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 Quais as providências a serem adotadas pelo MP ao receber os autos do inquérito policial?

Quando os autos do inquérito policial


chegam às mãos do promotor de justiça, este deve, primeiramente, separar os crimes de ação penal pública dos crimes de ação penal
privada (olhar qual é a ação penal)

 Se o crime for de ação penal privada? O promotor deve pedir ao juiz que os autos permaneçam em cartório, de forma a aguardar a
iniciativa do ofendido dentro do prazo decadencial. 

CPP, art. 19: “Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a
iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.” 

 Se o crime é de ação penal privada, por que foi aberta vista ao MP, uma vez que esse não pode oferecer a ação sem a representação
da vítima? Porque é o titular da ação penal pública (MP) quem deve verificar se há a existência de crime de ação penal pública.

 Se o crime for de ação penal pública, quais as providências as serem tomadas pelo MP? Há algumas possibilidades: 

1) OFERECIMENTO DE DENÚNCIA 
2) DECISÃO DE ARQUIVAMENTO
 Antes chamavam de “promoção de arquivamento”. = o MP pedia ao juiz o arquivamento e o juiz a homologava. 
 Hoje: Nova redação do Art. 28, CPP, não se fala mais em promoção de arquivamento e sim DECISÃO DE ARQUIVAMENTO. O
promotor não pede mais ao juiz que arquive o inquérito policial, pois agora essa decisão é de cunho ministerial, ou seja, o MP determina o
arquivamento.
 Este artigo está suspenso

3) REQUISIÇÃO DE DILIGÊNCIAS

 Pode o promotor requisitar qualquer diligência? Não! De acordo com o art. 16 do CPP, as diligências a serem requisitadas pelo MP à
polícia devem ser imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. O professor ressalta que, na prática, nem sempre isso é observado. 

CPP, art. 16: “O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências,
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.” 

Exemplo: No caso do crime de drogas, quando o inquérito vem instruído com o laudo de constatação provisório, é possível  que o MP ofereça
denúncia ou precisa requisitar o exame toxicológico definitivo? Em tese, já é possível oferecer denúncia.  Em regra, o laudo pericial pode ser
juntado durante o andamento processual. – Todavia, para posterga o IP o MP pede o exame definitivo

ATENÇÃO: A LAA reforça a ideia de que o MP não pode requisitar diligências que não sejam imprescindíveis ao oferecimento da denúncia,
podendo ocorrer em crime, desde que presente o elemento subjetivo especial do injusto do art. 1º, §1º da Lei 13.869/2019 

Lei 13.869/2019, art. 31: “Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado: Pena -
detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão de procedimento, o estende de forma imotivada,
procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado.”

 As requisições de diligências devem ser feitas diretamente à polícia, ou precisa pedir para o juiz? SIM, requisição diretamente a
polícia! A requisição tem fundamento constitucional, sendo uma atribuição do MP.

CF/88, art. 129, VIII: “São funções institucionais do Ministério Público: (…) VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de
inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;” 

 Existe exceção? SIM! Salvo quando houver necessidade de autorização judicial (Cláusula de reserva de jurisdição) as diligências não
poderão ser requisitadas diretamente à polícia (exemplos: busca domiciliar, interceptação telefônica etc.)

 Partindo da premissa de que a diligência é requisitada diretamente à polícia, qual o recurso cabível se, por acaso, houver a negativa
de devolução dos autos à polícia pelo juiz? Diante de eventual negativa do juiz, o recurso será a “correição parcial”, pois não há previsão
legal de recurso para essa decisão e há error in procedendo  por parte do juiz. O juiz não pode indeferir o retorno dos autos à polícia, salvo
em hipóteses teratológicas (esdruxulas).

4) DECLINAÇÃO DA COMPETÊNCIA:

 O que é a declinação de competência? Deve ser feito pelo MP quando entender que o juízo perante o qual atua não tem competência para
o julgamento da demanda. 
Exemplo: um promotor estadual recebe inquérito de estelionato e constata que, na verdade, trata-se de crime de moeda  falsa, o qual é de
competência da justiça federal. Neste caso, ele fará a declinação de competência. 

5) SUSCITAR CONFLITO DE COMPETÊNCIA


 O que é o conflito de competência? Trata-se de instrumento que visa dirimir eventual controvérsia entre duas ou mais autoridades
judiciárias acerca da (in)competência para o processo e julgamento de determinada demanda.
 
 Quando deve ser suscitado o conflito? O conflito deve ser suscitado quando já tiver havido manifestação prévia de outro juízo quanto à
(in)competência. Em caso de declinação de competência, o promotor e o juiz são os primeiros a se manifestar sobre à (in)competência.

Exemplo: Um promotor estadual recebe inquérito de estelionato e constata que, na verdade, trata-se de crime de moeda falsa, o qual é de
competência da justiça federal.  Imagine que, após a declinação da competência, o juiz estadual remeteu os autos ao juiz federal. Se o juiz federal
entender que não se trata de moeda falsa (por ser falsificação grosseira, nos termos da Súmula 73 do STJ), ele poderá suscitar conflito de
competência, pois, neste caso, já teria havido a manifestação de outro juízo sobre a incompetência.  

 Quais as espécies de conflitos de competência?


a) positivo: ocorre quando dois ou mais juízos se consideram competentes para o julgamento da demanda.
b) negativo: ocorre quando dois ou mais juízos se consideram incompetentes para o julgamento da demanda. 

ATENÇÃO: O limite temporal previsto na Súmula 59 do STJ: “não há conflito de competência se já existe sentença com   trânsito em julgado,
proferida por um dos juízos conflitantes.” 

 Qual o Tribunal competente para decidir o conflito de competência? Há duas regras básicas
a) Não há conflito de competência quando houver hierarquia jurisdicional. 
b) Deve ser buscar um órgão jurisdicional comum e superior aos conflitantes. (quem é superior a ambos e comum a ambos) 

Exemplos: 
 Juiz da comarca de Cabo Frio/RJ X TJ/ RJ: não há conflito, porque o juiz da comarca de Cabo Frio é subordinado ao TJ/RJ. 
 Juiz Federal do MS X Juiz Federal SP: como são dois estados subordinados ao mesmo TRF, o julgamento é feito pelo TRF da 3ª
Região. Observação: se o conflito fosse entre juízes vinculados a TRFs distintos: STJ.

 Juiz de Direito do JECRIM/BH (turma recursal) x Juiz de Direito da Vara Criminal/BH (TJ/ MG): TJ de MG. 

 Antes: STJ afirmava que a competência para julgar conflitos de competência entre juiz estadual e juiz de JECRIM era dele, conforme a
súmula 348. Para ele, o juiz de Direito do JECRIM estaria subordinado a turma recursal e o juiz de direito da vara criminal estaria
subordinado ao TJ. Desta forma, aplicando-se a regra de que deve se buscar um órgão jurisdicional comum e superior aos conflitantes. O
STJ se afirmava competente.

Súmula 348 do STJ: compete ao Superior Tribunal de Justiça decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal,
ainda que da mesma seção judiciária. 

 Hoje: Conflito deve ser julgado pelo respectivo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal (a depender do caso). O juiz de direito do
Jecrim e o juiz de direito da vara criminal, que estão no mesmo estado da federação, são subordinados ao mesmo tribunal.

Súmula 428 do STJ: compete ao Tribunal Regional Federal (TJ) decidir os conflitos de competência entre juizado especial  federal e juízo
federal da mesma seção judiciária (Estado da Federação) 

 Essa súmula é válida tanto para a justiça estadual (desde que os juízes sejam do mesmo estado) quanto para a   justiça federal (desde que os
juízes sejam subordinados ao mesmo TRF). 

 Juiz de Direito da Vara Criminal/RS X Juiz de Direito do Juízo Militar/RS: o juiz de direito da vara criminal gaúcha está subordinado
ao TJ/RS. O juiz de direito do juízo militar gaúcho está subordinado ao Tribunal de Justiça Militar. 
 
 Há três estados da federação em que há TJM: RS, SP e MG. Nestes três estados, como existe TJM, é necessário subir mais um degrau na
hierarquia, para afirmar que quem julgará o conflito de competência é o STJ. 

 Se, no exemplo dado, for alterado o estado da federação (estado em que não há TJM), a resposta muda. Exemplo: conflito entre Juiz de
Direito da Vara Criminal/RJ X Juiz de Direito do Juízo Militar/RJ: neste caso, o conflito de competência será dirimido pelo TJ/RJ. 

 Qual a distinção entre conflito de competência e conflito de atribuições?


 O conflito de competência existe entre dois órgãos judiciais.
 Já o Conflito de atribuições é o que se estabelece entre dois ou mais órgãos do Ministério Público (autoridades administrativas) que
possuem responsabilidade ativa para a persecução penal. O conflito de atribuições não é conflito de competências porque não há a
intervenção do Poder Judiciário. 

 Quem decide o conflito de atribuições? 


 MP/RR X MP/RR: Procurador-Geral de Justiça de Roraima (órgão jurisdicional superior e comum a ambos).
 MPF/BA X MPF/PE: À luz da LC 75, quem decide esse conflito de atribuições é a Câmara de Coordenação e Revisão.
 MPM x MPF: os dois órgãos fazem parte do MPU. Neste caso, o conflito é resolvido pelo Procurador-Geral da República. 
 MPF/RS x MP/SC: Procurador-Geral da República.
 MP/ MG X MP/BA: Procurador-Geral da República. – Conflito entre estado da Federação (Antes: STF – mesma sistemática do exemplo
acima)

 ANTES: O STF entendia que o MPF representa a União e o MP de Santa Catarina representa o Estado respectivo (conflito entre a União e
o Estado). Neste caso, entendia-se que o conflito era resolvido pelo STF, pois se tratava de conflito entre entes da federação. (art. 102, I, “f”
da CF).

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar,
originariamente: (...) f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as
respectivas entidades da administração indireta;

 HOJE: O STF alterou o seu entendimento e, atualmente, a Suprema Corte não é mais a responsável por esse julgamento, mas sim o
Procurador-Geral da República, pois não é um conflito envolvendo órgãos jurisdicionais e sim órgão administrativos, devendo o superior
hierárquico desses órgãos decidir.

STF: “Não cabe ao STF julgar conflitos de atribuição entre o Ministério Público Federal e os Ministérios Públicos dos Estados. A questão não
é jurisdicional, e sim administrativa. Logo, deve ser remetida ao Procurador-Geral da República”.  (STF, ACO 924/ ACO 1.394/ PET 4.706/
PET 4.863).
 
 Qual o problema que surge? O Procurador-Geral da República é chefe do MPU, mas ele não é chefe dos MPs estaduais nem dos MPs
dos Tribunais de Contas. Assim sendo, o STF deixou na mão do Procurador-Geral da República decisões que vão repercutir em órgãos do
MP que não estão a ele subordinados. 

 Quais as posições que surgem diante do impasse?


1° Posição: Alguns defendem que, diante desse impasse, o conflito deveria ser resolvido pelo CNMP. Entretanto, segundo o professor, não é
uma solução acertada, pois isso daria ao CNMP atribuições “jurisdicionais”. 

2° Posição: O conflito deveria ser tratado como um conflito virtual de competência.


 O que é o conflito virtual de competência? Conflito de atribuições – Há promotores em conflito, virtualmente, há conflito de competência
- A decisão do conflito caberia ao STJ.  

F) ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL: O art. 28-A do CPP, incluído pelo Pacote Anticrime, estabelece que é possível propor ao
investigado a celebração do acordo de não persecução penal.  

ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

CPP (Antes da Lei n. 13.964/19) CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19)

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para forma da lei. 
oferece-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o
juiz obrigado a  atender.”  §1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o
arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do
recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei
orgânica. 
§2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União,
Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial
poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua
representação judicial.” 

 Como era a antiga sistemática do Art. 28, CPP? Quem apreciava a promoção do arquivamento era o juiz. Cabia ao juiz o exercício da
função anômala de fiscal do princípio da obrigatoriedade (o juiz controlava MP, indicando se era caso ou não de oferecer a denúncia). 

 Qual era o problema da antiga sistemática? Caso o juiz não concordasse com o arquivamento, ele enviaria o inquérito ao procurador-
geral. Caso este deliberasse pelo oferecimento da denúncia, o mesmo juiz seria o competente para o julgamento do processo, ou seja, o
mesmo juiz que rejeitou o arquivamento julgaria o processo, colocando em xeque a garantia da imparcialidade do juiz.

 O que caracterizava a remessa do IP ao procurador geral? Consagrava o princípio da devolução, pois o juiz devolvia a solução da
controvérsia ao procurador-geral (Era quem dava a palavra final sobre a persecução penal)

 Como é a nova sistemática do Art. 28, CPP? O Pacote Anticrime retirou o juiz do controle do arquivamento, deixando essa decisão para
o Ministério Público. 
 À luz do Pacote Anticrime, a decisão de arquivamento está mais sujeita ao controle judicial? Não! Não há mais controle judicial sobre
o arquivamento do inquérito policial. Quem decide o arquivamento é o promotor natural. Trata-se de decisão interna corporis, ou seja, é
decisão administrativa, inicialmente do promotor natural e, na sequência, homologada pela instância de revisão ministerial. 

Enunciado n. 8 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e  do Grupo Nacional
de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “A nova redação do art. 28 do CPP, em  harmonia com o princípio acusatório,
dispõe que o arquivamento do inquérito policial não se reveste mais de um mero  pedido, requerimento ou promoção, mas de verdadeira
decisão de não acusar, isto é, o promotor natural decide não   proceder à ação penal pública, de acordo com critérios de legalidade e
oportunidade, tendo em vista o interesse público  e as diretrizes de política criminal definidas pelo próprio Ministério Público” . 

 O art. 28 do CPP está suspenso? SIM! STF, ADI 6.305 MC/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 22/01/2020

 Porque o art. 28 do CPP está suspenso? A fundamentação do ministro para a suspensão do art. 28 do CPP se baseou no fato de que o
prazo de 30 dias para a implementação do novo art. 28 do CPP seria muito exíguo (curto), diante das consequências da mudança,
embasando sua decisão em dados fornecidos pela CONAMP ( 1 milhão de arquivamentos por anos)

 O juiz pode arquivar o IP de ofício? O juiz não podia arquivar de ofício antes da Lei 13.964/2019 e não pode arquivar de ofício após a
referida lei. Isso ocorre porque não é o juiz o titular da ação penal pública (provocado pelo MP)

 O juiz pode arquivar de ofício no caso de foro por prerrogativa de função? Não, pois apesar de se tratar de competência originária, o
Ministério Público continua sendo o titular da ação penal. De forma errônea, há várias decisões monocráticas de ministros do STF
arquivando inquéritos originários do STF.

 Existe exceção no caso de foro por prerrogativa de função, ou seja, quando o juiz pode arquivar o IP de ofício? se a tramitação em si
daquele inquérito representasse um constrangimento ilegal.
Exemplo: o Procurador-Geral da República quer perseguir um deputado federal e, por esse motivo, instaura uma  investigação por conduta
atípica. Neste caso, a tramitação do inquérito originário representa um constrangimento ilegal e, portanto, o Ministro pode determinar o
trancamento do inquérito (e não o arquivamento). 

STF: “(...) O inquérito policial é procedimento de investigação que se destina a apetrechar o Ministério Público (que é o  titular da ação penal)
de elementos que lhe permitam exercer de modo eficiente o poder de formalizar denúncia. Sendo que ele, MP, pode até mesmo prescindir da
prévia abertura de inquérito policial para a propositura da ação penal, se já dispuser de informações suficientes para esse mister de deflagrar
o processo-crime. É por esse motivo que incumbe exclusivamente ao Parquet avaliar se os elementos de informação de que dispõe são ou não
suficientes para a apresentação da denúncia, entendida esta como ato-condição de uma bem caracterizada ação penal. Pelo que
nenhum  inquérito é de ser arquivado sem o expresso requerimento ministerial público”. (STF, 1ª Turma, HC 88.589/GO, Rel. Min.  Carlos
Britto, j. 28/11/2006, DJ 23/03/2008). 

STF: “(...)deveras, mesmo nos inquéritos relativos a autoridades com foro por prerrogativa de função, é do Ministério   Público o mister de
conduzir o procedimento preliminar, de modo a formar adequadamente o seu convencimento a respeito da autoria e materialidade do delito,
atuando o Judiciário apenas quando provocado e limitando-se a coibir ilegalidades manifestas. In casu: (i) inquérito destinado a apurar a
conduta de parlamentar, supostamente delituosa, foi arquivado de ofício pelo i. Relator, sem prévia audiência do Ministério Público; (ii) não se
afigura atípica, em tese, a conduta de Deputado Federal que nomeia funcionário para cargo em comissão de natureza absolutamente distinta
das funções efetivamente exercidas, havendo juízo de possibilidade da configuração do crime de peculato-desvio (art. 312,  caput, do Código
Penal)”. (STF, Pleno, Inq. 2.913 AgR/MT, Rel. Min. Luiz Fux, j. 1º/03/2012, DJe 121 20/06/2012).

 O que gera essa mudança? Fortalecimento do MP

 Quem decide sobre o arquivamento? É o promotor natural.

 A decisão é apenas do promotor natural? Não! Essa decisão deve ser homologada pela instância de revisão ministerial, conforme o caput
do art. 28

 Qual a natureza da decisão de arquivamento? Natureza complexa da decisão de arquivamento. Assim sendo, a decisão de arquivamento
continua sendo um ato complexo (há controle do ato). 

Enunciado n. 7 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “Compete exclusivamente ao Ministério Público o arquivamento do inquérito
policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza. Trata-se de  ato composto, constituído de decisão do promotor natural e
posterior homologação pela instância de revisão ministerial  (Procurador-Geral de Justiça ou órgão delegado).   

 A decisão de arquivamento precisa ser comunicada a alguém? SIM!

 A quem deve comunicar? Quando o promotor ordenar o arquivamento, o fato deve ser comunicado à vítima, ao investigado e à autoridade
policial. A lei cita apenas a vítima, o investigado e o delegado de polícia

CPP, art. 28: “Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do
Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os  autos para a instância de revisão ministerial
para fins de homologação, na forma da lei. 

 Faltou alguém? SIM! O juiz das garantias


 Porque o juiz das garantias precisa ser comunicado? Precisa haver uma interpretação extensiva do art. 28. Deve haver a comunicação ao
juiz das garantias de forma que possa haver a revogação de eventuais medidas cautelares, restituição de coisas apreendidas etc. 
 Se o juiz das garantias é comunicado sobre a instauração de qualquer investigação, ele também deve ser comunicado sobre eventual
arquivamento.  (art. 3°- B, IV CPP)

Enunciado n. 17 do CNPG e do GNCCRIM: “Os bens apreendidos vinculados a inquéritos policiais arquivados devem ter a destinação
prevista em lei, isto é, sua restituição ao investigado, à vítima ou a terceiros de boa-fé; ou a destinação a órgãos de persecução criminal e de
segurança pública; ou a alienação antecipada em leilão; ou a entrega em museu público”. 

Enunciado n. 16 do CNPG e do GNCCRIM: “Homologado o arquivamento pelo órgão revisor do Ministério Público, os autos serão remetidos
ao juízo competente a fim de (i) comunicar o juízo, bem como (ii) permitir que as partes tenham amplo acesso aos autos acautelados na
respectiva secretaria, a teor da norma inserta no art. 3º-C, §4º, do CPP” (nosso grifo). 
 Na opinião do professor, pela leitura do Enunciado 16 do CNPG e do GNCCRIM fica a impressão de que o juiz será comunicado tão
somente quando houver a homologação pela instância de revisão ministerial. Na opinião do professor, entretanto, desde que o promotor
decide, ele deve comunicar ao juiz.  A decisão de arquivamento tem efeitos imediatos.

Ex: o promotor decide por não oferecer a denúncia e propõem o arquivamento. todavia o réu se encontra preso. desta forma, se o juiz só for
comunicado da decisão de homologação de arquivamento, o réu ficará preso esperando todo o tramite que ocorre antes da homologação.

 Porque precisa haver a comunicação com a vítima? A comunicação da vítima deve ser feita para que, em caso de não concordância, ela
possa submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial (art. 28, §1º, CPP)

 Qual o problema do art.28, §1° do CPP? Na sua leitura, traz uma aparente antinomia (conflito aparente) em relação ao caput. Isso porque
o caput do art. 28 afirma que, quando o arquivamento é ordenado, os autos são enviados para a instância de revisão  ministerial para fins de
homologação. Entretanto, ao ler o §1º do art. 28, fica a impressão de que somente seriam remetidos os autos à instância de revisão
ministerial se a vítima ou seu representante fizesse pedido nesse  sentido.  

 Como ficará a sistemática do art. 28, CPP, eliminando esse conflito? O promotor natural dá a sua decisão de arquivamento. Ao ordenar
o arquivamento, há a comunicação dos interessados, inclusive à vítima. Segundo a doutrina, essa comunicação pode ser feita por qualquer
meio. Feita a comunicação à vítima, começa a correr um prazo de 30 dias para que ela se manifeste. Após o término do prazo, os autos
obrigatoriamente são encaminhados à instância de revisão ministerial. 

 A remessa à instância de revisão ministerial é obrigatória? SIM! O que pode existir ou não é a apresentação de eventuais razões pela
vítima (Razões:  O porquê a decisão não deve ser homologado pelas instâncias de revisão ministerial)

§1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo  de 30 (trinta) dias do
recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão  ministerial, conforme dispuser a respectiva lei
orgânica. 

Enunciado n. 14 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e  do Grupo Nacional
de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “Ordenado o arquivamento do inquérito  policial ou de qualquer elemento de
informação, o órgão de execução do Ministério Público comunicará a vítima, o  investigado e a autoridade policial, da forma mais célere
possível, preferencialmente por meio eletrônico, inclusive por   aplicativos de troca de mensagens ou recurso tecnológico similar, na forma de
regulamentação própria. Não sendo localizadas, a comunicação da vítima e/ou investigado poderá ser por edital no Diário Oficial do
Ministério Público, na forma de regulamentação própria”
Enunciado n. 10 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional
de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “Salvo nos casos de competência originária do Procurador-Geral (foro por
prerrogativa de função), a decisão de arquivamento deverá ser obrigatoriamente submetida à instância de revisão ministerial, para fins de
homologação, ainda que não exista recurso da vítima ou de seu representante legal”.  

Enunciado n. 15 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional
de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “Se a vítima (ou seu representante legal) não concordar com o arquivamento do
inquérito policial ou de outra peça de informação, poderá, no prazo de 30 dias do  recebimento da comunicação, submeter a matéria ao órgão
revisor do Ministério Público, com a apresentação das  respectivas razões na origem”.   

Enunciado n. 13 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional
de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “Após efetivadas as comunicações formais e tendo transcorrido o prazo de 30
dias sem que exista pedido voluntário de revisão do arquivamento pela vítima (ou seu representante), o órgão de execução encaminhará os
autos ao órgão revisor do Ministério Público para fins de  homologação”. 

Enunciado n. 18 do CNPG e do GNCCRIM: “Os atos de comunicação, o pedido de revisão e a submissão dos autos ao órgão revisor para
homologação poderão ser realizados por meios eletrônicos, na forma de regulamentação própria”. 

ATENÇÃO: Na opinião do professor, em relação ao §1º do art. 28 do CPP, além da vítima, também é possível admitir a intervenção do
investigado. Assim sendo, deve haver interpretação extensiva no sentido de admitir que, se o investigado tiver interesse, ele também pode
apresentar razões à instância do órgão ministerial. Isso porque o investigado possui nítido interesse na homologação da decisão de
arquivamento. 
 STF: Entende que, quando o juiz rejeita a peça acusatória e o MP recorre, o juiz deve intimar o denunciado para apresentar contrarrazões, já
que o investigado tem interesse na manutenção da rejeição da peça acusatória. Assim sendo, o raciocínio deve ser o mesmo para os casos de
arquivamento do inquérito. 

 A autoridade policial poderia apresentar razões? o professor entende que não há justificativas para a autoridade policial apresentar
razões à instância competente do órgão ministerial. O mesmo raciocínio, segundo o professor, deve ser aplicado ao juiz das garantias. 
 Cabe recurso judicial/administrativo contra a decisão de arquivamento?  Em regra, a decisão de arquivamento é irrecorrível. Mesmo
antes da Lei 13.964/2019, a decisão de arquivamento sempre foi considerada irrecorrível.  
 Quando o arquivamento é determinado, nem mesmo a ação penal privada subsidiária da pública é cabível, pois não houve inércia do
promotor. 

 Existe exceção, ou seja, existe possíveis recursos que caibam contra a decisão de arquivamento? Existem 3 recursos (exceções) contra
a decisão de arquivamento. 

a) Art. 7º da Lei 1.521/51. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime contra a economia
popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial.” 

b) Art. 6º, §único da Lei 1.508/51 – Este artigo é válido para a contravenção de jogo do bicho. A lei prevê que o autor da representação pode
interpor recurso em sentido estrito se houver o arquivamento determinado. 
“Art. 6º Quando qualquer do povo provocar a iniciativa do Ministério Público, nos termos do art. 27 do CPP, para o  processo tratado nesta
Lei, a representação, depois do registro pelo distribuidor do juízo, será por este enviada, incontinente, ao Promotor Público, para os fins
legais. parágrafo único. Se a representação for arquivada, poderá o seu autor interpor recurso no sentido estrito.” 

 Esses dispositivos continuam válidos como possíveis recursos ao arquivamento? Não! Foram revogados tacitamente pelo novo art. 28
do CPP. Ambos os artigos dispunham que o Poder Judiciário julgaria recursos contra decisões de arquivamento. À luz do art. 28, entretanto,
o Poder Judiciário foi excluído do procedimento do arquivamento. Desse modo, não subsiste o cabimento de recursos analisados por este
poder. Trata-se de uma decisão ministerial

c) Art. 12, XI, Lei 8.625/93 – O dispositivo permanece válido, pois, neste caso, o recurso é apreciado pelo próprio MP.  
“Art. 12. O Colégio de Procuradores de Justiça é composto por todos os Procuradores de Justiça, competindo-lhe (...) XI – rever, mediante
requerimento do legítimo interessado, nos termos da Lei Orgânica, decisão de arquivamento de  inquérito policial ou peças de informações
determinada pelo Procurador-Geral de Justiça, nos casos de sua atribuição originária;
 A Lei Orgânica Nacional do MP prevê que, nas hipóteses de atribuição originária do Procurador-Geral de Justiça, quando ele determina o
arquivamento, o interessado pode atravessar um recurso a ser analisado pelo Colégio de Procuradores de Justiça. 

 Quem é o órgão instância de revisão ministerial para fins de homologação de arquivamento de inquérito policial?

a) MPF e do MPDFT: a revisão ministerial para fins de homologação de arquivamento de inquérito policial será feita pela respectiva Câmara
de Coordenação e Revisão. (2ª Câmara de Coordenação e Revisão)
 Fundamento normativo- LC n. 75/93 “Art. 62. Compete às Câmaras de Coordenação e Revisão: (...) IV – manifestar-se sobre o
arquivamento de inquérito policial, inquérito parlamentar ou peças de informação, exceto nos casos de competência originária do
Procurador-Geral; 

b) MP estadual: há quem defenda que a atribuição é do Conselho Superior do MP, fazendo um paralelo com a Lei da Ação Civil Pública (Lei
n. 7.347/85- “Art. 9º. (...) §1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer
em falta  grave, no prazo de 3 dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.)

 PROFESSOR: A revisão ministerial para fins de homologação de arquivamento de inquérito policial no âmbito do MP estadual deve ficar
a cargo do Procurado Geral Justiça. 

Lei n. 8.625/93- Art. 10. Compete ao Procurador-Geral de Justiça:  (...) IX – designar membros do Ministério Público para: (...) d) Oferecer
denúncia ou propor ação civil pública nas hipóteses de não confirmação de arquivamento de inquérito policial   ou civil, bem como de quaisquer
peças de informações;”

 O PGJ pode delegar essa atribuição? SIM! Doutrina fala que seria a delegação ao “Promotor do 28”. - O que é o promotor 28? Promotor
de justiça que trabalha com o PGJ.

 Quais as providências a serem adotadas pela instância de revisão ministerial? A instância de revisão pode homologar o arquivamento,
requisitar diligências, oferecer denúncia ou designar outro órgão do MP para agir (outro promotor diverso daquele que decidiu o
arquivamento)
 Quanto a esse “outro” membro, sempre se entendeu que ele é obrigado a agir, pois atua por delegação da instância de revisão ministerial
(longa manus), sem prejuízo de eventual pedido de absolvição ao final do processo. (O promotor é obrigado a fazer a denúncia, mesmo que
não concorde, podendo pleitear posteriormente pela absolvição)

Enunciado n. 11 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional
de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “Ao receber os autos com decisão de arquivamento, o órgão de revisão
ministerial (Procurador-Geral de Justiça ou órgão delegado) poderá homologá-la, ou, em caso de discordância, designar outro membro para
continuar as investigações ou oferecer denúncia”.  

 As instâncias de revisão ministerial podem elaborar enunciados? SIM! A elaboração de enunciados pela instância de revisão criminal é
algo que facilitará a atuação ministerial. 
Enunciado n. 12 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional
de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “O órgão revisor do Ministério Público poderá constituir jurisprudência
própria, em enunciados cujo conteúdo servirá de fundamento para o arquivamento pelos órgãos de execução
 Havendo um enunciado das instâncias de revisão ministerial sobre o assunto, o que acontece? Se o promotor arquiva o inquérito e o
teor do arquivamento vem ao encontro de enunciado da instância de revisão criminal, os autos não precisariam ser revisados por tal
instância, salvo se houver manifestação do inconformismo da vítima.

 O que pode gerar um enunciado em conformidade com o teor do arquivamento? Não precisa subir para a instância de revisão, salvo se
houver manifestações da vítima no prazo de 30 dias.

 Quais os fundamentos utilizados para o arquivamento? Não há previsão expressa em lei relativa aos fundamentos para o arquivamento. 

 Onde extraímos os fundamentos? A doutrina afirma que os fundamentos podem ser extraídos dos artigos 395 e 397, CPP. O art. 395
indica quais são as causas de rejeição da peça acusatória, enquanto o art. 397 indica as causas de absolvição sumária. 
 Se a lei prevê quando a denúncia deverá ser rejeitada ou quando o juiz absolverá o réu no início do processo nestes casos, são hipóteses em
que a denúncia jamais poderia ter sido oferecida (deveria ter sido arquivada)

CPP, art. 395: “A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
I - For manifestamente inepta; (Não se aplica ao arquivamento). - Trabalha com a premissa do oferecimento
 II - Faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).” 

 INCISO II: Ausência de uma condição da ação. Em relação à falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal
(art. 395, II, CPP)

Exemplo: A representação no estelionato. O Pacote Anticrime alterou a espécie de ação penal para o crime de estelionato, passando a exigir a
representação (art.  171, §5º do CP). Imagine que, diante disso, um promotor recebe inquérito recente relativo ao crime de estelionato. Se não há
representação da vítima, deve-se promover o arquivamento. 

 INCISO III: O que é a justa causa? Lastro probatório mínimo. Se não há justa causa, deve-se promover o arquivamento. 

CPP, art. 397: “Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver  sumariamente o acusado
quando verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; (conduta atípica) 
IV - extinta a punibilidade do agente.

 A decisão de arquivamento produz ou não produz coisa julgada? 

 ANTES DO PACOTE ANTICRIME: A doutrina e a jurisprudência diziam que havia coisa julgada. Isso porque a decisão de
arquivamento era advinda do Poder Judiciário. – A Coisa julgada ocorre em relação à decisão judicial contra a qual não caiba mais recurso,
tornando-se imutável, sendo atributo inerente à decisão judicial.

 A decisão de arquivamento poderia fazer coisa julgada formal ou formal e material, a depender do fundamento do arquivamento. 
a) Coisa julgada formal: imutabilidade da decisão dentro do processo em que foi proferida. Trata-se de fenômeno endoprocessual. (aquela
decisão só vale dentro do processo)

b) Coisa julgada (formal) material: imutabilidade da decisão que se projeta para fora do processo.  Aquela decisão ser tornou imutável
dentro e fora do processo
 Se a decisão faz apenas coisa julgada formal, ela se baseia na cláusula da imprevisão ( rebus sic stantibus). Assim sendo, se mantidos os
pressupostos, a decisão é mantida. Alterados os pressupostos, a decisão é alterada.
Exemplo: No caso da falta de justa causa, por exemplo, como ela apenas origina a coisa julgada formal, depois de arquivar o inquérito, é
possível oferecer denúncia se surgirem provas novas. 

 Nas hipóteses em que há formação de coisa julgada material e formal, há verdadeiras decisões de mérito antecipadas (art. 397 do CPP).
Nestes casos, trabalha-se com a lógica de uma sentença absolutória. 

Observação: O STF tem precedentes antigo dizendo que, no caso de excludente de ilicitude, só haveria coisa julgada formal. 

STF: “(...) O arquivamento de inquérito, a pedido do Ministério Público, em virtude da prática de conduta acobertada pela  excludente de
ilicitude do estrito cumprimento do dever legal (CPM, art. 42, inciso III), não obsta seu desarquivamento no surgimento de novas provas
(Súmula nº 5241/STF). Precedente. Inexistência de impedimento legal para a reabertura do inquérito na seara comum contra o paciente e o
corréu, uma vez que subsidiada pelo surgimento de novos elementos de prova, não havendo que se falar, portanto, em invalidade da
condenação perpetrada pelo Tribunal do Júri. 3. Ordem denegada. STF, 2ª Turma, HC 125.101/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 25/08/2015, DJe
180 10/09/2015.

Observação 2: Em relação ao arquivamento sob o fundamento de excludente de punibilidade, os Tribunais têm decidido que decisão de
arquivamento proferida com base em certidão de óbito falsa pode ser revogada, por ser juridicamente inexistente. Neste sentido: 

STF: “(...) A decisão que, com base em certidão de óbito falsa, julga extinta a punibilidade do réu pode ser revogada, dado que não gera coisa
julgada em sentido estrito”. (STF, 2ª Turma, HC 84.525/MG, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 16/11/2004, DJ  03/12/2004). 

 DEPOIS DO PACOTE ANTICRIME (LEI 13.964/19): O arquivamento passou a ser decisão administrativa. Como não é mais decisão
judicial, não é possível mais se falar em coisa julgada, já que esta é atributo específico das decisões judiciais.

 Diante desse fato, será que ainda há coisa julgada? Na opinião do professor, por mais que não se possa mais falar em coisa julgada, com
base em princípios como lealdade, probidade, moralidade, boa-fé administrativa, não se pode admitir que inquéritos arquivados e
homologados sejam desarquivados diante de mudanças posteriores. Assim, segundo o professor, se houve arquivamento e homologação,
não é possível haver revisão da matéria. A exceção se encontra nos exemplos citados anteriormente relativos à coisa julgada formal
(surgimento de prova nova ou representação da vítima).

 Qual a conclusão? Não haverá coisa julgada, todavia quando a sistemática da coisa julgada formal, ficaria presente, diante da possibilidade
de surgir novas provas ou informações novas sobre o crime.

Enunciado n. 9 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “Considerando que o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer
elementos informativos da mesma natureza não se subordina à apreciação judicial, a decisão não está mais sujeita aos efeitos da coisa julgada
formal ou material”. 

 O que é o desarquivamento do IP? É a reabertura das investigações. 

 Pode reabrir as investigações? SIM!! O desarquivamento só será possível nos casos em que o arquivamento tiver formado “coisa julgada
formal” - ausência de lastro probatório, ausência de condições da ação. 

Exemplo: o promotor arquiva o inquérito porque não sabe quem é o provável autor do estupro. Se, posteriormente, a notícia chega ao MP, ele
pode reabrir a investigação. 

 Qual o pressuposto do desarquivamento? O pressuposto para o desarquivamento é a notícia de prova nova. 


ATENÇÃO: A prova nova é pressuposto para oferecer a denúncia.

Exemplo: Inquérito arquivado por ausência de notícias do agente, uma terceira pessoa afirma que anotou a placa da  motocicleta do atirador. Isso
é notícia de uma prova nova e é o que basta para haver o desarquivamento do inquérito.

CPP, art. 18: “Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a  denúncia, a autoridade
policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.” 

 No exemplo acima, com o número da placa, o promotor pode oferecer denúncia? É prova nova capaz de gerar o oferecimento da
denúncia? Tem que haver o prosseguimento da investigação

 O que precisa ter para que haja o oferecimento da denúncia? Serão necessárias provas novas

 O que são provas novas? Provas capazes de alterar o contexto probatório dentro do qual foi proferida a decisão de arquivamento.  

Exemplo: no exemplo dado anteriormente, a mera notícia de obtenção da placa da motocicleta não é suficiente para o  oferecimento da denúncia.
Assim sendo, é necessário que haja mais investigações. 
Súmula n. 524 do STF: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal
ser iniciada sem novas provas”. 
ATENÇÃO: essa súmula continua válida, desde que adaptada à luz da nova redação do art. 28 do CPP. 

STJ: “(...) Entendem doutrina e jurisprudência que três são os requisitos necessários à caracterização da prova   autorizadora do
desarquivamento de inquérito policial (artigo 18 do CPP): a) que seja formalmente nova, isto é, sejam  apresentados novos fatos,
anteriormente desconhecidos; b) que seja substancialmente nova, isto é, tenha idoneidade  para alterar o juízo anteriormente proferido sobre a
desnecessidade da persecução penal; c) seja apta a produzir alteração  no panorama probatório dentro do qual foi concebido e acolhido o
pedido de arquivamento; Preenchidos os requisitos - isto é, tida a nova prova por pertinente aos motivos declarados para o arquivamento do
inquérito policial, colhidos novos  depoimentos, ainda que de testemunha anteriormente ouvida, e diante da retificação do testemunho
anteriormente  prestado -, é de se concluir pela ocorrência de novas provas, suficientes para o desarquivamento do inquérito policial e o  
consequente oferecimento da denúncia”. (STJ, 6ª Turma, RHC 18.561/ES, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, j. 11/04/2006). 

 Se o juiz não faz mais parte dos procedimentos do art. 28 do CPP, ele poderia invocar este artigo quando houver uma divergência entre
ele e o MP? Diante de eventuais divergências entre juiz e promotor, a única saída ainda é admitir a aplicação do art. 28 do CPP. 

Exemplo: Súmula n. 696 do STF: “Reunidos os pressupostos legais, permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o
Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código
de Processo Penal”.  

 O juiz não pode dar suspensão de ofício, nem transação penal de ofício (atos ligados a ação penal). Na sistemática anterior, quando o juiz
não concordava com o promotor, ele aplicava o art. 28 do CPP.
 Na opinião do professor, a resposta para a questão é afirmativa e a Súmula 696 do STF continua válida, a despeito  da mudança do art. 28 do
CPP. Isso porque, quando o juiz entra em divergência com o promotor, não há hierarquia entre ambos e não é possível que o juiz obrigue o
promotor a adotar determinadas condutas, pois isso violaria a independência funcional.  

 Quais são as divergências comuns? Ocorrem nos casos de colaboração premiada, art. 384, §1º do CPP e nos casos de arquivamento indireto,
além da hipótese trazida pela Súmula 696 do STF. 

 Qual o fundamento para o posicionamento de aplicação do art. 28? Está baseada na interpretação sistemática do próprio Pacote Anticrime.
Veja o art. 28-A, §14 do CPP: 

CPP, art. 28-A. (...) “§14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado
poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código (Incluído pela Lei n. 13.964/19).” 

 De quem é a competência do Arquivamento nas hipóteses de atribuição originária? PGR ou do PGJ. Mesmo antes da Lei 13.964/2019,
os tribunais superiores já entendiam que, quando o PGR ou PGJ arquivam, a decisão  dada tem caráter administrativo e, portanto, não
precisa se sujeitar a decisão aos tribunais competentes.  

STF: “(...) Diversamente do que sucede nos casos em que o pedido de arquivamento pelo Ministério Público das peças   informativas se lastreia
na atipicidade dos fatos - que reputa apurados - ou na extinção de sua punibilidade - que, dados  os seus efeitos de coisa julgada material - hão
de ser objeto de decisão jurisdicional do órgão judiciário competente, o  que - com a anuência do Procurador- Geral da República - se funda
na inexistência de base empírica para a denúncia é de  atendimento compulsório pelo Tribunal”. (STF, Pleno, Inq. 1.443/SP, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, j. 30/08/2001, DJ  05/10/2001). 

Informativo n. 558 do STJ (Inq. 967-DF): Se membro do MPF, atuando no STJ, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer
peças de informação que tramitem originariamente perante esse Tribunal Superior, este, mesmo considerando improcedentes as razões
invocadas, deverá determinar o arquivamento solicitado, sem a possibilidade de remessa para o Procurador-Geral da República, não se aplicando
o art. 28 do CPP. Isso porque a jurisprudência do STJ é no sentido de que os membros do MPF atuam por delegação do Procurador-Geral da
República na instância especial.  Assim, em decorrência do sistema acusatório, nos casos em que o titular da ação penal se manifesta pelo
arquivamento de inquérito policial ou de peças de informação, não há alternativa, senão acolher o pedido e determinar  o arquivamento. Nesse
passo, não há falar em aplicação do art. 28 do CPP nos procedimentos de competência originária do STJ”.

 O que é o Arquivamento implícito? Ocorre quando o Ministério Público deixa de incluir na denúncia algum fato delituoso e/ou algum
coautor ou partícipe, sem se manifestar expressamente no sentido do arquivamento.
EX: Inquérito policial investigou Tício e Mévio pela prática de furto (art. 155, CP) e estupro (art. 213, CP). Após  receber os autos do inquérito
policial, o promotor denuncia Tício, imputando-lhe apenas o crime de furto. Diante do exemplo dado, é possível denunciar apenas o Tício (e
apenas por furto)? Sim, pois o promotor é titular da ação penal pública e não fica vinculado à conclusão feita pelo delegado em  eventual
indiciamento. Entretanto, o correto tecnicamente seria que, ao denunciar o Tício por furto, concomitantemente, o promotor promovesse
administrativamente o arquivamento quanto ao Mévio e quanto ao estupro. - mas ele não promove o arquivamento

 O arquivamento implícito é admitido pela doutrina e pela jurisprudência? Não, pois todas as manifestações do MP devem ser
fundamentadas.  

STF: “(...)Inexiste dispositivo legal que preveja o arquivamento implícito do inquérito policial, devendo ser o pedido formulado expressamente,
a teor do disposto no art. 28 do Código Processual Penal. Inaplicabilidade do princípio da indivisibilidade à ação penal pública”. (STF, 1ª
Turma, RHC 95.141/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 06/10/2009, DJe  200 22/10/2009). 
 O que é o Arquivamento indireto? Ocorre quando o MP deixa de oferecer denúncia com base na incompetência do juízo, mas este não
concorda com o MP.
 No caso de divergência entre MP e juiz, trata-se de um arquivamento indireto, havendo a necessidade de aplicação do art. 28, CPP,
enviando os autos para o órgão revisor do MP (não teria opção, deveria designar outro promotor para fazer, pois matéria de competência a
última palavra é do PJ) 

STJ: “(...) Quando o órgão ministerial, por meio do Procurador-Geral de Justiça, deixa de oferecer denúncia em razão da  incompetência do
Juízo, entendendo este ser o competente, opera-se o denominado arquivamento indireto”. (STJ, 3ª  Seção, CAT 225/MG, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, j. 09/09/2009). 

 O que é o trancamento (ou encerramento anômalo) do inquérito policial? Trata-se de medida de força que acarreta a extinção
prematura das investigações quando a mera tramitação do inquérito configurar constrangimento ilegal.

 Quem determina o trancamento? o trancamento é determinado pelo juiz (diferente do arquivamento, que é decisão do Mp)

 Qual juiz? o juiz das garantias. 


CPP, art. 3º-B, IX: “determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua  instauração ou
prosseguimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)” 

 Quais as hipóteses autorizadoras do trancamento do IP? i) manifesta atipicidade formal ou material; ii) causa extintiva da
punibilidade; iii) ausência de manifestação da vítima em crimes de ação privada ou pública condicionada à representação.

 O trancamento de inquérito é medida excepcional? SIM!

 Qual o instrumento adequado para pleitear o trancamento do IP? Será o habeas corpus caso haja risco à liberdade de locomoção.  Se
não for cominada pena privativa de liberdade à infração penal que ensejou o inquérito, não se pode inferir risco à liberdade de locomoção,
sendo descabido o habeas corpus. 

 No caso de não haver risco à liberdade, qual o instrumento adequado? Assim, a parte deve se valer do mandado de segurança.
Art. 5º (...) “LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;” 
Súmula 693 do STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em  curso por infração
penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. 

INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MINISTÉRIO PÚBLICO.

 O MP pode investigar?
 1°Corrente: Corrente contrária à investigação pelo MP. A atribuição investigativa era exclusiva da polícia. 
 2° corrente: Hoje, prevalece a orientação de que o MP pode investigar. 

 A investigação feita pelo MP é a regra? Não! A investigação feita pelo MP sempre será feita de modo excepcional. A regra é que a
atividade investigativa seja feita pela polícia. 

 Quais situações o MP pode investigar? Exemplos de casos excepcionais: abuso de autoridade, crimes cometidos por policiais, crimes
contra a Administração Pública, inércia da instituição policial etc.

 Qual a justificativa para admitir a investigação pelo MP? Argumentos favoráveis: 


a) Não há falar em violação ao sistema acusatório – Tudo o que for investigado pelo MP também ganhará o status de elemento informativo e
será posteriormente confirmado em juízo sob o crivo do contraditório.

b) Teoria dos Poderes Implícitos: ao conceder uma atividade-fim a determinado órgão, a Constituição também  concede a ele, implícita e
simultaneamente, todos os meios necessários para a consecução daquele objetivo; 

c) Polícia Judiciária não se confunde com Polícia Investigativa; 

d) Procedimento investigatório criminal (PIC): Resolução n. 181 do CNMP. 

 O que é a teoria dos poderes implícitos? Surgiu no direito norte-americano e baseia-se no fato de que, se há a outorga de determinada
finalidade a uma instituição, implicitamente, também se outorgam os meios necessários para a consecução  desse fim. (De nada adianta a
CF se titular da ação penal, se não admitir em situações excepcionais o MP poder investigar)

Informativo n. 785 do STF (14/05/2015): RE 593.727 (Rel. Min. Gilmar Mendes) 


“O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações   de natureza penal,
desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa  sob investigação do Estado, observadas,
sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e,  também, as prerrogativas profissionais de que se acham
investidos, em nosso País, os advogados, sem prejuízo da  possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente
controle jurisdicional dos atos,  necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa
Instituição. (...) A legitimidade do poder investigatório do órgão seria extraída da Constituição, a partir de cláusula que outorgaria o monopólio
da ação penal pública e o controle externo sobre a atividade policial. O “parquet”, porém, não poderia presidir o inquérito policial, por ser função
precípua da autoridade policial. Ademais, a função investigatória do Ministério Público não se converteria em atividade ordinária, mas
excepcional, a legitimar a sua atuação em casos de abuso de autoridade, prática de delito por policiais, crimes contra a Administração Pública,
inércia dos organismos policiais, ou procrastinação indevida no desempenho de investigação penal, situações que, exemplificativamente,
justificariam a intervenção subsidiária do órgão ministerial. Haveria, no entanto, a necessidade de fiscalização da legalidade dos atos
investigatórios, de estabelecimento de exigências de caráter procedimental e de se respeitar direitos e garantias que assistiriam a qualquer pessoa
sob investigação — inclusive em matéria de preservação da integridade de prerrogativas profissionais dos advogados, tudo sob o controle e a
fiscalização do Poder Judiciário”. 

Súmula 234 do STJ: a participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu  impedimento ou
suspeição para o oferecimento da denúncia. 

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 


 O acordo de não persecução penal já existia? SIM! Estava previsto no art. 18 da Resolução 181 do CNMP.

 Qual era o problema? Questionava-se a constitucionalidade do art. 18, pois a resolução de um órgão administrativo jamais poderia dispor
sobre o tema. Atualmente, o conteúdo da resolução foi transformado em lei (art. 28-A do CPP)

 O art. 28-A do CPP está suspenso? Não, está em vigor

 O que é o acordo de não persecução penal? É um negócio jurídico de natureza extrajudicial, celebrado entre o MP e o autor do delito
(assistido por seu defensor) e homologado pelo juízo.
 O juiz não deve se imiscuir (emitir opinião) no mérito do acordo, devendo apenas verificar a regularidade, a legalidade e a  voluntariedade

 Qual a natureza jurídica? Negócio jurídico de natureza extrajudicial

 Só deve ser aplicada em ações penais públicas incondicionadas? SIM!

 Quais as condições a serem impostas ao investigado para que haja o acordo? O autor do delito confessa e aceita o cumprimento de
condições não privativas de liberdade (exemplos: prestações pecuniárias e prestação de serviços à comunidade).
 Condição não é pena.  Tais condições devem ser, obrigatoriamente, não privativas de liberdade. 
 As condições estão dispostas no art. 28-A, caput e incisos: 

CPP, art. 28-A: “Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público  poderá propor acordo de não persecução penal,
desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e
alternativamente:

I - Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;

II - Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime;

III - Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito   diminuída de um a
dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848,  de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal);

IV - Pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a
entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos
iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; 

V - Cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível  com a infração penal
imputada.
 O que o autor ganha ao fazer o acordo? Em contraprestação, o Ministério Público se compromete a não oferecer denúncia. Após o
cumprimento das condições impostas, dar-se-á o arquivamento do inquérito policial, declarando extinta a sua punibilidade.

 Qual a Previsão normativa? Esse acordo estava previsto no art. 18 da Resolução 181 do CNMP e, atualmente, está no art. 28-A do CPP. 

 Quais os requisitos para a celebração do acordo? O art. 28-A traz os requisitos para a celebração do acordo. 
a) Requisitos positivos: 

1) Não ser caso de arquivamento – Só é possível fazer o acordo quando for viável a persecução penal.  Ex: conduta insignificante, atipicidade
formal, elementos quanto a autoria 

2) Infração penal sem violência ou grave ameaça. A doutrina interpreta que essa violência ou grave ameaça deve ser perpetrada na conduta e
não no resultado. 
Exemplo 1: o agente dá um soco na vítima e pega sua bolsa. Trata-se de crime de roubo e não há a admissão do acordo.
Exemplo 2: um indivíduo está dirigindo uma moto, perde o controle e atropela uma pessoa. Neste caso, houve violência, mas ela ocorreu no
resultado. Neste caso, admite-se o acordo. 
Enunciado 23, CNPG: “É cabível o acordo de não persecução penal nos crimes culposos com resultado violento, uma vez  que, nos delitos
dessa natureza, a conduta consiste na violação de um dever de cuidado por negligência, imperícia ou imprudência, cujo resultado é
involuntário, não desejado e nem aceito pelo agente, apesar de previsível.” 

3) Pena mínima inferior a 4 anos. 

b) Requisitos negativos: veda a celebração do acordo em algumas situações  

1) CPP, art-28-A, §§1º: Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de
aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. 
 O art. 28-A, §1º do CPP estabelece que, como se trabalha com a pena mínima cominada ao delito, quando se tratar de  causa de aumento, ela
deve ser aumentada no mínimo possível. De outro lado, quando se tratar de uma causa de  diminuição, haverá a diminuição no máximo
possível para se obter a pena mínima cominada ao delito.

2) CPP, art-28-A, §2º: O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: 
I - Se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; 

II - Se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada  ou profissional,
exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;

III - Ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução  penal, transação
penal ou suspensão condicional do processo; e 

IV - Nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da  condição de sexo
feminino, em favor do agressor.” 

 O acordo de não persecução penal é discricionário, ou ele pode ser dado pelo juiz? O ideal é estabelecer que vigora a ideia de
discricionariedade, ou seja, juiz não pode se sobrepor ao MP para dar o acordo, pois estaria usurpando a própria titularidade da ação penal. 
 Existe o controle jurisdicional para o acordo de não persecução penal? Necessariamente, deve haver homologação judicial do acordo.

 Em que momento o acordo é realizado? Em regra, o acordo é feito durante a fase investigatória.

 Qual o juiz competente para a homologação? É o juiz das garantias. 


CPP, art. 3º-B: (...) XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando
formalizados durante a investigação;

 É possível a homologação judicial perante os tribunais? SIM! Neste caso, quem homologa é apenas o relator. O Pacote Anticrime
alterou a Lei 8.03890 e passou a prever a possibilidade de acordo nos tribunais (art. 1º, §3º da Lei 8038/90). 

CPP, art. 28-A: (...) 


§3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu
defensor. 

§4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a  sua voluntariedade, por
meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. 

§5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao
Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. 

§6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução
perante o juízo de execução penal. 

§7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere
o § 5º deste artigo. 

 Qual o recurso adequado da recusa do magistrado para a homologação o acordo? o recurso adequado é o RESE (art. 581, XXV,
CPP). 
CPP, art. 581, XXV: “que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)” 

§8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação das
investigações ou o oferecimento da denúncia. 

§9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descumprimento.

§10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério Público  deverá comunicar ao juízo,
para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia. 
 O que acontece quando há o descumprimento injustificado das obrigações assumidas pelo investigado? Haverá o oferecimento da
denúncia. Além disso, a confissão poderá ser usada contra o investigado. 

§11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como
justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo. 

§12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de antecedentes  criminais, exceto para os fins
previstos no inciso III do § 2º deste artigo.

 O cidadão não aceitou o acordo. Ele terá consequências? Não! a única consequência é a impossibilidade de celebrar novo acordo no
prazo de 5 anos. A celebração desse acordo não constará de certidão de antecedentes criminais. 

§13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibilidade. 

 O que acontece no caso do cumprimento integral do acordo de não persecução penal?  Haverá o arquivamento da investigação
preliminar ou do inquérito policial, com a decretação da extinção de punibilidade

§14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa
dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.” 

CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL PELO MINISTÉRIO PÚBLICO


 O que é o Controle externo da atividade policial pelo Ministério Público?  Deve ser compreendido como o conjunto de normas que
regulam a fiscalização exercida pelo Ministério Público  em relação à polícia, na prevenção, apuração e investigação de fatos delituosos, na
preservação dos direitos e garantias constitucionais dos presos que estejam sob responsabilidade das autoridades policiais e na fiscalização
do cumprimento das determinações judiciais. 

 Qual o fundamento para esse controle? A Constituição Federal faz referência expressa ao controle externo da atividade policial pelo MP
(art. 129, VII, CF), bem como o art.9º da LC 75/93: 

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: (...) VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior;” 

LC 75/93- Art. 9º O Ministério Público da União exercerá o controle externo da atividade policial por meio de medidas judiciais
e extrajudiciais podendo:
I - Ter livre ingresso em estabelecimentos policiais ou prisionais; 
II - Ter acesso a quaisquer documentos relativos à atividade-fim policial; 
III - Representar à autoridade competente pela adoção de providências para sanar a omissão indevida, ou para prevenir  ou corrigir
ilegalidade ou abuso de poder; 
IV - Requisitar à autoridade competente para instauração de inquérito policial sobre a omissão ou fato ilícito ocorrido no exercício da
atividade policial; 
V - Promover a ação penal por abuso de poder” 

Resolução n. 20 do CNMP: Regulamenta o art. 9º da Lei Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993 e o art. 80 da Lei nº 8.625, de 12 de
fevereiro de 1993, disciplinando, no âmbito do Ministério Público, o controle externo da atividade policial. 

 Quais as espécies de controle?


a) Controle difuso: é aquele exercido por todos os órgãos do MP com atribuição criminal por ocasião da análise dos procedimentos que lhes
são distribuídos. 

b) Controle concentrado: é aquele exercido por órgãos do MP com atribuição específica para o controle externo da atividade policial.
(promotor do controle externo.

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