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RESUMO
ABSTRACT
The objective of this paper is to address the failure of the Judiciary to assess the
body of evidence, taking into consideration the memory of the victim more than the
technical evidence. The contingent nature of memory, the unpreparedness to carry
out criminal investigations and the selectivity of justice make the procedural results
oscillating, depriving the accused of the basic rights provided by the Brazilian legal
system. The question is how the legal insecurity caused by the inconstancy of the
Judiciary will be solved, with regard to the negligence in verifying all evidential means
and guaranteeing the effectiveness of forensic probity. In order to reach the intended
objective, the present study used the investigation of the content of the legislation,
doctrines and jurisprudence, as well as the inductive methodology.
INTRODUÇÃO
Tal alteração foi estopim para que o ato informal não fosse mais admitido como
efetivamente uma forma de reconhecimento, visto que não segue as formalidades
elencadas pelo legislador.
Vale salientar, ainda, outro ponto importante abordado pela decisão do Habeas
Corpus da 6ª Turma do STJ (HABEAS CORPUS Nº 598.886 - SC (2020/0179682-
3)), sendo este o reconhecimento do acusado por meio fotográfico.
presente no CPP (Código de Processo Penal), com adaptações, deve ser levado em
consideração a qualidade da fotografia e a ausência de expressões e trejeitos
corporais, o que podem comprometer a confiabilidade do ato.
Conforme se vê, o procedimento começa com a descrição da pessoa que deverá ser
reconhecida, devendo aquela cujo reconhecimento se pretende, ser colocada
preferencialmente ao lado de outras com semelhança física.
Nesse sentido, insta salientar que as informações criadas por estes eventos não são
caracterizadas como mentiras, uma vez que o sujeito acredita no que alega, não
possuindo consciência das informações distorcidas ou fabricadas.
Tal fenômeno pode ser exemplificado em situações cotidianas, como por exemplo,
não lembrar de ter trancado a porta ao sair, ou recordar de ter colocado a chave de
casa na bolsa e ao verificar, auferir que a deixou sobre o balcão.
ocorrido no dia, passado um tempo a pessoa que lhe havia dado essa informação
disse que teria se enganado e que não foi ela que encontrou a mãe morta.
Embora algumas falsas memórias possam ser inofensivas, outras, podem ser
fatores decisivos. No prisma jurídico, um dos âmbitos processuais onde se pode
obter a presença de danos causados pela presença das falsas memórias, é na
prática do reconhecimento pessoal de um infrator.
Nesses casos, para que seja obtida maior eficácia, é necessário levar em
consideração algumas nuances que podem influenciar na identificação de um
transgressor, como o tempo de exposição e contato da vítima com o agressor, a
gravidade dos fatos e a forte emoção passada pela vítima, se observados os
estudos feitos por Martinez, Fariña e Fernandez.
NOJIRI, Sergio. O Direito e Suas Interfaces com a Psicologia e a Neurociência. 1. ed. Curitiba:
Editora Appris, 2019. p. 1-367.
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Com o exposto, é importante salientar que esses equivocos são comuns não so
entre testemunas oculares, como muito frequente no reconhecimento pessoal feito
pelas vitimas de crimes.
Nesse sentido, uma falsa memória pode ter relação com a expectativa ao fato
(FLECH, 2012), podendo um estereótipo ser facilmente enredado a estigmatização
do criminoso, sendo suficiente apenas a sugestionabilidade desse fator para
interferir na lembrança.
O estereótipo do criminoso é descrito por Elizabeth Loftus (2006) como “uma forma
de conhecimento e de convicção estruturada de forma rígida, mesmo que
apresentadas informações contrárias a ela".
Com isso, conclui-se que pode ser elencado a teoria do etiquetamento, observando
uma de suas caracter sticas, qual seja, o delinquente n o o que pratica crimes,
entretanto aquele que recebe uma etiqueta de delinquente (L , 2000 apud
L ), o que influencia fortemente na hora do reconhecimento do transgressor
A existência das falsas memórias ainda um considerado “tabu” no meio jur dico,
porém, recentemente, o tópico começou a ser levado em consideração nas decisões
e julgamentos, inclusive, na decisão da 6ª Turma do STJ do HABEAS CORPUS Nº
598.886 - SC (2020/0179682-3), que passou a entender que o reconhecimento
pessoal deve seguir estritamente o art. 226 do CPP, abordando, inclusive a
falibilidade da memória, conforme aludido:
Fato é que apenas o depoimento da vítima não justifica uma ação penal. Uma vez
que o contexto probatório visa comprovar a veracidade do alegado, é incognoscível
uma alegação, isoladamente, ser considerada meio de prova.
Nesse sentido, Guilherme de Souza Nucci (2015) exemplifica a prova plena, como
algo com valor suficiente para, por si só, fundamentar uma decisão judicial. O
depoimento pessoal, porém, está relacionado à afirmação de uma pessoa, sendo
suficiente para fundamentar os fatos que se pretende provar, mas devendo caminhar
em conjunto com outros meios probatórios, ou seja, poderá assessorar a decisão
apenas em qualidade de indício, não se baseando unicamente nessa prova
específica.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
CONCLUSÃO
O presente artigo analisou o fenômeno das falsas memórias e como sua ocorrência
acarreta em prejuízo no âmbito criminal, em específico nas hipóteses de
reconhecimento pessoal de um infrator.
Com base nisso, foi abordada a falha do Poder Judiciário em auferir o conjunto
probatório, levando mais em consideração a lembrança da vítima do que as provas
técnicas necessárias para a efetividade de uma ação penal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LOFTUS, Elizabeth emórias ict cias rad ristides sidoro erreira Lus ada -
niversidade Lus ada de Lisboa, Lisboa, n -4, 2006, p. 336.
LOPES JUNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 15ª ed. São Paulo: Saraiva,
2018.
NUCCI, G. D. S. Manual de direito penal. 11. ed. Rio de janeiro: Forense, 2015. p.
1-1222.