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Como está organizado o Sistema Judiciário:

Em Portugal, há duas jurisdições distintas constitucionalmente consagradas


(art.º 209.º e seguintes da Constituição da República Portuguesa): a civil e a
administrativa. Está prevista, ainda, a jurisdição do Tribunal Constitucional e
do Tribunal de Contas, para além da dos tribunais arbitrais e dos julgados
de paz.

Os Centros de Arbitragem são entidades competentes para resolver alguns tipos de


conflitos, de acordo com a sua competência, através da mediação, da conciliação e da
arbitragem. Operam em função da sua competência territorial (área geográfica), em
função da matéria (tipo de litígios que podem resolver) e, em certos casos, em função
do valor do litígio (limite do valor dos litígios). Ex. Associação de Proprietários de
Lisboa constituiu um Centro de Arbitragem.

Os Julgados de Paz têm competência para apreciar e decidir ações declarativas


cíveis, com exceção das que envolvam matérias de direito da família, direito das
sucessões e direito do trabalho, cujo valor não exceda os 15.000 €, abrangendo,
nomeadamente, ações:

Na jurisdição civil os tribunais comuns em matéria cível e criminal são os


tribunais judiciais, estão organizados em três instâncias, da hierarquicamente
superior e territorialmente mais abrangente para a hierarquicamente inferior e
territorialmente mais restrita: o Supremo Tribunal de Justiça (competência
nacional), os tribunais da Relação (um por distrito judicial e dois no distrito
judicial do Porto) e os tribunais judiciais de comarca (1.ª instância).

Na 1.ª instância, os tribunais judiciais assumem uma de três categorias,


consoante a matéria e o valor da ação: tribunais de competência genérica, de
competência especializada (instrução criminal, família, menores, trabalho,
comércio, marítimo e execução de penas) ou de competência específica (varas
cíveis, criminais ou mistas; juízos cíveis ou criminais; juízos de pequena
instância cível ou criminal).
Lei de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais, Lei n.º 3/99, de 13 de janeiro na
ultima redação conferida pelo Decreto-Lei n.º 323/2001, de 17 de dezembro

Artigo 65.º

Desdobramento de tribunais

1 - Os tribunais judiciais podem desdobrar-se em juízos.

2 - Nos tribunais de comarca os juízos podem ser de competência genérica,


especializada ou específica.

3 - Os tribunais de comarca podem ainda desdobrar-se em varas, com competência


específica, quando o volume e a complexidade do serviço o justifiquem.

4 - Em cada tribunal, juízo ou vara exercem funções um ou mais juízes de direito.

Da jurisdição administrativa fazem parte os tribunais administrativos e fiscais (1.ª


instância), os tribunais centrais administrativos (Norte e Sul) e o Supremo Tribunal
Administrativo (abrangência nacional).

Os conflitos de jurisdição entre tribunais são resolvidos por um Tribunal de Conflitos,


regulado por lei.

Da jurisdição administrativa fazem parte os tribunais administrativos e fiscais (1.ª


instância), os tribunais centrais administrativos (Norte e Sul) e o Supremo Tribunal
Administrativo (abrangência nacional).
Os conflitos de jurisdição entre tribunais são resolvidos por um Tribunal de Conflitos,
regulado por lei.

No sistema judiciário português existem as seguintes categorias de tribunais:


O Tribunal Constitucional, cuja função principal é apreciar a constitucionalidade ou a
legalidade das normas jurídicas, bem como a constitucionalidade das omissões de
legislar;
O Tribunal de Contas, que é o órgão supremo de fiscalização da legalidade das
despesas públicas e de apreciação das contas que a lei mandar submeter-lhe;
Os Tribunais Judiciais, que são os tribunais comuns em matéria cível e criminal e que
exercem jurisdição em todas as matérias que não são atribuídas a outras ordens
judiciais. Incluem o Supremo Tribunal de Justiça, os tribunais de segunda instância (que
são, em regra, os tribunais da Relação) e os tribunais de primeira instância (que são,
em regra, os tribunais de comarca);
Os Tribunais Administrativos e Fiscais, cuja função é dirimir os litígios emergentes de
relações administrativas e fiscais, incluem o Supremo Tribunal Administrativo, os
tribunais centrais administrativos, os tribunais administrativos de círculo e os tribunais
tributários;
Os Julgados de Paz, que são tribunais com características especiais e com competência
para apreciar processos de natureza cível nos quais o valor da causa não seja superior
a 5 000 euros;
Durante a vigência do estado de guerra podem, igualmente, ser constituídos Tribunais
Militares.

Recursos (retirado site do Ministério Público)


O que é um recurso?
É o modo de reação contra uma decisão judicial tida como errada e que se traduz na
intervenção de um tribunal superior (Tribunal da Relação ou Supremo Tribunal de
Justiça).

Em que consiste o recurso ordinário?


É o recurso normal, que pressupõe que a decisão recorrida ainda não transitou em
julgado, isto é, que ainda é suscetível de recurso. O recorrente (quem recorre)
necessita de ter legitimidade, estar em tempo (prazo) e a decisão ser recorrível
(admissibilidade).

O que se entende por recurso extraordinário?


É o recurso que se destina a reparar uma grave injustiça cometida através de uma
decisão judicial já transitada em julgado (que não admite recurso ordinário); se surtir o
efeito pretendido, o julgamento será repetido ou a decisão será revista.

O recurso interposto pelo arguido pode agravar a pena aplicada?


Não. Tal nunca é possível. O tribunal de recurso não pode alterar a decisão para pior.
Mas não se encontra vedada a possibilidade de alterar para melhor, em benefício do
recorrente/arguido.
Só os recursos do Ministério Público ou do assistente, que solicitem a agravação da
pena de prisão, podem ter esse feito, se o tribunal superior aceitar essa pretensão.
O condenado pela prática de um crime pode ser julgado outra vez pela prática desse
crime?
Não. Na verdade, nenhuma pessoa pode ser julgada duas vezes pela prática do mesmo
crime, o que não significa que, se o julgamento for anulado, não tenha que se repetir
(neste caso, tudo se passa como se o julgamento anterior não tivesse existido).

Resumindo
Um recurso é, na prática, uma contestação de uma decisão do tribunal. Pode recorrer-
se de uma sentença, mas também de outras decisões que vão sendo tomadas ao longo
do processo.
Os recursos são uma forma de garantir que uma decisão judicial, mediante
determinados pressupostos, possa ser reapreciada por um tribunal superior.

Quando é possível apresentar recurso?


Nem todas as decisões judiciais são passíveis de recurso. Nas causas penais, ou seja,
quando se procura averiguar se existiu um crime e quais as suas consequências
jurídicas, existe sempre essa garantia.
Nas outras, o recurso só é assegurado nos casos de maior importância. Isto é,
tratando-se de causas civis, a possibilidade de recorrer depende do valor da ação.
Normalmente, para que o recurso seja admitido, o valor do processo deve ser superior
ao da alçada do tribunal que proferiu a decisão.
Tratando-se de causas civis, a possibilidade de recorrer depende do valor da ação.
Normalmente, para que o recurso seja admitido, o valor do processo deve ser superior
ao da alçada do tribunal que proferiu a decisão.

O que é a alçada?
A alçada é o limite, relativo ao valor das ações, dentro do qual um tribunal julga. É em
função do valor da causa que se determina o tribunal competente. Por exemplo, a
alçada dos tribunais de primeira instância, em matéria cível, é de 5 mil euros e a do
Tribunal da Relação é de 30 mil euros. Apenas em ações superiores a 5 mil euros é
possível recorrer para o Tribunal da Relação. Já o Supremo Tribunal de Justiça só
aprecia o recurso se o valor da ação for superior a 30 mil euros.

EX. Código de Processo Civil

Artigo 303.º

Valor das ações sobre o estado das pessoas ou sobre interesses imateriais ou difusos
1 - As ações sobre o estado das pessoas ou sobre interesses imateriais consideram-se
sempre de valor equivalente à alçada da Relação e mais € 0,01.

2 - A mesma regra é aplicável às ações para atribuição da casa de morada de família,


constituição ou transmissão do direito de arrendamento.

Além disso, é necessário que a decisão tenha sido desfavorável ao recorrente e em


valor superior a metade da alçada do tribunal que proferiu a decisão.
Há, no entanto, exceções a estes critérios. Por exemplo, a lei permite ainda recurso
para o Tribunal Constitucional desde que estejam em causa questões de
inconstitucionalidade ou ilegalidade e já não seja possível o recurso para outros
tribunais.
É igualmente possível recorrer para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (artigo
34.º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem) sempre que uma pessoa singular,
organização não-governamental ou grupo de pessoas considere ter sido vítima de
violação dos direitos consagrados nesta Convenção.

Quem pode recorrer?


Os recursos só podem ser interpostos por quem, sendo parte principal na causa, tenha
ficado vencido. Isto é, caso a decisão lhe seja desfavorável. As pessoas direta e
efetivamente prejudicadas pela decisão também podem recorrer dela, mesmo que não
sejam partes na causa ou sejam apenas parte envolvida.

Nas causas penais, podem apresentar recurso o arguido, o assistente, as partes civis ou
o Ministério Público.

Quais as etapas?
Regra geral, o recurso deve ser apresentado pelo advogado no tribunal em que
decorreu o julgamento no prazo de 30 dias após a decisão que lhe deu origem.

O recurso deve explicar de forma fundamentada as razões que levaram à contestação.


Pode, por exemplo, ter a ver com a apreciação das provas apresentadas ou com a
forma como a lei foi aplicada.

O recurso e os elementos do processo que possam ser relevantes são então enviados
para o Tribunal da Relação ou Supremo Tribunal de Justiça. Os juízes desse tribunal de
recurso analisam o documento e, depois disso, o tribunal profere a decisão.
Se não tiver sido apresentado um recurso no prazo estipulado, a sentença transita em
julgado e deixa de ser possível recorrer. O mesmo acontece quando já se esgotaram as
hipóteses de recurso.
Quanto se paga para apresentar um recurso?
Além dos honorários do advogado, terá de pagar custas judiciais para interpor um
recurso. O montante a pagar depende do valor da ação e é medido em unidades de
conta, variando entre 0,5 (ações até 2 mil euros) e 20 (acima de 600 mil euros). Em
2022, o valor de cada Unidade de Conta (UC) é de 102 euros.

A dupla conforme
Nos termos do artigo 671º, nº 3, do CPC, “sem prejuízo dos casos em que o recurso é
sempre admissível, não é admitida revista do acórdão da Relação que confirme, sem
voto de vencido e sem fundamentação essencialmente diferente, a decisão proferida
na 1.ª instância, salvo nos casos previstos no artigo seguinte”.

É esta norma que reflete a designada de dupla conforme, como situação processual
impeditiva do direito potestativo ao recurso para o Supremo Tribunal de Justiça;
portanto, do acesso ao recurso de revista.

A revista é o recurso ordinário que tem por objeto um acórdão de um tribunal da


Relação e é dirigido ao Supremo Tribunal de Justiça.
Opera de acordo com as regras gerais de admissibilidade, sobretudo as do valor da
causa e da sucumbência; e através delas o Supremo Tribunal é chamado a avaliar a
correção de alguma ou várias questões sentenciadas no acórdão da 2.ª instância.
Esse acórdão recorrido, por regra, deve ter-se pronunciado sobre uma decisão do
tribunal de 1.ª instância que conheceu do mérito da causa ou que, sem o conhecer,
pôs todavia fim ao processo (no sentido de ter absolvido o réu ou algum dos réus
quanto a pedido ou reconvenção deduzidos).

Nesse particular, desencadeado o recurso de revista, o Supremo solucionará a questão


aplicando definitivamente o regime jurídico que julgue adequado aos factos
materiais fixados pelo tribunal da Relação sem os poder alterar, o que só muito
excecionalmente pode acontecer, ou então, se a matéria de facto não for
suficientemente consistente para o permitir, dirá (apenas) qual é aquele regime
jurídico adequado e ordena que a Relação, ajustando o vício de que padece a
factualidade, julgue a seguir aplicando esse quadro normativo indicado; caso em que
desta segunda decisão da Relação já não caberá revista (o Supremo cumpriu já o seu
papel de dizer o direito).

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