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RESUMO OJ

Meios de solução dos conflitos


AUTOTUTELA: é proibida, com exceção da Legítima defesa, pois os conflitos não se
resolvem pelos próprios meios (agressões), mas resolvem-se de forma pacífica com ajuda de
terceiros, nomeadamente por HETEROCOMPOSIÇÃO.
Na HETEROCOMPOSIÇÃO pode ser por via judicial, quando os tribunais (através dos
juízes) tratam da resolução dos conflitos.
Ou pode ser HETEROCOMPOSIÇÃO assistida quando o Estado coloca mediadores à
disposição das partes.
AUTOCOMPOSIÇÃO quando as partes por si mesmas resolvem os pacificamente os
conflitos, sem ninguém a assisti-los para este efeito (resolução Extra-judicial)
MEDIADORES/MEDIAÇÃO: o Estado propõe as partes a MEDIAÇÃO através de um
MEDIADOR que é um terceiro imparcial, com formação específica, selecionado pelo Min. da
Justiça. O mediador não tem poder de decisão, não pode deliberar ou impor qualquer decisão,
mas guia as partes e ajuda a estabelecer a base do acordo que porá fim ao conflito. Este acordo,
caso se estabeleça é homologado (no caso dos JULGADOS DE PAZ) e tem valor de sentença.
ORDENAMENTO JUDICIÁRIO: é o conjunto das normas jurídicas onde estão contidas as
regras que regulam a estrutura e a organização dos tribunais, tais como a CRP, a LOSJ, o
ROFTJ, a ETAF.
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA: é o conjunto dos Órgãos (tribunais) aos quais compete
organizar e administrar a justiça.
TRIBUNAIS: (em sentido estrito) são órgão de soberania que administram a justiça em nome
do povo (202º nº1 CRP + 2ºnº1 LOSJ + 1ºnº1 ETAF).
Os tribunais são independentes, e estão apenas sujeitos à Lei. 203º CRP. Desta forma os outros
órgãos de soberania não tem poder de interferir no funcionamento dos tribunais, tão pouco nas
decisões dos magistrados, quer da magistratura Judicial (Juízes) e M. Público.
Por outro lado, a Lei afirma que administram a justiça em nome do povo, embora não sejam
diretamente eleitos pelo povo por sufrágio universal, ou seja não tem legitimação democrática
direta pela via de eleições, mas sim por meio mediato ou indireto, descreve Gomes Canotilho na
CRP anotada vol II
Os tribunais estão organizados segundo áreas de atuação (JURISDIÇÃO)
JURISDIÇÃO: é o poder de julgar atribuído ao conjunto dos tribunais na Ordem Jurídica
portuguesa. Assim ter Jurisdição significa que tem poder de julgar a competência a si atribuída.
Conflitos de jurisdição: ocorrem quando dois ou mais tribunais, integrados em ordens
jurisdicionais diferentes, se arrogam ou declinam o poder de conhecer da mesma questão.
COMPETÊNCIA: é a parcela do poder jurisdicional que é atribuída a cada um dos tribunais. É
um importante pressuposto processual pois tem a ver com a parcela de poder que se acha
repartido entre os diferentes tribunais.
Na ordem Interna existem 4 tipos de competência em função de 4 vetores Art. 60º CPC e 37º
LOSJ:
 Competência em razão da MATÉRIA (64º e 65ºCPC + 40ºLOSJ): relaciona a
competência do juízo à matéria de competência especializada.

 Competência em razão do VALOR (66ºCPC + 41ºLOSJ): atribui o litígio à instância


central ou local, conforme o valor da causa.

 Competência em razão da HIERARQUIA (67º à 69ºCPC + 42ºLOSJ):


67º => “compete aos tribunais de 1º Instância o conhecimento dos recursos das
decisões dos Notários, dos conservadores de registo e de outros que, nos termos da lei,
para eles devam ser interpostos.”
68º => “as Relações conhecem dos recursos e das causas que por lei, sejam da dua
competência”
69º=> “O Supremo Tribunal de Justiça, conhece dos recursos e das causas quue por
lei sejam da sua competência”

 Competência em razão do TERRITÓRIO (70ºCPC + 43ºLOSJ): atribui o litígio à


instância central ou local, conforme o valor da causa.
INSTÂNCIA: É a relação que desenvolve entre o tribunal e as partes.
GRAU DE JURISDIÇÃO: 1ª e 2ª Instâncias e apelação para o STJ.
ALÇADA (44º LOSJ): é o limite de valor até ao qual o tribunal decide sem que seja admitido
recurso ordinário.
Alçada da 1ª instância tem o valor até 5.000,00€ - o que quer dizer que em ações com este limite
de valor, não é permitido recurso para a 2ª instância.
Portanto acima de 5000,01€, pode-se recorrer para a 2º instância, mas se o valor for igual ou
menor que 30.000,00€ não pode apelar para o STJ.
Ação com valor superior a 30.000,01€ pode-se recorrer para o STJ.
Função jurisdicional (202º nº1 CRP) só os juízes podem ser chamados a praticar atos
materialmente jurisdicionais. (215º e 217º CRP)
COMARCA: Divisão territorial de um distrito judicial, sob a alçada de um tribunal de primeira
instância.
Através da regulamentação da Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto (LOSJ), em 2013 foi
estabelecido um novo mapa judiciário de Portugal.
FUNCIONAMENTO DA ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA ATUAL
No âmbito deste novo mapa judiciário, na 1ª instância, as anteriormente 231 comarcas foram
substituídas por 23 novas grandes comarcas de 1ª Instância, cujas áreas geográficas coincidem
agora, na maioria dos casos, com as áreas dos distritos administrativos.
Em cada comarca passou a existir apenas um tribunal judicial de 1ª instância, com competência
territorial correspondente à circunscrição territorial, com exceção do Porto (2) e de Lisboa (3) e
das Regiões Autónomas, consagrado no reconhecimento das suas especialidades autonómicas.
Os tribunais do sistema anterior, não deixaram de existir, mas foram reorganizadas e passaram a
compor um único TRIBUNAL CENTRAL JUDICIAL de competência genérica, o qual será
composto por diversas secções competência cíveis de competência especializada, secções de
comércio, execução e trabalho, tramitam e julgam, em regra, as questões de valor igual ou
superior a 50.000,0€.
Por outro lado as ações cíveis de matéria da família e menores, em regra são atribuídas o valor
superior a 30.000,01€, de modo que seja permitido recurso até o STJ (Alçada).
No entanto nas secções criminais o valor da ação não tem relevância para a jurisdição do
tribunal.
Em determinadas comarcas, existem secções de proximidade, destinadas descentralização de
alguns serviços judiciais em municípios que deixaram de ser sede de comarca. Nestes tribunais
tramitam e julgam causas não atribuídas à instância central e integram secções de competência
genérica com valor igual ou inferior a 50.000,00 €, assim, podem desdobra-se em secções
cíveis, secções criminais de pequena criminalidade e secções de proximidade.
Para além dos tribunais de comarca, existem alguns tribunais judiciais de primeira instância de
competência territorial alargada, cada qual com jurisdição sobre várias comarcas, concretamente
Tribunais de execução de penas do Porto, Coimbra, Lisboa e Évora, Tribunal Marítimo,
Tribunal da Propriedade Intelectual, Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão e
Tribunal Central de Instrução Criminal.
A organização da comarca num único tribunal, com uma área de jurisdição territorial alargada, a
gestão desta estrutura exige um orçamento único, com mapa de pessoal integrado em uma única
secretaria que é garantida por uma gestão tripartida, composta pelo presidente do Tribunal
Central, pelo magistrado do Ministério Público e pelo administrador judiciário.

VANTAGENS DA REORGANIZAÇÃO JUDICIARIA DE 2013


Com vista a melhorar o funcionamento do sistema Judicial apostou fortemente na
especialização para isso dotou o território nacional de jurisdições especializadas de modo a
proporcionar uma resposta judicial de proximidade das populações.
A reorganização introduziu, agilidade na distribuição e tramitação processual simplificou a
afetação dos recursos humanos e permitiu autonomia na gestão das estruturas dos tribunais.
Alargou a jurisdição especializada, proveniente da maior concentração da oferta judiciária
juntamente com a racionalização dos recursos humanos, combateu a morosidade processual.

FONTES DO DIREITO DA ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA


A Constituição é a base de todos os Ramos do Direito do Sistema Judiciário, é ela que
determina que os tribunais são órgão de soberania, assim também determina a sua formação, sua
composição, a sua competência e o seu funcionamento, nos termos do art. 110ºCRP.
Também são fontes de direito as leis e regulamento dos diferentes órgãos dos sistema judiciário,
LOSJ, ROFTJ, ETAF, EMP, EMMP, LJP.

A CRP CONSAGRA 4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA OJ:

O princípio do Acesso ao direito e da tutela jurisdicional efetiva (20º CRP)

O princípio da independência dos tribunais, (203º CRP), concretiza o princípio da separação


de poderes entre os órgãos de soberania (111ºCRP) e por consequência determina a ausência de
subordinação do poder judicial a qualquer outro poder do Estado (independência externa).
Do mesmo modo que nenhum tribunal, ou juízo, está, pois, sujeito a diretivas, ordens ou
instruções emitidas por outro, ainda que hierarquicamente superior. (independência interna).

As relações de hierarquia entre tribunais implicam o dever de acatamento, por parte dos
tribunais inferiores, no caso concreto, das decisões proferidas em via de recurso, pelos tribunais
superiores.

À independência dos tribunais, acresce o princípio de independência dos juízes nos termos
do 222º CRP, traduz no facto de eles julgarem apenas segundo a Constituição e a Lei e por
conseguinte sem estarem sujeitos a ordens ou instruções vindas de outros órgãos do Estado ou
de outros juízes de escalões superiores da respectiva magistratura.

Esta independência, é assegurada pela inamovibilidade (216º nº1 CRP), pelo princípio da
irresponsabilidade (216ºnº2 CRP) pelas suas decisões; pelo autogoverno, e ainda pelo regime
de incompatibilidades (216ºnº5 CRP).

O AUTOGOVERNO assegura a independência dos Juízes, sobretudo perante o poder


executivo.
No caso do TC e do TdeContas, pode-se falar de AUTOGOVERNO, pois cabe a cada um
desses tribunais o exercício do poder disciplinar sobre os respectivos juízes, 221ºnº5 CRP.

CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA (Art. 218º CRP + 153º e 154º LOSJ e


CONSELHO SUPERIOR dos TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS (Art218º CRP+64ºss
ETAF)
Ambos são órgãos de gestão e disciplina que exercem funções de nomeação, colocação,
transferência e promoção de juízes, assim como acção disciplinar, em relação aos juízes dos
tribunais judiciais, e aos juízes dos tribunais administrativos fiscais.

Na composição destes órgãos, a uma parte é designada entre os próprios pares, outra é
designada por outros órgãos de soberania (eleitos pelo povo por sufrágio universal) isto traduz-
se em legitimidade democrática. Mas importa saber que não inclui qualquer membro designado
pelo Governo como garantia de não ingerência daquele na magistratura judicial ou Adm Fiscal.

MINISTÉRIO PÚBLICO
Ao contrário dos magistrados judiciais (juízes) onde não existe subordinação hierárquica. No
caso dos magistrados do Ministério Público, a subordinação está prevista nos art. 76ºnº3 do
EMP, que prevê a subordinação dos magistrados de grau inferior aos de grau superior, nos
termos de tal estatuto (EMP).
Consequentemente na obrigação de acatamento por aqueles, das diretivas, ordens e instruções
recebidas, exceto nos termos do art 79ºEMP, por grave violação da sua consciência jurídica.
No topo desta Hierarquia encontra-se o Procurador Geral da República, que preside a PGR (13º
nº1 EMP), sus competências nos termos do Art 12º nº 2 b) EMP
A ordem hierárquica está prevista nos art 8ºnº1 EMP + 9º nº1 LOSJ
Comaille refere que filosoficamente existem 2 modelos de organização judiciária:

O modelo de CONCENTRAÇÃO: o poder de administrar e organizar a justiça pertence ao


Estado, portanto com base na concentração de poderes no Estado. O Direito é um poder, já
racionalidade dos custos da justiça e gestão hierarquizada.
O modelo de PROXIMIDADE é por sua vez um modelo mais aberto e não tão concentrado no
Estado, onde a Justiça é uma justiça de proximidade, e abre a outros entes o poder de resolver os
conflitos de forma célere e próxima. O direito é um instrumento a serviço da sociedade. A
gestão está entregue a um grupo de pessoas de modo mais aberto e próximo dos tribunais.

O modelo Judiciário Português atual, a nossa génese é de concentração, porém com a


Reforma de 2013, e não desvirtuando o modelo de concentração, estamos num caminho
crescente para o modelo de proximidade, com a criação de outras estruturas que pretendem
aproximar a justiça do cidadão, com a ideia de serviço público tais como Centros de arbitragem
e Julgados de Paz.
1. a justiça como exercício do poder soberano do Estado – centralização;
2. a justiça como símbolo do Estado;
3. temos a racionalidade económica e gestão hierarquizada
Existem 2 modelos de sistemas judiciários
O modelo anglo-saxónico e o modelo Continental, cuja a grande diferença reside na estrutura
escrita e hierarquizada do modelo continental, e de outro modo, o Costume e a Jurisprudência
tem grande valor no modelo anglo-saxônico.

O Sistema judiciário Português é o Modelo Continental


Neste sistema temos no top da hierarquia estão os TCs, abaixo dos tribunais Constitucionais
temos os tribunais de apelação (Supremo Tribunal da Justiça e Supremo Tribunal
Administrativo), abaixo os tribunais de Recurso (2ªintância) que são os da Relação e abaixo em
1º instância.

O JULGADOS DE PAZ

Já existiam antes do 25 de abril, e foram postos de lado pelo preconceito que o ligava aos
tempos da ditadura.

Entretanto para resolver as questões relativas ao excesso de processos de pequenos assuntos a


atulhar as secretarias, poucos recursos humanos, repensou-se neste modelo.

A questão é que nos JP a tramitação processual é simplificada, podendo inclusive as partes


apresentarem as peças processuais oralmente nas secretarias, e estas são reduzidas a escrito
pelos funcionários dos JP, sem a obrigatoriedade da presença dos advogados ou solicitadores.

Os litígios que dão entrada nestes tribunais, podem ser resolvidos por mediação, conciliação ou
por meio de sentença.

Os acordos obtidos por mediação ou conciliação, com o auxílio do mediador (3º imparcial, com
formação específica, nomeado pelo Min. Justiça), tem o valor de uma sentença o que suscita a
desconfiança nos advogados e solicitadores, que em regra, no caso de sentença, podem recorrer
para a instância superior na hierarquia judiciária.
Assim, em nada resolveu o volume dos processos nos tribunais de 1ª instância.

A ESTRUTURA DA ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA PORTUGUESA

O modelo português é de dupla jurisdição, muito semelhante ao sistema Francês porque temos
duas estruturas completamente paralelas, exatamente iguais, onde se discutem em 1ª instância as
questões de justiça comum, ou seja os conflitos Cíveis e Penais entre particulares; e outra
jurisdição, que sempre que o litígio for com um Ente Público (Estado) este litígio é tratado nos
Tribunais Administrativas e Fiscais, de 1º instância, presentes nas Comarcas.

De seguida, temos as 2ª instâncias de Recurso, mantendo-se em jurisdições paralelas, que são os


Tribunais da Relação (5 – Guimarães, Porto, Coimbra, Lisboa e Évora) e os Tribunais Centrais
Administrativos de Lisboa e Porto, na jurisdição Adm. Fiscal,

Em caso de apelação, nos casos previstos em lei (alçadas – art. 44º LOSJ), existem os Supremos
Tribunais. Que na Jurisdição da justiça Comum, Cível e Penal, o caso em concreto segue para o
STJ e no caso da Justiça Adm. Fiscal, poderá avançar para O Supremo Tribunal Administrativo
ambos em Lisboa.

No Topo da Hierarquia está o Tribunal Constitucional.


Existem também o Tribunal de Contas,
Os Conselhos Superiores da magistratura, ou seja, que existem de igual modo paralelamente em
ambas JURISDIÇÕES.

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