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Unidade 2
1. PAPEL DO RELATOR
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
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ANOTAÇÕES| Acácia Santos
DPC II | Delosmar Mendonça
Para entendermos o Agravo Interno, precisamos falar sobre o papel do relator. O relator
é aquele membro do órgão colegiado que exerce um papel perante este. Para isso, recebe
funções, competências, que podemos também chamar de poderes.
O órgão colegiado é um grupo que delibera para chegar a uma decisão. Para fazê-lo, o
órgão deve organizar-se, deve haver a coordenação da deliberação, para que todos possam
participar.
Em regra, o relator não profere decisão definitiva isoladamente. Não emite decisão
definitiva, emite voto que será, posteriormente, deliberado pelos pares para que se chegue
a uma decisão conjunta.
O processo pode chegar ao órgão colegiado seja pela via recursal, seja pela competência
originária do Tribunal.
Veja que o processo tramitará no tribunal e, durante o procedimento, o relator poderá ser
chamado a decidir incidentes na tramitação do processo. O relator assume poderes para
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EXEMPLOS:
É decisão unipessoal do relator de caráter interlocutório o julgamento de
pedido liminar de tutela provisória recursal – por exemplo, a concessão de
efeito suspensivo ao recurso.
É possível que a decisão unipessoal do relator tenha caráter terminativo e substitua, assim,
uma decisão do colegiado.
Os poderes do relator vêm aumentando desde o final da década de 90, mudanças que se
consolidaram com o CPC/2015.
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Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.
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O Agravo Interno não tem a ver com a garantia duplo grau de Jurisdição. Busca dar
concretude ao princípio da colegialidade dos Tribunais. Os Tribunais foram criados
para julgar colegiadamente. Não faz sentido criar os Tribunais e permitir que todas as
decisões sejam tomadas isoladamente. Daí permitir a deliberação colegiada a partir do
recurso contra as decisões unipessoais.
O Agravo Interno será submetido ao órgão colegiado do qual o relator que proferiu a
decisão monocrática atacada pelo recurso faz parte.
No julgamento do Agravo Interno, a relatoria será exercida pelo mesmo relator que
proferiu a decisão unipessoal recorrida. O recurso será dirigido, portanto, ao este
relator.
O prazo para interposição do recurso é de 15 dias (art. 1.003, §5º, e 1.070 do CPC).
Diante da interposição do Agravo Interno, a parte agravada deve ser intimada para
apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias.
O preparo é dispensado!
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Feito isso, o relator poderá exercer o juízo de retratação. O Agravo Interno tem efeito
devolutivo regressivo: autoriza o relator a rever a decisão recorrida.
Esta é uma das razões que justifica a opção legislativa de manter a mesma relatoria da
decisão agravada para o julgamento do recurso. O relator pode verificar que o agravante
interno tem razão em sua impugnação e retratar-se, o que concretiza os princípios da
economia e da celeridade processuais.
O professor sustenta que a decisão unipessoal do relator não sobe para os Tribunais
superiores pela via do RE ou REsp. Apenas o acórdão é que pode ser impugnado pelos
recursos excepcionais. Dessarte, o pré-questionamento deve estar contido no acórdão, na
decisão colegiada.
É possível que o relator, em Agravo Interno, profira decisão monocrática para não
conhecer este recurso? NÃO!
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DPC II | Delosmar Mendonça
Em nome da economia processual, o recurso deve ser levado ao órgão colegiado. Embora
não exista comando legal expresso neste sentido, prevalece o entendimento de que não
há competência da relatoria para fazer juízo prévio de admissibilidade em Agravo
Interno.
Caberá ao relator elaborar o relatório, emitir seu voto e colocar em pauta o Agravo Interno
para que o colegiado decida sobre a admissibilidade e o mérito do recurso.
O Agravo Interno possui efeito devolutivo, inclusive o efeito devolutivo regressivo (que
permite ao relator o juízo de retratação).
A decisão em Agravo Interno deve ser motivada, em observância ao art. 93, IX, da CF.
O Agravo Interno pode ter ou não efeito suspensivo. Isso dependerá do recurso
principal. Por exemplo, se estamos diante de um Agravo Interno em Apelação, recurso
este com efeito suspensivo automático, aquele recurso também terá efeito suspensivo. Por
outro lado, caso nos deparemos com um Agravo Interno em Agravo de Instrumento,
recurso este sem efeito suspensivo, aquele recurso também não terá efeito suspensivo. O
Agravo Interno não cria, por si só, o efeito suspensivo. O Agravo Interno segue a
suspensividade do recurso principal.
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O Agravo Interno deve ser manejado com moderação, com responsabilidade. É preciso
que os fundamentos sejam razoáveis.
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ANOTAÇÕES| Acácia Santos