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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS


CURSO BACHARELADO EM DIREITO
PRÁTICA JURÍDICA I

Aluna: Rayanne Raquel Félix de Andrade Alves


Professora: Vanina Oliveira Ferreira de Sousa

1. Identifique a competência territorial para cada situação:

a) Ações fundadas em direito real sobre imóveis.


O CPC prevê que nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente
o foro da situação da coisa. Essa competência será absoluta para as ações que recaiam
sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e
nunciação de obra nova (art. 47, § 1º), bem como para aquelas que envolvam a posse de
bens imóveis (art. 47, § 2º). Não versando sobre os direitos mencionados, pode o autor
optar por propor a ação no foro de domicílio do réu no foro de eleição. Trata-se, essa, de
uma hipótese excepcional de competência territorial absoluta.

b) Ações de investigação de paternidade cumulada com alimentos.


Aplica-se a regra do foro de opção, tendo em vista que para as ações em que se
pedem alimentos, será competente o foro de domicílio ou residência do alimentando (art.
53, II), ainda que cumulada com investigação de paternidade (Súmula nº 1 do STJ).

c) Ações fundadas em direito pessoal.


Ações fundadas em direito pessoal serão propostas, em regra, no foro do domicílio
do réu (art. 46), admitindo-se o afastamento dessa regra para permitir o ajuizamento da
ação perante algum foro especial, em atenção ao autor. Essa atenção conferida ao réu é
afastada quando o autor merece tratamento especial, por ser mais fraco do ponto de vista
econômico e/ou processual.
d) Ações fundadas em direito real sobre bens móveis, sendo incerto o domicílio do
réu.
Quando o réu tiver mais de um domicílio (arts. 70 a 78 do CC), ou for esse incerto
ou ignorado, prevê o Código foros subsidiários ou supletivos (art. 46, §§ 1º a 4º) para a
propositura da ação. Nesse sentido, vige o Código que, sendo incerto ou desconhecido o
domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio
do autor (§ 2º).

e) Ações fundadas em direito obrigacional em que uma empresa pública federal atue
como ré.
Trata-se de ações que serão propostas no foro do domicílio do autor, no de
ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito
Federal (art. 51, parágrafo único).

f) Ação de inventário em que o de cujus possuía bens imóveis, mas não tinha
domicílio certo.
Será competente o foro da situação dos bens imóveis (art. 48, parágrafo único).
Nesse sentido, também versa a jurisprudência que “Havendo incerteza quanto ao lugar
exato do domicílio do de cujus, é razoável admitir, para efeito de inventário, o lugar do
óbito, que no caso também o é de várias propriedades imóveis do autor da herança” (TJSP,
AI 3.500-0, Rel. Des. Pinheiro Franco, Câmara Especial, jul. 16.08.1984, RT 589/57).

g) Ação fundada em dissolução de união estável.


As ações de união estável serão propostas no foro de domicílio do guardião do
filho incapaz (art. 53). Se não existir filho incapaz, a competência será do foro do último
domicílio do casal, mas se nenhuma das partes residir no antigo domicílio, será
competente o foro de domicílio do réu (regra geral do art. 46).
“A ação de dissolução de união estável, ainda que apresente consequências
relativas a bens imóveis, possui cunho eminentemente de direito pessoal, devendo o foro
competente ser fixado de acordo com o domicílio do réu, consoante a regra insculpida no
art. 94 do CPC” (STJ, REsp 453.825/MT, Rel. Min. Fernando Gonçalves, 4ª Turma, jul.
01.03.2005, DJ 21.03.2005, p. 383).
h) Ações em que tenham como parte ré o Estado da Paraíba.
Nos termos do parágrafo único, do art. 52 do CPC, “Se Estado ou o Distrito
Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de
ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital
do respectivo ente federado”.

i) Ações fundadas na relação de trabalho em que um Município seja o réu.


Em ações fundadas na relação de trabalho em que um Município seja o réu, torna-
se competente o foro do lugar do ato ou fato.
“O STJ firmou entendimento de que o estado-membro não possui foro
privilegiado, estando submetido às regras de competência ratione loci previstas no art.
100, IV e V, do CPC. Precedentes. Relativa à competência territorial, a declaração de
incompetência não pode ser feita de ofício, incidindo o Enunciado 33 da Súmula deste
Tribunal” (STJ, AgRg no CC 110.242/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, 1ª Seção, jul.
12.05.2010, DJe 21.05.2010). No mesmo sentido: STJ, REsp 1.316.020/DF, Rel. Min.
Herman Benjamin, 2ª Turma, jul. 07.02.2013, DJe 08.03.2013.

j) Ações fundadas em direito real sobre imóveis envolvendo locação e tendo sido
determinado em contrato o foro de eleição.
Quando a ação é fundada em direito real sobre imóveis, o foro competente é
necessariamente o de situação da coisa, do local onde o imóvel objeto da disputa judicial
está situado.
“Tratando-se de ação fundada em direito real sobre imóvel, anulação de atos
jurídicos, cancelamentos de transcrições e reivindicação, mesmo sendo réu o Estado, que
normalmente responde perante vara especializada da Capital, deve prevalecer a
competência do foro da situação do imóvel” (STF, RE 90.676/PR, Rel. Min. Xavier de
Albuquerque, 1ª Turma, jul. 23.09.1980; RTJ 95/347).
“A competência para processar julgar ação fundada em direito real sobre imóvel
é o do lugar onde estiver a coisa” (STJ, CC 34393/GO, Rel. Min. Antônio de Pádua
Ribeiro, 2ª Seção, jul. 25.05.2005, DJ 01.07.2005, p. 362).
No entanto, as ações inquilinarias que advêm de problemas decorrentes do uso de
bem imóvel, sem que isso seja suficiente para caracterizá-las como ações fundadas em
direito real, pois o que se discute nessas ações é o adimplemento (ou não) de obrigações
contratuais, sem que a propriedade do bem locado seja disputada, podem ser propostas
perante o foro eleito pelas partes no contrato firmado, e, na ausência deste, no foro de
situação da coisa (inciso II do art. 58 da LI).

k) Ação fundada em herança de ausente.


O art. 49 do CPC prevê que nas ações contra o ausente, bem como no inventário,
partilha e arrecadação de seus bens e cumprimento de disposições testamentárias, será
competente o foro do seu último domicílio.

l) Ação que tenha incapaz como autor e a União como ré.


Figure o incapaz como autor ou réu em qualquer ação, deve-se possibilitar ao seu
representante litigar no foro de seu domicílio, pois, normalmente, sempre necessitará de
proteção, de amparo, de facilitação da defesa dos seus interesses, mormente em ações de
estado.
Logo, aplica-se a regra do parágrafo único do art. 51 do CPC que é a repetição do
que já consta na CF: “Art. 109. (...) § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser
aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido
o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no
Distrito Federal”.
Há, em tal caso, foros concorrentes, cabendo ao autor escolher, entre as opções
oferecidas, o foro em que irá propor a demanda. Dada a especialidade, prevalece sobre
essa regra a da competência absoluta do foro da situação da coisa em caso de ação fundada
em direito real sobre imóveis (art. 47).

m) Ação de inventário em que o de cujus não possuía domicílio certo e bens imóveis.
A competência será do local de qualquer dos bens do espólio (art. 48, parágrafo
único).

n) Ações fundadas em propaganda eleitoral irregular.


Tem-se o Tribunal Regional Eleitoral como o foro competente para conhecer da
demanda, na hipótese de eleições federais, estaduais e distritais (art. 96, Lei das Eleições).

o) Ação fundada em reparação de dano sofrido em razão de acidente de veículos.


Quando a ação de reparação de danos estiver relacionada a delito (infração penal)
ou a acidente de veículos (inclusive aeronaves), a competência será do foro do domicílio
do autor ou do local do fato (art. 53, V).

p) Ações que envolvam exercício do direito de greve.


De acordo com o art. 651 da CLT, a competência das Varas do Trabalho é
determinada pela localidade onde o empregado presta serviços. No caso da greve haverá
que se adotar, na fixação da competência territorial, os critérios estabelecidos pelo artigo
93 do Código de Defesa do Consumidor, expressamente encampados pela OJ 130 da SDI-
II do TST.

q) Ação fundada em direito obrigacional em que tenha como réu pessoa jurídica de
direito privado.
Ação proposta para exigir o cumprimento de determinada obrigação tem
competência no foro do local em que ela deveria ser satisfeita (art. 53, III, “d”). Porém,
uma ação fundada em direito obrigacional em que tenha como réu pessoa jurídica de
direito privado pode ser remetida para a Justiça Federal em qualquer momento.

r) Mandado de segurança contra ato de autoridade vinculada à autarquia federal.


Compete à Justiça Federal processar e julgar mandado de segurança impetrado
contra ato de autoridade vinculada à autarquia federal (Tribunal Federal de Recursos,
Súmula nº 216).

s) Ação de divórcio, na qual nenhuma das partes reside no antigo domicílio do casal.
As ações de divórcio, separação, anulação de casamento, reconhecimento ou
dissolução de união estável serão propostas no foro de domicílio do guardião do filho
incapaz (art. 53). Se não existir filho incapaz, a competência será do foro do último
domicílio do casal, mas se nenhuma das partes residir no antigo domicílio, conforme o
enunciado em questão, será competente o foro de domicílio do réu (regra geral do art.
46).

t) Ações que envolvam direito de vizinhança.


Caberá ao autor escolher pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição
(art. 47, § 1º).
Conforme a jurisprudência, “Na hipótese de o litígio versar sobre direito de
propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de
obra nova, a ação correspondente deverá necessariamente ser proposta na comarca em
que situado o bem imóvel, porque a competência é absoluta. Por outro lado, a ação, ainda
que se refira a um direito real sobre imóvel, poderá ser ajuizada pelo autor no foro do
domicílio do réu ou, se o caso, no foro eleito pelas partes, se não disser respeito a nenhum
daqueles direitos especificados na segunda parte do art. 95 do CPC, haja vista se tratar de
competência relativa. Na hipótese, a ação versa sobre a desconstituição parcial das
hipotecas incidentes sobre os imóveis de propriedade do recorrente. Conclui-se que não
há competência absoluta do foro da situação dos imóveis para o seu julgamento – a
competência deste é relativa e passível, portanto, de modificação” (STJ, REsp
1.051.652/TO, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, jul. 27.09.2011, DJe 03.10.2011).

u) Ações fundadas em contrato, no qual há 02 (dois) réus com diferentes domicílios.


“Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no
foro de qualquer deles, à escolha do autor (artigo 94, § 4º do CPC). As causas intentadas
contra a União Federal serão aforadas na Seção Judiciária em que for domiciliado o autor,
naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja
situada a coisa ou, ainda, no Distrito Federal (artigo 109, § 2º, da CF)” (TRF-1ª Região,
AI 01000470797/DF, Rel. Juíza Conv. Selene Almeida, 4ª Turma, DJU 26.01.2001, p.
33).

v) Execução fiscal proposta por Conselho de Classe contra profissional filiado.


Compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por
Conselho de Fiscalização Profissional (Súmula nº 66, STJ).

2) Identifique as Varas da Justiça Estadual de sua Comarca.


3) Diferencie Instâncias de Entrâncias. Justifique sua resposta com exemplo prático.
Instâncias correspondem ao grau de jurisdição, no qual é direito da parte
discordar da sentença recebida em primeira instância e recorrer à segunda instância, ou
segundo grau de jurisdição, onde seu processo será analisado, em geral, por
desembargadores. Ademais, é possível recorrer a uma instância superior, que são os
tribunais superiores, como Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de
Justiça (STJ), Tribunal Superior do Trabalho (TST), Superior Tribunal Militar (STM)
ou Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os processos que envolvem matérias
constitucionais serão analisados no STF.
Já entrâncias diz respeito à organização das comarcas, tendo em vista que elas
podem apresentar uma ou mais varas, bem como ser classificadas como de primeira ou
segunda entrância, além da comarca de entrância especial. A comarca de primeira
entrância é aquela de menor porte, que tem apenas uma vara instalada. Já a comarca de
segunda entrância seria de tamanho intermediário, enquanto a comarca de entrância
especial seria aquela que possui cinco ou mais varas, incluindo os juizados especiais,
atendendo a uma população igual ou superior a 130 mil habitantes. É comum que
comarcas de primeira entrância abarquem cidades do interior e possuam apenas uma
vara, enquanto comarcas de entrância especial ou de terceira entrância estejam situadas
na capital ou metrópoles. Não há, no entanto, hierarquia entre as entrâncias, ou seja,
uma entrância não está subordinada a outra.

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