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Matrícula:04040521

Aluno: Elikh Vivian Santos Rodrigues


Turma: 3 NTA

As nulidades ocasionadas na sentença por falta ou excesso de pronúncia

O ordenamento jurídico brasileiro é composto por um conjunto de normas que


detém o objetivo de regular todos os tipos de relações na sociedade e desta forma
garantir a chamada paz social, de modo que toda a sociedade possa viver de forma
harmoniosa sem que haja a existência de conflitos, no entanto, caso haja algum tipo
de conflito social, o ordenamento jurídico existe para que solucione esses
problemas da forma mais justa e igualitária possível. Dentro do Estado-nação o ente
responsável por solucionar conflitos existentes é o poder judiciário, através da
aplicação do princípio da investidura, o qual é regido pelo princípio da
inafastabilidade da jurisdição, art. 5º, XXXV da Constituição Federal, em que
determina que na lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito. Umas das normas que compõem o ordenamento jurídico pátrio é
o Direito Processual Civil, que é a norma que dispõe acerca da parte processual que
irá regular as relações civis na sociedade, ou seja, as lides que se fizerem
necessárias de apreciação do judiciário devem obedecer todas as disposições
legais presente no Código de Processo Civil e demais leis correlatas, para que
assim se possa obter um julgamento justo e igualitário para as partes envolvidas no
litígio. O processo civil exige toda uma ritualística fundamentada na lei processual
civil, desta forma as fases que compõem o processo devem seguir o que está
previsto em lei para que todos as atos sejam validados e não corra risco de ocorrer
uma eventual anulação ou nulidade do processo, devendo o juízo decidir as causas
de forma que se resguarde a igualdade, proporcionalidade, legalidade, publicidade e
eficiência.
A falta ou excesso de pronúncia se encontra na hipótese de nulidade da sentença
prevista nos artigos, do código de processo Civil, primeiramente define -se pela
situação em que o magistrado deixa se posicionar sobre a questão em que o
mesmo deveria, e o segundo passo define-se pelas situações em que ele se
adentra em questões onde ele não deveria tomar conhecimento. Sentença de
pronúncia é anulada por não fundamentar qualificadoras. A sentença que
encaminha réu para ser julgado pelo tribunal de júri pelo crime de homicídio
qualificado, sem fazer referência ao fato que gerou as qualificadoras, deve ser
considerada nula por falta de motivação, ao final de todo o rito processual, o juiz irá
decidir a lide de acordo com os fatos e provas que lhe foram apresentados,
obedecendo as normas legais.
Destarte, "o Magistrado, na sentença de pronúncia, embora não efetive exame
aprofundado da prova, para não influir no julgamento pelos jurados, expressa
formalmente o seu convencimento relativo à prova da materialidade e dos indícios
suficientes da autoria, condição igualmente exigida para o crime conexo. A falta de
fundamentação sobre a admissibilidade do crime conexo ocasiona nulidade da
pronúncia."
De acordo com o art. 408 do Código de Processo Penal "constituem requisitos da
sentença de pronúncia estar o juiz convencido da existência do crime e haver
indícios suficientes da participação do réu no ato delituoso", sentença de pronúncia
é uma decisão que não põe fim ao processo, ela apenas decide que existem
indícios de um crime doloso contra a vida e que o acusado pode ser o culpado e
que, por se tratar de um crime doloso contra a vida, o processo será julgado por um
tribunal do júri e não por apenas um juiz sozinho. A pronúncia é expediente
exclusivo do rito de júri. Encerra a chamada primeira fase da ação penal, a partir da
qual, uma vez preclusa, o processo avança à fase de plenário. Para a pronúncia
do/a acusado/a, basta o convencimento da materialidade do fato e indícios de
autoria ou da participação, a natureza Jurídica da sentença de pronúncia se é
defendida por alguns com que dizem que se trata de uma sentença "processual".
A sentença de pronúncia grafada com excesso de linguagem prejudica a defesa do
réu, não podendo o Magistrado se aprofundar no exame de provas e expor sua
convicção sobre as circunstâncias dos fatos que foram narrados durante a
denúncia. De acordo com sites de pesquisa, " a discussão sobre o excesso de
linguagem sempre foi presente no superior tribunal de justiça e a 1ª Turma Do STF,
julgando RHC (recurso Ordinário em Habeas Corpus)1, anulou decisão de
pronúncia proferida por juiz do Tribunal do Júri, devido o excesso da linguagem
contida na sentença". Isto porque, ferindo a regra da imparcialidade, o juiz afirmou
que a autoria e a qualificação do crime estariam comprovadas. Daí, como resultado
da anulação, nova sentença deveria ser considerada, observando a limitação do
linguajar. Está previsto no código de processo Penal art. 413, "o juiz
fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do
fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou participação”. Assim, o
julgador não é movido pelo sistema da livre convicção e não emite também um
julgamento de mérito. A este respeito, leciona Eduardo Cabette (2019, p.19):

“Essa espécie de “excesso de linguagem”, conforme indica o decisório do E.


STF, constitui espúria antecipação de julgamento com reflexos destrutivos no
devido processo legal quanto à imparcialidade, à ampla defesa e,
especialmente, à Presunção de Inocência."

Resumo: Não comumente as sentenças de pronúncias trazem em seu


conteúdo a certeza da existência do crime, e ainda a certeza da autoria
delitiva e, mais ainda, rotulam o réu, o que traz um enorme prejuízo à defesa
do acusado, vez que a sentença de pronúncia é uma das peças entregues
aos jurados quando da realização do plenário portanto, o juiz ao pronunciar o
acusado, deve se abster de excessos, sob pena de tornar sua decisão nula,
vez que a influência do magistrado sobre o jurados é capaz de impossibilitar
o exercício pleno da defesa nos moldes constitucionais.

De acordo com o advogado Carlos Henrique Carvalho Amaral, "pela sua natureza, é
uma decisão interlocutória mista não terminativa. Ela tão somente encerra uma fase
do processo e, se considerado procedente o que afirma a acusação, autoriza o
encaminhamento do processo para ser julgado pelo Tribunal do Júri. Para um
estudante de Direito ou um profissional da área não haveria dificuldade alguma de
entender o que é a pronúncia, mas para aquele que não está habituado a esse tipo
de linguagem, entender o que é a sentença de pronúncia muitas vezes se torna
complicado. A sentença, para o professor Arthur Anselmo de Castro, representa o
ato jurisdicional por excelência, constituindo um ato de autoridade, dotado de força
vinculativa, “enquanto formulação da vontade normativa do Estado para o pleito
deduzido em juízo”, Na definição usada a pelo Código de Processo Civil brasileiro, a
sentença é o pronunciamento do juiz, através do qual põe fim à "fase cognitiva do
procedimento comum" bem como extingue a execução, pode ser classificado de
duas formas, sentenças terminativas e sentenças definitivas. Do mesmo jeito se é
difícil para alguns entender o que seria a pronúncia, algumas decisões são difíceis
de compreender, sobretudo em razão da linguagem utilizada pelo julgador. E uma
decisão que seria simples converte-se em uma sentença incompreensível,
embaçada. O tema sobre o excesso de linguagem ganha cada vez mais espaço
para então ser debatido e a reforma do Código de Processo Penal (Lei
11.689/2008) contribuiu com esse acontecimento. A sentença é nula quando;
ausente a assinatura do Juiz, condenar em quantidade superior ou em objeto
diverso do pedido, configurada a oposição entre os fundamentos e a decisão ou
ocorra alguma ambiguidade ou obscuridade que torne a decisão não compreendida,
juiz deixar de pronunciar-se sobre questões sobre as quais o deveria manifestar-se
ou conhecer sobre questões que não pudesse tomar conhecimento; não especifica
os fundamentos de fato e de direito que justificam a decisão. Os vícios da sentença
podem ser classificados em cinco espécies, sendo elas ; vícios de essência, vícios
de formação, vícios de conteúdo, vícios de forma, vícios de limites. de notar, ainda,
que, ainda no capítulo de “vícios da sentença”, o Código de Processo Civil prevê a
possibilidade de retificação de “erros materiais” na sentença; Os vícios de essência
definem-se por aqueles que atingem as qualidades essenciais da sentença, que
deixa de possuir aparência de ato judicial, permeando a própria inexistência jurídica;
Os vícios de formação são aqueles que decorrem, por exemplo, de erro ou
coação;Os vícios de conteúdo, que podem ser por falta de clareza, erro material ou
erro judicial, são os vícios que atingem a decisão em si, em seus fundamentos ou
no desenvolvimento do seu raciocínio lógico-jurídico. Já os vícios de forma,
ocorrem, por exemplo, nos casos em que a sentença é proferida após a instrução,
mas antes da audiência final; os vícios de limites caracterizam-se pelas situações
em que a sentença se pronuncia sobre questões que não deveria conhecer ou não
se pronuncia sobre pontos que deveria se manifestar. Afirma Teixeira de Sousa que
"somente a ausência absoluta de qualquer fundamentação conduz à nulidade da
decisão, ou seja, a fundamentação insuficiente ou deficiente não constitui causa de
nulidade da decisão, neste caso, a sua impugnação se fará mediante recurso".
Assim, é que o juiz pode, por simples despacho, oficiosamente ou a requerimento
das partes, corrigir a sentença nas hipóteses elencadas no art. do Código de
Processo Civil, quais sejam, “se a sentença omitir o nome das partes, for omissa
quanto a custas ou a algum dos elementos previstos nos artigos, ou contiver erros
de escrita ou de cálculo ou quaisquer inexatidões devidas a outra omissão ou lapso
manifesto”.
Pode-se afirmar, portanto, que a nulidade da sentença por omissão ou por excesso
de pronúncia, resulta da violação do disposto no art. 608, n.º 2 do Código de
Processo Civil, segundo o qual o juiz deve resolver todas as questões que as partes
tenham submetido à sua apreciação, salvo aquelas cuja decisão esteja prejudicada
pela solução dada a outras. Assim, de acordo com a não digitada norma processual,
o juiz o somente pode ocupar-se pelas questões ditas pelas partes, com exceção
dos casos em que a lei lhe permite ou impõe o conhecimento oficioso de outras.
Nas palavras de Alberto dos Reis: "Há que não confundir questões suscitadas pelas
partes com motivos ou argumentos por elas invocados para fazerem valer as suas
pretensões"
Todavia, não significa dizer que o magistrado esteja livre da análise de todos os
argumentos, razões jurídicas e raciocínios suscitadas pelas partes e o fato do
magistrado deixar de apreciar qualquer consideração, argumento ou razão
produzida não mudará a nulidade da sentença. Porém, "não haverá nulidade da
sentença se a falta de pronúncia ficar prejudicada pelas respostas já produzidas
sobre outras questões, ou quando a questão de que se conheceu era de
conhecimento oficioso" de acordo com o advogado David Azulay, e "nulidade da
sentença nos casos de omissão justifica-se na medida em que se traduz, ao fim e
ao cabo, em denegação de justiça. Já relação ao excesso de pronúncia, a nulidade
justifica-se por representar uma clara violação do princípio dispositivo ligado à
liberdade e autonomia das partes , segundo o qual cabe às partes o direito de
colocar as questões que desejam ver resolvidas". De tal forma, somente haverá
nulidade da sentença por omissão ou por excesso de pronúncia quando o
magistrado tiver omitido pronúncia relacionada a alguma questão objeto de litígio
entre as partes ou quando tiver conhecimento de questões estranhas ao objeto da
lide.
Com clareza peculiar, Silva e Freitas sumariam o devido proceder judicial na
elaboração da sentença de pronúncia:
“Ao fundamentar a decisão com linguagem prudente, o juiz evita manifestação
própria quanto ao mérito da acusação e se abstém de aprofundamento sobre a
prova. Com redação sóbria, serena, equilibrada e comedida, influência alguma
sobre os jurados exercerá, sob pena de se antecipar ao julgamento, provocando
nulidade ao decisório".
É finalmente interessante destacar que o julgado sob comento aponta para a
inocuidade de que após rechear o “decisum” com toda uma argumentação que
indica para a certeza de condenação, vir o julgador a afirmar textualmente que se
trata de mera deliberação provisória.
Ou seja, dizer que “não se trata de julgamento definitivo”, mas discorrer o tempo
todo fazendo uma argumentação com conteúdo claramente definitivo é uma
contradição que sutilmente induz ao erro.
Atualmente no sistema jurídico não preponderam as regras, mas sim os princípios,
de forma que o sistema jurídico é presidido precipuamente por estes, até porque a
vulneração de um princípio pode implicar lesão mais grave do que aquela resultante
de violação de uma regra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil.


Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em 14/06/2020

BRASIL, Código de Processo Civil. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em
14/06/2020

LANDIM, Laís de Brito Paes, Ação rescisória e sua aplicabilidade no Novo Código
de Processo Civil. Disponível em
https://www.lex.com.br/doutrina_27522168_ACAO_RESCISORIA_E_SUA_APLICA
BILI DADE_NO_NOVO_CODIGO_DE_PROCESSO_CIVIL.aspx. Acesso em
14/06/2020

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