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LIMITE PENAL
LIMITE PENAL
Inacreditável Judicial Clube: uma
É cada vez mais comum a utilização
condenação sem denúncia
das expressões “declaração na fase
inquisitória” e “declaração na fase LIMITE PENAL
judicial”. O adjetivo é muito mais do Afinal, quem tem medo da audiência
que o lugar em que as “declarações” de custódia? (parte 3)
são prestadas. Significa o modo e a
finalidade com que são produzidas. LIMITE PENAL
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25/04/2021 ConJur - Por que "depoimentos" em delegacia não podem ser usados em juízo?
Assim, como passe de mágica, em uma leitura obtusa do art. 155 do CPP, não
se pode requentar os depoimentos prestados à autoridade policial porque
violam o contraditório na produção da prova, com o qual já defendemos uma
noção de amor ao contraditório (aqui). É o mesmo que tornar irrelevante a
Jurisdição, ou seja, se os depoimentos antes valem, qual o sentido de se
renovarem em juízo? Justamente porque antes não havia acusação formalizada
e a acusação e defesa não podem sequer perguntar. A partir do processo como
procedimento em contraditório (Fazzalari), as declarações realizadas durante a
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Simples assim e muitos não param para sequer pensar, no desejo de condenar,
prenhe de deslizamentos imaginários decorrentes da assunção da concepção de
Verdade Real, tão bem criticada por Salah Khaled Jr (aqui), sem falar na
violação do devido processo legal substancial (aqui).
É por isso que há mais de uma década sustentamos a “exclusão física dos autos
do inquérito”[4], como a única forma de assegurar a ‘originalidade’ dos
julgamentos, ou seja, de que alguém será julgado com base na prova
judicialmente produzida e em contraditório pleno. Também é o único
mecanismo eficiente para evitar os falaciosos julgados do estilo: “cotejando a
prova judicializada com os elementos do inquérito”, ou “a prova judicializada
é corroborada pela prova produzida no inquérito”. Sempre que um juiz usa a
fórmula mágica do ‘cotejando’ ou do ‘corrobora’, o que ele está dizendo é: não
tenho prova judicializada com suficiência para condenar, mas como o quero
fazer, preciso recorrer aos elementos produzidos na inquisitorialidade do
inquérito.
responsabilidade penal por abuso de poder, pode gerar a absoluta desvalia das
provas ilicitamente obtidas no curso da investigação policial.”
[2] BACILA, Carlos Roberto. Estigmas: um estudo sobre os preconceitos. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
[3] LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 2015.
[4] Desde nossa primeira obra “Sistemas de Investigação Preliminar no
Processo Penal”, publicada em 2001. Atualmente o tema é tratado nos livros
“Investigação Preliminar” e “Direito Processual Penal”, ambos publicados pela
Editora Saraiva.
Aury Lopes Jr é doutor em Direito Processual Penal, professor Titular de Direito Processual
Penal da PUC-RS e professor Titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais,
Mestrado e Doutorado da PUC-RS.
Alexandre Morais da Rosa é juiz em Santa Catarina, doutor em Direito pela UFPR e professor
de Processo Penal na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e na Univali
(Universidade do Vale do Itajaí).
COMENTÁRIOS DE LEITORES
16 comentários
Não creio que o artigo quis desqualificar o trabalho da polícia, mas sim chamar a
atenção para o uso indevido do termo "repetição" de prova, na âmbito judicial.
Muito bom o artigo, pois muitos Delegados acham que são verdadeiros juízes de
Delegacia e, infelizmente, contam com o apoio de certa parcela de advogados que
querem "involuir" o sistema para isto.
NEM TANTO NÉ
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ESTA ENGANADO
Ricardo Vaz de Oliveira (Escrivão)
27 de março de 2015, 21h56
É muito fácil pensar dessa formas nos crimes simples, onde há 2 testemunhas, a
vítima e o autor (visão tapada de uma investigação policial), mas pense em uma
investigação como da Boate Kiss (que pegou fogo), para formar a convicção que
houve ou não negligência por parte dos proprietários foram ouvidas dezenas de
pessoas, bombeiros, seguranças, vítimas, fiscais em geral.
Vai me dizer que tudo isso "não vale nada"? até porque, cada um desses indivíduos
irão contribuir um pouquinho para o esclarecimento dos fatos, como montar um
quebra-cabeça. Até pelo próprio rito do processo penal, é impossível chamar todas
as testemunhas e a conjugação de todo o colhido que é importante.
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