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Os procedimentos dos recursos ordinário, extraordinário e especial no âmbito

processual penal seguem, analogicamente, as mesmas regras previstas no


Código de Processo Civil para esses recursos.
Essa espécie de recurso pode ser da competência de julgamento do STF ou
do STJ. O art. 102, inciso II da Constituição Federal prevê a competência do
STF (Supremo Tribunal Federal) para julgar em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado
de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
denegatória a decisão;
b) o crime político.

A primeira possibilidade de Recurso Ordinário perante o STF ocorre quando


um habeas corpus é denegado em única instância por um Tribunal Superior.
Aqui é importante ressaltar a atenção à letra da lei, pois não basta que o
habeas corpus seja denegado em um Tribunal Superior, é necessário que
esse Habeas Corpus tenha sido impetrado unicamente nesse Tribunal, pois a
lei é clara ao mencionar “única instância”.

E como é possível visualizar na prática um habeas corpus impetrado


unicamente perante um tribunal superior? Imaginemos um juiz estadual que
cometeu um crime comum, nesse caso, a competência para julgamento de
seu crime praticado será do Tribunal de Justiça. Aberta essa ação penal com
competência originária do Tribunal de Justiça, é decretada a prisão preventiva
desse juiz e então ele é preso.

Após sua prisão, seu advogado impetra um Habeas Corpus perante o STJ,
que é o órgão hierarquicamente superior e competente para julgar esse
remédio constitucional, mas no STJ decidem denegar esse Habeas Corpus.
Assim, contra essa decisão que denegou o Habeas Corpus perante o STJ é
cabível o recurso ordinário constitucional perante o STF.

A segunda possibilidade de Recurso Ordinário constitucional de competência


do STF ocorre para alguns tipos penais previstos na Lei de Segurança
Nacional (Lei 7.170/83). Os crimes políticos previstos nessa Lei são julgados
pela Justiça Federal e contra a decisão condenatória ou absolutória é cabível
o manejo do recurso ordinário constitucional perante o STF por se tratarem de
crimes políticos, não sendo cabível o recurso de apelação perante o Tribunal
Regional Federal, como ocorre comumente nos demais crimes julgados pela
justiça federal.
Já perante o STJ, o Recurso Ordinário Constitucional é cabível na seguinte
hipótese:

a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais


Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão for denegatória
Diferente do STF, o Recurso Ordinário de competência do STJ pode ser
utilizado contra decisão denegatória de habeas corpus impetrado unicamente
perante um Tribunal Estadual ou Federal ou contra decisão denegatória de
habeas corpus impetrado pela última vez em um Tribunal Estadual ou
Federal.

Desse modo, o Recurso Ordinário de competência do STJ se diferencia do


Recurso Ordinário de competência do STF quanto ao tipo de decisão
denegatória de habeas corpus, uma vez que para impetrar o presente recurso
perante o STF, a decisão denegatória deve ser oriunda de um habeas corpus
impetrado unicamente em um tribunal superior, enquanto que no STJ o
recurso ordinário poderá ser utilizado para atacar uma decisão denegatória
oriunda de um habeas corpus impetrado pela última vez em um tribunal
estadual ou federal.

Vale dizer então que o objeto daquele habeas corpus pode já ter sido
impetrado e denegado em 1º grau (1ª Vara Criminal, por ex.) e em seguida
impetrado e denegado em 2º grau (Tribunal de Justiça de São Paulo). Assim
sendo, para se valer do recurso ordinário constitucional perante o STJ não é
necessário que o objeto do habeas corpus tenha sido impetrado apenas
unicamente em um Tribunal, podendo o objeto ser oriundo até mesmo do
juizado especial criminal, desde que tenha sido impetrado recurso ordinário
pela última vez em um Tribunal de Justiça.

No que se refere aos efeitos do Recurso Ordinário Constitucional, tanto de


competência do STF quanto do STJ, possuem efeito devolutivo, podendo o
STF ou STJ se manifestarem sobre toda a matéria de fato e de direito
impugnada no recurso.

Quanto às regras de processamento, o Recurso Ordinário deve obedecer as


regras previstas na Lei 8038/90, bem como as regras expostas nos
regimentos internos do STF e STJ.

Mas o Recurso Ordinário Constitucional (ROC) é exceção à regra. Constitui ele


um recurso que devolve a matéria de fato e de direito à reapreciação pelo STF
ou STJ. Serve para tutelar garantias constitucionais tais quais o Mandado de
Segurança, o Habeas Corpus, o Habeas Data e o Mandado de Injunção. É um
recurso de fundamentação livre, bastando que se configure a clássica
sucumbência do recorrente, sem necessidade de repercussão geral,
prequestionamento, divergência jurisprudencial ou qualquer outro requisito
típico dos recursos extraordinários. Por isso mesmo, é conhecido também
como Apelação Constitucional.

O recurso ordinário constitucional tem suas hipóteses de cabimento delimitadas


na CF:
 Recurso Ordinário Constitucional (art. 102, II, b);

 Recurso Ordinário Constitucional ao STF (art. 102, II);

 Recurso Ordinário Constitucional ao STJ (art. 105, II, a, b e c);

 No plano infraconstitucional está regulado pelos arts. 1.027 e 1.028 do


CPC

Efeito devolutivo
O efeito devolutivo é aquele que devolve toda a matéria para que seja
examinada novamente, isto é, como o próprio nome diz, ele “devolve” a matéria
a instância superior. O objetivo para essa devolução é uma análise da
sentença para que a mesma seja reformulada ou anulada. No entanto, a
instância superior pode, também, mantê-la.

Efeito suspensivo
O efeito suspensivo, como o próprio nome diz, ocorre quando o recurso
suspende a sentença proferida até o julgamento do recurso.

A regra, no entanto, não é de que aconteça o efeito suspensivo. Num geral, em


recurso ordinário constitucional, ocorre o efeito devolutivo. Para que haja efeito
suspensivo, é necessário, então, que a parte que o deseja faça um
requerimento específico.

O prazo de interposição do recurso ordinário constitucional é de 15


dias, seguindo a regra do art. 1003 do CPC:

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