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Aula Civil III - 12/novembro/2022

REVISÃO DA AULA ANTERIOR


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Recursos Constitucionais (STF e STJ)

Além da dualidade de instâncias ordinárias, entre os juízes de primeiro grau e os Tribunais


de segundo grau, existe, também, no sistema processual brasileiro, a possibilidade de
recursos extremos ou excepcionais, para dois órgãos superiores que formam a
cúpula do Poder Judiciário nacional, ou seja, para o Supremo Tribunal Federal e para
o Superior Tribunal de Justiça.
● O primeiro deles se encarrega da matéria constitucional e o segundo, dos temas
infraconstitucionais de direito federal.

Revisando Constitucional II

Aspectos da Atividade Jurisdicional:

● Secundariedade: através dessa função, o Estado realiza uma atividade, qual seja, a
resolução de um conflito, que deveria ter sido exercida pacífica e espontaneamente
pelos próprios participantes da relação jurídica em análise judicial;
● Instrumentalidade: a jurisdição é um instrumento de que o Direito dispõe para
impor-se diante dos cidadãos, por meio do procedimento;
● Atividade criativa: Há uma tarefa na produção jurídica que pertence
exclusivamente aos tribunais: a eles cabe interpretar, construir e, ainda, distinguir os
casos, para que possam formular as suas decisões, confrontando-as com o direito
vigente.

Esquema da estrutura do judiciário:

Recursos:
● Recurso Ordinário Constitucional
○ Art 102-II, 105-II da CF/88
○ Art 1.027-1.028 do CPC
● Recurso Especial - (STJ)
○ Art 103-III da CF/88;
○ Art. 1.029 - 1041 do CPC.
● Recurso Extraordinário - (STF)
○ Art 105-III da CF/88;
○ Art. 1.029 - 1041 do CPC.
Recurso Ordinário Constitucional

Em matéria civil, a Carta Magna prevê, para o Supremo Tribunal Federal, então, dois tipos
de competência recursal, a saber:

(a) recurso ordinário, nos casos do art. 102, II, “a”;


(b) recurso extraordinário, nos casos do art. 102, III.

Para o Superior Tribunal de Justiça, os recursos previstos na atual Carta são os seguintes,
em matéria civil:
I – recurso ordinário, em duas hipóteses, a saber:

(a) nos casos de mandado de segurança, denegados em julgamento de única instância


pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, Distrito Federal e
Territórios (art. 105, II, “b”);
(b) nas causas, julgadas em primeiro grau pela Justiça Federal, em que forem partes
Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, de outro, Município ou
pessoa residente ou domiciliada no País (art. 105, II, “c”);

As ações de mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção, quando


julgadas em única instância pelos Tribunais Superiores (STJ, TST, STM e TSE),
desafiam, normalmente, recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal, se
atendidos os requisitos do art. 102, III, da Constituição Federal. Se, porém, forem
denegadas, haverá possibilidade de recurso ordinário para a Suprema Corte (Constituição
Federal, art. 102, II, e Lei nº 12.016/2009, art. 18), ficando totalmente inviável o manejo do
recurso extraordinário, na espécie.
● Só as decisões coletivas dos Tribunais, e não as singulares de Relatores e
Presidentes, desafiam recurso ordinário. Assim, a decisão do agravo interno
interposto contra decisum do relator é que será objeto de recurso ordinário.
● Convém ficar bem claro que não são todas as decisões de mandados de
segurança de competência originária de tribunais superiores que desafiam recurso
ordinário para o STF, mas unicamente aquelas de caráter denegatório (CF, art.
102, II). Por decisão denegatória, entende-se, na espécie, tanto a que não admite a
ação de segurança como a que a julga improcedente.

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


II - julgar, em recurso ordinário:
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de
um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
● O recurso ordinário é a própria apelação que se interpõe diretamente da
sentença de primeiro grau para o Superior Tribunal de Justiça, em lugar do
Tribunal Regional Federal; o mesmo ocorre em relação ao agravo de
instrumento interposto das decisões interlocutórias proferidas em tais
demandas.
● Na verdade, nas causas da Justiça Federal de primeira instância, em que o Estado
estrangeiro ou organismo internacional atuarem como parte, o STJ desempenha, de
forma ordinária, o papel de órgão de segundo grau de jurisdição.

Art. 1.027 do CPC:


§ 2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3º , e 1.029, § 5º .
● O recurso ordinário, como os recursos em geral, não possui efeito suspensivo.
Entretanto, o recorrente poderá pedir a suspensão dos efeitos da decisão
impugnada, endereçando-se: (i) diretamente ao STJ, no período compreendido entre
a interposição do recurso e sua distribuição; ou (ii) ao relator, no STJ, se já
distribuído o recurso (art. 1.027, § 2º).

Interposição

O recurso ordinário contra decisão proferida, em instância única, por tribunal de segundo
grau, em mandado de segurança, deve ser interposto perante o tribunal de origem. Ao
receber o recurso, o presidente ou vice-presidente intimará o recorrido para que, em quinze
dias, apresente suas contrarrazões (art. 1.028, § 2º). O contraditório, destarte, será
realizado no órgão ad quem.

Findo o prazo de contrarrazões, os autos serão remetidos ao STJ, “independentemente


de juízo de admissibilidade” (art. 1.028, § 3º). Tal como se dá com a apelação e o agravo
de instrumento, o atual Código aboliu o juízo de admissibilidade provisório no juízo da
causa, já que o exame do cabimento do recurso foi atribuído unicamente ao tribunal ad
quem. Desta forma, a sistemática do CPC/2015 é a de um só juízo de admissibilidade.

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Recurso extraordinário

O Supremo Tribunal Federal, diante dos pressupostos do recurso extraordinário, realiza, por
meio desse remédio processual, a função de tutelar a autoridade e a integridade da lei
magna federal.

A função do Rex será o exercício do controle difuso de constitucionalidade.

O cabimento do recurso está previsto no art. 102, III, “a”, “b”, “c” e “d”, da Constituição da
República, que o admite nas causas julgadas por outros órgãos judiciais, em única ou última
instância, quando a decisão recorrida:

(a) contrariar dispositivo da Constituição Federal;


(b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
(c) julgar válida lei ou ato do governo local contestado em face da Constituição;
(d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

I – Efeito apenas devolutivo do Rex

A interposição e o recebimento do recurso extraordinário geram efeitos de natureza apenas


devolutiva, limitados à “questão federal” controvertida. Não fica a Suprema Corte investida
de cognição quanto à matéria de fato, nem quanto a outras questões de direito não
abrangidas pela impugnação do recorrente e pelos limites fixados pela Constituição para o
âmbito do recurso.

I – Efeito apenas devolutivo do Resp

O recurso especial, assim como o extraordinário, tem efeito apenas devolutivo


(CPC/2015, art. 995). Contudo, a ele também é dado conferir efeito suspensivo, nos termos
do art. 1.029, § 5º, sempre que houver risco de dano grave, de difícil ou impossível
reparação, e restar demonstrada a probabilidade de provimento do apelo.

Duplo exame de admissibilidade no Rex e Resp:

Fica condicionada a subida dos recursos extremos aos tribunais superiores, ao


conhecimento do apelo pelo presidente ou vice-presidente do tribunal no qual a decisão
impugnada foi pronunciada. Trata-se, porém, de um juízo provisório, destinado a sofrer
reexame pelo tribunal superior, a quem a lei reserva o poder de dar a última palavra sobre a
matéria, sem ficar vinculado ao primitivo juízo de admissibilidade acontecido no tribunal a
quo.

Cabimento do Resp

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;


c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Concomitância de recurso extraordinário e recurso especial

● A interposição concomitante de Rex e Resp não viola o princípio da


singularidade.

Um só acórdão local pode incorrer tanto nas hipóteses do recurso extraordinário como nas
do recurso especial. Quando isto se der, o prazo de quinze dias será comum para a
interposição de ambos os recursos, mas a parte terá de elaborar duas petições distintas
(CPC/2015, art. 1.029, caput, in fine).

O recorrido também produzirá contrarrazões separadas e o presidente ou


vice-presidente, uma vez admitidos os recursos, enviará os autos ao Superior Tribunal
de Justiça (art. 1.031, caput).

Requisitos de admissibilidade para o Rex e Resp

● Alegação de ofensa à direito positivo;


○ SÚMULA 7 - A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso
especial.
● Obediência a regularidade formal;
○ Fica terminantemente proibido a supressão de instâncias inferiores para se
chegar logo aos tribunais federais.
● Esgotamento de todas as vias recursais;
● Dirigido aos tribunais superiores.
● Prequestionamento:
○ É a alegação prévia e análise pelo órgão julgador a quo da matéria de
interesse do recorrente, para que um recurso excepcional seja recebido
pelas instâncias superiores: STF (Recurso Extraordinário), STJ (Recurso
Especial).

No que se refere ao prequestionamento, a mesma é a manifestação expressa do juízo local.


O Resp e o Rex só podem ser interpostos em face de causas decididas, razão pela qual
exige prévia decisão nos autos acerca da matéria que se pretende discutir via Resp ou Rex.
Caso o tribunal de origem não tenha analisado as matérias de direito constitucional ou
infraconstitucional indispensável a oposição de embargo de declaração para fins de
prequestionamento. A fim de que haja decisão acerca do tema jurídico debatido (revisar o
Art. 1.025 do CPC). Deve-se ter atenção que mesmo diante dos embargos de declaração o
tribunal não supra a omissão considera-se preenchido o requisito do prequestionamento - o
prequestionamento ficto.

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