Você está na página 1de 13

EMBARGOS DE

DECARAÇÃO
INTRODUÇÃO
◦ Em sede doutrinária, ainda persiste a controvérsia acerca da natureza dos embargos de declaração. Para
alguns doutrinadores, tais embargos não constituem recurso, mas sim meio de correção e integração da
sentença.
◦ Tanto para o CPC/1973 quanto para o CPC/2015, no entanto, não há dúvida quanto à natureza recursal dos
embargos de declaração, tanto que nas duas legislações eles foram colocados nos títulos relativos aos
recursos (arts. 535 a 538 do CPC/1973; arts. 1.022 a 1.026 do CPC/2015).
◦ Os embargos de declaração podem ser conceituados como o recurso que visa ao esclarecimento ou à
integração de uma decisão judicial. No CPC/1973 o art. 535 dispunha que os embargos seriam cabíveis
contra sentença ou acórdão. No CPC atual a redação do caput do art. 1.022 deixa claro que os embargos
podem ser opostos contra qualquer decisão judicial e não apenas contra sentença ou acórdão. Esse
entendimento já possuía respaldo em nossos tribunais.

12/03/2024
◦ Em suma, não importa a natureza da decisão. Seja interlocutória, sentença ou acórdão, se a
decisão for obscura, omissa, contraditória ou contiver erro material, pode vir a ser sanada por
meio dos embargos de declaração.

◦ Nada impede que os embargos também sejam opostos contra despachos. É que, apesar de estes
pronunciamentos serem desprovidos de conteúdo decisório, é inconcebível que um despacho
“viciado” fique sem remédio, de modo a comprometer até a possibilidade prática de cumpri-lo.

12/03/2024
◦ Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

◦ I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;


◦ II – suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;
◦ III – corrigir erro material.
◦ Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
◦ I – deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
◦ II – incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

12/03/2024
◦ De acordo com a doutrina e jurisprudência, há obscuridade quando a redação
da decisão não é suficientemente clara, dificultando sua compreensão ou
interpretação. Ocorre contradição quando o julgado apresenta proposições
inconciliáveis, tornando incerto o provimento jurisdicional. Há omissão nos
casos em que determinada questão ou ponto controvertido deveria ser
apreciado pelo órgão julgador, mas não o foi.

12/03/2024
◦ Embargos com efeitos modificativos (infringentes)

◦ Em princípio, são incabíveis embargos declaratórios para rever decisão anterior; para reexaminar ponto
sobre o qual já houve pronunciamento, com inversão, por consequência, do resultado final do
julgamento. Todavia, sobretudo na hipótese de suprimento de omissão, pode ocorrer – excepcionalmente
– de a integração do julgado mudar sua decisão final. É o que a doutrina denomina de embargos de
declaração com efeitos modificativos ou infringentes.

◦ Exemplo: numa ação de cobrança, o juiz omite sobre a prescrição arguida na peça contestatória e
condena o réu a pagar a importância pedida na inicial. Interpostos os embargos declaratórios com vistas
ao suprimento da omissão, o juiz reconhece a prescrição e, em razão disso, julga improcedente o pedido.
A hipótese também já era admitida pela jurisprudência.

12/03/2024
◦ Embargos para efeito de prequestionamento

◦ Os embargos de declaração são muito utilizados para explicitar a matéria que será objeto de recurso
especial ou recurso extraordinário (efeito prequestionador dos embargos declaratórios). Trata-se de
expediente que visa formar a causa decidida, ou seja, para que o ponto seja efetivamente julgado, razão
pela qual esse efeito pode ser denominado de julgador.

◦ Para a compreensão do dispositivo, vale uma digressão. Nos termos dos arts. 102, III, e 105, III, da
CF/1988, um dos requisitos de admissibilidade tanto do RE quanto do REsp é que a decisão da causa –
na verdade, a questão objeto do recurso – tenha sido proferida em única ou última instância. É o que se
denomina prequestionamento. Em outras palavras, em regra, é indispensável o pronunciamento do
órgão jurisdicional (na decisão recorrida) para cabimento do recurso especial ou extraordinário.

12/03/2024
◦ O legislador do CPC atual, tal como o STF, se contenta com o prequestionamento implícito.
Se a decisão contém erro, omissão, contradição ou obscuridade, cabe à parte interpor
embargos de declaração antes da interposição do recurso especial. Interpostos os declaratórios,
por exemplo, sobre um ponto omisso, o requisito do prequestionamento reputa-se preenchido,
mesmo na hipótese de o tribunal de origem entender que a decisão não deva ser integrada. É
como se o acórdão contivesse o julgamento da questão que se pretende impugnar. Não há
necessidade de um recurso para compelir a decidir o ponto omisso.

12/03/2024
◦ Procedimento

◦ Os embargos serão opostos, no prazo de cinco dias, em petição dirigida ao


juiz, com a indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se
sujeitam a preparo (art. 1.023).
◦ Aos embargos de declaração aplica-se o art. 229, segundo o qual “os
litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia
distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em
qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento” (art. 1.023, §
1º).

12/03/2024
◦ O juiz julgará os embargos em cinco dias (art. 1.024, caput). Nos tribunais, os
embargos devem ser apresentados em mesa, ou seja, independentemente de
inclusão em pauta, na sessão subsequente.

◦ Os embargos de declaração devem ser julgados pelo mesmo órgão que proferiu
a decisão embargada. Tratando-se de sentença, serão julgados pelo juiz; se
opostos em face de decisão monocrática de relator, serão julgados
monocraticamente por este; se a decisão embargada é um acórdão, o
julgamento dos embargos declaratórios caberá ao órgão colegiado (art. 1.024,
§ 2º).

12/03/2024
◦ Intempestividade por prematuridade

◦ Os §§ 4º e 5ª do art. 1.024 põem fim à chamada “intempestividade por prematuridade”.


◦ Consistia essa corrente jurisprudencial em reputar intempestivo o recurso especial
interposto antes do julgamento dos embargos de declaração. Em síntese, mesmo que a
parte soubesse do teor da decisão antes de ela ser publicada e, justamente por isso,
interpusesse recurso contra essa decisão, tal recurso não seria conhecido por ser
considerado intempestivo.

12/03/2024
◦ Efeitos

◦ Os embargos de declaração, em regra, não têm efeito suspensivo, em outras palavras,


não suspendem a eficácia da decisão embargada. A interposição produz um efeito
peculiar dos embargos de declaração: o efeito interruptivo. Os embargos de declaração
interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes
(art. 1.026). Há interrupção, e não suspensão, o que significa que o prazo para
interposição de outros recursos recomeça, por inteiro, a partir da intimação do
julgamento dos embargos.

12/03/2024
◦ Embargos manifestamente protelatórios

◦ Por interromper o prazo para interposição de outros recursos, cuidou o legislador de


impor sanção ao embargante de má-fé que opõe embargos declaratórios com o
exclusivo intuito de procrastinar o andamento do feito.
◦ Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou tribunal, declarando que o
são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por
cento sobre o valor atualizado da causa (art. 1.026, § 2º). Na reiteração de embargos
protelatórios, a multa é elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa,
ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito prévio do
valor respectivo (art. 1.026, § 3º).

12/03/2024

Você também pode gostar