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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA


Departamento de Direito Público - DPU
Processo Civil II
Prof.: Marcus Aurélio de Freitas Barros

QUESTIONÁRIO DE FIXAÇÃO:
TEORIA DAS DECISÕES JUDICIAIS, DOS VÍCIOS E COISA JULGADA

1. Quais os tipos de provimentos emanados da autoridade judicial? Qual a diferença


entre sentença e decisão interlocutória? Existe decisão interlocutória de mérito? Existe
sentença parcial de mérito? Dê dois exemplos de uma ou outra situação (decisão
interlocutória de mérito ou sentença parcial de mérito), indicando o recurso cabível.

2. Como se classifica o pronunciamento judicial que: a) reconhece a prescrição de


apenas um dos pedidos, continuando o feito quanto aos outros?; b) indefere
liminarmente apenas a reconvenção?; c) reconhece a ilegitimidade passiva de apenas
um dos réus?; d) decide sobre a impugnação do executado, diante de uma execução de
obrigação de pagar quantia certa?; e) decide sobre a improcedência liminar de apenas
um dos pedidos?; f) promove o julgamento antecipado parcial de mérito? Neste último
caso, por ser de mérito, é sentença ou é exemplo de decisão interlocutória de mérito?
3. À luz das premissas atuais do novo processo civil, como deve ser examinado o
pensamento de um dos Ministros do STJ, proferido no AgRg nos Embargos de
Divergência em REsp n° 279.889/AL, julgado em 03/04/2001, DJ de 11/06/2001,
expressado no seguinte trecho do seu voto: “Não me importa o que pensam os
doutrinadores. Enquanto for ministro do Superior Tribunal de Justiça, assumo a
autoridade da minha jurisdição. (...). Decido, porém, conforme minha consciência.
Precisamos estabelecer nossa autonomia intelectual, para que este Tribunal seja
respeitado. (...). Esse é o pensamento do Superior Tribunal de Justiça e a doutrina que se
amolde a ele. É fundamental expressarmos o que somos. Ninguém nos dá lições. Não
somos aprendizes de ninguém. (...)” (Negrito acrescentado)? Nos tempos atuais, é
possível falar em livre convencimento do juiz e em absoluta discricionariedade judicial?
Quais os riscos de uma cultura jurídica onde as decisões jurídicas dependem da “cabeça
de Juízes, Promotores, Defensores, Advogados etc.”, ou seja, onde não há um mínimo
de previsibilidade quanto ao que é lícito ou ilícito?
4. Quais as consequências práticas da aplicação da teoria dos capítulos das decisões
judiciais? Como ela repercute nos custos financeiros dos processos, na própria teoria
das decisões judiciais, nos recursos, na liquidação e na tutela executiva?
5. Em caso de pedido de condenação do Estado ao fornecimento de um medicamento
necessário para garantir o direito à vida, pode, à luz das nuances do caso concreto e com
a devida fundamentação e respeito ao contraditório, a decisão judicial determinar que o
Poder Público entregue o remédio genérico, capaz de produzir o resultado prático
equivalente? Neste caso, se entender que o pronunciamento é adequado, classifique a
decisão judicial proferida.
6. Como se aplica o princípio da adstrição da decisão ao pedido (congruência externa
objetiva) ao processo que enseja decisões estruturais? Qual a compreensão do princípio
da separação dos poderes nos processos contra o Poder Público que envolvem decisões
estruturais (ex: que tratam de controle de políticas públicas)? O STF tem admitido o
controle jurisdicional de políticas públicas e, por conseguinte, permitido decisões
estruturais no direito brasileiro? Em tais decisões, qual a importância de haver ampla
participação no debate (cognição ampliada), privilégio à solução consensual, diálogo
interinstitucional e decisões flexíveis?

7. Aplica-se às decisões judiciais inexistentes o princípio da instrumentalidade das


formas, convalidando o ato sem existência jurídica? Imagine uma sentença prolatada no
dia 19 de março pelo juiz de Direito da 13ª Vara Cível da Comarca de Natal, Dr. Fulano
de Tal. Ocorre que o ato de aposentadoria do citado magistrado foi publicado na
imprensa oficial no dia 18 de março. Apesar disso, não percebido o vício, a sentença
transitou em julgado. Passados dois anos, não houve ajuizamento de rescisória. Diante
disso, é possível alegar o eventual vício processual? Por que meio? O mesmo acontece
no caso de uma sentença prolatada por um Promotor de Justiça ou um Diretor de
Secretaria?

8. Como devem ser alegadas as nulidades absolutas? Em que tempo? Até quando podem
produzir efeito? Quem deu causa pode vir a alegar nulidade absoluta, beneficiando-se
de sua própria torpeza? Como se dá a convalidação dos atos ou decisões absolutamente
nulos? Somente com o decurso do prazo da ação rescisória ou também se atingir a sua
finalidade e não causar prejuízo? O prejuízo não seria presumido nos casos de nulidade
absoluta? Dê exemplos de aplicação do princípio do aproveitamento e da
instrumentalidade das formas em matéria de nulidades absolutas? Uma sentença
absolutamente nula é eficaz?
9. “A” ajuíza ação contra o Município de Natal pedindo a condenação do réu a cumprir
obrigação de fazer decorrente do disposto expressamente em uma lei municipal. Em sua
contestação, o réu pede a improcedência do pedido com base na alegação de
inconstitucionalidade da lei municipal. Na sentença, o juiz reconhece a
constitucionalidade da lei e determina o cumprimento da obrigação. A sentença transita
em julgado. Pergunta-se: a) é possível, atualmente, a questão prejudicial de mérito
controvertida fazer coisa julgada? Para tanto, é preciso satisfazer quais requisitos?; b)
no caso concreto, a questão prejudicial fez coisa julgada? Poderia ser rediscutida a
questão da constitucionalidade da lei em outro processo entre as partes?
10. Analise a seguinte situação concreta: sujeitos de um contrato garantido por fiança
litigam sobre se o contrato foi ou não inteiramente cumprido, sem que do processo
participe o fiador. O réu contesta e pede a improcedência em razão da invalidade do
contrato (questão prejudicial), além de, em face do princípio da eventualidade, alegar o
inteiro cumprimento do contrato. Foram produzidas provas sobre o mérito e a questão
prejudicial. Na sentença, o juiz, na fundamentação, reconhece a validade do contrato e,
na parte dispositiva, julga improcedente o pedido, pois o contrato foi inteiramente
cumprido. Pergunta-se: a) a questão prejudicial (validade do contrato), decidida na
fundamentação, faz coisa julgada à luz do art. 503, §1°, do CPC/2015? A coisa julgada
formada no capítulo da sentença que reconheceu o cumprimento integral do contrato
poderá ser, em outro processo, invocada pelo fiador, em seu benefício, sem ter
participado do primeiro processo, diante do fato de que extinta a obrigação principal,
extingue-se também a fiança, à luz do art. 5061 do CPC/2015?

Bom trabalho a todos!

1
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros. (Grifos
acrescentados).

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