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De acordo com o advogado Carlos Henrique Carvalho Amaral, "pela sua natureza, é
uma decisão interlocutória mista não terminativa. Ela tão somente encerra uma fase
do processo e, se considerado procedente o que afirma a acusação, autoriza o
encaminhamento do processo para ser julgado pelo Tribunal do Júri. Para um
estudante de Direito ou um profissional da área não haveria dificuldade alguma de
entender o que é a pronúncia, mas para aquele que não está habituado a esse tipo
de linguagem, entender o que é a sentença de pronúncia muitas vezes se torna
complicado. A sentença, para o professor Arthur Anselmo de Castro, representa o
ato jurisdicional por excelência, constituindo um ato de autoridade, dotado de força
vinculativa, “enquanto formulação da vontade normativa do Estado para o pleito
deduzido em juízo”, Na definição usada a pelo Código de Processo Civil brasileiro, a
sentença é o pronunciamento do juiz, através do qual põe fim à "fase cognitiva do
procedimento comum" bem como extingue a execução, pode ser classificado de
duas formas, sentenças terminativas e sentenças definitivas. Do mesmo jeito se é
difícil para alguns entender o que seria a pronúncia, algumas decisões são difíceis
de compreender, sobretudo em razão da linguagem utilizada pelo julgador. E uma
decisão que seria simples converte-se em uma sentença incompreensível,
embaçada. O tema sobre o excesso de linguagem ganha cada vez mais espaço
para então ser debatido e a reforma do Código de Processo Penal (Lei
11.689/2008) contribuiu com esse acontecimento. A sentença é nula quando;
ausente a assinatura do Juiz, condenar em quantidade superior ou em objeto
diverso do pedido, configurada a oposição entre os fundamentos e a decisão ou
ocorra alguma ambiguidade ou obscuridade que torne a decisão não compreendida,
juiz deixar de pronunciar-se sobre questões sobre as quais o deveria manifestar-se
ou conhecer sobre questões que não pudesse tomar conhecimento; não especifica
os fundamentos de fato e de direito que justificam a decisão. Os vícios da sentença
podem ser classificados em cinco espécies, sendo elas ; vícios de essência, vícios
de formação, vícios de conteúdo, vícios de forma, vícios de limites. de notar, ainda,
que, ainda no capítulo de “vícios da sentença”, o Código de Processo Civil prevê a
possibilidade de retificação de “erros materiais” na sentença; Os vícios de essência
definem-se por aqueles que atingem as qualidades essenciais da sentença, que
deixa de possuir aparência de ato judicial, permeando a própria inexistência jurídica;
Os vícios de formação são aqueles que decorrem, por exemplo, de erro ou
coação;Os vícios de conteúdo, que podem ser por falta de clareza, erro material ou
erro judicial, são os vícios que atingem a decisão em si, em seus fundamentos ou
no desenvolvimento do seu raciocínio lógico-jurídico. Já os vícios de forma,
ocorrem, por exemplo, nos casos em que a sentença é proferida após a instrução,
mas antes da audiência final; os vícios de limites caracterizam-se pelas situações
em que a sentença se pronuncia sobre questões que não deveria conhecer ou não
se pronuncia sobre pontos que deveria se manifestar. Afirma Teixeira de Sousa que
"somente a ausência absoluta de qualquer fundamentação conduz à nulidade da
decisão, ou seja, a fundamentação insuficiente ou deficiente não constitui causa de
nulidade da decisão, neste caso, a sua impugnação se fará mediante recurso".
Assim, é que o juiz pode, por simples despacho, oficiosamente ou a requerimento
das partes, corrigir a sentença nas hipóteses elencadas no art. do Código de
Processo Civil, quais sejam, “se a sentença omitir o nome das partes, for omissa
quanto a custas ou a algum dos elementos previstos nos artigos, ou contiver erros
de escrita ou de cálculo ou quaisquer inexatidões devidas a outra omissão ou lapso
manifesto”.
Pode-se afirmar, portanto, que a nulidade da sentença por omissão ou por excesso
de pronúncia, resulta da violação do disposto no art. 608, n.º 2 do Código de
Processo Civil, segundo o qual o juiz deve resolver todas as questões que as partes
tenham submetido à sua apreciação, salvo aquelas cuja decisão esteja prejudicada
pela solução dada a outras. Assim, de acordo com a não digitada norma processual,
o juiz o somente pode ocupar-se pelas questões ditas pelas partes, com exceção
dos casos em que a lei lhe permite ou impõe o conhecimento oficioso de outras.
Nas palavras de Alberto dos Reis: "Há que não confundir questões suscitadas pelas
partes com motivos ou argumentos por elas invocados para fazerem valer as suas
pretensões"
Todavia, não significa dizer que o magistrado esteja livre da análise de todos os
argumentos, razões jurídicas e raciocínios suscitadas pelas partes e o fato do
magistrado deixar de apreciar qualquer consideração, argumento ou razão
produzida não mudará a nulidade da sentença. Porém, "não haverá nulidade da
sentença se a falta de pronúncia ficar prejudicada pelas respostas já produzidas
sobre outras questões, ou quando a questão de que se conheceu era de
conhecimento oficioso" de acordo com o advogado David Azulay, e "nulidade da
sentença nos casos de omissão justifica-se na medida em que se traduz, ao fim e
ao cabo, em denegação de justiça. Já relação ao excesso de pronúncia, a nulidade
justifica-se por representar uma clara violação do princípio dispositivo ligado à
liberdade e autonomia das partes , segundo o qual cabe às partes o direito de
colocar as questões que desejam ver resolvidas". De tal forma, somente haverá
nulidade da sentença por omissão ou por excesso de pronúncia quando o
magistrado tiver omitido pronúncia relacionada a alguma questão objeto de litígio
entre as partes ou quando tiver conhecimento de questões estranhas ao objeto da
lide.
Com clareza peculiar, Silva e Freitas sumariam o devido proceder judicial na
elaboração da sentença de pronúncia:
“Ao fundamentar a decisão com linguagem prudente, o juiz evita manifestação
própria quanto ao mérito da acusação e se abstém de aprofundamento sobre a
prova. Com redação sóbria, serena, equilibrada e comedida, influência alguma
sobre os jurados exercerá, sob pena de se antecipar ao julgamento, provocando
nulidade ao decisório".
É finalmente interessante destacar que o julgado sob comento aponta para a
inocuidade de que após rechear o “decisum” com toda uma argumentação que
indica para a certeza de condenação, vir o julgador a afirmar textualmente que se
trata de mera deliberação provisória.
Ou seja, dizer que “não se trata de julgamento definitivo”, mas discorrer o tempo
todo fazendo uma argumentação com conteúdo claramente definitivo é uma
contradição que sutilmente induz ao erro.
Atualmente no sistema jurídico não preponderam as regras, mas sim os princípios,
de forma que o sistema jurídico é presidido precipuamente por estes, até porque a
vulneração de um princípio pode implicar lesão mais grave do que aquela resultante
de violação de uma regra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LANDIM, Laís de Brito Paes, Ação rescisória e sua aplicabilidade no Novo Código
de Processo Civil. Disponível em
https://www.lex.com.br/doutrina_27522168_ACAO_RESCISORIA_E_SUA_APLICA
BILI DADE_NO_NOVO_CODIGO_DE_PROCESSO_CIVIL.aspx. Acesso em
14/06/2020