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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

Silvio Maciel
Lei dos Crimes Ambientais
Aula 20

ROTEIRO DE AULA

TEMA: LEI DE CRIMES AMBIENTAIS (Lei n. 9.605/1998)

Além da lei específica de crimes ambientais, temos o Código Penal que tem uma parte geral tratando de aplicação
de pena, sursis, transação penal, espécies de ação penal, etc. Temos a parte especial do CP que tipifica os crimes
em espécie. O que cai no concurso é a parte geral. A parte dos crimes ambientais em espécie cai pouco, sendo
cobrada a letra seca da lei. Essa aula será focada na parte geral dos crimes ambientais, que é cheia de
particularidades e regras distintas do Código Penal.

1. Responsabilidade penal das pessoas físicas nos crimes ambientais (art. 2º da Lei n. 9.605/1998)

Art. 2º - Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes
cominadas, na medida da sua culpabilidade, / bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de
órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta
criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

Esse artigo 2º tem que ser estudado em duas partes. Na primeira parte, o dispositivo não trouxe nenhuma
novidade, porque até a palavra “culpabilidade” o art. 2º está repetindo o art. 29, caput, do CP (existe concurso de
pessoas e se adota a Teoria Monista ou Unitária). Todos aqueles que concorrem para o crime respondem pelas

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penas do crime na medida de sua culpabilidade, sendo desnecessário já que o CP se aplica subsidiariamente à Lei
de Crimes Ambientais.

Já na segunda parte do dispositivo, temos relevância porque o diretor, o administrador, o conselheiro, o


integrante de órgão técnico, o auditor, o gerente ou o preposto de pessoa jurídica responde por omissão nos
crimes ambientais. Essa segunda parte do art. 2º está permitindo que os representantes das pessoas jurídicas
respondem por omissão nos crimes ambientais.

Os integrantes da pessoa jurídica respondem quando cometem crimes ambientais, mas também respondem
quando eles não impedem a prática do crime ambiental. Respondem tanto por ação quanto por omissão, ou seja,
o art. 2º, segunda parte, criou para essas pessoas o chamado dever jurídico de agir e de evitar os crimes
ambientais, o que faz com que a omissão dessas pessoas passe a ser uma omissão penalmente relevante, nos
termos do art. 13, § 2º, “a” do CP.

CUIDADO! Toda vez que houver um crime no âmbito de uma empresa, podemos punir o diretor por omissão?
Não. Para que a omissão seja criminosa, são necessários dois requisitos:

• A pessoa podia agir para evitar o resultado; e


• Se ela devia agir para evitar o resultado.

Omissão criminosa em Direito Penal só existe quando o omitente podia e devia agir para evitar o resultado (crime
por omissão = devia + podia). Se a pessoa não devia agir para evitar o resultado, ela não responde. Se ela não
podia agir para evitar o resultado, ela também não responde. Os dois requisitos são cumulativos.

O presidente da empresa multinacional dá uma ordem para que sejam jogados dejetos em um determinado rio,
configurando crime de poluição ambiental. Não se pode punir o diretor de marketing da empresa porque ele não
tem poderes para evitar esse crime dentro da estrutura organizacional da empresa. Para que um indivíduo
responda nesses casos, é necessário que ele tenha ciência do crime e ele poder agir para evitar o crime.

- O problema das denúncias genéricas nos crimes societários

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Denúncia genérica em crime societário é denúncia inepta. Isso é válido não só para os crimes ambientais, sendo
válido para qualquer crime praticado no âmbito das empresas, qualquer crime societário (crimes de licitação,
fiscais, contra a ordem econômica, contra a ordem tributária, etc.).

Denúncia genérica é aquela que inclui a pessoa na denúncia, como ré na ação penal pelo simples fato da
condição/cargo que ela ostenta na empresa. Contudo, essa denúncia genérica não esclarece qual foi o
envolvimento ou a participação da pessoa no crime. É aquela que denuncia a pessoa apenas porque ela consta no
estatuto social da empresa como sócia ou gerente, por exemplo.

Assim, fica inviabilizado o exercício do contraditório e da ampla defesa porque não foi narrado com precisão o
fato criminoso e como aquela pessoa supostamente teria participado. É uma denúncia que não preenche os
requisitos do art. 41 do CPP, que diz que a denúncia deve narrar o fato criminoso com todas as suas circunstâncias,
sendo uma denúncia inepta.

➢ Exemplo: uma chaminé de uma fábrica das Indústrias Matarazzo estava emitindo poluentes acima do
permitido no Rio Grande do Sul. O Ministério Público denunciou a proprietária das Indústrias Matarazzo,
que fica no escritório da empresa na Avenida Paulista, em São Paulo por crime ambiental pelo simples
fato de ela ser a proprietária, mas sem indicar o fato criminoso que ela teria praticado. O STJ mandou
trancar a ação porque a denúncia era genérica, inepta em relação à proprietária.

Isso acontece muito em crime tributário porque, nesses casos, o sujeito monta uma empresa e precisa de um
sócio antes de existir a figura da EIRELI. Ele pedia para a mãe, para o irmão, assinar como sócio minoritário com
1%. Dez anos depois, esse sujeito comete um crime tributário e o MP oferece a denúncia contra ele e a mãe junto
só porque a mãe consta no estatuto social como proprietário de 1% da empresa.

Geralmente, nos crimes ambientais, há também o ilícito administrativo ambiental sujeita à pena de multa, a
autuações pelo IBAMA ou demais órgãos ambientais. Nos crimes tributários, não pode haver denúncia enquanto
não houver o encerramento do processo administrativo fiscal com o lançamento definitivo do tributo (Súmula
Vinculante n. 24).

Assim, se criou a tese de que nos crimes ambientais também deve ser assim, ou seja, só pode haver denúncia por
crime ambiental quando encerrado o processo administrativo ambiental. Essa tese não “pegou”. O STJ já pacificou

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o entendimento de que a ação penal por crime ambiental não depende do encerramento do processo
administrativo ambiental no IBAMA, por exemplo.

“RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIMES AMBIENTAIS (ART. 2.º, CAPUT, DA LEI N.º 8.176/91 E ART.
55 DA LEI N.º 9.605/98). ALEGADO EXCESSO DE PRAZO NO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. AUSÊNCIA DE
CONSEQUÊNCIAS PARA O RECORRENTE. ILEGALIDADE NÃO EVIDENCIADA. 1. Da leitura do artigo 46 do Código de
Processo Penal, depreende-se que, em se tratando de réu solto, o prazo para a apresentação da peça inaugural
pelo Parquet é de 15 (quinze) dias, contados da data em que for recebido o inquérito policial. 2. Na hipótese em
apreço, não há nos autos a data precisa em que o inquérito policial, instaurado em 13.8.2008, foi concluído, sendo
certo apenas que, após a conclusão das investigações e a formação da opinio delicti pelo órgão acusador, foi
ofertada denúncia contra o paciente, recebida pelo Juízo de origem em 27.4.2010. 3. Contudo, ainda que não seja
possível aferir se o prazo de 15 (quinze) dias a ser contado do recebimento do inquérito policial foi ou não
observado pelo Ministério Público, não há dúvidas de que o seu eventual descumprimento não recebe qualquer
sanção do ordenamento jurídico, tendo como consequência somente a possibilidade de a vítima ingressar com
ação penal subsidiária da pública. INQUÉRITO POLICIAL INCONCLUSIVO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO
PENAL. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1. É assente na doutrina e na jurisprudência
o entendimento no sentido de que o inquérito policial é dispensável para a propositura da ação penal, que
pressupõe, apenas, a existência de documentos que forneçam subsídios à atuação do órgão ministerial. 2. Assim,
sendo o inquérito policial mera peça informativa, independentemente de suas conclusões, pode o Ministério
Público iniciar a persecução penal caso entenda presentes, nos elementos nele contidos, indícios de autoria e
materialidade. TRAMITAÇÃO CONCOMITANTE DE PROCESSO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL. INDEPENDÊNCIA DE
INSTÂNCIAS. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. 1. A tramitação de processo
administrativo não impede a instauração de ação penal quando constatada a suposta ocorrência de delito
ambiental, dado o princípio da independência de instâncias que vigora no sistema jurídico pátrio. INEXISTÊNCIA
DE INQUÉRITO CIVIL OU DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE DA AÇÃO PENAL.
AUSÊNCIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA DE CADA UM DOS SUPOSTOS ENVOLVIDOS. LITISPENDÊNCIA.
MÁCULAS NÃO APRECIADAS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO. 1.
As questões ora arguidas não foram analisadas pelo Tribunal de origem por ocasião do julgamento do prévio
mandamus, o que impede a sua apreciação diretamente por este Superior Tribunal de Justiça, sob pena de se
incidir na indevida supressão de instância. 2. Recurso parcialmente conhecido e, na parte remanescente,
improvido. (STJ, RHC 31.948/MG, Relator Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, j. 26.02.2013, Dje 12.03.2013)”.

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2. Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais (Art. 3º da Lei 9.605/1998 e art.
225, § 3º da CF)

Art. 3º - As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta
Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu
órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Art. 225 da CF: (...)


§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Esse é o tema mais importante em Direito Ambiental Criminal, sendo objeto de vários livros. A polêmica sobre a
responsabilidade penal das pessoas jurídicas nos crimes ambientais começou com a CF/1988 porque, a partir
desse texto constitucional, começou a se perguntar se a CF teria criado a responsabilidade penal das pessoas
jurídicas por crimes no Brasil.

Essa discussão ganhou força de vez quando entrou em vigor o art. 3º da Lei de Crimes Ambientais. A partir de
1998 é que começou de vez a polêmica sobre a responsabilidade penal das pessoas jurídicas nos crimes
ambientais. Existem opiniões e argumentos para todos os lados e o professor os sistematizou em três correntes.

2.1. Correntes sobre a responsabilidade penal da pessoa jurídica

1ª Corrente: a CF/1988 não prevê responsabilidade penal da pessoa jurídica. Consequentemente, o art. 3º da Lei
de Crimes Ambientais é materialmente e parcialmente inconstitucional por violação ao art. 225, § 3º da CF, no
ponto em que prevê responsabilidade penal da pessoa jurídica. São fundamentos dessa 1ª corrente:

• A própria interpretação do art. 225, § 3º da CF. Esse dispositivo constitucional diz, nessa ordem, que as
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e sanções administrativas, independentemente da obrigação de reparar o dano.

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Na verdade, para esta 1º corrente, o que o art. 225, § 3º da CF está dizendo é o óbvio, ou seja, que pessoa física
pratica conduta criminosa e sofre sanção penal. E pessoa jurídica exerce atividade degradante e sofre sanção
administrativa e ambas têm responsabilidade civil de reparar o dano.

• Princípio da Intranscendência/Incomunicabilidade da Responsabilidade Penal (art. 5º, XLV da CF). A


pena e a responsabilidade penal não podem passar da pessoa do infrator, logo a pessoa jurídica não pode
ser responsabilizada penalmente por crimes praticados pela pessoa física.

2ª Corrente: pessoa jurídica não comete crime.

• Teoria Civilista da Ficção Jurídica de Savigny. Esta Teoria parte do pressuposto de que pessoa jurídica é
uma ficção jurídica, um ente fictício. Portanto, a pessoa jurídica é desprovida de atributos de uma pessoa
humana. Logo, não pode cometer crime porque o crime exige atributos exclusivos de pessoas humanas
(dolo ou culpa → consciência e vontade).

• Pessoa jurídica não possui culpabilidade porque a culpabilidade é composta de três elementos:
imputabilidade (capacidade mental de entender e querer), potencial consciência da ilicitude (capacidade
de entender o caráter ilegal da conduta que está praticando) e exigibilidade de conduta diversa (a
possibilidade de se exigir outra conduta). A pessoa jurídica não tem nada disso.

• Desnecessidade da pena. A pena criminal não cumpre nenhuma função em relação à pessoa jurídica
porque a pessoa jurídica, sendo um ente fictício, é incapaz de assimilar as finalidades preventiva e
ressocializadora da pena.

Essa 2º corrente sustenta que o art. 225, § 3º da CF criou a responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas esse
artigo não é autoaplicável dependendo de regulamentação legal, que é a criação de uma teoria do crime própria
para pessoas jurídicas.

A responsabilidade penal da pessoa jurídica só pode ser aplicada, para essa corrente, o dia que for criado no CP
uma teoria do crime própria para as pessoas jurídicas, que não seja fundada em pressupostos humanos, como
aconteceu na França.

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3ª Corrente: pessoa jurídica comete crime.

• Teoria Civilista da Realidade/Personalidade Real de Otto Gierke. As pessoas jurídicas não são ficções
jurídicas, são entes reais dotados de vontade e autonomia próprias e distintas da existência das pessoas
físicas que as compõem. Portanto, pessoa jurídica pode delinquir utilizando a chamada teoria da
culpabilidade social.

A 1ª corrente é minoritária. O que prevalece no Brasil amplamente na doutrina e na jurisprudência é que a


CF/1988 prevê sim a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Mas, é possível punir criminalmente a pessoa
jurídica com a teoria do crime que temos hoje no CP?

É possível punir criminalmente pessoa jurídica no Brasil. Para a pessoa jurídica ser punida criminalmente, são
necessários dois requisitos e isso não é posicionamento doutrinário. Esses dois requisitos cumulativos estão
expressamente previstos no art. 3º da Lei de Crimes Ambientais. São eles:

• A decisão de cometer o crime seja uma decisão praticada pelo seu representante legal, contratual ou pelo
seu órgão colegiado; e
• Que o crime seja praticado no interesse ou benefício da pessoa jurídica.

Em suma, a pessoa jurídica só será punida se a decisão do crime foi tomada pelo seu representante legal,
contratual ou pelo seu órgão colegiado e se o crime for praticado no interesse ou benefício da empresa. Vamos
supor que a decisão de cortar árvores em área proibida foi do funcionário da motosserra, por sua conta e risco,
porque ali era mais fácil cortar e ele ganhava por árvores cortadas.

A decisão de cometer o crime foi do funcionário da motosserra, não foi do representante legal, contratual ou do
órgão colegiado da pessoa jurídica. Portanto, neste exemplo, não há que se falar em responsabilidade penal da
pessoa jurídica.

Por outro lado, vamos supor que o gerente de uma empresa, descontente com as condições de trabalho, manda
a empresa jogar detritos no rio e convoca jornalistas para filmar isso e isso contraria uma forte política de respeito
ao meio ambiente que a empresa tem fazendo com que a empesa perdesse credibilidade e consumidores. Esse é
um crime que não foi praticado nem no interesse e nem no benefício da empresa, pelo contrário.

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Em que pese, neste segundo exemplo, o crime ter sido praticado pelo representante legal da empresa, o gerente,
mas não foi um crime praticado no interesse ou benefício da empresa. Portanto, também não há que se falar em
responsabilidade penal da pessoa jurídica. Existe decisão do STJ de que, na denúncia contra pessoa jurídica, o MP
tem que descrever que a decisão foi do representante legal e qual foi o interesse ou o benefício da empresa, sob
pena de a denúncia ser inepta.

➢ É possível a pessoa jurídica ser punida por crime culposo? Essa é uma questão controvertida na doutrina,
mas prevalece que sim, desde que a decisão do representante legal, contratual ou do órgão colegiado da
empresa tenha sido uma decisão culposa, por exemplo, cometida por imperícia, por desconhecimento
das normas de segurança. Deve existir a forma culposa do crime ambiental.

2.2. Sistema da Dupla Imputação, Sistema de Imputações Paralelas ou Teoria da Dupla Imputação (Art. 3º,
parágrafo único da Lei 9.605/1998)

Art. 3º (...)
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou
partícipes do mesmo fato.

É possível punir, pelo mesmo crime, a pessoa jurídica e as pessoas físicas que a compõem. Pode haver concurso
de pessoas. Isso não seria bis in idem? Tem autor que diz que sim. Só que não é e o STJ já decidiu que o sistema
da dupla imputação do parágrafo único do art. 3º não configura bis in idem, dupla punição pelo mesmo crime
porque bus in idem significa punir duplamente pelo mesmo fato a mesma pessoa.

CRIMINAL. RESP. CRIME AMBIENTAL PRATICADO POR PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DO ENTE
COLETIVO. POSSIBILIDADE. PREVISÃO CONSTITUCIONAL REGULAMENTADA POR LEI FEDERAL. OPÇÃO POLÍTICA
DO LEGISLADOR. FORMA DE PREVENÇÃO DE DANOS AO MEIO-AMBIENTE. CAPACIDADE DE AÇÃO. EXISTÊNCIA
JURÍDICA. ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM NOME E PROVEITO DA PESSOA JURÍDICA. CULPABILIDADE
COMO RESPONSABILIDADE SOCIAL. CO-RESPONSABILIDADE. PENAS ADAPTADAS À NATUREZA JURÍDICA DO ENTE
COLETIVO. ACUSAÇÃO ISOLADA DO ENTE COLETIVO. IMPOSSIBILIDADE. ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM
NOME E PROVEITO DA PESSOA JURÍDICA. DEMONSTRAÇÃO NECESSÁRIA. DENÚNCIA INEPTA. RECURSO
DESPROVIDO. I. A Lei ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou a prever, de forma inequívoca,

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a possibilidade de penalização criminal das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente. III. A responsabilização
penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambientais advém de uma escolha política, como forma não apenas
de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas como forma mesmo de prevenção geral e especial. IV. A
imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na suposta incapacidade de praticarem uma ação de
relevância penal, de serem culpáveis e de sofrerem penalidades. V. Se a pessoa jurídica tem existência própria no
ordenamento jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus administradores, poderá vir a
praticar condutas típicas e, portanto, ser passível de responsabilização penal. VI. A culpabilidade, no conceito
moderno, é a responsabilidade social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita-se à vontade do
seu administrador ao agir em seu nome e proveito. VII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando
houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral. VIII. "De qualquer
modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu
representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado.". IX. A Lei Ambiental previu para as pessoas jurídicas
penas autônomas de multas, de prestação de serviços à comunidade, restritivas de direitos, liquidação forçada e
desconsideração da pessoa jurídica, todas adaptadas à sua natureza jurídica. X. Não há ofensa ao princípio
constitucional de que "nenhuma pena passará da pessoa do condenado...", pois é incontroversa a existência de
duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer forma contribui para a prática do delito - e uma jurídica, cada
qual recebendo a punição de forma individualizada, decorrente de sua atividade lesiva. XI. Há legitimidade da
pessoa jurídica para figurar no polo passivo da relação processual-penal. XII. Hipótese em que pessoa jurídica de
direito privado foi denunciada isoladamente por crime ambiental porque, em decorrência de lançamento de
elementos residuais nos mananciais dos Rios do Carmo e Mossoró, foram constatadas, em extensão aproximada
de 5 quilômetros, a salinização de suas águas, bem como a degradação das respectivas faunas e floras aquáticas
e silvestres. XIII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física,
que atua em nome e em benefício do ente moral. XIV. A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa
jurídica é a própria vontade da empresa. XV. A ausência de identificação das pessoas físicas que, atuando em
nome e proveito da pessoa jurídica, participaram do evento delituoso, inviabiliza o recebimento da exordial
acusatória. XVI. Recurso desprovido. (STJ, RHC 610.114/RN, Relator Ministro Gilson Gipp, Quinta Turma, j.
17.11.2005, Dje 19.12.2005)”.

➢ É possível denunciar, processar e condenar somente a pessoa jurídica por crime ambiental? Durante
muitos anos, o STJ disse que não seria possível porque só existe responsabilidade penal da pessoa jurídica,
que só pode ser punida por decisão de seu representante legal, contratual ou seu órgão colegiado. Por
isso, deveria necessariamente se responsabilizar quem tomou a decisão que culminou no crime.

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O STF, no julgamento do RE 548.181, entendeu que é possível responsabilizar somente a pessoa jurídica sem a
pessoa física. O argumento do STF foi de que o art. 225, § 3º da CF, ao tratar da responsabilidade penal da pessoa
jurídica, não exige que ela seja responsabilizada juntamente com a pessoa física. A partir desse julgamento, o STJ,
em overruling, mudou o entendimento dele e passou a entender também que é possível denunciar, processar e
condenar somente a pessoa jurídica.

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PENAL. CRIME AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA


JURÍDICA. CONDICIONAMENTO DA AÇÃO PENAL À IDENTIFICAÇÃO E À PERSECUÇÃO CONCOMITANTE DA PESSOA
FÍSICA QUE NÃO ENCONTRA AMPARO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 1. O art. 225, § 3º, da Constituição
Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea
persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe
a necessária dupla imputação. 2. As organizações corporativas complexas da atualidade se caracterizam pela
descentralização e distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo inerentes, a esta realidade, as
dificuldades para imputar o fato ilícito a uma pessoa concreta. 3. Condicionar a aplicação do art. 225, §3º, da Carta
Política a uma concreta imputação também a pessoa física implica indevida restrição da norma constitucional,
expressa a intenção do constituinte originário não apenas de ampliar o alcance das sanções penais, mas também
de evitar a impunidade pelos crimes ambientais frente às imensas dificuldades de individualização dos
responsáveis internamente às corporações, além de reforçar a tutela do bem jurídico ambiental. 4. A identificação
dos setores e agentes internos da empresa determinantes da produção do fato ilícito tem relevância e deve ser
buscada no caso concreto como forma de esclarecer se esses indivíduos ou órgãos atuaram ou deliberaram no
exercício regular de suas atribuições internas à sociedade, e ainda para verificar se a atuação se deu no interesse
ou em benefício da entidade coletiva. Tal esclarecimento, relevante para fins de imputar determinado delito à
pessoa jurídica, não se confunde, todavia, com subordinar a responsabilização da pessoa jurídica à
responsabilização conjunta e cumulativa das pessoas físicas envolvidas. Em não raras oportunidades, as
responsabilidades internas pelo fato estarão diluídas ou parcializadas de tal modo que não permitirão a imputação
de responsabilidade penal individual. 5. Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na parte conhecida,
provido. (RE 548181, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 06/08/2013”.

3. Desconsideração da Personalidade Jurídica (Art. 4º da Lei 9.605/1998)

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Art. 4º - Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Essa lei é uma lei de crimes ambientais. Um dos maiores ambientalistas do Brasil sustenta que esse art. 4º permite
a desconsideração da pessoa jurídica para que possa punir criminalmente as pessoas físicas. O professor discorda
desse entendimento porque o art. 4º não permite desconsideração para responsabilidade penal, mas sim para
que a responsabilidade civil recaia sobre as pessoas físicas ou para que a responsabilidade administrativa recaia
sobre as pessoas físicas, mas não a responsabilidade penal.

O art. 5º, XLV da CF trata que a responsabilidade penal é intransferível, intranscendente, não passando da pessoa
do infrator. Então, não podemos desconsiderar a pessoa jurídica para transmitir responsabilidade criminal da
pessoa jurídica para a pessoa física. Além disso, o art. 4º está dizendo que essa desconsideração ocorre para
ressarcimento dos prejuízos.

Portanto, em que pese esse art. 4º estar alocado na parte criminal da lei, é um instituto de desconsideração da
pessoa jurídica para transferência de responsabilidade civil e administrativa. Se a pessoa jurídica, em uma ação
civil pública, foi condenada a pagar R$ 50.000,00 e tomou uma multa do IBAMA de mais R$ 50.000,00. Nesse caso,
pode se desconsiderar a pessoa jurídica para transferir essa responsabilidade civil e administrativa para a pessoa
física através do incidente de desconsideração da personalidade jurídica do CPC.

4. Aplicação da pena nos crimes ambientais

CÓDIGO PENAL LEI DE CRIMES AMBIENTAIS


1ª etapa: quantidade de pena, seguindo o critério Se o condenado é pessoa física: o juiz segue as três
trifásico da pena-base (art. 59), agravantes e etapas do CP, só que baseado nas regras particulares
atenuantes (arts. 61 a 65) e causas de aumento e de da própria Lei de Crimes Ambientais.
diminuição de pena (parte geral, parte especial e
legislação especial); Se o condenado é pessoa jurídica: o juiz só segue a
primeira etapa do CP porque não existe pena de prisão
2ª etapa: estabelece o regime inicial de cumprimento para pessoa jurídica.
de pena (art. 33);

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3ª etapa: juiz verifica a possibilidade de substituir a
prisão por penas restritivas de direito ou multa ou
suspender a execução da pena (sursis).

4.1. Aplicação da pena para pessoa física

Na 1ª etapa, o juiz verifica a quantidade de pena, a fixando pela pena-base com fundamento das circunstâncias
judiciais do art. 6º da Lei de Crimes Ambientais e não do art. 59 do CP. Para o juiz calcular a pena-base nos crimes
ambientais, ele não segue o art. 59 do CP.

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:


I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o
meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

O inciso I leva em consideração que, normalmente, as vítimas dos crimes ambientais são difusas. Por isso, as
consequências do crime deverão ser analisadas conforme a saúde pública e o meio ambiente. No inciso II, o juiz
não leva em conta os maus antecedentes criminais, mas sim os ambientais, como se o infrator já sofreu cinco
multas do IBAMA ele tem maus antecedentes ainda que nunca tenha respondido a processo criminal ambiental.

Após fixar a pena-base, o juiz aplica as agravantes e atenuantes, mas não as dos arts. 61 a 65 do CP e sim as
agravantes dos arts. 14 e 15 da Lei de Crimes Ambientais. No CP, existe a reincidência genérica. Se o indivíduo
cometeu um furto e comete um desacato, ele é reincidente.

Na Lei de Crimes Ambientais, não. Só existe a agravante da reincidência se for uma reincidência específica em
crimes ambientais. Portanto, se o indivíduo tem uma condenação definitiva por furto e é condenado por crime
ambiental, o juiz não pode aplicar a agravante da reincidência, porque só existe se tiver condenação por sido um
crime ambiental anterior.

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➢ E se ele tem uma condenação definitiva por contravenção penal ambiental e comete um crime
ambiental, o juiz pode aplicar a agravante da reincidência? Claro que não, porque condenação anterior
por contravenção penal não gera reincidência no cometimento de crime ambiental.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:


I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da
degradação ambiental causada;
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de
uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por
incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

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r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Fixada as agravantes e atenuantes, o juiz aplica as causas gerais e especiais de aumento e de diminuição de pena,
sendo aplicáveis tanto as do CP (tentativa, crime continuado, arrependimento posterior etc.), quanto as da Lei de
Crimes Ambientais.

Cumprida a 1ª etapa, o juiz passa à 2ª etapa, onde ele fixa o regime inicial de cumprimento de pena. A Lei de
Crimes ambientais não tem nenhuma regra de regime inicial de cumprimento de pena, se aplicando
subsidiariamente as regras do art. 33 do CP.

Na 3ª etapa, o juiz verifica a possibilidade de:

a) Substituir a prisão por restritivas de direitos ou multa; ou


b) Suspender a execução da pena de prisão – sursis.

Quanto às penas restritivas de direitos, elas estão tratadas nos arts. 7º a 13 da Lei de Crimes Ambientais. São duas
as características (art. 7º, caput):

• Autonomia;
• Substitutividade.

São requisitos para a substituição:

LEI DE CRIMES AMBIENTAIS CÓDIGO PENAL


- Crime culposo, qualquer que seja a pena; - Crime culposo, qualquer que seja a pena;
- Crime doloso com pena aplicada inferior a 4 anos; - Crime doloso com pena igual ou inferior a 4 anos;
- Circunstâncias judiciais favoráveis. - Circunstâncias judiciais favoráveis;
- Não reincidência em crime doloso, em regra.

Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;

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II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e
as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do
crime.
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena
privativa de liberdade substituída.

Art. 8º As penas restritivas de direito são:


I - prestação de serviços à comunidade;
II - interdição temporária de direitos;
III - suspensão parcial ou total de atividades;
IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar.

Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a
parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada,
na restauração desta, se possível.

Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder
Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo
prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.

Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com
fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta
salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o
infrator.

Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que
deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos
dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme
estabelecido na sentença condenatória.

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A pena criminal de multa está prevista no art. 18 da Lei dos Crimes Ambientais.

Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no
valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.

➢ Qual é a diferença da multa do Código Penal para a multa da Lei dos Crimes Ambientais? No CP, a multa,
mesmo que aplicada no máximo, ainda pode ser triplicada tendo em vista a situação econômica do
criminoso. Já na Lei dos Crimes Ambientais é diferente, a pena aplicada no máximo também pode ser
triplicada, mas com base na vantagem econômica auferida com o crime.

Na terceira etapa da aplicação da pena da pessoa física, o juiz verifica a possibilidade de substituir a prisão por
restritivas de direitos ou multa ou de suspender a execução da pena de prisão, ou seja, conceder o sursis. Na Lei
de Crimes Ambientais, o sursis está previsto nos arts. 16 e 17 e há duas diferenças em relação ao CP.

No CP, o sursis é cabível nas condenações até 2 anos. Na Lei de Crimes Ambientais, não. É em condenações não
superiores a três anos, até três anos, sendo mais benéfica que o CP. No CP existe o chamado sursis especial (art.
78, § 2º), que é concedido para o condenado que tenha circunstâncias judiciais favoráveis do art. 59 e que tenha
reparado o dano ou demonstrada a impossibilidade de reparar.

O nome é sursis especial porque o condenado ficará sujeito a algumas condições especiais, menos severas do que
as do sursis simples, como a proibição de se ausentar da comarca, por exemplo. A Lei de Crimes Ambientais
também prevê um sursis especial em seu art. 17, porém com três diferenças em relação ao CP:

1) O sursis especial do art. 17 da Lei de Crimes Ambientais cabe nas condenações até três anos e não nas
condenações até dois anos;
2) A reparação do dano só pode ser comprovada por laudo ambiental, não servindo outro meio de prova;
3) As condições que o réu terá de cumprir não são aquelas condições do CP e sim condições relacionadas
com a proteção do meio ambiente.

Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de
condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

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Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de
reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao
meio ambiente.

4.2. Aplicação da pena para pessoa jurídica (arts. 21 a 23 da Lei n. 9.605/1998)

É intuitivo que pessoa jurídica não pode sofrer pena de prisão. As penas criminais previstas para a pessoa jurídica
são a multa (art. 18), as restritivas de direitos e de prestação de serviços à comunidade, que não deixa de ser uma
pena restritiva de direitos.

As penas restritivas de direitos e prestação de serviços à comunidade das pessoas jurídicas não são substitutivas
da prisão porque não existe prisão para as pessoas jurídicas, elas são penas principais. Ocorre que o legislador se
esqueceu de estabelecer o prazo destas penas, então a solução que a doutrina dá é aplicar essas penas restritivas
de direitos de forma direta com base nos limites mínimos e máximos da pena de prisão prevista para o crime.
Essas penas estão especificadas nos arts. 22 e 23.

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto
no art. 3º, são:
I - multa;
II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:


I - suspensão parcial ou total de atividades;
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou
regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida
autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.

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§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá
exceder o prazo de dez anos.

Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:
I - custeio de programas e de projetos ambientais;
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

5. Liquidação Forçada da Pessoa Jurídica (art. 24 da Lei de Crimes Ambientais)

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar
a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado
instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

A primeira questão que se coloca aqui é que existe doutrinadores minoritários que dizem que a liquidação forçada
é “a pena de morte da pessoa jurídica” porque a pessoa jurídica vai ser extinta, vai desaparecer, ser liquidada.
Portanto, se trata de pena de morte e é inconstitucional porque a CF proíbe a pena de morte e essa proibição
constitucional deve receber interpretação extensiva para incluir essa pena de morte da pessoa jurídica, já que se
trata de uma norma de direito fundamental, que deve ser interpretada de forma ampliativa.

Essa tese é muito forçada porque a CF proíbe pena de morte de pessoa física, está se referindo à morte biológica
da pessoa humana. O art. 24 é constitucional, mas a doutrina diz que ele deve ser aplicado como ultima ratio,
como últimas das medidas pelos efeitos colaterais que isso causa. Quando se extingue uma empresa, pessoas
perderão seus empregos, fornecedores e credores poderão deixar de receber.

➢ Exemplo de questão de prova: uma empresa de madeira que existe há 10 anos no mercado foi
surpreendida transportando um caminhão dentro do qual havia algumas madeiras de comercialização
proibida porque estão na lista de extinção do órgão ambiental. Esta empresa pode ser liquidada
forçadamente? Claro que não.

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Devemos prestar atenção ao advérbio “preponderantemente” do art. 24. Esta liquidação forçada não pode ser
aplicada à uma pessoa jurídica que eventualmente delinquiu, só podendo ser aplicada àquela empresa que foi
constituída para a prática de crimes ambientais, preponderantemente. Se alguém abriu uma pessoa jurídica em
uma madeireira para produzir 80% de madeira ilegal. Aí sim poderia ter essa pena de liquidação forçada.

6. Sentença penal condenatória ambiental (art. 20 da Lei n. 9.605/1998)

A Lei de Crimes Ambientais é de 1998 e prevê a possibilidade, no art. 20, de o juiz, ao condenar o réu, fixar um
valor para reparação do dano ambiental. Isso, na época, foi uma novidade extraordinária porque na época juiz
criminal não podia fixar valor de indenização civil. A sentença não precisaria sequer ser liquidada.

Esse dispositivo hoje perdeu muito de sua importância porque em 2008 ou 2011, em uma das reformas do CPP,
foi alterado o art. 387 que hoje permite ao juiz, em qualquer condenação criminal, fixar valor de indenização civil.

➢ O juiz criminal pode fixar valor de dano moral, em crimes de maus tratos contra animais, por exemplo?
Hoje é pacífico no STJ que o juiz criminal pode fixar valor de indenização inclusive por dano moral.

➢ (Concurso de Delegado MT) O que é transporte in utilibus da sentença penal condenatória? O art. 103,
§ 3º do CDC diz que nas ações coletivas, quando o pedido é julgado procedente, esta sentença de
procedência da ação coletiva pode ser utilizada para o ajuizamento de ações individuais de execução, de
cumprimento de sentença.

Vamos supor que o MP entrou com uma ação civil pública contra a Volkswagen porque essa empresa produziu
um carro cujo banco dá dor nas costas das pessoas, prejudicando a saúde do consumidor. A sentença foi julgada
procedente e a Volkswagen foi condenada a fazer recall.

O consumidor que comprou desses carros e que tiver dor nas costas não precisa entrar com uma ação de
conhecimento e comprovar que o banco está dando dor nas costas dele, basta ele pegar aquela sentença proferida
na ação civil pública e executar, pleiteando a indenização. Ou seja, a sentença coletiva pode se transportar para
ações individuais.

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Uma usina foi condenada em uma ação civil pública pela poluição de um rio, condenada por crime ambiental a
pagar R$ 2 milhões de multa porque poluiu o rio, só que essa poluição prejudicou 30 pescadores que moram na
beira do rio. Esses 30 pescadores não precisam entrar com ações individuais de indenização, basta que eles
peguem a sentença penal condenatória contra a usina para ações de execução individual de danos morais.

Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado
nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.

7. Confisco dos instrumentos do crime ambiental (art. 25, § 5º da Lei n. 9.605/1998)

No CP, nem todo instrumento do crime pode ser confiscado, só podendo ser confiscados os instrumentos do crime
que, por si só, são ilícitos. O sujeito estava praticando racha e o automóvel é o instrumento do crime, esse
automóvel é confiscado? Não, porque o automóvel, por si só, não é ilícito, então não está sujeito à confisco. O
sujeito cometeu um homicídio com uma arma registrada. Essa arma não é confiscada ao final do processo.

Na Lei de Crimes Ambientais, é diferente. Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, sejam
eles lícitos ou ilícitos. Um petrecho de pesca proibido é confiscado, mas o caminhão que transportou a madeira
ilegal também é confiscado. A rede do pescador é confiscada, a motosserra é confiscada.

Contudo, doutrina e jurisprudência entendem, de forma pacífica, que este art. 25, § 5º deve ser interpretado à luz
do princípio da razoabilidade. O instrumento do crime ambiental, se for por si só ilícito, tem que ser confiscado
mesmo (espingarda com a numeração raspada utilizada para caça).

Agora, se o instrumento do crime ambiental, por si só, é um instrumento lícito, como o caminhão que transportou
a madeira ilegal, esse instrumento do crime ambiental só deve ser confiscado se ficar comprovado que ele é
reiteradamente utilizado para a prática do crime ou ele está preparado, adaptado para a prática de crime.

O barco do pescador é, por si só, instrumento lícito. Foram apreendidos peixes proibidos no barco do pescador,
em época proibida. Este barco deve ser confiscado? Depende. Se esse barco é usualmente utilizado na prática de

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pesca ilegal, ele deve ser confiscado. Contudo, se esse barco foi utilizado esporadicamente na prática de crime
ambiental, ele não deve ser confiscado.

Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.
(...)
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio
da reciclagem.

8. HC para pessoa jurídica

Vamos supor que a pessoa jurídica foi denunciada por um crime ambiental prescrito e o juiz não reconheceu a
prescrição. Em Direito Ambiental, existe muita discussão se os crimes são instantâneos de efeitos permanentes e
quando começa a contar a prescrição. É necessário trancar essa ação porque, segundo jurisprudência pacificada
do STJ, o crime está prescrito.

Houve uma discussão no STF se cabia habeas corpus para pessoa jurídica e o que ficou decidido no HC 92.921/BA
é que o habeas corpus protege o direito de locomoção e, como pessoa jurídica não tem liberdade de locomoção,
não cabe habeas corpus em favor de pessoa jurídica, cabe apenas em favor de pessoa. O remédio seria mandado
de segurança. A ementa do julgado sugere que cabe habeas corpus, mas esse entendimento é voto vencido.

“PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME AMBIENTAL. HABEAS CORPUS PARA TUTELAR PESSOA JURÍDICA ACUSADA
EM AÇÃO PENAL. ADMISSIBILIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA: INOCORRÊNCIA. DENÚNCIA QUE RELATOU a
SUPOSTA AÇÃO CRIMINOSA DOS AGENTES, EM VÍNCULO DIRETO COM A PESSOA JURÍDICA CO-ACUSADA.
CARACTERÍSTICA INTERESTADUAL DO RIO POLUÍDO QUE NÃO AFASTA DE TODO A COMPETÊNCIA DO MINISTÉRIO
PÚBLICO ESTADUAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA E BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA. EXCEPCIONALIDADE DA ORDEM
DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ORDEM DENEGADA. I - Responsabilidade penal da pessoa jurídica, para ser
aplicada, exige alargamento de alguns conceitos tradicionalmente empregados na seara criminal, a exemplo da
culpabilidade, estendendo-se a elas também as medidas assecuratórias, como o habeas corpus. II - Writ que deve
ser havido como instrumento hábil para proteger pessoa jurídica contra ilegalidades ou abuso de poder quando
figurar como corré em ação penal que apura a prática de delitos ambientais, para os quais é cominada pena
privativa de liberdade. III - Em crimes societários, a denúncia deve pormenorizar a ação dos denunciados no
quanto possível. Não impede a ampla defesa, entretanto, quando se evidencia o vínculo dos denunciados com a

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ação da empresa denunciada. IV - Ministério Público Estadual que também é competente para desencadear ação
penal por crime ambiental, mesmo no caso de curso d'água transfronteiriços. V - Em crimes ambientais, o
cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta, com consequente extinção de punibilidade, não pode servir
de salvo-conduto para que o agente volte a poluir. VI - O trancamento de ação penal, por via de habeas corpus, é
medida excepcional, que somente pode ser concretizada quando o fato narrado evidentemente não constituir
crime, estiver extinta a punibilidade, for manifesta a ilegitimidade de parte ou faltar condição exigida pela lei para
o exercício da ação penal. VII - Ordem denegada. (HC 92921, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira
Turma, julgado em 19/08/2008)”

9. Competência

O STF e o STJ entendem que, para tratar da questão da competência nos crimes ambientais, eles partem de duas
premissas importantes:

1ª. A proteção do meio ambiente é de competência legislativa comum da União, Estados, Municípios e DF,
conforme arts. 23 e 24 da CF;
2ª. Não há norma legal específica sobre competência criminal em matéria ambiental.

Em conclusão, a competência será, em regra, da Justiça Estadual quando não houver interesse da União ou das
suas empresas públicas ou autarquias ou se o interesse da União, de suas autarquias ou empresas públicas for
apenas interesse genérico e indireto.

A competência só será da Justiça Federal quando o crime atingir interesse direto e específico da União, das suas
empresas públicas ou autarquias. Essa é uma regra geral em matéria de competência criminal para crimes
ambientais. Em crimes contra a fauna, havia uma súmula (91 do STJ) dizendo que todos esses crimes eram de
competência da Justiça Federal porque a fauna pertence à União.

O STJ cancelou essa súmula 91. O crime contra a fauna só será julgado pela Justiça Federal se atingir o interesse
direto e específico da União, se envolver animal que está na lista nacional de espécies da fauna brasileiras
ameaçadas de extinção. Caso contrário, não há o interesse direto e específico da União apto a justificar a
competência da Justiça Federal.

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- Contravenções penais. Justiça federal não julga contravenção, então, ainda que a contravenção atinja interesse
direto e específico da União, ela será julgada pela Justiça Estadual porque o art. 109 da CF diz que Justiça Federal
não julga contravenção penal, só julgando no caso de o contraventor ter foro especial na Justiça Especial.

Art. 225 da CF: (...)


§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

➢ Os crimes praticados nesses cinco biomas são julgados pela Justiça Federal? Patrimônio nacional não
significa patrimônio da União, significa patrimônio da nação brasileira. Portanto, os crimes cometidos
nesses cinco biomas do art. 225, § 4º da CF seguem a mesma regra de competência, somente sendo
julgados pela Justiça Federal se atingir interesse direto e específico da União. Caso contrário, se atingir
interesse meramente genérico e indireto da União ou, ainda, se não atingir nenhum interesse da União,
serão julgados pela Justiça Estadual (furto de palmito da Mata Atlântica em área particular).

- Crimes cometidos em áreas sujeitas à fiscalização do IBAMA ou de outro órgão federal. O simples fato de a
área estar sujeita à fiscalização do IBAMA ou de órgão federal causa apenas um interesse genérico e indireto da
União. Portanto, esse simples fato não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal.

10. Ação penal nos crimes ambientais (art. 26 da Lei n. 9.605/1998)

Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.

Em todos os crimes ambientais, a ação penal é pública incondicionada. Lembrando que é sempre cabível a ação
privada subsidiária da pública por se tratar de um direito fundamental previsto no art. 5º da CF.

11. Transação penal nos crimes ambientais (art. 27 da Lei n. 9.605/1998)

Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva
de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser

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formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei,
salvo em caso de comprovada impossibilidade.

Lei n. 9.099/95 Lei n. 9.608/98


São institutos despenalizadores: Na Lei de Crimes Ambientais é diferente.
- Composição civil dos danos (art. 74), que é o acordo
entre o infrator e a vítima para reparação do dano O art. 27 da Lei n. 9.605/1998 dispõe que a
causado pelo crime. composição civil dos danos é requisito para a
transação penal.
- Transação penal (art. 76), que é o acordo entre o MP
e o infrator ou entre o querelante e o infrator para a Para o indivíduo ter direito à transação penal, não é
aplicação de uma pena que não seja de prisão – preciso que ele efetivamente tenha reparado o dano
restritiva de direitos ou de multa. ambiental, basta que ele tenha se comprometido a
reparar o dano ambiental.
Obs.: não é requisito para o cabimento da transação
penal, ou seja, o criminoso pode fazer transação com
o MP mesmo que não tenha feito composição civil de
danos com a vítima;

➢ Exemplo 1: em uma briga de vizinhos em que haja lesão corporal leve, na audiência chegam o vizinho
agressor e o vizinho agredido. Não se chega no acordo da composição civil dos danos. O promotor pode
propor uma transação penal pelo crime cometido, impondo uma multa de R$ 1.000,00 mesmo que não
tenha sido feita a composição civil dos danos com a vítima.

Na Lei n. 9.099/95, já está pacificado inclusive em súmula vinculante que se o infrator faz transação penal com o
MP e não cumpre o acordo de transação penal, a ação penal pode ser retomada com oferecimento de denúncia
ou de queixa. Só que na Lei de Crimes Ambientais pode acontecer diferente.

➢ Exemplo 2: O indivíduo pode fazer a composição civil dos danos ambientais, assinando um TAC, por
exemplo, se comprometendo a plantar 1000 mudas de árvores. Com isso, ele ganha o direito à transação
penal e faz essa transação com o promotor, se comprometendo a pagar uma multa de R$ 100.000,00.

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Se ele descumprir essa transação e não pagar esta multa de R$ 100.000,00 o processo pode ser retomado, mas
pode acontecer de ele cumprir a transação penal e não cumprir a composição civil de danos que deu direito à
transação. Nesse caso, a ação penal pode ser retomada? Claro que não, porque já houve aplicação de pena pelo
crime e ele já cumpriu a pena. Se fosse retomada, ocorreria bis in idem. Se ele descumpriu a composição civil, o
que resta é executar a composição civil (TAC), pois se trata de título executivo.

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