/2
o a) Há situações, que pela própria natureza dos atos em causa, esses atos
sujeitos a registo estão envolvidos com autoridades administrativas
ou judiciais penhor, arresto, venda em execução, expropriação)

o b) Quando negócios de venda de A a B e B a C são feitos no mesmo


dia ainda não resulta no processo a primeira venda porque não há
tempo útil para esse 1º registo ficar concretizado, logo não é exigido,
MAS TERÁ QUE SER PROVADO
Ex: A vende a B certo prédio, e logo o adquirente, por seu turno,
vende ou dá usufruto a C o primeiro negócio não pode ser
titulado sem se mostrar feita a inscrição do prédio em nome de A,
mas é manifesto que a aplicação do princípio da legitimação
implicaria igual exigência em relação ao negócio celebrado por B,
o que em casos como os do exemplo dado, por definição, não é
viável seria incompreensível tal exigência, uma vez que a
legitimação de B resulta do encadeamento do primeiro com o
segundo negócio, pelo que, para tanto, apenas se exige que
este seja celebrado imediatamente após o primeiro, NO
MESMO DIA

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o c) Em caso de risco de vida considera-se que isso é mais forte que o


pp da legitimação
 9º/3
o Tratando-se de prédio situado em área onde não tenha vigorado o registo
obrigatório, o primeiro ato de transmissão posterior a 1 de outubro de 1984 pode
ser titulado sem a exigência prevista no n.º 1, se for exibido documento
comprovativo, ou feita justificação simultânea, do direito da pessoa de quem se
adquire.

6. Princípio da Prioridade (art 6º Cód Reg Pred)


(Diferentes números do artigo contêm diferentes situações que são importantes)

Artigo 6.º
Prioridade do registo
1 - O direito inscrito em primeiro lugar prevalece sobre os que se lhe seguirem
relativamente aos mesmos bens, por ordem da data dos registos e, dentro da mesma
data, pela ordem temporal das apresentações correspondentes.
2 - [Revogado].
3 - O registo convertido em definitivo conserva a prioridade que tinha como provisório.
4 - Em caso de recusa, o registo feito na sequência de recurso julgado procedente
conserva a prioridade correspondente à apresentação do ato recusado.

Conduz à prevalência do direito primeiramente inscrito sobre os que, relativamente


aos mesmos bens, se lhe seguirem, quando incompatíveis quando os vários
registos incompatíveis sobre o mesmo bem se dão na mesma data, prevalece o
registado em primeiro lugar nesse dia (vale na mesma a ordem temporal)

MAS!!

Há que ter em conta o regime do:

1. Registo Provisório (6º/3)

Projetam-se os efeitos da conversão do Registo Provisório em Definitivo  registo


provisório, qualquer que seja a sua causa de provisoriedade, quando venha a ser
convertido em definitivo, conserva a prioridade que tinha enquanto provisório 
prioridade definida nos termos do nº1 (6º/3+ 6º/1) Commented [ILA(14]: Fazer remissão (6º/3+ 6º/1)

Ex: A vende a B (fez registo PROVISÓRIO)

vende a C (faz registo DEFINITIVO)

caso o registo de B seja considerado definitivo é este que prevalece sobre o de C 


momento que prevalece é quando o registo foi requerido pela primeira vez (e não
o momento em que foi convertido em definitivo)

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2. Registo Recusado (6º/4)

Projetam-se os efeitos de, por via de recurso, a recusa do registo ser considerada
infundada e ser elaborado o registo requerido, definitivamente a prioridade do
registo é estabelecida em função da ordem de apresentação do registo recusado

Se a impugnação judicial for feita e o registo for passado a definitivo, A LEI NADA DIZ

Ex: A vende a B (registo RECUSADO)

vende a C (faz registo DEFINITIVO)

B recorre hierarquicamente e o registo é convertido em definitivo o registo de B


prevalece sobre o de C

Regra: havendo mais do que 1 registo sobre a mesma coisa prevalece o mais antigo

Aquilo que nunca pode acontecer: haver mais do que um processo sobre o mesmo
prédio!!

Há situações em que a mesma coisa tem 2 ou mais processos de registo:

× num determinado processo uma coisa foi comprada por umas pessoas
× noutro processo, exatamente a mesma coisa tem outros proprietários

Considera-se que o registo falhou na sua função se falhou não pode valer a regra da
prioridade de registo resolver situações com base nas regras de direito
substantivo DIREITO CIVIL (possuidor, ao fim de determinado tempo pode invocar
usucapião) AUJ 1/2017 Commented [ILA(15]: Fazer remisssão do 6 para o AUJ

Art 7º (Presunções que vêm com o registo) FÉ PÚBLICA REGISTAL

Sendo a feitura dos registos uma função atribuída aos serviços públicos do Estado,
desempenhada, por isso, por funcionários públicos, subordinados ao Princípio da
Legalidade, caso não se verifique a observância da lei, tal implica responsabilidade
criminal, disciplinar e civil para o autor da infração, o que envolve um regime dissuasor
muito significativo

POR ISSO, é razoável que os particulares confiem no registo e na sua correção e


possam admitir que este traduz, de modo exaustivo, a realidade substancial da
situação jurídica dos prédios Fé Pública Registal

Para o sistema ser coerente, tem de envolver uma tutela dos interesses daqueles que
fundam os seus atos na realidade registal só assim se prossegue a realidade própria
do registo, que é a segurança no comércio jurídico (art 1º Cód Reg Pred) meio
técnico através do qual se viabiliza esta segurança no comércio jurídico é através das
presunções registais

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Presunções ilidíveis!!! Commented [ILA(16]: Fazer remissão do art 7 para o


art 350º/2 CC (presunçoes são ilidíveis a menos que o
 Direito existe (tal como o registo o revela): há direito de usufruto sobre aquela contrário resulte da lei)
casa
 Direito pertence à pessoa que está inscrita no registo: presume-se que o direito
pertence a quem está inscrito no registo enquanto titular do mesmo

REGISTO PREDIAL PODE SER DESIGNADO POR UMA DESTAS 4


CATEGORIAS (efeitos do registo):

[Efeitos substantivos do registo(generalidades)]


Artigo 4.º
Eficácia entre as partes
1 - Os factos sujeitos a registo, ainda que não registados, podem ser invocados entre as
próprias partes ou seus herdeiros.
2 - Excetuam-se os factos constitutivos de hipoteca cuja eficácia, entre as próprias
partes, depende da realização do registo. Commented [ILA(17]: Fazer remissão para art 687º
CC (a eficácia dos factos constitutivos da hipoteca
Artigo 5.º depende da realização do registo, mesmo entre as
próprias partes)
Oponibilidade a terceiros
1 - Os factos sujeitos a registo só produzem efeitos contra terceiros depois da data do
respetivo registo.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) A aquisição, fundada na usucapião, dos direitos referidos na alínea a) do n.º 1 do
artigo 2.º;
b) As servidões aparentes;
c) Os factos relativos a bens indeterminados, enquanto estes não forem devidamente
especificados e determinados. Commented [ILA(18]: Pôr attention (pq são exceções)
3 - A falta de registo não pode ser oposta aos interessados por quem esteja obrigado a
promovê-lo, nem pelos herdeiros destes.
4 - Terceiros, para efeitos de registo, são aqueles que tenham adquirido de um autor
comum direitos incompatíveis entre si.
5 - Não é oponível a terceiros a duração superior a seis anos do arrendamento não
registado.

A função da publicidade do registo pressupõe um conjunto de princípios e de normas


que visam assegurar, tanto quanto possível, a correspondência entre a realidade
registal e a realidade substantiva a obrigatoriedade do registo veio cimentar a
confiança nessa correspondência por reduzir as consequências negativas que advêm da
falta de registo ou, mesmo, da sua não feitura em tempo oportuno

Por assim ser, tal leva a atribuir ao registo efeitos que estão para além do que a função
da publicidade imporia efeitos que advêm da dinâmica originada na simples
existência do registo  disposições básicas contidas nos arts 4º e 5º do

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CódRegPred em geral, está apenas em causa a eficácia dos factos e não a sua
validade (embora pode não ser sempre assim)

 Efeitos inter-partes

A falta de registo, não afeta, em geral, a invocabilidade inter partes, dos factos que
devam ser registados (MAS!! Exceção em matéria de hipoteca)

 Efeitos em relação a terceiros

Fora dos casos particulares do art 5/2 (exceções), os factos sujeitos a registo só
produzem efeitos contra terceiros depois da data do respetivo registo

1. REGISTO CONSOLIDATIVO
(Regra no registo predial)

Registo enquanto condição de oponibilidade a terceiros

Atendendo ao disposto nos arts 4º e 5º do CódRegPred, a falta de registo não impede


cada uma das partes de se valer do ato em relação à outra, mas impede que qualquer
uma das partes oponha o ato (sujeito a registo, ainda que não tenha sido registado) a
terceiro

“5º/1 - Os factos sujeitos a registo só produzem efeitos contra terceiros depois da data
do respetivo registo.”

O que são terceiros para efeitos de registo (aos quais se aplica o regime contido no art
5º/1)?

Ver resposta em Registo Aquisitivo

2. REGISTO ENUNCIATIVO
(Mais “fraco” de todos não preciso do registo para nada)

Não traz efeito/eficácia jurídica “registo não dá nem tira direitos” registo não
acrescenta nada de novo no plano da sua relevância substantiva (frase não pode ser
vista como uma verdade absoluta)

Registo enunciativo surge quando a inscrição registal se limita à função primitiva


de publicitação de tais factos (dar conhecimento da existência de certo facto jurídico,
facilitando a terceiros o acesso ao mesmo e correspondente conhecimento)

 Registo da usucapião

Usucapião é registável (como resulta indiretamente do art 5º/2 a) Cód Reg Pred) mas o
seu registo não traz nada de novo à situação jurídica do adquirente (correspondentemente, a

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não realização do registo também não afeta em nada a existência ou a invocação do direito
adquirido) Usucapião vale por si, mas eu não preciso de registar porque o possuidor já age
publicamente

 Registo da posse
Regime aplicável à usucapião deve alargar-se a atos não negociais e a factos jurídicos
com eficácia real, que não estão sujeitos a registo, mas em relação aos quais o registo
que venha a ser feito não é mais do que enunciativo Posse por si só já serve como
publicidade

Atenção!! O registo enunciativo não interfere com a eficácia do facto perante terceiros,
mas pode determinar consequências de outra ordem sobre o seu regime, pelo que o
registo enunciativo não deve ser visto como absolutamente indiferente quanto às
situações jurídicas a que respeita

o Quanto à Mera posse: o seu registo projeta-se no regime do prazo a aplicar para a aquisição
por usucapião (art 1295º):
 Boa fé: 5 anos a contar do registo enunciativo de mera posse
 Má fé: 10 anos a contar do registo

3. REGISTO CONSTITUTIVO
(Preciso do registo para tudo)

Em regra, o registo, em Portugal, não tem efeito constitutivo (não interferindo,


assim, com a eficácia inter partes dos factos jurídicos sujeitos a registo)

MAS!!!

Registo da hipoteca (art 4/2 art 687º CC)

 Se eu comprar um imóvel a alguém, sou proprietário, mesmo sem registo


× Na hipoteca, se eu não registar NEM SEQUER HÁ HIPOTECA
(nem se constitui direito real, daí se dizer que registo é CONTITUTIVO DA
HIPOTECA) questão não se põe nem em termos de validade, nem em termos
de eficácia(negócio constitutivo da hipoteca, quando não registado, está na falta
de um elemento): o negócio jurídico de que nasce a hipoteca, só por si, não é
título suficiente da constituição desse direito (ainda que seja elemento
necessário) só com o registo é que o negócio se torna perfeito(apto para
produzir efeitos) antes do registo, o negócio não está completo
Atenção!! Tal não significa que o registo seja obrigatório para a hipotecao
que acontece é que as consequências resultantes do não registo são mais
profundamente negativas

4. REGISTO AQUISITIVO
(Vamos apenas estudar os 3 mais importantes)

Registo que se integra num facto jurídico complexo de formação sucessiva de que fazem
também parte outros elementos, podendo um deles ser um negócio jurídico inválido

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É o registo que vai permitir adquirir o direito  !!! de acordo com as regras do
direito substantivo (Direito Civil) a solução seria diferente

Ex: A vende a B (não regista)

vende a C (não regista)

o Se B registar: REGISTO CONSOLIDATIVO;


o Se C registar: REGISTO AQUISITIVO

(Se resolvesse pelo Direito Civil prevalecia o direito constituído em primeiro lugar)

o Se C for terceiro para efeitos de registo, pode beneficiar do registo


o Se não for, mesmo que registe, o proprietário continua a ser B

SÍNTESE:

o Nas regras de registo predial, caso C registe, configura-se um registo


aquisitivo, pelo que mesmo que seja um direito constituído em segundo lugar,
prevalece sobre o direito de B (constituído em primeiro lugar), desde que
registado em primeiro lugar

o Nas regras do Código Civil, prevalecendo o direito constituído em primeiro


lugar, sabemos que o direito a prevalecer era o de B, na medida em que a
propriedade se transmite por mero efeito do contrato, a propriedade transfere-se
para B, sendo o registo apenas consolidativo da sua posição de proprietário
perante terceiros; para além disso, em caso de conflito entre direitos reais,
prevalece o que foi constituído em primeiro lugar, prevalecendo o direito de B,
independentemente do registo de C

O que é um terceiro para efeitos de registo predial?

Não se aplica a terceiros:

o não interessados/estranhos todos os terceiros que não invoquem uma situação


jurídica incompatível com a que emerge do facto jurídico não registado

Ex:

 Adquirente de um prédio urbano, que não registou o facto aquisitivo, não está
impedido de invocar a sua qualidade de proprietário numa ação de despejo
movida contra um inquilino do prédio, com fundamento em ato que lhe
atribua direito à resolução do contrato de arrendamento

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 Dono de um prédio urbano, que não registou a aquisição, não está impedido de
invocar a sua qualidade de proprietário numa ação de condenação movida contra
o dono do prédio vizinho, que, ao demoli-lo causou danos naquele

o Adquirente posterior, por facto também não registado


o Adquirente posterior, por facto registado, se estiver de má fé

Ex:

 A vende a B (B não regista)


 Proprietário é B (propriedade transmite-se por mero efeito do contrato)
Registo está a consolidar o direito que B já tinha não preciso do registo para
ter o direito, mas preciso do registo para consolidar o direito atribuir eficácia
perante terceiros

!!! Herdeiros não são qualificados como terceiros (art 4/1) são vistos como
partes

 Conceção AMPLA AUJ 15/97 de 20 de Maio

São todos os que, tendo obtido registo de um direito sobre determinado prédio,
veriam esse direito ser afastado por qualquer outro facto jurídico anterior não
registado OU registado posteriormente  há um confronto entre direitos
incompatíveis sobre a mesma coisa

 Conceção RESTRITA 2 anos depois, Supremo fez um novo AUJ (tomado por
todos os juízes conselheiros) 3/99 de 18 de Maio

Para efeitos do disposto no Art 5º Cód Reg Pred, são os adquirentes, de boa fé, de
um mesmo transmitente comum (voluntariamente), de direitos incompatíveis
sobre a mesma coisa

ATENÇÃO!! só há terceiro para efeitos de registo, quando os dois titulares que


estão em confronto tenham adquirido o seu direito a um autor comum (significa
que esse autor comum tem de ter contribuído voluntariamente para a aquisição
desses dois direitos, motivo pelo qual um credor do vendedor não é um terceiro para
efeitos de registo)

Art 5/4 CRegPred (ATUALMETNE INSERE-SE NA CONCEÇÃO RESTRITA)

O QUE É IGUAL NAS DUAS CONCEÇÕES:

 Tem que ser uma coisa sujeita a registo;


 Terceiro tem que estar de boa fé

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 Tem que ser uma aquisição onerosa (prof Carvalho Fernandes defende que não tem
que ser onerosa, mas é o único)

a) AQUISIÇÃO TRIANGULAR

 Aproveitando-se da falta de registo de B, A aliena a mesma casa a C, o qual regista

 D, enquanto credor de A, valendo-se do facto de A continuar a figurar como


titular inscrito do direito de propriedade sobre a referida casa (vale a presunção
do Art 7º CPA, de que A é o titular da casa), agride o património de A e penhora a
casaregista a penhora

 MAS!! D não é terceiro para efeitos de registo

o na medida em que, atendendo à conceção restrita, que atualmente vigora no


Código Civil, terceiro para efeitos de registo é todo o adquirente de boa
fé, de um mesmo transmitente comum (DE FORMA VOLUNTÁRIA) de
direitos incompatíveis sobre a mesma coisa

o deste modo, percebemos que essa aquisição de direitos incompatíveis sobre a


mesma coisa de um transmitente comum, tem que se dar de forma
voluntária

o ora, a penhora não é uma forma de transmitir voluntariamente um


direito por parte de um autor comum, na medida em que é decretada
pelo tribunal deste modo, D não é um terceiro para efeitos de registo
 LOGO, D não pode registar, logo não pode invocar a prioridade de registo
 C pode registar, na medida em que é terceiro para efeitos de registo e está de boa fé,
sendo o seu registo aquisitivo
 B pode registar, sendo o seu registo consolidativo

CONCLUSÃO
 A falta de registo do primeiro adquirente B, deixando subsistir o registo do alienante
A e a inerente presunção de que o seu direito real existe tal como o registo o revela
(art 7º CRPred), pode sempre ser invocada pelo segundo adquirente C, MAS!!
estando registado o seu ato e tendo de intervir no ato de aquisição destes o titular
inscrito (A), de modo a respeitar a conceção restrita de terceiros para efeitos de

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registo (daí D não poder invocar a presunção, nem lhe adianta invocar a presunção,
na medida em que D não é terceiro para efeitos de registo)

Não regista penhora

Não regista

Se os atos de C ou D não estiverem registados, e enquanto o não estiverem, em termos


registais, a sua posição jurídica não pode ter melhor tratamento do que a de B (art 5º/1
CRPredoponibilidade a terceiros depois da data do registo dos direitos)  aplicação do
5º/1 exige a boa fé do terceiro C

o Negócio é ineficaz relativamente a B


o Se B regista Registo Consolidativo (registo do contrato de compra e
venda em nada acrescenta à validade e à eficácia inter partes do contrato,
pelo que apenas consolida a posição de B relativamente a terceiros)

Uma vez pedida a inscrição do ato de B, se ela vier a ser feita a título
definitivo, a aquisição de C não lhe pode ser oposta, funcionando então
plenamente o regime próprio do negócio de aquisição

o Negócio de C NULO por falta de legitimidade do alienante (A),


na medida em que a casa é de B
o Se C regista Registo Aquisitivo (registo constitui a favor de C uma
presunção de titularidade do direito, enquanto subsistirem as condições de
que ela depende

Importante!!: o negócio celebrado por C (com A), em si mesmo, não


constitui título válido de aquisição do direito a que o negócio se refere é a
existência de 1.um registo prioritário a favor de C, relativamente ao de
B; 2. acrescida da boa fé de C, que vem atribuir ao negócio inválido
(nulopor ser venda de bens alheios) uma relevância jurídica que vai além
da que o dito negócio poderia ter em termos substantivos)(permite que C
invoque perante B um negócio que primeiramente era ineficaz, por ser nulo)

b) AQUISIÇAO TABULAR

D vende casa a E (regista) vende a mesma casa a F (regista)

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 Se o registo de E sofrer de algum vício e for invalidado, D poderia, em princípio,


fundando-se na retroatividade da invalidação (art 289º CC) atacar também o
negócio celebrado entre E e F, uma vez que E carecia de legitimidade para o
realizar (tratando-se de uma venda de bens alheios)

 Sendo a presunção do registo ilidível (art 7º CRPred), se a ação em que D peça a


declaração de nulidade dos negócios em causa se proceder, tal implica o
cancelamento das inscrições a favor de E e F relativamente ao imóvel

 Hipótese equivalente: se o vício da inscrição de B fosse de origem registal e não


substantiva

No plano do negócio jurídico

Art 291º CC

1 Terceiro Adquirente estar de Boa fé


2 Aquisição a título oneroso
3 Bem sujeito a registoação tem que ser registada, pois toda a ação sobre
bem sujeito a registo tem que ser registado registo é provisório por
natureza
4 Registo da aquisição anterior ao registo da ação de nulidade ou anulação
5 3 anos até ao fim dos 3 anos C não está protegido

Por força do art 291º, abolindo o efeito retroativo da invalidação do negócio, é


tutelada, em atenção à sua boa fé, a situação jurídica do terceiro adquirente F

Verificados os requisitos do art 291º, o terceiro adquirente de boa fé (no caso, F)


pode opor o seu direito a quem, por efeito de invalidade sucessiva de dois negócios
configurados naquela hipótese, seria o verdadeiro titular do bem que esses
negócios têm por objeto (no caso, D)

Se E não tiver registado, F não merece a mesma proteção (aplica-se o Art


291ºCCmenos protetor, pois implica mais requisitos), pois mesmo verificando que
estava a comprar com o registo de propriedade em D (e não em E, como era suposto),
avançou com a compra, não merecendo a mesma proteção que teria se tivesse
efetivamente havido registo por parte de E (Art 17º/2 CPA mais protetor)

No plano de direito registal

A declaração de nulidade do registo de E, não pode ser oposta por D a F, se este (F)
tiver adquirido o seu direito de boa fé, por facto oneroso e o registo deste for
anterior ao registo da ação de nulidade (art 17º/2 CPA)

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(Regime equivalente ao do art 7º/2 CPA) Caso da retificação do registo Art 122º CPA

Uma vez que também a retificação “não prejudica os direitos adquiridos a título
oneroso por terceiros de boa fé, se o registo dos factos correspondentes for anterior ao
registo da retificação ou da pendência do respetivo processo”

Art 17º/2 CRPred

D vende a E (regista) vende a F (regista)

4 REQUISITOS:= os do 291 menos o dos 3 anos  17/1 não prevê limite temporal pelo
que terceiro está imediatamente protegido

3º vai sempre invocar o 17/2 pois é mais protegido tem que haver uma
explicação

Quando estamos no 17º/2 CPA, estamos no Código de registo predial, estamos a


atacar o registo enquanto que no 291º estamos a atacar o negócio (porque não
houve registo)

o se não tiver sido registado (291);


o se tiver sido registado (17/2)

IMPORTANTE!! Prof. Horster e prof. Carvalho Fernandes entendem que é necessário fazer
uma interpretação restritiva do art. 17º/2 CRPredial, aplicando-se este apenas a
invalidades registais (art. 16º CRPredial), isto é, vícios no procedimento.

(Nestes dois casos (DOS ARTIGOS 17/2 E DO 291º), a doutrina defende que se trata
de um registo aquisitivo: atribui ao negócio jurídico inválido uma relevância
jurídica substantiva que ele não tem)

SÍNTESE

Aquisição triangular

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Aquisição tabular

 A presunção do art 7º/1 CPA, respeitando à bondade do registo de A e D, é


invocável pelo terceiro C (na aquisição triangular) MAS!! Não é invocável pelo
terceiro F (na aquisição tabular) Commented [ILA(19]: ?? porque é que a presunção de
que o direito existe e pertence ao titular inscrito no
 Nesta base, quanto a C, não há que estabelecer qualquer distinção, consoante
registo não funciona para a aquisição tabular??
a onerosidade ou a gratuitidade da sua aquisição (na medida em se trata de
uma aquisição triangular e não tabular)
 A tutela inerente à presunção, só não funciona se C estiver de má fé
 Quanto a F(aquisição tabular), pelo facto da presunção do art 7ºCRPred não cobrir
a bondade da inscrição do direito a favor de E, compreende-se o confronto entre o
seu interesse e o do verdadeiro titular do direito a lei é mais rigorosa para
poder, com razoabilidade, dirimir o conflito a favor de terceiro  discutir a
aplicação do art 291ºCC OU 17/2 CRPred na aquisição tabular
 se não tiver sido registado (291);
 se tiver sido registado (17/2)

Posse (arts 1251º e ss.)

Artigo 1251o
Noção

Posse é o poder que se manifesta quando alguém atua por forma correspondente ao
exercício do direito de propriedade ou de outro direito real.

Corrente subjetivista
(a que vamos seguir é seguida por a maior parte da jurisprudência)

Posse tem de ter 2 elementos:

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 CORPUS (poder de facto): existe quando a coisa está na minha esfera de


influência material (não é influência jurídica)  quando alguém pode exercer
poderes de facto sobre a coisa
 ANIMUS- intenção de agir como titular do direito real correspondente à posse
(posse diz respeito a qualquer direito real de gozo- propriedade, servidão,
usufruto) ATENÇÃO!! não tem que achar que é o proprietário, desde que aja como
tal, já há animus— ex: quando alguém rouba alguma coisa, tem animus e corpus
(ainda que a posse não seja adquirida de modo legitimo, continua a ser posse (não
titulada presume-se de má fé))

Se houver apenas corpus MERA DETENÇÃO o que distingue detenção de posse é o


ANIMUS

Exº: Empresto o meu carro durante uma semana a alguém

O que é essa pessoa? Mero detentor (durante essa semana não há animus mas
só corpus)

Corrente objetivista
(seguida pela maior parte da doutrina)

Artigo 1252o
Exercício da posse por intermediário

1– A posse tanto pode ser exercida pessoalmente como por intermédio de outrem.
2– Em caso de dúvida, presume-se a posse naquele que exerce o poder de facto,
sem prejuízo do disposto no no 2 do artigo 1257o.

(1252/2) Por força da presunção: Quem tiver CORPUS, presume-se que também há
ANIMUS (não é objetivismo!! Mas sim uma facilitação da prova)

Artigo
1253o
Simples
detenção

São havidos como detentores ou possuidores precários:

a) os que exercem o poder de facto sem intenção de agir como beneficiários


do direito;

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b) os que simplesmente se aproveitam da tolerância do titular do direito;


c) os representantes ou mandatários do possuidor e, de um modo geral, todos os
que possuem em nome de outrem.

Corrente Objetivista prescinde do ANIMUS!!  para haver posse apenas tem que
existir CORPUS

1253/a) Para a posição objetivista, havendo corpus é sempre posse, desde que os
casos de detenção estejam expressamente consagrados na lei (estão consagrados
no1253º)

MAS!! quem é objetivista tem muitas dificuldades em explicar o 1253º a): é detentor
o que exerce o poder de facto (CORPUS) e não tem intenção de agir como beneficiário
do direito (ANIMUS) nesta alínea está consagrado o animus que caracteriza a
posse e a diferencia da mera detenção)

1253/bOs que se aproveitam da tolerância do titular do Direito

(ex. Aluno rouba livro este age como verdadeiro proprietário e possui a coisa LOGO é
POSSUIDOR)

Mas!!! Ex: tenho um vizinho que passa sempre em cima da minha propriedade e só o faz
porque eu deixo vizinho não é possuidor

Proprietário do prédio X não reage, por razões de boa vizinhança, quando o dono do
prédio vizinho, para melhor aproveitamento do seu terreno, ao lavrá-lo ou semeá-lo,
invade uma pequena área do prédio X vizinho não é possuidor

1253/c) Trata-se do exercício de poderes inerentes a certo direito, que preencheria os


requisitos do corpus, mas é descaracterizado como posse com base no seu próprio
título jurídico

Ex: Quero vender o carro e passo procuração a alguém para o vender essa pessoa
(procurado) não é possuidor

DIVISÃO ENTRE POSSE CAUSAL E POSSE FORMAL

 Posse causal: acompanhada da titularidade do direito (Ex: Sou possuidor da minha


casa porque sou proprietário dela)
 Posse formal: não está associada à titularidade do direito

POSSE CIVIL E POSSE INTERDICTAL (interdito)

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 Posse civil: posse em toda a sua plenitude atribui todos os efeitos consagrados
na lei

 Posse interdictal: alguns ou até mesmo todos os efeitos previstos na lei não são
atribuídos àquela posse (1293º)

Artigo
1293o
Direitos
excluídos

Não podem adquirir-se por usucapião:

As servidões prediais não aparentes;


os direitos de uso e de habitação.

POSSE EFETIVA E POSSE NÃO EFETIVA

Posse efetiva: posse normal QUE TEM CORPUS (E ANIMUS)

Posse não efetiva: ex: aluno que rouba carro a professor—a partir desse momento,
aluno é possuidor do carro—automaticamente o professor deixaria de ter a posse

MAS!! Lei vem dizer que o professor tem a posse durante 1 ANO (professor pode
interpor ação em tribunal e caso ganhe, como é suposto, tudo será tratado como se
professor nunca tivesse perdido a posse—durante aquele ano temos 2 posses
simultâneas:

 posse do ladrão aluno (posse efetiva)


 posse do professor (posse ficcionada- posse não efetiva) lei
mantém a posse do professor de modo a protege-lo na defesa do seu
direto em tribunal) 1267/1 b)+ 1282(art que refere que tem 1 ano)+
1283(tudo se passa como se não tivesse perdido a posse) Commented [ILA(20]: Fazer remissão

ESPÉCIES DE POSSE (1258º)


(MATÉRIA IMPORTANTE PARA RESOLUÇÃO DOS CASOS PRÁTICOS)

Artigo 1258o
Espécies de posse

A posse pode ser titulada ou não titulada, de boa ou de má fé, pacífica ou violenta,
pública ou oculta.

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(classificar a posse de cada um dos diferentes intervenientes no caso prático


mediante estas 4 características)

1. Posse titulada ou não titulada


2. Posse de boa ou de má fé
3. Posse pacífica ou violenta
4. Posse pública ou oculta

LOGO, para chegar a esta situação de classificação já chegámos à conclusão que


necessariamente existe posse, mas temos de distinguir se a posse for boa (dá mais
direitos) da posse má

1. 1259º POSSE TITULADA E POSSE NÃO TITULADA

Artigo 1259o
Posse titulada

1 – Diz-se titulada a posse fundada em qualquer modo legítimo de adquirir,


independentemente, quer do direito do transmitente, quer da validade substancial do
negócio jurídico.
2 – O título não se presume, devendo a sua existência ser provada por aquele que o
invoca.

Posse titulada: qualquer modo legítimo de adquirir o DIREITO REAL (e não a


posse se tiver adquirido a posse de um modo legítimo de adquirir o dirieto real)

Ex: aluno que rouba carro a professor POSSE NÃO TITULADA

Aluno vende carro a professor POSSE TITULADA pose adquirida de um modo


legitimo de adquirir o direito real

MAS!! Muitas vezes os negócios têm vícios

 Situação da venda de bens alheios

Ex: Bem é de B (B é o proprietário) mas A vende a C proprietário é B pois venda de


bens alheios é nula e a propriedade transmite-se por mero efeito de contrato
MAS!! se o negócio entre A e B tiver legitimidade POSSE É TITULADA,
independentemente de C estar ou não de má fé!!
 Vício de forma
 Vício de substância (relativos ao conteúdo do negócio erro, dolo (253º), …)

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ATENÇÃO!! O 1259º vem dizer que mesmo que haja um vício de substância a
posse é titulada

MAS!! Se houver um vício de forma, a posse é não titulada

o Ex: A vende a B um imóvel. A agiu com DOLO POSSE TITULADA (vício de


conteúdo/substância)
o Ex: A vende a B um imóvel POR DOCUMENTO PARTICULAR POSSE NÃO
TITULADA (vício de forma)
o Atenção!!!
Ex: A vende a B um imóvel, POR MEIO DE SIMULAÇÃO ABSOLUTA quando há
simulação, os simuladores não têm intenção de celebrar o negócio, logo NÃO HÁ
ANIMUS NÃO HÁ POSSE SEQUER

1259/2 ATENÇÃO  título não se presume!!!!

2. 1260º POSSE DE BOA FÉ E POSSE DE MÁ FÉ

Artigo 1260o
Posse de boa fé

1 – A posse diz-se de boa fé, quando o possuidor ignorava, ao adquiri-la, que lesava
o direito de outrem.
2 – A posse titulada presume-se de boa fé, e a não titulada, de má fé.
– A posse adquirida por violência é sempre considerada de má fé, mesmo quando
seja titulada

 Posse de boa fé possuidor age não sabendo que está a prejudicar o direito de
outrem
 Posse de má fé  ex: ladrão, MAS!! Se o ladrão vender o que roubou a um terceiro,
a posse desse terceiro já é de boa fé, na medida em que foi adquirida de modo
legítimo (posse titulada presume-se de boa fé)

ATENÇÃO!!

Boa fé neste caso não é apenas uma boa fé psicológica, mas também uma boa fé
ética momento decisivo é o momento da aquisição da coisa

(Ex: se comprar algo que era roubado, não sabendo e no dia a seguir descobrir que é
roubado, tal será desculpável)

Como boa fé e má fé são elementos volitivos, é difícil de provar lei reconhece


algumas presunções:

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 Art 1260/2: posse titulada presume-se de boa fé; posse não titulada presume-se
de má fé Commented [ILA(21]: Fazer seta para artigo
anterior(1259º)

Nota:

o presunções são ilidíveis (pode ser posse titulada e provar-se a má fé do


possuidor)
o ATENÇÃO!! Presunção apenas funciona neste sentido (posse titulada presume-se
de boa fé) e não ao contrário (posse de boa fé não se presume titulada)

 Art 1260/3 presunção inilidível: posse adquirida por violência, é sempre de má


fé Commented [ILA(22]: Fazer seta para art seguinte
(1261º)

3. 1261º POSSE PACÍFICA E POSSE VIOLENTA


Artigo
1261o
Posse
pacífica

1 – Posse pacífica é a que foi adquirida sem violência.


2 – Considera-se violenta a posse quando, para obtê-la, o possuidor usou de coação
física, ou de coação moral nos termos do artigo 255o.

 Posse pacífica: nº1- adquirida sem violência

 Posse violenta: posse que tenha sido adquirida recorrendo a coação física (há
força física) ou coação moral (relativa à ameaça) logo, é de má fé

Consequências (da posse violenta):

 é de má fé
 1295/2 não é sujeita a registo Commented [ILA(23]: Fazer remissão do art 1261º/2
 (efeito mais importante) Enquanto a violência se p1295º/2
E p/ 1297 e 1300
mantiver, não começam a contar os prazos para
usucapião (apenas quando a violência cessar é que
começa a contar) (art 1297º(coisas imóveis)+ 1300
(coisas móveis))

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4. 1262º POSSE PÚBLICA E POSSE OCULTA/CLANDESTINA

Artigo 1262o
Posse pública

Posse pública é a que se exerce de modo a poder ser conhecida pelos interessados.

Quem são os interessados?

São, em geral, os titulares dos direitos, cujos poderes o possuidor exerce, ou que
são afetados pela sua atuação

 Posse pública: é exercida de modo a poder ser conhecida pelos interessados 


tem que ver com os atos materiais (CORPUS) que tem que implicar a possibilidade
do conhecimento pelos seus interessados (não tem que ser um conhecimento
efetivo) critério objetivo: se o exercício da posse for praticado de forma a que
uma pessoa de normal diligência, colocada na situação do titular do direito, daquele
se teria apercebido. Em caso afirmativo, a posse é pública

Ex: roubo bicicleta ao vizinho e ando com ela na nossa rua—posse pública, pois estou a
permitir/dar a possibilidade que seja conhecida pelos seus interessados

 Posse Oculta/clandestina: pode a posse ocorrer sem publicidade, como decorre


do regime do esbulho (arts 1282º e 1297º); naturalmente que a posse oculta não
é oponível a quem dela foi privada, MAS é oponível contra terceiros,
nomeadamente para o efeito de o possuidor a defender contra atos de perturbação
ou de privação

Ex: roubo bicicleta ao vizinho e ando com ela na China—posse oculta pois não estou a
dar a possibilidade aos interessados de conhecerem esta posse

Consequências:

 ATENÇÃO!! Posse oculta não se presume de má fé!!


 (efeito mais importante) Contagem do tempo da posse para
efeito de registo
o de mera posse (art 1295º)
o da usucapião (arts 1297º (coisas móveis) e
1300º (coisas imóveis))

SOBREPOSIÇÃO DE POSSES

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Pensemos na posse em nome próprio e em nome alheio ou na posse causal


(detém a titularidade do direito que é objeto de posse) e na posse formal

Ex: Usufrutuário detém a posse causal e em nome próprio quanto ao direito de usufruto,
mas tem a posse em nome alheio no que respeita ao direito de propriedade. Contudo,
sendo lícito ao usufrutuário constituir uma servidão em favor de terceiro, com as posses
anteriores, e sobre a mesma coisa, vai agora coexistir a posse (causal) do titular do
direito de servidão

Há ainda a possibilidade de haver posse de certa pessoa e ser outra quem tem a
coisa em seu poder:

Ex: se o vendedor não fizer logo a entrega da coisa, continua a tê-la em suas mãos, sem
por isso a posse deixar de pertencer ao comprador distingue-se a posse de facto/efetiva
(do vendedor) e a posse jurídica/civil (do comprador)

Em certos casos, a sobreposição de posses faz-se sem que entre elas se abra
conflito: cada uma se vai desenvolvendo, no seu próprio conteúdo ou âmbito,
sem interferir com a outra

Mas!!

Quando tal não é possível, há critério de determinação da prevalência da posse


(na linguagem da lei: “melhor posse”):

Artigo 1278o
Manutenção e restituição da posse

1 – No caso de recorrer ao tribunal, o possuidor perturbado ou esbulhado será


mantido ou restituído enquanto não for convencido na questão da titularidade do
direito.
2 – Se a posse não tiver mais de um ano, o possuidor só pode ser mantido ou
restituído contra quem não tiver melhor posse.
3 – É melhor posse a que for titulada; na falta de título, a mais antiga; e, se
tiverem igual antiguidade, a posse atual.

AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE (1263º e ss.)

(1273º) Prevê 4 modalidades de aquisição da posse


(importante para resolução dos casos práticos)

Artigo
1263o
Aquisição
da posse

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A posse adquire-se:

a) Pela prática reiterada, com publicidade, dos atos materiais correspondentes ao


exercício do direito; (apossamento/esbulho)
b) Pela tradição material ou simbólica da coisa, efetuada pelo anterior possuidor;
c) Por constituto possessório;
d) Por inversão do título da posse.

 Al a) e d) são modos de Aquisição Originária da Posse- não decorre de


nenhuma posse anterior

a) Pela prática reiterada, com publicidade, dos atos materiais


correspondentes ao exercício do direito;
d) Por inversão do título da posse 1265º

 Al b) e c) são modalidades de Aquisição Derivada da Posse: posse decorre de


posse anterior (na sequência de)
b) Pela tradição material ou simbólica da coisa, efetuada pelo anterior
possuidor;
c) Por constituto possessório 1264º

Ex: ladrão que rouba coisa e depois vende a terceiro posse de terceiro é derivada; posse
do ladrão é originária

Artigo 1255
Sucessão na posse

Por morte do possuidor, a posse continua nos seus sucessores desde o momento da
morte, independentemente da apreensão material da coisa.

Al a) Posse por apossamento/ esbulho

Requisitos: prática reiterada de atos materiais (não adianta praticar atos jurídicos),
com publicidade

Ex: construir muro, abrir código, cultivar etc. (mas não basta um, pois tem que ser a
prática reiterada de atos materiais—ex: arrombo porta de casa para entrar lá NÃO
É POSSE, mas se quando entrar na casa e mudar a mobília, puser fotografias nas
paredes- POSSE pois há uma prática reiterada de atos materiais)

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Quantos atos são precisos?

Quantos mais os possíveis

Que atos?

Atos correspondentes ao exercício do direito (ex: todos os dias passo em cima de um


terreno há posse de propriedade? NÃO  há posse de servidão)

ATENÇÃO!! Prática tem que ser com PUBLICIDADE: mas!!! Há posse oculta
ladrão que vá roubar coisa durante a noite não deixa de adquirir a posse fazer
interpretação restritiva para que a este artigo apenas se aplique à Posse
Civil/Jurídica, mas para aquisição da posse (seja ela pública ou oculta) não é
necessária publicidade Commented [ILA(24]: Perceber melhor qual a
interpretação a fazer ao certo

Al d) inversão do título da posse (explicado no 1265º)

Artigo 1265o
Inversão do título da posse

A inversão do título da posse pode dar-se por oposição do detentor do direito


contra aquele em cujo nome possuía OU por ato de terceiro capaz de transferir a
posse.

Nesta forma de aquisição da posse dá-se a transformação de uma situação de mera


detenção em verdadeira posse nesse sentido, o título por que se exerciam certos
poderes sobre a coisa muda e daí a designação do instituto como Inversão do Título da
Posse

É necessário que o mero detentor se oponha ao possuidor, sendo que, para tal, é
necessário que o comportamento exterior do detentor signifique essa alteração
do título por que pratica os atos do exercício do direito

Está desenvolvida pelo 1265º- tem 2 modalidades, mas ambas têm a mesma
particularidade: há inversão do título da posse quando temos um mero detentor
(apenas tem corpus) que passa a possuidor (detentor que vai adquirir animus):

o Detentor opõe-se ao titular do direito


o Ato de terceiro capaz de transferir a posse

 Quando o detentor se vai opor ao titular do direito

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Ex :

 A arrenda a casa a B  B(arrendatário) vai passar a pagar rendas mensais 


arrendatário não age como verdadeiro proprietário (não tem ANIMUS)
 B deixa de pagar a renda não passa a ser possuidor (passa a agir em
incumprimento do contrato de arrendamento)

MAS!! Caso diferente:

Ex1: A arrenda a casa a B  B(arrendatário) vai passar a pagar rendas mensais 


arrendatário não age como verdadeiro proprietário (não tem ANIMUS)

 B deixa de pagar a renda e manda carta a A alegando que a partir de aí é


proprietário da casa. --- B passa a ser possuidor porque se opôs ao verdadeiro
titular do direito (proprietário A)
 Se A deixar B ficar na casa, passado um tempo, ainda por cima sendo a posse
pública, B poderá invocar USUCAPIÃO e A ficará mesmo sem a casa.
 Mas se A agir em tempo útil interpondo ação de despejo contra B, B terá de
sair

Ex2: A, locatário de um prédio, recusa-se a pagar renda e, arrogando-se ao direito de


propriedade do prédio, altera o seu sistema de exploração, cortando um pinhal nele
existente para passar a fazer culturas de sequeiro.

 Quando há ato de terceiro capaz de transferir posse

Para esta figura se autonomizar da aquisição derivada da posse por tradição, esse
ato (de terceiro capaz de transferir a posse), embora capaz em abstrato, não pode
em concreto ter esse efeito nesta modalidade de inversão do título da posse,
o ato de terceiro tem de sofrer de algum vício impeditivo daquele efeito
translativo (da posse)

Ex: Situação em que alguém, sem legitimidade, vende ao detentor,


exemplificando, ao locatário, o prédio que lhe estava arrendado a inversão
produz-se aqui por efeito de um novo título- compra e venda- apto a transferir posse,
embora inválido, na medida em que é uma venda de bens alheios

A arrenda a casa a B

 Aparece terceiro que convence B que afinal é ele, o terceiro, o proprietário


 Terceiro vende a casa a B. (quando na verdade, se trata de uma venda de bens
alheios, sendo por isso nula)
 B, que era mero detentor, passa a ser o possuidor Inversão do título da
posse por ato de terceiro  Posse de B é titulada

Outras situações em que a inversão do título da posse está desenvolvida:


Artigo 1290o
Usucapião em caso de detenção

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Os detentores ou possuidores precários não podem adquirir para si, por


usucapião, o direito possuído, exceto achando-se invertido o título da posse; mas,
neste caso, o tempo necessário para a usucapião só começa a correr desde a inversão
do título.

Artigo 1406o
Uso da coisa comum

1 – Na falta de acordo sobre o uso da coisa comum, a qualquer dos


comproprietários é lícito servir-se dela, contanto que a não empregue para fim diferente
daquele a que a coisa se destina e não prive os outros consortes do uso a que igualmente
tem direito.
2 – O uso da coisa comum por um dos comproprietários não constitui posse
exclusiva ou posse de quota superior à dele, salvo se tiver havido inversão do título.

Al b) posse é adquirida por tradição


“b) Pela tradição material ou simbólica da coisa, efetuada pelo anterior possuidor;”

Há um ato do possuidor antigo que, material ou simbolicamente, envolve a atribuição


da posse ao novo possuidor, pela transmissão da situação de facto, que o habilita
a exercer sobre a coisa atos correspondentes ao exercício do direito possuído

 Tradição material conseguida por tradição da coisa móvel


 Tradição simbólica não é possível a tradição da coisa (nos imóveis
normalmente é tradição da chave ou dos documentos)
 Tradição de mão curta (traditio brevi manu) aplica-se quando:
Ex: A é proprietário e arrenda casa a B B é detentor
A, posteriormente, vende a casa a B B passa a possuidor e proprietário (posse
causalacompanhada da titularidade do direito, distinguindo-se assim da posse
formal)

A arrenda casa a B e posteriormente A vende casa a B

ATENÇÃO!! Não confundir com inversão do título da posse:

Na inversão do título da posse:

 Mero detentor passa a possuidor

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 há a transformação de uma situação de mera detenção em verdadeira


posse, sendo para tal necessário que o mero detentor se oponha ao
possuidor assim, na inversão, a posse dá-se contra a vontade do
antigo possuidor

Na aquisição da posse por tradição:


 Adquirente, através do contrato real, passa a possuidor (não era antes
mero detentor, embora possa ser, se se tratar de uma tradição de mão
curta)
 o próprio antigo possuidor contribui para que a posse seja transmitida
 não há uma tradição anormal (por não haver efetivamente a tradição da
coisa), na medida em que se aplica esta modalidade de aquisição da posse

Al c) Constituto possessório (explicado no1264/1)

Artigo 1264o
Constituto possessório

1 – Se o titular do direito real, que está na posse da coisa, transmitir esse


direito a outrem, não deixa de considerar-se transferida a posse para o adquirente,
ainda que, por qualquer causa, aquele continue a deter a coisa.
2 – Se o detentor da coisa, à data do negócio translativo do direito, for um
terceiro, não deixa de considerar-se igualmente transferida a posse, ainda que essa
detenção haja de continuar.

Pode dar-se no caso de, na alienação de um direito real pelo seu titular, não se verificar
imediatamente a transferência da posse da coisa

Para o efeito, tanto faz que essa posse pertença ao próprio alienante ou que exista
detenção por terceiro (nº2)

PONTOS IMPORTANTES:

1. Se a coisa continuar na detenção do alienante ou de terceiro, nem por isso


deixa de se ter como verificada a aquisição da posse pelo adquirente do
direito alienado
 Não passando, embora, a ter a detenção da coisa, o adquirente do direito real
em causa é tido como seu possuidor
 Se a posse anterior existia no alienante, este passa a mero detentor, em nome do
adquirente
 Se a detenção existir em terceiro, este mantém a detenção, mas passa a
exercê-la (à detenção) em nome do adquirente

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2. A eficácia translativa da posse dá-se no momento da celebração do


negócio real (como é próprio deste tipo de negócio)
3. Em princípio, como se analisa na parte final do art 1264/1, é indiferente a
causa que justifica a manutenção da posse ou a detenção do alienante ou
de terceiro

Pode ser qualquer causa, MAS tem que haver uma causa

1264/1

Ex: A vende a coisa a B, mas em vez de lhe entregar a coisa, fica convencionado no
contrato que a coisa continua com A na medida em que ele passa a ser o arrendatário

A vende casa a B MAS A torna-se arrendatário da casa

o Posse de A passa para B (A passa a ser mero detentor)


o Embora o CORPUS continue em A, a posse transferiu-se logo A fica sem ANIMUS

1264/2

Ex:

 A dá casa a terceiro B de arrendamento


 Durante o arrendamento, A vende a casa a C
 Embora C seja o novo possuidor, tendo ANIMUS, este não tem o CORPUS pois
este mantem-se com B (arrendatário) Constituto Possessório

1255º Sucessão da posse

IMPORTANTE!!

Relativamente à SUCESSÃO DA POSSE (art 1255º), não falamos em aquisição da


posse, MAS SIM dizemos que o herdeiro passa a assumir a posição de A, logo
assume a posse tal qual foi constituída pelo falecido (herdeiro vai agir como se fosse
o verdadeiro possuidor desde o momento de aquisição da posse)

A boa ou má fé do herdeiro é juridicamente irrelevante o que interessa é a boa ou


má fé do falecido no momento de aquisição da posse

Sendo que, uma vez que o sucessor/herdeiro irá assumir a posição jurídica do falecido,
para saber se o modo de aquisição da posse do herdeiro (agora do herdeiro, mas
anteriormente do falecido) é derivado OU originário, terá que se ter em consideração
o modo de aquisição da posse do falecido

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Ex: Temos senhor A que tem posse de determinada coisa e A morre filho de A (B) é
herdeiro legítimo de A

No momento da morte de A, o seu herdeiro passa automaticamente a ser possuidor da


coisaherdeiros vão entrar na relação jurídica e agir como se fossem verdadeiros
possuidores desde o início não há aquisição da posse de B, na medida em que B
passa a assumir a posição de A (posse de B não é uma posse nova, mas sim a posse de
A se B estiver de boa fé mas A não estivesse, tal não terá relevância jurídica)

1256º Acessão da posse


ATENÇÃO!! Não confundir acessão da posse com aquisição da posse

Artigo 1256o
Acessão da posse

1 – Aquele que houver sucedido na posse de outrem por título diverso da


sucessão por morte pode juntar à sua a posse do antecessor.
2 –MAS!! Se, porém, a posse do antecessor for de natureza diferente da posse
do sucessor, a acessão só se dará dentro dos limites daquela que tem menor
âmbito.

Acessão só existe quando quem tiver sucedido na posse de outrem, por título que não
seja sucessão por morte (do antigo possuidor)

Há uma transmissão da posse por ato entre vivos, por exº uma compra e venda, sendo
reconhecida ao atual possuidor (novo possuidor) a faculdade de juntar à sua posse a
do antecessor, para efeitos de contagem do período da sua duração

(vai ser importante, por exº para a contagem do prazo para invocar a usucapião
junto meu prazo até ao momento decorrido com os prazos de outros possuidores
anteriores que já decorreram, de modo a conseguir invocar a usucapião antes de terem
passado comigo (apenas na contagem do meu prazo) os 20 anos que preciso para poder
invocar MAS!! Apenas posso juntar posses até que se verifique um modo originário de
aquisição de posse)

Mas!! Acessão tem um limite (art 1256º/2)

Se as posses (posse anterior e a atual posse) forem de natureza diferente (uma é posse
de boa fé e outra é posse má fé; uma posse é de propriedade e a outra é de usufruto), a
acessão só se dá nos limites da menos valiosa/ na de “menor âmbito” (posse de
usufruto, de má fé)

Ex: se a posse anterior é de má fé e a do adquirente é de boa fé, verificada a acessão,


a posse deste, no seu todo, passa a ser de má fé

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IMPORTANTE!!

 Este regime tem um caráter facultativo/não automático ao novo possuidor é


atribuído o direito potestativo de invocar a acessão, isto é, “de juntar as
posses” de modo a reduzir o seu prazo para poder invocar usucapião
 A posse pode ser adquirida de forma:
o Originária nada tem que ver com a posse anterior/ posse não decorre
de posse anterior
o Derivada posse decorre de posse anterior para que se possa fazer
acessão da posse, a posse terá que ser derivada!!!!

Posso ir buscar tantas posses anteriores quantas posses existiam


anteriormente, até chegar à posse que tenha sido adquirida
originariamente (por apossamento/esbulho OU por inversão do
título da posse)

Consequências da acessão
Ex1:

B (proprietário) C (possuidor há 5 anos) D (possuidor há 15 anos)

Quando a posse anterior for de natureza diferente:

 posse de B é uma posse de propriedade


 posse de C é uma posse de usufruto

D vem buscar posse de C para efeitos de prazo

Posse só se dá pelo menor âmbito posse de usufruto

Ex2:

B (proprietário) C (possuidor há 2 anos) D (possuidor há 13 anos) D precisaria


de 15 anos para usucapir

 posse de D é titulada e de Boa fé


 posse de C é não titulada e de Má fé

Posse só se dá pelo menor âmbito:

Posse titulada de má fé (prazo maior) 20 anos,

Caso D quisesse aproveitar a posse de C (posse não titulada de má fé, o prazo


passaria a ser de 20 anos) não compensa a D, não sendo este obrigado a recorrer
a esta figura

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1266ºCapacidade para adquirir a posse


(Incapazes não têm capacidade de exercício, logo não poderão celebrar negócios
jurídicos)

Mas!! Para a posse não é preciso capacidade de exercício basta que a pessoa
tenha o uso da razão (capaz de querer e entender o ato e as suas consequências)

1266/2 Mesmo quem não tem uso da razão, poderão adquirir posse de coisas que
sejam suscetíveis de ocupação (1318coisas móveis perdidas e abandonadas) iremos
analisar melhor esta situação

1267 Perda da posse


Artigo
1267o
Perda
da
posse

1 – O possuidor perde a posse:

a) Pelo abandono;
b) Pela perda ou destruição material da coisa ou por esta ser posta fora do
comércio;
c) Pela cedência;
d) Pela posse de outrem, mesmo contra a vontade do antigo possuidor, se a
nova posse houver durado por mais de um ano.

2 – A nova posse de outrem conta-se desde o seu início, se foi tomada


publicamente, ou desde que é conhecida do esbulhado, se foi tomada
ocultamente; sendo adquirida por violência, só se conta a partir da cessação
desta.

Há perda:

 absoluta da posse: a), b), c)


 relativa da posse: d) Commented [ILA(25]: ??? a cedência também não é
uma perda relativa da posse?

1 Abandono: parecido com apossamento, mas ao contrário prática reiterada de


atos materiais que expressem/revelem intenção de abandonar a coisa deixa de

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haver CORPUS e ANIMUS por isso, é nova qualquer posse, mesmo que
apresente conteúdo similar, que venha a constituir-se sobre a coisa
NÃO CONFUNDIR!!! Abandono com mero exercício do direito
Ex: se eu tiver um livro e o deixar na estante durante anos não se perde nem Animus
nem Corpus.

2 Perda ou destruição material da coisa/ ser posta fora de comércio: (tal como
acontece com o direito real que se extingue com a extinção da coisa devido à
característica da inerência) extingue-se a posse se a coisa que tem por objeto não
poder ser mais objeto de direitos privados por “ser posta fora do comércio”
(202º/2)

3 Cedência: alguém que passa a posse a outra pessoa, sendo a perda de posse
meramente relativa possuidor cede a posse a outrem, havendo uma
correspondente aquisição pelo cessionário
Acontece por:
 Constituto possessório (1273º c))
 Tradição (1273º b))

4 Perda da posse por apossamento de terceiro:

Há perda da posse quando se constitua, mesmo contra a vontade do possuidor, uma


posse de outra pessoa trata-se de um caso particular de perda de posse, na medida
em que a perda da posse não se dá imediatamente, mas apenas depois de ter
decorrido, sobre o esbulho, mais de um ano

Consequências deste regime da al d):

Desde logo, não chega a haver perda de posse se, por qualquer circunstância, a nova
posse cessar antes de preenchido o referido prazo a posse antiga só cede perante
uma nova posse decorridos 1 ano e um dia

nº2: Apenas se perde a posse passado mais de um ano (1 ANO E UM DIA DA


NOVA POSSE) um ano é o prazo que tem para reaver a posse e caso consiga
reaver, tudo se passa como se nunca tivesse perdido a posse

Enquanto não decorrer o prazo de pelo menos 1 ano e 1 dia, verifica-se o fenómeno de
sobreposição de posses (art 1278º)

A partir de quando começa a contar o prazo de 1 ano?

 Posse pública e pacífica- a partir do momento em que há nova posse


 Posse oculta – quando aquele que ficou sem posse toma conhecimento
efetivo da posse do outro
 Posse violenta- a partir do momento em que cessa a violência

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EFEITOS DA POSSE (Art 1268º a 1275º)


(efeitos úteis da qualidade de possuidor conteúdo da posse)

Artigo 1268o
Presunção da titularidade do direito

1 – O possuidor goza da presunção da titularidade do direito, exceto se existir,


a favor de outrem, presunção fundada em registo anterior ao início da posse.
2 – Havendo concorrência de presunções legais fundadas em registo, será a
prioridade entre elas fixada na legislação respetiva.

Efeitos da posse do lado:

Ativo:
 Presunção da titularidade do direito correspondente ao exercício da posse
(1268º)
 Direito aos frutos (1270º+1271º)
 Direito às benfeitorias (1273º)
 Direito de indemnização (a respeito da defesa da posse) (1284º)
 Usucapião (1287º a 1301º)
 Direito de uso apenas implicitamente reconhecido pela lei

Passivo:
 Obrigação de responder pela perda ou detioração da coisa (1269º)
 Obrigação de suportar encargos (1272º)

Posse faz presumir o título do direito ao qual à posse está a ser exercida (MAS trata-se
de uma presunção ilidível)

ATENÇÃO!! Não se diz apenas que a posse se faz presumir a propriedade, mas sim o
direito real correspondente

E se houver presunção baseada no registo numa pessoa e presunção baseada na


posse noutra pessoa sobre a mesma coisa qual prevalece?

 A que foi constituída em primeiro lugar vai-se avaliar o momento de


aquisição da posse
 Se as duas situações se tiverem constituído no mesmo dia  a presunção da
posse prevalece (1268º/1) sobre a presunção de registo (art 7º Cód Reg
Pred)

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Direito de Fruição/aos Frutos (1270º e 1271º)


A boa ou má fé do possuidor tem um impacto fundamental no regime a aplicar

Regime aplicável tanto a frutos naturais como a frutos civis (art 211º noção de
fruto)

Enquanto a posse durou, o proprietário vem reivindicar a coisa

Coisa é devolvida ao proprietário

E os frutos também têm de ser devolvidos??

Possuidor de boa fé(1270º):

Frutos pertencem ao possuidor se e enquanto este tiver de boa fé

 1270/2 Quando proprietário reivindica a coisa, os frutos ainda não estão colhidos
Os frutos pertencem ao proprietário, mas este terá de compensar o possuidor pelas
despesas de produção dos frutos (adubos, sementes)

 1270/3 Quando proprietário reivindica a coisa, os frutos ainda não estão colhidos,
MAS estão vendidos (possuidor vendeu frutos como coisa futura)
o venda mantém-se (quem fica com os frutos é o terceiro que os comprou)
o dinheiro da venda fica para o proprietário (pois o possuidor já não está de
boa fé)
o mas o proprietário terá que pagar ao possuidor pelas despesas de
produção dos frutos (adubos, sementes)

possuidor passa a estar de má fé a partir do momento em que toma conhecimento da


ação de reivindicação (defesa da propriedade)

Possuidor de má fé (1271º):

Se estiver de má fé, não fica com nada, tendo que devolver tudo ao possuidor, ainda
que já os tenha consumido, nesse caso terá que pagar o valor correspondente

Possuidor de má fé, também terá de devolver os frutos que devia ter produzido e não o
produziu avaliar-se-á segundo o critério da diligência (saber como atuaria uma
pessoa normal)

ATENÇÃO!!

Proprietário terá que indemnizar o possuidor pelas despesas que ele teve com a
produção (mesmo que possuidor esteja de má fé) pois mesmo que fosse o
proprietário a produzir esses frutos, teria que ter essas despesas)

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MAS!! Há um limite: Proprietário terá de pagar as despesas com o limite máximo do


valor dos frutos que está a receber

ATENÇÃO!!

Encargos com a coisa (não são gastos com as obras), mas sim despesas que não
têm materialmente a ver com a coisa, mas são impostas pela própria coisa
(impostos IMI; condomínio, obrigação real)

Durante o tempo em que durou a coisa, quem terá de suportar os encargos da coisa
durante esse período? Quem fica com os frutos da coisa

 possuidor de boa fé fica com os frutos, LOGO terá que pagar os encargos;
 possuidor de má fé não fica com os frutos LOGO não tem que pagar encargos
quem suporta os encargos é então o proprietário

Obrigação de responder pela perda ou deterioração da coisa


(1269º)
Quando o proprietário vem reivindicar a coisa

 O possuidor de boa fé apenas tem de indemnizar os danos que lhe forem


imputáveis, pelo facto de este ter agido com culpa
 (a contrario) O possuidor de má fé responde pela perda ou deterioração da coisa,
mesmo que sem culpa (pois a partir do momento em que sabe que a coisa pertence
a outrem e ainda assim fica com ela corre o risco que algo aconteça à coisa, durante
essa posse de má fé)

Não é responsável pelo uso da coisa, se dele não decorrerem consequências de perda ou
deterioração da coisa legislador confere ao possuidor, implicitamente, o direito
ao uso da coisa,

Benfeitorias (art 1273º + art 216º)


A boa ou má fé do possuidor tem um impacto fundamental no regime a aplicar Commented [ILA(26]: Ler Pg 309 pra ver se tenho que
acrescentar algo

Artigo 216o
Benfeitorias

1 – Consideram-se benfeitorias todas as despesas feitas para conservar ou melhorar


a coisa.
2 – As benfeitorias são necessárias, úteis ou voluptuárias.

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3 – São benfeitorias necessárias as que tem por fim evitar a perda, destruição ou
deterioração da coisa; úteis as que, não sendo indispensáveis para a sua conservação,
lhe aumentam, todavia, o valor; voluptuárias as que, não sendo indispensáveis para a
sua conservação nem lhe aumentando o valor, servem apenas para recreio do
benfeitorizante.

Consideram-se Benfeitorias as despesas feitas com a conservação ou a melhoria de


uma coisa.

A lei distingue, na fixação dos direitos do possuidor, consoante as benfeitorias são


necessárias, úteis ou voluptuárias:

 Necessárias: indispensáveis à conservação da coisa, caso contrário, a coisa perde a


utilidade a que está destinada, caso as benfeitorias não sejam realizadas 
possuidor nunca pode levantar a benfeitoria, mas o proprietário terá que
compensar/indemnizar o possuidor pelas despesas incorridas pelo possuidor
(esteja o possuidor de boa ou má fé)

 Útil: não são indispensáveis à conservação da coisa, mas aumentam o seu valor
(ex. construir piscina)
Se levantamento for possível (caso o levantamento da benfeitoria, resultando na
sua separação da coisa não implique danos para a coisa principal), tem o possuidor
o direito a levantá-las
ex: possuidor pôs autoradio no carro durante a sua posse- é uma benfeitoria útil
levantável;
Caso a benfeitoria não seja levantável, proprietário terá que compensar o
possuidor pelas despesas incorridas com a benfeitoria útil, sendo o valor da
indemnização calculado segundo as regras do enriquecimento sem causa

ATENÇÃO!!
Quem decide se levanta a coisa, ou não, é o possuidor, MAS!! Caso a coisa seja
levantável e o possuidor não a levanta, não vai ter direito a qualquer
indemnização

Nota: propriedade é um direito real que não se perde por abandono

MAS!!! Pode-se abandonar posse, LOGO, mesmo que o proprietário não


queira a coisa (agora que sabe que terá que compensar possuidor pelas
benfeitorias) terá a obrigação de o fazer

 Voluptuária: não são indispensáveis a conservação da coisa, nem aumentam o seu


valor, servem apenas para recreio do benfeitorizante. Sendo levantáveis ou não, o
proprietário não terá que pagar qualquer compensação

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Caso o possuidor esteja de:


o má fé nem sequer tem direito a levantar a benfeitoria
o boa fé pode levantar a benfeitoria caso seja levantável, MAS se não for
levantável, o proprietário não terá que pagar ao possuidor qualquer
compensação

Obrigação de responder pelos encargos


Artigo 1272o
Encargos

Os encargos com a coisa são pagos pelo titular do direito e pelo possuidor, na medida
dos direitos de cada um deles sobre os frutos no período a que respeitam os encargos.

Usucapião (1287º)
(nos termos do art 1287º, a usucapião, por efeito da posse mantida por um certo
tempo e com certos requisitos, a aquisição do direito real a cujo exercício a ela
corresponde (à posse))

Artigo 1287o
Noção

A posse do direito de propriedade ou de outros direitos reais de gozo, mantida por


certo lapso de tempo, faculta ao possuidor, salvo disposição em contrário, a aquisição
do direito a cujo exercício corresponde a sua atuação: é o que se chama usucapião.

Além do decurso de certo período como requisito para que possa haver usucapião, é
necessário também que:
 Se verifiquem certas características de que se deve revestir a posse;
 Invocação da usucapião pelo interessado
 Que haja a capacidade exigida pelo art 1289º (capacidade de gozo do
correspondente direito, na medida em que o preceito do nº2 admite os incapazes a
adquirir por usucapião, tanto por efeito de ato próprio como de ato dos seus
representantes legais)

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Usucapião aplica-se tanto aos direitos que têm por objeto coisas imóveis, como móveis,
pois umas e outras podem ser objeto de posse, MAS!!! Verifica-se uma maior exigência
quanto à duração do prazo prescrional das coisas imóveis

Não podem ser adquiridos por usucapião direitos sobre coisas integradas no domínio
público do Estado, por não serem objeto de posse privada (art 202º/2)

Eficácia constitutiva da posse como fonte de aquisição de direitos reais cinge-se à


usucapião

 posse reiterada, verificados certos pressupostos, é, em relação a certas


categorias de direitos reais (de gozo), causa de aquisição do direito a cujo
conteúdo a posse respeita

 1287º-Invocar o direito real correspondente à posse que o possuidor estivesse


a exercer
o Ex: caso a posse seja de servidão, apenas permite, ao fim de algum
tempo, invocar o direito da servidão
 1288º efeito retroativo da usucapião: pessoa que exerça usucapião, tornar-
se-á proprietário desde o início da posse (de quem usucapiu)

 usucapião é um instituto privativo da posse em sentido próprio a mera


detenção ou a posse precária não tem esse efeito, a menos que se
transforme em verdadeira posse (se tal acontecer estamos perante uma
inversão do título da posse, nos termos do art 1265º, sendo que para os
meros detentores ou ainda possuidores precários, a contagem do prazo para
usucapir apenas começa a partir da inversão, atendendo ao disposto no art
1290º)
o por isso, detentor não pode usucapir!! Para o fazer, antes terá que se
verificar a inversão do título da posse (mero detentor passa a
possuidor, ao opor-se ao titular do direito OU por ato de terceiro capaz
de transferir a posse)

Como contar a duração do prazo da posse, para haver usucapião?

Varia em função de vários fatores:

 Características da posse
o Posse de boa fé
o Posse de má fé
o Posse titulada
o Posse não titulada
o Posse registada
o Posse não registada

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 Natureza dos bens sobre que incide o direito a cujo exercício a posse
respeita (e que se pretende usucapir)

Bens imóveis (art 1293º e ss)

1. Regime mais favorável à usucapião é aquele em que há título de aquisição (posse


titulada) e registo deste

 Posse de boa fé: prazo de 10 anos a contar do registo (1294º a))


 Posse de má fé: prazo de 15 anos a contar do registo (1294º b))

2. Se não houver título ou se este não tiver sido registado

 Posse de boa fé: prazo de 15 anos a contar do início da posse (1296º)


 Posse de má fé: prazo de 20 anos a contar do início da posse (1296º)

3. Se houver registo da mera posse (1295º)

O bom entendimento deste regime pressupõe o conhecimento dos requisitos de que


depende o registo: atendendo ao art 1295º/2, a mera posse só pode ser registada com
base em sentença transitada em julgado, na qual se declare ter havido posse
pública e pacífica por tempo não inferior a 5 anos feito o registo da sentença o
prazo da usucapião depende ainda do facto de a posse ser de boa ou de má fé:

 Posse de boa fé: prazo de 5 anos a contar do início da posse (1295º/1 a))
 Posse de má fé: prazo de 10 anos a contar do início da posse (1295º/1 b))

ATENÇÃO!! Ao contrário do que possa parecer, este regime não é mais favorável do
que o 1º (quando há título de aquisição e registo deste), dadas as condições de que
depende o registo o prazo total da posse nunca pode ser inferior ao
estabelecido pelo art 1294º

4. Se a posse for violenta OU oculta (1297º)

Os prazos da usucapião só começam a contar-se a partir do momento em que


cessa a violência ou que a posse se torna pública

Bens móveis (art 1298º e ss)

Se a posse for violenta OU oculta (1300º 1297º)

Os prazos da usucapião só começam a contar-se a partir do momento em que


cessa a violência ou que a posse se torna pública

MAS!! É dada alguma proteção a terceiros de boa fé (1300º/2)

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Se a coisa possuída passar a sê-lo por terceiro de boa fé antes da


cessação da violência ou da publicidade da posse, a usucapião pode ser
invocada a favor do adquirente (terceiro de boa fé):
 Posse titulada: passados 4 anos sobre a constituição da sua posse
 Posse não titulada: passados 7 anos sobre a constituição da sua
posse

 Bens registáveis (1298º)

1. Regime mais favorável à usucapião é aquele em que há título de aquisição (posse


titulada) e registo deste

 Posse de boa fé: prazo de 2 anos a contar do registo (1298º a))


 Posse de má fé: prazo de 4 anos a contar do registo (1298º a))

2. Se posse não tiver sido registada

 Independentemente da boa ou má fé e independentemente do título, o prazo é


de 10 anos (1298º b))

 Bens não registáveis (1299º)

1. Regime mais favorável à usucapião é aquele em que há título de aquisição (posse


titulada) (aqui não há registo)

 Posse de boa fé: prazo de 3 anos


 Posse de má fé e não titulada: prazo de 6 anos

 São também aplicáveis as regras de suspensão e interrupção da prescrição


(art 1292º art 300º e ss.)

o Art 300 prazos são imperativos, pelo que são NULOS os negócios
destinados a modificar o prazo
o Art 302º é proibida a renúncia antecipada só será permitida uma
renúncia a partir do momento em que possuidor está em condições de
usucapir (passados os 20 anos de prazo) A NÃO SER art 305 (também
aplicável por remissão do 1292) que possuidor esteja a prejudicar outras
pessoas
 Ex: possuidor deve dinheiro a alguém e não paga. Credor pode
atacar o património do possuidor, mas possuidor não tem
património e renuncia a usucapião, NÃO PODE!! 
Impugnação Pauliana credores do possuidor podem
invocar usucapião em lugar do possuidor (que apenas não o
faz para que os seus credores não beneficiem dessa invocação)

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o Art 303º usucapião depende sempre da invocação do possuidor


não é de conhecimento oficioso do tribunal
 ex: proprietário interpõe ação de reivindicação relativamente a
uma casa e já passaram os 20 anos, pelo que o possuidor poderia
invocar a usucapião e não o faz porque não sabia juiz não
pode fazer-se substituir ao possuidor, teria de partir do próprio
possuidor
o Art 318 suspensão do prazo (enquanto estiver a durar a causa de
suspensão não corre o prazopára de contar, mas depois continua)
 Não se pode invocar entre cônjuges enquanto o casamento se
mantiver, o prazo não conta
 Não se pode entre pais e filhos
o 319º suspensão a favor de MILITARES
o 320 suspensão a favor de MENORES, INTERDITOS ou
INABILITADOS
 Menor: enquanto menor não tenha representante legal, O PRAZO
SUSPENDE (se menor é incapaz, não se podendo defender o prazo
terá de se suspender, MAS SÓ DURANTE O PERÍODO EM QUE
NÃO TEM REPRESENTANTE LEGAL)
 Incapacidade do menor termina aos 18 anos se o prazo passou
antes da incapacidade cessar (antes de fazer 18 anos), usucapião
apenas poderá ser invocada passado 1 ano após cessar
incapacidade (no dia em que incapaz completar 19 anos)
 320/3 se o interdito e o inabilitado também não tiverem
representante nesse período, o prazo suspende
 Enquanto que a incapacidade da menoridade termina, a
interdição e inabilitação poderá não terminar, mantendo o
incapaz aquela condição para toda a sua vida aplicar prazo do
menor (dia em que acaba a maioridade+1 ano) + 3 anos
(esperar 4 anos desde que decido invocar a usucapião)
o 321 casos de força maior para suspensão  caso nos últimos 3 meses
o proprietário estiver sem condições de se defender por causa de força
maior prazo suspende e não começa a correr, enquanto: proprietário
não melhorar ou enquanto dolo não acabar

o 323 e ss interrupção do prazo (uma vez verificada a causa de


interrupção, caso se deixe de verificar o prazo volta a contar desde
o início prazo volta à estaca zero)
 Se preciso de 20 anos para usucapir e estou a 19.5 anos e recebo
notificação de ação de reivindicação mesmo que depois o prazo
retome, terei de esperar novamente 20 anos

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 1291 quando há 2 possuidores (compossuidores) basta um invocar a usucapião


para ambos se tornarem proprietários

 ATENÇÃO!! VER O REGIME DE ACESSÃO DA POSSE E SUCESSÃO RESUMIDOS


ANTERIORMENTE, POIS TAL É MUITO IMPORTANTE NA CONTAGEM DE
PRAZOS PARA USUCAPIÃO (para a resolução de casos práticos)

IMPORTANTE

 Uma vez invocada, a usucapião determina a aquisição originária do direito


correspondente à posse exercida não se verifica uma transmissão do direito
anteriormente incidente sobre a coisa e correspondente sobre ao direito adquirido por
usucapião

 Novo direito é imune aos vícios que afetassem o direito antes incidente sobre a
coisa
 MAS!! Nem sempre pelo facto de a usucapião determinar a aquisição originária do
direito correspondente à posse exercida, significa que outros eventuais direitos
reais que limitassem o direito anterior tenham de se extinguir tal depende
do conteúdo da posse exercida

Ex: se existia sobre o prédio que a posse tem por objeto uma servidão de passagem e a
posse for exercida sem pôr em causa este direito, a servidão mantém-se

MAS!!

Se o possuidor, em simultâneo com o exercício correspondente ao direito de propriedade,


atuar em termos de fazer “oposição” ao exercício da servidão, a usucapião do direito de
propriedade vai ser acompanhada da extinção da servidão por “usucapio
libertatis” (art 1574)

DEFESA DA POSSE (Arts 1276º e ss.)


A tutela da posse partilha de alguns aspetos do regime geral de defesa dos direitos reais
(possibilidade, em casos excecionais, de o possuidor recorrer a meios de tutela privada,
como é o caso da ação direta (1277º))

 Ação de prevenção
 Ação direta
 Defesa judicial
 Manutenção e restituição da posse
 Esbulho violento restituição provisória da posse

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As ações possessórias de prevenção, de manutenção e de restituição da posse são hoje


ações declarativas de condenação, que seguem o processo comum, embora com
algumas especialidades

Não obstante alguém ser classificado como mero detentor, poderá ainda assim,
beneficiar o CORPUS (devido à MERA DETENÇÃO):

 1037/2
 1125/2
 1133/2
 1188/2

Ação de prevenção- ação judicial que visa prevenir a perda futura da posse

o Tem que haver um possuidor


o Ter que demonstrar que há um justo receio/há sinais claros da possível perda
da sua posse

Nesse caso, o tribunal vai condenar a outra parte a abster-se de praticar os atos que
levariam à perda da posse se violar essa sentença poderá incorrer em responsabilidade
civil

Possuidor quer agir depois de acontecer alguma coisa (alguém perturbar ou até
retirar a sua posse)

1277336º Ação direta quando não é possível em tempo útil recorrer aos meios
públicos (?)

1278º Ação de manutenção da posse e a ação de restituição da posse

Manutenção posse está perturbada

ex: quando todos os dias alguém passa no meu terreno e eu quero que isso deixe
de acontecer

Restituição quando já não tenho a posse, mas mesmo que já não tenha a
posse, desde que tenha tido a posse superior a um ano, presume-se minha a posse

MAS!! Se a minha posse tiver mais do que um ano, considera-se uma posse
CONSOLIDADA e eu irei ganhar a ação

A não ser que o outro provar que é titular do direito, em princípio não irei ganhar a
ação; mas em todos os outros casos, provavelmente

o 1278/3 melhor posse é aquela que é TITULADA logo, será a posse protegida
o SE NENHUMA FOR TITULADA, vai prevalecer a mais antiga
o SE TIVEREM IGUAL ANTIGUIDADE prevalece a posse ATUAL

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1279 Esbulho violento se estivermos perante aquisição da posse violenta, mediante


coação física e moral

Providência cautelar (377º e 478º CPC) normalmente tenho que interpor ação
principal em tribunal, para que o caso seja resolvido, pelo que, havendo situações de
urgência, existem essas ações urgentes que NÃO DÃO UMA RESPOSTA DEFINITIVA, MAS
SIM PROVISÓRIA, de modo a que quando a ação principal der uma resposta definitiva,
seja essa a decisão que vale

Assim, aquele que está a defender a posse pode exigir uma restituição provisória da
posse PORQUE QUEM ADQUIRE A POSSE (quem tira ao outro a posse) DE MODO
VIOLENTO NÃO MERECE PROTEÇÃO

1280 Exclusão das servidões não aparentes

De modo a não incorrer em nenhuma injustiça

1281Legitimidade para as ações:

o Ação de manutenção possuidores ou seus herdeiros contra aquele que


perturbou ou retirou a posse (esbulhador)  pode pedir indemnização ao
esbulhador ou seus herdeiros
o Ação de restituição: Se o terceiro estiver de má fé, a ação também poderá ser
interposta contra ele (não faz sentido falar nisto na ação de manutenção, pois a
coisa ainda está com o perturbado)

1282 PRAZOS

1283 EFEITOS: se o possuído recuperar a coisa tudo se passa como se não a tivesse
perdido

1284 se houver prejuízos, aquele que perturbou ou esbulhou terá que compensar o
perturbado

1285 Embargos de terceiro procedimento judicial

NÃO SERVE PARA DEFENDER A POSSE EM QQ SITUAÇAO, MAS SIM!! APENAS PARA
DEFENDER CONTRA ATOS JUDICIAISo agressor é o TRIBUNAL

Ex: A é possuidor, mas emprestou a coisa a B B é mero detentor

MAS, caso B tenha dívidas, o credor manda penhorar o património de B

Caso penhorem a coisa de A por estar na garagem de B, A (enquanto terceiro) poderá


embargar o processo, OU SEJA, PARAR O PROCESSO, para que não seja penhorada a sua
coisa

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1286º se estivermos perante uma situação de COMPOSSE, qualquer um deles pode


interpor a ação (não precisam de ser os dois), para defender a sua própria posse ou a
posse comum

Commented [ILA(27]: Pg 332


AQUISIÇÃO DE DIREITOS REAIS

AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE

Artigo 1316o
Modos de aquisição

O direito de propriedade adquire-se por contrato, sucessão por morte, usucapião,


ocupação, acessão e demais modos previstos na lei. são modos ORIGINÁRIOS

Todas as modalidades de aquisição originária têm a particularidade do EFEITO


RETROATIVO

Artigo
1317o
Momento
da aquisição

O momento da aquisição do direito de propriedade é:

a) No caso de contrato, o designado nos artigos 408o e 409o;


b) No caso de sucessão por morte, o da abertura da sucessão;
c) No caso de usucapião, o do início da posse;
d) Nos casos de ocupação e acessão, o da verificação dos factos respetivos.

OCUPAÇÃO

ATENÇÃO!! APLICA-SE À OCUPÇÃO O ART 1266º pois indiretamente fala na


ocupação quando quem encontra é alguém com menos de 18 anos (incapaz)
poderá ocupar na medida em que NEM SEQUER TEM QUE TER O USO DA RAZÃO

Art 1318º coisas suscetíveis de ocupação: Qualquer coisa móvel ou animais, que
nunca tenham tido dono, estejam perdidos, escondido, abandonado

Art 1345º-Não há ocupação de coisas imóveis!! Na medida em que as coisas imóveis que
não tenham dono pertencem ao Estado

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Art 1319º caça e pesca

Art 1320º animais selvagens com guarda própria

Art 1321º REGOVADO

Art 1322º Enxame das abelhas prazo: mal saiba que o enxame fugiu tem que atuar
de imediato, num prazo de 48h. Caso não o consiga fazer, as abelhas passam a
pertencer ao proprietário do terreno para onde as abelhas fugirem

Art 1323º Animais e coisas móveis perdidas

Se souber a quem pertence deve avisar a pessoa da coisa perdida

/4 feito ou anunciado o achado, o achador torna-se proprietário se ninguém aparecer


num prazo de 1 ano INTERPRETAÇAO RESTRITIVA prazo aplica-se para quem
NÃO CONHECE A IDENTIDADE DO PROPRIETÁRIO, tendo sido feito o anuncio
público Commented [ILA(28]: Atualizar ESTE ARTIGOOOOO

Achador tem o direito a indemnização sobre as despesas que incorreu e danos


também MAS NÃO TEM PRÉMIO PELA SUA HONESTIDADE

Achador goza do direito de retenção enquanto não lhe for pago aquilo a que tem
direito da indemnização, e não responde pela perda ou deterioração da coisa se não há
da sua parte dolo ou culpa grave

/6 achador não responde por perda ou deterioração da coisa APENAS RESPONDE SE


HOUVER culpa grave ou dolo

/7 O achador do animal pode reter o animal se tiver fundado receio que este é alvo de
maus tratos por parte do proprietário, MAS!! RETER NÃO É FICAR PROPRIETÁRIO!

Se efetivamente houver maus tratos, pode o achador reter

Art 1324º- coisas escondidas ou enterradas

Não tem que anunciar se provar que já tiverem passados 20 anos desde que foi
escondido

ACESSÃO (1325º)
NÃO CONFUNDIR!! Com a acessão da posse

Estamos agora a falar de uma modalidade de aquisição originária de um direito real

1325º Há acessão quando temos união e incorporação da coisa que é propriedade de


alguém, com outra coisa que não lhe pertencia

Aquisição da propriedade chama-se precisamente ACESSÃO

DIFERENTES TIPOS DE ACESSÃO (1326º)

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 Acessão Natural (1327º) força que conduz à união das duas coisas dá-se
EXCLUSIVAMENTE por força da natureza pertence ao dono da coisa, tudo o que
desta crescer por força da Natureza
 Acessão Industrial força que conduz à união das duas coisas dá-se por força do
Homem

(se for misto (união das duas coisas dá-se tanto por força da natureza como por força do
Homem) aplica-se a acessão INDUSTRIAL)

o Mobiliária (1333º e ss.)


interessa saber se a ação foi feita de boa ou de má fé (será de má fé, quando
unir uma coisa que me pertence a mim, com uma coisa que pertence a outra
pessoa, sabendo eu que essa outra coisa pertence a outra pessoa)

Se estiver de boa fé: aplicar  vai ter direito a ficar com a coisa, aquele a quem
pertencia inicialmente a coisa de MAIOR VALOR

Ex: tenho PLASTICINA que me custou 100euros e uno com plasticina que pertence a outra
pessoa no valor de 50 euros

 Se de facto ficar com a coisa, terei que pagar ao dono da outra coisa o valor da sua
coisa (50 euros)
 Se o valor das coisas fosse O MESMO Abre-se licitação entre as partes para saber
quem está disposto a dar mais
 Se nenhum estiver disposto a pagar pela coisa, tenta-se vender a terceiro e
divide-se o valor da coisa pelos dois proprietários das coisas

IMPORTANTE

Ex1:

 Plasticina de A de MENOR VALOR


 Plasticina de B  de MAIOR VALOR
 Quem faz a mistura/responsável pela “confusão” foi A, MAS FEZ DE BOA FÉ
 Vamos atribuir a B um direito que A não tem: quem tem o direito de ficar com a
coisa é quem tinha inicialmente a coisa de maior valor (seria B)

MAS!! Caso B não queira ficar com a coisa, poderá requerer que A fique com a
coisa (ainda que a coisa de A tivesse menos valor)  A fica obrigado a adquirir
as coisas misturadas e a pagar a B o valor a que correspondia a coisa de B
inicialmente

Ex2:

 Plasticina de A de MENOR VALOR


 Plasticina de B  de MAIOR VALOR
 Quem faz a mistura/responsável pela “confusão” foi A, MAS FEZ DE MÁ FÉ

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Se as coisas puderem ser separadas: separa-se e fica o problema de boa fé

Se as coisas não puderem ser separadas QUEM VAI DECIDIR TUDO SERÁ B
poderá decidir ficar com a coisa toda e paga o valor correspondente a A ou!! Ser A a ficar
com a coisa toda e A terá de pagar o valor correspondente a B

1335º (diz respeito a CONFUSÃO CASUAL) - caso em que a confusão é por força do
Homem, MAS a mistura é feita sem saber que está a ser feita

1336º Especificação de Boa fé- é uma situação particular dentro da própria acessão,
na medida me que a união não é entre duas coisas, MAS SIM entre uma coisa e o
TRABALHO de outra pessoa

Ex: sou um pintor e vejo uma tela num sítio qualquer e PINTO A TELA há a união entre
a tela e o trabalho enquanto pintorregra é a mesma: perceber se quem fez a acessão
está de boa ou de má fé (depois escolher qual o artigo a aplicar)

1337º Má Fé

se trabalho exceder o valor da coisa em mais de um terço dono da coisa terá


que indemnizar o especificador no que exceder esse terço

Ex:

Pedra vale 9

1/3 da pedra é 3

 com a especificação/trabalho passou a valer 50 dono terá que pagar


ao especificador 50-(9+9/3)=38
 com a especificação/trabalho passou a valer 10 dono não terá que
pagar nada ao especificador (exceder o valor da coisa em + de 1/3
9+9/3=12 LOGO, se a coisa passou a valer 10 menos de 12)

o Imobiliária (1339º e ss)


Está em causa a aquisição de bens por efeito da construção de obras ou da
feitura de sementeiras ou plantações, quando ao seu autor não pertencerem o
terreno ou os materiais, sementes ou plantas usadas, ou ambas as coisasos
bens a que a aquisição respeita tanto podem ser o terreno como os
materiais, sementes ou plantas

Há que distinguir:

a) Obras, sementeiras ou plantações feitas em terreno próprio, com materiais,


sementes ou plantas alheios
b) Obras, sementeiras ou plantações feitas em terreno alheio, com materiais,
sementes ou plantas próprias

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c) Obras, sementeiras ou plantações feitas em terreno alheio, com materiais,


sementes ou plantas alheio
d) Caso particular de construção se prolongar por terreno alheio

Salvo no primeiro caso, há que distinguir consoante o autor da obra, sementeira ou


plantação esteja de boa ou má fé

a) 1339º como se se trata-se de uma Expropriação privadaquem de


má fé, faz obras no seu próprio terreno com materiais alheios tem que pagar
o respetivo valor dos materiais e possível indemnização

b1) 1340º  quem de boa fé faz obras em terreno alheio com os seus
próprios materiais

aplicação da boa fé subjetiva:1340/4 está de boa fé quem ignorar ou


desconhecer que o terreno era alheio, ou foi autorizado pelo dono do terreno, de
forma expressa ou tácita

Depois aplica-se os artigos anteriores da acessão

 se o valor for igual, abre-se licitação entre as partes


 Se o valor não for igualver qual a coisa/trabalho que trouxe mais valor à
coisa “misturada” ficando a coisa para quem trouxe mais valor

b2) 1341 se quem vai construir em terreno alheio com seus próprios
materiais estiver de má fé- proprietário do terreno tem uma de duas opções:

Ou fica com a obra, sementeira etc indemniza autor da obra segundo as regras
do enriquecimento sem causa

Ou exige que o terreno volte ao seu estado inicial não tem que pagar nada ao
autor da obra, sendo a destruição/demolição à custa do autor da obra

c)1342 quem faz obras em terreno alheio com materiais alheios

(A faz obras em terreno de B com materiais de C)

há que distinguir se o dono dos materiais tem ou não culpa:

 Se não tiver culpa quanto ao uso que deles foi feito

Ele toma a posição que ao dono da incorporação (obra) couber, nos termos do art
1340º (tendo em conta o valor da incorporação e do terreno)

Decidir o que é que tem mais valor, se as obras de A ou o terreno de B (C aqui não tem
nada a ver)

 se tiver culpa

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aplica-se o regime da obra, sementeira ou plantação feita de má fé (art 1341º) tem o


dono do terreno o direito de exigir que a obra seja desfeita e que o terreno volte ao seu estado
natural sem ter que pagar indemnização OU tem o direito de ficar com a obra e compensar o
autor dela segundo as regras do enriquecimento sem causa

se além da culpa do dono dos materiais houver má fé, por parte do autor da
incorporação (obra) há que distinguir:

 se for devida indemnização:


donos dos materiais e autor da incorporação respondem
solidariamente
 se o autor da incorporação tiver direito a qualquer quantia:
essa quantia será repartida entre o autor da incorporação e o
dono dos materiais na proporção do valor da mão de obra usada
e dos materiais

Caso o dono dos MATERAIS (C) esteja de MÁ FÉ  tanto A como C terão de pagar a B
quanto a possíveis danos

1343º Prolongamentos de edifício por terreno alheio (construção de edifícios


se invadir terreno alheio)

(Ex: A está a contruir no seu terreno e, não sabendo que estava a construir no terreno
de B, prolonga a sua construção para o terreno de B, MAS A ESTÁ DE BOA FÉ)

Nesses casos, ESTANDO A DE BOA FÉ, este poderá adquirir essa parcela de terreno
desde que B não venha deduzir oposição no prazo de 3 meses

(caso no terreno de B haja um usufrutuário, o que este poderá fazer é alertar B para o
facto de A estar a construir no seu terreno)

Ex: para A estar de boa fé não é assim tão difícil basta os terrenos serem
lotes e estarem ainda cheios de árvores, não tendo assim divisão a delimitar os
terrenos

Artigo parecido com o 1340º (A está a fazer obras em terreno alheio com os seus
próprios materiais de Boa fé)

Quando aplicar o 1340º e o 1343º??

Maior parte da doutrina defende que vai depender da parte da parcela invadida:

 se for menos de 50%  1343º


 se for mais de 50%  1340º

requisitos para aplicação do art 1343º:

 ser ocupada apenas uma parcela de terreno alheio


 estar em causa uma parte não substancial da construção

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B terá de se opor num prazo de 3 meses. 3meses a contar de quê?

Do início da OCUPAÇÃO (nem sequer é desde o início da construção)

ARTIGOS que se aplicam a uma única FORÇA DA NATUREZA: ÁGUA


(doutrina defende que se aplicam a qualquer outra força da Natureza (por ex: VENTO))

1328º Aluvião- força impercetível e vai-se manifestando pouco a pouco, ao longo do


tempo (com a erosão)

Ex: água vai subindo e com ela traz terra se essa força for impercetível, a terra
trazida pela água passa a ser do proprietário do terreno para onde a terra se deslocou

1329º Avulsão- ação natural é violenta dono da terra tem o direito a vir buscá-la,
MAS SUJEITO A UM PRAZO de 6 meses (pode em tribunal ser até fixado um prazo
inferior, por ex. de uma semana) Commented [ILA(29]: REMISSAO PARA O ART
1349/2 (este é um direito geral, não se aplica na
AULA 7 acessão em que as coisas se misturam, mas o regime é
parecido)
CONTEÚDO DO DIREITO DE PROPRIEDADE

Artigo com algum conteúdo positivo (1344º- Propriedade de Imóveis)

Quando sou proprietário de um terreno, a minha propriedade não abrange somente o


terreno, mas também o espaço aéreo que abrange o terreno

MAS proprietário não pode impedir ou proibir os atos de terceiros que sejam
praticados a uma altura ou profundidade tal, que não haja interesse em proibir

ex: passagem de um avião por cima do meu terreno, MAS se forem voos rasantes já
poderei impedir

limites de interesse público

art 1308º Expropriação- ex: construção de uma autoestrada expropriação é em


princípio definitiva e o particular vai receber indemnização expropriação é ato
unilateral

art 1309º Requisições- tem que ver com interesse público, mas a requisição tem que
ver com finalidades particulares período temporário

terá que ser paga indemnização por esse uso temporário  propriedade está
suspensa temporariamente

quem tem direito à indemnização?

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proprietário

eventuais titulares de outros direitos reais sobre a coisa (usufrutuário, etc.)

art 5º Código das Expropriações (Direito de Reversão)

Bem foi expropriado para determinado fim de interesse público, mas se ao fim de 2
anos não tiver sido levado a cabo esse fim, o particular tem o direito a pedir a
restituição do bem

Ex: planos da autoestrada mudaram e esta já não passa no mesmo percurso que
passaria, o qual exigiria a expropriação do terreno do particular este pode invocar o art

limites de interesse particular

art 1346º Emissões: saber quando é que tenho de suportar

2 modalidades

 emissões incorpóreas: cheiro, calor, barulho


 emissões corpóreas (mas com partículas ínfimas): poeira, areia

Se se tratar de uma emissão que não esteja nesta norma (nestas duas modalidades), o
particular pode sempre reagir emissões corpóreas que não sejam ínfimas, emissões
líquidas; se as emissões forem de um prédio vizinho (o que é um prédio vizinho? Desde
que esteja suficientemente perto para que as emissões causem prejuízo substancial)

Saber se as emissões do prédio vizinho resultam da utilização normal daquele edifício


 averiguar as autorizações camarárias:

 se não for a utilização normal, particular poderá reagir desde que este tenha
dano
 se for a utilização normal, particular poderá reagir desde que prove que tenha
prejuízo substancial

todo o artigo está pensado para emissões que são dirigidas por força natural, não está
pensado para emissões dirigidas por força do homem contra essas, particular pode
sempre reagir (ex: meu vizinho tem discoteca e como não gosta de mim, vira as colunas
para a minha casa)

art 1348º Escavações: proprietário não pode realizar escavações que possam causar
prejuízos ao terreno vizinho

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1349º Passagem forçada momentânea: se no meu terreno estiverem bens que


pertençam a outra pessoa acidentalmente, eu sou obrigado a permitir que as pessoas
os recuperem

Ex: se eu para fazer obras na minha propriedade, precisar por exº de pôr andaimes no
terreno do vizinho, este terá que deixar

1350º Ruína de Construção Se eu verificar que a propriedade do vizinho está em risco


de ruir, eu tenho o direito de exigir a reparação da propriedade (fazer remissão para
o 492º inversão do ónus da prova)

1356º Direito de Tapagem Qualquer proprietário tem o direito de tapar o seu prédio
de diferentes formas

2 particularidades:

Sebes- se particular quer rodear o seu terreno por sebes, tem que ter atenção o
crescimento das plantas (1359º terão que se colocar marcos divisórios) Commented [ILA(30]: Fazer remissão do 1356º SEBES
para 1359º
Muros- A já construiu o muro; B que ainda não construiu, poderá adquirir metade do
muro de B por direito potestativo (sem o consentimento de A), ou seja, B vai adquirir
tanto metade do muro, como a porção de terreno que essa metade de muro ocupa,
mas terá de pagar o valor correspondente

Commented [ILA(31]: Remissão do 1356º MUROS para


o 1370º
Construções e edificações 1360 e ss

1360º Abertura de janelas: Para construir janela terá de estar a mais de 1,5m do
terreno vizinho mas atualmente há leis urbanísticas que dispõem limites/distâncias
ainda maiores

Exceções (em que não se aplica a proibição de 1360º): parapeito (o que na varanda
impede pessoas de cair para a frente)

Varanda:

o se não tiver parapeito, não é em teria uma zona acessível a pessoas, pelo
que não se aplica o 1360º
o se parapeito tiver pelo menos 1,5 m de altura, então também já não se
aplica este artig 1360º

1363º não se aplica proibição quando a finalidade da abertura não tem que ver com as
vistas, mas sim a frestas, seteiras

1361º não se aplica, sempre que entre os dois prédios exista um caminho público

1362º Direito de Servidão de Vistas: MAS!! Caso o vizinho construa a menos de 1,5m
uma janela, vizinho vai adquirir por usucapião o direito de servidão de vistas e aí o
outro já nada pode fazer

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1365º Estalicídio- não posso construir telhado em que a cobertura fique a pingar no
terreno do vizinho ou perto

MAS se passar tampo suficiente, vizinhoB poderá adquirir por usucapião o direito de
Estalicídio (e agora passa a ser o outro vizinhoA a não poder construir nada no sítio
onde caem as gotas provenientes do telhado do vizinho B)

Plantação de árvores e arbustos (1366º e ss.)

Art 1366º (termos em que pode ser feita) - prazo de 3 dias para ser feita, a partir daí
posso eu mesmo cortar

1367º (apanha de frutos) - pagando os danos da conduta, poderei ir ao terreno vizinho


colher os frutos da minha arvore, quando tal não pode ser feito a partir do meu terreno

DEFESA DOS DIREITOS REAIS (especificamente a PROPRIEDADE)


1311º E SS.

Proprietário pode recorrer à ação direta (como poderá relativamente a todos os


direitos desde que se verifiquem determinados pressupostos)

Meios judiciais

1. Ação de reivindicação (1311º)

Tem de ter 2 elementos

1. Ação declarativa: tribunal vai reconhecer que eu sou proprietário


2. Ação condenatória: quero que o tribunal condene a pessoa que está com a minha
coisa, que ma devolva

Prova diabólica (é quase impossível provar a propriedade): Se eu conseguir provar


que eu adquiri de modo originário OU aquele que me vendeu, ou aquele vendeu à
pessoa que me vendeu adquiriu a coisa de modo originário

3 modalidades de aquisição originária:


o usucapião
o acessão
o ocupação

mas!! Há 3 casos em que não chega a existir esta ação condenatória:

o alguém está a exercer direito de retenção


o alguém esta a exercer direito real de gozo limitado
ex: A dá coisa de usufruto a B; A e B chateiam-se

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A interpõe ação de reivindicação contra B tribunal apenas declara a


propriedade de A MAS não restitui o bem a A, pois resulta do contrato que B faz
uso da coisa

1313º ação de reivindicação não prescreve com o decurso do tempo, MAS há que ter
em atenção a usucapião!!

1315º Defesa de outros direitos reais: usufrutuário pode recorrer ao meios de defesa da
propriedade ação de reivindicação

2. Ação negatória (declarativa): vou pedir ao tribunal que obrigue a outra parte a
reconhecer que não tem direito real sobre a coisa tribunal vai declarar que não
existe outro direito real sobre a coisa para alem do direito do requerente (A)

3. Ação confessória (declarativa): vou pedir ao tribunal que obrigue a outra parte a
reconhecer/confessar que existe um outro direito real sobre a coisa, para além do
direito de A tribunal vai declarar que existe um outro direito real sobre a coisa,
que é o direito real do requerente (B)

4. 1353º Ação de demarcação:

o Ação não prescreve


Art 1354º
o Duvidas resolvem-se com base no título há um titulo de aquisição que
normalmente é a escritura pública/contrato (provavelmente convenciona até
onde pertence o terreno de um e o de outro)
o Se não conseguir chegar la pelos títulos, vai-se resolver pela posse quem for o
possuidor é que fica com a parcela do terreno
o Se se não conseguir pela posse ou outro qualquer meio de prova resolve-se
dividindo o terreno a meio

Há situações em que não há posse, mas que o titular do direito pode fazer uso dos
meios de defesa da posse

(ex: arrendatário apenas tem direito de crédito, não sendo um possuidor, mas sim um
mero detentor, MAS poderá fazer uso dos meios de defesa da posse)

AULA 8

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USUFRUTO (1439º e ss.)

Direito real de gozo limitado ou direito real menor (comparativamente ao direito real
por excelência que é o de propriedade) MAS dentro dos direitos reais menores é o que é
menos limitado

Direito de usar e fruir dos frutos (civis ou naturais) que uma coisa poderá dar

Gozo (de usar ou de fruir) é pleno sem que com isso se altere a forma ou a substância
da coisa

Há alguma divergência na doutrina sobre a interpretação destes limites ao direito de


usufruto:

 Forma: alterar fisicamente a coisa (ex: se direito de usufruto é de um carro, mas


eu desfaço a parte de trás do carro para fazer uma carroça não pode)

Mas!! Usufrutuário pode fazer benfeitorias não pode é fazer inovação (obra não é uma
mera melhoria, pelo que o usufrutuário estaria a alterar a forma da coisa)

 Substância

1439º limites do usufruto são imperativos se violados, cessam os efeitos do


usufruto

1446º limites supletivos se violados, não há cessação do usufruto, mas temos uma
situação de mau uso da coisa Commented [ILA(32]: Remissão para 1482º

usufrutuário tem que:

agir como bom pai de família (de modo diligente, cauteloso)

respeitar o

onómico da coisa se aquilo que é objeto do usufruto é um imóvel para habitação, este
não poderá transformar a coisa em comércio, pois estaria a alterar o destino económico
da coisa)

apesar de estar no 1446º, alguns autores consideram que o limite do respeito pelo
destino económico da coisa, mais importante, pelo que deveria ser um limite
imperativo (contido no art 1439º)

usufruto pode ser:

por contrato

 A por contrato dá usufruto a B  uma das obrigações do usufrutuário é pagar


caução
 A vende a coisa a B, mas no mesmo contrato reserva para si o usufruto
usufrutuário neste caso não tem que pagar a caução

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Duração:
Pessoas coletivas: 30 anos

Pessoas singulares: no máximo tem que ver com a vida do próprio usufrutuário (caso
não seja fixado nenhum limite) o usufruto cessa com a morte do usufrutuário

1446º quando cessa usufruto:

 A cede usufruto a B e A também cede usufruto a C (B e C são comusufrutuários)


Quando o A morrer, fica B com usufruto pleno
Quando B morrer, cessa o usufruto e passa A a ser proprietário pleno

A cede usufruto a B, mas fica no contrato que quando B morrer, o usufruto passa para C
(e o mesmo relativamente a D, quando C morrer) limite: todos têm que estar vivos ou
pelo menos nascituros (já foi concebido, mas ainda não nasceu)

1444º usufrutuário pode trespassar/ceder o seu direito a terceiro quem pode o mais
pode o menos se o usufrutuário pode ceder o seu direito a 3º também pode
arrendar o bem a terceiro (está apenas a fruir a coisa)

MAS!! Tem como limite máximo o usufruto

(se o usufruto for por 10 anos, não posso fazer contrato de arrendamento de 20 anos,
pois vai para lá do limite do usufruto)

Ex:

A(cede o usufruto a)B(transmite o seu direito do usufruto a) C

Se C morre:

1ª posição: usufruto vai continuar junto dos herdeiros de C, pois o verdadeiro


usufrutuário (B não deixou de existir)

2ª posição: como C passou a ser um usufrutuário “pleno”, com a sua morte, cessa o
seu direito de usufruto, pelo que o usufruto retorna a B que nunca deixou de ser
usufrutuário (mesmo com o trespasse)

se B morre:

usufruto cessa, pois morreu o verdadeiro usufrutuário

1447º não tem que pagar nada, ao inicio, mas!!....

Artigo 1447o
Indemnização do usufrutuário

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O usufrutuário, ao começar o usufruto, não é obrigado a abonar ao proprietário


despesa alguma feita; mas, findo o usufruto, o proprietário é obrigado a indemnizar
aquele das despesas de cultura, sementes ou matérias-primas e, de um modo geral, de
todas as despesas de produção feitas pelo usufrutuário, até ao valor dos frutos que
vierem a ser colhidos.

1450º benfeitorias: regime das benfeitorias uteis e voluptuárias (relativas ao possuidor


de boa fé) Commented [ILA(33]: Fazer remissão

1451 : usufruto de coisa consumível Commented [ILA(34]: Noção de coisa consumível art
208º

Usufrutuário vai ter que devolver coisas do mesmo género, qualidade e quantidade

1452: coisas deterioráveis: aquelas cujo uso regular vai implicar o gasto da coisa

Usufrutuário tem que devolver a coisa no estado em que se encontrar, partindo do


princípio que o uso do usufrutuário foi um uso normal e não um mau uso

1460º: usufrutuário tem poder para atribuir direitos reais a outras pessoas (MAS!!
Servidão vai cessar quando cessar o usufrutuário)

Ex: constituir servidão

Proprietário não pode constituir servidões sem o consentimento do usufrutuário (pois


estaria a limitar o direito de usufruto)

Mas o usufrutuário pode constituir servidões sem o consentimento do proprietário

1461º tesouros: usufrutuário tem direito a 50% do tesouro, mas a outra metade é do
proprietário do terreno onde o tesouro foi encontrado

1468º: obrigações do usufrutuário:

Fazer relação de bens: na sala temos uma mobília X, no quarto uma cama Y, para que
no fim se possa confrontar essa lista com o que efetivamente existe

Prestar caução: só não será obrigado a prestar caução na segunda hipótese de


usufruto por contrato (ir ver) 1469º+1440

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1471º proprietário pode fazer obras, MAS usufruto vai-se estender a essa nova parte
construída

1472º

Artigo 1472
Reparações ordinárias

1 – Estão a cargo do usufrutuário tanto as reparações ordinárias indispensáveis


para a conservação da coisa como as despesas de administração.
2 – Não se consideram ordinárias as reparações que, no ano em que forem
necessárias, excedam dois terços do rendimento líquido desse ano.
3 – O usufrutuário pode eximir-se das reparações ou despesas a que é obrigado,
renunciando ao usufruto.

Benfeitoria necessária- é o usufrutuário tem que pagar ao proprietário essas mesmas


benfeitorias

1472º/3 como se liberta dessa obrigação (real) através da renúncia liberatória

Até 2/3 é o usufrutuário que tem que pagar a reparação ordinária

Se as despesas ultrapassarem esses 2/3 já terá que ser o proprietário a pagar

Mas!!! Quando há má administração do usufrutuário já volta a valer a regra do nº1

1474º imposto

1475º se o usufrutuário tiver conhecimento de algum ato de terceiro sobre a coisa, que
possa prejudicar o direito do proprietário, o usufrutuário terá que dar conhecimento da
situação ao proprietário (não tendo que haver com a defesa do seu próprio direito
de usufruto)

Extinção do usufruto

Art 1476º

a) S
b) Pela união da pessoa detentora do direito de usufruto e o direito de
propriedade podemos dizer que o direito de usufruto se extingue por
confusão
c) Quando o direito de usufruto não se verifica durante 20 anos
d) (característica da inerência) se a coisa desapareceu, cessa tanto o direito de
usufruto como o direito de propriedade

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e) Pela renúncia abdicativa (ATENÇÃO!! não é renúncia liberatória (renunciar


para me libertar da obrigação)) não é preciso consentimento do proprietário
para abdicar do direito de usufruto

Art 1477º- normalmente o usufruto é dado enquanto a pessoa é viva, MAS poderei dar
usufruto a B até que o 3º atinja determinada idade

(ex: A dá usufruto a B até que C, terceiro menor, atinja a maioridade)

1482º Mau uso- quando o usufrutuário não age de acordo com o critério do bom pai
de família proprietário pode retirar a coisa ao usufrutuário e pode também emprestar a
coisa a um terceiro MAS tal não significa que se extingue o direito de usufruto (o
rendimento ou os frutos que se derem enquanto a coisa está na esfera jurídica do
proprietário ou de um terceiro devem ser entregues ao usufrutuário)

Direito de uso e habitação

Direito de se servir de certa coisa e haver os respetivos frutos MAS pessoa só pode usar
e fruir a coisa na medida das necessidades do titular e da sua família (agregado
familiar 1487º+ necessidades 1486º)

Ex: se der direito de uso e habitação a uma família e ela na semana seguinte ganha o
Euromilhões, cessa o direito de uso e habitação pois já não há as mesmas necessidades
que existiam quando o direito foi constituído

 Se a coisa que eu atribuo à família é a casa de morada: direito de habitação 


morador usuário
 Se a coisa atribuída à família for qualquer outra coisa: direito de uso usuário

Direitos que não podem ser adquiridos por usucapião

 Servidões não aparentes


 Direito de uso e habitação

Não há muitos artigos sobre o direito de uso e habitação na medida em que se


aplica supletivamente o regime do direito de usufruto

MAS!!

Diferenças entre direito de usufruto e direito de uso e habitação

Enquanto o direito de usufruto pode ser adquirido por usucapião

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Direito de uso e habitação é pessoal e intransmissível

Direito de usufruto é cedível

Exercícios

1. Reparações são por conta do usufrutuário a não ser que exceda 2/3 do
rendimento anual. A piscina e o balneário pode tratar-se de inovação que iria
cessar o usufruto e não daria lugar a indemnização, caso fosse uma benfeitoria
útil, como não pode levantar a benfeitoria, tem direito a ser indemnizado com
base no enriquecimento sem causa. Quanto aos frutos, só tem direito a
indemnização pelas despesas que ela fez para produzir o fruto e não pelo valor
deste. Quanto à indemnização que o proprietário pede pelos frutos que já
existiam no momento do inicio do usufruto (1447º), não é obrigado a abonar ao
proprietário despesa alguma feita.
B) Trespassou para Manuel, ver as duas posições.
2. Negócio nulo, mas pode ser reduzida ao válido se for possível, através de
redução.
3. Alterou o destino económico. Divergência doutrinal, alteração da substância que
determina a extinção do usufruto ou apenas o mau uso.

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4. Situação de mau uso, cuja consequência é pode-se retirar a coisa, mas o usufruto
mantém-se.
5. Tem primeiramente de avisar o proprietário para que esta possa defender o seu
direito de propriedade. Art. 1315º, o usufrutuário pode realizar uma ação de
reivindicação pois esta serve para defender todos os direitos reais. Como é
possuidor, Bernardo está a colocar a posse em causa, podendo colocar uma ação
de restituição.

Direito de superfície 1524º


(proprietário passa a chamar-se fundeiro e aquele que vai construir ou manter a obra ou
plantação chama-se superficiário)

Temos solo que pertence a A, sendo que este cede a um 3º o direito a fazer uma de 4
coisas:

Contruir ou plantar (objeto de direito de superfície: implante (obra ou plantação))

Se a obra ou plantação já estiverem feitas vou ceder ao superficiário o direito de


explorar ou manter

Temos 2 propriedades: A proprietário do solo

Superficiário é proprietário da obra ou plantação, que construiu ou plantação ou que


está a manter ou explorar

1528º direito de superfície pode ser constituído por contrato, testamento ou usucapião

Direito de superfície pode também resultar da alienação de obra ou plantação


já existentes separadamente do terreno

Quando se quer transmitir a propriedade de uma arvore, é uma exceção ao pp


da consensualidade, transmitindo-se a propriedade no momento em que a
arvore é separada do solo

Quanto ao direito de superfície de uma arvore, este transmite-se por mero


efeito do contrato

Direito de superfície muito usado em 2 tipos de instalações:

 Instalações Desportivas (solo e subsolo)


 Centros Comerciais

1525/1 direito de superfície poderá abranger parte do terreno que não seja necessária
para a implantação (obra ou plantação) mas que seja útil para o uso da obra

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1525/2 construir abaixo do terreno

1529º a constituição do direito de superfície implica a constituição de servidões


necessárias ao uso e fruição da obra

1524º direito de superfície pode ser temporário ou perpétuo

1530º pode ser gratuito ou oneroso

(artigo importante)1534º-qualquer uma das partes pode transmitir a sua posição a


um terceiro

MAS só um tem o direito de preferência quando o outro transmite a sua propriedade:


FUNDEIRO (é quem tem o seu direito limitado, pelo que poderá ter o interesse em
reatribuir plena força ao seu direito de propriedade) direito real de aquisição (são
direitos reais de aquisição: preferências legaiscom eficácia real; contrato promessa com
eficácia real)

o contrário não acontece!!

A hipoteca vai incidir sobre o direito de superfície ?????????????????

Casos de extinção de direito de superfície


1536º- prazo máximo de 10 anos para construir ou plantar, sob pena de caducidade no
direito de superfície (estamos a limitar o direito de alguém porque existe utilidade
económica para tal, caso não o faça, deixa de fazer sentido existir essa limitação do
direito)

Caso haja destruição da coisa, este tem direito de reconstruir a coisa, sem que perca o
direito de superfície (exceção ao principio da inerência SUB ROGAÇÃO REAL)

1538º- se o direito de superfície tiver sido constituído com prazo, quando acaba o
prazo, o direito de superfície caduca e as obras ou plantações que foram construídas
entretanto passam a pertencer ao proprietário normal (ex-fundeiro)não se aplicam
as regras da acessão, ou seja, não se vê qual a coisa que tem maior valor MAS
proprietário geral terá que pagar ao ex superficiário com base nas regras do
enriquecimento sem causa

Servidão 1543º e ss.


Para que exista servidão predial, esse direito real terá que ter determinadas
características:

1. Têm que estar necessariamente envolvidos 2 prédios:

 Prédio que domina (prédio dominante é o que beneficia a utilidade)

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 Prédio que é dominado (prédio serviente, o que está sujeito à utilidade do


dominante)

2. Têm que se tratar de proprietário distintos dos 2 prédios (quando pertencem ao


mesmo proprietário serventia)

1544º podem ser objeto de servidão quaisquer utilidades desde que ligue 2 prédios e
que estes tenham proprietários distintos para se tratar de uma servidão predial (ex:
servidão de vistas, servidão de passagem)

Se a ligação for entre um prédio e uma pessoa deixa de ser um direito real e trata-
se de uma servidão pessoal

1545º servidões não podem ser separadas do prédio a que pertencem

Como se constituem as servidões?

Contrato

Usucapião (não podem ser constituídas por usucapião servidões não aparentes!!!
1548/2terão que ser constituídas por contrato ou por lei)

Lei

1549º constituição da servidão por destinação do pai de família

Pai que deixa aos filhos por testamentos 2 prédios, um para cada um dos filhos A e B
pode passar a haver servidão, sendo que antes, quando eram os 2 do pai, não
podia haver porque pertenciam ambos ao mesmo proprietário

Servidões legais de passagem (as mais comuns)


1550º- tem que existir servidão de passagem quando: proprietários dos prédios
encravados

1552quando o encravamento for voluntário (A era proprietário de um terreno que


divide em 2: vende parte que tem total acesso à via pública e fica na mesma com a parte
que não tem qualquer acesso à via pública encravamento do prédio de A
voluntário A terá que pagar a B o dobro da indemnização a que este teria
direito)

1553º onde se constitui a servidão prédio que sofrer menor prejuízo no lugar menos
inconveniente para o prédio servido Ex: caso existam 3 prédios e apenas um seja
encravado

Caso A venda o seu terreno, B terá direito de preferência na medida em que era B
que tinha o seu direito de propriedade limitado

MAS!! O contrário não se verifica se B vender, A não tem direito de preferência

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Caso A venda um terreno a C convencendo-o que sobre o seu prédio não passava
qualquer servidão mas que na realidade existe (em relação a B), prevalece o direito real
da servidão de B, na medida em que foi constituído em primeiro lugar (no confronto
entre direitos reais, prevalece o direito real primeiramente constituído)

Extinção da servidão art 1569º


Se ao fim de 20 anos não tiver sido usada a servidão

O prazo para usucapião só começa a contar desde a oposição (inversão do título da


posse o mero detentor, a partir deste momento, passa a possuidor) Commented [ILA(35]: Remissão do art 1569ºc) p/
1574º aquisição da liberdade do prédio por
d) por renuncia abdicativa não depende da aceitação por parte do prédio serviente usucapião
 prédio dominante abdica sem que o prédio serviente tenha que dar
consentimento

e) pelo decurso do prazo, se a servidão tiver sido constituída temporariamente

modo de exercício da servidão 1564º


1565º-exercício do direito de servidão abrange todo o que possa ser necessário para o
seu uso e conservação servidão inclui também obras (1566º) MAS as obras vão
decorrer por conta da pessoa que vai beneficiar delas

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