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Disciplina: TEORIA GERAL DO PROCESSO Professora: Priscilla Guimarães 3A

Grupo: Scárlet , Miguel Chicória e Pedro Lucas


AULA: 30/04/2020
(DATA PARA ENVIO DO TRABALHO NO CLASSROOM DA TURMA)
VALERÁ A NOTA DE CONCEITO: 4 PONTOS
RESPONDER NO PRÓPRIO DOCUMENTO, NA ÚLTIMA FOLHA.

FILME NEGAÇÃO - A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO E DA REFLEXÃO JURÍDICA

1 - No filme é possível verificar a existência do solicitor, que é o advogado que dá aconselhamento ao cliente e
que levanta os pontos legais que podem ser usados em defesa do cliente. O barrister é o advogado que faz a
defesa do cliente nas cortes mais altas da Justiça. O nome vem de bar – a barra do tribunal, que separa as partes,
defesa e promotoria, dos juízes. Nos países de língua inglesa, a Bar Associations são o correspondente ao que
aqui é a Ordem dos Advogados. No Brasil como funciona os órgãos do Poder Judiciário nesse aspecto da
advocacia?

2 - Assim que o conflito é concretizado, surge uma mulher que se denomina “Paralegal”. No Direito brasileiro
existe essa figura? Se sim, quais são seus requisitos e funções por excelência?

3- No filme podemos ver com clareza toda a logística do Tribunal, onde cada pessoa deveria se sentar, onde
ficava o juiz e os demais integrantes do plenário. No Brasil, como funciona a sala de uma audiência cível em
relação à logística?

4 - No momento do julgamento verifica-se a existência de trajes diversos em relação aos julgamentos ocorridos
no Brasil, como a toga e a peruca, mantendo, portanto, a tradição que lhe é peculiar. Pesquise os motivos pelo
qual os trajes britânicos são dessa forma.

5 - Assim que o processo é iniciado, o autor, David Irving, decide advogar em causa própria, ainda que não
possua licença para tanto. Isso é o que chamamos de “direito à autodefesa”. Sabemos que no Brasil não é
possível o réu, que não é advogado, atuar em causa própria sem uma defesa técnica (defesa exercida pelo
advogado constituído ou pelo defensor público e é indisponível, pois se trata de uma garantia constitucional).
Contudo, no Direito Brasileiro ainda existe de certa maneira a autodefesa, mas de forma distinta da Britânica.
Como isso ocorre no Brasil?

6 - Ao contrário de David Irving, Deborah estava acompanhada de uma grande equipe de advogados, cada um
com suas qualidades. É evidente que esse fato fez diferença no julgamento, haja vista a existência de defesa
técnica. Cite 2 momentos do filme em que foi possível verificar a importância dos advogados no processo de
Deborah.

7 - É possível verificar no filme a importância de uma boa retórica para a apresentação e defesa de ideias e o
quanto o potencial de argumentação pode fazer a diferença no universo do direito. Nesse sentido, informe 1
passagem do filme que isso teve grande relevância no julgamento.

8 - Em certo momento do filme foi possível verificar a ré, Deborah, incomodada com o fato de alguém estar
“atuando no nome dela” e que ela não estava adaptada com essa situação de dependência e de precisar confiar
em alguém para falar por ela. Como foi que o advogado do caso conseguiu ganhar a confiança de Deborah,
demonstrando que estava à altura do que ela precisava no processo?
9 - Na primeira conversa com Deborah, o advogado menciona “Diana”. Deborah demonstra que não entendeu
muito bem o motivo da referência, e a conversa continua. Algum tempo depois, o advogado diz que é Diana, a
princesa – e Deborah diz que sim, sabe que Diana é a princesa, mas não entendeu qual é a conexão. E só aí
Anthony Julius diz (ele provavelmente achava que todo o mundo sabia, que não era preciso repetir) que ele foi
o advogado de Diana em seu processo divórcio. Deborah fica um tanto surpresa. Afinal, as referências eram de
que ele era o melhor advogado inglês nos casos de difamação. Anthony Julius diz que argumentou com a
princesa que divórcio não era a área dele – ao que ela respondeu algo tipo: “Também não é a minha. É a
primeira vez que divorcio!”.
Em sua concepção, o que é o ideal: o advogado ter especializações em determinadas matérias de sua preferência
ou atuar em todos os tipos de causas? Justifique.

10 - Há um conjunto de sequências passadas em Auschwitz, nas ruínas do que foi o campo de concentração que
é o maior símbolo do Holocausto, na Cracóvia, Polônia, então invadida e dominada pelos nazistas. Advogado
de tribunal, acostumado com julgamentos de crimes, Richard Rampton faz questão de pedir uma viagem ao
local exato, para examinar, ele mesmo, a cena do crime. Viaja até a Polônia com Deborah Lipstadt e vários
especialistas judeus em Holocausto, que conhecem todas as informações que foram reunidas ao longo das
décadas sobre os campos de concentração. Essas sequências passadas ali – e filmadas exatamente no local, hoje
um santuário, oficialmente um Patrimônio da Humanidade – são feitas para emocionar. Foram planejadas para
que a comunidade que vir o filme, no mundo inteiro, se comova. Entretanto, existe um distanciamento entre o
que Deborah quer e o que os advogados querem com o processo, prova disso é a forma com que Richard
Rampton visita o local e a distinção em relação ao sentimentalismo de Deborah. Qual é a diferença, ou seja, o
que Deborah efetivamente desejava com a resolução do caso e o que desejavam os advogados?

11 - Conforme é possível refletir com o filme, é preciso respeitar a dor de todos os seres humanos, sejam
judeus, negros, pardos, brancos, vermelhos, amarelos, azuis, verdes – até porque ascendência, religião, cor de
pele, nada dessas coisas tem a menor importância. A diferença que há entre as pessoas não passa nem de longe
por aí – passa é pelo caráter, é pelo que elas fazem, pelo que elas sentem. A rigor, a diferença é entre os bons e
os maus. As pessoas boas e as pessoas ruins. Existe no direito brasileiro algum princípio constitucional que
resuma essa isonomia?

12 - A relevância ímpar da liberdade de expressão como valor essencial da sociedade e o alcance verdadeiro
deste princípio igualmente são explorados de forma brilhante no filme. A protagonista expõe ao final do filme,
com perfeição, que ao defender sua posição contra o historiador no processo judicial, não estava, por qualquer
forma maculando a liberdade de expressão. Qual justificativa ela dá para esse posicionamento? Você concorda
com ela? Justifique.

13 - No final do filme, David Irving, o nazista, estende a mão a Richard Rampton, o advogado, o barrister – e
este se recusa a estender a mão para o outro. Vira as costas e se distancia. Creio que ali vai a moral da história,
a moral do filme, o que os realizadores quiseram dizer. Em sua opinião, qual foi à intenção do filme ao mostrar
essa parte específica do julgamento?

14 - No Brasil já ocorreu algum julgamento pelo STF sobre o negacionismo do Holocausto? Se sim, relate o
exemplo e a resolução do caso de forma sucinta.

15 - Para finalizar e, levando em consideração que sua professora possui mestrado em História do Direito, me
convença: para você qual é a importância da História dentro do Direito, tendo em vista o filme que você acabou
de assistir? Você já tinha refletido dessa forma?
RESPOSTAS:

1- No Brasil, o que se assimila ao sistema jurídico adotado pela Inglaterra é o Tribunal do Júri,
instituído em 1822, responsável por decidir sobre a condenação ou absolvição dos acusados nos
casos de crimes dolosos contra a vida. Este tipo de tribunal é composto por um juiz presidente e
por 25 jurados, dos quais 7 são sorteados para compor o Conselho de Sentença e têm a tarefa de
julgar o acusado. A presença do juiz é fundamental para que o rito dos processos seja obedecido,
porém sua função nesses casos é conduzir os procedimentos e proferir a sentença com base na
votação do júri.
O procedimento adotado pelo Tribunal do Júri possui duas fases: juízo de acusação e juízo da
causa. A primeira tem por objeto a admissibilidade da acusação perante o tribunal, consistindo na
produção de provas para a verificação de indícios da existência de crime dolosos contra a vida. A
segunda é a do julgamento pelo Júri da acusação admitida na fase inicial.

2- Não é possível identificar no sistema jurídico brasileiro uma profissão regulamentada chamada
“Paralegal”, entretanto as funções inerentes a essa profissão, estão enquadradas em várias outras
profissões incluindo assessor jurídico, analista jurídico, secretário, e outros que exercem
resumidamente a função de auxiliar os advogados, produzindo documentos, levantando dados,
analisando depoimentos e interrogatórios e outros. Essas funções podem ser exercidas por
bacharéis de direito e até mesmo estagiários.

3- Um pouco diferente do que acontece no Reino Unido, em uma audiência cível no Brasil, podemos
ver uma tentativa do sistema jurídico em dispor os envolvidos na Ação presentes a audiência em
situação de "igualdade". Todos se posicionam geralmente em uma mesma mesa, estando o juiz a
frente como moderador das partes, o advogado da parte autora ao lado direito e o do réu ao lado
esquerdo, cada um com seu representado.

4- Ao pesquisar o significado do motivo pelo qual as perucas brancas serem usadas no tribunal foi
possível identificar duas vertentes a cerca da motivação: a primeira seria para simbolizar a sabedoria e
experiência que se espera dos mais velhos e a segunda diz respeito que a peruca confere a quem a usa
certo anonimato diante do júri, protegendo-os assim de um possível ato de vingança por parte de algum
criminoso condenado à prisão. Já a toga, simboliza poder, dando especial representatividade a quem a
usa, a cor preta enfatiza essas características. “Quando um juiz adentra o recinto de um tribunal e todos
se levantam, não estão se levantando para o indivíduo, mas para a toga que ele veste e para o papel que
ele vai desempenhar”, avalia o autor Joseph Campbell, no livro O Poder do Mito.
5- A autodefesa é a participação pessoal do acusado no andamento do processo, havendo o direito de
presença nos atos processuais, não sendo possível retirar do réu a possibilidade de realmente participar
da formação do convencimento do seu juiz natural. Destarte, há possibilidade do acusado influir sobre a
formação do convencimento do juiz mediante o interrogatório. Ademais, poderá manifesta-se pela
oportunidade de tomar ele posição, a todo momento, perante as alegações e as provas produzidas, pela
imediação com o juiz, as razões e as provas.

6- Bom lembrar que advogado possui uma análise mais técnica e minuciosa dos fatos. Em base disso
um momento importante foi quando no campo de concentração de Auschwitz, Deborah muito emotiva e
tocada com a situação se posicionava contra a atitude do advogado Richard, que fazia constantes
questionamentos e levantamentos sobre o local e o que lá ocorreu; tais ações do advogado foram
essenciais para a defesa. Outro momento foi quando taxativamente Deborah exigia o arrolamento de
testemunhas no processo e de forma muito sábia e estratégica não foi permitido pelos advogados e
defensores.

7- Uma passagem marcante no julgamento foi quando após os defensores e advogados de Deborah
ficarem "encurralados" por David sobre a não existência de câmaras de gás destinadas ao extermínio
dos judeus e sim a priori para desinfetar cadáveres e depois argumentou que eram para refúgio militar;
a defesa de forma surpreendente contra ataca argumentando primeiramente que a engenharia das
câmaras que permitiam visualizar o seu interior não sustentava o defendido por David, e segundo, a
defesa argumenta que não era viável para os militares nazista um refúgio antibombas tão distante,
aproximadamente 4Km, dos abrigos mais próximos da SS.

8- O advogado necessitou de uma série de pequenos atos para conquistar a confiança de Deborah,
mas o ponto chave ocorreu em um diálogo, no qual ele explicou a ela que o motivo de estarem naquele
tribunal era pelo livro dela, local onde ela já tinha exposto toda a sua opinião e embasamento, e que
naquele momento, era hora dela permanecer quieta e deixarem que eles lutassem no lugar dela, pois
tinham mais capacidade para vencer a situação, e que a partir daquele momento não se tratava somente
dela e sim que a decisão afetaria toda a sociedade.

9- A priori, pode-se falar que o ideal seria que o advogado se especialize em determinadas áreas de
sua preferência. Todavia, não deve ser excluída a ideia de que todo profissional do ramo deve ter um
conhecimento prévio de todo o direito, pois em algum momento de sua atuação poderá ser necessário a
ciência de algum ramo do direito que esteja aquém do que lhe é habitual.

10- Durante a viagem Deborah queria entender mais sobre o Holocausto, ela queria provar que ele
realmente existiu, fazendo valer suas palavras e estudos. Os advogados só queriam provas para ganhar o
julgamento. O Advogado queria ganhar a causa, já Deborah queria provar que o Holocausto existiu; ela
sentiu a todo o momento a dor e a tortura que os Judeus sentiram, se apossou de um sentimento de
empatia, enquanto o advogado não demonstrou o mesmo, já que seu objetivo era conseguir provas,
deixando as emoções de lado e preocupando-se com a razão.

11- Consoante o caput do artigo 5º da Constituição Federal, todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade. Ademais, ainda no texto
constitucional, o artigo 150, II, veda que seja instituído tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou
função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
direitos.

12- Deborah argumenta que ela não atacou a liberdade de expressão, na verdade ela a defendeu de
quem queria abusar dela; disse ainda que a liberdade de expressão é poder dizer o que quiser, entretanto
não é aceitável mentir e não ser responsabilizado. Em concordância ao dito pela personagem,
pessoalmente entendo que o direito a liberdade de expressão, não pode extrapolar os limites da verdade
dos fatos. Uma pessoa pode discordar de um ponto de vista, de um posicionamento e até mesmo de um
fato, mas não é capaz de mudar o que realmente aconteceu e os efeitos que gerou na sociedade. Vale
pontuar que qualquer posicionamento ou opinião que atentem contra os direitos e a dignidade humana,
vão contra a sociedade e assim ultrapassam os limites de ser livre a se expressar.

13- Richard Rampton ao se recusar a pegar nas mãos de David Irving, quis enfatizar que por ele ser
antissemita, misógino, racista, e outras atitudes discriminatórias, não merecia o respeito do mesmo por
ter movido a ação e que sua atitude foi desonrosa/vergonhosa. Desse modo, por não respeitar as
diversidades, não merecia ter seu respeito, analogicamente, demonstrado pela recusa do cumprimento do
adversário.

14- O editor nazista, Siegfried Ellwanger, foi condenado, no ano de 2004, a um ano e nove meses de
reclusão, por vender livros que traziam mensagens racistas, discriminatórias e preconceituosas, incitando
e induzindo ao ódio e ao desprezo contra povo de origem judaica. Foram 5 sessões plenárias até a
decisão. O juiz entendeu que estava caracterizada “a conduta do acusado de desprezo ao povo judeu, ao
se dedicar reiteradamente à edição, publicação e à venda de obras que exprimem manifestações
puramente preconceituosas.”

15- Tendo em vista que o Direito é resultado de um longo processo histórico, que se estende desde os
primórdios das relações humanas; a história exerce papel importantíssimo e diria até mesmo
fundamental no direito, já que será a partir dela que poderão ser verificados o porquê e de onde advém
as normas, exercendo também um papel chave no processo de evolução do direito e consequentemente da
sociedade.

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