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DISCIPLINAS COMPLEMENTARES

Lauro Ribeiro
Direito à Saúde
Aula 01

ROTEIRO DE AULA

DIREITO À SAÚDE

• DO QUE ESTAMOS TRATANDO?

CUIDAREMOS DA SAÚDE PÚBLICA – SUS; SEM TRATAR DE PLANO DE SAÚDE (= SAÚDE SUPLEMENTAR – serviços
privados de saúde prestados exclusivamente na esfera privada por operadoras de planos e seguros de saúde)

- O tema dos planos de saúde está mais relacionado ao consumidor. O STJ, por exemplo, voltou a tratar da
possibilidade de os planos de saúde adicionarem uma coparticipação do consumidor nos casos de internação
psiquiátrica que ultrapassem 30 dias.

- Estando mais voltados a uma lógica consumerista, os planos de saúde não serão objeto do nosso estudo de
forma direta.

• CONCEITO DE SAÚDE

CONCEITO DE SAÚDE: a CF/88 não traz - OMS - um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não
somente ausência de afecções e enfermidades

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- Nenhuma das constituições traz um conceito de saúde, motivo pelo qual utilizaremos o conceito da OMS.

- Nele integram outros elementos independentes, como a alimentação, o meio ambiente, o saneamento básico,
o transporte (art. 3º da Lei n. 8.080/1990 – Lei Orgânica da Saúde – LOS)

Art. 3º, LOS. Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como
determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente,
o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.
(Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)

Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se
destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.

Exemplo: imagine-se dois pacientes; os dois com diabetes e hipertensivos. O primeiro mora no Rio de Janeiro,
desenvolve atividades recreativas e esportivas. O segundo vive em um apartamento, confinado, em um quadro
que beira a depressão. Neste caso, embora as patologias sejam as mesmas, é muito provável que o segundo
paciente tenha um atendimento diferenciado.

BRASIL – AINDA SAÚDE = ausência doença – grande demanda judicial por medicamentos e insumos

- Em um relatório recente, o relator especial da ONU sobre saúde mental menciona que fatores estruturais como
a pobreza; a discriminação e a violência ainda são causas profundas de transtorno mental. O relator observa que
uma boa saúde mental e o bem estar não podem ser definidos pela ausência de um sintoma em específico, mas
sim pelo ambiente psicossocial; político; econômico e físico que possibilite aos indivíduos viver uma vida em
completo gozo de seus direitos. Logo, para a promoção do direito à saúde mental, deve ser incluída a abordagem
dos determinantes sociais e relacionais que são subjacentes a saúde, como a pobreza; a discriminação; o bullying
e diversas outras situações de violência. Saúde, portanto, não é sinônimo de ausência de doença, mas sim conceito
de natureza ampla.

- As grandes demandas judiciais ainda envolvem o grande fornecimento de medicamentos e insumos, o que
denota que no Brasil ainda e associa muito a saúde a ausência de doença.

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• PROTEÇÃO NO PLANO INTERNACIONAL

I) Sistema ONU – global/universal

- A partir da universalização dos direitos humanos foi possível criar um sistema internacional de proteção destes
direitos por meio de Tratados Internacionais mais genéricos (= sistema global, universal ou onusiano), bem como
por meio de tratados regionais, os quais, tendo enfoque em determinadas regiões, possuem uma efetividade
maior na localidade (ex.: Sistema Interamericano de Direitos Humanos). São exemplos:

II) Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) - arts. 22 e 25

Artigo 22° Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir
a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação
internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.

Artigo 25°

1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-
estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda
quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na
invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias
independentes da sua vontade.

2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou
fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social.

III) Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC – 1966), internalizado pelo Brasil por
meio do Dec.Leg. 226/1991 e promulgado pelo Dec.591/1992

- O grande problema da Declaração Universal de Direitos Humanos é que ela carece de coercibilidade, sendo mais
um conjunto de compromissos morais assumidos pelos países. Tendo em vista a necessidade de proteção dos

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Direitos Humanos previstos neste documento, criou-se o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, que deve ser internalizado pelas legislações nacionais como forma de se cumprir o compromisso de
proteger os direitos humanos.

IV) Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” (ODS -2015) - 17 propostas, complementando os “Objetivos de


Desenvolvimento do Milênio” (ODM) que não foram alcançados até aquele ano – Saúde é o 3º e perpassa outros.

• PLANO REGIONAL INTERAMERICANO

- Ainda no plano da ONU, só que mais restrito ao plano regional, o diploma mais conhecido é o Pacto de São José
da Costa Rica.

I) Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), internalizado pelo Dec.Leg.
27/1992 e promulgado pelo Dec. 678/1992 (arts. 4º e 5º)

ARTIGO 4 Direito à Vida

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde
o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.

2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves,
em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com lei que estabeleça tal pena,
promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não
se aplique atualmente.

3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos, nem por delidos comuns conexos com
delitos políticos.

5. Não se deve impor a pena de morte à pessoa que, no momento da perpetração do delito, for menor de dezoito
anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.

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6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem
ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente
de decisão ante a autoridade competente.

ARTIGO 5 Direito à Integridade Pessoal

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeito sua integridade física, psíquica e moral.

2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa
privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano.

3. A pena não pode passar da pessoa do delinqüente.

4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, a ser submetidos
a tratamento adequado à sua condição de pessoal não condenadas.

5. Os menores, quando puderem ser processados, deve ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal
especializado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento.

6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos
condenados.

II) Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em matéria de Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais (Protocolo de São Salvador), internalizado pelo Dec. Leg. 56/1995 e promulgado pelo Dec.
3.321/1999

Interpretação mais restritiva: critica-se o protocolo em razão das obrigações nele estabelecidas serem
implantadas de forma progressiva, condicionadas ao grau de desenvolvimento e a legislação interna do país
signatário. Ou seja, no protocolo menciona-se que a concretização dos direitos sociais se dá de forma progressiva,
uma vez que tais direitos possuem, como regra, um custo alto. Desta forma, o protocolo oferece uma brecha para
o país concretizar os direitos sociais em uma velocidade maior ou menor.

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III) Organização Mundial da Saúde (OMS): CONCEITO DE SAÚDE

IV) Declaração de Alma-Ata (1978): resultado da Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde
da OMS. A partir desta declaração, se desenvolveu outros documentos internacionais, dentre eles, a Carta de
Otawa do Canadá.

• DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE

A saúde integra seguridade social junto com a previdência e a assistência social: como um direito fundamental,
o direito à saúde acaba integrando a seguridade social. Isso é o que extraímos da leitura da Constituição Federal.
O direito à saúde está atrelado ao direito a vida; daí porque o próprio constituinte vincular verbas específicas para
garantir o financiamento dos serviços públicos de saúde.

É direito fundamental e atrelado ao direito à vida - RE 271286 AgR/RS, CELSO DE MELLO (ART.6º E 196 A 200 DA
CF/88 ALÉM DE OUTROS)

Art. 6º, CF São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

SEÇÃO II
DA SAÚDE

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da
lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de
terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

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Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.

§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade
social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único
renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos
de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)

I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15%
(quinze por cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e
dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem
transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)

§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) Regulamento

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I - os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86,
de 2015)

II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das
disparidades regionais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital
e municipal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29,
de 2000)

IV - (revogado) . (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de
combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para sua atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde
e agente de combate às endemias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) (Vide Medida
provisória nº 297. de 2006)

§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos
de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias,
competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 63, de 2010) Regulamento

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§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que
exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá
perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu
exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e
as sem fins lucrativos.

§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
lucrativos.

§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no


País, salvo nos casos previstos em lei.

§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de
sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção
de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;

III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;

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V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;

V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; (Redação


dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e
águas para consumo humano;

VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioativos;

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Defesa da saúde (= TUTELA DO MÍNIMO EXISTENCIAL => condições materiais mínimas para uma vida saudável):
o direito à saúde compõe o núcleo duro do mínimo existencial, não podendo ser atingido, portanto, pela Teoria
da Reserva do Possível, cujo conteúdo impõe um limite financeiro aos direitos prestacionais dentro do orçamento
estatal. Em outras palavras, a teoria vincula a concretização dos direitos sociais a existência de recursos financeiros
suficientes.

- Segundo a Teoria da Reserva do Possível, como os direitos sociais são direitos prestacionais - o que implica custo
- seria necessário vincular a sua concretização a existência de recursos existentes.

- Direito de todos (titularidade universal) – Art.196 da CF/88

• RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERATIVOS

I) RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA - UNIÃO, ESTADOS, DF E MUNICÍPIOS (ART.23, II DA CF/88)

- Dentre as competências materiais, a Constituição prevê a responsabilidade solidária dos entes da federação para
com à saúde. A solidariedade entre os entes, vale lembrar, é tese consolidada no âmbito do STF.

Art. 23, CF. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

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II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;

JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA (STF: tema 793 da Repercussão Geral -RE 855178)

Tese fixada: “Os entes da federação, em decorrência da competência comum, são solidariamente responsáveis
nas demandas prestacionais na área da saúde, e diante dos critérios constitucionais de descentralização e
hierarquização, compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento conforme as regras de repartição de
competências e determinar o ressarcimento a quem suportou o ônus financeiro.”

- A parte interessada pode demandar tanto o estado quanto o município, cabendo ao Judiciário reconhecer a
quem compete a prestação do serviço ou disponibilização do medicamento. Assim, se o Judiciário entender que
a responsabilidade era do estado e quem arcou foi o município, aquele deve ressarcir este. Ou seja, se o Judiciário
verificar que quem cumpriu a obrigação não tinha o dever dentro da estruturação do Sistema Único de Saúde, ele
deve determinar que o ente responsável arque com o ressarcimento daquele que cumpriu a obrigação em seu
lugar.

• DEVER DE TODOS

Dever fundamental => responsabilidade individual (omissão: intervenção estatal- internação compulsória):
além de um direito fundamental, a saúde também é um dever de todos. Embora as pessoas atribuam ao Poder
Público a maior responsabilidade pela concretização do direito à saúde, o ordenamento jurídico brasileiro em
geral, e a Constituição da República em especial, não deixam de lado o dever que todos tem para com a sua saúde,
bem como em relação à saúde do outro. Se a própria pessoa não cuidar de sua saúde, isso tem consequências na
sua esfera pessoal, como, por exemplo, a internação compulsória, onde o Estado intervém para evitar maiores
danos da pessoa com problemas mentais em relação a ela mesma. O Estado-juiz determina a internação mediante
requerimento do Ministério Público e quando não há respaldo familiar.

- A lesão à saúde de terceiros também pode produzir consequências jurídicas penais (ex.: ação penal por lesão
corporal) ou civis (ex.: dever de reparar o dano).

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Princípio da solidariedade: toda sociedade em parte é responsável pela efetivação do direito à saúde. Embora
pouco estudado entre nós, o princípio da solidariedade está previsto de modo expresso na Constituição quando
ela trata dos objetivos da República Federativa do Brasil (Art. 3º, CF).

Art. 3º, CF Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

• RELEVÂNCIA PÚBLICA

Ação e serviço de saúde: os serviços de saúde são de relevância pública, motivo pelo qual eles são indisponíveis;
sejam eles prestados pelo poder público ou pelo particular (Art.197 da CF/88);

- A relevância pública LEGITIMA a intervenção do MP e Poder Judiciário no caso omissão inconstitucional.

STF: o Supremo tem afirmado que quando há uma omissão inconstitucional por parte do ente estatal, ele deixa
de ter discricionariedade acerca da prestação ou não do serviço, passando a ter uma atividade vinculada nesse
sentido, até como forma de se preservar a força vinculante da Constituição.

LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO - JURISPRUDÊNCIA

- Durante um bom tempo, as ações propostas pelo MP sempre tinham como defesa da Fazenda Pública a ausência
de legitimidade do MP para realizar a defesa das pessoas em casos individuais (= tutela individual). O STF, contudo,
derrubou o argumento da Fazenda, entendendo o contrário do que esta sustentava.

STF: tema 262 da repercussão geral no RE 605533, Rel. Min. Marco Aurélio – DEFESA DE INTERESSE INDIVIDUAL

TESE FIRMADA: “O Ministério Público é parte legítima para ajuizamento de ação civil pública que vise ao
fornecimento de remédios a portadores de certa doença”

STJ - Tema REPETITIVO nº 766

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TESE FIRMADA: “O Ministério Púbico é parte legítima para pleitear tratamento médico ou entrega de
medicamentos nas demandas de saúde propostas contra os entes federativos, mesmo quando se tratar de feitos
contendo beneficiários individualizados, porque se refere a direitos individuais indisponíveis, na forma do art. 1º
da Lei n. 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público)”

• LIVRE À INICIATIVA PRIVADA

- A assistência à saúde é livre à iniciativa privada (Art.199 CF/88), mas será sempre de relevância pública.

- Os serviços de saúde prestados pela iniciativa privada estão sujeitos a regulamentação e fiscalização estatal em
virtude da sua relevância pública.

• SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE NA CF/88

Assistência à saúde (ações e serviços) integram um sistema único, através de uma rede regionalizada e
hierarquizada (Art.198 da CF/88): a assistência à saúde é livre a iniciativa privada, tal como acontece com a
educação, mas, sendo um serviço de relevância pública, deve ele estar sujeito à fiscalização do Estado.

- Embora o sistema seja único, ele é estruturado de tal forma que seja possível um atendimento de forma
capilarizada, alcançando todas as regiões do país. Trata-se de rede regionalizada e hierarquizada marcada pela
descentralização.

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) = União, Estados, DF e Municípios participam do sistema e dele são
solidariamente responsáveis pelas ações, serviços inerentes à proteção, recuperação e promoção da saúde
(ART.23, II DA CF/88 E STF: Tema 793 - RE 855178). O Supremo já pacificou entendimento no sentido de que a
competência material para prestar assistência à saúde à população é comum a União, Estados, DF e Municípios.

➢ SUS – NATUREZA CONSTITUCIONAL (= garantia institucional)

É um limite material à reforma constitucional: não pode haver uma reforma constitucional que afete a garantia
de um atendimento de saúde por meio do Sistema Único. Da mesma forma, o SUS está protegido pelo retrocesso
social.

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O direito à saúde está protegido contra o retrocesso social: a sociedade conquista os direitos sociais de forma
progressiva, de modo que aquele ponto cuja concretização já foi alcançada pela sociedade não pode ser
prejudicado por uma lei posterior.

• AS DIRETRIZES DO SISTEMA ÚNICO ESTÃO NO ART.198 DA CF/88

✓ Descentralização

✓ Atendimento integral

✓ Participação comunitária

✓ Podemos acrescentar a gratuidade

1ª DIRETRIZ: DESCENTRALIZAÇÃO

– A responsabilidade político-administrativa pelo sistema não é de um órgão central e único. O constituinte


preocupado com a necessidade de concretização do direito à saúde por meio de um sistema, estabeleceu que
esse sistema não poderia ficar concentrado em termos de responsabilidade político-administrativa apenas em um
ente. O objetivo é não correr o risco de centralizar o controle em um único órgão.

Repasse paulatino dessa prestação e direção ao município (art.30, vii da cf/88): a busca da capilarizarão do
atendimento ofertado pelo SUS é caracterizado pelo repasse paulatino da prestação e direção do sistema ao
Município. É o que se tem chamado de municipalização da saúde, sendo esta a principal característica da
descentralização. Isso faz sentido na medida em que os cidadãos vivem no Município (Franco Motoro) e é lá que
os gestores sabem, com mais precisão, quais são as necessidades específicas da população.

Art. 30, CF. Compete aos Municípios:

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da
população;

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Descentralização é administrativa (repartição de funções)

Complementa ideia de regionalização e hierarquização (ART 198 DA CF/88 E ART.7º, IX, “a” e “b”, DA LEI n.
8.080/1990 - Lei Orgânica da Saúde - LOS)

Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o
Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição
Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:

IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo:

a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;

b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;

Não afasta solidariedade dos entes federados na prestação do serviço

Regionalização: permite uma atuação que garanta as necessidades locais

Hierarquização: indica a divisão das atribuições em ordem crescente de complexidade. O acesso a saúde deve
ocorrer a partir do mais simples (atenção básica) para o de maior complexidade (alta complexidade), de acordo
com o caso concreto. A atenção básica é a porta de entrada da pessoa no Sistema Único de Saúde. Uma atenção
básica bem estruturada consegue dar conta de, pelo menos, 80% das demandas, evitando que o quadro evolua
para um caso de alta complexidade.

Gratuidade: vedação a qualquer forma de contraprestação ao serviço oferecido pelo SUS.

- A gratuidade não é prevista de forma expressa na Constituição Federal, mas decorre do sistema. Afinal, se a
saúde é um direito social que cabe principalmente ao Estado disponibilizar, é natural que ele seja prestado de
forma gratuita.

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• O que diz a doutrina sobre a gratuidade do atendimento?

DOUTRINA DE INGO SARLET: a gratuidade do atendimento, embora seja ínsito ao sistema, parte da doutrina
defende que em países com desigualdade social, essa gratuidade poderia ser relativizada em respeito ao
atendimento de quem mais precisa. Ou seja, adotar-se-ia a mesma regra da Constituição Portuguesa, que fala em
atendimento tendenciosamente gratuito. A despeito disso, o STF já emitiu entendimento em sentido diferente,
demonstrando que a gratuidade faz parte do sistema, inclusive para quem tem recursos para pagar pelo serviço
de forma integral.

O STF NO TEMA 579 – RE 581.488-RS DEFINIU A TESE DE QUE “É constitucional a regra que veda, no âmbito do
sistema único de saúde, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por
médico do próprio sistema único de saúde, ou por médico conveniado, mediante o pagamento de diferença dos
valores correspondentes.”

2ª DIRETRIZ: INTEGRALIDADE DO ATENDIMENTO

Cobertura a mais ampla possível, incluindo internação, remédios e insumos (p.ex. Fraldas descartáveis, leite
especial): deve-se buscar a cobertura mais ampla possível, o que inclui a internação hospitalar, remédios e
insumos. A jurisprudência é farta em indicar que é obrigação o fornecimento de insumos (fraldas, leite especial,
etc...).

JURISPRUDÊNCIA - INTEGRALIDADE DO ATENDIMENTO

- Preocupada com a integralidade do atendimento, a jurisprudência vem estabelecendo parâmetros que podem
caracterizá-la no caso concreto.

JURISPRUDÊNCIA - MEDICAMENTO NÃO INCORPORADO EM ATO NORMATIVO DO SUS

- Em razão do custo, a jurisprudência do STJ tem estabelecido parâmetros objetivos acerca da integralidade do
atendimento.

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- Para serem incorporados ao SUS, os medicamentos devem passar por uma série de avaliações, de modo que
quando tal medicamento ainda não estiver incorporado ao quadro do sistema, a exigência de sua disponibilização
depende da presença cumulativa de alguns requisitos.

STJ - Tema 106: Repetitivo - Resp.1.657.156, Rel. Min. Benedito Gonçalves: “A concessão dos medicamentos não
incorporados em atos normativos do SUS exige a presença cumulativa dos seguintes requisitos: (i) Comprovação,
por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da
imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia,
dos fármacos fornecidos pelo SUS; (ii) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito;
(iii) existência de registro na Anvisa do medicamento, observados os usos autorizados pela agência (VEDAÇÃO DO
USO OFF LABEL). Modulou-se a incidência da decisão para os processos que forem distribuídos a partir da
conclusão do julgamento, que se deu com a publicação do acórdão no DJe de 04.05.2018, quando ocorreu a
publicidade da decisão.

- Para o STJ, o medicamento só pode ser utilizado de acordo com as prescrições autorizadas pela ANVISA, não
podendo ser utilizado para o tratamento de outra moléstia que não aquela em relação a qual ele está vinculado
no registro da ANVISA.

JURISPRUDÊNCIA - MEDICAMENTO NÃO REGISTRADO NA ANVISA: STF: tema 500 - RE 657718 - (J.22.05.2019)

- Nas hipóteses em que o medicamente sequer é registrado na ANVISA (medicamentos experimentais), o Estado
não deve ser obrigado a fornecê-lo, até porque tais medicamentos não oferecem a segurança necessária à
população.

TESE FIRMADA: "1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais. 2. A ausência de
registro na ANVISA impede, como regra geral, o fornecimento de medicamento por decisão judicial. 3. É possível,
excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de mora irrazoável da
ANVISA em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei nº 13.411/2016), quando preenchidos três
requisitos: (i) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos
para doenças raras e ultrarraras); (ii) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de
regulação no exterior; e (iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. 4. As ações que

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demandem fornecimento de medicamentos sem registro na ANVISA deverão necessariamente ser propostas em
face da União.”

- Se ficar demonstrado que o atraso é fruto da burocracia administrativa, a oferta da medicação experimental
deve ser tida como uma possibilidade, desde que atendidos os demais requisitos.

- Se houver substituto terapêutico este deve ser preferido em relação à medicação experimental.

- Como se trata de medicamento não registrado na ANVISA, a ação deve ser proposta em face da União, pois é ela
quem deve, em primeiro lugar, disciplinar a matéria.

3ª DIRETRIZ: PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA

Participação direta ou indireta da comunidade: como todo o Poder emana do povo, a participação da população
deve ser garantida tanto na definição quanto no controle das ações e políticas de saúde (controle social).

Representantes da sociedade civil: no âmbito do SUS, a representatividade da sociedade civil pode se dar em três
vertentes diferentes, nos termos da Lei 8.142/90, que é posterior a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080):

I) Nas conferências de saúde: nas conferências são apresentadas proposições sobre políticas de saúde em cada
nível da federação (U, E, DF e M). Como regra, elas ocorrem a cada 4 anos. Nada obsta, contudo, que cada ente
da federação edite lei própria prevendo periodicidade menor.

II) Nos conselhos de saúde: os Conselhos de Saúde são permanentes, sendo integrados por representantes do
governo; prestadores de serviço; profissionais de saúde e usuários. Sua função é o planejamento e controle das
ações do SUS.

III) Junto às agências reguladoras (p.ex. Anvisa)

• FINANCIAMENTO DO SUS

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Obrigatoriedade de assegurar recursos necessários: Art.2º, item 1, do Pacto Internacional sobre Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais (promulgado pelo Decreto 591/92)

ARTIGO 2º

1. Cada Estado Parte do presente Pacto compromete-se a adotar medidas, tanto por esforço próprio como pela
assistência e cooperação internacionais, principalmente nos planos econômico e técnico, até o máximo de seus
recursos disponíveis, que visem a assegurar, progressivamente, por todos os meios apropriados, o pleno exercício
dos direitos reconhecidos no presente Pacto, incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativas.

- Para dar concretude ao direito à saúde previsto na Declaração Universal, o Pacto Internacional sobre Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais prevê a obrigatoriedade de vinculação dos recursos necessários à promoção dos
serviços de saúde.

ART.1º DO PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO DE SÃO SALVADOR (PROMULGADO PELO DECRETO


N.3.321/99) – para alguns há aqui uma interpretação restritiva, cuja ressalva de que se trata de obrigações
progressivas, condiciona a efetivação do direito à saúde ao grau de desenvolvimento e a legislação interna dos
países signatários

Proporcionalidade entre receita e despesa está protegida pelo princípio da proibição da proteção deficiente: é
preciso garantir que haja orçamento necessário à prestação dos serviços de saúde, sob pena de violação ao
princípio da proibição proteção deficiente. Em outras palavras, não é lícito ao gestor afirmar a não
implementação/continuidade de determinado programa de saúde em razão das verbas terem sido destinadas a
outro setor.

Vinculação de receita: Arts.167, IV, 198, §2º da CF/88, com previsão de mecanismos de proteção (ART.34, VII,”e”,
35,III E 160,PAR.ÚNICO,II DA CF/88).

Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da
promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda
nº 1, de 1969, e pelas posteriores.

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Art. 167. São vedados:

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da


arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços
públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da
administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação
de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto
no § 4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos
de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de
saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal,
exceto quando:

III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e
nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a
impostos.

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Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União e os Estados de condicionarem a entrega de
recursos: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

II - ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
29, de 2000)

- A vinculação de receita implica que algumas partes específicas da arrecadação do Estado sejam destinadas
exclusivamente para a prestação dos serviços de saúde. Se essa vinculação não for respeitada, é possível a
intervenção da União no Estado e do Estado no Município.

• O MODELO TRIPARTITE

- As receitas vêm da União, Estados, DF e Municípios - ART.198, §1º E 195 DA CF/88.

- O que pauta a responsabilidade dos entes para com a saúde é a solidariedade, o que, como é lógico, se estende
as recitas destinadas a esse setor.

• FINANCIAMENTO DO SUS

ALTERAÇÕES MAIS RECENTES:

- Algumas Emendas Constitucionais foram editadas com o suposto propósito de garantir o financiamento da
saúde. Todavia, o que aconteceu de fato foi o prejuízo aos serviços de saúde, motivo pelo qual tais diplomas foram
objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN).

• EC 86/15 – OBJETO DA ADIN 5595-DF-limitar suspendeu seus arts.2º e 3º

• EC 95/16 (congelamento de parte dos gastos públicos por 10 anos)– OBJETO DA ADIN 5658-DF

- O problema do congelamento é que a questão da saúde tem se agravado em todas as faixas etárias, por diversas
razões (aumento de doenças mentais entre jovens, doenças causadas por maus hábitos alimentares, problemas
de coluna em razão das posições corporais inadequadas durante o trabalho, surtos recentes de doenças

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consideradas como erradicadas, etc...). Além disso, o Brasil é um país que tem envelhecido, o que pode
representar um ponto de alerta nesse sentido.

• L.C n. 141/2012: a LC 141 foi editada por estar prevista no § 3º do art. 198 da CF/88. A referida lei disciplinava
os valores mínimos que cada ente federado deveria aplicar para prover o financiamento da saúde. Todavia, o
Art.11 do referido diploma legal foi declarado inconstitucional no julgamento da ADI 5897/sc, Rel Min. Luiz Fux,
j.24.04.2019- por vício forma e material. O Art. 11 previa que se as disposições das leis orgânicas ou constituições
estaduais tivessem previsão de gasto superior ao percentualmente previsto na lei para a saúde, deveriam
prevalecer a disposições das leis orgânicas e constituições estaduais. Entendeu o Supremo que houve aqui um
caso de invasão de competência.

Art. 11, LC 141/2012. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão observar o disposto nas respectivas
Constituições ou Leis Orgânicas sempre que os percentuais nelas estabelecidos forem superiores aos fixados nesta
Lei Complementar para aplicação em ações e serviços públicos de saúde.

• NORMATIZAÇÃO E EXECUÇÃO

Normatização administrativa: basicamente pela UNIÃO.

Execução: pelos municípios – maior eficiência e evitando sobreposição de estrutura administrativa. Garante-se,
desta forma, que a população seja atendida em sua localidade, viabilizando uma maior cobertura de atendimento
e evitando a sobreposição (ex.: o que o Município presta em relação aos serviços de saúde, o estado está
dispensado de prestar). Na execução, incide o princípio da subsidiariedade e o da eficiência, o primeiro
determinando que o ente maior só precisa atuar quando o ente menor não estiver conseguindo satisfazer aquilo
que lhe cabe.

Atribuição municipal: é dever do Município prestar os serviços de saúde a sua população contando com o apoio
técnico do estado da federação no qual está inserido (Art. 30, VII DA CF/88 E ART.18,I,IV E V DA LOS). Os estados
da federação, portanto, tem menor relevância no modelo brasileiro, o qual é marcado pelo municipalização.

• LOS – LEI ORGÂNICA DA SAÚDE

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✓ Lei orgânica da saúde: Lei n. 8.080/90 (LOS)

✓ Decorre do art.197 da CF/88 (... NOS TERMOS DA LEI...)

✓ Regula: ações e serviços no âmbito nacional, executados por pessoas naturais ou jurídicas, de direito público
ou privado.

✓ Reafirma: saúde é direito de todos.

✓ Estabelece sua composição

✓ Abre à iniciativa privada (sempre em caráter complementar)

- A Lei Orgânica da Saúde (LOS) repete de modo genérico tudo aquilo que a Constituição Federal traz de forma
específica.

FIXA:

✓ Objetivos

✓ Atribuições

✓ Princípios e diretrizes SUS (integralidade, universalidade, gratuidade, igualdade, descentralização (nele


incluídos: regionalização e hierarquização), participação social e informação).

✓ Organização, direção e gestão do sistema

✓ Atribuições do entes federativos

✓ Recursos humanos

✓ Caracterização de “crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas”.

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ALTERAÇÕES IMPORTANTES E SEM PARTICIPAÇÃO POPULAR

Lei nº 12.401/11 (restrição de assistência farmacêutica e incorporação de tecnologia no SUS, define protocolo
clínico e diretriz terapêutica) e a Lei 12.466/11 (questões operacionais)

- A Lei 12.401/11 estabeleceu algumas restrições de assistência farmacêutica como forma de tentar diminuir o
contingente de demandas relacionadas a judicialização da saúde.

- Os protocolos clínicos fornecem uma segurança maior ao paciente; daí a importância de seu estabelecimento na
lei. Além da sua importância para os médicos, os protocolos tem total relevância para o gestor do SUS, o qual, a
partir dele, poderá se organizar para saber que tipo de medicamente ele poderá adquirir e qual é a demanda de
dispensação de medicamentos.

Regulamentação da Lei 8.080/90 => Decreto 7.508/11: dispõe sobre planejamento e assistência à saúde e
articulação entre os entes federativos. Se sabemos que a responsabilidade é solidária entre os entes federativos,
é importante estabelecer como se dará essa articulação. Por isso, a regulamentação do Decreto acima referido é
essencial.

• TERCEIRIZAÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE (Art.197 da CF)

✓ Apenas de forma complementar


✓ Mediante contrato de direito público ou convenio
✓ Preferencialmente com entidade filantrópica e sem fins lucrativos (Art.199,§1º da CF/88)

STF - ADI 1923: inconstitucionalidade da Lei 9.637/98 – PARCIAL PROVIMENTO PARA DAR INTERPRETAÇÃO
CONFORME.

Motivo da ADI: a Lei 9.637/98, bem como a Lei 9790/99, quando tratam da qualificação das OSCIPS, dispõe que a
contratação feita pelo Poder Público nestes casos não dependeria de processo licitatório. O STF julgou a ADI
parcialmente procedente, dando interpretação conforma à Constituição para a lei.

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- O Ministro Fux, relator do caso, buscou garantir que, a despeito da desnecessidade de licitação, garanta-se que
a contratação seja feita por meio de um procedimento público; objetivo e impessoal, com a observância dos
princípios previstos no Art. 37 caput da Constituição Federal.

- Ainda que o STF tente regular a questão, muitos prefeitos se utilizam da possibilidade de contratação das OS’s e
OSCIPS como forma de burlar a lei, praticando atos de improbidade administrativa ao permitir contratações
irregulares, com organizações que não atendem aos requisitos legais.

• SAÚDE MENTAL

✓ Pessoas com transtorno mental/sofrimento psíquico (= atual denominação de doença mental)

✓ Declaração de Caracas: direitos básicos dos pacientes psiquiátricos

AG. da ONU/91 – “PRINCÍPIOS PARA A PROTEÇÃO DOS ENFERMOS MENTAIS E PARA A MELHORIA DA ATENÇÃO
À SAÚDE MENTAL.”

Mudança: a partir dos anos 90, operou-se uma transformação na forma de se atender as pessoas com transtorno
mental, abandonando o modelo hospitalocêntrico e partindo para um modelo ambulatorial. Prefere-se, portanto,
o atendimento em meio aberto, preservando a convivência familiar.

✓ Atendimento priorizado via CAPS (centro de atenção psicossocial) e residências terapêuticas

✓ Rede de atenção à saúde mental

✓ Integra o sus através da rede de atenção psicossocial (RAPS)

Integra a RAPS a “Atenção Residencial de Caráter Transitório” e dentre elas as comunidades terapêuticas
acolhedoras.

- É muito comum a intervenção policial em algumas entidades terapêuticas que ainda não adotam o modelo de
atendimento ambulatorial, mas sim o hospitalar (= manicômios). É fato que a internação hospitalar pode ser

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necessária em alguns casos, mas ainda nestes casos ela deve ser feita de um modo muito diferente do que
acontecia nos manicômios.

• COMUNIDADE TERAPÊUTICA ACOLHEDORA

Entidades privadas de “acolhimento” voluntário de usuário ou dependente de droga: só pode estar em uma
comunidade terapêutica a pessoa que desejou, voluntariamente, estar lá. Consequentemente, tais comunidades
não podem atender outras modalidades de internação como a involuntária ou a compulsória.

➢ Em regime residencial e temporário (por até 09 meses).

São proibidas de atender em qualquer modalidade de internação => voluntária, involuntária e compulsória
(art.23-A,§9º da Lei n.11.343/06, com a redação dada pela Lei n.13.840/19, o art.4º, §§ 2º e 3º da Lei n. 10.216/01
e o art.19,III, da Resolução ANVISA RDC 29/11).

Art. 23-A, Lei n.11.343/06. O tratamento do usuário ou dependente de drogas deverá ser ordenado em uma rede
de atenção à saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento ambulatorial, incluindo
excepcionalmente formas de internação em unidades de saúde e hospitais gerais nos termos de normas dispostas
pela União e articuladas com os serviços de assistência social e em etapas que permitam: (Incluído pela Lei
nº 13.840, de 2019)

§ 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de internação nas comunidades terapêuticas


acolhedoras. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

Art. 4o, Lei n. 10.216/01. A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos
extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.

§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa
portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais,
de lazer, e outros.

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§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características
asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os
direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.

Art. 19, Resolução ANVISA RDC 29/11. No processo de admissão do residente, as instituições devem garantir:
III - a permanência voluntária;

ATENÇÃO: as 3 modalidades de internação devem ser feitas em unidades de saúde e estabelecimentos


hospitalares (art.23-A,§2º da referida Lei n.11.343/06) e não pode acolher crianças e adolescentes diante da
incompatibilidade com o sistema de acolhimento institucional preconizado pelo ECA.

Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente de drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção à
saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento ambulatorial, incluindo excepcionalmente formas de
internação em unidades de saúde e hospitais gerais nos termos de normas dispostas pela União e articuladas com
os serviços de assistência social e em etapas que permitam: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 2º A internação de dependentes de drogas somente será realizada em unidades de saúde ou hospitais gerais,
dotados de equipes multidisciplinares e deverá ser obrigatoriamente autorizada por médico devidamente
registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento no qual se dará
a internação. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

• LEI 10.216/01 – LEI DA REFORMA PSIQUIÁTRICA

- A Lei 10216/01 foi um marco para a Reforma Psiquiátrica no Brasil.

ART.4º, §3º DA LEI 10.216/01: veda a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições
com características asilares (p.ex. Instituições de Longa Permanência para Idosos - ILPI).

Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se
mostrarem insuficientes.

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§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características
asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os
direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.

ART.2º DA LEI 10.216/01: garante proteção sem qualquer preconceito e o parágrafo único elenca os direitos
básicos.

Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis
serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:

I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;

II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua
recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;

III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;

IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;

V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização
involuntária;

VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;

VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;

VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;

IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.

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ART.6º DA LEI 10.216/01: três modalidades de internação psiquiátrica, todas precedidas de laudo médico
circunstanciado:

Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize
os seus motivos.

Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:

I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;

II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e

III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.

✓ INTERNAÇÃO VOLUNTÁRIA: a pessoa passa por uma avaliação médica, a qual constatará se há necessidade de
internação ou não. O objetivo é proteger a pessoa que se encontra em sofrimento psíquico, evitando que ela seja
desnecessariamente internada, como ocorrer em alguns casos, nos quais os familiares desejam internar a pessoa
sem um motivo razoável.

✓ INTERNAÇÃO INVOLUNTÁRIA: é extrajudicial e sem consentimento do paciente, devendo ser comunicada ao


MP estadual em 72 horas pelo responsável técnico do estabelecimento.

✓ INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA: determinada judicialmente – também tem previsão no Estatuto do Idoso -


ART.45, IV. Cabe lembrar que a internação compulsória só pode acontecer se houver autorização médica.

Art. 45, Lei nº 10.741. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou o Poder
Judiciário, a requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:

I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade;

II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;

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III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;

IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de


drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação;

✓ INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA: a responsabilidade solidária pela efetivação é da União, Estado, DF e Município


(ART.23, II DA CF/88).

➢ NÃO ATENDIDOS OS REQUISITOS LEGAIS – HABEAS CORPUS

ATENÇÃO: se o paciente estiver estabilizado, não havendo mais necessidade de permanecer internado, o médico
pode dar alta e comunicar o magistrado, não havendo necessidade de se aguardar a autorização judicial para que
seja possível a alta. Neste caso, a permanência da pessoa no local mesmo com a emissão da alta pode ensejar a
impetração de Habeas corpus.

• LEI DE DROGAS N.11.343/06

Lei n.11.343/06: institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD.

A Redação dada pela Lei n.13.840/19, estabelece:

✓ internação de dependentes de drogas somente em unidades de saúde ou hospitais gerais, dotados de equipes
multidisciplinar

✓ deverá ser obrigatoriamente autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de
Medicina do Estado onde se localize o estabelecimento no qual se dará a internação (art.23-A,§2º)

Lei de drogas n.11.343/06 com redação da Lei 13.840/19

- Define dois tipos de internação: VOLUNTÁRIA e INVOLUNTÁRIA

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Involuntária: além do tradicional pedido de familiar ou do responsável legal, também poderá ocorrer, na absoluta
falta daqueles, de servidor público da área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do
SISNAD, COM EXCEÇÃO de servidores da área de segurança pública, que constate a existência de motivos que
justifiquem a medida.

- Acredita-se que a hipótese de internação voluntária foi criada para dar vazão aos casos da cracolândia, o que
pode ser concluído ao observarmos que o servidor público ligado a saúde ou a assistência social pode requerer a
internação.

Estabelece em seu art.23-A,§7º: todas as internações e altas de que ela trata (voluntária e involuntária – art.23-
A,§3º) deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 (setenta e duas) horas, ao Ministério Público, à Defensoria
Pública e a outros órgãos de fiscalização.

Art. 23—A, § 7º, Lei 11.343/2006. Todas as internações e altas de que trata esta Lei deverão ser informadas, em,
no máximo, de 72 (setenta e duas) horas, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros órgãos de
fiscalização, por meio de sistema informatizado único, na forma do regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei
nº 13.840, de 2019)

• INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA NO CASO DE DROGADIÇÃO

DROGADIÇÃO => O Ministério Público continua legitimado para:

✓ Ajuizar ação de internação compulsória quando o assistido não dispuser de respaldo familiar e estiverem
satisfeitos os demais requisitos legais, especialmente a recomendação médica

✓ Se for necessário buscar uma avaliação médica, p.ex. no caso da pessoa estar em situação de rua, na rua e sem
respaldo familiar poderá:

✓ Intentar ação civil pública de obrigação de fazer contra a Municipalidade para tal fim e, constatada a
necessidade, deixar que a internação prossiga na modalidade involuntária (a pedido de servidor público da área
de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, com exceção de servidores da área
de segurança pública)

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• REDUÇÃO DE DANO

- Conjunto de políticas, programas e práticas

OBJETIVO: reduzir os danos que são associados ao uso de drogas psicoativas. Não é uma forma de tratamento.

- Está focada nas pessoas que ainda usam droga

- Visa prevenção de danos e não a paralização do uso (Exemplo.: orientação para uso de material descartável).

JURISPRUDÊNCIA – importante lembrar

STJ – TEMAS

106: medicamentos não incorporados em atos normativos dos SUS (atenção porque a decisão primitiva foi
alterada em razão do acolhimento de embargos de declaração e também sofreu modulação)

766: legitimidade do MP para postular medicamentos ou tratamentos médicos nas demandas de saúde propostas
contra os entes federativos, mesmo quando se tratar de feitos contendo beneficiários individualizados

98: possibilidade de imposição de multa diária (astreintes) como meio de compelir a Fazenda Pública a adimplir a
obrigação de fornecimento de medicamento

STF - TEMAS

262 – Legitimidade do MP para ajuizar ação civil pública que tem como objetivo compelir entes federados a
entregar medicamentos a portadores de certas doenças

500 – Obrigatoriedade do Estado de fornecer medicamento não registrado na ANVISA (há indicação de vários
requisitos)

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793 - Existência de solidariedade entre os entes federados nas demandas prestacionais na área da saúde (art.23,II
da CF/88)

JURISPRUDÊNCIA RELEVANTE

STF - ACOMPANHAR (ainda não julgado):

TEMA 698 (RECURSO EXTRAORDINÁRIO 684612/RJ): Limites do Poder Judiciário para determinar obrigações de
fazer ao Estado (implementação de política pública na área da saúde)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 566471/RN, REL. Min. Marco Aurélio: dever do Estado de fornecer medicamento
de alto custo a portador de doença grave que não possui condições financeiras para compra-lo

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