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Os personagens justificam seus atos através da honra, como os acusados que não
aceitam o acordo do advogado, afirmando ser uma questão de honra provar sua
inocência: “apenas cumprimos nosso dever” é sua convicção. O coronel Jessep toma a
ordem de aplicação do código em nome da honra: “fiz meu dever e não me
arrependo”. O próprio código vermelho é aplicado e tolerado na base militar, apesar
de ilegal, para manter a honra da corporação e punir aqueles que não seguem esse
princípio. A questão honra, então, na comunidade militar do filme, guia as ações dos
seus personagens e os leva a aceitar os frutos recorrentes dessas ações. Nesse caso,
quando os acusados são considerados culpados pelo júri por má conduta militar e
punidos com a “exoneração sem honras”, eles assumem que falharam como fuzileiros,
que perderam a honra, pois seu dever era lutar por quem não podia se defender e por
isso falharam com Santiago. A honra é atrelada ao dever cumprido; se houve falha no
cumprimento do dever, houve falha na honra.
Já em 12 homens e uma sentença, um jovem, que nem aparece no filme, está sendo
julgado por um comitê - formado principalmente por homens que não estão
interessados no fato. Sua única preocupação é o que as outras pessoas pensam. Em
vez de se perguntar se algo é verdadeiro ou falso, ele se pergunta se os outros pensam
que é real ou falso, e forma sua própria opinião seguindo a opinião deles. Ele não se
importa com a justiça, e sim com o consenso coletivo. Dadas às personalidades e
origens variadas dos 12 homens e membros do júri de uma sentença, as chances de os
réus serem resgatados são pequenas. Os homens, que tinham se apoiado nas emoções
dos outros e não na realidade, veem pouco a pouco suas supostas “evidências”
desaparecem. A preocupação em deixar um culpado à solta se transforma na
preocupação de não prender um inocente. Um a um, os preconceitos pessoais dos
jurados se esvaem. Dentre os jurados temos um racista que se refere ao réu como
“gentinha”, referindo-se à cor da pele do personagem, enquanto outro que está com
pressa para ver um jogo. No entanto, o grupo adquire cada vez maior sentido de
justiça baseando-se nos fatos – a justiça do homem de primeira mão – e o caráter
moral do jurado número oito não permite que ninguém seja irresponsável em sua
análise. Há muitas formas de julgar um homem e suas ações, mas doze homens e uma
sentença é um excelente exemplo do tipo de justiça que Ayn Rand identificou como
uma virtude moral: “você deve julgar todos os homens de forma tão consciente
quanto julga objetos inanimados, com o mesmo respeito pela verdade, com a mesma
visão incorruptível, através de um processo de identificação puro e racional. Um dos
jurados diz se ter convencido de que o réu era culpado pelo fato de os vizinhos do
apartamento escutaram uma briga por volta de 20:00 e o pai ter batido no filho, que
saiu de casa zangado, o que seria motivo suficiente para cometer o crime. Mas o
oitavo jurado contestou e disse que o garoto já havia sido violentado muitas vezes e a
violência já seria rotineiro para ele, um motivo fraco para se matar o próprio pai.
Então, buscando-se provar que o réu era de fato culpado, chegou-se à certeza de
sua inocência, utilizando-se os mesmos instrumentos e recursos: a hermenêutica
jurídica e a argumentação jurídica. O filme mostra que o preconceito e o julgamento
precipitado só levam o homem ao erro, e que pode condenar um ser inocente pela
falta de clareza dos fatos. Por se passar praticamente todo o filme em um único
cenário, observa-se que não é necessário efeitos especiais, atrizes e atores chamativos
e cenas apelativas para que se prenda a atenção do público, foi necessária um assunto
que gerou dúvida e questionamento, a mudança constante de decisões e a curiosidade
para saber se o oitavo jurado conseguiria ou não convencer os demais jurados era
instigante, bons argumentos derrubavam os fracos, e assim esse filme ensina como
deve ser um julgamento.
Por fim, o artigo 378 do CPC diz: "Ninguém se exime do dever de colaborar com o
Poder Judiciário para o descobrimento da verdade", ou seja, a busca pela verdade é
um pilar não só no Judiciário Brasileiro, mas em todo o globo. O processo judicial é o
meio pelo qual o Estado busca a verdade e, por fim, compõe a lide, dando-lhe a
solução conforme o direito. É relevante que se atente para isto; a composição da lide
opera-se conforme o direito e não conforme a lei, pois que o conceito de direito é bem
mais abrangente do que o de lei. Tomando como base o sistema inquisitivo, que é
fundamentado na busca da verdade real, a publicidade poderia colocar em dúvida as
decisões dos juízes, já que os atos processuais são realizados em sigilo para que não
haja aberturas para questionamentos. A imparcialidade a que se refere, todavia, nem
sempre existe na prática. Cabe, pois, aos diversos pensadores do direito a atuação
crítica e muito responsiva, comprometida com a justiça e com o direito, para fazer que
a busca imparcial da verdade se verifique na prática e, consequentemente, na prática.
Essa atuação crítica não deve se restringir apenas ao âmbito universitário, do cientista,
mas também e principalmente deve abranger a atuação diária do profissional do
direito, e em quaisquer atividades relacionadas.