O documento discute como os princípios da Constituição Brasileira, como o direito à saúde e o direito de ir e vir, entram em conflito durante a pandemia da COVID-19. As medidas de isolamento social e quarentena limitam o direito de ir e vir, mas são justificadas pelo princípio da proporcionalidade para proteger o direito à saúde da população e evitar o colapso do sistema de saúde.
O documento discute como os princípios da Constituição Brasileira, como o direito à saúde e o direito de ir e vir, entram em conflito durante a pandemia da COVID-19. As medidas de isolamento social e quarentena limitam o direito de ir e vir, mas são justificadas pelo princípio da proporcionalidade para proteger o direito à saúde da população e evitar o colapso do sistema de saúde.
O documento discute como os princípios da Constituição Brasileira, como o direito à saúde e o direito de ir e vir, entram em conflito durante a pandemia da COVID-19. As medidas de isolamento social e quarentena limitam o direito de ir e vir, mas são justificadas pelo princípio da proporcionalidade para proteger o direito à saúde da população e evitar o colapso do sistema de saúde.
O ordenamento jurídico brasileiro é composto por um sistema de normas que
possuem o objetivo de organizar o Estado, estabelecendo a ordem que o direito deve seguir em relação às normas estabelecidas. Dentro deste ordenamento estão inseridos princípios fundamentais inerentes à Constituição Federal que atuam como limitador da atuação jurídica na aplicação das leis, servindo como base e diretriz para que o aplicador do direito não atue de forma subjetiva, ou seja, diante do caso concreto é necessário a observância dos direitos e princípios inerentes ao fato para que não seja limitado ou cerceado direito de nenhuma das partes em uma relação jurídica. Os princípios fundamentais guardam relevada importância no âmbito das relações entre civis na sociedade, visto que, atuam com o objetivo de resguardar o cidadão na sua vivência cotidiana, além disso, atua como alicerce do ordenamento jurídico pátrio visando um melhor desenvolvimento humano da sociedade. Nas palavras de Luís Roberto Barroso (1999, p. 147), princípios, “são o conjunto de normas que espelham a ideologia da Constituição, seus postulados básicos e seus fins. Dito de forma sumária, os princípios constitucionais são as normas eleitas pelo constituinte como fundamentos ou qualificações essenciais da ordem jurídica que institui”. Dentre estes princípios pode-se citar aquele que garante ao cidadão liberdade de locomoção, qual seja, o direito constitucional de ir e vir, conforme dispõe o art. 5º, XV: “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”. Diante disto depreende que o ser humano possui liberdade para se locomover no território de um país, desde que este respeite os limites impostos pela lei, sendo que a própria constituição define no seu art. 5º, LXI, que não pode ocorrer a prisão de outrem senão diante de prisão em flagrante ou ordem autoridade judiciária competente. Diante destas considerações muito se tem discutido no decorrer deste ano acerca do avanço do contágio do novo corona vírus (COVID-19) em todo o mundo, fato é que além do risco de mortalidade que toda doença apresenta a COVID-19 apresenta ainda alta de taxa de contágio, o que corrobora ainda mais para que sua proliferação ocorra em larga escala dentro de um território em curto espaço de tempo, esse poder de contágio pôde ser observado da pior forma possível nos países em que foram relatados os primeiros casos, nações como China, Itália, França e Espanha sofreram sobremaneira, visto que, até que fosse descoberto que diante da ausência de remédios e vacinas que produzem anticorpos que atacam o vírus no sistema imunológico humano, a maneira mais eficaz de evitar contágio seria o distanciamento social, no entanto, essa medida preventiva nos países citados só ocorreram depois de parte da população já ter sido contaminada, o que incorreu no avanço desenfreado do vírus em várias regiões, e o que se viu nos dias de pico de contágio da doença foi a crise instaurada no sistema de saúde dos países afetados gravemente pela doença. Observando o cenário de caos instaurado nos países citados, as demais nações mundiais passaram a implementar as medidas preventivas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) diante da declaração de pandemia em virtude da grande propagação do vírus a nível mundial. No Brasil não ocorreu de forma diferente, conforme os casos se espalhavam pelo mundo algumas medidas iniciais foram sendo implementadas com o advento da Lei 13.979, de 6 de Fevereiro de 2020, para evitar a chegada do vírus ao nosso país, no entanto, essas primeiras medidas de defesa não foram suficientes para conter o contágio, visto que, nos dias subsequentes da confirmação do primeiro caso várias pessoas passaram a testar positivo para a COVID-19 nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo implementadas medidas mais bruscas para o combate ao corona vírus nos referidos Estados para conter o avanço da doença e os demais Estados da Federação a adotar tais medidas de forma preventiva para evitar a confirmação de casos em outras regiões do país, o hábito do uso de álcool em gel e máscaras de tornou algo frequente em várias cidade, além da recomendação de quarentena e isolamento social, sendo necessário em alguns Entes Federativos a implementação da medida de lockdown diante do grande número de infectados em determinada localidade o que acaba por sobrecarregar o sistema de saúde e funerário das cidades afetadas. As medidas citadas acima, que de certa forma restringem a locomoção de parte da população acabaram sendo alvo de discussões e críticas, em virtude de que muitas pessoas citaram o direito constitucional de ir e vir para não respeitar as determinações de quarentena, outra discussão que se levantou foi se os governadores e prefeitos detinham competência para estabelecer as medidas preventivas que preveem quarentena, isolamento social ou lockdown, no entanto, esse último questionamento caiu por terra a partir do momento que o STF decidiu a União, Distrito Federal, Estados e Municípios possuem competência concorrente para determinar medidas que preveem isolamento social e até mesmo fechamento do comércio, permanecendo em funcionamento apenas atividades essenciais. Outro dispositivo que atua em favor da observância das recomendações da OMS é a Lei 13.979/2020, que dispõe as medidas da emergência de saúde pública par enfrentamento do corona vírus, e leciona em seu art. 3º, I, II, sobre a possibilidade de adoção de medidas, se necessário for de isolamento e quarentena, para o combate à COVID-19. No que diz respeito aos questionamentos sobre violação ou não do direito de ir e vir, no contexto atual em que se encontra o Brasil e o mundo, deve se observar e sopesar todos os princípios e direitos que visam o bem da população de determinado Estado- nação, é inegável que a observância e respeito aos princípios contribui para formação de uma sociedade igualitária e justa, porém, se a execução do direito de um indivíduo trás riscos à coletividade, deve se ponderar se esse ato pode ser praticado ou não, no caso da pandemia e as determinações estabelecidas em razão da mesma, é possível perceber um conflito de princípios, visto que, a Constituição prevê a liberdade de locomoção, no entanto, a Carta Magna também dispõe ao cidadão o direito à saúde, que está disposto no art. 196, CF, e dispõe que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediantes políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Uma forma de sanar possíveis conflitos de direitos é mediante a aplicação do princípio da proporcionalidade, em que se observa três requisitos, quais sejam: adequação, necessidade e proporcionalidade, este princípio atua com o objetivo de equilibrar os direitos individuais de acordo com a necessidade da sociedade. Na comparação entre os princípios citados acima, pode se perceber com a observância dos requisitos do princípio da proporcionalidade que o direito à saúde, em virtude da situação sanitária do país, se sobrepõe ao direito de ir e vir, visto que a não limitação de tal direito põe em risco parcela da população diante do iminente risco de contágio, logo, não resta dúvidas de que é possível ocorrer a limitação de direitos individuais, pois, apesar de ser direito constitucional não se trata de um direito absoluto, devendo este conviver harmoniosamente com os demais princípios inerentes à Constituição. É fato que o direito de ir e vir fora afetado diante das implementações de medidas que visam reduzir a circulação populacional para diminuir a curva de contágio do vírus, as discussões sobre o assunto se mostram válidas, pois, esclarecem que o fato de um direito ser considerado cláusula pétrea não impede este de sofrer flexibilização, portanto, mesmo com estas limitações não há de se falar em violação à direito fundamental, visto que, não ocorre a extinção do direito, mas sim uma pequena limitação, e destaca-se que tal limitação ocorre em razão de se alcançar o objetivo de oferecer atendimento médico e saúde para a população. O uso do termo flexibilização se dá não em virtude de facilitar a prática de um ato, mas sim em razão da possibilidade de malear direito fundamental que, em tese, não pode ser restringido. A maleabilidade deste direito se torna plenamente capaz e aceitável em razão da questão de saúde pública que se instaurou em todo território mundial, tais atos não estão sendo implementados de forma deliberada pelos governantes, com o simples intuito de manter a população em casa, visto que essas medidas afetam diretamente a economia local e mundial, é neste ponto que se observa a importância do respeito às referidas medidas, pois, por mais que ocorra impactos negativos em outras áreas da sociedade, a vida ainda é maior e mais precioso bem do ser humano, de forma que esta deva ser preservada, respeitada e, principalmente, resguardada pelos governantes de forma que atuem a garantir qualidade de vida para a sociedade, e é justamente com esse intuito que as autoridades mundiais, todos com o objetivo precípuo de se obter o controle da COVID- 19 e garantir o direito à saúde a todos.