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AO JUÍZO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CÁCERES - MT.

RÉU PRESO – DIREITO A LIBERDADE – ABSOLVIÇÃO MEDIDA QUE SE


IMPÕE

Processo n° 1006198-35.2023.8.11.0006

ODINEI DANIEL DA SILVA, já qualificada nos autos do processo em


epígrafe, por seu advogado e bastante procurador que esta subscreve, vem à presença de
Vossa Excelência apresentar ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, com fulcro no
artigo 403, parágrafo 3º, do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir aduzidas.

Servem estes memoriais para chamar a atenção ao arcabouço legal e


probatório conclusivo O QUAL LEVA A ABSOLVIÇÃO TOTAL DO ACUSADO, POR
AUSÊNCIAS DE PROVAS OU CONFIRMAÇÕES DE DEPOIMENTO DIANTE DOS
LAUDOS APRESENTADOS.

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


PRELIMINARMENTE DO LAUDO PERICIAL INICIAL E DO LAUDO
PERICIAL (DNA) CONCLUSIVO – AUSÊNCIA DE CONJUNÇÃO CARNAL E
AUSÊNCIA DE PERFIL GENETICO MASCULINO DO ACUSADO NOS
MATERIAIS DE PROVAS COLETADOS NA VITIMA E NOS OBJETOS
APREENDIDOS – ABSOLVIÇÃO MEDIDA QUE SE IMPÕE –
CONTRADIÇÃODIVERGÊNCIA DO DEPOIMENTO DA VITIMA

Conforme se depreende inicialmente nos autos, se iniciou a


ação penal pelo depoimento da vitima em delegacia sendo o único meio de prova
disponível naquele momento, ou seja, não existiu nenhum outro meio de prova para que se
pudesse acusar o réu, pois o exame pericial inicial fora realizado com base no depoimento
da vitima, o qual também é inconclusivo, pois não pode afirmar se houve relação carnal ou
não.

Segundo a vitima em seus depoimentos, o acusado teria


abusado da mesma, penetrado o pênis em seu anus e ejaculado.

Foram colidas amostras tanto da vitima como do acusado e


solicitado exame de DNA, sendo este o único meio de defesa possível e seguro para
DESMENTIR toda as provas inicialmente colidas nos autos.

Assim, após a conclusão do exame solicitado o qual esta


juntado no ID 140772194 -, FICOU DEVIDAMENTE COMPROVADO QUE NÃO
EXISTIU QUALQUER EJACULAÇÃO, OU SEJA, SE NÃO EXISTIU EJACULAÇÃO
TEM-SE QUE TAMBÉM NÃO HOUVE INTRODUÇÃO COMO ALEGADO PELA
VITIMA, POIS É AUSENTE QUALQUER MATERIAL GENETICO DO ACUSADO
NAS PROVAS COLETADAS, TANDO DA VITIMA COMO EM MATERIAS DE
PROVAS.

CONFORME SE VERIFICA NA FOTO DO LAUDO


INICIAL A VITIMA POSSUI UMA DOENÇA PRÉ EXISTENTE COMO BEM
MANIFESTADO POR SUA GENITORA, O QUE SE ACREDITA SER MAMILOS

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


HEMORROIDARIOS, DESCREVEMOS:

Os plexos venosos hemorroidários, também chamados de coxins


ou mamilos hemorroidários são estruturas anatômicas normais
presentes no canal anal que protegem do traumatismo decorrente
da evacuação. Com o passar do tempo esses coxins podem
perder sua estrutura normal e aumentar em tamanho. Isso pode
causar sangramento anal ou prolapso. A doença hemorroidária
representa um dilatação das veias desses plexos hemorroidários.

O LAUDO INICIAL NÃO APONTA CONJUNÇÃO


CARNAL, DESTA FEITA É POSSIVEL CONCLUIR QUE NÃO EXISITU OS FATOS
NARRADOS PELA VITIMA, SENDO QUE ESTAMOS DIANTE DE UMA SITUAÇÃO
CONHECIDA JURIDICAMENTE COMO FALSAS MEMORIAS.

FALSAS MEMÓRIAS

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


As falsas memórias podem ser definidas como “lembranças
de eventos que não ocorreram, de situações não presenciadas, de lugares jamais vistos ou
de lembranças distorcidas de algum evento”(EGER; MORAES, 2018).

A importância da memória das partes envolvidas, sobretudo a


memória da vítima, está relacionada ao processo de reconstrução dos fatos no momento em
que o delito ocorreu, diante da dificuldade ou inconveniência da produção de outras provas,
por se tratar de crime que geralmente é praticado às escuras.

Deste modo, as provas orais são mais utilizadas em casos


desta natureza. Uma diferenciação importante de ser ressaltada é entre as falsas memórias e
a mentira. (LOPES JUNIOR, 2015).

A primeira se trata de fatos narrados pelo sujeito que acredita


que tais fatos são verdadeiros. Já na segunda, trata-se de ato consciente por meio do qual o
sujeito está manipulando a veracidade das informações prestadas.

A questão relativa às falsas memórias também está presente


em situações familiares mal resolvidas, em arranjos familiares que foram rompidos e que,
de certa forma, geraram traumas nas crianças e adolescentes.

Em outras palavras, também se percebe que as condenações


injustas podem provir de atos de alienação parental: Já o processo nº 0319101-
44.2014.8.05.0001 TJ/BA, relata o caso de uma jovem de 12 (doze) anos, que após a
separação dos pais não aceitou o padrasto dentro de casa e por influência do pai, o acusou
de estupro. Edmilson Gonçalves dos santos, foi condenado a dez anos em regime fechado.
Apenas três anos depois, ela revelou a farsa.

Nesse caso o juiz também o condenou apenas no depoimento


da vítima e da testemunha que seria o pai manipulador (PIERI; VASCONCELOS, 2017).

A falsificação da memória tem como origem não apenas o

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inconsciente da vítima, mas também pode originar através de um terceiro, que de maneira
desinformada, acaba por alterar a memória da vítima, ao se dirigir a ela de forma sugestiva,
sobretudo nas situações de estresse, ou logo após o trauma (GESU; GIACOMOLLI, 2008).

Este terceiro desinformado pode ser um genitor, que


acompanha a vítima desde o descobrimento do fato delituoso até a coleta das declarações
da vítima na delegacia, alguém despreparado, ou até mesmo tendencioso, que tomará essas
declarações.

Esta é a única explicação para as inverdades lançadas pela


vitima e totalmente combatida nos autos pelas provas técnicas.

Ora, conforme se verifica pela denúncia e alegações finais


apresentadas pela acusação não existe outro meio de prova senão a palavra da vitima, pois
conforme devidamente demonstrado nos autos não existem provas que colaboram com o
depoimento pessoal, ou seja, somente o depoimento da vitima é utilizado para acusado
e possivelmente em caso de condenação para condenar, o que por amor ao debate não
acredita que irá acontecer, pois a defesa acredita que o juízo restará convencido que
não houve crime.

Por amor ao debate vamos adentrar ao mérito rebatendo


o peso do depoimento da vitima sem colaboração com outras provas.

A PALAVRA DA VÍTIMA E OS POSSÍVEIS RISCOS DE CONDENAÇÃO

Observa-se, pelo exposto acima, que as provas, no âmbito do


processo penal, exercem um papel importantíssimo, haja vista que são responsáveis pela
obtenção de uma percepção mais próxima da realidade, ou seja, da forma mais clara de
ocorrência dos fatos, da real autoria do delito e também contribuem, por si só, para a
prolação de uma decisão justa e equânime (ALVES, 2020).

Além disso, conforme entendimento de Pacelli (PACCELI,

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2017), não existe a supremacia, a preponderância de determinado meio probatório em
detrimento de outro, basta ver que todas as provas podem ou não serem propícias à
elucidação dos fatos.

Insta salientar que, dentre os meios probatórios mais comuns


nos crimes de estupro de vulnerável, encontra-se a palavra da vítima e o exame de corpo de
delito (que não se aplica em todas as hipóteses).

Deste modo, compreende-se que a maioria dos tribunais


brasileiros, em casos de estupro de vulneráveis, entendem que o depoimento da vítima
detém um valor probatório relevante, sendo suficiente, em alguns casos, para a condenação
do agressor: CRIMINAL. RESP. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. ABSOLVIÇÃO
EM SEGUNDO GRAU. REVALORAÇÃO DAS PROVAS. PALAVRA DA VÍTIMA.
ESPECIAL RELEVO. AUSÊNCIA DE VESTÍGIOS. RECURSO PROVIDO. I. Hipótese
em que o Juízo sentenciante se valeu, primordialmente, da palavra da vítima-menina de
apenas 8 anos de idade, à época do fato -, e do laudo psicológico, considerados coerentes
em seu conjunto, para embasar o decreto condenatório. II. Nos crimes de estupro e atentado
violento ao pudor, a palavra da vítima tem grande validade como prova, especialmente
porque, na maior parte dos casos, esses delitos, por sua própria natureza, não contam com
testemunhas e sequer deixam vestígios. Precedentes. III. Recurso provido, nos termos do
voto do Relator (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. (BRASIL. Superior Tribunal de
Justiça. RESP 700.800/ RS. Relator: Ministro Gilson Dipp. Diário Judiciário- DJ, 18 abr.
2005).

Verifica-se, que a palavra da vítima, em muitos casos, é


considerada uma prova crucial no âmbito de decisão e, ademais, a ausência de um lado
pericial nem sempre será considerado um fator decisivo para a caracterização ou não de um
estupro (CAPEZ, FERNANDO, 2020).

Outro ponto de grande relevo para a tomada de tais decisões


deve-se ao fato que tais crimes, muitas vezes, ocorrem de maneira clandestina, obscura,
sem deixar quaisquer provas ou vestígios materiais, sendo a vítima a prova viva de tais

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circunstâncias (NUCCI, 2020).

Observa-se que, embora a tutela penal se prolongue com


grande cuidado às pessoas vulneráveis, é preciso levar em consideração a outra face
da questão. Em outros termos, compreende-se que, ao condenar uma pessoa pelo prática
do crime de estupro de vulnerável, assumindo tal colação apenas com amparo das palavras
da vítima, o julgado estará assumindo um risco considerável.

Nesse contexto, prelecionam Pieri e Vasconcelos (PIERI;


VASCONCELOS, 2017) acerca do fator de influência externa que as crianças e pré-
adolescentes podem sofrer, acarretando em condenações injustas e indevidas:

As crianças e pré-adolescentes são facilmente influenciáveis


por palavras ou situações. Ao serem ouvidas, por não quererem desagradar os que estão lhe
acompanhando e não tem nem a coragem de desmentir o que disseram, acabam por muitas
vezes relatando situações fantasiosas. Um caso desse tipo aconteceu em Salvador, no
município de Nova Sussuarana, em que um homem foi condenado indevidamente pelo
estupro de sua vizinha, na época com 12 anos de idade. Porém, de acordo com a
Defensoria Pública da Bahia (2012) ‘aquela adolescente que o acusou, hoje mulher
feita, resolveu falar a verdade: não houve estupro e nem mesmo assédio. Ao juiz da
Vara de Execuções Penais, ela revelou que toda a história fora criada por sua mãe. E
que o referido homem sequer a tocou’ (PIERI; VASCONCELOS, 2017).

Ressalta-se que os julgadores ainda se deparam com a questão


das “falsas memórias”. Neste sentido, esclarece-se que as falsas memórias permanecem
como um assunto novo dentro da esfera jurídica, no entanto, ainda podem ocasionar em
condenações injustas.

Desta forma, não é incomum a adoção do procedimento de


identificação visual através da apresentação de imagens de indivíduos que se encontram sob
investigação, com o intuito de instigá-las ao reconhecimento visual. No entanto, este
procedimento é, em grande parte das vezes, realizado sem o colhimento de um depoimento

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formal, e o correto procedimento de descrição do autor e de suas características.

Contudo, considerando que as vítimas se tratam de pessoas


vulneráveis, traumatizadas, e em algumas vezes já coagidas a realizar a denúncia, em
acréscimo aos preconceitos enraizados em nossa sociedade, questiona-se se tal mecanismo
é responsável por si só pela condenação de um inocente a uma pena relevante.

Vale mencionar que o ponto de maior relevância refere-se à


forma de colheita do depoimento de vítimas infanto-juvenis. Compreende-se, neste aspecto,
que o julgador deve levar em consideração o grau de verossimilhança das informações
prestadas, o trauma vivenciado pelo menor durante a colheita das declarações, o confronto
entre o que foi informado pela vítima vulnerável e pelo acusado, além da observância dos
princípios constitucionais, como o in dubio pro reo.

Em complemento ao exposto, aduzem Vale e Silva (2020)


acerca da conduta dos magistrados diante do depoimento da vítima vulnerável e das
declarações do acusado no âmbito de julgamento de um crime como o estupro de
vulnerável: A regra que deve ser observada pelos magistrados é a valoração deste confronto
de declarações, feitas com o auxílio interpretativo das partes, onde se extrai das entrelinhas
de ambos os declarantes os dados relevantes para a solução do feito criminoso. Visto que há
contradições de ambos os lados, o certo a se fazer é a exploração em contraste com as
demais provas coletadas no processo, chegando-se à conclusão de quem forneceu a versão
mais plausível, mais real e concreta dos fatos, independentemente de ser a vítima ou o réu
(VALE; SILVA, 2020).

Deste modo, muito embora o crime de estupro de vulnerável


seja considerado uma conduta de natureza repugnante e gravíssima, deve-se ponderar o
conjunto probatório apresentado nos autos. Compreende-se a postura do Estado em
buscar a tutela dos direitos da pessoa vulnerável, concedendo certa proteção de direitos.

Contudo, não pode-se ignorar a existência do princípio in


dubio pro reo, ou seja, quando existirem dúvidas acerca da materialidade ou autoria, o

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julgador deverá promover a absolvição do acusado. (NUCCI, 2020).

Neste contexto, observa-se o posicionamento adotado pelo


Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, em sede de apelação. O mencionado
tribunal justificou que em crimes contra a dignidade sexual de alguém, deve-se atribuir
relevância ao depoimento da vítima. Entretanto, em casos de contradições presentes nas
declarações da vítima, em especial aquelas que se referem à autoria do crime, deve-se
decidir em benefício do réu:

APELAÇÃO CRIMINAL.PENAL E PROCESSO PENAL.ESTUPRO


DE VULNERÁVEL.PROVA INSUFICIENTE. ABSOLVIÇÃO
MANTIDA. RECURSO MINISTERIAL CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. Em crimes contra a dignidade sexual, normalmente praticados às
ocultas, devese conferir especial relevância à palavra da vítima. 2. No
caso, as declarações da vítima apresentam graves contradições,
especialmente no que diz respeito à autoria dos supostos abusos, atribuída
pela criança a pessoas diversas a cada oitiva. Além disso, os elementos
colhidos revelam um ambiente familiar conflituoso, envolvendo diversos
membros, o que pode indicar a influência de parentes na versão narrada
pela vítima. E se assim é, dúvida que se resolve em favor do acusado. 3.
Apelação ministerial conhecida e improvida (BRASIL. Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios. Segredo de Justiça 0003261-
77.2014.8.07.0012. Relator: Desembargadora Maria Ivatônia. Diário
Judiciário Eletrônico- DJe, 19 dez. 2018).

Portanto, neste sentido, o julgador deverá analisar cada caso em


concreto, levando-se em consideração os direitos fundamentais atinentes às crianças e
adolescentes, mas também os princípios de natureza constitucional, como por exemplo, o
princípio in dubio pro reo.

Assim, diante de tudo que foi produzido nos autos, não se pode
olvidar que a absolvição do acusado é medida que se impõe.

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DAS PROVAS

Servem estes memoriais para chamar a atenção ao arcabouço legal e


probatório conclusivo ao direito pleiteado, quais sejam:

DA PROVA PERICIAL

Com base na prova pericial foi possível concluir que OS FATOS


NARRADOS PELA VITIMA NÃO ACONTECERAM, especialmente pelos apontamentos
do perito a seguir destacados:

 Prova PERICIAL INICIAL, por meio da seguinte conclusão


do perito: NÃO HOUVE CONJUNÇÃO CARNAL;

 Prova PERICIAL DO DNA, por meio da seguinte conclusão


do perito: NOS MATERIAIS COLIDOS DA VITIMA,
ACUSADO E MATERIAIS DE PROVAS NÃO EXISTEM
MATERIAL GENETICO DO ACUSADO, OU SEJA,
NUNCA ACONTECEU QUALQUER CRIME DE
ESTUPRO, COMO NARRADO PELA VITIMA.

Desta forma, fica demonstrado a plausividade da tese


defensiva, POIS CONTRADIZ OS DEPOIMENTOS DA VITIMA E DEMAIS
TETEMUNHAS, OU SEJA, A VITIMA AFIRMA CONJUNÇÃO CARNAL E QUE
EXISITU EJACULAÇÃO, OS LAUDOS PERICIAIS COMPROVAÇÃO QUE NÃO
EXISITU CONJUNÇÃO E MUITO MENOS EJACULAÇÃO POR FALTA DE
MATERIAL GENETICO CORRESPONDENTE AO DO ACUSADO, DESTA
FORMA A ABSOLVIÇÃO DO ACUSADO É MEDIDA QUE SE IMPÕE.

DO CRIME IMPUTADO

O crime de estupro de vulnerável previsto no Art. 217-A do Código Penal

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exige expressamente a presença de dois elementos para a configuração do crime:

 Conjunção Carnal ou prática de ato libidinoso

 Menor de 14 anos.

No entanto, tais elementos não restam comprovadamente caracterizados.

No presente caso, não resta comprovada a existência de efetiva conjunção


carnal, não configurando os elementos do tipo acima indicados. Portanto, não há que se
falar no crime previsto no Art. 217-A do Código Penal, conforme precedentes sobre o tema:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL.


CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRO DE
VULNERÁVEL (ART. 217-A, C/C ART. 14, II, AMBOS DO CP).
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DA DENÚNCIA,
COM A DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA PARA A DA
CONTRAVENÇÃO PENAL DE IMPORTUNAÇÃO OFENSIVA
AO PUDOR (ART. 61 DO DECRETO-LEI 3.688/1941).
RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PEDIDO DE
CONDENAÇÃO POR TENTATIVA DE ESTUPRO DE
VULNERÁVEL. INVIABILIDADE. CONDUTA REPROVÁVEL
E AVILTANTE, MAS INCAPAZ DE COMPROVAR A
CONCUPISCÊNCIA DO AGENTE. ADEQUADA A
DESCLASSIFICAÇÃO PARA A CONTRAVENÇÃO PENAL DE
IMPORTUNAÇÃO OFENSIVA AO PUDOR. SENTENÇA
CONFIRMADA. CONTRARRAZÕES. PEDIDO DE FIXAÇÃO
DE HONORÁRIOS RECURSAIS. DEFENSOR NOMEADO.
COMPLEMENTAÇÃO DE HONORÁRIOS RECURSAIS DE
ACORDO COM O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
DECISÃO PUBLICADA SOB A ÉGIDE DA NOVA
LEGISLAÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ENUNCIADO

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ADMINISTRATIVO 7 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. - O crime de estupro de vulnerável exige, para a sua
configuração, que o agente mantenha conjunção carnal ou pratique
ato libidinoso diverso com menor de 14 (catorze) anos com o intuito
de satisfazer sua lascívia. A conduta do acusado de abaixar a
bermuda da vítima e/ou passar a mão nas partes íntimas por cima da
roupa, por si só, não basta para configurar o delito de estupro de
vulnerável,uma vez que não evidencia o dolo necessário para o tipo
penal. - A importunação ofensiva ao pudor, contravenção prevista
no art. 61 do Decreto-Lei 3.688/1941, consiste em o agente
incomodar a vítima ou perturbar-lhe a tranquilidade por acinte ou
razão reprovável em público. - Faz jus aos honorários recursais
previstos no art. 85, §§ 1º e 11, do Novo Código de Processo Civil,
o defensor dativo que apresenta contrarrazões ao recurso ministerial
quando a decisão foi publicada na vigência da novel legislação, em
observância ao Enunciado Administrativo 7 do Superior Tribunal
de Justiça. - Parecer da PGJ pelo conhecimento e o provimento do
recurso. - Recurso conhecido e desprovido. (TJSC, Apelação
Criminal n. 0005537-35.2009.8.24.0028, de Içara, rel. Des. Carlos
Alberto Civinski, Primeira Câmara Criminal, j. 14-06-2018,
#33689576)

Razões que evidenciam a inocência do acusado.

DA AUSÊNCIA DE PROVAS – IN DUBIO PRO REO

Conforme pode-se observar da Denúncia, a mesma foi totalmente embasada


pelo DEPOIMENTO DA VITIMA, sem qualquer prova robusta sobre a autoria do fato,
SEM QUALQUER CONFIRMAÇÃO.

Ocorre que no atual Estado Democrático de Direito, em especial em nosso


sistema processual penal acusatório, cabe ao Ministério Público comprovar a real existência

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


do delito e a relação direta com a sua autoria, não podendo basear sua acusação apenas no
depoimento da vítima.

No Direito Penal brasileiro, para que haja a condenação é necessária a real


comprovação da autoria e da materialidade do fato, conforme preceitua o Código de
Processo Penal ao prever expressamente:

Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte


dispositiva, desde que reconheça:
(...)
VII - não existir prova suficiente para a condenação.

O que deve ocorrer no presente caso, pois não há elementos suficientes para
comprovar a relação do Réu com os fatos narrados. Dessa forma, o processo deve ser
resolvido em favor do acusado, conforme destaca Celso de Mello no seguinte precedente:

"É sempre importante reiterar - na linha do magistério


jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal consagrou na
matéria - que nenhuma acusação penal se presume provada. Não
compete, ao réu, demonstrar a sua inocência. Cabe ao contrário,
ao Ministério Público, comprovar, de forma inequívoca, para
além de qualquer dúvida razoável, a culpabilidade do acusado. Já
não mais prevalecem em nosso sistema de direito positivo, a regra,
que, em dado momento histórico do processo político brasileiro
(Estado novo), criou, para o réu, com a falta de pudor que
caracteriza os regimes autoritários, a obrigação de o acusado
provar a sua própria inocência (...). Precedentes." (HC 83.947/AM,
Rel. Min. Celso de Mello).

Fato é que de forma leviana instaurou-se o presente processo, desprovido de


provas cabais a demonstrar a a gravidade do ato, consubstanciadas unicamente em
indícios que maculam a finalidade da ação proposta.

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


Com base nas declarações e provas documentais acostadas ao presente
processo, é perfeitamente possível verificar a ausência de qualquer evidência que
confirme as alegações do denunciante.

Afinal, não há provas que sustentem as alegações trazidas no processo,


sequer indícios contundentes foram juntados à inicial.

As declarações que instruíram o processo até o momento, sequer indicam a


conduta específica do denunciado, devendo o presente processo ser imediatamente
arquivado, com a aplicação imediata do in dubio pro reo, como destaca os precedentes
sobre o tema:

A condenação exige certeza absoluta, fundada em dados objetivos


indiscutíveis, o que não ocorre no caso em tela. Razão pela qual, mesmo com o
recebimento da denúncia, no que data máxima vênia, discordamos, não há que imputar ao
acusado a conduta denunciada , levando em consideração e devido respeito ao princípio
constitucional do in dubio pro reo.

Sobre o tema, o doutrinador Noberto Avena destaca:

"Apenas diante de certeza quanto à responsabilização penal do


acusado pelo fato praticado é que poderá operar-se a condenação.
Havendo dúvidas, resolver-se-á esta em favor do acusado. Ao
dispor que o juiz absolverá o réu quando não houver provas
suficientes para a condenação, o art. 386, VII, do CPP agasalha,
implicitamente, tal princípio. (Processo penal. 10ª ed. Editora
Metodo, 2018.Versão ebook, 1.3.15)

Trata-se da devida materialização do princípio constitucional da presunção


de inocência - art. 5º, inc. LVII da Constituição Federal, pela qual cabe ao Estado acusador
apresentar prova cabal a sustentar sua denúncia, impondo-se ao magistrado fazer valer
brocado outro, a saber: allegare sine probare et non allegare paria sunt - alegar e não

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


provar é o mesmo que não alegar.

Não sendo o conjunto probatório suficiente para afastar toda e qualquer


dúvida quanto à responsabilidade criminal do acusado, imperativa a sentença absolutória. A
prova da autoria deve ser objetiva e livre de dúvida, pois só a certeza autoriza a condenação
no juízo criminal. Não havendo provas suficientes, a absolvição do réu deve prevalecer.

AUSÊNCIA DO PERICULUM LIBERTATIS – DO DIREITO A LIBERDADE –


REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA

Nos termos do art. 321 do CPP, "ausentes os requisitos que autorizam a


decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se
for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 (...)".

Ou seja, a prisão preventiva será mantida SOMENTE quando presentes


os requisitos e não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, conforme
clara redação do Art. 282, §6 do CPP.

No entanto, não há nos autos do processo, qualquer elemento a evidenciar a


manutenção da prisão preventiva. Afinal, a gravidade abstrata do delito não ostenta motivo
legal suficiente ao enquadramento em uma das hipóteses que cabível se revelaria à prisão
cautelar. (CPP, arts. 282 e 312)

A prisão preventiva tem caráter cautelar diante da manutenção das


circunstâncias que a fundamentam, previstas no Art. 282 do CPP:

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser


aplicadas observando-se a:

I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou


a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para
evitar a prática de infrações penais;

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do
fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.
(...)

§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a


medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de
motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem.

§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua
substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não
cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma
fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.

Tais requisitos devem estar presentes não somente no ato da prisão, mas
durante todo o lapso temporal de sua manutenção.

Todavia, considerando que a prisão ocorreu a mais de 10 meses,


CONCLUIDA A INSTURUÇÃO, não permanece qualquer risco à investigação ou
instrução criminal, desfazendo-se qualquer periculum libertatis que pudesse
fundamentar a continuidade da prisão, conforme leciona o STJ:

"Sabe-se que o ordenamento jurídico vigente traz a liberdade do


indivíduo como regra. Desse modo, antes da confirmação da
condenação pelo Tribunal de Justiça, a prisão revela-se cabível tão
somente quando estiver concretamente comprovada a existência
do periculum libertatis, sendo impossível o recolhimento de
alguém ao cárcere caso se mostrem inexistentes os pressupostos
autorizadores da medida extrema, previstos na legislação
processual penal." (HC 430.460/SP, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, DJe 16/04/2018,
#73689576)

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


Trata-se da aplicação do princípio da provisionalidade, conforme desta
respeitável doutrina, de forma esclarecedora:

"Nas prisões cautelares, a provisionalidade é um princípio básico,


pois são elas, acima de tudo, situacionais, na medida em que
tutelam uma situação fática. Uma vez desaparecido o suporte
fático legitimador da medida e corporificado no fumus commissi
delicti e/ou no periculum libertatis, deve cessar a prisão. O
desaparecimento de qualquer uma das "fumaças" impõe a imediata
soltura do imputado, na medida em que é exigida a presença
concomitante de ambas (requisito e fundamento) para manutenção
da prisão." (LOPES JR, AURY. Direito Processual Penal. 15ª ed.
Editora Saraiva jur, 2018. Versão Kindle, P. 12555)

Ou seja, os "indigitados fundamentos de cautelaridade devem ser


apreciados sob o signo temporal, devendo ser atuais independentemente de se tratar de
novo decreto de prisão ou de restabelecimento de prisão há muito revogada, seja em
virtude da ausência dos requisitos do artigo 312 do Código de Processo Penal, seja em
virtude da ausência de fundamentação idônea" (AgRg no REsp 1.195.873/MT, Rel. Min.
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA).

Afinal, a conversão em prisão preventiva seria cabível somente diante dos


requisitos dos arts. 312 e 313 do CPP:

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia


da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.

Art. 313. Nos termos do Art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
máxima superior a 4 (quatro) anos;

II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença


transitada em julgado, ressalvado o disposto noInciso I do Caput
do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal;

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a


mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
urgência;

Situações que não estão mais presentes no presente quadro., uma vez que
não há indícios de que o acusado em liberdade ponha em risco a instrução criminal, a
ordem pública ou risco à ordem econômica.

Portanto, considerando que ausentes os requisitos que pudessem motivar a


conversão em prisão preventiva, não subsistem motivos à manutenção da prisão cautelar,
conforme precedentes sobre o tema:

HABEAS CORPUS. DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA.


AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. ILEGALIDADE
FLAGRANTE. ORDEM CONCEDIDA. PRISÃO REVOGADA.
RESSALVADA A POSSIBILIDADE DE QUE NOVA
CUSTÓDIA VENHA A SER DECRETADA, SE APONTADAS
RAZÕES CONCRETAS. 1. As instâncias ordinárias, in casu,
não indicaram fatos concretos aptos a justificar a segregação
cautelar do paciente, estando a decisão fundamentada apenas em
conjecturas e na gravidade abstrata do tráfico de drogas, o que
configura nítido constrangimento ilegal. No caso, a quantidade de
droga apreendida (4 mudas de maconha e 885 g de maconha)

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


não constitui elemento concreto a evidenciar a periculosidade
do paciente para o fim de justificar a determinação da prisão
cautelar. 2. Desde 11/5/2012, após o Plenário do Supremo Tribunal
Federal declarar, incidentalmente, a inconstitucionalidade de parte
do art. 44 da Lei n. 11.343/2006, a saber, da que proibia a
concessão de liberdade provisória nos casos de tráfico de drogas, a
fundamentação calcada nesse dispositivo simplesmente perdeu o
respaldo. De acordo com o julgamento da Suprema Corte, a regra
prevista no referido art. 44 da Lei n. 11.343/2006 é incompatível
com o princípio constitucional da presunção de inocência e do
devido processo legal, dentre outros princípios. Assim, para se
manter a prisão, imprescindível seria a presença de algum dos
requisitos do art. 312 do Código de Processo Penal, o que não
ocorreu no caso. 3. Ordem concedida, confirmando-se a liminar,
para garantir ao paciente o direito de responder ao processo em
liberdade, salvo se por outro motivo estiver preso e ressalvada a
possibilidade de haver nova decretação de prisão ou a aplicação de
uma das medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de
Processo Penal, caso se apresente motivo concreto para tanto. (STJ
- HC: 401830 MG 2017/0127983-6, Relator: Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 18/09/2018, T6
- SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 07/11/2018,
#53689576)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PRISÃO


EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA. 1. Sabe-se que
o ordenamento jurídico vigente traz a liberdade do indivíduo como
regra. Desse modo, antes da confirmação da condenação pelo
Tribunal de Justiça, a prisão revela-se cabível tão somente quando
estiver concretamente comprovada a existência do periculum

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


libertatis, sendo impossível o recolhimento de alguém ao cárcere
caso se mostrem inexistentes os pressupostos autorizadores da
medida extrema, previstos na legislação processual penal. 2. Na
espécie, ao converter a prisão em flagrante em preventiva,
deteve-se o Juízo de piso a fazer ilações acerca da gravidade
abstrata do crime de tráfico, a mencionar a prova de
materialidade e os indícios de autoria, a supor a fuga do distrito
da culpa e a invocar a quantidade do entorpecente apreendido,
o que, na hipótese específica dos autos, não constitui motivação
suficiente para a segregação antecipada, sobretudo porque não há
falar, no caso, em apreensão de elevada quantidade de droga, já que
encontradas com o paciente 20 porções de cocaína, com peso
líquido de 26,9g (vinte e seis gramas e nove decigramas). 3. Habeas
corpus concedido. (STJ - HC: 458857 SP 2018/0171330-9, Relator:
Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, Data de
Julgamento: 09/10/2018, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 26/10/2018, #13689576)

EMENTA: EMBARGOS INFRINGENTES - LESÃO CORPORAL


E AMEAÇA - DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA -
IMPOSSIBILIDADE - EXCEPCIONALIDADE DA PRISÃO
CAUTELAR. No processo penal brasileiro a prisão cautelar, antes
do trânsito em julgado, deve ser entendida como medida
excepcional, sendo cabível exclusivamente quando comprovada a
sua real necessidade, pautando-se em fatos e circunstâncias do
processo, que preencham os requisitos previstos no artigo 312 do
Código de Processo Penal. Ausentes os requisitos do artigo 312 do
Código de Processo Penal, não há como se decretar a prisão
preventiva. (TJ-MG - Emb Infring e de Nulidade:
10433150282450002 MG, Relator: Maria Luíza de Marilac, Data
de Julgamento: 10/04/2018, Data de Publicação: 20/04/2018,
#93689576)

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


HABEAS CORPUS. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
A prisão sem condenação é medida excepcional, devendo ser
imposta, ou mantida, apenas quando houver prova da existência do
crime, indício suficiente de autoria e, ainda, forem atendidas as
exigências dos artigos 312 e 313, ambos do Código de Processo
Penal. Decisão que carecedora de fundamentação, não sendo
possível inferir necessidade de garantia da ordem pública, da ordem
econômica, a conveniência da instrução criminal e tampouco a
exigência da prisão do paciente para garantir a aplicação da lei
penal. (TJ-SP 20325049820188260000 SP 2032504-
98.2018.8.26.0000, Relator: Kenarik Boujikian, Data de
Julgamento: 09/04/2018, 2ª Câmara de Direito Criminal, Data de
Publicação: 13/04/2018, #73689576)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. LIBERDADE


PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. A gravidade do crime em
abstrato, por si só, não pode fundamentar prisão preventiva, sob
pena de séria violação aos mais basilares princípios constitucionais.
Caso em que nada no fato concreto ou nas circunstâncias pessoais
do paciente poderia justificar a alegação de que sua soltura é um
perigo concreto à ordem pública, assim como nada indica que
possam prejudicar a instrução criminal ou eventual aplicação da lei
penal. ORDEM CONCEDIDA. UNÂNIME. (Habeas Corpus Nº
70077105138, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Luiz Mello Guimarães, Julgado em 12/04/2018).

Por se tratar de requisitos indispensáveis para a condução da prisão em


flagrante para preventiva, não há motivos para a manutenção da prisão em flagrante.

Motivos pelos quais, requer o provimento do presente pedido de liberdade


provisória.

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


DOS BONS ANTECEDENTES, ENDEREÇO CERTO E EMPREGO FIXO

Não obstante a preliminar arguida, importa destacar que o Réu é


PRIMÁRIO, trata-se de pessoa íntegra, de bons antecedentes e que jamais respondeu a
qualquer processo crime conforme certidão negativa que junta em anexo.

Possui ainda endereço certo INFORMADO NOS AUTOS, onde reside com
sua família conforme comprovantes em anexo.

As razões do fato em si serão analisadas oportunamente, no devido processo


legal, não cabendo, neste momento, um julgamento prévio que comprometa sua inocência,
conforme precedentes sobre o tema:

EMENTA: HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO E


FURTO QUALIFICADO TENTADO. PRISÃO PREVENTIVA.
SUBSTITUIÇÃO POR MEDIDAS CAUTELARES
ALTERNATIVAS MENOS GRAVOSAS. POSSIBILIDADE.
AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA.
PACIENTE PRIMÁRIO, DE BONS ANTECEDENTES E
COM RESIDÊNCIA FIXA. ORDEM PARCIALMENTE
CONCEDIDA. - A prisão preventiva é medida excepcional que
deve ser decretada somente quando não for possível sua
substituição por cautelares alternativas menos gravosas, desde que
presentes os seus requisitos autorizadores e mediante decisão
judicial fundamentada (§ 6º, artigo 282, CPP)- No caso,
considerando a ausência de violência ou grave ameaça e, ainda,
as condições pessoais favoráveis do paciente (primariedade,
bons antecedentes e residência fixa), a substituição da prisão
por medidas diversas mais brandas revela-se suficiente para os
fins acautelatórios almejados. (TJ-MG - HC:
10000180115032000 MG, Relator: Renato Martins Jacob, Data de
Julgamento: 15/03/2018, Data de Publicação: 26/03/2018,

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


#33689576)

Neste sentido, Julio Fabbrini Mirabete em sua obra, leciona:

"Como, em princípio, ninguém deve ser recolhido à prisão senão


após a sentença condenatória transitada em julgado, procura-se
estabelecer institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento
regular do processo com a presença do acusado sem sacrifício de
sua liberdade, deixando a custódia provisória apenas para as
hipóteses de absoluta necessidade." (Código De Processo Penal
Interpretado, 8ª edição, pág. 670)

À vista do exposto, requer-se a consideração de todos os argumentos acima


com o deferimento do presente pedido.

ISTO POSTO, requer:

a) A absolvição do denunciado, pela manifesta inocência;

b) A absolvição do denunciado, pela ausência de provas, nos termos do art.


386, II , V e VII do CPP.

c) Caso assim não entenda, pelo princípio da eventualidade, que seja O


ACUSADO ABSOLVIÇÃO PELO PRINCIPIO DO IN DUBIO PRO REO, e que o
denunciado possa apelar em liberdade nos termos do art. 283 do CPP, por preencher os
requisitos objetivos para tal benefício.

d) Requer a revogação da prisão preventiva do acusado, diante da ausência


de requisitos, pois esteve preso antecipadamente durante todo a investigação e instrução o
que é ilegal e esta causando constrangimento ilegal insanável ou que a prisão seja
substituída por outras medidas cautelares.

Nestes termos, pede deferimento.

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024


Porto Esperidião – MT, 06 de março de 2024.

ANDERSON ROGÉRIO GRAHL

OAB/MT 10.565

#3689576 Wed Mar 6 09:03:36 2024

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