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Sumário
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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não trata de crimes; aqui estão previstas as regras de como os crimes irão se portar
A infração penal é gênero que comporta duas espécies, ou seja, crime e contravenção penal.
Em
É interessante notar que não podemos confundir as contravenções penais com os crimes de
Os crimes e as contravenções penais se diferem em sua essência pela gravidade das condutas
Um ponto fundamental é termos em mente que todo crime gera um resultado, que pode se
Questões comentadas:
1) (ALFACON) A infração penal nem sempre irá gerar um resultado.
Gabarito: Errado
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Comentário: a infração penal sempre gera um resultado que pode ser naturalístico ou jurídico.
Será naturalístico, quando ocorre efetivamente a lesão de um bem jurídico tutelado da vítima.
Será jurídico quando a lesão não se consuma. Embora o agente não tenha obtido êxito no
resultado pretendido, o Código Penal o punirá por aquilo que ele queria fazer (elemento
subjetivo).
2) (ALFACON) Para os crimes de efeitos cortados, não é necessário haver o resultado
naturalístico, embora ele possa existir.
Gabarito: Certo
Comentário: os crimes de efeitos cortados são os formais ou de consumação antecipada. Para esses tipos
de crimes, não é necessário haver o resultado naturalístico, embora ele possa ocorrer. É importante
lembrar que há os crimes materiais, em que se exige o resultado naturalístico e os crimes de mera conduta,
que, por sua vez, não possuem resultado naturalístico.
Para que um indivíduo tenha a real capacidade de cometer uma infração penal, é importante
Deve existir uma conduta humana, ou seja, somente seres humanos possuem a capacidade
de
O ser humano deve ter consciência do que esta fazendo; por esse motivo, quem comete o
fato,
A ação ou omissão deve ser voluntária; por esse motivo, os casos de coação física (exclui o
crime)
A conduta deve ser propositada ou descuidada. Esses conceitos serão vistos no Art. 18 do
Código Penal
Atenção, aluno!
Todo crime gera um resultado, porém, nem todo crime gera um resultado naturalístico.
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ESQUEMA DIDÁTICO
: para ser considerado fato típico, é fundamental que a conduta esteja tipificada, ou
seja, escrita, em alguma norma penal. Não obstante, é necessário que exista:
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Ilícito (antijurídico): neste quesito, a ação do agente tem que ser ilícita, pois nosso ordenamento
jurídico prevê legalidade em determinadas situações em que, mesmo sendo antijurídicas, serão
permissivas. São as chamadas excludentes de ilicitude ou de antijuridicidade, sendo: Legítima
Defesa, Estado de Necessidade, Estrito Cumprimento do Dever Legal ou no Exercício Regular de um
Direito.
Culpável (culpabilidade): é a capacidade de o agente receber pena. Em alguns casos, mesmo o
agente cometendo um fato típico e ilícito, ele não poderá ser culpável, ou seja, não pode ser
“preso”, pois incidirá nas excludentes de culpabilidade. A mais conhecida refere-se ao menor em
conflito com a lei; ele pode cometer uma infração penal (crime), mas não poderá ir preso.
Caracteriza-se quando, no momento da ação ou da omissão, o agente for totalmente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato, ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Ainda
dentro dessa espécie, haverá três desdobramentos, que são a imputabilidade, a potencial
consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
FIQUE LIGADO
Pode ocorrer de o agente cometer um fato descrito como crime – matar alguém – e esse fato
não ser considerado crime. Ex.: quem mata em legítima defesa comete um fato típico, ou seja,
escrito e definido como crime. Contudo, esse fato não é ilícito, pois a própria lei autoriza o sujeito a
matar em certos casos pré-definidos.
Pode ocorrer também de o agente cometer um fato definido como crime, ou seja, fato típico
– escrito e definido no CP – e ilícito, o ordenamento jurídico não autoriza aquela conduta, e mesmo
assim ficar isento de PENA. Assim, pode o sujeito cometer um crime e não ter pena. Ex.: quem é
obrigado a cometer um crime. Uma pessoa encosta a arma carregada na cabeça de outra e diz que,
se ela não cometer tal crime, irá morrer.
Questões comentadas
3) (CESPE) A partir da teoria tripartida do delito e das opções legislativas adotadas pelo Código
Penal, é correto afirmar que o dolo integra a culpabilidade e corrobora a aplicação concreta da
pena.
Gabarito: Errado
Comentário: o dolo, no nosso ordenamento jurídico pátrio, é natural e integra a conduta que, por
sua vez, integra o fato típico, primeiro elemento estrutural do crime, na corrente analítica
finalística tripartida do Direito.
4) (ALFACON) Para que haja um crime, é necessário que a conduta esteja escrita em alguma
norma penal, sendo imprescindível para o fato típico: a conduta, o resultado, o nexo causal e a
tipicidade.
Gabarito: Certo
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Comentário: para ser considerado crime, é fundamental que a conduta esteja tipificada, ou seja,
escrita, em alguma norma penal. Não obstante, é necessário que exista: Conduta: é a ação do
agente, seja ela culposa ou dolosa, comissiva ou omissiva; Resultado: que seja naturalístico ou
jurídico; Nexo causal: é o elo entre a ação e o resultado, ou seja, se o resultado foi provocado
diretamente pela ação do agente, houve nexo causal; e Tipicidade: tem que ser considerado crime,
estar tipificado, escrito.
5) (CESPE) A tipicidade, elemento do fato típico, é a correspondência entre o fato praticado pelo
agente e a descrição de cada espécie de infração contida na lei penal incriminadora, de modo
que, sem tipicidade, não há antijuridicidade penal, pois, comportadas as exclusões legais, todo
fato típico é antijurídico.
Gabarito: Certo
Comentário: o Código Penal adotou a teoria finalística tripartida (corrente majoritária), em que o crime é
composto de fato típico, antijurídico e culpável. Na análise do crime, devemos primeiramente verificar se o
agente cometeu um fato típico, ou seja, se teve conduta dolosa ou culposa, se ocorreu o nexo de
causalidade, o resultado e se há tipicidade. Depois disso, passamos a analisar a antijuridicidade (ilicitude) e
a culpabilidade. Imaginemos que “A” atire em “B” causando sua morte. Temos aqui um fato típico; depois
disso perguntamos: é contrária à lei a conduta de “A”? A resposta pode ser positiva ou negativa.
Imaginemos que o autor matou por ódio de “B”; ora, o Código Penal não autoriza ninguém a matar por
ódio. Mas e se “A” matou “B” para se defender? Se isso ocorrer, de acordo com o Art. 26, teremos uma
legítima defesa. Ou seja, no primeiro caso, o fato típico também é antijurídico, mas no segundo
(comportadas as exclusões legais que são as exclusões de ilicitude do Art. 13) o próprio Código autoriza a
matar, sendo assim típico, mas não antijurídico. Essa é a razão por que falamos que todo fato típico, a
princípio, é antijurídico, salvo se o agente agiu em uma das excludentes de ilicitude.
EXERCÍCIOS
1) No Código Penal brasileiro, adota-se, em relação ao conceito de crime, o sistema tricotômico,
de acordo com o qual as infrações penais são separadas em crimes, delitos e contravenções.
2) De acordo com a teoria dicotômica adotada pelo Direito Penal brasileiro, a infração penal é
espécie que se divide em dois gêneros: crime e contravenção penal.
3) A infração penal pode ser dividida em crime e contravenção penal. Para que seja caracterizada a
infração penal, é necessária a conduta humana, voluntária e consciente, sendo ela propositada
ou descuidada.
4) A infração penal sempre gera um resultado jurídico, mas nem sempre naturalístico.
5) De acordo com a teoria finalista, o dolo, por ser elemento vinculado à conduta, deve ser
deslocado da culpabilidade para a tipicidade do delito.
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GABARITOS
1) ERRADO
2) ERRADO
3) CERTO
4) CERTO
5) CERTO
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Somente haverá crime quando existir perfeita correspondência entre a conduta praticada e a
previsão legal (Reserva Legal), que não pode ser vaga, deve ser específica. Exige-se que a lei esteja
em vigor no momento da prática da infração penal (Anterioridade). Fundamento Constitucional:
Art. 5°, XXXIX.
Princípio: nullum crimem, nulla poena sine praevia lege.
O Art. 1º traz, em seu bojo, três princípios fundamentais, ou seja, o princípio da legalidade, o
da anterioridade de lei e o princípio da reserva legal.
O princípio da legalidade diz que somente por meio de lei em sentido formal (lei
propriamente
Devemos nos atentar, pois não é possível previsão de crimes por meio de leis em sentido
material,
O princípio da legalidade e reserva legal também pressupõe que toda infração penal para
estar
As normas penais incriminadoras não são proibitivas, e sim descritivas. Por exemplo, o Art.
121 - Matar alguém, no Código Penal, não proíbe, ou seja, não matar. Descreve-se uma conduta,
que, se cometida, possuirá uma sanção (punição).
Questão Comentada
1) (ALFACON) O princípio da anterioridade da lei penal é sintetizado pela expressão “não há crime
sem lei que o defina”.
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Gabarito: Errado
Comentário: trata-se de típica questão de texto de lei, em que a interpretação é determinante, pois
não sintetiza somente pela expressão dada, e sim “não há crime sem lei anterior que o defina, não
há pena sem prévia cominação legal”.
Heterogênea:
Nesse caso, a lei é complementada por um dispositivo normativo diverso. Ex.: Lei (formal)
complementada por decreto, portaria ou resoluções.
Um exemplo bastante pertinente é a Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), a qual é Lei em sentido
formal e é complementada por uma portaria do Ministério da Saúde.
Questão comentada!
2) (ALFACON) Em relação ao Direito Penal é correto afirmar que as normas penais em branco são
usualmente classificadas em sentido lato e sentido estrito.
Gabarito: Certo
Comentário: as normas penais em branco em sentido lato são as denominadas impróprias ou homogêneas.
Elas possuem o seu complemento determinado pela mesma fonte formal, exemplo: a União define uma
conduta por lei e, em seguida, define o seu complemento por lei. As normas penais em branco em sentido
estrito são as denominadas próprias ou heterogêneas. Neste segundo grupo, elas podem ter o seu
complemento determinado por uma diferente fonte formal, por exemplo: uma conduta é definida por lei e,
sem seguida, o seu complemento é definido por uma portaria.
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É de suma importância notar que não existe analogia penal incriminadora – in malam
partem, ou seja, para prejudicar a pessoa. Utilizamos analogia apenas para beneficiar o acusado, ou
seja, in bonam partem.
Vamos exemplificar, a fim de melhor visualizar a explicação. O Art. 128 do CP prevê as
hipóteses
O crime de atentado violento ao pudor (hoje revogado) não era contemplado pela causa
permissiva
Questão Comentada
3) (ALFACON) Com relação ao Direito Penal, é correto afirmar que é cabível a interpretação
analógica tanto para beneficiar quanto para prejudicar uma pessoa que esteja respondendo por
crime.
Gabarito: Certo
Sujeitos do crime
Temos duas figuras distintas quando falamos de crime:
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: aquele que pratica o crime; qualquer pessoa que tenha capacidade normal e
Jurisprudência Atual:
INFORMATIVO 566 STJ: “É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos
ambientais, independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em
seu nome”. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da “dupla imputação”.
Questão Comentada
4) (ALFACON) Podemos afirmar que a pessoa jurídica pode ser sujeito de ação nas esferas
administrativa, civil e penal. Isso se dá quando a conduta lesiva afeta o meio ambiente e seja
cometida pelo seu representante legal. Dessa forma, afirma o STJ que somente pode ser punida
a pessoa jurídica se ocorrer a chamada dupla imputação, ou seja, a pessoa jurídica tem que ser
punida juntamente com seu representante legal.
Gabarito: Errado
Comentário: o STJ decidiu se curvar à posição fixada pelo STF sobre o tema, posição primeiramente
adotada pela Quinta Turma da Corte e, depois, assumida também pela Sexta Turma, a definir uma
uniformização e consolidação no tratamento do tema pelo STJ. A mudança jurisprudencial foi
noticiada no Informativo 566 e no canal comunicativo do site do STJ em 12/04/2016: para o STJ, a
dupla imputação em crimes ambientais não é obrigatória. Empresas, associações e organizações
que cometerem crimes ambientais podem ser rés em processo penal, sem a necessidade de dupla
imputação (empresa e diretor), segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A
interpretação dos ministros do STJ decorre do Art. 225, §3º da Constituição Federal, que não
condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica à simultânea persecução penal da pessoa
física em tese responsável no âmbito da empresa. Na prática, uma organização empresarial pode
ser ré em processo penal sem que figure como corréu um dos dirigentes ou controladores da
referida empresa. Assim, atualmente, tem-se que há uma uniformidade na jurisprudência quanto à
desnecessidade de aplicação da teoria da dupla imputação para fins de responsabilização penal da
pessoa jurídica por crimes ambientais.
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EXERCÍCIOS
1) É legítima a criação de tipos penais por meio de decreto.
3) O princípio da legalidade não permite a edição de lei incriminadora por meio de medida
provisória.
4) Quando um fato cometido antes da vigência da lei que o define como delito não puder ser
alcançado pela norma penal, trata-se do princípio da legalidade.
GABARITO
1) ERRADO
2) CERTO
3) CERTO
4) ERRADO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Conflito Aparente de Normas Penais���������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Especialidade����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Subsidiariedade������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Consunção��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Alternatividade������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
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Especialidade
O princípio da especialidade está previsto no Art. 12 do Código Penal e determina que se afaste a
lei geral para aplicação da lei especial.
Art. 12 – As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
dispuser de modo diverso.
Entende-se como lei especial aquela que contém todos os elementos da norma geral, acrescida de
outros que a tornam distinta (chamados de especializantes). O tipo especial preenche integralmente
o tipo geral, com a adição de elementos particulares.
Como exemplo, citam-se os crimes de homicídio e infanticídio. Mesmo que ocorra a morte de
uma pessoa, será aplicado o Art. 123, pois existem determinadas elementares contidas no seu tipo
que fazem o fato se amoldar a ele e não ao Art. 121. Se uma parturiente, ao dar à luz um filho, sem
qualquer perturbação psíquica originária de sua especial condição, desejar, pura e simplesmente,
causar-lhe a morte, responderá pelo crime de homicídio. Agora, se durante o parto ou logo depois
dele, sob a influência do estado puerperal, causar a morte do próprio filho, já não mais responderá
pela infração a título de homicídio, mas, sim, por infanticídio, uma vez que as elementares contidas
nesta última figura delitiva a tornam especial em relação ao homicídio.
Consequência: a lei especial prevalece sobre a geral, a qual deixa de incidir sobre aquela hipótese.
QUESTÃO COMENTADA
01. (ALFACON) O princípio da especialidade tem por regra que a norma especial prevalece sobre
a norma geral.
• Gabarito: Certo
• Comentário: Neste caso, a norma do tipo penal incriminador (especial) é mais completa
que a norma geral. Tal princípio é utilizado quando ocorre o conflito aparente de normas
penais, ou seja, quando duas ou mais normas aparentemente parecem reger o mesmo tema.
Na prática, uma conduta pode se enquadrar em mais de um tipo penal, mas isso é tão
somente aparente, pois os princípios do Direito Penal resolvem esse fato.
Subsidiariedade
Pelo princípio da subsidiariedade, a norma dita subsidiária é considerada, na expressão de
Hungria, como um “soldado de reserva”, isto é, na ausência ou impossibilidade de aplicação da
norma principal mais grave, aplica-se a norma subsidiária menos grave.
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Consunção
Segundo Fernando Capez, consunção é o princípio segundo o qual um fato mais amplo e mais
grave consome, isto é, absorve, outros fatos menos amplos e graves, que funcionam como fase normal
de preparação ou execução ou como mero exaurimento. Costuma-se dizer: o peixão (fato mais
abrangente) engole os peixinhos (fatos que integram aquele como sua parte).
Também conhecido como princípio da absorção, verifica-se a continência de tipos, ou seja, o
crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de realização do crime previsto
por outra (consuntiva) ou é uma forma normal de transição para o último (crime progressivo).
→→ Os fatos aqui não se acham em relação de espécie e gênero, mas de parte a todo, de meio a fim.
Rogério Sanches fala em princípio da consunção nas seguintes hipóteses:
• Crime progressivo: dá-se quando o agente, para alcançar um resultado/crime mais grave,
passa, necessariamente, por um crime menos grave. Por exemplo, no homicídio, o agente
tem que passar pela lesão corporal, um mero crime de passagem para matar alguém.
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• Progressão criminosa: o agente substitui o seu dolo, dando causa a resultado mais grave. O
agente deseja praticar um crime menor e chega à sua consumação. Depois, quer praticar um
crime maior e também o concretiza, atentando contra o mesmo bem jurídico. Exemplo de
progressão criminosa é o caso do agente que inicialmente pretende somente causar lesões
à vítima, porém, após consumar os ferimentos, decide ceifar a vida do ferido, causando-lhe
a morte. Somente incidirá a norma referente ao crime de homicídio, Art. 121 do Código
Penal, ficando absorvido o delito de lesões corporais.
• Antefactum impunível: são fatos anteriores que estão na linha de desdobramento da ofensa
mais grave. É o caso da violação de domicílio para praticar o furto. Nota-se que o delito
antecedente (antefato impunível) não é passagem necessária para o crime fim (distin-
guindo-se do crime progressivo). Foi meio para aquele furto. Outros furtos ocorrem sem
haver violação de domicílio. Também não há substituição do dolo (diferente da progressão
criminosa).
• Postfactum impunível: pode ser considerado um exaurimento do crime principal pratica-
do pelo agente e, portanto, por ele não pode ser punido. O sujeito que furta um automóvel
e depois o danifica não praticará dois crimes (furto + dano), mas somente o crime de furto,
sendo a destruição fato posterior impunível.
Crime progressivo, portanto, não se confunde com progressão criminosa!
→→ No crime progressivo o agente, desde o princípio, já deseja o crime mais grave.
→→ Na progressão criminosa, primeiramente o sujeito almeja o crime menos grave (e o concretiza) e
depois decide executar outro, mais grave. Em ambos o réu responde por um só crime.
QUESTÃO COMENTADA
01. (CESPE) O princípio da consunção, consoante posicionamento doutrinário e jurisprudencial,
resolve o conflito aparente de normas penais quando um crime menos grave é meio necessá-
rio, fase de preparação ou de execução de outro mais nocivo, respondendo o agente somente
pelo último. Há incidência desse princípio no caso de porte de arma utilizada unicamente para
a prática do homicídio.
• Gabarito: Certo
• Comentário: O Princípio da Consunção tem como característica básica o englobamento
de uma conduta típica menos gravosa por outra de maior relevância; estas possuem um
nexo, sendo considerada a primeira conduta como um ato necessário para a segunda. Ou
seja, um indivíduo, sem porte de arma ou com arma ilegal, utiliza-se da mesma para ceifar
a vida de terceiro, praticando homicídio. A primeira conduta, de portar arma de fogo de
maneira ilegal, está descrita como crime no Estatuto do Desarmamento, artigo 14 da Lei
10.826/03. Porém, no exemplo, é absorvida pela conduta tipificada no artigo 121 do Código
Penal se usada unicamente para cometer o crime. O dolo do agente era o homicídio; o crime
de homicídio regula um bem jurídico de maior importância, a vida, possui uma pena mais
rigorosa, é mais abrangente e as condutas não possuem desígnios autônomos. Um bom
exemplo seria um preso algemado para frente que saca a arma de um policial e contra ele faz
disparos, ou seja, a arma foi usada somente para o crime de homicídio. Contudo, por outro
lado, se o agente estivesse há dias andando armado e somente depois efetuasse o homicí-
dio, teríamos a incidência de dois crimes, ou seja, porte de arma de fogo em concurso com
homicídio.
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Alternatividade
Ocorre quando a norma descreve várias formas de realização da figura típica, em que a realiza-
ção de uma ou de todas configura um único crime. São os chamados tipos mistos alternativos, os
quais descrevem crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado.
Exemplo: o Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que descreve dezoito formas de
prática do tráfico ilícito de drogas, mas tanto a realização de uma quanto a de várias modalidades
configurará sempre um único crime.
Nesses casos, não se pode falar em concurso ou conflito aparente de normas, uma vez que as
condutas descritas pelos vários núcleos se encontram em um só preceito primário.
Art. 33, Lei nº 11.343/06: Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar.
QUESTÃO COMENTADA
01. (CESPE) Considera-se, em relação aos crimes de conteúdo múltiplo, que, se em um mesmo
contexto, o agente realizar ação correspondente a mais de um dos verbos do núcleo do tipo
penal, ele só deverá responder por um único delito, em virtude do princípio da alternatividade.
• Gabarito: Correto
• Comentário: Esse é realmente o princípio da alternatividade que resolve o conflito
aparente de normas penais. Temos como exemplo o crime do Art. 33 da Lei 11.343/2006
(Lei de Drogas), em que o agente pode cometer os vários verbos que completam o tipo
penal, que ainda assim cometerá crime único. Por ter vários verbos é chamado de crime de
ação múltipla ou conteúdo variável. Imaginemos que no mesmo contexto um traficante de
drogas importe, exponha à venda e tenha em depósito a droga, ainda assim responderá por
crime único, e não crimes em concurso.
EXERCÍCIOS
01. Havendo conflito aparente de normas penais, aplica-se o princípio da subsidiariedade, que
incide no caso de a norma descrever várias formas de realização da figura típica, bastando a
realização de uma delas para que se configure o crime.
Certo ( ) Errado ( )
02. O princípio da consunção, consoante posicionamento doutrinário e jurisprudencial, resolve o
conflito aparente de normas penais quando um crime menos grave é meio necessário, fase de
preparação ou de execução de outro mais nocivo, respondendo o agente somente pelo último.
Há incidência desse princípio no caso de porte de arma utilizada unicamente para a prática do
homicídio.
Certo ( ) Errado ( )
03. Consoante o Código Penal Brasileiro, quando houver conflito aparente de normas penais,
aplica-se o princípio da alternatividade, utilizado no caso de a norma penal descrever várias
formas de realização da figura típica, sendo suficiente a realização de uma delas para que o
crime se configure.
Certo ( ) Errado ( )
04. Subsidiariedade, consunção, alternatividade e especialidade são princípios que resolvem o
conflito aparente de normas penais.
Certo ( ) Errado ( )
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05. Considere que uma mulher, logo após o parto, sob a influência do estado puerperal, estrangule
seu próprio filho e acredite tê-lo matado. Entretanto, o laudo pericial constatou que, antes da
ação da mãe, a criança já estava morta em decorrência de parada cardíaca. Nessa situação, a
mãe responderá pelo crime de homicídio, com a atenuante de ter agido sob a influência do
estado puerperal.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - ERRADO
02 - CERTO
03 - CERTO
04 - CERTO
05 - ERRADO
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Em regra, o Código Penal sempre adota a Lei vigente, “A”, no momento da ação ou omissão
do agente. Sendo assim, se nesta época é cometido um crime, aquele irá responder sobre o fato
descrito no tipo penal. Contudo, por vezes, o processo se estende no tempo, e o julgamento do
agente demora a acontecer. Nesse lapso temporal, caso surgir uma nova Lei, “B”, que torne mais
branda a sanção aplicada sobre o agente, esta irá retroagir ao tempo do fato, beneficiando o réu.
Questão comentada!
1) (CESPE) A regra do Código Penal é a retroatividade de lei mais gravosa.
Gabarito: Errado
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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Comentário: A regra do Art. 2º do Código Penal é a irretroatividade de lei penal, sendo utilizadas
também as regras da retroatividade de lei mais benéfica, ultratividade de lei mais benéfica e a
abolitio criminis.
Ultratividade de lei
A lei, mesmo que revogada, deve ser aplicada ao caso concreto se for mais benéfica e o
agente cometeu o fato sob seu império.
Questão comentada!
2) (CESPE) Suponha que Leôncio tenha praticado crime de estelionato na vigência de lei penal na
qual fosse prevista, para esse crime, pena mínima de dois anos. Suponha, ainda, que, no
transcorrer do processo, no momento da prolação da sentença, tenha entrado em vigor nova lei
penal, mais gravosa, na qual fosse estabelecida a duplicação da pena mínima prevista para o
referido crime. Nesse caso, é correto afirmar que ocorrerá a ultratividade da lei penal.
Gabarito: Certo
Comentário: quando a lei mais benéfica vier depois do cometimento do crime, ocorrerá a
retroatividade de lei mais benéfica. Contudo, se a lei mais severa vier depois do cometimento do
delito, como exposto na questão, aplicará a lei mais benéfica vigente na data do fato, ou seja,
ocorrerá a ultratividade da lei mais benéfica. As regras do Art. 2 º devem ser analisadas com calma,
pois sempre que ocorrer o princípio da ultratividade de lei mais benéfica estará no caso concreto
ocorrendo também a irretroatividade de lei mais gravosa. Isso ocorre porque temos duas leis, a
primeira mais leve e a segunda mais grave. Como a primeira já revogada avança no tempo, temos a
ultratividade, da mesma forma que a mais severa não retroage. Assim, temos a irretroatividade de
lei mais gravosa.
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Abolitio criminis
É a abolição do crime. Faz com que cessem, em virtude de nova lei que torna o fato anterior
como atípico, todos os efeitos penais da sentença condenatória, permanecendo apenas a obrigação
civil de reparar o dano.
Em relação à , ocorre o seguinte fato: quando uma conduta que, antes era
tipificada como crime pelo Código Penal, deixa de existir, ou seja, passa a não ser mais considerada
crime, dizemos que ocorreu a “abolição do crime”. Diante disso, cessam imediatamente todos os
efeitos penais que incidiam sobre o agente: tranca e extingue o inquérito policial; caso o acusado
esteja preso, deve ser posto em liberdade.
Entretanto, não extingue os efeitos civis, ou seja, caso o agente tenha sido impelido em
ressarcir a vítima da sua conduta mediante o pagamento de multa, essa, ainda assim, deverá ser
paga.
Questão Comentada
3) (ALFACON) Com o advento de nova lei que descriminaliza fato anteriormente considerado como
crime, ocorre a abolitio criminis, na qual cessam os efeitos penais e os civis, tornando tal fato
atípico.
Gabarito: Errado
Comentário: Com a ocorrência da abolitio criminis, o fato anteriormente considerado como crime
passa a ser atípico. Cessam os efeitos penais, porém permanecem os efeitos civis. A previsão legal
encontra-se no Art. 2º do CP: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.”
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É o que ocorre, por exemplo, com o crime de sequestro e cárcere privado. Assim, será
aplicada lei que estiver em vigência quando da soltura da vítima.
Observa-se, então, o momento em que cessa a permanência para daí se determinar qual
norma a ser aplicada. É o que estabelece a Súmula 711 do STF.
ú . “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência e anterior a cessação da continuidade ou da permanência.”
Questão Comentada
Comentário: a nova lei será aplicada ao agente do crime permanente ou continuado, ainda que seja
mais gravosa. Tal entendimento provém da Súmula 711 – STF, “aplica-se ao crime permanente e ao
crime continuado, a lei vigente quando cessou a conduta ilícita do agente, mesmo que mais grave.”
Quando a Súmula menciona “mesmo que mais grave”, entende-se que a lei também pode ser
menos grave. Para os crimes comuns, tal regra não se aplica.
“Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.”
Para fins de Direito Penal, temos que a lei temporária ou lei temporária em sentido estrito,
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Questão Comentada
5) (ALFACON) Em se tratando das leis temporárias, vale a regra da ultratividade, de tal maneira
que ela se aplica aos fatos praticados durante a sua vigência, ainda que decorrido o período da
duração desta lei.
Gabarito: Certo
Comentário: a questão explicou parte do Art. 3º do CP tratando das leis temporárias. A regra da
ultratividade é um fenômeno em que uma lei, ainda que revogada, regula fatos ocorridos durante a
vigência desta lei. segue o texto legal: “Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.”
EXERCÍCIOS
1) Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida, passou a viger a lei Y, que, além
de ser mais gravosa, revogou a lei X. Depois de tais fatos, Lauro foi levado a julgamento pelo
cometimento do citado delito. Nessa situação, o magistrado terá de se fundamentar no
instituto da retroatividade em benefício do réu para aplicar a lei X, por ser esta menos rigorosa
que a lei Y.
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2) No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicação da lei apenas durante o
seu período de vigência; a exceção é a extra-atividade da lei penal mais benéfica, que comporta
duas espécies: a retroatividade e a ultratividade.
3) A regra do Código Penal é a aplicação da lei do tempo do crime, podendo ocorrer em exceção à
retroatividade de lei mais benéfica, a ultratividade de lei mais benéfica, mas nunca a
retroatividade de lei mais gravosa.
5) A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz à abolitio criminis, ainda que seus
elementos passem a integrar outro tipo penal, criado pela norma revogadora.
GABARITO
1. ERRADO
2. CERTO
3. CERTO
4. CERTO
5. ERRADO
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Sumário
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Tempo do Crime
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento
Conforme leitura do Art. 4º supracitado, fica evidente que o Código Penal pátrio adotou a teoria da
atividade. Neste sentido, importa o momento da conduta comissiva ou omissiva para a prática de
fato definido como crime. Assim, Rogério Greco, em seu Curso de Direito Penal (2010), afirma:
“Pela teoria da atividade, tempo do crime será o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado. Para essa teoria, o que importa é o momento da conduta, comissiva ou
omissiva, mesmo que o resultado dela se distancie no tempo”.
: caso um menor “A”, cometa disparos de arma de fogo contra “B”, vindo a feri-lo; devido
às lesões causadas pelos disparos, três meses depois do fato, “B” vem a falecer. Nessa época,
mesmo “A” tendo completado sua maioridade penal - 18 anos - ainda assim não poderá ser
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FIQUE LIGADO!
Não existe o princípio do “resultado” no Código Penal. O princípio utilizado pelo nosso Código
Penal é o da atividade, previsto no Art. 4º. As provas de concursos costumam indagar sobre esse
quesito. Assim vai a dica: se a questão mencionar o princípio do resultado, está errada!
Art. 121
Aumento de pena
o
“§ 4 No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.” (Grifo nosso)
FIQUE LIGADO!
Questão comentada
1) (CESPE) De acordo com o Código Penal, considera-se praticado o crime no momento em que
ocorreu seu resultado.
Gabarito: Errado
Comentário: a teoria utilizada no Art. 4º do Código Penal é a teria da atividade, que diz:
“considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão ainda que outro seja o momento
do resultado”.
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2) (ALFACON) Anísio, com 17 anos de idade, no dia anterior ao que ele completaria 18 anos, no
horário de 23h58min, atirou na cabeça de Huck. Este, em decorrência do disparo, faleceu no dia
seguinte. De acordo com o Código Penal, é possível afirmar que Anísio responderá por crime
com resultado morte, na modalidade consumada.
Gabarito: Errado
Comentário: de acordo com o entendimento do STF, Anísio era inimputável quando realizou a
ação e, ainda que o resultado tenha ocorrido em momento posterior, em que o agente já era maior
de idade, o momento do crime é o da ação ou da omissão – teoria da atividade. Neste caso, Anísio,
por ser menor de idade, não poderá responder por CRIME, mas por ato infracional.
Atenção, Aluno!
Devemos, contudo, ficar atentos aos crimes permanentes e continuados. É o caso do
sequestro, por
Nesta situação em questão, “A” não será mais inimputável, pois no momento de sua prisão já
havia completado 18 anos, não considerando neste caso, o momento em que se iniciou a ação, mas
sim, quando cessou.
Questões comentadas
3) (CESPE) Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o
intuito de receber certa quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em
cativeiro, nova lei entrou em vigor, prevendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a
lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Manoel.
Gabarito: Errado
Comentário: o crime de extorsão mediante sequestro é classificado como crime permanente e sua
consumação se protai (estende) no tempo, de acordo com a vontade do agente. Dessa forma,
conforme Súmula 711 STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou permanente, se
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou permanência”.
4) (CESPE) No delito continuado, a lei penal posterior, ainda que mais gravosa, aplica-se aos fatos
anteriores à vigência da nova norma, desde que a cessação da atividade delituosa tenha
ocorrido em momento posterior à entrada em vigor da nova lei.
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Gabarito: Correta
Comentário: aqui está a aplicação da Súmula 711 STF – “A Lei penal mais grave aplica-se ao Crime
Continuado ou Crime Permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.”
Trata-se de questão de interpretação da lei. Não usamos a mais leve ou a mais grave, tampouco a
intermediária; sempre a última, ou seja, do momento da cessação da conduta do agente.
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EXERCÍCIOS
1) Maria saiu em busca de diversão na cidade do Rio de Janeiro e, por não conhecer bem a cidade,
entrou em um bairro perigoso. Nesse momento, um traficante atirou nela pensando que ela
fosse policial. Maria foi levada ao hospital e veio a falecer dois dias após o fato. Assim,
considera-se praticado o crime no momento em que a vítima foi atingida, e não no momento
em que faleceu.
2) Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob
a vigência de duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em
que cessaram os delitos, ainda que seja mais gravosa.
3) A regra do Código Penal é a aplicação da lei do tempo do crime, podendo ocorrer em exceção a
retroatividade de lei mais benéfica, a ultratividade de lei mais benéfica, mas nunca a
retroatividade de lei mais gravosa.
GABARITO
1. CERTO
2. CERTO
3. CERTO
4. ERRADO
5. CERTO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Lei Penal no Espaço .............................................................................................................................................2
Territorialidade ..................................................................................................................................................................2
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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Territorialidade
Art. 5º – Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional,
ao crime cometido no território nacional.
§1º – Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aero-
naves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§2º – É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
O princípio da territorialidade cuida da aplicação geográfica da Lei Penal dentro do próprio território
nacional do Estado soberano que editou a norma. Dessa forma, quando aplicamos a lei brasileira em
nosso espaço geográfico (físico), estamos usando o conceito de territorialidade. Essa é a regra geral, porém
o Art. 5º do Código Penal determina que esse conceito não é absoluto, quando diz que a lei brasileira será
aplicada “sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional”. Assim, certos crimes cometidos no ambiente geográfico interno do Brasil não serão
julgados pelo Brasil, mas sim pelo país do sujeito passivo ou do sujeito ativo do crime (a depender do
caso), bem como certos crimes cometidos no estrangeiro serão julgados no Brasil. Por isso, o Código Penal
adotou o princípio da territorialidade mitigada ou temperada.
O território nacional é o espaço onde certo Estado exerce sua soberania. Em termos jurídicos,
território nacional é a soma do espaço físico (geográfico) e do espaço jurídico (espaço físico por
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ficção, por equiparação, por extensão ou território flutuante). São elementos que constituem um
determinado Estado:
• Território (físico + jurídico);
• Povo;
• Governo soberano.
Como mencionado, a lei brasileira aplica-se em todo o território nacional próprio ou por assimi-
lação. Por isso, aos nacionais e aos estrangeiros (mesmo que de forma irregular) será aplicada a Lei
Penal brasileira.
Por território físico, temos: o espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à soberania do Estado
(solo, rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa – 12 milhas maríti-
mas de largura – e espaço aéreo correspondente).
Por território brasileiro por extensão ou assimilação, temos:
1) embarcações ou aeronaves brasileiras de natureza pública: em qualquer lugar (Art. 5º, §1º);
2) embarcações ou aeronaves brasileiras de natureza privada desde que a serviço do Estado brasi-
leiro: em qualquer lugar (Art. 5º, §1º);
3) embarcações ou aeronaves brasileiras mercantes ou privadas, em alto-mar ou no espaço aéreo
correspondente ao alto-mar: desde que não estejam em território alheio (Art. 5º, §1º).
Em decorrência do princípio da territorialidade ser mitigado (ou temperado) – parte final do caput,
do Art. 5º: “sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido
no território nacional” –, a alguns casos não se aplicará a lei brasileira, mesmo que os fatos sejam
cometidos dentro do Brasil. Como exemplo disso, podemos citar as imunidades diplomáticas e de
chefes de governos estrangeiros. São hipóteses acordadas por meio de adesão do Brasil às Convenções
de Viena sobre Relações Diplomáticas e Consulares (1961 e 1963), de sorte que essa garantia se estende
aos agentes diplomáticos e funcionários das organizações internacionais, quando em serviço no Brasil, e
a seus familiares.
Exemplo para fixação:
1) Imaginemos que um navio de origem brasileira e de natureza privada esteja em viagem pelo
mar territorial argentino e que um crime seja cometido a bordo dele. Em regra, será aplicada a Lei Penal
da Argentina. Cuidado, pois dependerá da natureza do crime e a quem foi cometido. Por exemplo, se um
brasileiro (ou qualquer outro estrangeiro) assassinar dolosamente outra pessoa de férias (brasileiro ou
não), então será utilizada a lei argentina, porque o navio não estava a serviço do Brasil. Por outro lado, se
o navio estiver em alto-mar (mar que fica fora das águas territoriais de uma nação: “terra de ninguém”),
então será adotado o princípio da territorialidade, isto é, neste caso é considerado território brasileiro
por extensão ou por assimilação (Art. 5º, §1º, segunda parte) e, portanto, aplicar-se-á a lei brasileira.
2) A mesma regra é utilizada para as aeronaves ou embarcações privadas estrangeiras. Por
exemplo, se uma aeronave comercial russa pousar no Brasil ou estiver em voo sobre o território nacional
com destino a São Paulo/SP, e um passageiro belga de férias assassinar dolosamente um indiano (também
de férias), então será aplicada a lei brasileira, pois as aeronaves ou embarcações estrangeiras de pro-
priedade privada, quando em território brasileiro, são consideradas parte do nosso território (Art.
5º, §2º). Caso a aeronave estrangeira seja de natureza pública, então será aplicada a lei de origem dela: a
lei russa.
Questões comentadas
1. (CESPE) A bordo de um avião da Força Aérea Brasileira, em sobrevoo pelo território argenti-
no, Andrés, cidadão guatemalteco, disparou dois tiros contra Daniel, cidadão uruguaio, no decorrer
de uma discussão. Contudo, em virtude da inabilidade de Andrés no manejo da arma, os tiros atin-
giram Hernando, cidadão venezuelano que também estava a bordo. Nessa situação, em decorrência
do princípio da territorialidade, aplicar-se-á a lei penal brasileira.
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Gabarito: Certo.
Comentário: Estamos falando em avião da Força Aérea Brasileira, que é aeronave pública. Assim,
o Código Penal considera como território nacional por extensão ou assimilação.
2. (CESPE) Segundo o princípio da territorialidade, se uma pessoa comete latrocínio em embar-
cação brasileira mercante em alto-mar, aplica-se a lei brasileira.
Gabarito: Certo.
Comentário: Está de acordo com o Art. 5º, caput, c/c Art. 5º, §1º, segunda parte, ambos do CP: “Apli-
ca-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional. §1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do territó-
rio nacional (...) as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que
se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.”, que trata de território
nacional por extensão. Neste caso, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente (ao alto-mar) e
os navios e embarcações forem privados, será aplicada a lei da bandeira que ostentam.
EXERCÍCIOS
01. Consideram-se como extensão do território brasileiro as embarcações e aeronaves brasileiras
de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, bem como as aeronaves e as embarca-
ções brasileiras mercantes ou de propriedade privada, onde quer que se encontrem.
Certo ( ) Errado ( )
02. Tendo o Código Penal adotado sem exceção o princípio da territorialidade, a lei penal brasilei-
ra aplica-se somente aos crimes praticados no território nacional.
Certo ( ) Errado ( )
03. Ao crime cometido no território nacional, aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de conven-
ções, tratados e regras de Direito Internacional.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO:
01 - ERRADO
02 - ERRADO
03 - CERTO
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Sumário
DA LEI PENAL NO ESPAÇO – CONTINUAÇÃO ........................................................................................................... 2
LUGAR DO CRIME ................................................................................................................................................................................. 2
EXTRATERRITORIALIDADE ....................................................................................................................................................................... 3
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA .............................................................................................................................................. 4
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA ................................................................................................................................................. 6
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA PREVISTA NO §3º DO ARTIGO 7º ..................................................................................................... 8
PRINCÍPIOS APLICADOS À EXTRATERRITORIALIDADE ..................................................................................................................................... 8
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO ........................................................................................................................................................ 10
EFICÁCIA DA SENTENÇA PENAL ESTRANGEIRA............................................................................................................................................ 11
CONTAGEM DO PRAZO E FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA................................................................................................................... 12
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................................................... 14
GABARITOS .................................................................................................................................................................................... 14
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Lembre-se de que as regras relativas ao lugar do crime não são as mesmas para a Lei Penal
e a Lei Processual Penal
Há certos crimes que afetam os interesses de mais de um Estado soberano, isto é, mais de
um país. A fim de dirimir os conflitos de jurisdição internacional aos crimes a distância (crimes
que percorrem dois Estados soberanos), o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade (ou
mista) para definir o lugar do crime.
Existem três teorias mais citadas em prova:
I. Teoria da Atividade;
II. Teoria do Resultado;
III. Teoria da Ubiquidade.
De acordo com a teoria da atividade (ou da ação), lugar do crime é somente aquele no
qual os atos executórios (ação ou omissão) ocorreram, isto é, o local onde o agente desenvolveu
a atividade criminosa (no todo ou em parte). Imaginemos que uma pessoa seja ferida no
Equador e venha a falecer no Brasil. Portanto, para essa teoria, apenas o Equador seria
competente para julgar o crime, pois é onde os atos executórios (ação ou omissão) se deram,
pouco importando o lugar do resultado.
Já para a teoria do resultado, lugar do crime é somente aquele onde se produziu o
resultado (a sua consumação). Assim, a competência para julgar o crime, no exemplo acima,
seria apenas do Brasil, porque é o lugar da ocorrência do resultado.
A teoria da ubiquidade (ou mista) é o hibridismo entre as duas teorias, sendo considerado
lugar do crime tanto o país em que se praticaram os atos executórios (ação ou omissão), no
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado Analisando o
fato hipotético acima, os dois países seriam competentes para julgar o crime.
Quando falamos do lugar do crime (Art. 6º) e do tempo do crime (Art. 4º), o Código Penal
adotou, respectivamente, a teoria da ubiquidade e da atividade: LUTA!
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Questões comentadas!
Extraterritorialidade
É a aplicação da legislação penal brasileira aos crimes cometidos no exterior. Justifica-se
pelo fato de o Brasil ter adotado, relativamente à lei penal no espaço, o princípio da
territorialidade temperada ou mitigada (CP, Art. 5º), o que autoriza, excepcionalmente, a
incidência da lei penal brasileira a crimes praticados fora do território nacional. A
extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada. Não se admite a aplicação da lei
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Questão comentada!
Extraterritorialidade Incondicionada
Art. 7º – Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I – Os crimes:
contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;
contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço;
de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
(...)
§1º – Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.
São aqueles crimes que não estão sujeitos a nenhuma condição. A mera prática do crime
em território estrangeiro autoriza a incidência da lei penal brasileira, independentemente de
qualquer outro requisito. Suas hipóteses estão previstas no inciso I, do Art. 7º, CP. No tocante a
esses crimes, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro (Art. 7º, §1º).
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente de República: aqui se aplica o princípio
real (da defesa ou da proteção), isto é, será utilizada a lei brasileira ao crime
cometido fora do Brasil, que afete o interesse nacional (Art. 7º, I, “a”, “b”, “c”). São
os casos das infrações cometidas contra o Presidente da República, contra o
patrimônio de qualquer das entidades da Administração direta, indireta ou
fundacional etc. Se o interesse nacional foi afetado de algum modo, justifica-se a
incidência da legislação pátria. Dizemos que a lei penal está protegendo o bem
jurídico nacional, que é a vida ou liberdade do Chefe do Executivo;
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ATENÇÃO: Não são todos os crimes contra o presidente da república que recebem essa regra,
somente aqueles que versarem CONTRA A VIDA (ARTS. 121 AO 127, CP) ou A
LIBERDADE (ARTS. 146 AO 149, CP) do Chefe do Executivo Federal. Segundo Damásio de
Jesus, esses crimes constituem delitos contra a Segurança Nacional (Lei nº 7170/83).
c) contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço: da mesma forma
que os anteriores, utiliza-se o princípio real (da defesa ou da proteção);
ATENÇÃO: Aqui, exige-se que o crime seja funcional, ou seja, tem que ser praticado por quem
esteja a serviço da Administração pública. Assim, se um funcionário público cometer crime de
peculato no exterior, a lei penal brasileira será aplicada de forma incondicionada.
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Questões comentadas!
4. (CESPE) Não ficarão sujeitos à lei brasileira, quando cometidos no estrangeiro, os delitos
praticados contra a administração pública por quem está a seu serviço.
Gabarito: Errado
Comentário: Trata-se do princípio da extraterritorialidade incondicionada prevista no art. 7º
inciso I alínia “C”. Dessa forma, os crimes cometidos contra a Administração pública, por
quem está a seu serviço serão sempre julgados pela legislação penal brasileira.
5. (ALFACON) Dado o princípio da extraterritorialidade incondicionada, estará sujeito à
jurisdição brasileira aquele que praticar, a bordo de navio a serviço do governo brasileiro em
águas territoriais argentinas, crime contra o patrimônio da União.
Gabarito: Errado
Comentário: Nesse caso ocorreu o princípio da TERRITORIALIDADE da lei penal, uma vez que
no bojo da assertiva está escrito que o navio está a serviço do governo brasileiro. Sendo
assim, na situação narrada, o navio é considerado como uma extensão do território
brasileiro por assimilação. Além disso, é importante ressaltar que a questão confunde os
princípios ao trazer tanto princípios provenientes da Territorialidade (navio a serviço do
governo brasileiro – Art. 5º § 1º) quanto provenientes da Extraterritorialidade (crime contra
o patrimônio da União - Art. 7º, I, b).
Extraterritorialidade Condicionada
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
(...)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
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Neste caso, fala-se dos crimes cometidos no estrangeiro, mas é preciso preencher alguns
requisitos para que sejam julgados no Brasil. Estas hipóteses estão elencadas no Art. 7º, inc. II,
do Código Penal, e deve haver o concurso de condições previstas no Art. 7º, §2º. Dessa forma,
aplica-se de forma condicionada à Lei Penal brasileira aos crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir: alguns crimes o
Brasil, por meio de trados e convenções obrigou-se a reprimir, como é o caso do
crime de tráfico ilícito de entorpecentes. Assim, apesar de cometido no exterior
será aplicada a Lei Penal brasileira. Porém, é fundamental que concorram as
condições definidas em lei. Aplica-se aqui o princípio da justiça universal ou
cosmopolita, também conhecido como o princípio da repressão universal ou da
universalidade do direito de punir (Art. 70, I, “d”, II, “a”);
b) praticados por brasileiros: temos aqui o princípio da nacionalidade ou
personalidade ativa, sendo aplicada a lei brasileira aos crimes cometidos por
brasileiro fora do Brasil (Art. 7º, II, “b”). Não importa se o sujeito passivo é
brasileiro ou se o bem jurídico afeta interesse nacional, pois o único critério levado
em conta é o da nacionalidade do sujeito ativo. Justifica-se pela impossibilidade
Constitucional de extradição de brasileiro previsto no Art. 5º, LI, da Constituição
Federal de 1988;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não venham a ser
julgados: utiliza-se aqui o princípio da representação, do pavilhão, da substituição
ou da bandeira, a Lei Penal nacional será aplicada aos crimes cometidos em
aeronaves e embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro e aí não
sejam julgados Convém notar que o fato não constituiu hipóteses de território por
extensão ou assimilação, pois as embarcações não são públicas, tampouco estão a
serviço do Brasil
ATENÇÃO: Observe que o texto de lei diz: “se lá no exterior não sejam julgados”.
Caso forem julgados no exterior, mesmo que tenha sido absolvido, ou mesmo
condenado, ou não tenha cumprido a pena, NÃO se aplicará a lei brasileira.
Somente deve ser aplicada nos casos em que a o país estrangeiro não julgou,
acrescidos dos requisitos previstos no Art. 7º, §2º, CP.
Além destas hipóteses, é necessário o concurso das seguintes condições (Art. 7º, §2º, CP),
que devem incidir todas ao mesmo tempo:
a) entrar o agente no território nacional: o ingresso pode ser voluntário ou não,
temporário ou prolongado;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado: também chamado de dupla
tipicidade;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição:
há uma perfeita coincidência entre os crimes pelos quais o Brasil autoriza a extradição e
os crimes pelos quais o Brasil aplica a lei brasileira (de forma genérica e exemplificativa:
os crimes devem ser punidos com reclusão e pena mínima de 1 ano, conforme o Art. 77,
do Estatuto do Estrangeiro);
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena: se o
agente foi absolvido ou cumpriu a pena no estrangeiro, ocorre uma causa de extinção da
punibilidade. Se a sanção foi cumprida parcialmente, novo processo pode ser instaurado
no Brasil, com atendimento à regra do Art. 8º, CP;
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e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta
a punibilidade, segundo a lei mais favorável: como é evidente, cuida-se de causas de
extinção da punibilidade.
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Território nacional: é o espaço onde certo Estado exerce sua soberania Em termos
jurídicos, é a soma do espaço físico e do espaço jurídico
Território próprio: é o próprio espaço físico (geográfico): terrestre, marítimo ou aéreo
correspondente (solos, rios, lagos, baías e faixa do mar territorial, 12 milhas náuticas de
largura)
Território por extensão: embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do Estado, onde quer que se encontrem, bem como as embarcações e aeronaves
brasileiras, mercantes ou de propriedade privadas, que se encontrem em alto-mar ou sobre o
espaço aéreo correspondente ao do alto-mar
Territorialidade: aplicação da Lei Penal do local do crime, pouco importando a
nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico
Territorialidade absoluta: só a Lei Penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos no
território nacional
Territorialidade mitigada (temperada): em regra, aplica-se a legislação brasileira aos
crimes cometidos no território nacional. Excepcionalmente, admite-se a aplicação da
legislação estrangeira aos crimes cometidos no território nacional, total ou parcialmente,
sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional. É, portanto, a
regra utilizada no Brasil (Art. 5º, CP).
Imunidades diplomáticas: a Lei Penal é aplicada, igualmente, a todos, nacionais ou
estrangeiros, sem privilégios pessoais. Contudo, pelo fato de o Brasil ter adotado a
territorialidade mitigada (ou temperada), que existem as imunidades diplomáticas – em
decorrência de convenções, tratados e regras de Direito Internacional (Art. 5º, CP). Assim,
os agentes diplomáticos e os chefes de governos estrangeiros gozam de imunidades por
prerrogativa funcional, em respeito aos Estados que representam, aplicando-se a lei do
seu país.
Imunidades parlamentares: são garantias Constitucionais relativas ao desempenho das
funções parlamentares, pelo mandato eletivo, dos representantes eleitos das Casas do
Congresso Nacional (Deputados Federais e Senadores) Assim, extrai-se a regra geral de
que os parlamentares não poderão ser presos A regra abrange tanto a prisão provisória,
de cunho penal, em qualquer de suas modalidades, salvo no caso de flagrante de crime
inafiançável, assim como a prisão civil, uma vez que o texto constitucional não faz
qualquer distinção
Direito de passagem inocente: existe a possibilidade da passagem inocente de
embarcação estrangeira no mar territorial brasileiro (12 milhas náuticas do continente),
que significa a rápida e contínua travessia de barcos estrangeiros por águas nacionais, sem
a necessidade de pedir autorização para o governo. Perceba que falamos em
“embarcação” e não aeronaves. A regulamentação legislativa, acerca desse assunto, está
prevista no Art. 3º, da Lei n.º 8.617/93: “É reconhecido aos navios de todas as
nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. §1º A
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passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou
à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. §2º A passagem inocente poderá
compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos
constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou
por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves
em perigo ou em dificuldade grave.”
ESQUEMA DIDÁTICO
Atenção:
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A redação do artigo permite concluir que dois fatores devem ser considerados: a
quantidade e a qualidade das penas. Se da mesma qualidade (duas penas privativas de
liberdade, por exemplo), da sanção aplicada no Brasil será abatida a pena cumprida no exterior;
se de qualidade diversa (privativa de liberdade e pecuniária), o julgador deverá atenuar a pena
aqui imposta considerando a pena lá cumprida.
Exemplo: Um indivíduo é condenado a pena de 8 (oito) anos na França por ter atentado
contra a vida do nosso Presidente da República. No Brasil, é também processado e condenado,
mas a pena imposta na sentença foi de 20 (vinte) anos. Neste caso, serão abatidos os 8 (oito)
anos cumpridos na França, cumprindo o agente, no Brasil, somente 12 (doze) anos.
Trata-se de exceção ao princípio do non bis in idem1.
“Por força do princípio do ne bis in idem penal (material) ninguém pode ser condenado
duas vezes pelo mesmo crime. Essa regra, entretanto, não é absoluta. É relativa. A exceção está
precisamente na hipótese de extraterritorialidade da lei penal brasileira: nesse caso, pode o país
onde se deu o crime condenar o agente e o Brasil também. São duas condenações pelo mesmo
fato. Por força do Art. 8º do CP, a pena cumprida no estrangeiro deve ser compensada na pena
fixada no Brasil” (Luiz Flávio Gomes e Antônio Molina, 2007) apud Cunha2, 2016.
O Art. 9º do Código Penal trata da eficácia da sentença penal estrangeira, porém a sua
competência para homologação está presente no Art. 105, I, “i”, da CF: “Compete ao Superior
Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, a homologação de sentenças
estrangeiras (...)”.
As bancas para concurso adoram citar esta competência, porque era do STF, mas, por
força da EC nº 45/04, passou para o STJ. Ademais, o trânsito em julgado da sentença é
necessário!!
Súmula 420, STF: “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do
trânsito em julgado”.
Em regra, a sentença estrangeira não precisa ser homologada no Brasil para gerar efeitos,
contudo o Art. 9º do CP prevê duas exceções, quais sejam, para gerar:
a) Efeitos civis (reparação de danos, restituições, etc.): Depende de pedido da
parte interessada.
1
Non bis in idem: proibição de dupla punição pelo mesmo fato.
2
CUNHA, R. S. Manual de Direito Penal: Parte Geral. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2016. p.126.
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Decore os requisitos!!
Depende:
Requisitos externos ao CP
Homologação da sentença penal
Compete ao STJ
estrangeira. [CF/88]
Obrigatório!!
Sentença transitada em julgado
[Súmula 420, STF]
Fique ligado!!
Em regra, a sentença estrangeira não precisa ser homologada no Brasil para gerar efeitos!!
Contudo, o Art. 9º do CP prevê duas exceções.
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Para o estudo deste artigo é necessário saber que em se tratando de matéria penal, os
prazos processuais devem ser diferenciados dos prazos penais, seguindo o estudo de Fernando
Capez3:
Inclusão do dia do começo: não interessa a que horas do dia o prazo começou a correr;
considera-se o dia todo para efeito de contagem de prazo. Assim, se a pena começou a ser
cumprida às 23h50min, os 10 minutos são contados como um dia inteiro. Do mesmo modo, não
importa se o prazo começou em domingo ou feriado, computando-se um ou outro como
primeiro dia.
Prescrição e decadência: os prazos são contados de acordo com a regra do Art. 10 do
Código Penal.
Prazos processuais: contam-se de acordo com a regra do Art. 798, §1º, do CPP. Exclui-
se o dia do começo. De acordo com a Súmula 310 do STF, se o dia do começo for domingo ou
feriado, o início do prazo será o dia útil imediatamente subsequente.
Contagem de mês e ano: são contados como períodos que compreendem um número
determinado de dias, pouco importando quantos sejam os dias de cada mês. Exemplo: 6 meses
a partir de 20 de abril; terminará o prazo em 20 de setembro, não importando se o mês tem 30
ou 31 dias.
Os anos são contados da mesma forma, sendo irrelevante se bissextos ou com 365 dias.
Cinco anos depois de janeiro de 2010 será janeiro de 2015. Exemplo: 10/01/2010
10/01/2015.
Questão: o agente começa a cumprir pena às 19h27min do dia 5 de agosto de 2003.
Tem 6 anos, 9 meses e 23 dias de pena a cumprir. Calcular a data do término.
Resposta: dividir em três colunas ano, mês e dia. Em seguida, adicionar o quantum a ser
cumprido.
Quando
ANO DE INÍCIO MÊS DE INÍCIO DIA DE INÍCIO
eu saio?
2003 08 05
6 9 23
2009 17 28
Veja que os meses ultrapassaram um ano (12 meses), então deve-se diminuir 12 meses e somar 1 ano a
soma total, ficando:
2010 05 28
3
CAPEZ, F. Curso de Direito Penal: Parte Geral (arts. 1º a 120). 19. ed. São Paulo: Saraiva, v. 1, 2015.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação
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Não se esqueça, porém, que depois da operação deve-se diminuir sempre um dia, já que,
pela regra, o dia do começo deve ser computado.
A pena, assim, estará cumprida em 27 de maio de 2010.
Prazos fatais e improrrogáveis: os prazos de natureza penal são considerados
improrrogáveis, mesmo que terminem em domingos e feriados. Isto significa que, encerrando-
se em um sábado (considerado feriado forense), domingo ou outro dia em que, por motivo de
feriado ou férias, não houver expediente, não existirá possibilidade de prorrogação para o
primeiro dia útil subsequente. O prazo "morre" ali mesmo, no domingo ou feriado, sendo, por
esse motivo, considerado fatal.
Interrupção e suspensão: apesar de improrrogável, o prazo penal é passível de
interrupção (o prazo é "zerado" e começa novamente do primeiro dia) e de suspensão
(recomeça pelo tempo que faltava), como, por exemplo, é o caso do prazo prescricional.
EXERCÍCIOS
1. Os crimes praticados no exterior ficarão sujeitos à lei brasileira quando forem cometidos
contra a fé pública municipal.
2. A lei penal brasileira será aplicada a crime cometido contra a administração pública por
servidor público em serviço, ainda que seja praticado no estrangeiro.
GABARITOS
1- CERTO
2- CERTO
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Sumário
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O Conceito de Crime
Há diversas doutrinas acerca do conceito de crime, contudo a majoritária adota o conceito
tripartido de crime, que possui como elementos: o fato típico, antijurídico (ilícito) e culpável.
Além disso, o Código Penal adotou a teoria finalista da ação, ou seja, todo comportamento
humano tem uma finalidade, sendo a conduta uma atividade final humana, e não uma atividade
simplesmente causal. Por isso, a responsabilidade subjetiva é a regra adotada pelo Código Penal.
Em suma, a corrente adotada é a finalista tripartida ou tripartite.
Contudo, há a corrente minoritária que considera o conceito bipartido de crime, a
culpabilidade é excluída do conceito crime, sendo elementos de sua estrutura: o fato típico e
antijurídico. Considera-se a culpabilidade como mero pressuposto da pena; na teoria bipartida do
crime também é usado o conceito finalista da conduta.
Simplificando:
Temos duas correntes, uma majoritária e outra minoritária. A finalística tripartida é a
corrente utilizada pelas principais bancas, sendo a corrente minoritária (bipartida) cobrada
somente no quesito “conceito”. Aqui fica fácil, basta memorizar o conceito da finalística bipartida e
estudar a corrente majoritária, pois é exatamente o que faremos a partir de agora.
Relação de Causalidade
“Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.”
Comumente, adota-se o nome de nexo causal para tratar da relação de causalidade. O seu
estudo é baseado na conduta pelo autor e no resultado por ele produzido, o vínculo entre a
conduta e o resultado. Doutrinariamente, a expressão “o resultado”, no início do Art. 13, alcança
somente “o resultado naturalístico”. Por isso, a pertinência relativa ao estudo do nexo refere-se aos
crimes materiais (nesses delitos o tipo penal descreve uma conduta e um resultado naturalístico
necessário para a sua consumação do delito). Desse modo, os crimes de mera conduta e os formais
não são objeto de estudo do nexo causal, já que o resultado naturalístico nunca existirá nos crimes
de mera conduta; e para os crimes formais, o resultado naturalístico é dispensável para a sua
consumação, sendo mero exaurimento do delito. Em regra, o Código Penal adotou a teoria da
equivalência dos antecedentes causais (ou conditio sine qua non) em relação à causalidade. Essa
teoria determina que causa é todo ato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido.
Lembre-se: a regra, prevista no caput do Art. 13, é a teoria da equivalência dos antecedentes
causais.
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Questões comentadas
1) (CESPE) No que se refere à relação de causalidade penal, a teoria da equivalência dos
antecedentes causais situa-se exclusivamente no terreno do elemento físico ou material do
delito, razão pela qual, por si só, não pode satisfazer a punibilidade.
Gabarito: Certo
Comentário: a teoria da equivalência dos antecedentes deve analisar o nexo causal entre a conduta
e resultado. Convém lembrar que a pertinência de estudo dessa teoria refere-se aos crimes
materiais. Assim, deverá existir uma conduta e um resultado naturalístico, sem o qual não haverá a
consumação.
2) (CESPE - ADAPTADA) O estudo do nexo causal nos crimes de mera conduta é relevante, uma vez
que se observa o elo entre a conduta humana propulsora do crime e o resultado naturalístico.
Gabarito: Errado
Comentário: a relação de causalidade ou do nexo causal possui pertinência apenas aos crimes
materiais, porquanto estuda a conduta e o resultado naturalístico do tipo penal. Desta forma, o
Código Penal adotou como regra a teoria da equivalência dos antecedentes ou conditio sine qua
non, transcrito na segunda parte, do caput, do Art. 13: “(...) Considera-se causa a ação ou omissão
sem a qual o resultado não teria ocorrido”, ou seja, é irrelevante o estudo do nexo causal para os
crimes de mera conduta e os crimes formais. Neste último o resultado naturalístico pode ou não
ocorrer, mas é mero exaurimento do delito (a consumação é antecipada).
O nexo causal ganha maior importância quando o resultado, por si só, não é gerado por um
único comportamento. Assim, entra o estudo das concausas, que dizem respeito às causas externas
à vontade do agente e que auxiliaram para o resultado naturalístico por ele desejado. Elas podem
ser: preexistentes, concomitantes ou supervenientes; omissivas ou comissivas; independentes ou
dependentes; absolutas ou relativas. O Art. 13, §1º, do Código Penal, trata das concausas (causas
alheias) supervenientes (posteriores) relativamente (só ocorrem porque têm relação com a
conduta inicial do agente) independentes (o resultado naturalístico ocorre de forma autônoma à
conduta do agente), e podem ser divididas em dois grupos: (1) as que por si só produzem o
resultado; (2) e as que por si só não produzem o resultado.
O que nos interessa são aquelas que por si só produzem o resultado, pois há a quebra do
nexo causal,; aqui a concausa é verdadeiramente eficaz, produzindo o resultado naturalístico. O
agente que deu origem ao fato responderá só pelos atos já praticados, e o resultado é imputado a
quem originou a sua consumação.
Exemplo: “A” atira em “B”, contudo “B” morre devido a um veneno ingerido anteriormente. A
causa efetiva da morte de “B” foi o envenenamento, e não o disparo de efetuado por “A”. Nessa
situação, “A” responderá apenas por tentativa de homicídio.
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Acerca deste tema, o Código Penal adotou a teoria da causalidade adequada, uma exceção à
teoria da equivalência dos antecedentes causais (Art. 13, caput, CP).
Questão comentada
3) (CESPE - ADAPTADA) O CP adota, como regra, a teoria da causalidade adequada, dada a
afirmação nele constante de que “o resultado, de que depende a existência do crime, somente é
imputável a quem lhe deu causa; causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido”.
Gabarito: Errado
Comentário: como regra, o Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes ou da
conditio sine qua non, no tocante à causalidade, assim previsto no caput do Art. 13: “O resultado,
de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se
causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. Já como exceção, adotou-se a
teoria da causalidade adequada, prevista no Art. 13, §1º, que trata da superveniência de causas
relativamente independentes.
Infecção hospitalar: imaginemos que “A” dolosamente efetue vários disparos de arma de
fogo contra “B”, sendo este socorrido e levado ao hospital, onde passa por uma cirurgia e
posteriormente morre em decorrência de infecção hospitalar. Quem é baleado possui
grandes chances de contrair infecção hospitalar, portanto o resultado é imputado a quem
lhe deu causa. “A” responderá por homicídio consumado.
Procedimento cirúrgico: imaginemos que “A” tenha disparado um tiro contra a cabeça de
“B” e, por força do tiro, ele tenha que passar por uma cirurgia para se salvar. Contudo,
durante a cirurgia, “B” morre. Nesse caso, haverá o homicídio consumado por “A”, pois a
morte não foi em decorrência da cirurgia, e sim do tiro.
Caso fortuito/Força maior: são aqueles fatos imprevisíveis e inevitáveis ao ser humano.
Imaginemos que “A” dolosamente efetue vários disparos de arma de fogo contra “B”, sendo
este socorrido e levado ao hospital. Suponhamos que, durante a noite, uma tempestade
venha a destruir o hospital e, fatalmente, mate “B”. Nessa situação, haverá superveniência
de concausa relativamente independente que, por si só, produziu o resultado naturalístico,
quebrando o nexo causal entre a conduta de “A” e o resultado gerado, que responderá por
tentativa de homicídio.
Imperícia médica (erro médico): nem toda imperícia médica é capaz de causar a morte, mas
só aquela em que o paciente necessitava de cuidados médicos essenciais. Imaginemos que
“A” dolosamente efetue vários disparos de arma de fogo contra “B”, sendo este socorrido e
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levado ao hospital. Pela gravidade dos ferimentos, a vítima necessita urgentemente de uma
cirurgia para lhe salvar a vida. Imaginemos que durante a cirurgia, o médico, por imperícia,
cause a morte da vítima. Nesse caso, haverá superveniência de concausa relativamente
independente que, por si só, produziu o resultado naturalístico, quebrando o nexo causal
entre a conduta de “A” e o resultado gerado, que responderá por tentativa de homicídio, e
o médico, por homicídio culposo consumado pela imperícia. Na prática, há dois crimes e
dois autores, cada qual com sua responsabilidade.
Motorista de ambulância imprudente/negligente/imperito: “A” atira contra a cabeça de
“B”, que é socorrido em ambulância. Todavia, no trajeto para o hospital a ambulância
capota causando a morte de “B”. Mesmo “A” tendo concorrido diretamente para que “B”
estivesse na ambulância, o Código Penal determina que “A” responda somente por tentativa
de homicídio.
Relevância da Omissão
“Art. 13, §2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.”
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As pessoas às quais incumbe o dever de agir foram enumeradas em um rol taxativo, de sorte
que o critério legal foi aquele optado para enumerar estas hipóteses, isto é, quem tem o dever
jurídico de impedir o resultado (dever de agir). Doutrinariamente, recebem a alcunha de
garantidores . Além disso, não basta o dever de agir, mas para que a omissão seja penalmente
relevante, o omitente deveria e poderia agir para evitar o resultado (Art. 13, §2º). O poder de agir é
a possibilidade real e efetiva de qualquer homem médio para evitar o resultado. Um exemplo seria
o caso de um único policial militar em serviço que vê 14 homens fortemente armados entrando em
uma agência bancária; neste caso ele tem o dever de agir, mas não o poder de agir para evitar o
resultado.
Quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (dever legal): aqui o
Código Penal adotou a palavra “lei” em sentido amplo, trata-se de deveres impostos pelo
ordenamento jurídico lato sensu, e não apenas leis em sentido formal. Por isso, a
obrigação dos pais cuidarem dos filhos menores, e dos policiais no tocante aos indivíduos
em geral.
Temos como exemplo o policial que pode agir e não age. Imaginemos que um policial esteja
de serviço e presencie um assaltante roubando um pedestre. Podendo agir e tendo o dever
imposto por lei, ele simplesmente “se omite”. Essa omissão, para o Código Penal, é considerada
como uma verdadeira ação (comissivo - devia agir - por omissão - não age). Nesse caso, o policial
deverá responder pelo resultado, ou seja, responderá juntamente com o criminoso pelo crime de
roubo. Mas por que isso acontece? Isso ocorre porque quem tem o dever de agir e não age
responde pelo resultado produzido. No caso concreto mencionado, a ação geradora do resultado
foi um crime doloso, sendo assim, o policial responderá como partícipe nesse crime. Daí o crime
comissivo por omissão também receber o nome de participação por omissão.
Podemos citar como exemplo também o pai que deixa o filho no carro para ir ao shopping e,
quando volta, o filho está morto. O pai responderá pelo resultado causado (morte), mas não na
modalidade dolo, e sim por culpa na modalidade negligência. Nesse caso, o pai responderá por
homicídio culposo por sua negligência.
Que, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado: aqui é o que se
convencionou em chamar de garante ou garantidor, pois o dever de agir não decorre de
uma lei, mas “de outra forma” o agente assumiu a responsabilidade, é aquele que assume
a responsabilidade.
Temos aqui o exemplo da babá que assume tomar conta de uma criança e durante a noite –
distraída com o computador – não percebe que a criança engatinha perigosamente em direção à
escada, vindo ao final a despencar, o que lhe ocasiona o óbito. O resultado aqui foi uma morte
gerada por negligência, que no caso concreto determinará a responsabilidade do agente garantidor
no crime de homicídio culposo.
Quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado: aqui
se trata da ingerência ou situação precedente, isto é, aquele que, com seu
comportamento, anterior criou uma situação de perigo deve impedir o resultado lesivo ao
bem jurídico.
Exemplos: 1) A pessoa que por brincadeira esconde o remédio de um cardíaco tem o dever de
ajudá-lo e impedir sua morte. 2) A pessoa que atira um amigo na piscina e ele se afoga, então tem o
dever de socorrê-lo. 3) O marinheiro que arremessa tripulante ao mar, se não evitar que ele morra,
então responderá pelo homicídio. 4) Uma pessoa que ateia fogo em uma mata tem o dever jurídico
de apagar o incêndio.
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Esses crimes são chamados de crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão. Em
todos esses casos, o omitente responderá pelo resultado, a não ser que este não lhe possa ser
atribuído nem por dolo nem por culpa. O agente tem que ter consciência que se encontra na
função de agente garantidor.
Questões comentadas
4) (CESPE) É possível, do ponto de vista jurídico-penal, participação por omissão em crime
comissivo.
Gabarito: Certo
Comentário: quando falamos em crime comissivo, estamos falando de crime executado por meio
de ação e crime omissivo por meio de inação. Contudo, quando falamos de crime comissivo por
omissão, estamos falando no agente que tinha o poder dever de agir, ou seja, o agente garantidor
previsto no Art. 13, § 2º, do Código Penal. O agente garantidor tem o dever de agir e quando não o
faz (omissão) responde por participação em omissão. Temos como exemplo um policial de serviço
(está com o poder dever de agir) que presencia uma senhora sendo roubada e nada faz, omitindo-
se. Como ele tinha o dever e poderia agir, mas não fez, ele responderá por essa omissão
juntamente com o autor do crime, ou seja, responderá por participação por omissão.
5) (ALFACON) Não há crime comissivo por omissão sem que exista o especial dever jurídico de
impedir o dano ou o perigo ao bem jurídico tutelado, sendo, também, indispensável, nos delitos
comissivos por omissão dolosa, a vontade de omitir a ação devida.
Gabarito: Certo
FIQUE LIGADO!
Quando estamos falando de relação de causalidade (Art. 13, CP), uma questão recorrente é
a diferença entre crime omisso próprio e omissivo impróprio (Art. 13, §2º, CP). Convém lembrar
que o estudo do nexo causal é pertinente apenas aos crimes materiais. Portanto, nos crimes
omissivos impróprios, deve existir um resultado naturalístico no tipo penal. Ademais, cabe a
tentativa e podem ser dolosos ou culposos. Já os crimes omissivos próprios são crimes de mera
conduta (não há resultado naturalístico, nem cabe a tentativa). Ademais são sempre dolosos,
inexiste a relação de causalidade. Os crimes omissivos impróprios podem ser chamados também de
impuros ou crimes de participação por omissão.
Lembre-se: a regra adotada pelo Código Penal para definição dos crimes omissivos impróprios
(omissão penalmente relevante) é a teoria normativa.
EXERCÍCIOS
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1) A mãe que, apressada para fazer compras, esquecer o filho recém-nascido dentro de um veículo
responderá pela prática de homicídio doloso no caso de o bebê morrer por sufocamento dentro
do veículo fechado, uma vez que ela, na qualidade de agente garantidora, possui a obrigação
legal de cuidado, proteção e vigilância da criança.
3) Os crimes comissivos por omissão - também chamados de crimes omissivos impróprios - são
aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação.
4) Considere a seguinte situação hipotética: Alberto, pretendendo matar Bruno, desferiu contra
este um disparo de arma de fogo, atingindo-o em região letal. Bruno foi imediatamente
socorrido e levado ao hospital. No segundo dia de internação, Bruno morreu queimado em
decorrência de um incêndio que assolou o hospital. Nessa situação, ocorreu uma causa
relativamente independente, de forma que Alberto deve responder somente pelos atos
praticados antes do desastre ocorrido, ou seja, lesão corporal.
5) Nos crimes omissivos próprios e impróprios, não há nexo causal, visto que inexiste resultado
naturalístico atribuído ao omissor, que responde apenas por sua omissão se houver crime
previsto no caso concreto.
GABARITO
1 – ERRADO
2 – CERTO
3 – CERTO
4 – ERRADO
5 – ERRADO
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Sumário
CRIME CONSUMADO E CRIME TENTADO .................................................................................................................................... 2
1. CRIME CONSUMADO.......................................................................................................................................................... 2
2. ITER CRIMINIS .................................................................................................................................................................... 2
3. CRIME TENTADO ................................................................................................................................................................ 3
3.1. ESPÉCIES DE TENTATIVA................................................................................................................................................................ 3
3.2. NATUREZA JURÍDICA DA TENTATIVA ................................................................................................................................................ 4
3.3. PENA DO CRIME TENTADO ............................................................................................................................................................ 6
3.4. INADMISSIBILIDADE DA TENTATIVA ................................................................................................................................................. 6
EXERCÍCIOS................................................................................................................................................................................. 8
GABARITO .................................................................................................................................................................................. 9
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Para que o crime seja consumado, é necessário que ele percorra todas as fases do iter
criminis, quais sejam: cogitação, preparação, execução e consumação. O agente, com sua conduta,
“caminha” por todas as fases até atingir o resultado.
2. Iter Criminis
Iter criminis (expressão em latim) que significa “fases do crime”. Utiliza-se no Direito Penal
para referir-se ao processo no qual o crime percorre, isto é, as etapas pelas quais o crime passa,
desde o momento em que surgiu a ideia delitiva (cogitação) até a sua conclusão (consumação).
Divide-se em quatro etapas:
1. Cogitação: é a fase interna, ou seja, é o “pensar” no crime. Não se pune esta fase, pois o
mero pensamento não é considerado crime para o Direito Penal.
2. Atos preparatórios: fase externa, ou seja, o agente já cogitou o crime e agora necessita das
ferramentas para iniciar sua execução, os atos preparatórios também não são puníveis,
desde que não sejam crimes autônomos 1(por exemplo, porte ilegal de arma de fogo). Há
também outros exemplos, como a associação criminosa (Código Penal, Art. 288) e os
petrechos para a falsificação de moeda (Código Penal, Art. 291), pois, em ambos os casos,
são crimes formais (de consumação antecipada, isto é, os atos preparatórios são
considerados crimes consumados).
3. Atos de execução: fase externa, isto é, trata-se do início da prática delitiva, é a própria
execução do verbo contido no tipo legal, iniciando-se a agressão ao bem jurídico. Segundo
o Art. 14, inciso II, do Código Penal, o crime será considerado “tentado” quando a execução
delitiva for iniciada e, por circunstâncias alheias à vontade do agente, o crime não se
consuma. Para tentar diferenciar os atos preparatórios dos atos de execução, adotou-se a
teoria objetivo-formal: é necessário que o agente realize pelo menos uma parte da conduta
típica (o verbo do crime), ou seja, adentrar no núcleo do tipo. A tentativa somente será
punida se o crime não se consumar (o fim do crime).
4. Consumação: fase externa, ou seja, é a conclusão do crime, o fim do crime, o crime
completo. Haverá crime consumado quando se reunirem todos os elementos de sua
definição legal (Art. 14, I, CP). Desse modo, aqui estão presentes todos os elementos típicos
descrito no crime em si.
1
Código Penal, Art. 31: “O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.”
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ESQUEMA DIDÁTICO
3. Crime Tentado
“Art. 14 – Diz-se do crime:
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.”
Pena da tentativa:
“Parágrafo único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente
ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.”
No crime tentado, o agente quer o resultado criminoso, mas, por circunstâncias que fogem à
sua vontade (circunstâncias alheias), o crime não se completa.
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3
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d) Tentativa cruenta (vermelha): o alvo (a vítima) é atingido, portanto, ocorre lesão ao bem
jurídico tutelado, isto é, a vítima é ferida. A tentativa cruenta ou vermelha pode ser, ao
mesmo tempo, perfeita ou imperfeita. Exemplo: “A”, com intenção de matar “B”, possui um
revólver com cinco munições e acerta dois tiros contra “B”, ferindo-o gravemente, porém
não conseguiu disparar as outras três munições, por circunstâncias alheias à sua vontade, já
que um transeunte o impediu de prosseguir. Neste caso, a tentativa foi vermelha (cruenta) e
imperfeita.
Questão comentada
1. (CESPE) Configura-se tentativa incruenta no caso de o agente não conseguir atingir a pessoa ou
a coisa contra a qual deveria recair sua conduta.
Gabarito: Certo
Comentário: A tentativa incruenta ou branca é aquela em que a vítima não sofre qualquer
lesão.
Questões comentadas
2. (CESPE) A tentativa, uma norma de extensão temporal, não se enquadra diretamente no tipo
incriminador; faz-se necessária uma norma que amplie a figura típica até alcançar o fato
material.
Gabarito: Certo.
Comentário: Isso mesmo, pois nos tipos penais incriminadores não há a previsão de crime
consumado e crime tentado, restando, portanto, a ampliação da tentativa ao crime consumado.
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4. (ALFACON) É correto afirmar que o crime tentado ocorre quando um agente tenta cometer um
fato delituoso, mas não consegue consumá-lo por fatores alheios à sua vontade.
Gabarito: Certo.
Comentário: Quando iniciada a execução de um crime; mas, por circunstâncias alheias à
vontade do agente, o fato não se consuma, ocorre o crime tentado. É importante lembrar a
diferença entre crime tentado e tentativa abandonada. A tentativa abandonada não se classifica
como crime tentado, trata-se de desistência voluntária (Art. 15, primeira parte, CP) ou
arrependimento eficaz (Art. 15, segunda parte, CP).
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Questão comentada
7. (ALFACON) É correto afirmar que a pena do crime tentado, salvo disposição em contrário, é
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois sextos.
Gabarito: Errado.
Comentário: A afirmativa trocou a razão da diminuição da pena. De acordo com o Art. 14, inc. II
do CP: “Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços.”.
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C • contravenções penais;
C • culposos;
A • atentados;
C • condicionados;
H • habituais;
O • omissivos próprios.
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ESQUEMA DIDÁTICO
EXERCÍCIOS
3. Suponha que Kiko e Relkes entraram em uma discussão; nessa hipótese, Kiko, homem
valente e armado deflagrou todas as suas munições em direção a Relkes, com intenção de
matá-lo, mas Relkes fugiu ileso. Nesse contexto, pode-se dizer que se caracterizou uma
tentativa perfeita incruenta.
5. Na tentativa perfeita, também denominada quase crime, o agente realiza todos os atos
executórios, mas não atinge a consumação por circunstâncias alheias à sua vontade.
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GABARITO
1. CERTO
2. CERTO
3. CERTO
4. CERTO
5. ERRADO
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Sumário
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ........................................................................................................... 2
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ..................................................................................................................................................................... 2
ARREPENDIMENTO EFICAZ ..................................................................................................................................................................... 2
DIFERENÇA ENTRE TENTATIVA, DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ....................................................................................... 3
ARREPENDIMENTO POSTERIOR .................................................................................................................................................. 4
CRIME IMPOSSÍVEL..................................................................................................................................................................... 5
INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO .............................................................................................................................................................. 5
IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO.................................................................................................................................................... 6
TABELA DAS TENTATIVAS ........................................................................................................................................................... 6
EXERCÍCIOS................................................................................................................................................................................. 8
GABARITO .................................................................................................................................................................................. 8
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Desistência voluntária
A desistência voluntária é a primeira espécie de tentativa abandonada ou qualificada,
presente na primeira parte do Art. 15: “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução (...) só responde pelos atos já praticados.”
Consiste em uma atitude negativa por parte do agente, isto é, em uma desistência à
execução do crime, quando lhe sobrava (durante a execução), objetivamente, margem de atuação.
Então, o agente só responderá pelos atos praticados, desde que o resultado naturalístico não
ocorra.
Arrependimento eficaz
O arrependimento eficaz é a segunda espécie de tentativa abandonada ou qualificada,
presente na segunda parte do Art. 15: “O agente que, voluntariamente, (...) impede que o resultado
se produza, só responde pelos atos já praticados.”
Consiste em uma atitude positiva por parte do agente, isto é, buscando retroceder na
atividade delituosa, desenvolve uma nova conduta visando a reparar o dano causado ao bem
jurídico, depois de terminada a execução, evitando o resultado naturalístico (evita a consumação
do delito).
Em ambos os casos, o agente responde só pelos atos já praticados, ou seja, no caso do crime
de homicídio, por exemplo, responderá ele pelo crime da lesão corporal, ou simplesmente pelos
atos já praticados.
Há dois detalhes a ser lembrados: o ato deve ser voluntário (não é necessário que seja
espontâneo) e o resultado não pode ocorrer.
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Questões comentadas
1. (CESPE) Configura-se a desistência voluntária ainda que não tenha partido espontaneamente do
agente a ideia de abandonar o propósito criminoso, com o resultado de deixar de prosseguir na
execução do crime.
Gabarito: Certo.
Comentário: A desistência voluntária é uma espécie de tentativa abandonada ou qualificada,
prevista no Art. 15, 1ª parte, do CP; exige voluntariedade, contudo não precisa de
espontaneidade. Basta que o desejo de desistir tenha partido do próprio agente (a ação
negativa), mesmo que a motivação tenha advindo externamente. Mesmo que tenha a
denominação de tentativa abandonada ou qualificada, em nada tem a ver com a tentativa
(conatus, original) do Art. 14, inc. II, do CP.
2. (CESPE) O agente que tenha desistido voluntariamente de prosseguir na execução ou, mesmo
depois de tê-la esgotado, atue no sentido de evitar a produção do resultado, não poderá ser
beneficiado com os institutos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz, caso o
resultado venha a ocorrer.
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Gabarito: Certo.
Comentário: O Art. 15, do Código Penal trata da desistência voluntária e do arrependimento
eficaz, os quais só geram efeitos se a consumação do crime não ocorrer. Assim, mesmo que um
indivíduo, após os disparos, resolva socorrer a vítima, responderá pelo crime de homicídio
consumado caso ela morra. Contudo, exige-se a voluntariedade em socorrer e também que a
morte não seja consumada, então o autor responderá pelos atos já praticados, ou seja, por
lesão corporal.
Arrependimento Posterior
“Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços.”
Questão comentada
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4. (CESPE) O arrependimento posterior só pode ser aplicado se o crime tiver sido cometido sem
violência ou grave ameaça à pessoa, se houver reparação do dano ou restituição do objeto
material antes do recebimento da denúncia ou da queixa e se o ato do agente for voluntário.
Gabarito: Correto.
Comentário: O arrependimento posterior está previsto no Art. 16 do Código Penal e é causa de
diminuição de pena, assim está previsto: “Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.”
Crime Impossível
“Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.”
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EXERCÍCIOS
5. Considere que José, com intenção de matar, tenha desferido dois tiros certeiros de arma de
fogo em direção a Carlos, que estava deitado. Carlos, por sua vez, tinha ingerido veneno
para se suicidar. Após a autópsia, foi constatado que a morte da vítima foi provocada pelo
veneno e, quando o disparo foi feito, Carlos já estava morto. Nesta situação, será imputado
a José o resultado morte.
GABARITO
1. ERRADO
2. ERRADO
3. ERRADO
4. ERRADO
5. ERRADO
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Sumário
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................................................... 2
1. CRIME DOLOSO .................................................................................................................................................................. 2
1.1. DOLO DIRETO; DOLO INDIRETO (EVENTUAL); DOLO ALTERNATIVO ......................................................................................................... 2
1.2. DOLO DE PRIMEIRO E DOLO DE SEGUNDO GRAU ................................................................................................................................ 3
2. CRIME CULPOSO ................................................................................................................................................................ 4
2.1. REQUISITOS DO CRIME CULPOSO .................................................................................................................................................... 5
2.2. CULPA INCONSCIENTE OU PRÓPRIA ................................................................................................................................................. 6
2.3. CULPA CONSCIENTE ..................................................................................................................................................................... 6
2.4. CULPA IMPRÓPRIA ...................................................................................................................................................................... 7
2.5. DOLO EVENTUAL VERSUS CULPA CONSCIENTE.................................................................................................................................... 7
EXERCÍCIOS................................................................................................................................................................................. 9
GABARITO ................................................................................................................................................................................ 10
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1
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Elemento Subjetivo
1. Crime Doloso
Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.”
No conceito finalista da ação, o dolo é natural e integra a conduta (que está inserida no fato
típico) e consiste na vontade (elemento volitivo) e consciência (elemento intelectivo) de realizar os
elementos do tipo incriminador.
Nessa concepção, a consciência da ilicitude (ou antijuridicidade) está na culpabilidade, isto é,
desvinculada da conduta.
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2
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homicídio. No caso de dolo alternativo, o agente sempre responderá pelo resultado mais
grave.
Concurso material
“Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro
aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”
Concurso formal
“Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas,
mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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Questões comentadas
(CESPE) Excetuadas as exceções legais, o autor de fato previsto como crime só poderá ser
punido se o praticar dolosamente.
Gabarito: Certo.
Comentário: Isso mesmo! Vejamos o Art. 18, Parágrafo único: “Salvo os casos expressos em lei,
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.”.
A regra é o crime doloso (Art. 18, inc. I, do Código Penal); a exceção, o crime culposo (Art. 18,
inc. II, do Código Penal) desde que haja “previsão legal”.
(CESPE) Se o sujeito ativo do delito, ao praticar o crime, não quer diretamente o resultado, mas
assume o risco de produzi-lo, o crime será culposo, na modalidade culpa consciente.
Gabarito: Errado
Comentário: Não é culpa consciente, mas sim dolo eventual ou indireto. Na culpa consciente o
resultado era previsível para o agente, mas ele acreditava plenamente que não ocorreria por
causa das suas habilidades. De outro modo, no dolo eventual o agente se mostra indiferente
com o resultado, que é previsto por ele, assumindo-o ou aceitando o risco de produzi-lo. É o
conhecido “foda-se”!
2. Crime Culposo
Diz-se o crime:
II - Culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
- Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.” (Grifo nosso)
Os crimes culposos não possuem uma conduta completa, isto é, são tipos penais abertos e
necessitam de uma valoração do exegeta1, no caso, o próprio juiz. Nada impede, porém, que haja
crimes culposos em tipos penais fechados, por exemplo, a receptação culposa (Art. 180, §3º, CP)2.
Normalmente, a norma penal incriminadora define uma conduta dolosa, porém, em um
parágrafo dentro do artigo, descreve a modalidade culposa (“se o crime é culposo”).
Conceitualmente, o crime culposo advém de uma conduta voluntária de um agente, de forma
imprudente, negligente ou imperita, o qual deixou de observar os seus deveres objetivos de
cuidado, gerando um resultado naturalístico involuntário, que era previsível objetivamente, mas
não desejado nem previsto por ele. Assim, quem não age como a maioria das pessoas (“homem
médio”), nas mesmas condições, agiria e dá origem a um resultado relevante para o Direito Penal,
então deverá responder pelo crime culposo, se houver previsão legal.
1
Exegeta: intérprete.
2
Código Penal, Art. 180, §3º: “Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o
preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso”.
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Questão comentada
4 • nexo causal;
5 • tipicidade;
6 • previsibilidade objetiva;
7 • ausência de previsão.
Os dois principais requisitos, para fins de concursos, são a previsibilidade objetiva, ou seja, o
Código Penal determina que pelo menos o resultado seja previsível nas circunstâncias em que
realmente aconteceu; e previsão legal, pois todo crime é doloso, a não ser que esteja expressa no
Código Penal ou nas leis especiais a modalidade culposa.
Questões comentadas
(CESPE) São elementos do fato típico culposo: conduta, resultado involuntário, nexo causal,
tipicidade, ausência de previsão, quebra do dever de cuidado objetivo por meio da
imprudência, negligência ou imperícia e previsibilidade subjetiva.
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Gabarito: Errado.
Comentário: A questão traz de maneira correta os elementos do fato típico culposo, porém se
equivoca ao trazer previsibilidade subjetiva, quando o correto seria previsibilidade objetiva.
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Questão comentada
(CESPE) A culpa inconsciente distingue-se da culpa consciente no que diz respeito à previsão do
resultado: na culpa consciente, o agente, embora prevendo o resultado, acredita sinceramente
que pode evitá-lo; na culpa inconsciente, o resultado, embora previsível, não foi previsto pelo
agente.
Gabarito: Certo.
Comentário: A culpa inconsciente (também chamada de culpa comum) e a culpa consciente se
diferenciam no que tange ao conceito da previsão do resultado. Contudo, ambas são tratadas
no Art. 18, II, do CP, da mesma maneira. Na culpa inconsciente, o resultado embora possa ser
previsível não é previsto pelo agente; aqui ocorre um descuidado com o dever objetivo de
cuidado que todos devem ter. Já na culpa consciente, o agente acredita sinceramente que pode
evitar o resultado.
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Agir com dolo significa: “jogar com a sorte” o “dane-se da questão”. Para aquele que se
comporta com dolo eventual, o acaso constitui a única garantia contra a materialização do sinistro;
o agente tem consciência da sua incapacidade para impedir o resultado, mas mesmo assim fica
insensível ao que se apresentou diante da sua vontade.
Já na culpa consciente ele não “joga com sorte”, pois no seu interior acredita sinceramente
que vai evitar o resultado danoso.
Questões comentadas
(ALFACON) Denomina-se culpa inconsciente quando o agente acredita que, com a sua perícia,
ele pode evitar um resultado, caracterizado por crime.
Gabarito: Errado.
Comentário: Quando o agente acredita que, com a sua perícia, ele pode evitar um resultado,
caracterizado por crime, trata-se da culpa consciente. O crime culposo é previsto no Art. 18, inc.
II, do Código Penal, descrito por: “culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia”.
(CESPE) Ricardo, com o objetivo de matar Maurício, detonou, por mecanismo remoto, uma
bomba por ele instalada em um avião comercial a bordo do qual sabia que Maurício se
encontrara, e, devido à explosão, todos os passageiros a bordo da aeronave morreram. Nessa
situação hipotética, Ricardo agiu com dolo direto de primeiro grau no cometimento do delito
contra Maurício e dolo direto de segundo grau no do delito contra todos os demais passageiros
do avião.
Gabarito: Certo.
Comentário: O Art. 18, I, do Código Penal, trata dos tipos de dolo, em que temos o dolo direito
e o dolo indireto ou eventual. O dolo direto se divide em dolo direto de primeiro grau e dolo
direto de segundo grau. O dolo direto de primeiro grau está presente quando o agente
direciona de forma certa e precisa o alvo da lesão jurídica, ou seja, se “A” atira contra “B”, o
alvo certo e direcionado é “B”. Assim, temos dolo direto de primeiro grau (havia vítima certa). O
dolo direto de segundo grau relaciona-se às consequências necessárias e suficientes derivadas
do ato, ou seja, quando alguém coloca uma bomba em um avião para matar determinada
pessoa, tem a clara noção de que a morte dos demais passageiros será efeito obrigatório
(necessário e suficiente). Assim, contra os demais passageiros, temos um dolo direto de
segundo grau. A consequência disso é a aplicação do concurso formal impróprio com desígnios
autônomos, que faz com que as penas do agente sejam somadas.
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ESQUEMA DIDÁTICO
EXERCÍCIOS
1. É correto afirmar que o crime doloso ocorre quando o agente quis o resultado ou assumiu o
risco de produzi-lo.
2. Suponha que, em naufrágio de embarcação de grande porte, tenha havido tombamento das
cabines e demais dependências, antes da evacuação da embarcação e resgate dos passageiros
e, em razão desse fato, os sobreviventes tenham sofrido diversos tipos de lesões corporais, e
centenas tenham morrido por politraumatismo e afogamento. Com base nessa situação
hipotética, julgue o item seguinte, de acordo com a legislação brasileira. Caso seja comprovada
imperícia, negligência ou imprudência da tripulação, esta poderá responder judicialmente pelo
crime de homicídio em relação às mortes ocorridas no naufrágio.
3. Ocorre o homicídio culposo quando o agente realiza uma conduta involuntária, com violação de
dever objetivo de cuidado a todos imposto, produzindo, por consequência, um resultado morte.
4. Age com dolo eventual o agente que prevê possíveis resultados ilícitos decorrentes da sua
conduta, mas acredita que, com suas habilidades, será capaz de evitá-los.
5. Admite-se a tentativa nos delitos de imprudência.
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GABARITO
1. CERTO
2. CERTO
3. ERRADO
4. ERRADO
5. ERRADO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Crime Preterdoloso .............................................................................................................................................2
Agravação pelo resultado..................................................................................................................................................2
Requisitos do crime preterdoloso ....................................................................................................................................2
Princípio da insignificância ...............................................................................................................................3
Tipicidade formal x Tipicidade material.........................................................................................................................3
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Crime Preterdoloso
Agravação pelo resultado
Art. 19 – Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao
menos culposamente.
O crime preterdoloso é espécie dos crimes qualificados pelo resultado (gênero).
Os crimes qualificados pelo resultado são aqueles em que o agente pratica uma conduta inicial
simples caracterizada como crime; contudo o resultado é superior àquela conduta inicial, seja por
excesso nos meios empregados, seja por uma nova conduta mais gravosa, de tal forma que a pena é
maior (qualificada).
Assim, existem dois momentos deste tipo de crime, o antecedente e o consequente. O primeiro
realiza-se com uma conduta voluntária do agente, seja dolosa, seja culposa (subjetivamente); e o
segundo, que é o resultado mais grave, pode ser produzido tanto de forma dolosa quanto culposa
(objetivamente). Acresce-se que estas condutas devem estar no mesmo nexo causal.
Existem quatro tipos de crime qualificados pelo resultado:
01. Dolo + Dolo: Exemplo: namorado inconformado, que descobre que o feto é fruto de incesto,
decide espancar a namorada até causar-lhe o aborto.
Código Penal, Art. 129: “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
§2º Se resulta: (...)
V – aborto. Pena – reclusão, de dois a oito anos.”
02. Culpa + Culpa: Exemplo: incêndio culposo que resulta em homicídio culposo das pessoas que
estavam no local
Código Penal, Art. 258: “Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave,
a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de
culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena
cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.”
03. Culpa + Dolo: Exemplo: lesão corporal culposa de trânsito em que há omissão de socorro.
CTB, Art. 303: “Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor”
Parágrafo único: “Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do §1º
do Art. 302.”
CTB, Art. 302, §1º, III: “deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
acidente”
04. Dolo + Culpa: é o crime preterdoloso. Exemplo: o agente deseja torturar (Lei nº 9.455/97)
o michê com quem sua esposa estava saindo a fim de que ele confesse o adultério praticado,
porém, culposamente, excede-se nos meios empregados e acaba matando-o.
Lei nº 9.455/97, Art. 1º, §3º: “Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão
de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.”
Observação: os itens I, II e III são chamados crimes agravados pelo resultado, assim como o item
IV, mas somente esse último pode ser chamado de preterdoloso, ou seja, dolo na conduta anteceden-
te e culpa no consequente.
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Portanto, não se admite a tentativa nos crimes preterdolosos, já que esta é impossível. Isso
acontece porque se o resultado agravador não era o pretendido pelo agente, não será possível tentar
produzi-lo.
Questões comentadas
01. (CESPE) Comprovado o animus laedendi na conduta do réu e a sua culpa no resultado mais
grave, qual seja, a morte da vítima, ainda que esse resultado seja previsível, restará configura-
do o delito preterdoloso de lesão corporal seguida de morte.
˃ Gabarito: Certo.
Comentário: O animus laedendi ou animus nocendi é a intenção de prejudicar, ferir, agredir,
prevista no Art. 129 do Código Penal, lesão corporal. O Código Penal pune o agente por aquilo que ele
queria fazer (elemento subjetivo). Assim, se o agente com intenção (dolo) de ferir vem a causar, por culpa,
a morte, deverá ele responder pelo crime de lesão corporal seguida de morte, que é um crime preterdo-
loso ou preterintencional, pois o agente age com dolo na conduta antecedente e com culpa na conduta
consequente.
02. (CESPE) Considere que Antônio, com a intenção de provocar lesões corporais, tenha agredido
José com uma barra de ferro, sendo comprovado que José veio a falecer em consequência das
lesões provocadas pelo agressor. Nesse caso, Antônio responderá pelo delito de homicídio,
ainda que não tenha desejado a morte de José nem assumido o risco de produzi-la.
˃ Gabarito: Errado.
Comentário: Estamos diante de uma lesão corporal seguida de morte, isso porque o Código
Penal leva em conta o elemento subjetivo do agente que causou o resultado e, no caso concreto, ele tinha a
intenção de lesionar e não matar. Contudo, o resultado do crime foi mais grave que o dolo inicial e gerado
por culpa do agente. Assim, temos dolo na conduta antecedente e culpa no consequente, isto é, um crime
preterdoloso previsto no Art. 129, §3º, CP: “Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente
não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo”.
Princípio da insignificância
Tipicidade formal x Tipicidade material
Princípio da insignificância: decorrente da intervenção mínima do Estado, pressupondo que
nem todas as condutas tipificadas como crime (formalmente) serão materialmente típicas, devendo
ser analisadas no caso em concreto se houve lesão expressiva a um bem jurídico relevante e se houve
um comportamento agressivo pelo agente.
“A tipicidade penal não pode ser percebida como o trivial exercício da adequação do fato concreto
à norma abstrata. Além da correspondência formal, para a configuração da tipicidade, é necessária
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uma análise materialmente valorativa das circunstâncias do caso concreto, no sentido de se verificar
a ocorrência de alguma lesão grave, contundente e penalmente relevante do bem jurídico tutelado.
O princípio da insignificância reduz o âmbito de proibição aparente da tipicidade legal e, por conse-
quência, torna atípico o fato na seara penal, apesar de haver lesão a bem juridicamente tutelado pela
norma penal.” (STF, HC 108946, Rel. Min. Cármen Lúcia, 07/12/2011).
˃ Requisitos objetivos:
Mínima ofensividade da conduta do agente.
Ausência de periculosidade social da ação.
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento.
Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
˃ Natureza jurídica: causa supralegal de exclusão da tipicidade.
˃ Aplicabilidade: qualquer delito que seja com ele compatível, sua maior incidência ocorre nos
crimes patrimoniais (furto). É inadmissível quando o crime acontecer com violência ou grave
ameaça à pessoa.
˃ TABELA PRÁTICA:
Crimes contra a Adm. Pública: Regra: Não admite
STJ: Até R$10 mil
Descaminho
STF: Até R$20 mil
Crimes Funcionais: STJ: Não admite
Crimes ambientais: STJ/STF: Admitem
Moeda Falsa,
Inaplicável
Fé Pública:
Tráfico de drogas,
Inaplicável
Posse de droga para uso pessoal:
Crimes de perigo abstrato: Inaplicável
Crime eleitoral: Inaplicável
Rádio Clandestina: Inaplicável
Questão comentada
03. (CESPE) Na aplicação do princípio da insignificância, deve-se considerar o valor do objeto do
crime e desprezar os aspectos objetivos do fato, tidos como irrelevantes.
˃ Gabarito: Errado
˃ Comentário: A pertinência do princípio da insignificância deve ser avaliada considerando-se
todos os aspectos relevantes da conduta imputada: (a) a mínima ofensividade da conduta do
agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabili-
dade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada (exemplo: o furto
de algo de baixo valor). Esses são os requisitos expressos dados para a validade do princípio da
insignificância pelo STF.
EXERCÍCIOS
01. Ocorre crime preterdoloso quando o agente pratica dolosamente um fato do qual decorre um
resultado posterior culposo. Para que o agente responda pelo resultado posterior, é necessário
que este seja previsível.
Certo ( ) Errado ( )
02. Crime qualificado pelo resultado é o mesmo que crime preterdoloso.
Certo ( ) Errado ( )
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03. Considere a seguinte situação hipotética: Alberto, pretendendo matar Bruno, desferiu contra
este um disparo de arma de fogo, atingindo-o em região letal. Bruno foi imediatamente socor-
rido e levado ao hospital. No segundo dia de internação, Bruno morreu queimado em decor-
rência de um incêndio que assolou o nosocômio. Nessa situação, configura um crime preter-
doloso ou preterintencional.
Certo ( ) Errado ( )
04. Admite-se a tentativa nos crimes preterdolosos.
Certo ( ) Errado ( )
05. Os critérios para a aplicação do princípio da insignificância descrevem-se pela mínima ofen-
sividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento e expressividade da lesão jurídica provocada.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO
03 - ERRADO
04 - ERRADO
05 - ERRADO
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Sumário
ERRO SOBRE ELEMENTOS DO TIPO ............................................................................................................................................. 2
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 2
1.1. ELEMENTARES ............................................................................................................................................................................ 2
1.2. CIRCUNSTÂNCIAS ........................................................................................................................................................................ 2
1.2.1. Circunstâncias agravantes ........................................................................................................................................ 2
2. ERRO DE TIPO ESSENCIAL ................................................................................................................................................... 3
2.1. ESCUSÁVEL, DESCULPÁVEL, INVENCÍVEL OU INEVITÁVEL ...................................................................................................................... 3
2.2. INESCUSÁVEL, INDESCULPÁVEL, VENCÍVEL OU EVITÁVEL....................................................................................................................... 4
EXERCÍCIOS................................................................................................................................................................................. 5
GABARITOS ................................................................................................................................................................................ 5
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1.1. Elementares
É a descrição típica do crime (aquilo que está logo depois do “artigo”, o próprio caput).
Quando se extrai (exclui) a elementar, então o crime não existe.
Exemplo: o crime de furto, previsto no Art. 155: “Subtrair coisa alheia móvel”, caso o
indivíduo subtraia coisa própria por engano, não haverá o crime, pouco importando sua intenção.
Assim, se o agente subtrai sua própria bicicleta por “engano”, pensando que está a subtrair
bicicleta de seu vizinho, não comete crime algum. Não há como punir uma pessoa que subtrai suas
próprias coisas.
Código Penal, Art. 30: “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime.”
1.2. Circunstâncias
São dados assessórios do crime, que suprimidos, não afetam na punição do agente. Servem
para agravar ou atenuar a pena, por vezes, as circunstâncias agravantes genéricas fazem parte das
qualificadoras dos crimes (CP, Art. 121, §2º, II: “por motivo fútil”).
Exemplo: ladrão que furta bem de pequeno valor pensando ser de grande valor.
Responderá pelo furto simples sem redução de pena do privilégio.
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Pela leitura do artigo 20, caput, ele somente leva em conta as elementares, isto é, o erro do
tipo é a falsa percepção sobre algum elemento constitutivo do tipo (alguma elementar da norma
penal incriminadora); trata-se do chamado erro do tipo essencial.
Contudo, o erro do tipo (lato sensu) cuida dos elementos objetivos, subjetivos e normativos
descritos na conduta criminosa, incidindo sobre as elementares e circunstâncias da figura típica.
O erro de tipo essencial sempre excluirá o dolo, mas pode comportar a culpa. Assume duas
formas: escusável ou inescusável.
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Lugar onde se guardam chapéus, casacos, guarda-chuvas etc.
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Exemplo: “A” é policial federal e efetuou a prisão em flagrante de “B”, chefe de uma
organização criminosa, e este prometeu matá-lo no instante em que o encontrasse. Fatalmente,
“B” foi liberado no dia seguinte (sabe como é ... habeas corpus etc.), o policial estava sabendo do
fato e já com receio da ameaça de morte. Enquanto “A” estava no Shopping com sua família,
depara-se com “B” vindo em sua direção e colocando a mão no bolso de trás da calça. Logo, “A”
deduziu que ele iria sacar uma arma e matar toda a sua família, prontamente desferiu 10 tiros
contra “B”, matando-o ali mesmo! Quando chegou próximo a seu corpo, “B” estava segurando uma
bíblia e uma carta de perdão para “A”, ou seja, este não estava em legítima defesa, pois não existia
injusta agressão! O Código Penal irá puni-lo por homicídio culposo por erro evitável e inescusável.
ERRO DO TIPO
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EXERCÍCIOS
1. O erro de tipo, se vencível, afasta o dolo e a culpa, estando diretamente ligado à tipicidade da
conduta do agente.
2. Na culpa imprópria, um agente age com dolo, mas é punido com culpa e ela ocorre no erro do
tipo essencial inescusável, no qual se exclui o dolo, mas se admite a culpa, se prevista em lei.
3. É correto afirmar que o erro do tipo acidental possui o erro sobre a pessoa, doutrinariamente
denominado aberractio in persona e, neste caso, a pessoa que se quer executar – a vítima
virtual – não sofre diretamente o perigo.
5. O erro sobre elemento essencial do tipo, escusável ou inescusável, exclui o dolo, mas permite a
punição a título de culpa.
GABARITOS
1. ERRADO
2. CERTO
3. CERTO
4. ERRADO
5. ERRADO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Erro Sobre Elemento Do Tipo����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Parte II����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Erro De Tipo Acidental�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Erro Sucessivo Ou Aberratio Causae (Dolo Geral)������������������������������������������������������������������������������������������������������3
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A situação acima é considerada um irrelevante penal, ou seja, o agente quer um resultado, mas
acaba produzindo outro. “A” queria matar “C” (seu pai), no entanto acaba matando “B” (sósia de
“C”). Contudo, é irrelevante o resultado diverso do pretendido, pois o Código Penal pune o agente de
acordo com o elemento subjetivo que ele possuía no momento do crime. Desse modo, “A” responderá
pelo fato que ele realmente queria praticar, isto é, homicídio consumado agravado por “C” ser seu pai
(ascendente).
Erro na execução ou aberratio ictus (Art. 73)
Neste caso, a pessoa que o sujeito pretendia atingir sofre perigo, ou seja, o atirador erra o alvo por ser ruim
de pontaria. Sua definição legal está no Art. 73 do Código Penal.
Código Penal, Art. 73: “Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de
atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime
contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do Art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida
a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do Art. 70 deste Código.”
Um exemplo para melhorar o entendimento do aberratio ictus ou erro na execução é o seguinte. Suponha-
mos que “A”, com animus necandi, queira matar “B”, 13 anos, e, para isso, efetua três disparos de arma de
fogo contra “B”. Contudo, por erro de pontaria (erro na execução), “A” acaba acertando “C”, de 20 anos,
que estava atrás de “B”. Nesse caso, o Direito Penal não punirá “A” por dois crimes, quais sejam: tentati-
va de homicídio contra “B” e homicídio consumado contra “C”. Serão levadas em conta, nessa situação,
apenas, as características da vítima pretendida, e não da vítima efetiva. Ou seja, como “A” pretendia
matar um menor de 14 anos, portanto, será a ele imputado homicídio consumado com aumento de pena
previsto no Art. 121, §4º.
Art. 121, § 4º “No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inob-
servância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de
14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.” (Grifo nosso)
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03. É correto afirmar que o erro do tipo acidental possui o erro sobre a pessoa, doutrinariamen-
te denominado aberractio in persona e, neste caso, a pessoa que se quer executar – a vítima
virtual – não sofre diretamente o perigo.
Certo ( ) Errado ( )
04. O erro sucessivo, sinônimo de dolo geral, está ligado ao erro do tipo essencial inescusável, no
qual se exclui o dolo, mas se admite a culpa, se prevista em lei.
Certo ( ) Errado ( )
05. É isento de pena, em razão da ausência de dolo ou culpa, o agente que age mediante erro de
tipo acidental, ou seja, o agente que desconhece os dados acessórios ou secundários do crime.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO:
01. ERRADO
02. ERRADO
03. CERTO
04. ERRADO
05. ERRADO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Descriminantes Putativas����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
O que é Descriminante?�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
O que é Putativo?�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Descriminantes Putativas�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Erro Relativo ao Pressuposto Fático do Evento de uma Causa de Exclusão de Ilicitude�������������������������������������2
Erro Relativo à Existência de uma Causa de Exclusão da Ilicitude������������������������������������������������������������������������2
Erro Relativo aos Limites de uma Causa de Exclusão da Ilicitude��������������������������������������������������������������������������3
Efeitos�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
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Descriminantes Putativas
“Art. 20, §1º – É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação
de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e
o fato é punível como crime culposo.” (Grifo nosso)
O que é Descriminante?
As descriminantes são as causas legais que excluem o crime, as excludentes de ilicitude, previstas
no Art. 23 do Código Penal: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever
legal e exercício regular de direito.
O que é Putativo?
É aquilo que aparenta ser verdadeiro, legal e certo, mas não é.
Descriminantes Putativas
As descriminantes putativas ocorrem nas hipóteses em que o agente acredita estar amparado
por uma causa legal de exclusão da antijuridicidade (descriminante) que não existe (putativa). Sendo
assim, ele acredita estar amparado pelo estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento
do dever legal ou exercício regular de direito, porém não há tais situações no caso concreto.
→→ Podem ocorrer 3 formas diferentes de o agente fantasiar (erro) acerca das descriminantes:
• sobre o pressuposto fático do evento de uma causa de exclusão de ilicitude;
• sobre a existência de uma causa de exclusão da ilicitude;
• sobre os limites de uma causa de exclusão da ilicitude.
Erro Relativo ao Pressuposto Fático do Evento de uma Causa de Exclusão de
Ilicitude
O erro recai sobre uma situação fática que faz o agente acreditar que está amparado pelas descri-
minantes. Dessa forma, o erro é provocado por uma falsa percepção da realidade.
Imagine que você tenha prendido um perigoso bandido e ele o ameaçou de morte. Após dias, você
o encontra na rua e ele leva a mão à cintura dando a crer que sacaria uma arma. Você, “pensando”
estar em legítima defesa (excludente de ilicitude), efetua disparos para conter injusta agressão, que
não existia de fato, pois o perigoso bandido estava apenas tirando uma bíblia para mostrar sua con-
versão ao catolicismo, ou seja, você pensou erroneamente que estava correndo perigo quando, na
verdade, não estava.
Aqui usaremos a regra do erro do tipo. O dolo estará sempre excluído, mas se for percebido que o
agente poderia evitar o erro, será responsabilizado por culpa.
É a chamada culpa imprópria, em que o agente age com dolo, mas responde a título de culpa,
desde que haja previsão em lei. (Regra do erro de tipo, Art. 20, §1º)
Erro Relativo à Existência de uma Causa de Exclusão da Ilicitude
Neste caso, o agente acredita na existência de uma norma penal permissiva para aquela conduta.
Por exemplo, imaginemos que “A” é de uma linhagem dos senhores de engenho e que o seu avô, co-
nhecedor exímio do Direito no Brasil e que veio falecer em 1910, tenha dito a ele que matar a esposa
em estado de adultério não era crime, e assim o fez, quando encontrou a sua em adultério. Porém, ele
desconhecia a nova lei penal de 1940 (eu sei, forçado!), acreditando estar acobertado por uma exclu-
dente de ilicitude, que não é verdade! (Regra do erro de proibição, Art. 21)
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Efeitos
→→ Erro sobre o pressuposto fático do evento de uma causa de exclusão de ilicitude.
• Erro de tipo: escusável: exclui o crime; inescusável: culposo, se previsto em lei.
→→ Erro sobre a existência de uma causa de exclusão da ilicitude;
• Erro de proibição: escusável: isenta a pena; inescusável: diminui a pena.
→→ Erro sobre os limites de uma causa de exclusão da ilicitude.
• Erro de proibição: escusável: isenta a pena; inescusável: diminui a pena.
EXERCÍCIOS
01. Se o agente oferece propina a um empregado de uma sociedade de economia mista, supondo
ser funcionário de empresa privada com interesse exclusivamente particular, incide em erro
do tipo.
Certo ( ) Errado ( )
02. A diferença entre erro sobre elementos do tipo e erro sobre a ilicitude do fato reside na circuns-
tância de que o erro do tipo exclui o crime, já o erro sobre a ilicitude do fato diminui a pena.
Certo ( ) Errado ( )
03. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena, considerando-se
as condições e qualidades da vítima, e não as da pessoa contra quem o agente queria praticar o
crime.
Certo ( ) Errado ( )
04. Considerando o disposto no Código Penal brasileiro, quanto à matéria do erro, é correto
afirmar que, em regra, o erro de proibição recai sobre a consciência da ilicitude do fato, ao
passo que o erro de tipo incide sobre os elementos constitutivos do tipo legal do crime.
Certo ( ) Errado ( )
05. O erro de ilicitude exclui o crime.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO
03 - ERRADO
04 - CERTO
05 - ERRADO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Erro de Proibição�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Erro Sobre a Ilicitude do Fato�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Desconhecimento da Lei���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Questões Comentadas��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Quadro Comparativo���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
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Erro de Proibição
Erro Sobre a Ilicitude do Fato
“Art. 21 – O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único – Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.”
Desconhecimento da Lei
O artigo 21 dispõe em sua primeira parte: “o desconhecimento da lei é inescusável”, ou seja,
ninguém pode alegar que não conhece a lei somente para se eximir da responsabilidade. A lei faz
referência apenas ao “desconhecimento da lei”, e não sobre a errada compreensão da lei, como no
art. 26. A ignorância é o completo desconhecimento a respeito da realidade. O erro é o falso conheci-
mento ou o total desconhecimento do ordenamento jurídico, ou seja, da lei penal!
O erro de proibição não exclui o dolo nem a culpa, estando dentro da culpabilidade! Seus efeitos
são de isenção de pena (escusável) ou diminuição de pena (inescusável), diferentemente do erro do
tipo que exclui o dolo e a culpa (escusável) ou somente o dolo mantendo a culpa (inescusável).
1) Erro de proibição escusável: isenta a pena.
2) Erro de proibição inescusável: diminui a pena.
→→ Sinônimos:
˃˃ Escusável: desculpável, invencível ou inevitável.
˃˃ Inescusável: indesculpável, vencível ou evitável.
Questões Comentadas
01. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; e, se evitável, poderá diminuí-la,
de um sexto a um terço. Tal modalidade de erro, segundo a doutrina penal brasileira, pode ser
classificada adequadamente como erro de tipo e pode, em circunstâncias excepcionais, excluir
a culpabilidade pela prática da conduta.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado.
˃˃ Comentário: O erro está em que esse conceito pertence ao erro de proibição ou erro sobre a ili-
citude do fato, e não ao erro do tipo. Trata-se de questão de natureza conceitual.
02. Considera-se causa de exclusão da culpabilidade erro de proibição inevitável.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo.
˃˃ Comentário: O erro de proibição previsto no Art. 21 do Código Penal prevê o seguinte: “O des-
conhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;
se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.”. Assim, quando o erro de proibição for
inevitável (desculpável, invencível ou escusável), então isentará o agente de pena, pois causa a
exclusão da culpabilidade por retirar a potencial consciência da ilicitude. Contudo, se o erro
for evitável (indesculpável, vencível ou inescusável), então irá diminuir a pena do agente de um
sexto a um terço. Assim, nem todo erro de proibição isenta de pena.
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→→ Em resumo: o erro aqui previsto não repousa sobre os elementos do tipo penal, presentes na
situação concreta, e tampouco há equívoco sobre alguma descriminante. O que se verifica é uma
situação de fato na qual não é possível perceber o caráter ilícito da conduta. Se tal percepção é
inevitável, o autor ficará isento de pena, pois, pelas circunstâncias, ele acreditará que está agindo
licitamente. Se ela for evitável, contudo, haverá apenas uma diminuição da pena, de 1/6 a 1/3, a
critério do Juiz. O que a doutrina menciona é que, aqui, fica ausente a culpabilidade do autor ou
ela será reduzida.
Quadro Comparativo
ERRO DO TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO
Não sabe o que faz Sabe o que faz
Conhece a lei Não conhece a lei
Fato Típico Culpabilidade
Exercícios
01. Considerando o disposto no Código Penal brasileiro, quanto à matéria do erro, é correto
afirmar que, em regra, o erro de proibição recai sobre a consciência da ilicitude do fato, ao
passo que o erro de tipo incide sobre os elementos constitutivos do tipo legal do crime.
Certo ( ) Errado ( )
02. O erro de proibição escusável exclui o dolo e a culpa; o inescusável exclui o dolo, permanecen-
do, contudo, a modalidade culposa.
Certo ( ) Errado ( )
03. Na ocorrência de erro de proibição inevitável, deste deve-se excluir a culpabilidade, em razão
da falta de potencial consciência da ilicitude, e, na ocorrência de erro evitável, deve-se, obriga-
toriamente, atenuar a pena.
Certo ( ) Errado ( )
04. A falta de consciência da ilicitude, se inevitável, exclui a culpabilidade.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Errado
03 - Certo
04 - Certo
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Coação Irresistível e Obediência Hierárquica�������������������������������������������������������������������������������������������������2
Coação Irresistível�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Obediência Hierárquica����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
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Questões Comentadas
(CESPE) A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o crime.
˃˃ Gabarito: Certo
˃˃ Comentário: A ideia aqui é bem simples. Coação irresistível, por si só, não tem efeito algum.
Temos que perguntar se ela é física ou moral. Se for física, afasta a tipicidade por falta de conduta;
se for moral, afasta a culpabilidade, porque elimina a exigibilidade de conduta diversa, gerando
como consequência a isenção de pena.
(CESPE) Aquele que for fisicamente coagido, de forma irresistível, a praticar uma infração penal
cometerá fato típico e ilícito, porém não culpável.
˃˃ Gabarito: Errado
˃˃ Comentário: A coação física irresistível retira a conduta do agente excluindo o fato típico e,
consequentemente, o crime. A questão aponta, de forma errada, que a coação física exclui a cul-
pabilidade. A coação que exclui a culpabilidade, de fato, é a coação moral irresistível.
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Obediência Hierárquica
→→ É a obediência à ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico, tornando viciada a vontade
do subordinado e afastando a exigência de conduta diversa. Também exclui a culpabilidade.
• Ordem de superior hierárquico: é a manifestação de vontade do titular de uma função
pública a um funcionário que lhe é subordinado.
• Ordem manifestamente não ilegal: a ordem deve ser aparentemente legal. Se for manifes-
tamente ilegal, deve o subordinado responder pelo crime.
→→ Exemplos:
Delegado de polícia determina que agente prenda Antônio, indiciado por crime de latrocínio
e alega que Antônio tem contra si um mandado de prisão expedido pela autoridade judiciária. O
agente então prende Antônio e o conduz até a delegacia. Acontece que não existia mandado algum
contra Antônio. Nessa situação, tanto o delegado quanto o agente cometeram crime de abuso de
autoridade. Contudo, somente o delegado terá PENA; o agente ficará isento devido à “aparência” de
ordem manifestamente NÃO ilegal.
Questão Comentada
(CESPE) São causas de exclusão da culpabilidade, expressamente previstas no Código Penal brasilei-
ro, a coação moral irresistível e a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico.
˃˃ Gabarito: Certo
˃˃ Comentário: Os elementos da culpabilidade são: imputabilidade, potencial consciência da ili-
citude e exigibilidade de conduta diversa. A coação moral irresistível e a obediência à ordem,
não manifestamente ilegal, de superior hierárquico integram a exigibilidade de conduta diversa
que, por sua vez, exclui a culpabilidade. “Art. 22 – Se o fato é cometido sob coação irresistível ou
em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível
o autor da coação ou da ordem”. Deve-se atentar para a seguinte situação: se a assertiva trou-
xesse apenas coação irresistível ou coação física irresistível, a questão estaria errada, pois é
preciso que esteja especificada a modalidade de coação que está sendo tratada na questão (e tem
que ser moral para se excluir a culpabilidade).
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EXERCÍCIOS
01. Segundo a doutrina majoritária, de acordo com a teoria tripartide, a coação pode estar no
âmbito do fato típico, como pode estar no âmbito da culpabilidade, bem como pode ser resistí-
vel e irresistível. Quando tratar de coação física irresistível, esta se encontra no âmbito do fato
típico, excluindo a conduta do agente. Já, quando tratar de coação moral irresistível, esta se
encontra no âmbito da culpabilidade, e isenta o agente de pena.
Certo ( ) Errado ( )
02. Caso o fato seja cometido em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, não serão puníveis o agente que obedeceu nem o autor da coação ou da
ordem.
Certo ( ) Errado ( )
03. É causa de exclusão da culpabilidade o fato de a conduta ser praticada por meio de coação física
irresistível.
Certo ( ) Errado ( )
04. A coação irresistível pode ser física, fato que opera a exclusão do crime, ou moral, fato que
opera a isenção da pena.
Certo ( ) Errado ( )
05. Considera-se causa de exclusão da culpabilidade a coação moral resistível.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO
03 - ERRADO
04 - CERTO
05 - ERRADO
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Exclusão da Ilicitude (Antijuridicidade)�����������������������������������������������������������������������������������������������������������2
A Ilicitude���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Exclusão da Ilicitude�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Excesso Punível�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Estado de Necessidade������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Requisitos para a Configuração do Estado de Necessidade������������������������������������������������������������������������������������3
O Perigo Atual���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
O Direito Próprio ou Alheio����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Exemplos de Estado de Necessidade���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
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Exclusão da Ilicitude
Conceito: são situações em que o indivíduo comete um fato tipificado como crime, mas que a própria
lei, pela natureza e circunstâncias do caso concreto, autorizam-no a fazer. Tais situações excluem o
caráter ilegal da ação ou omissão praticada, e estão previstas no artigo 23 do Código Penal.
“Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato:
I. em estado de necessidade;
II. em legítima defesa;
III. em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.”
Excesso Punível
“Parágrafo único – O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou
culposo.”
Em essência, nas hipóteses mencionadas no artigo 23, o indivíduo deverá agir de forma
moderada, caso contrário, poderá ser responsabilizado criminalmente pelo excesso na ação, seja ela
dolosa ou culposa.
As causas de exclusão da ilicitude incidirão na falta de condição para a ação penal, pois o fato
deve ser narrado com todas as circunstâncias (CPP, art. 41). Do contrário, o Ministério Público está
autorizado a pedir o arquivamento, ou o juiz a rejeitar a denúncia ou queixa (CPP, art. 43, I). Em
segundo plano, somente ocorrerá a exclusão de ilicitude se as causas justificadoras forem inquestio-
náveis, ou seja, se estiverem cabalmente demostradas. Na fase do oferecimento da denúncia vigora o
princípio do in dubio pro societate.
Questão Comentada
(CESPE) A responsabilidade penal do agente nas hipóteses de excesso doloso ou culposo aplica-se a
todas as seguintes causas de excludentes de ilicitude previstas no CP: estado de necessidade, legítima
defesa, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito.
˃˃ Gabarito: Certo
˃˃ Comentário: O excesso pode ocorrer em todas as formas de exclusão de ilicitude previstas no
art. 23 do Código Penal.
Estado de Necessidade
“Art. 24 – Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.”
Ocorre quando um bem é lesado para salvar outro bem em perigo de ser igualmente ofendido.
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→→ Requisito subjetivo:
O agente, na prática, tem que ter conhecimento da situação justificante. Pouco ou nada vale
alegar a existência dos requisitos se ele já tinha em mente cometer o crime.
Exemplo:
Imaginemos que um indivíduo esteja em um barco, com a intenção de matar uma pessoa; supo-
nhamos que quando tal indivíduo se aproxime para desfechar o golpe de morte, o barco em que eles
estão comece a afundar e o agressor lembre que não sabe nadar e que somente existe um salva-vidas.
Pois bem, a princípio todos os elementos para a caracterização do estado de necessidade estão pre-
sentes, mas de nada servirão, pois o indivíduo já tinha em mente cometer o crime.
05. A atuação em estado de necessidade só é possível se ocorrer na defesa de direito próprio, não se
admitindo tamanha excludente se a atuação destinar-se a proteger direito alheio.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - ERRADO
02 - ERRADO
03 - CERTO
04 - ERRADO
05 - ERRADO
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ÍNDICE
Legítima Defesa���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Requisitos para que Subsista a Legítima Defesa��������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Observações Importantes��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
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Legítima Defesa
“Art. 25 – Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
Conceito: é causa de excludente de ilicitude (antijuridicidade) que se completa ao se repelir injusta
agressão, atual ou iminente a direito próprio ou alheio, usando dos meios necessários (leiam-se dis-
poníveis). Aqui o que importa para o agente é que cesse a agressão injusta.
Observação: ocorre um efetivo ataque ilícito contra o agente ou terceiro, legitimando a repulsa.
Requisitos para que Subsista a Legítima Defesa
• agressão humana;
• agressão injusta;
• agressão atual ou iminente;
• agressão a direito próprio ou de terceiro;
• meios necessários (disponíveis);
• requisito subjetivo.
Somente tem a capacidade de “agressão” o ser humano. Animais não agridem, somente atacam.
Dessa forma, para alegar legítima defesa, o indivíduo tem que repelir a agressão injusta de um “ser
humano”.
OBS: caso um animal esteja sendo “atiçado” por um indivíduo a atacar outro, a agressão passa ser
humana, pois o animal está sendo usado como uma arma! Mas caso o animal atacasse alguém pelo
próprio instinto, sem ser “atiçado”, a repulsa ao ataque seria configurada “estado de necessidade”,
como vimos anteriormente.
→→ Agressão injusta:
Agressão injusta significa agressão ilícita, ou seja, contra o ordenamento jurídico. Em regra, a
pessoa à qual o elemento está fazendo cessar a agressão está contra ele cometendo um ilícito, não
precisa ser necessariamente um crime, já que é permitida a legítima defesa para a proteção da posse
CC artigo 1.210 § 1º.
→→ Agressão atual ou iminente:
Diferentemente do que ocorre no estado de necessidade, aqui vale a situação de perigo (agressão)
atual ou iminente, ou seja, que está prestes a acontecer.
→→ Agressão a direito próprio ou de terceiro:
Vale aqui a mesma explicação que foi dada no estado de necessidade, mas adequando-se que a
“agressão” tem que partir de um ser humano; em caso de ataque de animal, sem a presença de uma
pessoa, o caso passa a ser de estado de necessidade.
→→ Meios necessários:
Aqui se lê “meios disponíveis”. O agente deve repelir a injusta agressão sempre com os meios que
estiverem à sua disposição no momento da agressão.
Exemplo: imaginemos que um policial acaba de apreender uma bazuca e que tal objeto está em suas
mãos, no exato instante em que aparece um indivíduo querendo tirar a vida deste policial com um
revólver calibre 38.
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→→ O que fazer:
• Pede para o elemento esperar que você jogue a bazuca ao chão e pegue o meio necessário,
que é a arma da sua cintura, para ser mais “razoável”?
• Solta tudo e sai correndo?
• Levando-se em conta o bem jurídico em jogo (vida), vira a bazuca para o agressor e, como é
o único jeito de cessar a agressão, dê uma “bazucada” no agressor?
Resposta:
Nesse caso, a brincadeira é muito válida, pois é aqui que tiramos do concursando a ideia de que
os meios necessários devem ser “equivalentes” ao do agressor. O que conta são os meios disponíveis.
Assim, ficamos com a terceira opção, ou seja, explodimos o agressor com a finalidade de que cesse
sua agressão!
→→ Requisito subjetivo:
Aqui vale também a explicação do estado de necessidade, pois o agente não pode estar com a
ideia anterior de cometer crime e se utilizar do caso posterior concreto para alegar legítima defesa.
→→ Exemplos de legítima defesa:
• “A”, desafeto de “B”, arma-se com um machado e, prestes a desferir um golpe, é surpreendi-
do pela reação de “B”, que saca um revólver e efetua um disparo.
• “A”, munido de um cão, atiça o animal na direção de “B”, que, para repelir a injusta agressão,
atira no enfurecido animal.
• “A”, menor de idade, saca um fuzil e, prestes a atirar em “B”, é surpreendido por este que
saca uma bazuca, único meio disponível no momento, vindo a “explodir” “A”.
DIFERENÇA ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA
Observações Importantes
• É possível legítima defesa de provocações por meio de injúrias verbais; segundo a sua inten-
sidade e conforme as circunstâncias, pode ou não ser agressão.
• Agressão de inimputável constitui legítima defesa.
• Agressão decorrente de desafio, duelo, convite para briga NÃO constitui legítima defesa.
• Agressão passada (já ocorrida) constitui vingança, e não legítima defesa.
• Agressão futura não autoriza legítima defesa (mal futuro).
• Não existe legítima defesa da honra: “A” marido traído chega a sua casa e surpreende “C”,
sua esposa, em conjunção carnal com “B”. Enfurecido, pega sua arma e dispara contra a
esposa traidora.
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João não poderá alegar legítima defesa, pois utilizou navalha para revidar agressões de homem
desarmado.
˃˃ Gabarito: Errado.
˃˃ Comentário: No presente caso, João agrediu verbalmente Pedro, provocando-o injustamente.
João não poderia alegar legítima defesa, porquanto QUIS o resultado briga. A questão é bem
clara quando diz “atracaram-se”. Não foi Pedro que iniciou o ataque a João e este tentou se
defender. Visto isso, João, realmente, não poderá alegar legítima defesa, mas não pelo fato de ter
usado uma navalha, por isso a questão está incorreta.
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EXERCÍCIOS
01. Em relação às excludentes de ilicitude, na hipótese de legítima defesa, o agente deve agir nos
limites do que é estritamente necessário para evitar injusta agressão a direito próprio ou de
terceiros.
Certo ( ) Errado ( )
02. Em uma situação hipotética, um assaltante atirou em um policial que, na Legítima Defesa,
atirou na direção do assaltante para conter a sua conduta. Acidentalmente, o policial acertou
um terceiro, inocente, que veio a falecer. Nesta situação hipotética, a Legítima Defesa continua
caracterizada.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - CERTO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular do Direito���������������������������������������������������������2
Estrito Cumprimento do Dever Legal�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Exercício Regular de Direito����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Da Imputabilidade Penal������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Inimputáveis�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Da Culpabilidade����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Embriaguez�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Embriaguez Voluntária������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
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Da Imputabilidade Penal
Inimputáveis
“Art. 26 – É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”
Redução de Pena:
“Parágrafo único – A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”
Da Culpabilidade
Conceito: quando falamos de imputabilidade penal, estamos falando de um dos elementos que
compõe a culpabilidade. A culpabilidade é a capacidade que o agente possui para poder receber
pena, ou, como muitos doutrinadores preferem afirmar: “É o juízo de reprovabilidade social, ou seja,
a censura que a sociedade faz sobre a conduta praticada pelo agente.”
→→ A culpabilidade possui os seguintes elementos:
• imputabilidade penal;
• potencial consciência da ilicitude;
• exigibilidade de conduta diversa.
É a capacidade de entender que o fato que está cometendo é tido como ilícito penal, ou, como o
Código diz: “De se determinar de acordo com esse entendimento”.
São imputáveis no Brasil os maiores de dezoito anos e os mentalmente sãos.
Questão Comentada
01 - (CESPE) A imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a potencial consciência da ilici-
tude são elementos da culpabilidade.
Gabarito: Certo
Comentário: O crime, em sua corrente tripartida, é dividido em fato típico, antijurídico e
culpável (culpabilidade). A culpabilidade, por sua vez, é dividida em imputabilidade, potencial cons-
ciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.
→→ Critérios (sistemas) para avaliação da inimputabilidade penal:
REGRA:
• Biopsicológico: não basta ser doente mental; no momento da ação ou omissão tem que
ser completamente (absolutamente) incapaz de compreender o que está fazendo. Exemplo:
imaginemos que o indivíduo possui atestado médico, atestando a loucura total. Contudo,
ao tomar os remédios, o indivíduo consegue entender todas as suas ações.
A pergunta aqui é: esse indivíduo é imputável ou inimputável?
Resposta: depende! Vamos aos casos.
• Caso 01: Imaginemos que o remédio tenha acabado e o indivíduo fique COMPLETAMEN-
TE louco e, em um ato insano, venha a esfaquear uma pessoa. Neste caso, será considerado
inimputável e não poderá receber pena. Aplica-se no caso a medida de segurança.
• Caso 02: Imaginemos que o indivíduo esteja interditado judicialmente por loucura
total. Contudo, naquele dia, ele se medicou e estava em estado de lucidez. Mesmo sendo
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considerado louco, ele entende no momento da ação ou omissão o ato criminoso, ou seja,
neste caso responderá pelo crime e terá pena.
Por esse motivo dizemos que não basta ser doente mental; para não receber pena tem que estar
absolutamente incapaz de entender o que estava fazendo.
→→ EXCEÇÃO
• Biológico: é aquele sistema que avalia somente os aspectos biológicos. Por esse motivo, os
menores de dezoito anos não podem receber pena, mesmo que no momento da ação ou
omissão criminosa entendam perfeitamente o que estão fazendo.
Observação: o Brasil adotou o sistema vicariante, ou bem aplicamos a pena ou bem aplicamos a
medida de segurança. É impossível a aplicação das duas medidas simultaneamente.
Questão Comentada
01 - (CESPE – 2013) Em relação à menoridade penal, o Código Penal adotou o critério puramente
biológico, considerando penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos de idade, ainda que
cabalmente demonstrado que entendam o caráter ilícito de seus atos.
Gabarito: Certo
Comentário: O Direito Penal brasileiro adota como regra o sistema biopsicológico (a respon-
sabilidade só é excluída se o agente, em razão de enfermidade ou retardamento mental, era, no
momento da ação, incapaz de entendimento ético-jurídico e autodeterminação). E como exceção
adota o sistema puramente biológico (condiciona a responsabilidade à saúde mental, à normalidade
da mente) para hipótese do menor de 18 anos. Falamos aqui em caráter absoluto para os menores de
18 anos de idade, pouco importando se eles tinham ou não entendimento do que estavam fazendo.
→→ Exclui a Imputabilidade
• Doença mental: é qualquer perturbação mental que tenha capacidade de influir no enten-
dimento do caráter ilícito do fato. Bons exemplos são as paranoias e psicoses descritas na
Medicina.
• Desenvolvimento mental incompleto ou retardado: é aquele desenvolvimento que ainda
não chegou ao amadurecimento social. Exemplo: os menores de dezoito anos.
• Desenvolvimento mental retardado: é a pessoa que está atrasada mentalmente em relação
aos indivíduos normais. Exemplo: os oligofrênicos.
• Embriaguez: embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior: a embria-
guez quando não voluntária e total exclui a capacidade de entendimento, excluindo conse-
quentemente a imputabilidade penal.
“II. A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
§1º – É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de de-
terminar – se de acordo com esse entendimento.”
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Embriaguez
• Completa ou Absoluta
• Caso Fortuito ou Força Maior ISENTO DE PENA
• Involuntária
Embriaguez Voluntária
Voluntária:
• Dolosa ou Culposa: na forma dolosa, o agente tem a intenção de beber para se embria-
gar. Já na culposa o agente bebe, mas não quer se embriagar, mas por excesso acaba se em-
briagando. Nessas duas situações o agente responde normalmente. Sem aumento e sem
diminuição.
• Preordenada: o agente propositadamente se embriaga para cometer uma infração penal.
A embriaguez é usada para tomar coragem para a prática de tal ato. Nesta modalidade o
agente responde com aumento de pena.
Aplica-se, nesses casos, o princípio da actio libera in causa.
Questão Comentada
01 - (CESPE) Tendo sido adotada a teoria da actio libera in causa pelo Código Penal, é permitida a
exclusão da imputabilidade do agente se a embriaguez não acidental for completa e culposa.
Gabarito: Errado
Comentário: Segundo o princípio da actio libera in causa, quem se coloca na condição volun-
tária de embriaguez responde pelo crime. Para que a embriaguez exclua a culpabilidade gerando a
isenção de pena, é necessário que ela seja involuntária (acidental) absoluta ou completa e proveniente
de caso fortuito ou força maior.
EXERCÍCIOS
01. O agente que, por exame pericial oficial, for reconhecido como inimputável não poderá ser
submetido à medida de segurança, porque é isento de pena.
Certo ( ) Errado ( )
02. É isento de pena o agente que, por embriaguez voluntária completa, era, ao tempo da ação ou
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.
Certo ( ) Errado ( )
03. A responsabilidade penal independe da imputabilidade do agente.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - ERRADO
02 - ERRADO
03 - ERRADO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Árvore do Crime��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Emoção e Paixão����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Menores de Dezoito Anos�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
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Árvore do Crime
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Emoção e Paixão
“Art. 28 – Não excluem a imputabilidade penal:
I - A emoção ou a paixão;”
A emoção pode, em alguns casos, servir como diminuição de pena – privilégio – , como no caso
do homicídio privilegiado – Art. 121, §1º, CP. Os requisitos são: impelido relevante valor social ou
moral; logo após a injusta agressão da vítima; sob o domínio de violenta emoção da vítima.
Exercícios
01. É correto afirmar que a emoção e a paixão não podem excluir a imputabilidade penal, de
acordo com o Código Penal.
Certo ( ) Errado ( )
02. É isento de pena o agente que, por desenvolvimento mental incompleto, embriaguez completa
decorrente de força maior, emoção ou paixão, era, ao tempo do crime, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Errado
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Noção Introdutória���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Normas Penais Incriminadoras���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Normais Penais Permissivas��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Normas Penais Complementares ou Explicativas���������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Estrutura do Código Penal�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Capítulo I - Dos Crimes Contra a Vida�������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Crimes Dolosos Contra a Vida�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Latrocínio���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Qualificadoras e o Aumento de Pena������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Infanticídio é uma Forma Privilegiada de Homicídio��������������������������������������������������������������������������������������������������4
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Noção Introdutória
A parte especial do Código Penal trata na sua essência dos crimes que são tipificados do artigo 121
ao 359-H. Contudo, inseridos nesses artigos, existem normas penais que não tratam de crimes. Sendo
assim, trazemos aqui as classificações mais importantes encontradas nessa parte do Código Penal.
Latrocínio
§3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da
multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
→→ Considerações : diferença entre privilégio e causa supra legal de excludente de tipicidade.
Quando falamos do privilégio em termos penais, é uma situação em que ocorre diminuição de
pena. É DIFERENTE de quando mencionamos uma causa supra legal de excludente de tipicidade.
No privilégio o agente pratica uma conduta criminosa, contudo, diante dos fatos, de seus anteceden-
tes, ou da maneira que o cometeu, pode receber uma diminuição da pena, ou tê-la substituída, de
acordo com o crime praticado pelo agente.
Art. 155, §2° - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: § 2º - Se o criminoso é primário, e é de
pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de
um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Na causa supra legal de excludente de tipicidade, é quando a aplicação da pena ao acusado se faz
desnecessária diante do reduzido potencial lesivo do crime praticado.
»» Exemplo: “A”, desempregado, comete o furto de uma barra de chocolate em um supermerca-
do. Nessa situação, devido o valor do bem furtado ser pequeno (ínfimo), será absolvido com
base no princípio da insignificância.
ATENÇÃO!
Não confundir privilégio com principio da insignificância, sendo que, esse é uma causa suprale-
gal de excludente de tipicidade.
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ÍNDICE
Continuação de Crimes Dolosos Contra a Vida����������������������������������������������������������������������������������������������2
Homicídio - Art. 121����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz - Art. 15������������������������������������������������������������������������������������������2
Homicídio Privilegiado - Art. 121, §1º Caso de Diminuição de Pena�������������������������������������������������������������������������2
Requisitos�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Homicídio Qualificado - Art. 121, §2º����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
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Requisitos
Ocorre quando a causa do delito diz respeito ao interesse coletivo.
Exemplo: matar um traficante de drogas, que está viciando todas as crianças de uma escola;
matar um estuprador, que aterroriza as mulheres de uma pequena cidade.
“b) Motivo de relevante valor MORAL.”
Quando a causa do delito se refere ao interesse do próprio agente.
Exemplo: matar o estuprador de sua filha; matar o traficante que viciou seu filho.
“c) Sob o domínio de VIOLENTA EMOÇÃO, logo em seguida a injusta PROVOCAÇÃO da vítima.”
Não configura o privilégio, caso se pratique o crime sob a INFLUÊNCIA de violenta emoção ou
violenta PAIXÃO ou somente sob o domínio de EMOÇÃO.
Exemplo: o marido, ao chegar à sua casa, após um dia de trabalho, ouve ruídos estranhos vindo de
seu quarto. Ao entrar no cômodo, depara-se com a sua esposa que acabou de ser estuprada, e o crimi-
noso está fugindo pela janela. O marido, impelido por relevante VALOR MORAL e sob o DOMÍNIO
de violenta EMOÇÃO, após essa injusta PROVOCAÇÃO, mata o estuprador.
Se tomar ares de injusta AGRESSÃO, configurar-se-á LEGÍTIMA DEFESA, excluindo a antiju-
ridicidade do fato.
Exemplo: “A”, ao chegar da padaria, ouve sua mulher gritar no quarto, quando se depara com “B”,
que estuprava a mulher de “A”. Este vem a disparar um tiro de revólver contra “B” para PROTEGER
o direito de outrem de PERIGO ATUAL.
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Continuação de Crimes Dolosos Contra a Vida����������������������������������������������������������������������������������������������2
Homicídio - Art. 121����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz - Art. 15������������������������������������������������������������������������������������������2
Homicídio Privilegiado - Art. 121, §1º Caso de Diminuição de Pena�������������������������������������������������������������������������2
Requisitos�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Homicídio Qualificado - Art. 121, §2º����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
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Requisitos
Ocorre quando a causa do delito diz respeito ao interesse coletivo.
Exemplo: matar um traficante de drogas, que está viciando todas as crianças de uma escola;
matar um estuprador, que aterroriza as mulheres de uma pequena cidade.
“b) Motivo de relevante valor MORAL.”
Quando a causa do delito se refere ao interesse do próprio agente.
Exemplo: matar o estuprador de sua filha; matar o traficante que viciou seu filho.
“c) Sob o domínio de VIOLENTA EMOÇÃO, logo em seguida a injusta PROVOCAÇÃO da vítima.”
Não configura o privilégio, caso se pratique o crime sob a INFLUÊNCIA de violenta emoção ou
violenta PAIXÃO ou somente sob o domínio de EMOÇÃO.
Exemplo: o marido, ao chegar à sua casa, após um dia de trabalho, ouve ruídos estranhos vindo de
seu quarto. Ao entrar no cômodo, depara-se com a sua esposa que acabou de ser estuprada, e o crimi-
noso está fugindo pela janela. O marido, impelido por relevante VALOR MORAL e sob o DOMÍNIO
de violenta EMOÇÃO, após essa injusta PROVOCAÇÃO, mata o estuprador.
Se tomar ares de injusta AGRESSÃO, configurar-se-á LEGÍTIMA DEFESA, excluindo a antiju-
ridicidade do fato.
Exemplo: “A”, ao chegar da padaria, ouve sua mulher gritar no quarto, quando se depara com “B”,
que estuprava a mulher de “A”. Este vem a disparar um tiro de revólver contra “B” para PROTEGER
o direito de outrem de PERIGO ATUAL.
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Capítulo II - Das Lesões Corporais�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Lesão Corporal - Art. 129�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
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Deve ser realizado exame complementar de perícia DEPOIS de decorridos os 30 dias, contado da
data do crime, ou seja, no 31º dia.
“II. perigo de vida;”
O perigo de vida deve ser uma possibilidade concreta e imediata de a vítima morrer em conse-
quência do ato delituoso.
Ex.: “A”, com intenção de lesionar “B”, atira com arma de fogo em direção ao ombro de “B”. No
entanto, acerta o pescoço causando-lhe perigo de vida.
“III. debilidade permanente de membro, sentido ou função; diminuição ou enfraquecimento da capa-
cidade funcional.”
Na hipótese de órgãos duplos, a perda de um deles caracteriza lesão grave pela debilidade
permanente. Nesse caso, é duradoura e de recuperação incerta.
Feto nasce antes do período normal em razão da lesão corporal. A criança nasce viva e continua
a viver. O elemento subjetivo do agente é a lesão corporal.
OBS.: situação hipotética: “A” desfere um chute na barriga da gestante “B”, que está no oitavo mês
de gestação. Nesse caso “A” responde pelo artigo 125 CP (aborto sem o consentimento da vítima)
na modalidade dolo eventual, uma vez que “A” tinha a consciência de que poderia, com sua ação,
provocar o resultado. Na situação em tela, o elemento subjetivo do agente é o aborto.
“Pena - reclusão, de um a cinco anos.”
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A expressão “para o trabalho” permite inferir que a vítima fica impossibilitada de exercer qualquer
tipo de trabalho.
Alteração da saúde, ocorrendo por meio de processo físico, psíquico ou patológico, ou seja,
situação em que a Medicina ainda não encontrou a cura.
Exemplo: perda de uma perna (membro), dos dois olhos (sentido) inutilização dos rins (função).
Exemplo: “A”, com intenção de lesionar sua esposa, joga óleo quente em seu rosto, que fica deformado
permanentemente.
IMPORTANTE!
“V. aborto:”
Vale ressaltar que esse inciso se refere a um resultado culposo, visto que se trata de crime
preterdoloso. É a lesão corporal agravada pelo aborto, em que o agente procede com DOLO na conduta
de lesionar e CULPA no resultado agravador aborto.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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ATENÇÃO, ALUNO!
Vejamos, agora, as principais diferenças entre a lesão corporal de natureza grave (§1º) e a de
natureza gravíssima (§2º), e quais são os pontos de maior relevância para estudarmos.
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.”
Para ocorrer a substituição da pena nessa hipótese, as lesões não podem ser graves e deve haver a
incidência do privilégio (causa de diminuição de pena).
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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Um indivíduo agride o outro e, cessada essa primeira agressão, ocorre outra lesão pela primeira
vítima.
Cometido por negligência, imprudência ou imperícia que remete ao crime culposo – Art. 18, II,
CP.
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.”
§ 4º- No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 6º- A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada,
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.”
Apontamentos:
Toda vez que ocorrer violência doméstica e a vítima for do sexo feminino, não será aplicado o
Art. 129, §9º do CP. Aplica-se, no entanto, o Art. 1º da Lei 11.340/2006 em decorrência do princípio
da especialidade.
“Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos do § 8º do Art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República
Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência domés-
tica e familiar.”
→→ No caso de união estável homoafetiva, é necessário observar as seguintes situações:
˃˃ Se a união se der entre dois homens, aplicar-se-á o Art. 129, §9º do CP. Isso porque a Lei
11.340/2006 não se aplica ao sexo masculino, já que esta se refere à mulher.
˃˃ Situação diferente ocorre quando a união ocorre entre duas mulheres. Nesse caso, a Lei
11.340/2006 será aplicada. Isso se deve à existência de uma qualidade especial, quanto ao sujeito
passivo ser mulher.
A violência doméstica, que foi inserida pela Lei 10.886/04, não é considerada um crime autônomo,
visto que sua elementar ainda é a lesão, porém, é cometida contra pessoas específicas e determinadas.
“§10º - Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º
deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).”
Se a lesão for de natureza grave, gravíssima ou com resultado de morte contra ascendente, des-
cendente, cônjuge ou companheiro, irmão, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou ainda, pre-
valecendo-se o agente das relações domésticas de coabitação ou de hospitalidade, a pena aumenta-se
de 1/3 (um terço).
“§ 11º - Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência”.
Se do crime resultar lesão grave, gravíssima ou morte e for cometido contra deficiente nas
circunstâncias do §9º, a pena é aumentada.
Constitui aumento de pena de um a dois terços, incluído pela Lei nº 13.142, de 2015, caso a lesão
corporal seja praticada contra:
→→ Requisitos:
˃˃ Membros das Forças Armadas (Art. 142).
˃˃ Membros dos órgãos de segurança pública (Art. 144).
˃˃ Integrantes do sistema prisional.
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OBS.: o Art. 129, §º 12 foi inserido na Lei dos Crimes Hediondos, nº 8.072/1990, Art. 1º inciso 1-A.
“Art. 1o- São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848,
consumados ou tentados:
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (Art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte
(Art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos Arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;”
FIQUE LIGADO!
É importante ressaltar que, no caso dos integrantes do sistema prisional, abrange tanto os agentes
que praticam a atividade-fim (agente penitenciário), quanto os que realizam a atividade-meio (psicó-
logo, enfermeiro, dentista).
Elemento subjetivo: é indispensável que o agressor saiba da função pública exercida e queira
cometer o crime contra o agente que está no exercício da função ou em decorrência dela.
Sujeito Ativo: crime comum (qualquer pessoa).
Sujeito Passivo: autoridade ou agente descritos nos Arts. 142 e 144, integrantes do sistema prisio-
nal, da Força Nacional de Segurança ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente até o 3º grau.
EXERCÍCIOS
01. O crime de lesão corporal praticado por um indivíduo contra seu irmão, no âmbito doméstico,
configura apenas o crime de lesão corporal simples, dada a inaplicabilidade da Lei Maria da
Penha em casos em que a vítima seja do sexo masculino.
Certo ( ) Errado ( )
02. Paulo, após discussão com sua colega de trabalho Regina, que estava grávida, desferiu-lhe um
chute com a intenção de apenas machucá-la. Entretanto, em decorrência da conduta de Paulo,
Regina entrou antecipadamente em trabalho de parto. Sendo assim, é possível caracterizar o
delito como lesão corporal de natureza grave.
Certo ( ) Errado ( )
03. Considere a seguinte situação hipotética: Alex agrediu fisicamente seu desafeto, Lúcio, cau-
sando-lhe vários ferimentos, e, durante a briga, decidiu matá-lo, efetuando um disparo com
sua arma de fogo, sem, contudo, acertá-lo. Nessa situação hipotética, Alex responderá pelos
crimes de lesão corporal em concurso material com tentativa de homicídio.
Certo ( ) Errado ( )
04. A lesão corporal classifica-se como gravíssima se apresenta como consequência a debilidade
permanente de membro.
Certo ( ) Errado ( )
05. Por ausência de previsão legal, não se admite a aplicação do instituto do perdão judicial ao
delito de lesão corporal, ainda que culposa.
Certo ( ) Errado ( )
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GABARITO
01 - ERRADO
02 - CERTO
03 - ERRADO
04 - ERRADO
05 - ERRADO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Capítulo III – Da Periclitação da Vida e da Saúde�������������������������������������������������������������������������������������������2
Perigo de Contágio Venéreo – Art. 130���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Perigo de Contágio de Moléstia Grave – Art. 131����������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem – Art. 132�������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Abandono de Incapaz – Art. 133�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Exposição ou Abandono de Recém-Nascido – Art. 134�����������������������������������������������������������������������������������������������3
Omissão de Socorro – Art. 135����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Omissão de Socorro no Trânsito�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar Emergencial – Art. 135-A������������������������������������������������5
Maus-tratos – Art. 136������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Capítulo IV – Da Rixa�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������6
Rixa – Art. 137��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������6
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Se o crime for cometido contra recém-nascido mas com fim diverso do elemento normativo “ocultar
desonra própria”, tais como excesso de filhos ou extrema pobreza, restará caracterizado o
crime de abandono de incapaz (art. 133 do CP).
Aumento de Pena
Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.
Trata-se de crime preterdoloso, respondendo o agente pelo dolo, e o resultado agravador de forma
culposa (lesão corporal grave ou morte).
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Não confundir com o crime de tortura, quando alguém sob guarda, vigilância ou autoridade e
é submetido com o emprego de violência ou grave ameaça a INTENSO sofrimento físico ou mental
para aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo (Lei 9.455/97, art. 1º, inc. II).
§1º – Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de um a quatro anos.
§2º – Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
§§ 1º e 2º versam o preterdolo.
§3º – Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14(catorze)
anos.
Causa especial de aumento de pena, adicionada pela lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Ado-
lescente.
Capítulo IV – Da Rixa
Rixa – Art. 137
Art. 137 – Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único – Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
É necessário que três (03) ou mais pessoas façam parte da rixa, sendo ao menos uma delas imputável.
Não pode haver grupo definido, sendo esse crime classificado como de condutas contrapostas (uns
contra os outros).
Cada contentor é sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo no crime de rixa.
É um crime de concurso necessário.
Mesmo que o contentor tenha ido embora da rixa e alguém morrer, esse irá responder por rixa qua-
lificada pela morte.
Exercícios
01. No crime de rixa, a coautoria é obrigatória, pois a norma incriminadora reclama como
condição obrigatória do tipo a existência de pelo menos três autores, sendo irrelevante que um
deles seja inimputável.
Certo ( ) Errado ( )
02. O crime de omissão de socorro é classificado como omissivo impróprio
Certo ( ) Errado ( )
03. No abandono de incapaz ocorre o aumento de pena se a vítima é maior de 60 anos.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Errado
03 - Certo
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Dos Crimes Contra a Pessoa ..............................................................................................................................2
Dos Crimes Contra a Liberdade Pessoal .........................................................................................................................2
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Aumento de Pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem
mais de três pessoas, ou há emprego de armas. (verificar porque falei 3 ou mais)
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se
justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Informações: O crime se dá com a imposição ilegal à vítima de um comportamento certo e de-
terminado que pode ser omissivo ou comissivo. Não existe a previsão legal de crime culposo nessa
figura típica. Contudo, pode ocorrer a tentativa.
O § 1º da causa de aumento de pena e exige no máximo 4 pessoas e a exasperação pode ser aplicada
quando se tratar de arma própria (feita para produzir lesões, como por exemplo um revólver) ou im-
própria (não foi feita para produzir lesões mas pode ser usada para essa fim, exemplo uma faca).
A Ação penal é incondicionada a representação.
→ Observações Importantes:
˃ Não há crime quando o constrangimento objetiva impedir a realização de ação ou omissão
proibida pela lei – quem age assim esta acobertado por uma excludente de ilicitude de exercício
regular de um direito (art. 23, III, do CP).
˃ Há o constrangimento quando o agente age para evitar ato apenas imoral da vítima
˃ Se o comportamento da vítima puder ser exigido por meio de ação judicial teremos o exercício
arbitrário das próprias razões (CP, art. 345).
˃ Se o sujeito for funcionário público no exercício de suas funções responderá por abuso de auto-
ridade lei. 4898/65.
˃ Se o sujeito passivo for menor, deve-se observar o Estatuto da Criança e do Adolescente, que
em seu artigo 232 dispõe que é conduta delitiva submeter criança ou adolescente sob sua au-
toridade, guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento. Observe que há causa especi-
ficadora: a pena do artigo 232 só será aplicada se a criança ou o adolescente estiver sob autoridade,
guarda ou vigilância do agente; assim, não havendo a causa especificadora, aplica-se o artigo 146 do
Código Penal.
Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-
lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
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Informações: O mal aqui deve ser feito de forma séria ou fundada. A ameaça pode ser direta,
indireta, explícita, implícita ou condicional. O texto legal não trouxe a previsão da forma culposa.
Podemos admitir a tentativa no caso da forma escrita. O que se tutela aqui é a liberdade da pessoa
humana, ou seja, a paz de espírito.
O mal tem que ser injusto, ou seja, aquele que a vítima não esta obrigado a suportar, pode ser
tanto ilícito quando imoral.
O sujeito passivo deve ser pessoa certa e determinada, quando proferida para um grupo de
pessoas podemos ter o concurso formal de crimes.
O crime é formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado. Basta que o agente queira
intimidar e tenha capacidade para isso.
Observação: A ameaça feita contra o Presidente da República, do Senado, da Câmara dos Depu-
tados e do STF constitui crime contra a Segurança Nacional.
Sequestro e Cárcere Privado
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
Qualificadoras
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
anos;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou
moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Informações: O consentimento da vítima – se válido – exclui o crime em regra.
Diferença entre Sequestro e Cárcere Privado
No sequestro a vítima tem maior liberdade de locomoção (vítima presa numa fazenda). Já no
cárcere privado, a vítima vê-se submetida a uma privação de liberdade num recinto fechado, como
por exemplo: dentro de um quarto ou armário.
Diferença entre Detenção e Retenção
Na detenção priva-se a vítima da liberdade, levando ela para algum lugar. Já na retenção impede-
se a vítima de sair de um determinado lugar.
É considerado crime subsidiário, ou seja, só vai existir se não ocorrer crime mais grave, como por
exemplo o crime de extorsão mediante sequestro.
Redução a Condição Análoga à de Escravo
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados
ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por
qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
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ÍNDICE
Título II – Dos Crimes Contra o Patrimônio II�����������������������������������������������������������������������������������������������2
Capítulo I – Do Furto��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Introdução����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Furto Simples�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Furto Noturno – Art. 155 §1º���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Furto Privilegiado – Art. 155, §2º�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Equiparação de Energia – Art. 155, §3º����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Furto Qualificado – Art. 155, §4º��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Furto de Coisa Comum – Art. 156, §§ 1º e 2º�������������������������������������������������������������������������������������������������������������6
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Furto Simples
Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
→→ Elementos:
˃˃ Conduta típica: Pode-se entender, de forma simples, como sendo o núcleo da figura típica, o
verbo, nesse caso a SUBTRAÇÃO.
˃˃ Objeto material: é o elemento sobre o qual recai a conduta do agente, nessa situação, no crime
de furto, é a coisa MÓVEL, o objeto passível de assenhoramento de forma ilícita do bem.
ATENÇÃO ALUNO!
NÃO existe furto de bem IMÓVEL, poderá configurar em outro crime, menos, o crime de furto.
˃˃ Coisa alheia: Para configurar o crime de furto, faz-se necessário que o objeto furtado seja de
terceira pessoa, não existe a possibilidade de furtar um objeto próprio.
˃˃ Exemplo: “A”, com intenção de furtar uma relojoalheria, dirige-se a essa. Enquanto experi-
mentava marcas extremamente valiosas, aproveita o momento de descuido do vendedor para
tentar substituir um relógio original pelo seu, uma réplica perfeita. Contudo, por ERRO – delito
putativo –, acaba apanhando seu próprio relógio.
Nessa situação NÃO houve crime, pois o agente ERROU sobre um dos elementos do tipo –
subtrair coisa alheia (subtraiu coisa própria) móvel – Dizemos “delito putativo” porque na cabeça do
agente, ele imaginava estar praticando furto.
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→→ Observações:
˃˃ Res nullius: são objetos que nunca foram de propriedade de outra pessoa, ou seja, nunca tiveram
dono.
»» Exemplo: Um lago em determinada região, sem ser de propriedade de ninguém, caso você
decida pescar nesse ambiente, não será considerado crime
˃˃ Res derelicta: caso um objeto seja abandonado, também não será objeto de furto, pois, o antigo
proprietário não poderá dispor novamente do bem.
»» Exemplo: Suponhamos que você abandone um televisor para que a coleta de lixo o recolhe,
alguém observa e posteriormente o apanha para si, nessa situação, o antigo proprietário não
faz jus a requerer o bem novamente, pois configurou-se o abandono.
˃˃ Res desperdicta: caso alguém localize um objeto perdido, não será considerado crime, contudo,
fique ATENTO, existe uma modalidade específica nessa situação que será considerado crime,
entretanto, será abordado futuramente.
»» Exemplo: Suponhamos que alguém, em férias, caminhando pela orla de uma praia, venha en-
contrar uma pulseira de ouro trazida pela maré, nessa situação, não será considerado crime
se o agente se apropriar do bem.
˃˃ Furto de uso:
»» Exemplo: “A” vizinho de “B” pega a furadeira sem avisar seu vizinho – o qual havia negado o
empréstimo do objeto anteriormente – com a finalidade de utilizá-la, após o uso da furadeira,
“A” a devolve no mesmo lugar onde a pegou.
ATENÇÃO ALUNO!
TODAS as observações mencionadas acima NÃO caracterizam o crime de furto, é FATO ATÍPICO.
→→ Consumação Teorias:
˃˃ TEORIA DA AMOTIO – momento da apreensão da coisa – STF/STJ: Segundo essa teoria,
aconsumação ocorre quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que num
curto espaço de tempo, independentemente de deslocamento ou posse mansa ou pacífica.
»» Exemplo: Um meliante caminha atrás de sua possível vítima em praça pública, com o intuito de
furtar sua carteira que está aparecendo para fora do bolso. Um policial, observando a situação, co-
loca-se em caminhada atrás do mesmo, no momento em que este saca a carteira da vítima, mesmo
essa sem perceber, o policial prende o acuso em flagrante, pois o crime já está consumado.
˃˃ TEORIA DA ABLATIO – momento da posse mansa e tranquila – DOUTRINA: Segundo
essa teoria, não basta o agente dispor do bem, ele deve ter a posse mansa e tranquila do objeto
furtado, ou seja, sair da esfera onde o bem estava.
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»» Exemplo: Um assaltante entra em uma residência com intenção de furtar joias e aparelhos
eletrônicos, caso a policia seja alertada e consiga apreender o assaltando ainda dentro da resi-
dência, o crime de furto NÃO estaria consumado, pois o agente não havia saído da residência,
muito menos disposto da posse efetiva do bem.
→→ FIQUE LIGADO!
A teoria da ablatio não é mais adotada para julgados nos tribunais superiores, contudo, tenha
cuidado, pois as questões podem vir a abordar o conceito das teorias.
Exercícios
01. Segundo a corrente doutrinária é CERTO afirma que o crime de furto se consuma no momento
da posse mansa e tranquila do bem.
Certo ( ) Errado ( )
02. Segundo jurisprudência atualizada do STF e STJ é CERTO afirmar que o crime de furto se
consuma no momento da apreensão do objeto.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Certo
Furto Noturno – Art. 155 §1º
§1º – A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
É furto com aumento de pena praticado durante o repouso noturno, aumenta-se aqui de 1/3. A
razão da majorante se dá devido ao maior perigo que está submetido o bem jurídico diante da preca-
riedade de vigilância por parte de seu titular.
A jurisprudência dominante entende que estaria presente a majorante do furto noturno quando
o delito é praticado durante o horário de repouso noturno.
O entendimento é que o horário do repouso noturno varia de determinada região ou local, bem
como, não precisa necessariamente ser à noite, a depender da rotina de vida da vítima, seu horário de
repouso pode ser durante o dia.
É causa de aumento de pena, pois, ocorre nessa circunstância menor vigilância e maior vulnera-
bilidade, o que enseja em maior desvalor da conduta, sendo irrelevante se a casa é ou não habitada, se
é praticado em residência ou não, com moradores nela repousando, não exigindo que seja nas depen-
dências, propriamente ditas, da casa.
ATENÇÃO ALUNO!
• Pouco importa se a casa está habitada ou não, ainda assim o aumento vai ser aplicado!
• Suponha que ocorra um furto em uma agência bancária, onde o guarda de plantão estava
dormindo na sala de vigilância, ainda assim ocorrerá aumento de pena? Nessa hipótese NÃO, o
aumento de pena, pois não era o momento do vigilante descansar e sim proteger o patrimônio.
→→ FIQUE LIGADO!
→→ Entendimento Jurisprudencial Atual
˃˃ Situação hipotética: Caso Fernando invada uma residência no período noturno, e para isso ele
realize o arrombamento de uma porta, para subtrair bens, ele responderá pelo crime de furto
qualificado por rompimento de obstáculo, com aumento de pena, por se tratar de período de
descanso noturno.
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fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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A situação hipotética acima era considerada errada, porque o repouso noturno só era aplicado ao
furto simples (caput). Pois alegava-se que o agente teria a pena aumentada tanto pela qualificadora
do arrombamento quanto pela circunstância de ter ocorrido durante o repouso noturno, ou seja,
teria a pena aumentada duas vezes. O que violaria o princípio do ne bis in idem, o qual impede que o
agente seja responsabilizado pela mesma ação mais de uma vez. Porém a jurisprudência hoje admite
a previsão do aumento de pena tanto para o furto simples (caput) quanto para o furto qualificado.
Furto Privilegiado – Art. 155, §2º
§2º – Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
→→ Requisitos Necessários:
˃˃ O réu precisa ser primário;
˃˃ É necessário que o bem furtado seja de pequeno valor;
O pequeno valor é considerado menor que um salário mínimo.
CUIDADO!
NÃO confunda PEQUENO VALOR DA COISA E VALOR INSIGNIFICANTE, acompanhe:
VALOR INSIGNIFICANTE: no caso do furto, se o valor é considerado insignificante, o fato é ATÍPICO.
→→ Requisitos:
˃˃ Mínima ofensividade da conduta do agente;
˃˃ Nenhuma periculosidade social da ação;
˃˃ Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
˃˃ Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
»» Exemplo: O furto de um passe de ônibus de R$ 0,50.
Equiparação de Energia – Art. 155, §3º
§3º – Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Existem
diversas equiparações com o furto de energia, acompanhe algumas:
˃˃ Furto de energia genética – é o furto de embriões ou sêmen de animais valiosos;
˃˃ Furto de sinal de televisão por assinatura – o famoso “gato de TV a cabo”;
˃˃ Furto de água potável – adulteração do hidrante;
Furto Qualificado – Art. 155, §4º
§4º – A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I. com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
É necessário que efetivamente danifique, destrua, quebre o obstáculo para obter o bem.
»» Exemplos: “A” quebra o vidro do carro para furtar uma bolsa que havia no interior – FURTO
QUALIFICADO; “A” quebra o vidro do carro para furtar o próprio carro – FURTO SIMPLES,
art. 155 caput.
II. com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
˃˃ Abuso de confiança: é uma confiança depositada na pessoa, aquela de convívio comum, em-
pregada, por Exemplo, que fica sozinha na casa com os filhos, tem acesso ilimitado na residên-
cia, etc.
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˃˃ Furto Mediante Fraude: ocorre à subtração do bem utilizando fraude e estelionato, a pessoa
é levada a erro e entrega a coisa, por Exemplo, ladrão obtêm uniforme de uma companhia te-
lefônica para conseguir entrar na residência, e aproveita para subtrair todos os notebooks da
residência enquanto estava sozinho. Caso a proprietária entregue algum bem ao agente que esta
utilizando da fraude, será o crime de estelionato (art. 171 do CP).
˃˃ Escalada: são vários tipos e não o simples fato de pular um muro, pode ser um túnel.
˃˃ Destreza é indivíduo que possui habilidades especiais, física ou manual, utilizadas para cometer
furto. Exemplo: batedor de carteira que a retira do bolso da vítima sem que esta perceba.
III. com emprego de chave falsa;
Se for cópia obtida ilicitamente, configura por chave falsa; e se for chave verdadeira é qualificada
por emprego de fraude;
Se utilizar um clips, chave de fenda ou mixa; também é considerado chave falsa.
IV. mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Quando reúnem-se para praticar um furto, em uma residência por Exemplo.
§5º – A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior.
Acompanhe o grifo, esse tipo penal tem por objetivo punir os agentes que furtam veículos com
destino aos países fronteiriços ao Brasil, bem como outros Estados.
Furto de Coisa Comum – Art. 156, §§ 1º e 2º
Art. 156 – Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a
detém, a coisa comum:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§1º – Somente se procede mediante representação.
Esse crime é de ação penal pública condicionada à representação;
»» Exemplo: O morador de um condomínio furta utensílios de cozinha do salão de festa do
prédio. Nessa situação, ele também é detentor de certa parte do bem, visto que, o pagamento
da despesa com condomínio é utilizando para comprar tais objetos.
§2º – Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito
o agente.
Só vale se for bem infungível.
˃˃ Fungível: pode ser substituída a qualquer momento (uma planta de 10 reais na área comum do
prédio) se subtrair não vai ter crime.
˃˃ Infungível: são coisas específicas, nesse caso o crime será consumado.
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Exercícios
01. É qualificado pelo abuso de confiança o crime de furto cometido por vigia noturno, que tem acesso
às chaves do estabelecimento que trabalha para poder atender a qualquer eventualidade.
Certo ( ) Errado ( )
02. Tanto no crime de furto quando no estelionato a utilização de ardil para enganar a vítima, a
diferença reside em que no furto a fraude é utilizada para desviar a atenção de alguém para
que ocorra a subtração do bem. Enquanto que no estelionato, a vontade do sujeito passivo é
viciada, fazendo que ele entregue voluntariamente a coisa ou a vantagem ilícita.
Certo ( ) Errado ( )
03. Na prática de furto de coisa comum, a ação penal é publica condicionada à representação.
Gabarito
01 - Certo
02 - Certo
03 - Certo
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Capítulo II- Do Roubo e da Extorsão ................................................................................................................2
Roubo - Art. 157 .................................................................................................................................................................2
Roubo Próprio - Art. 157, Caput ......................................................................................................................................2
Roubo Impróprio - Art. 157, §1º .......................................................................................................................................3
Aumento de Pena - Art. 157, §2º.......................................................................................................................................3
Roubo Qualificado - Art. 157, §3º ....................................................................................................................................3
Extorsão - Art. 158 .............................................................................................................................................................4
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˃ É pacífico o entendimento entre o STJ e STF: não existe o instituto do princípio da insignificân-
cia quando o crime for de roubo.
EXERCÍCIOS
01. Pratica o crime de sequestro em concurso formal com o furto o agente que, no intuito de obter
senha bancária, priva a vitima de liberdade e, obtendo êxito, a liberta.
Certo ( ) Errado ( )
02. Denomina-se roubo impróprio a hipótese em que a violência ou grave ameaça é exercida após
a consumação da subtração.
Certo ( ) Errado ( )
03. Aumenta-se a pena de um terço até a metade, se o crime de extorsão é cometido por duas ou
mais pessoas e com abuso de confiança ou mediante fraude.
Certo ( ) Errado ( )
04. O uso de arma de brinquedo justifica o aumento de pena no caso de roubo.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - ERRADO
02 - CERTO
03 - ERRADO
04 - ERRADO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Capítulo V - Da Apropriação Indébita������������������������������������������������������������������������������������������������������������40
Apropriação Indébita - Art. 168������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 40
Capítulo VI - Do Estelionato e Outras Fraudes Estelionato - Art. 171��������������������������������������������������������41
Capítulo VII - Da Receptação��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������43
Receptação - Art. 180����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 43
Capítulo VII - Das Disposições Gerais�����������������������������������������������������������������������������������������������������������44
Escusa Absolutória - Art. 181���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 45
Escusa Relativa - Art. 182����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 45
Inaplicabilidade das Escusas - Art. 183������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 45
Atualização do Código Penal: Estelionato Contra Idoso�����������������������������������������������������������������������������47
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II. na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
Segundo a lei 11.101/2005, e este rol sendo taxativo - somente será responsabilizado o agente que
estiver nessas funções - o agente tido como “sindico” deve ser substituído por administrador judicial.
Sendo que, recebem coisas alheias para que posteriormente sejam restituídas aos legítimos proprie-
tários, exercem uma função de guarda fiel dos bens.
III. em razão de ofício, emprego ou profissão.
É a situação em que o agente detém a posse de bens devido ao ofício, emprego ou profissão que
exerce, e passa a praticar atos de disposição com esse patrimônio alheio.
»» Exemplo: O proprietário de um estacionamento privativo que, aos finais de semana, aluga os
veículos dos clientes que estão sobre sua guarda.
Não obstante, devemos estar atentos as principais diferenças entre os crimes que se assemelham,
sendo o furto, a apropriação indébita e o estelionato, acompanhe:
QUADRO COMPARATIVO
»» Exemplo: “A”, com intenção de obter o prêmio de seguro que possuía de seu estabelecimento,
provoca um incêndio no prédio da instalação.
˃˃ Fraude no pagamento por meio de cheque:
VI. emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
Essa conduta é praticada pelo agente que emite cheque - a vista - sabendo que não possui saldo
em sua conta, ou então, susta o pagamento para que o agente não consiga sacá-lo.
IMPORTANTE:
Para ser inserido nesse inciso o cheque deve ser próprio, não pode ser a prazo, pois, segundo
jurisprudência, NÃO configura o crime. Ademais, caso o agente falsifica a assinatura de um cheque
que não seja próprio, responderá pela pena do caput, bem como se este for falso.
Aumento de Pena
§3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de ENTIDADE DE DIREITO
PÚBLICO ou de INSTITUTO DE ECONOMIA POPULAR, ASSISTÊNCIA SOCIAL ou BENEFICÊNCIA.
a) Estelionato.
b) Furto mediante fraude.
c) Apropriação indébita.
d) Furto qualificado pelo abuso de confiança.
e) Apropriação de coisa havida por erro.
03. Paulo havia trabalhado como cobrador no asilo Alpha e, por isso, conhecia a lista das pessoas
que contribuíam através de donativos para aquela entidade beneficente. Após ter deixado
o referido emprego, Paulo procurou uma dessas pessoas e, dizendo-se funcionário do asilo
Alpha, recebeu donativo de R$ 1.000,00 (um mil reais), que consumiu em proveito próprio.
Nesse caso, Paulo responderá por crime de
a) Furto simples.
b) Furto qualificado pela fraude.
c) Apropriação indébita.
d) Estelionato.
e) Extorsão.
04. Fulano pede a Beltrano, seu amigo de longa data, que guarde em sua casa um computador de
sua propriedade, até que volte de uma viagem que fará para a Europa. Dias após ter recebido
o aparelho de boa-fé, quando Fulano já se encontrava no passeio, como se fosse seu, Beltrano
vende o computador para terceira pessoa. A conduta de Beltrano se amolda à prática de:
a) Receptação;
b) Receptação qualificada;
c) Furto;
d) Apropriação indébita;
e) Estelionato.
GABARITO
01 - CERTO
02 - A
03 - D
04 - D
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Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou liti-
giosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre
qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratí-
cia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público
ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
Estelionato contra idoso
§ 4º - Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Dos Crimes Contra A Dignidade Sexual����������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Capítulo I – Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual����������������������������������������������������������������������������������������������������2
Estupro – Art. 213��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Aumento De Pena – Art. 234-A�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Violação Sexual Mediante Fraude – Art. 215������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Aumento De Pena:��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Assédio Sexual – Art. 216 – A��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Aumento De Pena:��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Capítulo II – Dos Crimes Sexuais Contra Vulnerável��������������������������������������������������������������������������������������������������4
Estupro de Vulnerável – Art. 217 – A������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Corrupção de Menores – Art. 218������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Satisfação de Lascívia Mediante Presença de Criança ou Adolescente – Art. 218 – A����������������������������������������������5
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
vulnerável – Art. 218-B�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
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conduta do agressor.
Exemplo: “A”, trinta e cinco anos, internada na UTI de um hospital, em coma, devido ao grave
acidente de trânsito sofrido, situação em que “B”, enfermeiro estagiário da instituição, aproveita para
abusar sexualmente da vítima durante seu plantão noturno.
Figuras Qualificadas:
»» Caso resulte lesão corporal de natureza grave.
»» Resulta na morte da vítima.
FIQUE LIGADO!
Estupro de Vulnerável – Art. 217 –A é considerado Crime Hediondo de acordo com a lei
8.072/1990.
I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior
de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II – o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no
caput deste artigo.
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de
localização e de funcionamento do estabelecimento.
O artigo 218-B foi inserido no rol dos Crimes Hediondos Lei 8.072/1990 artigo 1º, VIII, pela lei
12.015/2009.
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, consumados ou tentados:
VIII – favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou ado-
lescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
A Doutrina classifica como crime comum (exceto na hipótese do §2º, II), material, instantâneo
(“submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”) ou permanente (“impedir e “dificultar”)
O delito pode ser praticado das seguintes formas:
1. Submeter: é a sujeição da vítima, ainda não prostituída, à prostituição;
2. induzir: é incutir a ideia, persuadir, convencer a vítima
3. atrair: é o aliciamento à prostituição
4. facilitar: é o mesmo que simplificar, afastar as barreiras entre a vítima e a prostituição;
5. impedir: é o mesmo que obstar, e ocorre quando a vítima é impossibilitada de abandonar a
prostituição por conduta do agente;
6. dificultar: é a imposição de barreiras entre a vítima e o abandono da prostituição
FIQUE LIGADO!
O artigo 218-B é um tipo misto alternativo ou de conteúdo variado, situação em que, no tipo,
existem vários verbos. O agente que, em um mesmo contexto fático, pratica mais de uma conduta
prevista comete um único crime.
O artigo 218-B revogou tacitamente o art. 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº
8.069/1990.
EXERCÍCIOS
01. Sobre o conceito de vulnerável, nos crimes contra a dignidade sexual, marque a alternativa correta:
a) Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso contra pessoa com idade igual ou
menor de 14 anos se enquadra no conceito de prática de crime sexual contra vulnerável;
b) Considera-se vulnerável, nos termos do Código Penal, pessoa menor de 14 anos, ou que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tenha o necessário discernimento para a prática do
ato, bem como por qualquer outra causa não possa oferecer resistência;
c) Considera-se vulnerável, nos crimes contra a dignidade sexual, pessoa com idade igual ou
inferior a 14 anos e desde que por enfermidade ou deficiência mental não tenha o necessário
discernimento para a prática do ato, bem como por qualquer outra causa não possa oferecer
resistência;
d) Praticar ato libidinoso ou ter conjunção carnal com pessoa menor de 14 anos não é crime,
desde que haja o consentimento e desde que não se trate de pessoa que por enfermidade ou
deficiência mental não tenha o necessário discernimento para a prática do ato, bem como
por qualquer outra causa não possa oferecer resistência.
e) Nenhuma das anteriores.
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Sumário
Associação Criminosa - Art. 288 ...................................................................................... 2
Majorante Pela Participação de Criança ou Adolescente ............................................. 3
Associação Criminosa Qualificada (Lei de Crimes Hediondos) .................................. 3
Constituição de Milícia Privada - Art. 288-A................................................................... 3
Peculato - Art. 312 ............................................................................................................ 4
Peculato-Apropriação ................................................................................................... 4
Peculato-Desvio ............................................................................................................ 5
Peculato-Furto .............................................................................................................. 5
Peculato Culposo .......................................................................................................... 6
Extinção da Punibilidade e Redução da Pena ............................................................... 7
Peculato Mediante Erro de Outrem - Art. 313 ................................................................. 7
Inserção de Dados Falsos em Sistema de Informações – Art. 313-A............................... 8
Modificação ou Alteração não Autorizada de Sistema de Informações – Art. 313-B ..... 9
Concussão – Art. 316 ....................................................................................................... 9
Excesso de Exação – Art. 316, §1°................................................................................. 10
Corrupção Passiva – Art. 317 ......................................................................................... 12
Causa de Aumento de Pena ........................................................................................ 14
Corrupção Passiva Privilegiada .................................................................................. 14
Facilitação de Contrabando ou Descaminho – Art. 318 ................................................. 15
Exercícios ....................................................................................................................... 16
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TÍTULO IX – DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
Associação Criminosa - Art. 288
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer
crimes:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se
houver a participação de criança ou adolescente.
O QUE MUDOU
1) Nomenclatura: “quadrilha ou bando” para “associação criminosa”;
2) Quantidade mínima de pessoas: 4 para 3;
3) Causa de aumento de pena: quando armada ou contiver criança ou adolescente,
aumenta-se até a metade.
FIQUE LIGADO!
É crime permanente (a sua consumação prolonga-se no tempo) e, por isso,
caso uma lei mais gravosa entre em vigor, enquanto não cessar a associação, far-se-
á a sua aplicação de imediato, de acordo com a Súmula 711 do STF:
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência.”
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Majorante Pela Participação de Criança ou Adolescente
Caso a associação criminosa tenha em sua formação pelo menos um sujeito
menor de 18 anos, então ocorrerá concurso material de crimes entre o Art. 288,
Par. Único, CP (na forma majorada) com o Art. 244-B da Lei n° 8.069/1990 (ECA).
Art. 244-B, Lei n° 8.069/1990: “Corromper ou facilitar a
corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.”
DESCRIÇÃO DO CRIME
Objeto Jurídico: é a Paz Pública.
Objeto Material: organização paramilitar, milícia particular, grupo e
esquadrão.
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Públicos.
Núcleos do Tipo: Constituir (formar, fundar); Organizar (estruturar, colocar
em ordem); Integrar (incorporar-se, tornar-se); Manter (conservar,
defender); Custear (arcar com os custos).
Sujeito Ativo: crime comum (qualquer pessoa).
Sujeito Passivo: a coletividade.
FIQUE LIGADO!
A consumação se dá com a efetiva constituição, organização, integração,
manutenção ou custeio dos grupamentos arrolados no dispositivo. Como já frisado
é desnecessária a prática efetiva de crimes. Basta a formação do grupo com esse
intuito.
A tentativa não é possível, uma vez que se trata de crime formal.
Peculato-Apropriação
Art. 312, Caput, Primeira Parte
Art. 312: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, (...) em
proveito próprio ou alheio:”
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Públicos.
Nessa situação o funcionário público já possui a posse ou detenção LÍCITA do
bem (em razão do cargo que ocupa), porém, passa a se comportar como se fosse o
dono (pratica atos de disposição da coisa).
Exemplo: Um policial federal do qual recebeu um notebook, cedido pelo
órgão onde está vinculado, para desempenhar suas funções administrativas. Após
5 anos de utilização, resolve, então, trocá-lo com um amigo por um mais moderno,
devolvendo a diferença (R$), isto é, começou a tratar o bem público como se fosse
seu, não mais o devolvendo ou restituindo-o à Administração Pública.
Peculato-Desvio
Art. 312, Caput, Segunda Parte
Art. 312: “(...) dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo (...) desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio:”
Também chamado de peculato próprio, o funcionário público valendo-se do
cargo desvia, em proveito próprio ou alheio: dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular.
Caso o dinheiro seja aplicado em proveito da própria Administração Pública,
mas de forma diversa da prevista em lei (LOA), desclassifica-se o crime para o de
Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas (Art. 315 do CP).
A doutrina é firme em afirmar que a prestação de serviços NÃO se subsume
ao conceito de bem móvel. Daí a razão de NÃO se encaixar no crime de peculato a
utilização de mão de obra pública, originária do trabalho de um funcionário
público subalterno em proveito do superior hierárquico. Falta uma elementar
típica para a caracterização do crime previsto no art. 312 do Código Penal.
Peculato-Furto
Art. 312, §1º
§1º - “Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse
do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.”
Também chamado de peculato impróprio. Ressalta-se que essa modalidade
de peculato se faz necessário a utilização da qualidade de funcionário público a fim
de subtrair o dinheiro, valor ou bem; pois, do contrário, ocorrerá a desclassificação
do crime para o de furto (art. 155 do CP). O particular poderá concorrer ao crime
de peculato desde que tenha conhecimento da qualidade de funcionário público do
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Públicos.
agente, caso participe do crime e não tenha conhecimento dessa qualidade, então
responderá por furto; já o servidor, por peculato.
ATENÇÃO ALUNO!
O bem subtraído, apropriado ou desviado pode ser tanto PÚBLICO quanto
PARTICULAR. Caso o bem subtraído seja do particular recebe o nome de peculato
malversação.
Exemplos:
1) “A”, funcionário público, com auxílio de “B”, que sabe dessa qualidade,
adentram na repartição pública onde “A” trabalhar, valendo-se da qualidade
funcional de “A”, para subtrair um bem móvel. Nessa ocasião, ambos
responderão por peculato (Art. 312 do CP).
2) “A”, funcionário público, valendo-se do cargo, subtrai um bem móvel da
administração, com auxílio de “B”, o qual DESCONHECIA a função de “A”. Como
“B” desconhecia dessa qualidade de “A”, então responderá por furto (Art. 155
do CP); enquanto “A”, por peculato (Art. 312 do CP).
3) “A”, funcionário público, adentra à repartição em que trabalha, durante a noite,
sem se valer do cargo que ocupa, com auxílio de “B”, e subtraem um bem móvel
do órgão público. Ambos responderão por furto qualificado (art. 155 do CP).
Classificação:
São considerados crimes próprios, pois exigem a qualidade de funcionário
público para sua classificação.
Pune-se a conduta dolosa, expressada pela vontade de apropriar-se, desviar
ou subtrair, em proveito próprio ou alheio, bem móvel público ou privado.
Ressalta-se que, no parágrafo 2º, há a modalidade culposa (Art. 312, §2º –
Peculato culposo).
É um crime comissivo e poderá ocorrer a omissão imprópria. Por exemplo:
um servidor público vê uma conduta de peculato ocorrendo, na repartição
onde trabalha, hipótese na qual podia e devia agir para evitar o resultado,
porém nada o faz, responderá pelo seu resultado (art. 13, §2° do CP).
Peculato Culposo
Art. 312, §2°
§2º – Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Essa situação é quando o funcionário público, por imprudência, imperícia ou
negligência, diante de sua conduta, permite que um terceiro pratique um crime
contra a Administração Pública.
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ATENÇÃO ALUNO!
O crime de outrem pode ser tanto um crime funcional (peculato furto,
apropriação), como também um crime comum.
Exemplo: Policial esquece o vidro da viatura aberto, enquanto estava na
delegacia, um meliante entra no veículo e subtrai o aparelho de rádio da viatura, ou
seja, o crime de outrem perpetrado aqui foi o de furto.
FIQUE LIGADO!
O peculato de uso NÃO é crime, mas pode caracterizar ato de improbidade
administrativa (art.9º, lei 8.429/92). É o fato em que, por Exemplo, um funcionário
público apropria-se temporariamente de veículo público no intuito de realizar
diligências de caráter pessoal, restituindo o veículo ao pátio da repartição logo
após o uso.
CUIDADO!
Se a posse do bem (peculato apropriação e desvio), decorre de violência ou
grave ameaça há crime de roubo (art. 157) ou extorsão (art. 158 do CP).
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Art. 313 – Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Esse artigo tipifica a conduta do funcionário público que, por erro de outra
pessoa, recebe dinheiro ou outra utilidade, de caráter lícito, e que deveria repassar
à Administração Pública, no entanto, a guarda em proveito próprio. É conhecido
também como PECULATO ESTELIONATO.
Exemplo: “A” por engano, vai até uma delegacia para pagar seus impostos e o
policial sabendo do erro de “A”, confirma que a entrega da arrecadação é de
competência dele mesmo, quando na verdade é entregue à prefeitura. O policial
acaba apropriando-se do dinheiro.
APONTAMENTOS:
Se a vítima foi INDUZIDA EM ERRO pelo funcionário público, esse responderá
pelo crime de estelionato (art. 171 do CP). Ou, se a entrega do bem decorre
de fraude.
Se o funcionário público se apropriou de dinheiro ou qualquer utilidade que
RECEBEU FORA DO EXERCÍCIO DO CARGO responderá pelo crime de:
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza (art.
169 do CP – Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro,
caso fortuito ou força da natureza:).
Se o particular, por engano quanto à pessoa, coisa ou obrigação entrega
objeto a funcionário público, em razão do cargo deste, e se ele se apropria do
bem há crime de peculato mediante erro de outrem (art. 313, CP).
Inserção de Dados Falsos em Sistema de Informações – Art.
313-A
Art. 313-A – Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Pune-se a conduta do funcionário público AUTORIZADO que, insere ou
facilita inserção de dados falsos, altera ou exclui indevidamente dados nos sistema
de informação da Administração Pública com o objetivo de receber vantagem
indevida, tal crime, é também conhecido como peculato eletrônico.
Visa punir o funcionário autorizado o qual detém acesso aos sistemas de
informação da Administração Pública, e, aproveitando-se dessa situação, realiza
condutas indevidas causando prejuízo para Administração, bem como, aos
particulares.
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CONSIDERAÇÕES:
É possível a ocorrência do erro do tipo, escusável ou inescusável, do agente
que acredita estar agindo corretamente e acaba inserindo, excluindo ou
alterando de forma equivocada, dados verdadeiros.
Mesmo sendo um crime de mão própria (só pode ser praticado pelo
funcionário que tem AUTORIZAÇÃO), é possível a figura da participação e
coautoria, seja ela material ou moral.
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ATENÇÃO ALUNO!
É ATÍPICA a conduta do particular (vítima) que efetivamente entregou o
dinheiro exigido pelo funcionário público, pois ele agiu assim por medo de
represálias.
APONTAMENTOS:
Se a vantagem for DEVIDA o agente – funcionário público – responderá pelo
crime de abuso de autoridade, lei 4.898/65.
Caso a vantagem seja para a própria Administração Pública, poderá haver o
crime de excesso de exação (art. 316, §1º, CP).
IMPORTANTE!
O particular que se disfarça de policial e exige dinheiro (vantagem indevida)
para não efetuar a prisão de alguém responderá pelo crime de extorsão (art.
158, CP).
No crime de CONCUSSÃO o agente EXIGE a vantagem indevida. Ademais, no
crime de CORRUPÇÃO PASSIVA – art. 317 do CP – o agente SOLICITA,
RECEBE OU ACEITA PROMESSA de vantagem indevida.
CONSIDERAÇÕES:
Para que configure o crime em tela, é necessário que o agente público que
realizou a cobrança tenha COMPETÊNCIA para fazê-lo, ou seja, ele é o
responsável, POSSUIU ATRIBUIÇÃO devido ao cargo que ocupa para realizar
a cobrança do tributo ou contribuição social.
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É considerado um crime PRÓPRIO, pois exige uma qualidade específica do
funcionário público, ademais, é possível que ocorra a coautoria ou
participação de um particular, desde que esse tenha o conhecimento da
função pública que o agente ocupa.
DESCRIÇÃO:
§1º – Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria
saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza:
Nesse caso, ocorre o recolhimento aos cofres públicos.
FORMAS DE EXECUÇÃO:
Exigir um tributo ou contribuição social que SABE OU DEVERIA SABER
INDEVIDO. Exemplo: Tributo que já foi pago pelo contribuinte; ou a quantia
cobrada é superior à fixada em lei.
Exigir um tributo ou contribuição social DEVIDO, porém empregando meio
vexatório ou gravoso que a lei NÃO autoriza.
Meio vexatório: humilhar, causar vergonha ou constrangimento na vítima.
Meio gravoso: causar maiores despesas ao contribuinte.
ATENÇÃO ALUNO!
De acordo com o STF, existem cinco espécies de tributos: impostos, taxas,
contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições sociais.
Segundo o STJ, à custa e emolumentos concernentes aos serviços notariais e
registrais possuem natureza tributária, qualificando-se como taxas remuneratórias
de serviços públicos. Desse modo, comete o crime de excesso de exação aquele que
exige custas ou emolumentos que sabe ou deveria saber indevido (REsp
899486/RJ, relator Ministro Felix Fischer, 5ª Turma, j. 22.05.2007).
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Corrupção Passiva – Art. 317
Art. 317 – Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§1º – A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.
§2º – Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Apesar de possuir certas semelhanças com o delito de concussão, nesse delito
podemos dizer que é menos “constrangedor” para a vítima, pois não há a coação
moral da exigência, a honra da imagem do emprego vexatório, ocorre
simplesmente a SOLICITAÇÃO, o RECEBIMENTO ou a simples PROMESSA DE
RECEBIMENTO.
CLASSIFICAÇÃO:
O crime é FORMAL, sendo assim, nesse delito, existem três momentos em que
o crime pode se consumar. No momento da SOLICITAÇÃO, no momento do
RECEBIMENTO, ou então no instante que o agente aceita a PROMESSA DE
RECEBIMENTO, independe do efetivo pagamento ou recebimento para o crime
estar consumado, caso ocorra, será mero exaurimento do crime.
DESCRIÇÃO:
Solicitar: a conduta parte do funcionário público que pede a vantagem
indevida. Nesta situação o funcionário público responde por corrupção
passiva e o particular, caso entregue a vantagem indevida, não responderá
por crime algum (fato atípico).
Receber: a conduta parte do particular que oferece a vantagem indevida e o
funcionário público recebe. Nesta situação o funcionário público responde
por corrupção passiva e o particular por corrupção ativa.
Aceitar promessa de tal vantagem: a conduta parte do particular que
promete vantagem indevida ao funcionário público e este aceita a promessa.
Nesta situação o funcionário público responde por corrupção passiva e o
particular por corrupção ativa. OBS.: não é necessário que o funcionário
público efetivamente receba a vantagem prometida, pois o crime estará
consumado com a mera aceitação de promessa. ESPÉCIES DE CORRUPÇÃO
PASSIVA.
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IMPORTANTE!
Mesmo que a propina seja para a prática de ato LEGAL, ocorrerá o crime em
estudo.
Exemplo: comerciantes dão dinheiro para que policiais militares realizem
rondas diárias no bairro onde os comerciantes trabalham. É crime, pois os
servidores públicos já são remunerados pelo Estado para realizarem estas
atividades.
CONSIDERAÇÕES:
Particular que oferece ou promete vantagem indevida – O particular que
oferece ou promete vantagem indevida ao funcionário público responde pelo
crime de corrupção ativa, art. 333, do CP.
Exceção à teoria unitária ou monista no concurso de pessoas – O art. 29 do
Código Penal dispõe que: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”.
Portanto, a regra é que todos aqueles que concorrem para a prática de um
crime responderão pelo mesmo crime. Como se trata de exceção, o
funcionário público que recebe ou aceita promessa de vantagem indevida
responde por corrupção PASSIVA, art. 317, enquanto o particular que oferece
ou promete vantagem indevida responde por corrupção ATIVA, art.333.
ATENÇÃO ALUNO!
NÃO configura o crime de corrupção passiva o recebimento, pelo funcionário
público, de gratificações usuais de pequeno valor por serviços extraordinários
(desde que não se trate de ato contrário a lei), ou pequenas doações ocasionais,
geralmente no Natal ou no Ano Novo.
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Caso a vantagem recebida seja revertida em favor da própria
Administração Pública NÃO HAVERÁ O CRIME de corrupção passiva. Todavia o
funcionário público estará sujeito à prática de ato de improbidade administrativa
(Lei 8.429/92).
ATENÇÃO ALUNO!
Esse parágrafo (§2°) tem grande incidência em concursos. É o famoso “Dar
um jeitinho”.
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Facilitação de Contrabando ou Descaminho – Art. 318
Art. 318 – Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho (art. 334):
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa
Esse artigo trata de um crime REMETIDO, ou seja, é a conduta praticada por
funcionário público para que o particular venha a cometer outro crime, qual seja, o
contrabando e descaminho – art. 334 do Código Penal – sendo que, no crime de
contrabando o particular importa ou exporta mercadoria cuja sua venda é proibida
no Brasil, ou então, em quantidade superior a permitida em lei. Já no descaminho, é
quando o particular importa ou exporta uma mercadoria legalmente permitida no
país, entretanto, não recolhe o tributo referente à importação, no momento em que
esse cruza a aduana brasileira.
CONSIDERAÇÕES:
Teoria pluralista (exceção): Caso o funcionário público que pratica a
facilitação de contrabando ou descaminho tenha a competência legal –
conforme sua função exercida – por Exemplo, um fiscal da Receita Federal,
para coibir esse crime (art. 334 do CP), que o particular esteja praticando,
responderá de acordo com esse artigo em tela (art. 318 do CP).
ATENÇÃO ALUNO!
Caso o produto importado ou exportado seja arma de fogo, de acordo com o
princípio da especialidade, em ambos os casos, o funcionário público responderá
pelo crime de tráfico internacional de arma de fogo – art. 18 da lei 10.826/2003:
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importar, exportar, FAVORECER a entrada ou saída do território nacional, a
qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da
autoridade competente: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa –.
Exercícios
1) No peculato doloso se o sujeito ativo do crime repara o dano antes da sentença
penal definitiva fica extinta a sua punibilidade.
2) Funcionário público, de férias, que aceita uma promessa de recebimento de
dinheiro para que, em razão do seu cargo, possa liberar do pagamento de uma
multa uma pessoa que tinha sido autuada pela fiscalização comete:
a) Crime de concussão.
b) Crime de peculato.
c) Crime de corrupção ativa.
d) Prevaricação.
e) Crime de corrupção passiva.
GABARITO
1. ERRADO
2. E
3. A
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Capítulo II – Das Lesões Corporais�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Lesão Corporal – Art. 129�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Lesão Corporal de Natureza Grave – Art. 129, §1º��������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Lesão Corporal de Natureza Gravíssima – Art. 129, §2º����������������������������������������������������������������������������������������������2
Lesão Corporal Seguida de Morte – Art. 129, §3º����������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Diminuição de Pena – Art. 129, §4º���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Substituição da Pena – Art. 129, §5º��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Lesão Corporal Culposa – Art. 129, §6º��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Aumento de Pena – Art. 129, §7º��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Violência Doméstica – Art. 129, §§ 9º, 10º e 11º�������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Capítulo III – Da Periclitação da Vida e da Saúde�������������������������������������������������������������������������������������������4
Maus-Tratos – Art. 136������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Capítulo IV – Da Rixa�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Rixa – Art. 137��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
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(função).
IV. deformidade permanente;
»» Exemplo: “A” com intenção de lesionar sua esposa, joga óleo quente em seu rosto que fica
deformado permanentemente.
Segundo corrente majoritária, se a vítima vir a fazer uma cirurgia plástica, por exemplo, restará
lesão corporal de natureza leve. (art. 129, caput).
V. aborto:
Vale ressaltar que esse inciso se refere a um resultado culposo, visto que se trata de crime preter-
doloso.
É a lesão corporal agravada pelo aborto, onde o agente age com DOLO na conduta de lesionar e
CULPA no resultado agravador aborto.
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Atenção Aluno!
Vejamos agora, as principais diferenças entre a lesão corporal de natureza grave (§1º) e a gravíssi-
ma (§2º) e quais são os pontos de maior relevância para estudarmos.
é submetido com o emprego de violência ou grave ameaça a INTENSO sofrimento físico ou mental
para aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo (Lei 9.455/97, art. 1º, inc. II).
§1º – Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de um a quatro anos.
§2º – Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
§§ 1º e 2º versam o preterdolo.
§3º – Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Causa especial de aumento de pena, adicionada pela lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Ado-
lescente.
Capítulo IV – Da Rixa
Rixa – Art. 137
Art. 137 – Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único – Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participa-
ção na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
É necessário que três (03) ou mais pessoas façam parte da rixa, sendo ao menos uma delas impu-
tável.
Não pode haver grupo definido, sendo esse crime classificado como de condutas contrapostas.
(uns contra os outros).
Cada contentor é sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo no crime de rixa.
É um crime de concurso necessário.
Mesmo que o contentor tenha ido embora da rixa e alguém morrer, esse irá responder por rixa
qualificada pela morte.
EXERCÍCIOS
01. Admite-se no, código penal (CP) brasileiro, a lesão na modalidade levíssima.
Certo ( ) Errado ( )
02. O perdão judicial pode ser aplicado ao crime de lesões corporais dolosas simples
Certo ( ) Errado ( )
03. Para a configuração da agravante da lesão corporal de natureza grave em face da incapacidade
das ocupações habituais por mais de 30 dias, não é necessário que a ocupação habitual seja
laborativa, podendo ser assim compreendida qualquer atividade regularmente desempenhada
pela vítima.
Certo ( ) Errado ( )
04. No crime de rixa, a coautoria é obrigatória, pois a norma incriminadora reclama como
condição obrigatória do tipo a existência de pelo menos três autores, sendo irrelevante que um
deles seja inimputável.
Certo ( ) Errado ( )
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GABARITO
01 – ERRADO
02 – ERRADO
03 – CERTO
04 – CERTO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Lei 9.455/97 – Tortura�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Introdução��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
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para isso, emprega violência com sofrimento físico ou mental para obter senha do banco e, posterior-
mente, sacar dinheiro, teremos apenas o crime de extorsão e não o crime de tortura.
Na alínea “b”, temos a tortura para a prática de crimes. Nesse caso, não haverá conflito aparente
de normas penais e o agente responderá em concurso material (soma-se as penas) pelos delitos per-
petrados. Assim, caso o torturador empregue violência ou grave ameaça na vítima, para que ela
cometa um crime de furto, teremos a chamada autoria mediata, em que o agente criminoso respon-
derá como autor dos crimes de tortura e furto. A vítima ficará isenta de pena, pois estava em uma
coação moral irresistível.
Uma coisa importante é que se o agente emprega violência ou grave ameaça com sofrimento
físico e mental para a prática de contravenção penal, não teremos o crime de tortura e sim de cons-
trangimento ilegal (art. 146 do CP), em concurso material com a contravenção penal perpetrada.
Por fim, no caso da alínea “a” e “b”, o agente responde mesmo se o resultado intentado não
ocorrer, visto serem espécies de crimes formais.
Na alínea “c”, o agente responde pela tortura se tiver como meio motivacional a discriminação.
Lembrando que, dependendo do caso concreto, poderá o agente responder pelo crime de racismo,
art. 20 da Lei 7.716/89.
Tortura Castigo
Art. 1º, caput, II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou
grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de
caráter preventivo.
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Tratamos, aqui, de crime próprio, pois só pode ser cometido por quem possui autoridade, guarda
ou vigilância sobre a vítima. Temos como sujeito ativo tanto o agente público quanto o privado. O
importante é ter a custodia, guarda ou estar sob o poder ou autoridade, por isso pode ser praticado
contra filho, pai, preso, tutelado, sempre que ocorrer violência ou grave ameaça com fim de causar
sofrimento físico ou mental. As mulheres não entram nessa figura típica, pois não estão sob a guarda
dos maridos. Assim, quando se trata de violência contra elas, estaremos diante do art. 129 § 9° (lesão
corporal).
O elemento subjetivo, aqui, exige o chamado animus corrigendi, que compreende a intenção de
expor a vítima a grave sofrimento como forma de aplicação de castigo ou medida de caráter preven-
tivo.
Por fim, os tipos penais descritos são normalmente crimes comissivos, mas podem ser omis-
sivos impróprios (comissivo por omissão) também. Comissivo nos exemplos mais comuns, como
socos, pontapés e choques elétricos. Comissivo por omissão, quando o sujeito ativo tem o dever de
“garante” (art. 13, parágrafo 2º, CP), como no caso do policial que tem a vítima sob custódia, que
sabe ser portadora de determinada moléstia, e que precisa fazer uso de determinado medicamento, e
deixa de fornecer a medicação, provocando-lhe sofrimento, com o fim de obter confissão, informa-
ção ou declaração.
Vale lembrar que a tortura castigo se diferencia das torturas do inciso I por necessitar do
“intenso” sofrimento físico ou mental, o que não ocorre no inciso I que pede apenas sofrimento físico
ou mental, ou seja, não prevê o “intenso”.
Tortura do preso ou de pessoa sujeita a medida de segurança
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Temos, aqui, a proteção do art. 5º, inciso XLIX, da CF/88 que garante aos presos a integridade
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física e corporal. Por esse motivo, estão proibidos os castigos físicos, celas escuras e solitárias.
Só temos que nos atentar ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Nesse caso, temos uma
espécie de solitária, mas regulada pela lei. Assim, quem o faz está amparado por uma excludente de
ilicitude de exercício regular de um direito e quem faz sem as disposições legais comete o crime de
tortura.
Omissão perante a tortura
Art. 1º, § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
Temos, aqui, a chamada tortura imprópria, ou seja, o agente garantidor que se omite em face à
tortura deverá responder por esse dispositivo legal. Nesse caso, o agente tinha o dever de evitar ou
apurar a ocorrência. Podemos notar que o agente que incorrer em tal fato típico não pratica efetiva-
mente a tortura, mas de forma omissiva, permite que outro a realize.
A tortura imprópria é crime próprio, pois só poderá ser praticada por aquele que estiver na
posição de garante, o que tinha o dever de evitar o crime, grande parte das vezes será um funcionário
público. Vale lembrar que de maneira diversa o crime de tortura é crime comum, ou seja, pode ser
praticado por qualquer pessoa. A tortura imprópria admite a prática apenas na modalidade dolosa,
não sendo possível tortura imprópria culposa.
A pena prevista é de detenção, ao contrário das demais formas de tortura que preveem a possi-
bilidade de cumprimento da pena em regime fechado. Cabe salientar que a tortura imprópria não é
equiparada ao crime hediondo, o que caracteriza exceção às demais espécies de tortura.
Temos, como exemplo, o delegado de polícia que sabe da existência da tortura e nada faz para
apurá-la.
Formas qualificadas
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos;
se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
→→ As lesões graves e gravíssimas estão assim previstas no art. 129 do CP:
→→ – Lesão corporal de natureza grave:
§ 1º Se resulta:
I – Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV – aceleração de parto.
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
→→ – Lesão corporal de natureza gravíssima:
§ 2° Se resulta:
I – Incapacidade permanente para o trabalho;
II – enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente;
V – aborto.
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
No caso da qualificadora por morte, temos a diferenciação entre a tortura qualificada e o
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homicídio qualificado pela tortura. Aqui, o que vai diferenciar é a intenção do agente.
Se o agente tortura e causa a morte por culpa, teremos a tortura qualificada
Se a tortura é utilizada como meio para o homicídio, teremos o homicídio qualificado pela
tortura.
Causa de aumento de pena
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I – se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
(sessenta) anos;
III – se o crime é cometido mediante sequestro.
O inciso I traz como causa de aumento de pena a qualidade de funcionário público. Porém, temos
que nos atentar para o no bis in idem, ou seja, não podemos aplicar esse aumento de pena quando a
própria elementar do crime necessite dela. Isso vale para o caso da tortura do § 2º”omissão em face
da tortura”, já que, para se omitir, tem que ter o dever de apurar, e quem tem o dever de apurar é fun-
cionário público.
Os incisos II e III trazem, em seu bojo, aplicações objetivas no caso da tortura.
Efeitos da condenação
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercí-
cio pelo dobro do prazo da pena aplicada.
A condenação por delito, previsto na Lei de Tortura, acarreta, como efeito extrapenal automá-
tico da sentença condenatória, a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada – Precedentes do STJ e do STF. Em resumo, a perda
do cargo é automática, segundo os Tribunais.
Aspectos processuais
Art. 1º § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
Esse dispositivo legal repete o que é determinado no texto constitucional, em seu art. 5º, inciso
XLIII. O STF entende que a palavra graça é gênero que comporta a espécie indulto, assim, o indulto
também está proibido.
Do regime inicial da pena
Art. 1º § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da
pena em regime fechado.
→→ A qualquer que seja a pena, mesmo que o agente seja primário, deve-se aplicar a regra do regime
inicialmente fechado. A pessoa condenada pelo crime de tortura poderá progredir de regime,
depois de cumpridos os seguintes prazos:
Primário: após cumprir dois quintos da pena.
Reincidente: Cumprido três quintos da pena.
Contudo, devemos nos atentar à figura da tortura imprópria, prevista no art. 1º § 2º da lei. Nesse
caso, é possível o início em regime aberto, bem como concessão do sursis ou a substituição da pena
pela restritiva de direito.
Da extraterritorialidade da Lei
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se, ainda, quando o crime não tenha sido cometido em território
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
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→→ Aqui, há duas condições, de modo que deve ocorrer uma das duas, para que a lei se aplique:
– Que vítima seja brasileira.
– Que o agente torturador esteja em local que a lei brasileira seja aplicável.
Da revogação do art. 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente
Os institutos relativos à tortura passaram a ser regulamentados pela Lei 9.455/97, revogando,
assim, expressamente o art. 233 do ECA.
EXERCÍCIOS
01. (CESPE – 2013). Se um integrante de corporação policial militar for processado penalmente
pela prática de tortura, ao submeter agente preso por sua guarnição a sofrimento físico intenso
com a intenção de obrigá-lo a delatar os comparsas, o julgamento do processo deverá ocorrer
na justiça comum, e a eventual condenação implicará, automaticamente, a perda do cargo,
função ou emprego público e a interdição para seu exercício, pelo dobro do prazo da pena
aplicada, como efeito automático da condenação, dispensando-se motivação circunstanciada.
Certo ( ) Errado ( )
02. (CESPE – 2013). O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental,
ainda que por intermédio da prática de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, prati-
cará o crime de tortura.
Certo ( ) Errado ( )
03. (CESPE – 2013). Um agente penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia,
permanecesse em pé, por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-
se, como forma de castigo, já que José havia cometido, comprovadamente, grave falta discipli-
nar. Nessa situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de
violência ou grave ameaça contra José.
Certo ( ) Errado ( )
04. (CESPE – 2013). Para que um cidadão seja processado e julgado por crime de tortura, é pres-
cindível que esse crime deixe vestígios de ordem física.
Certo ( ) Errado ( )
05. (CESPE – 2013). Determinado policial militar efetuou a prisão em flagrante de
Luciano e o conduziu à delegacia de polícia. Lá, com o objetivo de fazer Luciano con-
fessar a prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu in-
terrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no seu pescoço,
asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial deixou-o trancado na sala de in-
terrogatório durante várias horas, pendurado de cabeça para baixo, no escuro, período em
que lhe dizia que, se ele não confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que
ocorria na sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano
afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso sofrimento físico e mental.
Considerando a situação hipotética descrita e o disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue o
item subsequente.
O delegado não pode ser considerado coautor ou partícipe da conduta do policial, pois o crime de
tortura somente pode ser praticado de forma comissiva.
Certo ( ) Errado ( )
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06. (CESPE – 2013). O crime de tortura é considerado crime comum, uma vez que não se exige
qualidade ou condição especial do agente que o pratica, ou seja, qualquer pessoa pode ser con-
siderada sujeito ativo desse crime.
Certo ( ) Errado ( )
07. (CESPE – 2012). Há concurso de crimes de abuso de autoridade e de tortura se, em um mesmo
contexto, mas com desígnios autônomos, dois agentes torturam preso para que ele confesse a
autoria de delito e, em seguida, exibem-no, sem autorização, para as redes de televisão, como
suposto autor confesso do crime.
Certo ( ) Errado ( )
08. (CESPE – 2012). O policial condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas depen-
dências do distrito policial, um acusado de tráfico de drogas a confessar a prática do crime,
perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário, nessa situação, que o juiz senten-
ciante motive a perda do cargo.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO
03 - CERTO
04 - CERTO
05 - ERRADO
06 - CERTO
07 - CERTO
08 - CERTO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Exercícios ..............................................................................................................................................................2
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Exercícios
01. Dionízio da Silva foi condeno por crime contra o patrimônio e a ele foi imposta que prevê a
punição de reclusão de um a quatro anos. Após cumprir mais da metade da pena outra pena
entrou em vigor que passou a punir o crime a que ele foi condenado com a pena de 3 anos a 6
anos de detenção, nessa situação podemos afirmar que a nova lei se aplicará a Dionízio.
Certo ( ) Errado ( )
02. Podemos afirmar que segundo orientação firmada pelo Superior tribunal de Justiça e no
Superior Tribunal Federal, para a aplicação do princípio da insignificância, nos crimes de
furto, faz-se necessária a presença de certos fatores: “Mínima ofensividade da conduta do
agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento; inexpressividade da lesão jurídica provocada e o réu ser primário”.
Certo ( ) Errado ( )
03. Margarida, auxiliada por Gina, sequestrou Antônio com o fim de pedir resgate. O problema
é que a família se negou a pagar o resgate, nessa situação passaram-se mais de 15 dias de se-
questro, situação que qualifica o crime de extorsão mediante sequestro no código penal (§ 1º
Se o sequestro dura mais de 15 dias, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60
(sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha). Ocorre também que nesse
período nova lei com aplicação imediata entrou em vigor e aumentou a pena imposta ao crime,
nessa situação podemos afirmar que segundo a súmula 711 do STF a nova pena será aplicada
aos autores, mesmo que seja mais grave.
Certo ( ) Errado ( )
04. Bento praticou o crime de receptação, cuja pena é de reclusão de um a quatro anos. Posterior-
mente, por ocasião de seu julgamento, passou a vigorar lei que, regulamentando o mesmo
fato, impôs pena de um a cinco anos. Nessa situação a lei posterior não será aplicada devido
à nova lei ser mais gravosa. Contudo, podemos afirmar que no crime de receptação, que está
capitulado como crime contra o patrimônio, caso o autor adquira ou receba a coisa que por
sua natureza ou desproporção entre o preço e o valor, ou pela condição de quem ofereça deva
presumir ser por meio criminoso terá sua pena agravada, segundo o próprio código penal.
Certo ( ) Errado ( )
05. Antônio Carlos praticou um crime de furto contra seu genitor. Após ser preso afirmou que
estava em estado de embriaguez e que se colocou nessa situação para realmente efetuar o crime
contra o patrimônio, nessa situação podemos afirmar que terá por isso sua pena agravada.
Certo ( ) Errado ( )
06. Almir apropriou-se indevidamente de um bem móvel da empresa em que trabalhava. Ele tinha
a posse do bem em razão da profissão, nessa situação podemos afirmar que ele não poderá ter
a pena agravada, pois o crime de apropriação indébita não prevê caso de aumento de pena ex-
plícito na lei.
Certo ( ) Errado ( )
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I. Em depósito necessário;
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15. Imagine que o Presidente da República Federativa do Brasil esteja em viagem diplomática aos
Estados Unidos e lá teve seus bens furtados, nessa situação obrigatoriamente se aplicará a lei
brasileira, visto que estamos falando do chefe de Estado.
Certo ( ) Errado ( )
16. Se James, ao cometer o crime estivesse impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou
sob o domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz poderia
atenuar sua pena. Contudo, caso Jhon tivesse a época do ocorrido mais de 60 anos é correto
afirmar que a pena deveria receber aumento. Porém, caso o disparo ocorresse quando Jhon
tivesse 59 anos e o resultado morte se desse após os 60 anos o aumento não poderia ser aplicado.
Certo ( ) Errado ( )
17. Na hipótese de James ter cometido o homicídio de forma dolosa, o juiz poderá deixar de
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
que a sanção penal se torne desnecessária, ou seja, após o início da ação penal, verificou-se que
James era pai de Jhon.
Certo ( ) Errado ( )
18. Imagine que James tivesse induzido Jhon a disparar contra a própria cabeça. Jhon querendo
se matar faz o disparo e o tiro atinge sua cabeça, contudo, não causa lesões efetivas, pois a
munição pegou “de raspão”, causando lesão corporal de natureza leve. Nessa situação, James
não deve responder por crime algum. Contudo, caso o crime se completasse com a morte de
Jhon e fosse provado que foi cometido por motivo egoístico, a pena deveria ser aumentada.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO
03 - ERRADO
04 - ERRADO
05 - ERRADO
06 - ERRADO
07 - CERTO
08 - ERRADO
09 - CERTO
10 - CERTO
11 - ERRADO
12 - CERTO
13 - ERRADO
14 - ERRADO
15 - CERTO
16 - CERTO
17 - ERRADO
18 - CERTO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Dos Princípios do Direito Penal (Art. 1º)����������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Da Lei Penal no Tempo (Arts. 2, 3 E 4)��������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
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15. A lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada
em vigor da nova legislação, antes da cessação da permanência.
Certo ( ) Errado ( )
16. A lei benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da sentença – em decorrência do
fenômeno da ultratividade – mesmo já tendo sido revogada a lei que vigia no momento da con-
sumação do crime.
Certo ( ) Errado ( )
17. A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz a abolitio criminis, ainda que
seus elementos passem a integrar outro tipo penal, criando pela norma revogadora.
Certo ( ) Errado ( )
18. No Código Penal brasileiro, adota-se, com relação ao tempo do crime, a teoria da ubiquidade.
Certo ( ) Errado ( )
19. Considere que, durante a Copa do Mundo de Futebol, no ano de 2014, o Congresso Nacional
publique lei temporária, com vigência apenas durante o evento desportivo, tipificando como
conduta criminosa a venda de ingressos por preços superiores aos comercializados pela Con-
federação Brasileira de Futebol, no intuito de evitar a ação de cambistas. Considere, ainda,
que José seja preso em flagrante vinte dias antes do fim do evento por infringir o menciona-
do tipo penal. Nessa situação hipotética, as autoridades competentes terão de punir José no
prazo máximo de vinte dias, pois, passado esse período, a lei temporária deixa de vigorar, não
podendo retroagir para prejudicar o acusado.
Certo ( ) Errado ( )
20. O instituto da abolitio criminis refere-se à supressão da conduta criminosa nos aspectos formal
e material.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Errado
02 - Certo
03 - Errado
04 - Certo
05 - Errado
06 - Certo
07 - Errado
08 - Errado
09 - Errado
12 - Errado
13 - Errado
14 - Errado
15 - Certo
16 - Certo
17 - Errado
18 - Errado
19 - Errado
20 - Certo
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Direito Penal – Parte Geral���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Da Relação de Causalidade�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Da Consumação e Tentativa de Crime (Art. 14)������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
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Direito Penal – Parte Geral���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Da Desistência Voluntária e do Arrependimento Eficaz (Art. 15)������������������������������������������������������������������������������2
Do Arrependimento Posterior (Art. 16)�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
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07. O agente que tenha desistido voluntariamente de prosseguir na execução ou, mesmo depois de
tê-la esgotado, atue no sentido de evitar a produção do resultado, não poderá ser beneficiado
com os institutos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz caso o resultado venha
a ocorrer.
Certo ( ) Errado ( )
08. Mesmo quando o agente, de forma espontânea, desiste de prosseguir nos atos executórios ou
impede a consumação do delito, devem a ele ser imputadas as penas da conduta típica dolosa
inicialmente imputada.
Certo ( ) Errado ( )
09. A voluntariedade e a espontaneidade da interrupção da execução do crime são requisitos ca-
racterizadores fundamentais da hipótese de desistência voluntária.
Certo ( ) Errado ( )
10. De acordo com a doutrina majoritária, a espontaneidade não é requisito para o conhecimento
da desistência voluntária e do arrependimento eficaz.
Certo ( ) Errado ( )
17. O arrependimento posterior só pode ser aplicado se crime tiver sido cometido sem violência
ou grave ameaça à pessoa, se houver reparação ao dano ou restituição do objeto material antes
do recebimento da denúncia ou da queixa e se o ato do agente for voluntário.
Certo ( ) Errado ( )
18. Em se tratando de crimes materiais, formais e de mera conduta, é possível a aplicação dos ins-
titutos da desistência voluntária e do arrependimento posterior.
Certo ( ) Errado ( )
19. Em se tratando do delito de furto, havendo subsequente arrependimento do agente e devolu-
ção voluntária da res subtracta antes do oferecimento da denúncia, fica caracterizado o arre-
pendimento eficaz, devendo a pena, nesse caso, ser reduzida de um a dois terços.
Certo ( ) Errado ( )
20. O CP permite a aplicação de causa de diminuição de pena quando o arrependimento posterior
for voluntário, não exigindo que haja espontaneidade no arrependimento.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - E 02 - C 03 - E 04 - C 05 - C 06 - E 07 - C 08 - E 09 - E 10 - C
11 - E 12 - E 13 - E 14 - C 15 - E 16 - E 17 - C 18 - E 19 - E 20 - C
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Direito Penal – Parte Geral���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Do Crime Impossível (Art. 17)�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Dos Crimes Doloso e Culposo (Art. 18)��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
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12. Pode haver participação dolosa em crime culposo, não sendo necessário, para a caracterização
do concurso de pessoas, que autor e partícipes tenham atuado com o mesmo elemento subje-
tivo-normativo.
Certo ( ) Errado ( )
13. Age com dolo eventual o agente que prevê possíveis resultados ilícitos decorrentes da sua
conduta, mas acredita que, com suas habilidades, será capaz de evitá-los.
Certo ( ) Errado ( )
14. Ricardo, com o objetivo de matar Maurício, detonou, por mecanismo remoto, uma bomba
por ele instalada em um avião comercial a bordo do qual sabia que Maurício se encontrara, e,
devido à explosão, todos os passageiros a bordo da aeronave morreram. Nessa situação hipoté-
tica, Ricardo agiu com dolo direto de primeiro grau no cometimento do delito contra Maurício
e dolo direto de segundo grau no do delito contra todos os demais passageiros do avião.
Certo ( ) Errado ( )
15. A partir da teoria tripartida do delito e das opções legislativas adotadas pelo Código Penal, é
correto afirmar que o dolo integra a culpabilidade e corrobora a aplicação concreta da pena.
Certo ( ) Errado ( )
16. As penas para aquele que praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor são
detenção de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habi-
litação para dirigir veículo automotor. Contudo, caso o infrator, no exercício de sua profissão
ou atividade, esteja conduzindo veículo de transporte de passageiros, a pena tem aumento de
1/3 a 1/2.
Certo ( ) Errado ( )
17. Com relação ao dolo, o legislador penal brasileiro adotou a teoria da representação, conforme a
qual, para a existência do dolo, é suficiente a representação subjetiva ou a previsão do resultado
como certo ou provável.
Certo ( ) Errado ( )
18. De acordo com a legislação penal vigente, toda conduta de quem prevê o resultado é conside-
rada dolosa.
Certo ( ) Errado ( )
19. No caso de, apesar de sua vontade não se dirigir à realização de determinando resultado
previsto, o agente aceitar e assumir o risco de causá-lo, restará configurado o dolo eventual,
espécie de dolo indireto ou indeterminado.
Certo ( ) Errado ( )
20. O artigo 18 do Código Penal diz que o crime é doloso, quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo. Assim, é possível, de acordo com a doutrina majoritária, extrair
duas teorias, que são: a teoria da vontade e a teoria do assentimento.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - E 02 - C 03 - E 04 - C 05 - E 06 - E 07 - C 08 - E 09 - E 10 - E
11 - E 12 - E 13 - E 14 - C 15 - E 16 - C 17 - E 18 - E 19 - C 20 - C
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Direito Penal – Parte Geral���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Do Crime Preterdoloso (Art. 19)�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Do Estudo do Erro (Arts. 20 e 21)������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
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tiros contra Laura, ferindo-a gravemente e também atingindo o filho em comum, com nove anos
de idade, por erro de pontaria, matando-o instantaneamente. Laura só sobreviveu em razão de
pronto e eficaz atendimento médico de urgência.
Considere essa situação hipotética e julgue-a.
12. A hipótese configura aberratio ictus, devendo Júlio responder por duplo homicídio doloso,
um consumado e outro tentado, com as penas aplicadas em concurso formal de crimes, sem se
levar em conta as condições pessoais da vítima atingida acidentalmente.
Certo ( ) Errado ( )
13. O erro de proibição pode ser direto – o autor erra sobre a existência ou os limites da proposição
permissiva – , ou indireto – o erro do agente recai sobre o conteúdo proibitivo de uma norma
penal.
Certo ( ) Errado ( )
14. Aquele que porta carteira nacional de habilitação falsa, acreditando ser ela um documento
legítimo, não pratica o delito de uso de documento falso, uma vez que incide em erro de tipo
acidental.
Certo ( ) Errado ( )
15. Os elementos subjetivos do tipo, como o próprio dolo e as intenções, tendências e atitudes es-
peciais da ação, podem ser objeto de erro de tipo.
Certo ( ) Errado ( )
16. O erro de proibição pode incidir sobre a existência e a validade da lei penal, mas não sobre a
sua interpretação.
Certo ( ) Errado ( )
17. Com uma velha espingarda, o exímio atirador Caio matou seu próprio e amado pai, Mélvio.
Confundiu-o de longe ao vê-lo sair sozinho da casa de seu odiado desafeto, Tício, a quem Caio
realmente queria matar. Ao morrer, Mélvio vestia o peculiar blusão escarlate que, de inopino,
tomara emprestado de Tício, naquela tão gélida quanto límpida manhã de inverno. O instituto
normativo mais precisamente aplicável ao caso é, doutrinariamente, conhecido como error in
personan (Código Penal, art. 20 §3º).
Certo ( ) Errado ( )
18. Configura erro de proibição o fato de um agente se apropriar de dinheiro que, no exercício do
cargo público, tenha recebido por erro de outrem.
Certo ( ) Errado ( )
19. Se, por hipótese, Joaquim furtar bem de Américo, supondo estar praticando um ato de
vingança contra Emílio, ocorrerá erro na execução.
Certo ( ) Errado ( )
20. De acordo com os ensinamentos relacionados ao erro de tipo essencial ou incriminador, é
correto afirmar que não há distinção entre o erro de tipo escusável e o inescusável.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - C 02 - E 03 - E 04 - E 05 - E 06 - C 07 - E 08 - C 09 - E 10 - C
11 - E 12 - E 13 - E 14 - E 15 - E 16 - E 17 - C 18 - E 19 - C 20 - E
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DA COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA
HIERÁRQUICA (ART. 22)
1. (CESPE – 2016) Situação hipotética: Paulo foi obrigado a ingerir álcool por coação
física e moral, o que afetou parcialmente o controle sobre suas ações e o levou a
esfaquear um antigo desafeto. Assertiva: Nesse caso, a retirada parcial da capacidade
de entendimento e de autodeterminação de Paulo não enseja a redução da sua pena no
caso eventual condenação.
6. (ALFACON – 2015) A coação irresistível pode ser física, fato que opera a exclusão
do crime, ou moral, fato que opera a isenção da pena.
7. (CESPE - 2009) Caso o fato seja cometido em estrita obediência à ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, não serão puníveis o agente que
obedeceu nem o autor da coação ou da ordem.
8. (CESPE – 2015) Aquele que for fisicamente coagido, de forma irresistível, a praticar
uma infração penal cometerá fato típico e ilícito, porém não culpável.
12. (CESPE – 2015) A legítima defesa é causa de exclusão da ilicitude da conduta, mas
não é aplicável caso o agente tenha tido a possibilidade de fugir da agressão injusta e
tenha optado livremente pelo seu enfrentamento.
13. (CESPE – 2014) Haverá isenção de pena se o agente praticar o fato em estrito
cumprimento do dever legal.
14. (CESPE – 2014) Em regra, o fato típico não será antijurídico se for provado que o
agente praticou a conduta acobertado por uma causa de exclusão de antijuridicidade.
15. (CESPE – 2014) Agirá em estado de necessidade o motorista imprudente que, após
abalroar um veículo de passageiros, causando-lhe ferimentos, fugir do local sem
prestar socorro, para evitar perigo real de agressões que possam ser perpetradas pelas
vítimas.
17. (CESPE – 2013) De acordo com a teoria adotada pelo Código Penal, o estado de
necessidade pode funcionar como causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade,
conforme os valores dos bens em conflito.
18. (CESPE – 2013) Henrique é dono de um feroz cão de guarda, puro de origem e
premiado em vários concursos, que vive trancado dentro de casa. Em determinado
dia, esse cão escapou da coleira, pulou a cerca do jardim da casa de Henrique e atacou
Lucas, um menino que brincava na calçada. Ato contínuo, José, tio de Lucas, como
única forma de salvar a criança, matou o cão.
Nessa situação hipotética, José agiu em legítima defesa de terceiro.
19. (CESPE – 2013) O estrito cumprimento do dever legal é causa excludente de ilicitude,
aplicada principalmente a agentes públicos ou que exercem a função pública.
GABARITO:
1E – 2E – 3E – 4E – 5C – 6C – 7E – 8E – 9C- 10C – 11E – 12E – 13E – 14C – 15C – 16E – 17E – 18E
– 19C