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Sumário

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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Introdução ao Estudo do Direito Penal


O Direito Penal é um ramo do Direito público e é chamado de “direito das condutas ilícitas”. O

O Código Penal é divido em duas partes:

não trata de crimes; aqui estão previstas as regras de como os crimes irão se portar

: aqui estão previstos os crimes em espécies e as normas explicativas, bem como

A infração penal é gênero que comporta duas espécies, ou seja, crime e contravenção penal.
Em

É interessante notar que não podemos confundir as contravenções penais com os crimes de

Os crimes e as contravenções penais se diferem em sua essência pela gravidade das condutas

Um ponto fundamental é termos em mente que todo crime gera um resultado, que pode se

 : todos os crimes geram resultados jurídicos; por esse motivo, os crimes

 : somente os crimes materiais possuem esse tipo de resultado, mas


isso

Questões comentadas:
1) (ALFACON) A infração penal nem sempre irá gerar um resultado.
Gabarito: Errado

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Comentário: a infração penal sempre gera um resultado que pode ser naturalístico ou jurídico.
Será naturalístico, quando ocorre efetivamente a lesão de um bem jurídico tutelado da vítima.
Será jurídico quando a lesão não se consuma. Embora o agente não tenha obtido êxito no
resultado pretendido, o Código Penal o punirá por aquilo que ele queria fazer (elemento
subjetivo).
2) (ALFACON) Para os crimes de efeitos cortados, não é necessário haver o resultado
naturalístico, embora ele possa existir.
Gabarito: Certo

Comentário: os crimes de efeitos cortados são os formais ou de consumação antecipada. Para esses tipos
de crimes, não é necessário haver o resultado naturalístico, embora ele possa ocorrer. É importante
lembrar que há os crimes materiais, em que se exige o resultado naturalístico e os crimes de mera conduta,
que, por sua vez, não possuem resultado naturalístico.

Para que um indivíduo tenha a real capacidade de cometer uma infração penal, é importante

 Deve existir uma conduta humana, ou seja, somente seres humanos possuem a capacidade
de

 O ser humano deve ter consciência do que esta fazendo; por esse motivo, quem comete o
fato,

 A ação ou omissão deve ser voluntária; por esse motivo, os casos de coação física (exclui o
crime)

 A conduta deve ser propositada ou descuidada. Esses conceitos serão vistos no Art. 18 do
Código Penal

Atenção, aluno!
Todo crime gera um resultado, porém, nem todo crime gera um resultado naturalístico.

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ESQUEMA DIDÁTICO

Introdução à Teoria Do Crime


Sendo o crime (delito) espécie da infração penal, possui uma nova divisão. Nesse caso,
existem diversas correntes doutrinárias para este conceito. Entretanto, adotaremos a majoritária, a
qual vigora no Direito Penal Brasileiro, classificada como Teoria Finalista Tripartida ou Tripartite.

: para ser considerado fato típico, é fundamental que a conduta esteja tipificada, ou
seja, escrita, em alguma norma penal. Não obstante, é necessário que exista:

 : é a ação do agente, seja ela (descuidada) ou (intencional);


comissiva (ação) ou omissiva (deixar de fazer).

 : é o elo entre a ação e o resultado, ou seja, se o resultado foi provocado


diretamente pela ação do agente, houve nexo causal.

 : pode ser naturalístico (modificação provocada no mundo exterior pela conduta)


ou jurídico (quando não houver resultado jurídico, não existe crime).

 : tem que ser considerado crime, estar tipificado, escrito.

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Ilícito (antijurídico): neste quesito, a ação do agente tem que ser ilícita, pois nosso ordenamento
jurídico prevê legalidade em determinadas situações em que, mesmo sendo antijurídicas, serão
permissivas. São as chamadas excludentes de ilicitude ou de antijuridicidade, sendo: Legítima
Defesa, Estado de Necessidade, Estrito Cumprimento do Dever Legal ou no Exercício Regular de um
Direito.

Culpável (culpabilidade): é a capacidade de o agente receber pena. Em alguns casos, mesmo o
agente cometendo um fato típico e ilícito, ele não poderá ser culpável, ou seja, não pode ser
“preso”, pois incidirá nas excludentes de culpabilidade. A mais conhecida refere-se ao menor em
conflito com a lei; ele pode cometer uma infração penal (crime), mas não poderá ir preso.
Caracteriza-se quando, no momento da ação ou da omissão, o agente for totalmente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato, ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Ainda
dentro dessa espécie, haverá três desdobramentos, que são a imputabilidade, a potencial
consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.

FIQUE LIGADO
Pode ocorrer de o agente cometer um fato descrito como crime – matar alguém – e esse fato
não ser considerado crime. Ex.: quem mata em legítima defesa comete um fato típico, ou seja,
escrito e definido como crime. Contudo, esse fato não é ilícito, pois a própria lei autoriza o sujeito a
matar em certos casos pré-definidos.
Pode ocorrer também de o agente cometer um fato definido como crime, ou seja, fato típico
– escrito e definido no CP – e ilícito, o ordenamento jurídico não autoriza aquela conduta, e mesmo
assim ficar isento de PENA. Assim, pode o sujeito cometer um crime e não ter pena. Ex.: quem é
obrigado a cometer um crime. Uma pessoa encosta a arma carregada na cabeça de outra e diz que,
se ela não cometer tal crime, irá morrer.

Questões comentadas
3) (CESPE) A partir da teoria tripartida do delito e das opções legislativas adotadas pelo Código
Penal, é correto afirmar que o dolo integra a culpabilidade e corrobora a aplicação concreta da
pena.
Gabarito: Errado

Comentário: o dolo, no nosso ordenamento jurídico pátrio, é natural e integra a conduta que, por
sua vez, integra o fato típico, primeiro elemento estrutural do crime, na corrente analítica
finalística tripartida do Direito.

4) (ALFACON) Para que haja um crime, é necessário que a conduta esteja escrita em alguma
norma penal, sendo imprescindível para o fato típico: a conduta, o resultado, o nexo causal e a
tipicidade.
Gabarito: Certo

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Comentário: para ser considerado crime, é fundamental que a conduta esteja tipificada, ou seja,
escrita, em alguma norma penal. Não obstante, é necessário que exista: Conduta: é a ação do
agente, seja ela culposa ou dolosa, comissiva ou omissiva; Resultado: que seja naturalístico ou
jurídico; Nexo causal: é o elo entre a ação e o resultado, ou seja, se o resultado foi provocado
diretamente pela ação do agente, houve nexo causal; e Tipicidade: tem que ser considerado crime,
estar tipificado, escrito.
5) (CESPE) A tipicidade, elemento do fato típico, é a correspondência entre o fato praticado pelo
agente e a descrição de cada espécie de infração contida na lei penal incriminadora, de modo
que, sem tipicidade, não há antijuridicidade penal, pois, comportadas as exclusões legais, todo
fato típico é antijurídico.
Gabarito: Certo
Comentário: o Código Penal adotou a teoria finalística tripartida (corrente majoritária), em que o crime é
composto de fato típico, antijurídico e culpável. Na análise do crime, devemos primeiramente verificar se o
agente cometeu um fato típico, ou seja, se teve conduta dolosa ou culposa, se ocorreu o nexo de
causalidade, o resultado e se há tipicidade. Depois disso, passamos a analisar a antijuridicidade (ilicitude) e
a culpabilidade. Imaginemos que “A” atire em “B” causando sua morte. Temos aqui um fato típico; depois
disso perguntamos: é contrária à lei a conduta de “A”? A resposta pode ser positiva ou negativa.
Imaginemos que o autor matou por ódio de “B”; ora, o Código Penal não autoriza ninguém a matar por
ódio. Mas e se “A” matou “B” para se defender? Se isso ocorrer, de acordo com o Art. 26, teremos uma
legítima defesa. Ou seja, no primeiro caso, o fato típico também é antijurídico, mas no segundo
(comportadas as exclusões legais que são as exclusões de ilicitude do Art. 13) o próprio Código autoriza a
matar, sendo assim típico, mas não antijurídico. Essa é a razão por que falamos que todo fato típico, a
princípio, é antijurídico, salvo se o agente agiu em uma das excludentes de ilicitude.

EXERCÍCIOS
1) No Código Penal brasileiro, adota-se, em relação ao conceito de crime, o sistema tricotômico,
de acordo com o qual as infrações penais são separadas em crimes, delitos e contravenções.

2) De acordo com a teoria dicotômica adotada pelo Direito Penal brasileiro, a infração penal é
espécie que se divide em dois gêneros: crime e contravenção penal.

3) A infração penal pode ser dividida em crime e contravenção penal. Para que seja caracterizada a
infração penal, é necessária a conduta humana, voluntária e consciente, sendo ela propositada
ou descuidada.

4) A infração penal sempre gera um resultado jurídico, mas nem sempre naturalístico.

5) De acordo com a teoria finalista, o dolo, por ser elemento vinculado à conduta, deve ser
deslocado da culpabilidade para a tipicidade do delito.

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GABARITOS
1) ERRADO
2) ERRADO
3) CERTO
4) CERTO
5) CERTO

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Princípio da Legalidade, Anterioridade e Reserva Legal


Assim está previsto no Art. 1º do CP:
“Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.”

Somente haverá crime quando existir perfeita correspondência entre a conduta praticada e a
previsão legal (Reserva Legal), que não pode ser vaga, deve ser específica. Exige-se que a lei esteja
em vigor no momento da prática da infração penal (Anterioridade). Fundamento Constitucional:
Art. 5°, XXXIX.
Princípio: nullum crimem, nulla poena sine praevia lege.

O Art. 1º traz, em seu bojo, três princípios fundamentais, ou seja, o princípio da legalidade, o
da anterioridade de lei e o princípio da reserva legal.
O princípio da legalidade diz que somente por meio de lei em sentido formal (lei
propriamente

O princípio da reserva legal é um desdobramento do princípio da legalidade e diz que


somente lei

Devemos nos atentar, pois não é possível previsão de crimes por meio de leis em sentido
material,

O princípio da legalidade e reserva legal também pressupõe que toda infração penal para
estar

As normas penais incriminadoras não são proibitivas, e sim descritivas. Por exemplo, o Art.
121 - Matar alguém, no Código Penal, não proíbe, ou seja, não matar. Descreve-se uma conduta,
que, se cometida, possuirá uma sanção (punição).

Questão Comentada
1) (ALFACON) O princípio da anterioridade da lei penal é sintetizado pela expressão “não há crime
sem lei que o defina”.

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Gabarito: Errado

Comentário: trata-se de típica questão de texto de lei, em que a interpretação é determinante, pois
não sintetiza somente pela expressão dada, e sim “não há crime sem lei anterior que o defina, não
há pena sem prévia cominação legal”.

Norma Penal em Branco


Corresponde a uma lei que depende de outro dispositivo normativo para que tenha seu total
sentido, uma vez que seu conteúdo é incompleto. Tal lei classifica-se como homogênea (sentido
lato) ou heterogênea (sentido estrito).

Lei Penal em Branco


 Homogênea:
Caracteriza-se por ser complementada por um dispositivo normativo de mesma natureza. Ex.:
Lei (formal) complementada por outra Lei também (formal).

 Heterogênea:

Nesse caso, a lei é complementada por um dispositivo normativo diverso. Ex.: Lei (formal)
complementada por decreto, portaria ou resoluções.
Um exemplo bastante pertinente é a Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), a qual é Lei em sentido
formal e é complementada por uma portaria do Ministério da Saúde.

Questão comentada!
2) (ALFACON) Em relação ao Direito Penal é correto afirmar que as normas penais em branco são
usualmente classificadas em sentido lato e sentido estrito.
Gabarito: Certo

Comentário: as normas penais em branco em sentido lato são as denominadas impróprias ou homogêneas.
Elas possuem o seu complemento determinado pela mesma fonte formal, exemplo: a União define uma
conduta por lei e, em seguida, define o seu complemento por lei. As normas penais em branco em sentido
estrito são as denominadas próprias ou heterogêneas. Neste segundo grupo, elas podem ter o seu
complemento determinado por uma diferente fonte formal, por exemplo: uma conduta é definida por lei e,
sem seguida, o seu complemento é definido por uma portaria.

Analogia em Direito Penal


O importante, em primeiro plano, é saber que a analogia representa aplicar a uma hipótese
que não foi regulada por uma lei, a uma legislação de um caso parecido.

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É de suma importância notar que não existe analogia penal incriminadora – in malam
partem, ou seja, para prejudicar a pessoa. Utilizamos analogia apenas para beneficiar o acusado, ou
seja, in bonam partem.
Vamos exemplificar, a fim de melhor visualizar a explicação. O Art. 128 do CP prevê as
hipóteses

O crime de atentado violento ao pudor (hoje revogado) não era contemplado pela causa
permissiva

A Analogia Penal é diferente de Interpretação Analógica. Nessa situação, a conduta do agente


é analisada dentro da própria norma penal, ou seja, é observada a forma como a conduta foi
praticada, quais os meios utilizados. Sendo assim, a Interpretação Analógica sempre será possível,
ainda que mais gravosa para o agente.

Questão Comentada
3) (ALFACON) Com relação ao Direito Penal, é correto afirmar que é cabível a interpretação
analógica tanto para beneficiar quanto para prejudicar uma pessoa que esteja respondendo por
crime.

Gabarito: Certo

Comentário: é importante diferenciarmos a “Analogia” da “Interpretação Analógica”. A Analogia


não pode ser desenvolvida in malam partem, ou seja, para prejudicar o réu. Ela apenas pode ser
aplicada quando se tratar de analogia in bonam partem, ou seja, para ajudar ou beneficiar o réu.
Por outro lado, quando se tratar de Interpretação Analógica, ela pode ser aplicada tanto para
beneficiar quanto para prejudicar o réu.

Sujeitos do crime
Temos duas figuras distintas quando falamos de crime:

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 : aquele que pratica o crime; qualquer pessoa que tenha capacidade normal e

 : qualquer pessoa que a lei determine poderá se enquadrar como vítima

Jurisprudência Atual:

INFORMATIVO 566 STJ: “É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos
ambientais, independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em
seu nome”. A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da “dupla imputação”.

Questão Comentada
4) (ALFACON) Podemos afirmar que a pessoa jurídica pode ser sujeito de ação nas esferas
administrativa, civil e penal. Isso se dá quando a conduta lesiva afeta o meio ambiente e seja
cometida pelo seu representante legal. Dessa forma, afirma o STJ que somente pode ser punida
a pessoa jurídica se ocorrer a chamada dupla imputação, ou seja, a pessoa jurídica tem que ser
punida juntamente com seu representante legal.
Gabarito: Errado

Comentário: o STJ decidiu se curvar à posição fixada pelo STF sobre o tema, posição primeiramente
adotada pela Quinta Turma da Corte e, depois, assumida também pela Sexta Turma, a definir uma
uniformização e consolidação no tratamento do tema pelo STJ. A mudança jurisprudencial foi
noticiada no Informativo 566 e no canal comunicativo do site do STJ em 12/04/2016: para o STJ, a
dupla imputação em crimes ambientais não é obrigatória. Empresas, associações e organizações
que cometerem crimes ambientais podem ser rés em processo penal, sem a necessidade de dupla
imputação (empresa e diretor), segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A
interpretação dos ministros do STJ decorre do Art. 225, §3º da Constituição Federal, que não
condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica à simultânea persecução penal da pessoa
física em tese responsável no âmbito da empresa. Na prática, uma organização empresarial pode
ser ré em processo penal sem que figure como corréu um dos dirigentes ou controladores da
referida empresa. Assim, atualmente, tem-se que há uma uniformidade na jurisprudência quanto à
desnecessidade de aplicação da teoria da dupla imputação para fins de responsabilização penal da
pessoa jurídica por crimes ambientais.

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EXERCÍCIOS
1) É legítima a criação de tipos penais por meio de decreto.

2) O princípio da reserva legal aplica-se, de forma absoluta, às normas penais incriminadoras,


excluindo-se de sua incidência as normas penais não incriminadoras.

3) O princípio da legalidade não permite a edição de lei incriminadora por meio de medida
provisória.

4) Quando um fato cometido antes da vigência da lei que o define como delito não puder ser
alcançado pela norma penal, trata-se do princípio da legalidade.

GABARITO
1) ERRADO
2) CERTO
3) CERTO
4) ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Conflito Aparente de Normas Penais���������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Especialidade����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Subsidiariedade������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Consunção��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Alternatividade������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5

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Conflito Aparente de Normas Penais


Fala-se em concurso aparente de normas quando, para determinado fato, aparentemente, existem
duas ou mais normas que poderão sobre ele incidir. Porém, as denominações são inadequadas, pois
não há conflito ou concurso de disposições penais, mas exclusividade de aplicação de uma norma a
um fato, ficando excluída outra em que também se enquadra.
→→ O conflito é aparente, pois desaparece com a correta interpretação da lei penal, que se dá com a
utilização de princípios adequados. São quatro os princípios que resolvem os conflitos aparentes
de normas:
• Especialidade;
• Subsidiariedade;
• Consunção;
• Alternatividade.

Especialidade
O princípio da especialidade está previsto no Art. 12 do Código Penal e determina que se afaste a
lei geral para aplicação da lei especial.
Art. 12 – As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
dispuser de modo diverso.
Entende-se como lei especial aquela que contém todos os elementos da norma geral, acrescida de
outros que a tornam distinta (chamados de especializantes). O tipo especial preenche integralmente
o tipo geral, com a adição de elementos particulares.
Como exemplo, citam-se os crimes de homicídio e infanticídio. Mesmo que ocorra a morte de
uma pessoa, será aplicado o Art. 123, pois existem determinadas elementares contidas no seu tipo
que fazem o fato se amoldar a ele e não ao Art. 121. Se uma parturiente, ao dar à luz um filho, sem
qualquer perturbação psíquica originária de sua especial condição, desejar, pura e simplesmente,
causar-lhe a morte, responderá pelo crime de homicídio. Agora, se durante o parto ou logo depois
dele, sob a influência do estado puerperal, causar a morte do próprio filho, já não mais responderá
pela infração a título de homicídio, mas, sim, por infanticídio, uma vez que as elementares contidas
nesta última figura delitiva a tornam especial em relação ao homicídio.
Consequência: a lei especial prevalece sobre a geral, a qual deixa de incidir sobre aquela hipótese.
QUESTÃO COMENTADA
01. (ALFACON) O princípio da especialidade tem por regra que a norma especial prevalece sobre
a norma geral.
• Gabarito: Certo
• Comentário: Neste caso, a norma do tipo penal incriminador (especial) é mais completa
que a norma geral. Tal princípio é utilizado quando ocorre o conflito aparente de normas
penais, ou seja, quando duas ou mais normas aparentemente parecem reger o mesmo tema.
Na prática, uma conduta pode se enquadrar em mais de um tipo penal, mas isso é tão
somente aparente, pois os princípios do Direito Penal resolvem esse fato.

Subsidiariedade
Pelo princípio da subsidiariedade, a norma dita subsidiária é considerada, na expressão de
Hungria, como um “soldado de reserva”, isto é, na ausência ou impossibilidade de aplicação da
norma principal mais grave, aplica-se a norma subsidiária menos grave.
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→→ A subsidiariedade pode ser:


˃˃ expressa ou explícita;
˃˃ tácita ou implícita.
• É expressa quando a lei prevê a subsidiariedade explicitamente, anunciando a não aplicação
da norma menos grave quando presente a mais grave. Exemplo: Art. 307, Falsa identidade,
parte final do preceito secundário: “Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o
fato não constitui elemento de crime mais grave”. (Grifo nosso)
• É tácita, quando um delito de menor gravidade cede diante da presença de um delito de
maior gravidade, integrando aquele a descrição típica deste. Exemplo: Constrangimento
ilegal (Art. 146, CP), subsidiário diante do estupro (Art. 213, CP).
“A diferença que existe entre especialidade e subsidiariedade é que, nesta, ao contrário do que ocorre
naquela, os fatos previstos em uma e outra norma não estão em relação de espécie a gênero, e se a
pena do tipo principal (sempre mais grave que a do tipo subsidiário) é excluída por qualquer causa,
a pena do tipo subsidiário pode apresentar-se como ‘soldado de reserva’ e aplicar-se pelo residuum.”
(Nélson Hungria).
Rogério Greco explica que, na verdade, não possui utilidade o princípio da subsidiariedade, haja
vista que problemas dessa ordem podem perfeitamente ser resolvidos pelo princípio da especialida-
de. Se uma norma for especial em relação a outra, como vimos, ela terá aplicação ao caso concreto. Se
a norma dita subsidiária foi aplicada, é sinal de que nenhuma outra mais gravosa poderia ter aplica-
ção. Isso não deixa de ser especialidade.
QUESTÃO COMENTADA
01. (ALFACON – 2015) Conforme o Código Penal Brasileiro, é correto afirmar que se Jorge Mano
atirar com uma pistola em via pública com intenção de matar alguém, Jorge não responderá
pelo crime de disparo de arma de fogo, mas pelo crime que ele pretendia praticar, ou seja,
crime doloso contra a vida.
• Gabarito: Certo.
• Comentário: A Jorge será imputado o crime mais grave, o qual é o crime doloso contra
a vida. É importante observar que a Lei 10.826 de 2003 descreve, em seu artigo 15, que
disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em
via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática
de outro crime. Nesse caso, será aplicado o princípio da subsidiariedade expressa. Assim,
esse conflito é resolvido pelo conflito aparente de normas penais.

Consunção
Segundo Fernando Capez, consunção é o princípio segundo o qual um fato mais amplo e mais
grave consome, isto é, absorve, outros fatos menos amplos e graves, que funcionam como fase normal
de preparação ou execução ou como mero exaurimento. Costuma-se dizer: o peixão (fato mais
abrangente) engole os peixinhos (fatos que integram aquele como sua parte).
Também conhecido como princípio da absorção, verifica-se a continência de tipos, ou seja, o
crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de realização do crime previsto
por outra (consuntiva) ou é uma forma normal de transição para o último (crime progressivo).
→→ Os fatos aqui não se acham em relação de espécie e gênero, mas de parte a todo, de meio a fim.
Rogério Sanches fala em princípio da consunção nas seguintes hipóteses:
• Crime progressivo: dá-se quando o agente, para alcançar um resultado/crime mais grave,
passa, necessariamente, por um crime menos grave. Por exemplo, no homicídio, o agente
tem que passar pela lesão corporal, um mero crime de passagem para matar alguém.
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• Progressão criminosa: o agente substitui o seu dolo, dando causa a resultado mais grave. O
agente deseja praticar um crime menor e chega à sua consumação. Depois, quer praticar um
crime maior e também o concretiza, atentando contra o mesmo bem jurídico. Exemplo de
progressão criminosa é o caso do agente que inicialmente pretende somente causar lesões
à vítima, porém, após consumar os ferimentos, decide ceifar a vida do ferido, causando-lhe
a morte. Somente incidirá a norma referente ao crime de homicídio, Art. 121 do Código
Penal, ficando absorvido o delito de lesões corporais.
• Antefactum impunível: são fatos anteriores que estão na linha de desdobramento da ofensa
mais grave. É o caso da violação de domicílio para praticar o furto. Nota-se que o delito
antecedente (antefato impunível) não é passagem necessária para o crime fim (distin-
guindo-se do crime progressivo). Foi meio para aquele furto. Outros furtos ocorrem sem
haver violação de domicílio. Também não há substituição do dolo (diferente da progressão
criminosa).
• Postfactum impunível: pode ser considerado um exaurimento do crime principal pratica-
do pelo agente e, portanto, por ele não pode ser punido. O sujeito que furta um automóvel
e depois o danifica não praticará dois crimes (furto + dano), mas somente o crime de furto,
sendo a destruição fato posterior impunível.
Crime progressivo, portanto, não se confunde com progressão criminosa!
→→ No crime progressivo o agente, desde o princípio, já deseja o crime mais grave.
→→ Na progressão criminosa, primeiramente o sujeito almeja o crime menos grave (e o concretiza) e
depois decide executar outro, mais grave. Em ambos o réu responde por um só crime.
QUESTÃO COMENTADA
01. (CESPE) O princípio da consunção, consoante posicionamento doutrinário e jurisprudencial,
resolve o conflito aparente de normas penais quando um crime menos grave é meio necessá-
rio, fase de preparação ou de execução de outro mais nocivo, respondendo o agente somente
pelo último. Há incidência desse princípio no caso de porte de arma utilizada unicamente para
a prática do homicídio.
• Gabarito: Certo
• Comentário: O Princípio da Consunção tem como característica básica o englobamento
de uma conduta típica menos gravosa por outra de maior relevância; estas possuem um
nexo, sendo considerada a primeira conduta como um ato necessário para a segunda. Ou
seja, um indivíduo, sem porte de arma ou com arma ilegal, utiliza-se da mesma para ceifar
a vida de terceiro, praticando homicídio. A primeira conduta, de portar arma de fogo de
maneira ilegal, está descrita como crime no Estatuto do Desarmamento, artigo 14 da Lei
10.826/03. Porém, no exemplo, é absorvida pela conduta tipificada no artigo 121 do Código
Penal se usada unicamente para cometer o crime. O dolo do agente era o homicídio; o crime
de homicídio regula um bem jurídico de maior importância, a vida, possui uma pena mais
rigorosa, é mais abrangente e as condutas não possuem desígnios autônomos. Um bom
exemplo seria um preso algemado para frente que saca a arma de um policial e contra ele faz
disparos, ou seja, a arma foi usada somente para o crime de homicídio. Contudo, por outro
lado, se o agente estivesse há dias andando armado e somente depois efetuasse o homicí-
dio, teríamos a incidência de dois crimes, ou seja, porte de arma de fogo em concurso com
homicídio.
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Alternatividade
Ocorre quando a norma descreve várias formas de realização da figura típica, em que a realiza-
ção de uma ou de todas configura um único crime. São os chamados tipos mistos alternativos, os
quais descrevem crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado.
Exemplo: o Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), que descreve dezoito formas de
prática do tráfico ilícito de drogas, mas tanto a realização de uma quanto a de várias modalidades
configurará sempre um único crime.
Nesses casos, não se pode falar em concurso ou conflito aparente de normas, uma vez que as
condutas descritas pelos vários núcleos se encontram em um só preceito primário.
Art. 33, Lei nº 11.343/06: Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar.
QUESTÃO COMENTADA
01. (CESPE) Considera-se, em relação aos crimes de conteúdo múltiplo, que, se em um mesmo
contexto, o agente realizar ação correspondente a mais de um dos verbos do núcleo do tipo
penal, ele só deverá responder por um único delito, em virtude do princípio da alternatividade.
• Gabarito: Correto
• Comentário: Esse é realmente o princípio da alternatividade que resolve o conflito
aparente de normas penais. Temos como exemplo o crime do Art. 33 da Lei 11.343/2006
(Lei de Drogas), em que o agente pode cometer os vários verbos que completam o tipo
penal, que ainda assim cometerá crime único. Por ter vários verbos é chamado de crime de
ação múltipla ou conteúdo variável. Imaginemos que no mesmo contexto um traficante de
drogas importe, exponha à venda e tenha em depósito a droga, ainda assim responderá por
crime único, e não crimes em concurso.
EXERCÍCIOS
01. Havendo conflito aparente de normas penais, aplica-se o princípio da subsidiariedade, que
incide no caso de a norma descrever várias formas de realização da figura típica, bastando a
realização de uma delas para que se configure o crime.
Certo ( ) Errado ( )
02. O princípio da consunção, consoante posicionamento doutrinário e jurisprudencial, resolve o
conflito aparente de normas penais quando um crime menos grave é meio necessário, fase de
preparação ou de execução de outro mais nocivo, respondendo o agente somente pelo último.
Há incidência desse princípio no caso de porte de arma utilizada unicamente para a prática do
homicídio.
Certo ( ) Errado ( )
03. Consoante o Código Penal Brasileiro, quando houver conflito aparente de normas penais,
aplica-se o princípio da alternatividade, utilizado no caso de a norma penal descrever várias
formas de realização da figura típica, sendo suficiente a realização de uma delas para que o
crime se configure.
Certo ( ) Errado ( )
04. Subsidiariedade, consunção, alternatividade e especialidade são princípios que resolvem o
conflito aparente de normas penais.
Certo ( ) Errado ( )
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05. Considere que uma mulher, logo após o parto, sob a influência do estado puerperal, estrangule
seu próprio filho e acredite tê-lo matado. Entretanto, o laudo pericial constatou que, antes da
ação da mãe, a criança já estava morta em decorrência de parada cardíaca. Nessa situação, a
mãe responderá pelo crime de homicídio, com a atenuante de ter agido sob a influência do
estado puerperal.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - ERRADO
02 - CERTO
03 - CERTO
04 - CERTO
05 - ERRADO

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Aplicação da Lei Penal no Tempo


“Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando

Trataremos aqui de alguns princípios básicos referentes à lei penal no tempo:

Irretroatividade de lei penal


A lei deve obedecer ao princípio da lei do tempo do crime que rege o Código Penal, ou seja,
quem pratica o fato de responder sobre o império da lei do tempo em que cometeu.

Retroatividade de lei mais benéfica

Em regra, o Código Penal sempre adota a Lei vigente, “A”, no momento da ação ou omissão
do agente. Sendo assim, se nesta época é cometido um crime, aquele irá responder sobre o fato
descrito no tipo penal. Contudo, por vezes, o processo se estende no tempo, e o julgamento do
agente demora a acontecer. Nesse lapso temporal, caso surgir uma nova Lei, “B”, que torne mais
branda a sanção aplicada sobre o agente, esta irá retroagir ao tempo do fato, beneficiando o réu.

Questão comentada!
1) (CESPE) A regra do Código Penal é a retroatividade de lei mais gravosa.

Gabarito: Errado

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Comentário: A regra do Art. 2º do Código Penal é a irretroatividade de lei penal, sendo utilizadas
também as regras da retroatividade de lei mais benéfica, ultratividade de lei mais benéfica e a
abolitio criminis.

Ultratividade de lei
A lei, mesmo que revogada, deve ser aplicada ao caso concreto se for mais benéfica e o
agente cometeu o fato sob seu império.

A ultratividade de lei mais benéfica corresponde ao caso em que, no momento da ação,


vigorava a Lei “A”; entretanto, no decorrer do processo, entrou em vigência nova Lei “B”,
revogando a Lei “A”, tornando mais gravosa a conduta anteriormente praticada pelo agente. Sendo
assim, no momento do julgamento, ocorrerá a ultratividade da lei, ou seja, a Lei “A”, mesmo não
estando mais em vigor, irá ultra-agir ao momento do julgamento para beneficiar o réu, por ser
menos gravosa a punição que o agente receberá.

Questão comentada!
2) (CESPE) Suponha que Leôncio tenha praticado crime de estelionato na vigência de lei penal na
qual fosse prevista, para esse crime, pena mínima de dois anos. Suponha, ainda, que, no
transcorrer do processo, no momento da prolação da sentença, tenha entrado em vigor nova lei
penal, mais gravosa, na qual fosse estabelecida a duplicação da pena mínima prevista para o
referido crime. Nesse caso, é correto afirmar que ocorrerá a ultratividade da lei penal.
Gabarito: Certo

Comentário: quando a lei mais benéfica vier depois do cometimento do crime, ocorrerá a
retroatividade de lei mais benéfica. Contudo, se a lei mais severa vier depois do cometimento do
delito, como exposto na questão, aplicará a lei mais benéfica vigente na data do fato, ou seja,
ocorrerá a ultratividade da lei mais benéfica. As regras do Art. 2 º devem ser analisadas com calma,
pois sempre que ocorrer o princípio da ultratividade de lei mais benéfica estará no caso concreto
ocorrendo também a irretroatividade de lei mais gravosa. Isso ocorre porque temos duas leis, a
primeira mais leve e a segunda mais grave. Como a primeira já revogada avança no tempo, temos a
ultratividade, da mesma forma que a mais severa não retroage. Assim, temos a irretroatividade de
lei mais gravosa.

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Abolitio criminis
É a abolição do crime. Faz com que cessem, em virtude de nova lei que torna o fato anterior
como atípico, todos os efeitos penais da sentença condenatória, permanecendo apenas a obrigação
civil de reparar o dano.

Em relação à , ocorre o seguinte fato: quando uma conduta que, antes era
tipificada como crime pelo Código Penal, deixa de existir, ou seja, passa a não ser mais considerada
crime, dizemos que ocorreu a “abolição do crime”. Diante disso, cessam imediatamente todos os
efeitos penais que incidiam sobre o agente: tranca e extingue o inquérito policial; caso o acusado
esteja preso, deve ser posto em liberdade.
Entretanto, não extingue os efeitos civis, ou seja, caso o agente tenha sido impelido em
ressarcir a vítima da sua conduta mediante o pagamento de multa, essa, ainda assim, deverá ser
paga.

Questão Comentada
3) (ALFACON) Com o advento de nova lei que descriminaliza fato anteriormente considerado como
crime, ocorre a abolitio criminis, na qual cessam os efeitos penais e os civis, tornando tal fato
atípico.
Gabarito: Errado

Comentário: Com a ocorrência da abolitio criminis, o fato anteriormente considerado como crime
passa a ser atípico. Cessam os efeitos penais, porém permanecem os efeitos civis. A previsão legal
encontra-se no Art. 2º do CP: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.”

Crimes Permanentes ou Continuados


Devemos nos atentar para a excepcionalidade da lei, que é dada pelo próprio Supremo
Tribunal Federal (STF). Nos crimes permanentes, ou seja, naqueles em que a consumação se
prolonga enquanto não cessa a atividade, aplica-se ao fato a lei que estiver em vigência quando
cessada a atividade, mesmo que mais grave (severa) que aquela em vigência quando da prática do
primeiro ato executório. O crime se perpetua no tempo, enquanto não cessada a permanência.

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É o que ocorre, por exemplo, com o crime de sequestro e cárcere privado. Assim, será
aplicada lei que estiver em vigência quando da soltura da vítima.
Observa-se, então, o momento em que cessa a permanência para daí se determinar qual
norma a ser aplicada. É o que estabelece a Súmula 711 do STF.

ú . “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência e anterior a cessação da continuidade ou da permanência.”

Questão Comentada

4) (ALFACON) Durante a ocorrência de um crime permanente ou continuado, caso entre em vigor


uma nova lei que trate deste crime, esta será aplicada ao agente no momento da cessação da
conduta ilícita, ainda que mais gravosa.
Gabarito: Certo

Comentário: a nova lei será aplicada ao agente do crime permanente ou continuado, ainda que seja
mais gravosa. Tal entendimento provém da Súmula 711 – STF, “aplica-se ao crime permanente e ao
crime continuado, a lei vigente quando cessou a conduta ilícita do agente, mesmo que mais grave.”
Quando a Súmula menciona “mesmo que mais grave”, entende-se que a lei também pode ser
menos grave. Para os crimes comuns, tal regra não se aplica.

Lei Excepcional ou Temporária

“Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.”

Para fins de Direito Penal, temos que a lei temporária ou lei temporária em sentido estrito,

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 Lei Excepcional: utilizada em períodos de anormalidade social. Ex.: guerra, calamidades


públicas, enchentes, grandes eventos etc.
 Lei Temporária: período de tempo previamente fixado pelo legislador. Ex.: lei que configura
o crime de pescar em certa época do ano - piracema -, após lapso de tempo previamente
determinado, a lei deixa de considerar tal conduta como crime.

Questão Comentada

5) (ALFACON) Em se tratando das leis temporárias, vale a regra da ultratividade, de tal maneira
que ela se aplica aos fatos praticados durante a sua vigência, ainda que decorrido o período da
duração desta lei.

Gabarito: Certo

Comentário: a questão explicou parte do Art. 3º do CP tratando das leis temporárias. A regra da
ultratividade é um fenômeno em que uma lei, ainda que revogada, regula fatos ocorridos durante a
vigência desta lei. segue o texto legal: “Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.”

EXERCÍCIOS
1) Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida, passou a viger a lei Y, que, além
de ser mais gravosa, revogou a lei X. Depois de tais fatos, Lauro foi levado a julgamento pelo
cometimento do citado delito. Nessa situação, o magistrado terá de se fundamentar no
instituto da retroatividade em benefício do réu para aplicar a lei X, por ser esta menos rigorosa
que a lei Y.

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2) No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicação da lei apenas durante o
seu período de vigência; a exceção é a extra-atividade da lei penal mais benéfica, que comporta
duas espécies: a retroatividade e a ultratividade.

3) A regra do Código Penal é a aplicação da lei do tempo do crime, podendo ocorrer em exceção à
retroatividade de lei mais benéfica, a ultratividade de lei mais benéfica, mas nunca a
retroatividade de lei mais gravosa.

4) De acordo com entendimento doutrinário dominante, a lei excepcional ou temporária aplica-se


ao fato praticado durante sua vigência, ainda que, no momento da condenação do réu, não
mais vija, ou ainda, que tenham cessado as condições que determinaram sua aplicação.

5) A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz à abolitio criminis, ainda que seus
elementos passem a integrar outro tipo penal, criado pela norma revogadora.

GABARITO
1. ERRADO
2. CERTO
3. CERTO
4. CERTO
5. ERRADO

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Sumário

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Tempo do Crime
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento

Consoante o Art. 4º do Código Penal, “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou


omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. Nos sistemas penais é possível adotar
a teoria da atividade na qual o que importa é o momento da conduta (omissiva ou comissiva)
delituosa, pouco importando em que momento se deu o resultado. Há também a teoria do
resultado, na qual se retira a importância do momento da conduta e o que importará é o momento
em que se deu o resultado, ou seja, a consumação. Por fim, existe ainda a teoria mista ou da
ubiquidade, que adota as duas teorias anteriores ao mesmo tempo.

Conforme leitura do Art. 4º supracitado, fica evidente que o Código Penal pátrio adotou a teoria da
atividade. Neste sentido, importa o momento da conduta comissiva ou omissiva para a prática de
fato definido como crime. Assim, Rogério Greco, em seu Curso de Direito Penal (2010), afirma:
“Pela teoria da atividade, tempo do crime será o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado. Para essa teoria, o que importa é o momento da conduta, comissiva ou
omissiva, mesmo que o resultado dela se distancie no tempo”.

A importância do Tempo do Crime ainda se verifica quando da incidência da extratividade da lei


penal. A extratividade da lei penal é composta de ultratividade e retroatividade. A primeira se dá
quando a lei penal, mesmo já revogada, continua a regular fatos ocorridos ao tempo de sua
vigência; já a segunda ocorre quando retroage para atingir fatos ocorridos antes da sua vigência.
Maior importância é com relação à ultratividade, uma vez que uma lei poderá estar em vigor
durante o cometimento de um fato definido como crime. Entretanto, lei nova poderá dar um
tratamento ainda mais rigoroso para os que praticarem tais condutas. Neste sentido, deverá ser a
lei anterior mais benéfica ultrativa continuando a regular os fatos ocorridos ao tempo da sua
vigência, prevalecendo a irretroatividade da novatio legis in pejus.
Neste mesmo sentido, Cleber Masson em seu Código Penal Comentado (2013) acrescenta: “Pode
ocorrer ainda a ultratividade da lei mais benéfica, que se verifica quando o crime foi praticado
durante a vigência de uma lei, posteriormente revogada por outra prejudicial ao agente. Subsistem,
no caso, os efeitos da lei anterior, mais favorável”.
Este princípio traz o momento da ação ou da omissão do crime. Ou seja, independentemente do
resultado,

: caso um menor “A”, cometa disparos de arma de fogo contra “B”, vindo a feri-lo; devido
às lesões causadas pelos disparos, três meses depois do fato, “B” vem a falecer. Nessa época,
mesmo “A” tendo completado sua maioridade penal - 18 anos - ainda assim não poderá ser

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FIQUE LIGADO!
Não existe o princípio do “resultado” no Código Penal. O princípio utilizado pelo nosso Código
Penal é o da atividade, previsto no Art. 4º. As provas de concursos costumam indagar sobre esse
quesito. Assim vai a dica: se a questão mencionar o princípio do resultado, está errada!

Casos concretos da parte especial do CP

Art. 121

Aumento de pena

o
“§ 4 No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.” (Grifo nosso)

FIQUE LIGADO!

Questão comentada
1) (CESPE) De acordo com o Código Penal, considera-se praticado o crime no momento em que
ocorreu seu resultado.
Gabarito: Errado

Comentário: a teoria utilizada no Art. 4º do Código Penal é a teria da atividade, que diz:
“considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão ainda que outro seja o momento
do resultado”.

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2) (ALFACON) Anísio, com 17 anos de idade, no dia anterior ao que ele completaria 18 anos, no
horário de 23h58min, atirou na cabeça de Huck. Este, em decorrência do disparo, faleceu no dia
seguinte. De acordo com o Código Penal, é possível afirmar que Anísio responderá por crime
com resultado morte, na modalidade consumada.
Gabarito: Errado

Comentário: de acordo com o entendimento do STF, Anísio era inimputável quando realizou a
ação e, ainda que o resultado tenha ocorrido em momento posterior, em que o agente já era maior
de idade, o momento do crime é o da ação ou da omissão – teoria da atividade. Neste caso, Anísio,
por ser menor de idade, não poderá responder por CRIME, mas por ato infracional.

Atenção, Aluno!
Devemos, contudo, ficar atentos aos crimes permanentes e continuados. É o caso do
sequestro, por

Nesta situação em questão, “A” não será mais inimputável, pois no momento de sua prisão já
havia completado 18 anos, não considerando neste caso, o momento em que se iniciou a ação, mas
sim, quando cessou.

Questões comentadas
3) (CESPE) Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o
intuito de receber certa quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em
cativeiro, nova lei entrou em vigor, prevendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a
lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Manoel.
Gabarito: Errado

Comentário: o crime de extorsão mediante sequestro é classificado como crime permanente e sua
consumação se protai (estende) no tempo, de acordo com a vontade do agente. Dessa forma,
conforme Súmula 711 STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou permanente, se
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou permanência”.

4) (CESPE) No delito continuado, a lei penal posterior, ainda que mais gravosa, aplica-se aos fatos
anteriores à vigência da nova norma, desde que a cessação da atividade delituosa tenha
ocorrido em momento posterior à entrada em vigor da nova lei.

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Gabarito: Correta

Comentário: aqui está a aplicação da Súmula 711 STF – “A Lei penal mais grave aplica-se ao Crime
Continuado ou Crime Permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.”
Trata-se de questão de interpretação da lei. Não usamos a mais leve ou a mais grave, tampouco a
intermediária; sempre a última, ou seja, do momento da cessação da conduta do agente.

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EXERCÍCIOS
1) Maria saiu em busca de diversão na cidade do Rio de Janeiro e, por não conhecer bem a cidade,
entrou em um bairro perigoso. Nesse momento, um traficante atirou nela pensando que ela
fosse policial. Maria foi levada ao hospital e veio a falecer dois dias após o fato. Assim,
considera-se praticado o crime no momento em que a vítima foi atingida, e não no momento
em que faleceu.

2) Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob
a vigência de duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em
que cessaram os delitos, ainda que seja mais gravosa.

3) A regra do Código Penal é a aplicação da lei do tempo do crime, podendo ocorrer em exceção a
retroatividade de lei mais benéfica, a ultratividade de lei mais benéfica, mas nunca a
retroatividade de lei mais gravosa.

4) Considera-se praticado o crime sempre no momento em que ocorre o resultado delituoso


desejado pelo agente.

5) Em relação à aplicação da lei penal no tempo e no espaço, no Código Penal adotaram-se,


respectivamente, as teorias da atividade e da ubiquidade.

GABARITO
1. CERTO
2. CERTO
3. CERTO
4. ERRADO
5. CERTO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Lei Penal no Espaço .............................................................................................................................................2
Territorialidade ..................................................................................................................................................................2

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Lei Penal no Espaço


O tema abordado neste material baseia-se na diferença entre Lei Penal (Código Penal) e Lei Pro-
cessual Penal (Código Processual Penal). Por isso, convém lembrar que as regras aqui são da Lei
Penal. Já o estudo espacial para a Lei Processual Penal segue outras regras (específicas).
A abordagem da Lei Penal no Espaço é relacionada ao Direito Penal Internacional, então trata-
remos de como se comportará a Lei Penal brasileira diante de crimes no estrangeiro e vice-versa. A
regra aqui é a territorialidade e, excepcionalmente, a extraterritorialidade. Além disso, quando
falamos em extraterritorialidade estamos tratando somente da Lei Penal, e não da Lei Processual
Penal.

Territorialidade
Art. 5º – Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional,
ao crime cometido no território nacional.
§1º – Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aero-
naves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§2º – É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
O princípio da territorialidade cuida da aplicação geográfica da Lei Penal dentro do próprio território
nacional do Estado soberano que editou a norma. Dessa forma, quando aplicamos a lei brasileira em
nosso espaço geográfico (físico), estamos usando o conceito de territorialidade. Essa é a regra geral, porém
o Art. 5º do Código Penal determina que esse conceito não é absoluto, quando diz que a lei brasileira será
aplicada “sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional”. Assim, certos crimes cometidos no ambiente geográfico interno do Brasil não serão
julgados pelo Brasil, mas sim pelo país do sujeito passivo ou do sujeito ativo do crime (a depender do
caso), bem como certos crimes cometidos no estrangeiro serão julgados no Brasil. Por isso, o Código Penal
adotou o princípio da territorialidade mitigada ou temperada.
O território nacional é o espaço onde certo Estado exerce sua soberania. Em termos jurídicos,
território nacional é a soma do espaço físico (geográfico) e do espaço jurídico (espaço físico por
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ficção, por equiparação, por extensão ou território flutuante). São elementos que constituem um
determinado Estado:
• Território (físico + jurídico);
• Povo;
• Governo soberano.
Como mencionado, a lei brasileira aplica-se em todo o território nacional próprio ou por assimi-
lação. Por isso, aos nacionais e aos estrangeiros (mesmo que de forma irregular) será aplicada a Lei
Penal brasileira.
Por território físico, temos: o espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à soberania do Estado
(solo, rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa – 12 milhas maríti-
mas de largura – e espaço aéreo correspondente).
Por território brasileiro por extensão ou assimilação, temos:
1) embarcações ou aeronaves brasileiras de natureza pública: em qualquer lugar (Art. 5º, §1º);
2) embarcações ou aeronaves brasileiras de natureza privada desde que a serviço do Estado brasi-
leiro: em qualquer lugar (Art. 5º, §1º);
3) embarcações ou aeronaves brasileiras mercantes ou privadas, em alto-mar ou no espaço aéreo
correspondente ao alto-mar: desde que não estejam em território alheio (Art. 5º, §1º).
Em decorrência do princípio da territorialidade ser mitigado (ou temperado) – parte final do caput,
do Art. 5º: “sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido
no território nacional” –, a alguns casos não se aplicará a lei brasileira, mesmo que os fatos sejam
cometidos dentro do Brasil. Como exemplo disso, podemos citar as imunidades diplomáticas e de
chefes de governos estrangeiros. São hipóteses acordadas por meio de adesão do Brasil às Convenções
de Viena sobre Relações Diplomáticas e Consulares (1961 e 1963), de sorte que essa garantia se estende
aos agentes diplomáticos e funcionários das organizações internacionais, quando em serviço no Brasil, e
a seus familiares.
Exemplo para fixação:
1) Imaginemos que um navio de origem brasileira e de natureza privada esteja em viagem pelo
mar territorial argentino e que um crime seja cometido a bordo dele. Em regra, será aplicada a Lei Penal
da Argentina. Cuidado, pois dependerá da natureza do crime e a quem foi cometido. Por exemplo, se um
brasileiro (ou qualquer outro estrangeiro) assassinar dolosamente outra pessoa de férias (brasileiro ou
não), então será utilizada a lei argentina, porque o navio não estava a serviço do Brasil. Por outro lado, se
o navio estiver em alto-mar (mar que fica fora das águas territoriais de uma nação: “terra de ninguém”),
então será adotado o princípio da territorialidade, isto é, neste caso é considerado território brasileiro
por extensão ou por assimilação (Art. 5º, §1º, segunda parte) e, portanto, aplicar-se-á a lei brasileira.
2) A mesma regra é utilizada para as aeronaves ou embarcações privadas estrangeiras. Por
exemplo, se uma aeronave comercial russa pousar no Brasil ou estiver em voo sobre o território nacional
com destino a São Paulo/SP, e um passageiro belga de férias assassinar dolosamente um indiano (também
de férias), então será aplicada a lei brasileira, pois as aeronaves ou embarcações estrangeiras de pro-
priedade privada, quando em território brasileiro, são consideradas parte do nosso território (Art.
5º, §2º). Caso a aeronave estrangeira seja de natureza pública, então será aplicada a lei de origem dela: a
lei russa.
Questões comentadas
1. (CESPE) A bordo de um avião da Força Aérea Brasileira, em sobrevoo pelo território argenti-
no, Andrés, cidadão guatemalteco, disparou dois tiros contra Daniel, cidadão uruguaio, no decorrer
de uma discussão. Contudo, em virtude da inabilidade de Andrés no manejo da arma, os tiros atin-
giram Hernando, cidadão venezuelano que também estava a bordo. Nessa situação, em decorrência
do princípio da territorialidade, aplicar-se-á a lei penal brasileira.

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Gabarito: Certo.
Comentário: Estamos falando em avião da Força Aérea Brasileira, que é aeronave pública. Assim,
o Código Penal considera como território nacional por extensão ou assimilação.
2. (CESPE) Segundo o princípio da territorialidade, se uma pessoa comete latrocínio em embar-
cação brasileira mercante em alto-mar, aplica-se a lei brasileira.
Gabarito: Certo.
Comentário: Está de acordo com o Art. 5º, caput, c/c Art. 5º, §1º, segunda parte, ambos do CP: “Apli-
ca-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional. §1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do territó-
rio nacional (...) as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que
se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.”, que trata de território
nacional por extensão. Neste caso, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente (ao alto-mar) e
os navios e embarcações forem privados, será aplicada a lei da bandeira que ostentam.
EXERCÍCIOS
01. Consideram-se como extensão do território brasileiro as embarcações e aeronaves brasileiras
de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, bem como as aeronaves e as embarca-
ções brasileiras mercantes ou de propriedade privada, onde quer que se encontrem.
Certo ( ) Errado ( )
02. Tendo o Código Penal adotado sem exceção o princípio da territorialidade, a lei penal brasilei-
ra aplica-se somente aos crimes praticados no território nacional.
Certo ( ) Errado ( )
03. Ao crime cometido no território nacional, aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de conven-
ções, tratados e regras de Direito Internacional.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO:
01 - ERRADO
02 - ERRADO
03 - CERTO

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Sumário
DA LEI PENAL NO ESPAÇO – CONTINUAÇÃO ........................................................................................................... 2
LUGAR DO CRIME ................................................................................................................................................................................. 2
EXTRATERRITORIALIDADE ....................................................................................................................................................................... 3
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA .............................................................................................................................................. 4
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA ................................................................................................................................................. 6
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA PREVISTA NO §3º DO ARTIGO 7º ..................................................................................................... 8
PRINCÍPIOS APLICADOS À EXTRATERRITORIALIDADE ..................................................................................................................................... 8
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO ........................................................................................................................................................ 10
EFICÁCIA DA SENTENÇA PENAL ESTRANGEIRA............................................................................................................................................ 11
CONTAGEM DO PRAZO E FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA................................................................................................................... 12
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................................................... 14
GABARITOS .................................................................................................................................................................................... 14

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Da Lei Penal no Espaço – Continuação


Lugar do Crime
Art. 6º – Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

Lembre-se de que as regras relativas ao lugar do crime não são as mesmas para a Lei Penal
e a Lei Processual Penal
Há certos crimes que afetam os interesses de mais de um Estado soberano, isto é, mais de
um país. A fim de dirimir os conflitos de jurisdição internacional aos crimes a distância (crimes
que percorrem dois Estados soberanos), o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade (ou
mista) para definir o lugar do crime.
Existem três teorias mais citadas em prova:
I. Teoria da Atividade;
II. Teoria do Resultado;
III. Teoria da Ubiquidade.

De acordo com a teoria da atividade (ou da ação), lugar do crime é somente aquele no
qual os atos executórios (ação ou omissão) ocorreram, isto é, o local onde o agente desenvolveu
a atividade criminosa (no todo ou em parte). Imaginemos que uma pessoa seja ferida no
Equador e venha a falecer no Brasil. Portanto, para essa teoria, apenas o Equador seria
competente para julgar o crime, pois é onde os atos executórios (ação ou omissão) se deram,
pouco importando o lugar do resultado.
Já para a teoria do resultado, lugar do crime é somente aquele onde se produziu o
resultado (a sua consumação). Assim, a competência para julgar o crime, no exemplo acima,
seria apenas do Brasil, porque é o lugar da ocorrência do resultado.
A teoria da ubiquidade (ou mista) é o hibridismo entre as duas teorias, sendo considerado
lugar do crime tanto o país em que se praticaram os atos executórios (ação ou omissão), no
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado Analisando o
fato hipotético acima, os dois países seriam competentes para julgar o crime.

Exemplo para fixação:


Imaginemos que um integrante do Estado Islâmico houvera imigrado, secretamente, para
o Brasil Suponhamos que, a fim de assassinar o Presidente da África do Sul, tenha enviado uma
bomba via correio; porém, por circunstâncias alheias à vontade do agente, a correspondência
foi interceptada pela Força Nacional sul-africana, evitando que o resultado morte se
consumasse Nessa situação hipotética, por força da teoria da ubiquidade, o local do crime será
considerado tanto o Brasil quanto a África do Sul
DICA SOBRE AS TEORIAS ADOTADAS:

Quando falamos do lugar do crime (Art. 6º) e do tempo do crime (Art. 4º), o Código Penal
adotou, respectivamente, a teoria da ubiquidade e da atividade: LUTA!

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Questões comentadas!

1. (CESPE) No CP brasileiro, no que tange à aplicação da lei no tempo e no espaço, adotam-se,


respectivamente, as teorias da ubiquidade e da atividade.
 Gabarito: Errado
 Comentário: Questão sobre princípios determinados pelos art. 6º (lei penal no espaço) e art.
4º lei pena no tempo. O erro esta na inversão dos princípios já que à aplicação da lei penal
no tempo refere-se ao princípio da atividade em que considera-se praticado o crime no
momento da ação ou omissão criminosa ainda que outro seja o momento do resultado (art.
4º). E a aplicação da lei penal no espaço refere-se ao princípio da ubiquidade (art. 6º) do
código penal.
2. (ALFACON) Considera-se ocorrido o crime somente no lugar onde tenha ocorrido o resultado
ilícito almejado pelo agente, embora a ação ou a omissão tenha se dado em local diverso.
 Gabarito: Errado
 Comentário: A regra do art. 6º que trata do princípio da ubiquidade prevê o seguinte:
Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

Extraterritorialidade
É a aplicação da legislação penal brasileira aos crimes cometidos no exterior. Justifica-se
pelo fato de o Brasil ter adotado, relativamente à lei penal no espaço, o princípio da
territorialidade temperada ou mitigada (CP, Art. 5º), o que autoriza, excepcionalmente, a
incidência da lei penal brasileira a crimes praticados fora do território nacional. A
extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada. Não se admite a aplicação da lei

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penal brasileira às contravenções penais praticadas no estrangeiro, de acordo com a regra


estabelecida pelo Art. 2º da Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei nº. 3688/1941).

Questão comentada!

3. (CESPE) O direito penal brasileiro adotou expressamente a teoria absoluta de territorialidade


quanto à aplicação da lei penal, adotando a exclusividade da lei brasileira e não
reconhecendo a validez da lei penal de outro Estado.
 Gabarito: Errado
 Comentário: O direito brasileiro adotou o princípio da territorialidade mitigada, relativo ou
temperada. Assim, o Estado mesmo tendo a soberania pode abrir mão da aplicação da
legislação pátria em virtude de convenções, tratados e regras de direito internacional
referido, como prevê O art. 5º, caput, do Código Penal - determina a aplicação da lei
brasileira, sem prejuízo de internacional, ao crime cometido no território nacional. É a regra
da territorialidade.

Extraterritorialidade Incondicionada
Art. 7º – Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I – Os crimes:
contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;
contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço;
de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
(...)
§1º – Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
condenado no estrangeiro.

São aqueles crimes que não estão sujeitos a nenhuma condição. A mera prática do crime
em território estrangeiro autoriza a incidência da lei penal brasileira, independentemente de
qualquer outro requisito. Suas hipóteses estão previstas no inciso I, do Art. 7º, CP. No tocante a
esses crimes, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro (Art. 7º, §1º).
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente de República: aqui se aplica o princípio
real (da defesa ou da proteção), isto é, será utilizada a lei brasileira ao crime
cometido fora do Brasil, que afete o interesse nacional (Art. 7º, I, “a”, “b”, “c”). São
os casos das infrações cometidas contra o Presidente da República, contra o
patrimônio de qualquer das entidades da Administração direta, indireta ou
fundacional etc. Se o interesse nacional foi afetado de algum modo, justifica-se a
incidência da legislação pátria. Dizemos que a lei penal está protegendo o bem
jurídico nacional, que é a vida ou liberdade do Chefe do Executivo;

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ATENÇÃO: Não são todos os crimes contra o presidente da república que recebem essa regra,
somente aqueles que versarem CONTRA A VIDA (ARTS. 121 AO 127, CP) ou A
LIBERDADE (ARTS. 146 AO 149, CP) do Chefe do Executivo Federal. Segundo Damásio de
Jesus, esses crimes constituem delitos contra a Segurança Nacional (Lei nº 7170/83).

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de


Território, de Município, de empresa de pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público: aqui também é adotado o
princípio real (da defesa ou da proteção);

c) contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço: da mesma forma
que os anteriores, utiliza-se o princípio real (da defesa ou da proteção);
ATENÇÃO: Aqui, exige-se que o crime seja funcional, ou seja, tem que ser praticado por quem
esteja a serviço da Administração pública. Assim, se um funcionário público cometer crime de
peculato no exterior, a lei penal brasileira será aplicada de forma incondicionada.

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil: adota-se


aqui o princípio da justiça universal ou cosmopolita, também conhecido como o
princípio da repressão universal ou da universalidade do direito de punir (Art. 70, I,
“d”, II, “a”). Todo Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a
nacionalidade do delinquente e da vítima ou o local de sua prática, desde que o
criminoso esteja dentro de seu território. É como se o planeta se constituísse em
um só território para efeitos de repressão criminal. Aplica-se ao agente brasileiro
ou estrangeiro domiciliado no Brasil que praticou o crime de genocídio previsto na
Lei nº 2889/56.

Extraterritorialidade Incondicionada e a Lei de Tortura


Art. 2º, Lei n.º 9.455/97: O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido
cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local
sob jurisdição brasileira.

O legislador pátrio incluiu mais uma hipótese de extraterritorialidade incondicionada, qual


seja, o crime de tortura.
Portanto, além dos casos previstos no Código Penal, também será aplicada a lei brasileira
para os crimes de tortura praticados no estrangeiro contra vítima brasileira ou se o torturador
estiver em qualquer local sob a jurisdição brasileira.

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Questões comentadas!

4. (CESPE) Não ficarão sujeitos à lei brasileira, quando cometidos no estrangeiro, os delitos
praticados contra a administração pública por quem está a seu serviço.
 Gabarito: Errado
 Comentário: Trata-se do princípio da extraterritorialidade incondicionada prevista no art. 7º
inciso I alínia “C”. Dessa forma, os crimes cometidos contra a Administração pública, por
quem está a seu serviço serão sempre julgados pela legislação penal brasileira.
5. (ALFACON) Dado o princípio da extraterritorialidade incondicionada, estará sujeito à
jurisdição brasileira aquele que praticar, a bordo de navio a serviço do governo brasileiro em
águas territoriais argentinas, crime contra o patrimônio da União.
 Gabarito: Errado
 Comentário: Nesse caso ocorreu o princípio da TERRITORIALIDADE da lei penal, uma vez que
no bojo da assertiva está escrito que o navio está a serviço do governo brasileiro. Sendo
assim, na situação narrada, o navio é considerado como uma extensão do território
brasileiro por assimilação. Além disso, é importante ressaltar que a questão confunde os
princípios ao trazer tanto princípios provenientes da Territorialidade (navio a serviço do
governo brasileiro – Art. 5º § 1º) quanto provenientes da Extraterritorialidade (crime contra
o patrimônio da União - Art. 7º, I, b).

Extraterritorialidade Condicionada
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
(...)
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

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Neste caso, fala-se dos crimes cometidos no estrangeiro, mas é preciso preencher alguns
requisitos para que sejam julgados no Brasil. Estas hipóteses estão elencadas no Art. 7º, inc. II,
do Código Penal, e deve haver o concurso de condições previstas no Art. 7º, §2º. Dessa forma,
aplica-se de forma condicionada à Lei Penal brasileira aos crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir: alguns crimes o
Brasil, por meio de trados e convenções obrigou-se a reprimir, como é o caso do
crime de tráfico ilícito de entorpecentes. Assim, apesar de cometido no exterior
será aplicada a Lei Penal brasileira. Porém, é fundamental que concorram as
condições definidas em lei. Aplica-se aqui o princípio da justiça universal ou
cosmopolita, também conhecido como o princípio da repressão universal ou da
universalidade do direito de punir (Art. 70, I, “d”, II, “a”);
b) praticados por brasileiros: temos aqui o princípio da nacionalidade ou
personalidade ativa, sendo aplicada a lei brasileira aos crimes cometidos por
brasileiro fora do Brasil (Art. 7º, II, “b”). Não importa se o sujeito passivo é
brasileiro ou se o bem jurídico afeta interesse nacional, pois o único critério levado
em conta é o da nacionalidade do sujeito ativo. Justifica-se pela impossibilidade
Constitucional de extradição de brasileiro previsto no Art. 5º, LI, da Constituição
Federal de 1988;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não venham a ser
julgados: utiliza-se aqui o princípio da representação, do pavilhão, da substituição
ou da bandeira, a Lei Penal nacional será aplicada aos crimes cometidos em
aeronaves e embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro e aí não
sejam julgados Convém notar que o fato não constituiu hipóteses de território por
extensão ou assimilação, pois as embarcações não são públicas, tampouco estão a
serviço do Brasil
ATENÇÃO: Observe que o texto de lei diz: “se lá no exterior não sejam julgados”.
Caso forem julgados no exterior, mesmo que tenha sido absolvido, ou mesmo
condenado, ou não tenha cumprido a pena, NÃO se aplicará a lei brasileira.
Somente deve ser aplicada nos casos em que a o país estrangeiro não julgou,
acrescidos dos requisitos previstos no Art. 7º, §2º, CP.

Além destas hipóteses, é necessário o concurso das seguintes condições (Art. 7º, §2º, CP),
que devem incidir todas ao mesmo tempo:
a) entrar o agente no território nacional: o ingresso pode ser voluntário ou não,
temporário ou prolongado;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado: também chamado de dupla
tipicidade;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição:
há uma perfeita coincidência entre os crimes pelos quais o Brasil autoriza a extradição e
os crimes pelos quais o Brasil aplica a lei brasileira (de forma genérica e exemplificativa:
os crimes devem ser punidos com reclusão e pena mínima de 1 ano, conforme o Art. 77,
do Estatuto do Estrangeiro);
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena: se o
agente foi absolvido ou cumpriu a pena no estrangeiro, ocorre uma causa de extinção da
punibilidade. Se a sanção foi cumprida parcialmente, novo processo pode ser instaurado
no Brasil, com atendimento à regra do Art. 8º, CP;
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e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta
a punibilidade, segundo a lei mais favorável: como é evidente, cuida-se de causas de
extinção da punibilidade.

Extraterritorialidade Condicionada prevista no §3º do artigo 7º


É também chamada de extraterritorialidade hipercondicionada. No caso de crimes
cometidos por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil, serão necessárias, além das
condições previstas no §2º, outras duas:
a) não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição;
b) ter havido requisição do Ministro da Justiça.
Falamos aqui do princípio da nacionalidade ou personalidade passiva A Lei Penal brasileira
é aplicada por razões de nacionalidade do bem jurídico tutelado, contudo, devem estar
presentes os requisitos dos dois parágrafos mencionados acima
 Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição: imaginemos que um estrangeiro
entre no território nacional após cometer crime contra brasileiro no exterior. Se aqui
estiver e não tenha sido pedida sua extradição pelo país de origem, ou ainda se o pedido
é negado pelo Brasil, aqui ele poderá ser julgado Difícil será encontrar algum estrangeiro
que cometa crime contra brasileiro e fuja para o Brasil!
 Ter havido requisição do Ministro da Justiça: é requisito de procedibilidade, ou seja, a
requisição do Ministro da Justiça é condição para que a Lei Penal possa ser aplicada

Princípios aplicados à Extraterritorialidade


a) Princípio real, da defesa ou proteção: Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido
fora do Brasil, que afete o interesse nacional (Art. 7º, I, “a”, “b”, “c”). É o caso de
infração cometida contra o Presidente da República, contra o patrimônio de
qualquer das entidades da Administração Direta, Indireta ou fundacional etc. Se o
interesse nacional foi afetado de algum modo, justifica-se a incidência da legislação
pátria.
b) Princípio da justiça universal ou cosmopolita: Também conhecido como o
princípio da repressão universal ou da universalidade do direito de punir. Todo
Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do
delinquente e da vítima ou o local de sua prática, desde que o criminoso esteja
dentro de seu território. É como se o planeta se constituísse em um só território
para efeitos de repressão criminal. Como exemplo: o genocídio, quando o agente
for brasileiro ou domiciliado no Brasil. (Art. 7º, I, “d”, c/c Art. 7º, II, “a”).
c) Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa: Aplica-se a lei penal do país a
que pertence o agente (sujeito ativo do crime). Não importando o local do crime, a
nacionalidade da vítima ou do bem jurídico afetado. Por exemplo, os crimes
praticados por brasileiro, embora cometidos no estrangeiro (Art. 7º, II, “b”).
d) Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva: Aplica-se a lei penal do país
da vítima (sujeito passivo do crime), o que interessa é a nacionalidade da vítima.
Por exemplo, os crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil
(Art. 7º, §3º).

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Princípio da representação, do pavilhão, da substituição ou da bandeira: Aplica-se a lei brasileira aos


crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados (Art. 7º, II, “c”) e (Art. 5º, § 1º

RESUMO DOS CONCEITOS

 Território nacional: é o espaço onde certo Estado exerce sua soberania Em termos
jurídicos, é a soma do espaço físico e do espaço jurídico
 Território próprio: é o próprio espaço físico (geográfico): terrestre, marítimo ou aéreo
correspondente (solos, rios, lagos, baías e faixa do mar territorial, 12 milhas náuticas de
largura)
 Território por extensão: embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do Estado, onde quer que se encontrem, bem como as embarcações e aeronaves
brasileiras, mercantes ou de propriedade privadas, que se encontrem em alto-mar ou sobre o
espaço aéreo correspondente ao do alto-mar
 Territorialidade: aplicação da Lei Penal do local do crime, pouco importando a
nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico
 Territorialidade absoluta: só a Lei Penal brasileira é aplicável aos crimes cometidos no
território nacional
 Territorialidade mitigada (temperada): em regra, aplica-se a legislação brasileira aos
crimes cometidos no território nacional. Excepcionalmente, admite-se a aplicação da
legislação estrangeira aos crimes cometidos no território nacional, total ou parcialmente,
sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional. É, portanto, a
regra utilizada no Brasil (Art. 5º, CP).
 Imunidades diplomáticas: a Lei Penal é aplicada, igualmente, a todos, nacionais ou
estrangeiros, sem privilégios pessoais. Contudo, pelo fato de o Brasil ter adotado a
territorialidade mitigada (ou temperada), que existem as imunidades diplomáticas – em
decorrência de convenções, tratados e regras de Direito Internacional (Art. 5º, CP). Assim,
os agentes diplomáticos e os chefes de governos estrangeiros gozam de imunidades por
prerrogativa funcional, em respeito aos Estados que representam, aplicando-se a lei do
seu país.
 Imunidades parlamentares: são garantias Constitucionais relativas ao desempenho das
funções parlamentares, pelo mandato eletivo, dos representantes eleitos das Casas do
Congresso Nacional (Deputados Federais e Senadores) Assim, extrai-se a regra geral de
que os parlamentares não poderão ser presos A regra abrange tanto a prisão provisória,
de cunho penal, em qualquer de suas modalidades, salvo no caso de flagrante de crime
inafiançável, assim como a prisão civil, uma vez que o texto constitucional não faz
qualquer distinção
 Direito de passagem inocente: existe a possibilidade da passagem inocente de
embarcação estrangeira no mar territorial brasileiro (12 milhas náuticas do continente),
que significa a rápida e contínua travessia de barcos estrangeiros por águas nacionais, sem
a necessidade de pedir autorização para o governo. Perceba que falamos em
“embarcação” e não aeronaves. A regulamentação legislativa, acerca desse assunto, está
prevista no Art. 3º, da Lei n.º 8.617/93: “É reconhecido aos navios de todas as
nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. §1º A
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passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou
à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. §2º A passagem inocente poderá
compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos
constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou
por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves
em perigo ou em dificuldade grave.”

ESQUEMA DIDÁTICO

Atenção:

A regra adotada pelo Código Penal brasileiro é a da territorialidade mitigada ou temperada


Excepcionalmente, a extraterritorialidade, em quaisquer de suas formas (incondicionada, condicionada
ou hipercondicionada), é adotada Assim, os outros princípios procuram disciplinar a aplicação
“extraterritorial” da Lei Penal brasileira

Pena cumprida no estrangeiro


Art. 8º: “A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.”.

Da análise da extraterritorialidade incondicionada da lei brasileira, é possível que ocorra a


hipótese de o agente ser processado, julgado e condenado pela lei brasileira e pela estrangeira,
cumprindo nesta a pena total ou parcial. Nesse caso, será aplicado o Artigo 8º do CP.
Dica: quando estudar este artigo, leia: Art. 7º, I, 8º (“artigo sétimo e oitavo”).

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A redação do artigo permite concluir que dois fatores devem ser considerados: a
quantidade e a qualidade das penas. Se da mesma qualidade (duas penas privativas de
liberdade, por exemplo), da sanção aplicada no Brasil será abatida a pena cumprida no exterior;
se de qualidade diversa (privativa de liberdade e pecuniária), o julgador deverá atenuar a pena
aqui imposta considerando a pena lá cumprida.
Exemplo: Um indivíduo é condenado a pena de 8 (oito) anos na França por ter atentado
contra a vida do nosso Presidente da República. No Brasil, é também processado e condenado,
mas a pena imposta na sentença foi de 20 (vinte) anos. Neste caso, serão abatidos os 8 (oito)
anos cumpridos na França, cumprindo o agente, no Brasil, somente 12 (doze) anos.
Trata-se de exceção ao princípio do non bis in idem1.
“Por força do princípio do ne bis in idem penal (material) ninguém pode ser condenado
duas vezes pelo mesmo crime. Essa regra, entretanto, não é absoluta. É relativa. A exceção está
precisamente na hipótese de extraterritorialidade da lei penal brasileira: nesse caso, pode o país
onde se deu o crime condenar o agente e o Brasil também. São duas condenações pelo mesmo
fato. Por força do Art. 8º do CP, a pena cumprida no estrangeiro deve ser compensada na pena
fixada no Brasil” (Luiz Flávio Gomes e Antônio Molina, 2007) apud Cunha2, 2016.

Eficácia da sentença penal estrangeira


Art. 9º: “A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as
mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo à medida de segurança.
Parágrafo único. A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.”.

O Art. 9º do Código Penal trata da eficácia da sentença penal estrangeira, porém a sua
competência para homologação está presente no Art. 105, I, “i”, da CF: “Compete ao Superior
Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, a homologação de sentenças
estrangeiras (...)”.
As bancas para concurso adoram citar esta competência, porque era do STF, mas, por
força da EC nº 45/04, passou para o STJ. Ademais, o trânsito em julgado da sentença é
necessário!!
Súmula 420, STF: “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do
trânsito em julgado”.
Em regra, a sentença estrangeira não precisa ser homologada no Brasil para gerar efeitos,
contudo o Art. 9º do CP prevê duas exceções, quais sejam, para gerar:
a) Efeitos civis (reparação de danos, restituições, etc.):  Depende de pedido da
parte interessada.

1
Non bis in idem: proibição de dupla punição pelo mesmo fato.
2
CUNHA, R. S. Manual de Direito Penal: Parte Geral. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2016. p.126.
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b) Sujeição à medida de segurança:  Depende da existência de tratado de


extradição. Se existir, então a requisição é feita pelo PGR. Se não existir, então a
requisição deverá ser feita pelo Ministro da Justiça.
Mais uma advertência, pois é uma questão que, quando vem em prova, é puramente de
texto de lei.

Decore os requisitos!!
Depende:

a) Reparação do dano:  Pedido da parte interessada.

 Tratado de extradição (PGR);


b) Medida de segurança:
 Falta de tratado (Min. Justiça).

 Requisitos externos ao CP 
Homologação da sentença penal
Compete ao STJ 
estrangeira. [CF/88]

Obrigatório!!
Sentença transitada em julgado 
[Súmula 420, STF]

Fique ligado!!
Em regra, a sentença estrangeira não precisa ser homologada no Brasil para gerar efeitos!!
Contudo, o Art. 9º do CP prevê duas exceções.

Exemplo: A eficácia da sentença penal condenatória proferida no estrangeiro depende de


homologação para obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos
civis, mas não para o reconhecimento da reincidência. (Art. 63, CP)

Contagem do prazo e frações não computáveis da pena


Contagem do prazo
Art. 10: “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum.”.

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Frações não computáveis da pena


Art. 11: “Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações
de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.”.

Para o estudo deste artigo é necessário saber que em se tratando de matéria penal, os
prazos processuais devem ser diferenciados dos prazos penais, seguindo o estudo de Fernando
Capez3:
 Inclusão do dia do começo: não interessa a que horas do dia o prazo começou a correr;
considera-se o dia todo para efeito de contagem de prazo. Assim, se a pena começou a ser
cumprida às 23h50min, os 10 minutos são contados como um dia inteiro. Do mesmo modo, não
importa se o prazo começou em domingo ou feriado, computando-se um ou outro como
primeiro dia.
 Prescrição e decadência: os prazos são contados de acordo com a regra do Art. 10 do
Código Penal.
 Prazos processuais: contam-se de acordo com a regra do Art. 798, §1º, do CPP. Exclui-
se o dia do começo. De acordo com a Súmula 310 do STF, se o dia do começo for domingo ou
feriado, o início do prazo será o dia útil imediatamente subsequente.
 Contagem de mês e ano: são contados como períodos que compreendem um número
determinado de dias, pouco importando quantos sejam os dias de cada mês. Exemplo: 6 meses
a partir de 20 de abril; terminará o prazo em 20 de setembro, não importando se o mês tem 30
ou 31 dias.
Os anos são contados da mesma forma, sendo irrelevante se bissextos ou com 365 dias.
Cinco anos depois de janeiro de 2010 será janeiro de 2015. Exemplo: 10/01/2010 
10/01/2015.
 Questão: o agente começa a cumprir pena às 19h27min do dia 5 de agosto de 2003.
Tem 6 anos, 9 meses e 23 dias de pena a cumprir. Calcular a data do término.
 Resposta: dividir em três colunas ano, mês e dia. Em seguida, adicionar o quantum a ser
cumprido.
Quando
ANO DE INÍCIO MÊS DE INÍCIO DIA DE INÍCIO
eu saio?
2003 08 05

ANOS DA PENA MESES DA PENA DIAS DA PENA

6 9 23

SOMA SOMA SOMA

2009 17 28

Veja que os meses ultrapassaram um ano (12 meses), então deve-se diminuir 12 meses e somar 1 ano a
soma total, ficando:

ANO FINAL MÊS FINAL DIA FINAL

2010 05 28

Dessa forma a pena deve terminar em 28 de maio de 2010.

3
CAPEZ, F. Curso de Direito Penal: Parte Geral (arts. 1º a 120). 19. ed. São Paulo: Saraiva, v. 1, 2015.
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Não se esqueça, porém, que depois da operação deve-se diminuir sempre um dia, já que,
pela regra, o dia do começo deve ser computado.
A pena, assim, estará cumprida em 27 de maio de 2010.
 Prazos fatais e improrrogáveis: os prazos de natureza penal são considerados
improrrogáveis, mesmo que terminem em domingos e feriados. Isto significa que, encerrando-
se em um sábado (considerado feriado forense), domingo ou outro dia em que, por motivo de
feriado ou férias, não houver expediente, não existirá possibilidade de prorrogação para o
primeiro dia útil subsequente. O prazo "morre" ali mesmo, no domingo ou feriado, sendo, por
esse motivo, considerado fatal.
 Interrupção e suspensão: apesar de improrrogável, o prazo penal é passível de
interrupção (o prazo é "zerado" e começa novamente do primeiro dia) e de suspensão
(recomeça pelo tempo que faltava), como, por exemplo, é o caso do prazo prescricional.

EXERCÍCIOS

1. Os crimes praticados no exterior ficarão sujeitos à lei brasileira quando forem cometidos
contra a fé pública municipal.

2. A lei penal brasileira será aplicada a crime cometido contra a administração pública por
servidor público em serviço, ainda que seja praticado no estrangeiro.

GABARITOS
1- CERTO

2- CERTO

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Sumário

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O Conceito de Crime
Há diversas doutrinas acerca do conceito de crime, contudo a majoritária adota o conceito
tripartido de crime, que possui como elementos: o fato típico, antijurídico (ilícito) e culpável.
Além disso, o Código Penal adotou a teoria finalista da ação, ou seja, todo comportamento
humano tem uma finalidade, sendo a conduta uma atividade final humana, e não uma atividade
simplesmente causal. Por isso, a responsabilidade subjetiva é a regra adotada pelo Código Penal.
Em suma, a corrente adotada é a finalista tripartida ou tripartite.
Contudo, há a corrente minoritária que considera o conceito bipartido de crime, a
culpabilidade é excluída do conceito crime, sendo elementos de sua estrutura: o fato típico e
antijurídico. Considera-se a culpabilidade como mero pressuposto da pena; na teoria bipartida do
crime também é usado o conceito finalista da conduta.

Simplificando:
Temos duas correntes, uma majoritária e outra minoritária. A finalística tripartida é a
corrente utilizada pelas principais bancas, sendo a corrente minoritária (bipartida) cobrada
somente no quesito “conceito”. Aqui fica fácil, basta memorizar o conceito da finalística bipartida e
estudar a corrente majoritária, pois é exatamente o que faremos a partir de agora.

Relação de Causalidade
“Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.”

Comumente, adota-se o nome de nexo causal para tratar da relação de causalidade. O seu
estudo é baseado na conduta pelo autor e no resultado por ele produzido, o vínculo entre a
conduta e o resultado. Doutrinariamente, a expressão “o resultado”, no início do Art. 13, alcança
somente “o resultado naturalístico”. Por isso, a pertinência relativa ao estudo do nexo refere-se aos
crimes materiais (nesses delitos o tipo penal descreve uma conduta e um resultado naturalístico
necessário para a sua consumação do delito). Desse modo, os crimes de mera conduta e os formais
não são objeto de estudo do nexo causal, já que o resultado naturalístico nunca existirá nos crimes
de mera conduta; e para os crimes formais, o resultado naturalístico é dispensável para a sua
consumação, sendo mero exaurimento do delito. Em regra, o Código Penal adotou a teoria da
equivalência dos antecedentes causais (ou conditio sine qua non) em relação à causalidade. Essa
teoria determina que causa é todo ato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido.
Lembre-se: a regra, prevista no caput do Art. 13, é a teoria da equivalência dos antecedentes
causais.

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Questões comentadas
1) (CESPE) No que se refere à relação de causalidade penal, a teoria da equivalência dos
antecedentes causais situa-se exclusivamente no terreno do elemento físico ou material do
delito, razão pela qual, por si só, não pode satisfazer a punibilidade.
Gabarito: Certo

Comentário: a teoria da equivalência dos antecedentes deve analisar o nexo causal entre a conduta
e resultado. Convém lembrar que a pertinência de estudo dessa teoria refere-se aos crimes
materiais. Assim, deverá existir uma conduta e um resultado naturalístico, sem o qual não haverá a
consumação.

2) (CESPE - ADAPTADA) O estudo do nexo causal nos crimes de mera conduta é relevante, uma vez
que se observa o elo entre a conduta humana propulsora do crime e o resultado naturalístico.
Gabarito: Errado

Comentário: a relação de causalidade ou do nexo causal possui pertinência apenas aos crimes
materiais, porquanto estuda a conduta e o resultado naturalístico do tipo penal. Desta forma, o
Código Penal adotou como regra a teoria da equivalência dos antecedentes ou conditio sine qua
non, transcrito na segunda parte, do caput, do Art. 13: “(...) Considera-se causa a ação ou omissão
sem a qual o resultado não teria ocorrido”, ou seja, é irrelevante o estudo do nexo causal para os
crimes de mera conduta e os crimes formais. Neste último o resultado naturalístico pode ou não
ocorrer, mas é mero exaurimento do delito (a consumação é antecipada).

Superveniência de Causa Relativamente Independente


“Art. 13, §1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por
si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.”

O nexo causal ganha maior importância quando o resultado, por si só, não é gerado por um
único comportamento. Assim, entra o estudo das concausas, que dizem respeito às causas externas
à vontade do agente e que auxiliaram para o resultado naturalístico por ele desejado. Elas podem
ser: preexistentes, concomitantes ou supervenientes; omissivas ou comissivas; independentes ou
dependentes; absolutas ou relativas. O Art. 13, §1º, do Código Penal, trata das concausas (causas
alheias) supervenientes (posteriores) relativamente (só ocorrem porque têm relação com a
conduta inicial do agente) independentes (o resultado naturalístico ocorre de forma autônoma à
conduta do agente), e podem ser divididas em dois grupos: (1) as que por si só produzem o
resultado; (2) e as que por si só não produzem o resultado.
O que nos interessa são aquelas que por si só produzem o resultado, pois há a quebra do
nexo causal,; aqui a concausa é verdadeiramente eficaz, produzindo o resultado naturalístico. O
agente que deu origem ao fato responderá só pelos atos já praticados, e o resultado é imputado a
quem originou a sua consumação.

Exemplo: “A” atira em “B”, contudo “B” morre devido a um veneno ingerido anteriormente. A
causa efetiva da morte de “B” foi o envenenamento, e não o disparo de efetuado por “A”. Nessa
situação, “A” responderá apenas por tentativa de homicídio.

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Acerca deste tema, o Código Penal adotou a teoria da causalidade adequada, uma exceção à
teoria da equivalência dos antecedentes causais (Art. 13, caput, CP).

Questão comentada
3) (CESPE - ADAPTADA) O CP adota, como regra, a teoria da causalidade adequada, dada a
afirmação nele constante de que “o resultado, de que depende a existência do crime, somente é
imputável a quem lhe deu causa; causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido”.
Gabarito: Errado

Comentário: como regra, o Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes ou da
conditio sine qua non, no tocante à causalidade, assim previsto no caput do Art. 13: “O resultado,
de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se
causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. Já como exceção, adotou-se a
teoria da causalidade adequada, prevista no Art. 13, §1º, que trata da superveniência de causas
relativamente independentes.

Causas supervenientes relativamente que, por si só, não produzem o resultado:


Regra: Teoria da equivalência dos antecedentes causais (Art. 13, caput, CP).

 Infecção hospitalar: imaginemos que “A” dolosamente efetue vários disparos de arma de
fogo contra “B”, sendo este socorrido e levado ao hospital, onde passa por uma cirurgia e
posteriormente morre em decorrência de infecção hospitalar. Quem é baleado possui
grandes chances de contrair infecção hospitalar, portanto o resultado é imputado a quem
lhe deu causa. “A” responderá por homicídio consumado.

 Procedimento cirúrgico: imaginemos que “A” tenha disparado um tiro contra a cabeça de
“B” e, por força do tiro, ele tenha que passar por uma cirurgia para se salvar. Contudo,
durante a cirurgia, “B” morre. Nesse caso, haverá o homicídio consumado por “A”, pois a
morte não foi em decorrência da cirurgia, e sim do tiro.

Causas supervenientes relativamente que, por si só, produzem o resultado:


Exceção: Teoria da causalidade adequada (Art. 13, §1º, CP).

 Caso fortuito/Força maior: são aqueles fatos imprevisíveis e inevitáveis ao ser humano.
Imaginemos que “A” dolosamente efetue vários disparos de arma de fogo contra “B”, sendo
este socorrido e levado ao hospital. Suponhamos que, durante a noite, uma tempestade
venha a destruir o hospital e, fatalmente, mate “B”. Nessa situação, haverá superveniência
de concausa relativamente independente que, por si só, produziu o resultado naturalístico,
quebrando o nexo causal entre a conduta de “A” e o resultado gerado, que responderá por
tentativa de homicídio.

 Imperícia médica (erro médico): nem toda imperícia médica é capaz de causar a morte, mas
só aquela em que o paciente necessitava de cuidados médicos essenciais. Imaginemos que
“A” dolosamente efetue vários disparos de arma de fogo contra “B”, sendo este socorrido e

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levado ao hospital. Pela gravidade dos ferimentos, a vítima necessita urgentemente de uma
cirurgia para lhe salvar a vida. Imaginemos que durante a cirurgia, o médico, por imperícia,
cause a morte da vítima. Nesse caso, haverá superveniência de concausa relativamente
independente que, por si só, produziu o resultado naturalístico, quebrando o nexo causal
entre a conduta de “A” e o resultado gerado, que responderá por tentativa de homicídio, e
o médico, por homicídio culposo consumado pela imperícia. Na prática, há dois crimes e
dois autores, cada qual com sua responsabilidade.
 Motorista de ambulância imprudente/negligente/imperito: “A” atira contra a cabeça de
“B”, que é socorrido em ambulância. Todavia, no trajeto para o hospital a ambulância
capota causando a morte de “B”. Mesmo “A” tendo concorrido diretamente para que “B”
estivesse na ambulância, o Código Penal determina que “A” responda somente por tentativa
de homicídio.

Relevância da Omissão
“Art. 13, §2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.”

A omissão penalmente relevante é aplicável aos crimes omissivos impróprios (omissivos


espúrios, omissivos impuros, comissivos por omissão ou participação por omissão). São crimes
materiais, porque o tipo penal descreve uma ação, mas por inércia do agente o resultado
naturalístico se produz (ele poderia e deveria agir para impedir tal resultado). A regra para os
crimes omissivos, adotada pelo Código Penal, é a teoria normativa, pois não se pune qualquer
pessoa pelo simples fato de não fazer (omitir-se); mas sim, aqueles que a norma determina (por
isso, normativo).
Vejamos a posição do STJ acerca do tema: “(1). Para que o agente seja condenado pela
prática de crime culposo, são necessários, dentre outros requisitos: a inobservância do dever de
cuidado objetivo (negligência, imprudência ou imperícia) e o nexo de causalidade. (2). No caso, a
denúncia imputa ao paciente a prática de crime omissivo culposo, na forma imprópria. A teor do
§2º do Art. 13 do Código Penal, somente poderá ser autor do delito quem se encontrar dentro de
um determinado círculo normativo, ou seja, em posição de garantidor. (3). A hipótese não trata,
evidentemente, de uma autêntica relação causal, já que a omissão, sendo um não agir, nada
poderia causar, no sentido naturalístico da expressão. Portanto, a relação causal exigida para a
configuração do fato típico em questão é de natureza normativa.”. (STJ, HC 68.871/PR, Min. Rel.
Maria Thereza de Assis Moura, em 06/08/2009). (Grifo nosso)

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As pessoas às quais incumbe o dever de agir foram enumeradas em um rol taxativo, de sorte
que o critério legal foi aquele optado para enumerar estas hipóteses, isto é, quem tem o dever
jurídico de impedir o resultado (dever de agir). Doutrinariamente, recebem a alcunha de
garantidores . Além disso, não basta o dever de agir, mas para que a omissão seja penalmente
relevante, o omitente deveria e poderia agir para evitar o resultado (Art. 13, §2º). O poder de agir é
a possibilidade real e efetiva de qualquer homem médio para evitar o resultado. Um exemplo seria
o caso de um único policial militar em serviço que vê 14 homens fortemente armados entrando em
uma agência bancária; neste caso ele tem o dever de agir, mas não o poder de agir para evitar o
resultado.
Quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (dever legal): aqui o
Código Penal adotou a palavra “lei” em sentido amplo, trata-se de deveres impostos pelo
ordenamento jurídico lato sensu, e não apenas leis em sentido formal. Por isso, a
obrigação dos pais cuidarem dos filhos menores, e dos policiais no tocante aos indivíduos
em geral.
Temos como exemplo o policial que pode agir e não age. Imaginemos que um policial esteja
de serviço e presencie um assaltante roubando um pedestre. Podendo agir e tendo o dever
imposto por lei, ele simplesmente “se omite”. Essa omissão, para o Código Penal, é considerada
como uma verdadeira ação (comissivo - devia agir - por omissão - não age). Nesse caso, o policial
deverá responder pelo resultado, ou seja, responderá juntamente com o criminoso pelo crime de
roubo. Mas por que isso acontece? Isso ocorre porque quem tem o dever de agir e não age
responde pelo resultado produzido. No caso concreto mencionado, a ação geradora do resultado
foi um crime doloso, sendo assim, o policial responderá como partícipe nesse crime. Daí o crime
comissivo por omissão também receber o nome de participação por omissão.
Podemos citar como exemplo também o pai que deixa o filho no carro para ir ao shopping e,
quando volta, o filho está morto. O pai responderá pelo resultado causado (morte), mas não na
modalidade dolo, e sim por culpa na modalidade negligência. Nesse caso, o pai responderá por
homicídio culposo por sua negligência.
Que, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado: aqui é o que se
convencionou em chamar de garante ou garantidor, pois o dever de agir não decorre de
uma lei, mas “de outra forma” o agente assumiu a responsabilidade, é aquele que assume
a responsabilidade.
Temos aqui o exemplo da babá que assume tomar conta de uma criança e durante a noite –
distraída com o computador – não percebe que a criança engatinha perigosamente em direção à
escada, vindo ao final a despencar, o que lhe ocasiona o óbito. O resultado aqui foi uma morte
gerada por negligência, que no caso concreto determinará a responsabilidade do agente garantidor
no crime de homicídio culposo.
Quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado: aqui
se trata da ingerência ou situação precedente, isto é, aquele que, com seu
comportamento, anterior criou uma situação de perigo deve impedir o resultado lesivo ao
bem jurídico.
Exemplos: 1) A pessoa que por brincadeira esconde o remédio de um cardíaco tem o dever de
ajudá-lo e impedir sua morte. 2) A pessoa que atira um amigo na piscina e ele se afoga, então tem o
dever de socorrê-lo. 3) O marinheiro que arremessa tripulante ao mar, se não evitar que ele morra,
então responderá pelo homicídio. 4) Uma pessoa que ateia fogo em uma mata tem o dever jurídico
de apagar o incêndio.

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Esses crimes são chamados de crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão. Em
todos esses casos, o omitente responderá pelo resultado, a não ser que este não lhe possa ser
atribuído nem por dolo nem por culpa. O agente tem que ter consciência que se encontra na
função de agente garantidor.

Questões comentadas
4) (CESPE) É possível, do ponto de vista jurídico-penal, participação por omissão em crime
comissivo.
Gabarito: Certo

Comentário: quando falamos em crime comissivo, estamos falando de crime executado por meio
de ação e crime omissivo por meio de inação. Contudo, quando falamos de crime comissivo por
omissão, estamos falando no agente que tinha o poder dever de agir, ou seja, o agente garantidor
previsto no Art. 13, § 2º, do Código Penal. O agente garantidor tem o dever de agir e quando não o
faz (omissão) responde por participação em omissão. Temos como exemplo um policial de serviço
(está com o poder dever de agir) que presencia uma senhora sendo roubada e nada faz, omitindo-
se. Como ele tinha o dever e poderia agir, mas não fez, ele responderá por essa omissão
juntamente com o autor do crime, ou seja, responderá por participação por omissão.

5) (ALFACON) Não há crime comissivo por omissão sem que exista o especial dever jurídico de
impedir o dano ou o perigo ao bem jurídico tutelado, sendo, também, indispensável, nos delitos
comissivos por omissão dolosa, a vontade de omitir a ação devida.
Gabarito: Certo

Comentário: os crimes comissivos por omissão, também chamados de omissivos impuros ou


impróprios, obrigam o agente a agir por expressa determinação legal. Assim, o agente que se omitir
tem que ter a ciência de que o está fazendo quando poderia agir. A previsão legal está no Art. 13,
§2º, do Código penal.

FIQUE LIGADO!

Quando estamos falando de relação de causalidade (Art. 13, CP), uma questão recorrente é
a diferença entre crime omisso próprio e omissivo impróprio (Art. 13, §2º, CP). Convém lembrar
que o estudo do nexo causal é pertinente apenas aos crimes materiais. Portanto, nos crimes
omissivos impróprios, deve existir um resultado naturalístico no tipo penal. Ademais, cabe a
tentativa e podem ser dolosos ou culposos. Já os crimes omissivos próprios são crimes de mera
conduta (não há resultado naturalístico, nem cabe a tentativa). Ademais são sempre dolosos,
inexiste a relação de causalidade. Os crimes omissivos impróprios podem ser chamados também de
impuros ou crimes de participação por omissão.
Lembre-se: a regra adotada pelo Código Penal para definição dos crimes omissivos impróprios
(omissão penalmente relevante) é a teoria normativa.

EXERCÍCIOS

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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1) A mãe que, apressada para fazer compras, esquecer o filho recém-nascido dentro de um veículo
responderá pela prática de homicídio doloso no caso de o bebê morrer por sufocamento dentro
do veículo fechado, uma vez que ela, na qualidade de agente garantidora, possui a obrigação
legal de cuidado, proteção e vigilância da criança.

2) No caso de um salva-vidas, em condições de realizar um salvamento, recusar-se a entrar no mar


para salvar uma pessoa que esteja em iminente perigo de morrer afogada, caso a vítima morra,
ele responderá pelo resultado.

3) Os crimes comissivos por omissão - também chamados de crimes omissivos impróprios - são
aqueles para os quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação.

4) Considere a seguinte situação hipotética: Alberto, pretendendo matar Bruno, desferiu contra
este um disparo de arma de fogo, atingindo-o em região letal. Bruno foi imediatamente
socorrido e levado ao hospital. No segundo dia de internação, Bruno morreu queimado em
decorrência de um incêndio que assolou o hospital. Nessa situação, ocorreu uma causa
relativamente independente, de forma que Alberto deve responder somente pelos atos
praticados antes do desastre ocorrido, ou seja, lesão corporal.

5) Nos crimes omissivos próprios e impróprios, não há nexo causal, visto que inexiste resultado
naturalístico atribuído ao omissor, que responde apenas por sua omissão se houver crime
previsto no caso concreto.

GABARITO
1 – ERRADO
2 – CERTO
3 – CERTO
4 – ERRADO
5 – ERRADO

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Sumário
CRIME CONSUMADO E CRIME TENTADO .................................................................................................................................... 2
1. CRIME CONSUMADO.......................................................................................................................................................... 2
2. ITER CRIMINIS .................................................................................................................................................................... 2
3. CRIME TENTADO ................................................................................................................................................................ 3
3.1. ESPÉCIES DE TENTATIVA................................................................................................................................................................ 3
3.2. NATUREZA JURÍDICA DA TENTATIVA ................................................................................................................................................ 4
3.3. PENA DO CRIME TENTADO ............................................................................................................................................................ 6
3.4. INADMISSIBILIDADE DA TENTATIVA ................................................................................................................................................. 6
EXERCÍCIOS................................................................................................................................................................................. 8
GABARITO .................................................................................................................................................................................. 9

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Crime Consumado e Crime Tentado


1. Crime Consumado

Para que o crime seja consumado, é necessário que ele percorra todas as fases do iter
criminis, quais sejam: cogitação, preparação, execução e consumação. O agente, com sua conduta,
“caminha” por todas as fases até atingir o resultado.

2. Iter Criminis
Iter criminis (expressão em latim) que significa “fases do crime”. Utiliza-se no Direito Penal
para referir-se ao processo no qual o crime percorre, isto é, as etapas pelas quais o crime passa,
desde o momento em que surgiu a ideia delitiva (cogitação) até a sua conclusão (consumação).
Divide-se em quatro etapas:
1. Cogitação: é a fase interna, ou seja, é o “pensar” no crime. Não se pune esta fase, pois o
mero pensamento não é considerado crime para o Direito Penal.
2. Atos preparatórios: fase externa, ou seja, o agente já cogitou o crime e agora necessita das
ferramentas para iniciar sua execução, os atos preparatórios também não são puníveis,
desde que não sejam crimes autônomos 1(por exemplo, porte ilegal de arma de fogo). Há
também outros exemplos, como a associação criminosa (Código Penal, Art. 288) e os
petrechos para a falsificação de moeda (Código Penal, Art. 291), pois, em ambos os casos,
são crimes formais (de consumação antecipada, isto é, os atos preparatórios são
considerados crimes consumados).
3. Atos de execução: fase externa, isto é, trata-se do início da prática delitiva, é a própria
execução do verbo contido no tipo legal, iniciando-se a agressão ao bem jurídico. Segundo
o Art. 14, inciso II, do Código Penal, o crime será considerado “tentado” quando a execução
delitiva for iniciada e, por circunstâncias alheias à vontade do agente, o crime não se
consuma. Para tentar diferenciar os atos preparatórios dos atos de execução, adotou-se a
teoria objetivo-formal: é necessário que o agente realize pelo menos uma parte da conduta
típica (o verbo do crime), ou seja, adentrar no núcleo do tipo. A tentativa somente será
punida se o crime não se consumar (o fim do crime).
4. Consumação: fase externa, ou seja, é a conclusão do crime, o fim do crime, o crime
completo. Haverá crime consumado quando se reunirem todos os elementos de sua
definição legal (Art. 14, I, CP). Desse modo, aqui estão presentes todos os elementos típicos
descrito no crime em si.

1
Código Penal, Art. 31: “O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.”

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ESQUEMA DIDÁTICO

3. Crime Tentado
“Art. 14 – Diz-se do crime:
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente.”
Pena da tentativa:
“Parágrafo único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente
ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.”

No crime tentado, o agente quer o resultado criminoso, mas, por circunstâncias que fogem à
sua vontade (circunstâncias alheias), o crime não se completa.

3.1. Espécies de tentativa


a) Tentativa imperfeita (inacabada): o autor não pratica todos os atos de execução do crime.
Aqui ocorre a interrupção da execução, por circunstâncias alheias à sua vontade. Exemplo:
“A”, com intenção de matar “B”, possui um revólver com cinco munições e deflagra dois
disparos contra “B”, não conseguindo efetuar os outros três, por circunstâncias alheias à sua
vontade, por exemplo, alguém o impede de prosseguir. Neste caso, o autor não conseguiu
usar todo o potencial lesivo.
b) Tentativa perfeita (acabada ou crime falho): o autor pratica todos os atos executórios à sua
disposição, porém não há consumação do crime, por circunstâncias alheias à sua vontade.
Exemplo: “A”, com intenção de matar “B”, possui um revólver com cinco munições e deflagra
todas elas contra “B”, mas os disparos não foram suficientes para matar a vítima. Neste
caso, o autor utiliza todo o potencial lesivo.
c) Tentativa incruenta (branca): o alvo (a vítima) não é atingido e, portanto, não sofre lesões
(ferimentos). A tentativa incruenta ou branca pode ser, ao mesmo tempo, perfeita ou
imperfeita. Exemplo: “A”, com intenção de matar “B”, possui um revólver com cinco
munições e deflagra todas elas contra “B”, mas não acertou nenhum disparo em “B”. Neste
caso, a tentativa foi branca (incruenta) e perfeita.

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d) Tentativa cruenta (vermelha): o alvo (a vítima) é atingido, portanto, ocorre lesão ao bem
jurídico tutelado, isto é, a vítima é ferida. A tentativa cruenta ou vermelha pode ser, ao
mesmo tempo, perfeita ou imperfeita. Exemplo: “A”, com intenção de matar “B”, possui um
revólver com cinco munições e acerta dois tiros contra “B”, ferindo-o gravemente, porém
não conseguiu disparar as outras três munições, por circunstâncias alheias à sua vontade, já
que um transeunte o impediu de prosseguir. Neste caso, a tentativa foi vermelha (cruenta) e
imperfeita.

Questão comentada

1. (CESPE) Configura-se tentativa incruenta no caso de o agente não conseguir atingir a pessoa ou
a coisa contra a qual deveria recair sua conduta.
 Gabarito: Certo
 Comentário: A tentativa incruenta ou branca é aquela em que a vítima não sofre qualquer
lesão.

3.2. Natureza jurídica da tentativa


Antecipação temporal da figura típica (adequação típica de subordinação mediata), isto é,
nos tipos penais incriminadores não há a definição do crime tentado e, portanto, o Código Penal
utiliza a definição do crime consumado com extensão da norma (Art. 14, II) da Parte Geral ao fato
delituoso. Por exemplo: homicídio tentado é a combinação do Art. 121 (Parte Especial) com o Art.
14, inc. II (Parte Geral).

Questões comentadas

2. (CESPE) A tentativa, uma norma de extensão temporal, não se enquadra diretamente no tipo
incriminador; faz-se necessária uma norma que amplie a figura típica até alcançar o fato
material.
 Gabarito: Certo.
 Comentário: Isso mesmo, pois nos tipos penais incriminadores não há a previsão de crime
consumado e crime tentado, restando, portanto, a ampliação da tentativa ao crime consumado.

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3. (ALFACON) Na natureza jurídica do crime tentado há a antecipação temporal da figura típica.


 Gabarito: Certo.
 Comentário: Como o momento de consumação não ocorreu, o Código Penal punirá os
momentos de execução. A tentativa se trata de norma de extensão. Ela é a antecipação
temporal da figura típica e está na natureza jurídica do crime tentado. Nesta modalidade, o
crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente e há a diminuição da
pena, que pode variar de 1/3 a 2/3. É importante lembrar que para os crimes formais ou crimes
de mera conduta, em regra, não cabe a tentativa.

4. (ALFACON) É correto afirmar que o crime tentado ocorre quando um agente tenta cometer um
fato delituoso, mas não consegue consumá-lo por fatores alheios à sua vontade.
 Gabarito: Certo.
 Comentário: Quando iniciada a execução de um crime; mas, por circunstâncias alheias à
vontade do agente, o fato não se consuma, ocorre o crime tentado. É importante lembrar a
diferença entre crime tentado e tentativa abandonada. A tentativa abandonada não se classifica
como crime tentado, trata-se de desistência voluntária (Art. 15, primeira parte, CP) ou
arrependimento eficaz (Art. 15, segunda parte, CP).

5. (CESPE) Na redação atual do Código Penal brasileiro, o ajuste, a determinação ou instigação e o


auxílio, salvo disposição expressa de lei em contrário, não são puníveis se, pelo menos, o delito
não é tentado.
 Gabarito: Certo
 Comentário: A questão traz os casos de impunibilidade, previstos no Art. 31 do Código Penal.
Mais especificamente, trata-se do iter criminis, afirmando que se o crime não chegar à fase de
execução, ele não é punível. A cogitação e a preparação serão puníveis apenas quando houver
previsão legal e se tratarem de crimes autônomos.

6. (CESPE) Um crime é enquadrado na modalidade de delito tentado quando, ultrapassada a fase


de sua cogitação, inicia-se, de imediato, a fase dos respectivos atos preparatórios, tais como a
aquisição de arma de fogo para a prática de planejado homicídio.
 Gabarito: Errado
 Comentário: Em regra, a cogitação e a preparação não constituem crime até entrarem na esfera
de execução, salvo se constituírem crimes autônomos. Na questão não teríamos nem ao menos
tentativa do crime principal que o agente queria cometer, porque não chegou a entrar na
execução, ou seja, o fato principal fica impunível. Contudo, a mera aquisição de arma de fogo
não permitida já configura o crime de porte ilegal de arma na forma consumada, ou seja,
configurando um crime autônomo.

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3.3. Pena do crime tentado


Pena de tentativa:
“Art. 14, Parágrafo único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.”

O crime tentado é o mesmo do consumado, ou seja, o juiz determinará a pena e


imediatamente diminuirá de 1/3 a 2/3, dependendo da proximidade que os atos executórios
chegaram da consumação.
A teoria adotada pelo Código Penal para aplicação da tentativa é a teoria objetiva, pois é uma
causa obrigatória de diminuição de pena da Parte Geral, não importando a subjetividade do delito
praticado pelo agente. Por exemplo: “A”, com intenção de matar “B”, possui um revólver com cinco
munições e acerta dois tiros contra “B”, ferindo-o gravemente, porém não conseguiu disparar as
outras três munições, por circunstâncias alheias à sua vontade, já que um transeunte o impediu de
prosseguir. Neste caso, “A” queria matar “B” (seu elemento subjetivo), mas obrigatoriamente o juiz
deverá diminuir a pena de “A”, ou seja, objetivamente.

Questão comentada

7. (ALFACON) É correto afirmar que a pena do crime tentado, salvo disposição em contrário, é
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois sextos.
 Gabarito: Errado.
 Comentário: A afirmativa trocou a razão da diminuição da pena. De acordo com o Art. 14, inc. II
do CP: “Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços.”.

3.4. Inadmissibilidade da tentativa

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• preterdolosos; PUCCA CHO


P
U • unissubsistentes;

C • contravenções penais;

C • culposos;

A • atentados;

C • condicionados;

H • habituais;

O • omissivos próprios.

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ESQUEMA DIDÁTICO

EXERCÍCIOS

1. Na natureza jurídica do crime tentado há a antecipação temporal da figura típica.

2. Os atos de cogitação materialmente não concretizados são impuníveis em quaisquer


hipóteses.

3. Suponha que Kiko e Relkes entraram em uma discussão; nessa hipótese, Kiko, homem
valente e armado deflagrou todas as suas munições em direção a Relkes, com intenção de
matá-lo, mas Relkes fugiu ileso. Nesse contexto, pode-se dizer que se caracterizou uma
tentativa perfeita incruenta.

4. Considere a seguinte situação hipotética: Joaquim, plenamente capaz, desferiu diversos


golpes de facão contra Manoel, com o intuito de matá-lo, mas este, tendo sido socorrido e
levado ao hospital, sobreviveu. Nessa situação hipotética, Joaquim responderá pela prática
de homicídio tentado, com pena reduzida, levando-se em conta a sanção prevista para o
homicídio consumado.

5. Na tentativa perfeita, também denominada quase crime, o agente realiza todos os atos
executórios, mas não atinge a consumação por circunstâncias alheias à sua vontade.

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GABARITO
1. CERTO
2. CERTO
3. CERTO
4. CERTO
5. ERRADO

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Sumário
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ........................................................................................................... 2
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ..................................................................................................................................................................... 2
ARREPENDIMENTO EFICAZ ..................................................................................................................................................................... 2
DIFERENÇA ENTRE TENTATIVA, DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ....................................................................................... 3
ARREPENDIMENTO POSTERIOR .................................................................................................................................................. 4
CRIME IMPOSSÍVEL..................................................................................................................................................................... 5
INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO .............................................................................................................................................................. 5
IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO.................................................................................................................................................... 6
TABELA DAS TENTATIVAS ........................................................................................................................................................... 6
EXERCÍCIOS................................................................................................................................................................................. 8
GABARITO .................................................................................................................................................................................. 8

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Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz


“Art. 15 – O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.”

A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são espécies de tentativa abandonada ou


qualificada. Tais espécies são chamadas assim, porque o agente dá início à execução do delito, mas
desiste de consumá-lo, abandonando-o ou impedindo que ele chegue a se consumar.
Diferentemente da tentativa propriamente dita, que não se consuma por circunstâncias alheias à
sua vontade, nestas formas, o crime não se consuma por vontade do agente.

Desistência voluntária
A desistência voluntária é a primeira espécie de tentativa abandonada ou qualificada,
presente na primeira parte do Art. 15: “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução (...) só responde pelos atos já praticados.”
Consiste em uma atitude negativa por parte do agente, isto é, em uma desistência à
execução do crime, quando lhe sobrava (durante a execução), objetivamente, margem de atuação.
Então, o agente só responderá pelos atos praticados, desde que o resultado naturalístico não
ocorra.

Arrependimento eficaz
O arrependimento eficaz é a segunda espécie de tentativa abandonada ou qualificada,
presente na segunda parte do Art. 15: “O agente que, voluntariamente, (...) impede que o resultado
se produza, só responde pelos atos já praticados.”
Consiste em uma atitude positiva por parte do agente, isto é, buscando retroceder na
atividade delituosa, desenvolve uma nova conduta visando a reparar o dano causado ao bem
jurídico, depois de terminada a execução, evitando o resultado naturalístico (evita a consumação
do delito).
Em ambos os casos, o agente responde só pelos atos já praticados, ou seja, no caso do crime
de homicídio, por exemplo, responderá ele pelo crime da lesão corporal, ou simplesmente pelos
atos já praticados.
Há dois detalhes a ser lembrados: o ato deve ser voluntário (não é necessário que seja
espontâneo) e o resultado não pode ocorrer.

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Diferença entre tentativa, desistência voluntária e arrependimento eficaz


TENTATIVA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ

Art. 14, II, CP Art. 15, 1ª parte, CP Art. 15, 2ª parte, CP

Tentativa (conatus, original) Tentativa abandonada ou Tentativa abandonada ou


qualificada qualificada

Motivos externos Motivos internos Motivos internos

Não consumação por Não consumação por Não consumação por


circunstâncias alheias à circunstâncias inerentes à circunstâncias inerentes à
vontade do agente vontade do agente vontade do agente

Durante ou após a execução Durante a execução Após a execução

########## Ação negativa Ação positiva

########## Ato voluntário Ato voluntário e eficaz

Antecipação da figura típica Desclassificação da figura Desclassificação da figura


típica típica

Pune-se o crime consumado Pune-se pelos atos já Pune-se pelos atos já


com diminuição de pena de praticados praticados
1/3 a 2/3

Questões comentadas

1. (CESPE) Configura-se a desistência voluntária ainda que não tenha partido espontaneamente do
agente a ideia de abandonar o propósito criminoso, com o resultado de deixar de prosseguir na
execução do crime.
 Gabarito: Certo.
 Comentário: A desistência voluntária é uma espécie de tentativa abandonada ou qualificada,
prevista no Art. 15, 1ª parte, do CP; exige voluntariedade, contudo não precisa de
espontaneidade. Basta que o desejo de desistir tenha partido do próprio agente (a ação
negativa), mesmo que a motivação tenha advindo externamente. Mesmo que tenha a
denominação de tentativa abandonada ou qualificada, em nada tem a ver com a tentativa
(conatus, original) do Art. 14, inc. II, do CP.

2. (CESPE) O agente que tenha desistido voluntariamente de prosseguir na execução ou, mesmo
depois de tê-la esgotado, atue no sentido de evitar a produção do resultado, não poderá ser
beneficiado com os institutos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz, caso o
resultado venha a ocorrer.

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 Gabarito: Certo.
 Comentário: O Art. 15, do Código Penal trata da desistência voluntária e do arrependimento
eficaz, os quais só geram efeitos se a consumação do crime não ocorrer. Assim, mesmo que um
indivíduo, após os disparos, resolva socorrer a vítima, responderá pelo crime de homicídio
consumado caso ela morra. Contudo, exige-se a voluntariedade em socorrer e também que a
morte não seja consumada, então o autor responderá pelos atos já praticados, ou seja, por
lesão corporal.

Arrependimento Posterior
“Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços.”

O arrependimento posterior é uma causa geral de diminuição de pena, de natureza


obrigatória, prevista no Art. 16 do Código Penal. Em regra, somente é possível ser aplicado em
crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa. É necessária a restituição integral da
coisa ou a reparação integral do dano, por ato voluntário, até o recebimento da denúncia ou
queixa.
O objetivo é estimular a reparação do crime nos danos patrimoniais cometidos sem violência
ou grave ameaça.
São requisitos para que possa o agente se beneficiar do instituto do arrependimento
posterior:
Reparação do dano: deve ser integral. Basicamente, importa na obrigação de
indenizar ou de satisfazer o pagamento dos prejuízos decorrentes da prática do crime.
Restituição da coisa: deve ser integral. Segundo De Plácido e Silva, “restituir é
devolver, dar de volta, ou recolocar a coisa em mãos de seu legítimo proprietário ou
em poder de quem licitamente deve estar. Conduz o sentido de restabelecer, pelo que
a coisa restituída deve voltar nas mesmas condições ou no mesmo estado, em que
antes se mostrava ou apresentava.”

Tanto a reparação do dano quanto a restituição da coisa devem ser praticadas


voluntariamente pelo agente, ainda que não haja espontaneidade. Ou seja, o agente pode, por
interesse, reparar ou restituir a vítima, visando à diminuição da sua pena, podendo ser feito pelo
advogado do criminoso.
É causa de diminuição de pena que se estende a todos os agentes, mesmo que somente um
tenha efetivamente reparado integralmente o dano, a todos se estenderá.

Questão comentada

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3. (CESPE) Denomina-se arrependimento eficaz a reparação do dano ou a restituição voluntária da


coisa antes do recebimento da denúncia, o que possibilita a redução da pena, em se tratando
de crimes contra o patrimônio.
 Gabarito: Errado.
 Comentário: Em nada tem a ver o arrependimento eficaz tratado no Art. 15, CP, com o
arrependimento posterior tratado no Art. 16, CP. A questão fala do Art. 16 (arrependimento
posterior) em que, reparado o dano e restituída a coisa até o recebimento da denúncia ou da
queixa por ato voluntário do agente, a pena do autor do crime é diminuída. Ou seja, o Art. 16
trata de tema de redução de pena. Já o Art. 15 traz uma norma que opera a desclassificação da
figura típica, deixando o autor responder somente pelos atos já praticados. No mais, o Art. 15
está sempre antes da consumação, e o Art. 16, depois da consumação.

4. (CESPE) O arrependimento posterior só pode ser aplicado se o crime tiver sido cometido sem
violência ou grave ameaça à pessoa, se houver reparação do dano ou restituição do objeto
material antes do recebimento da denúncia ou da queixa e se o ato do agente for voluntário.
 Gabarito: Correto.
 Comentário: O arrependimento posterior está previsto no Art. 16 do Código Penal e é causa de
diminuição de pena, assim está previsto: “Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.”

Crime Impossível
“Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.”

Também chamado de tentativa inidônea, inadequada, impossível ou quase crime. É aquele


que jamais poderia ser consumado em razão da ineficácia absoluta do meio empregado ou pela
impropriedade absoluta do objeto.
Teoria adotada pelo Código Penal: teoria objetiva temperada ou intermediária. Caso a
ineficácia do meio ou do objeto sejam relativas, pune-se a tentativa!

Ineficácia absoluta do meio


A ineficácia absoluta do meio se caracteriza quando o instrumento utilizado não permite que
o delito possa ser consumado.
Exemplos:
Usar uma arma de brinquedo que atira água para tentar matar alguém afogado.
Tentar envenenar alguém com sal. “A”, com intenção de envenenar “B”, coloca sal na
comida deste, pensando ser arsênico.

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Impropriedade absoluta do objeto


A impropriedade absoluta do objeto se caracteriza quando a pessoa ou a coisa sobre as quais
recai a conduta são absolutamente inidôneas para a produção de algum resultado lesivo.
Exemplo:
Matar quem já está morto. “A”, com intenção de matar “B”, enquanto este estava
dormindo, efetua vários disparos. Contudo, “B” já estava morto devido ao veneno
administrado por “C” horas atrás.

Questões comentadas

5. (CESPE) Configura crime impossível a tentativa de subtrair bens de estabelecimento comercial


que tem sistema de monitoramento eletrônico por câmeras que possibilitam completa
observação da movimentação do agente por agentes de segurança privada.
 Gabarito: Errado.
 Comentário: A existência de um eficiente sistema de segurança não basta para que eventual
tentativa de furto em estabelecimento comercial seja considerada crime impossível – o que
excluiria a possibilidade de punição. A decisão é da Terceira Seção do Superior Tribunal de
Justiça (STJ).

6. (ALFACON) Considera-se crime impossível, também chamado de quase crime, a ineficácia


relativa do meio e também a impropriedade relativa do objeto material.
 Gabarito: Errado.
 Comentário: Para caracterizar crime impossível, é necessário que a ineficácia do meio e a
impropriedade do objeto sejam ABSOLUTAS, caso contrário, configura-se crime. O crime
impossível está tipificado no Art. 17 do Código Penal, o qual descreve que: “Não se pune a
tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime.”

TABELA DAS TENTATIVAS


1. TENTATIVA BRANCA OU INCRUENTA:  Não acerta o alvo.

2. TENTATIVA VERMELHA OU CRUENTA:  Atinge o alvo.


3. TENTATIVA PERFEITA, ACABADA OU CRIME  Esgota todos os meios executórios à sua
FALHO: disposição.
 Não utiliza todos os meios executórios à
4. TENTATIVA IMPERFEITA OU INACABADA:
sua disposição.
 Desistência voluntária e arrependimento
5. TENTATIVA ABANDONADA OU QUALIFICADA:
eficaz.

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6. TENTATIVA INIDÔNEA, INADEQUADA,


 Crime impossível.
IMPOSSÍVEL OU QUASE CRIME:

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EXERCÍCIOS

1. A desistência da tentativa inacabada deve ser entendida como arrependimento eficaz.

2. A desistência voluntária caracteriza-se quando um agente tinha condições de realizar e


consumar um crime, mas desiste durante a execução, ou seja, ele realiza uma ação positiva.

3. Para que fiquem caracterizados o arrependimento eficaz ou a desistência, a atitude do


agente deve ser espontânea, ou seja, natural, sincera e verdadeira.

4. Para a configuração do arrependimento posterior, o agente deve agir espontaneamente, e a


reparação do dano ou a restituição do bem devem ser integrais.

5. Considere que José, com intenção de matar, tenha desferido dois tiros certeiros de arma de
fogo em direção a Carlos, que estava deitado. Carlos, por sua vez, tinha ingerido veneno
para se suicidar. Após a autópsia, foi constatado que a morte da vítima foi provocada pelo
veneno e, quando o disparo foi feito, Carlos já estava morto. Nesta situação, será imputado
a José o resultado morte.

GABARITO

1. ERRADO
2. ERRADO
3. ERRADO
4. ERRADO
5. ERRADO

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Sumário
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................................................................................... 2
1. CRIME DOLOSO .................................................................................................................................................................. 2
1.1. DOLO DIRETO; DOLO INDIRETO (EVENTUAL); DOLO ALTERNATIVO ......................................................................................................... 2
1.2. DOLO DE PRIMEIRO E DOLO DE SEGUNDO GRAU ................................................................................................................................ 3
2. CRIME CULPOSO ................................................................................................................................................................ 4
2.1. REQUISITOS DO CRIME CULPOSO .................................................................................................................................................... 5
2.2. CULPA INCONSCIENTE OU PRÓPRIA ................................................................................................................................................. 6
2.3. CULPA CONSCIENTE ..................................................................................................................................................................... 6
2.4. CULPA IMPRÓPRIA ...................................................................................................................................................................... 7
2.5. DOLO EVENTUAL VERSUS CULPA CONSCIENTE.................................................................................................................................... 7
EXERCÍCIOS................................................................................................................................................................................. 9
GABARITO ................................................................................................................................................................................ 10

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Elemento Subjetivo
1. Crime Doloso
Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.”

No conceito finalista da ação, o dolo é natural e integra a conduta (que está inserida no fato
típico) e consiste na vontade (elemento volitivo) e consciência (elemento intelectivo) de realizar os
elementos do tipo incriminador.
Nessa concepção, a consciência da ilicitude (ou antijuridicidade) está na culpabilidade, isto é,
desvinculada da conduta.

1.1. Dolo direto; dolo indireto (eventual); dolo alternativo


Dividiremos o dolo de três formas:
a) Dolo direto: quando o agente quis o resultado. É o elemento subjetivo do agente, a vontade
livre e direta de causar o resultado criminoso: teoria da vontade.
b) Dolo indireto: quando o agente assumiu o risco de produzir o resultado. Também chamado
de dolo eventual, aqui o agente não quer diretamente, mas assume a responsabilidade pelo
resultado: teoria do assentimento.
c) Dolo alternativo: quando o agente deseja, indistintamente, um ou outro resultado. Sua
intenção se destina, com igual intensidade, a produzir um entre vários resultados previstos
como possíveis. Ex.: “A” atira em “B”, seu desafeto, com o intuito de matar ou ferir. Se
matar, responderá por homicídio consumado e, se ferir, responderá por tentativa de

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homicídio. No caso de dolo alternativo, o agente sempre responderá pelo resultado mais
grave.

1.2. Dolo de primeiro e dolo de segundo grau


a) Dolo de primeiro grau: quando o agente quer um resultado determinado, valendo-se dos
meios próprios direcionados para este fim. Por exemplo, Mévio quer matar Tício com
emprego de explosivo; tem dolo direto para homicídio qualificado por causa do explosivo
(lembre-se de que o homicídio qualificado é hediondo). Nesta modalidade de dolo, a
vontade do sujeito se adapta de modo perfeito ao resultado.
b) Dolo de segundo grau (ou de consequências necessárias): o agente quer produzir um
resultado específico; porém, para alcançar esse resultado, outros irão ocorrer, os quais são
necessários (colaterais ou consequenciais) para a obtenção do resultado específico, mas por
ele já previstos. Por exemplo, Mévio quando foi empregar o explosivo contra Tício
(guitarrista de uma banda de Rock: “The dógui nhéc nhéc my pernation”), ele estava em
uma praça pública durante um show de Rock, com pessoas e seus cachorros: “Rocão” (isso é
muito comum na cidade de “Sucuri”). Mévio colocou o artefato explosivo embaixo do palco
e, ao detoná-lo, matou 32 pessoas, incluindo Tício (certamente, ele sabia que a explosão
mataria as outras pessoas que ali se encontravam). Nesse caso, embora o agente não
quisesse atingir outras vítimas, esse resultado era absolutamente esperado na explosão do
artefato. Então, haverá 1 dolo direto de primeiro grau contra Tício e outros 31 dolos diretos
de segundo grau contra as pessoas inocentemente mortas. O juiz aplicará, pois, a regra do
concurso formal impróprio de crimes (ou desígnios autônomos), somar-se-ão as penas de
32 homicídios qualificados (considerando a pena máxima, seriam só 960 anos de reclusão).
Este período será usado para as regras de progressão de regime (2/5, se primário: 384 anos;
3/5, se reincidente: 576 anos); e condicional (2/3, se primário: 640 anos). Contudo, no
Brasil, o cumprimento máximo de pena privativa de liberdade é de 30 anos (Art. 75, CP: “O
tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 anos”),
então ficará os 30 anos em regime fechado.

 Concurso material

“Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro
aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”

 Concurso formal

“Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas,
mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”

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Questões comentadas

(CESPE) Excetuadas as exceções legais, o autor de fato previsto como crime só poderá ser
punido se o praticar dolosamente.
 Gabarito: Certo.
 Comentário: Isso mesmo! Vejamos o Art. 18, Parágrafo único: “Salvo os casos expressos em lei,
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.”.
A regra é o crime doloso (Art. 18, inc. I, do Código Penal); a exceção, o crime culposo (Art. 18,
inc. II, do Código Penal) desde que haja “previsão legal”.

(CESPE) Se o sujeito ativo do delito, ao praticar o crime, não quer diretamente o resultado, mas
assume o risco de produzi-lo, o crime será culposo, na modalidade culpa consciente.
 Gabarito: Errado
 Comentário: Não é culpa consciente, mas sim dolo eventual ou indireto. Na culpa consciente o
resultado era previsível para o agente, mas ele acreditava plenamente que não ocorreria por
causa das suas habilidades. De outro modo, no dolo eventual o agente se mostra indiferente
com o resultado, que é previsto por ele, assumindo-o ou aceitando o risco de produzi-lo. É o
conhecido “foda-se”!

2. Crime Culposo
Diz-se o crime:
II - Culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
- Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.” (Grifo nosso)

Os crimes culposos não possuem uma conduta completa, isto é, são tipos penais abertos e
necessitam de uma valoração do exegeta1, no caso, o próprio juiz. Nada impede, porém, que haja
crimes culposos em tipos penais fechados, por exemplo, a receptação culposa (Art. 180, §3º, CP)2.
Normalmente, a norma penal incriminadora define uma conduta dolosa, porém, em um
parágrafo dentro do artigo, descreve a modalidade culposa (“se o crime é culposo”).
Conceitualmente, o crime culposo advém de uma conduta voluntária de um agente, de forma
imprudente, negligente ou imperita, o qual deixou de observar os seus deveres objetivos de
cuidado, gerando um resultado naturalístico involuntário, que era previsível objetivamente, mas
não desejado nem previsto por ele. Assim, quem não age como a maioria das pessoas (“homem
médio”), nas mesmas condições, agiria e dá origem a um resultado relevante para o Direito Penal,
então deverá responder pelo crime culposo, se houver previsão legal.

1
Exegeta: intérprete.
2
Código Penal, Art. 180, §3º: “Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o
preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso”.

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Exemplo de imprudência, imperícia ou negligência:

Imprudência: Homicídio culposo (Art. 121, §3º, CP).


Exemplo: a pessoa que dirige em estrada falando ao celular e vem a atingir pedestre.
Negligência: Art. 121, §3º do Código Penal - Homicídio culposo. Exemplo: a pessoa que
esquece filho recém-nascido no interior do carro, resultando na morte por asfixia da
criança.
Imperícia: Art. 129, §6º do Código Penal - Lesão corporal culposa. Exemplo: policial que, ao
limpar a arma em casa, efetua disparo acidental e atinge a perna da própria esposa.

Questão comentada

(CESPE) Caso um renomado e habilidoso médico, especializado em cirurgias abdominais, ao


realizar uma intervenção, esqueça uma pinça no abdômen do paciente, nesse caso, tal conduta
representará culpa por imperícia, pois é relativa ao exercício da profissão.
 Gabarito: Errado.
 Comentário: Nesse caso, não estamos diante de imperícia e sim negligência do agente ao
“esquecer” a pinça no abdômen do paciente.

2.1. Requisitos do crime culposo


1 • conduta voluntária;
• violação do dever objetivo de cuidado;
2
3 • resultado naturalístico involuntário;

4 • nexo causal;

5 • tipicidade;

6 • previsibilidade objetiva;

7 • ausência de previsão.

Os dois principais requisitos, para fins de concursos, são a previsibilidade objetiva, ou seja, o
Código Penal determina que pelo menos o resultado seja previsível nas circunstâncias em que
realmente aconteceu; e previsão legal, pois todo crime é doloso, a não ser que esteja expressa no
Código Penal ou nas leis especiais a modalidade culposa.

Questões comentadas

(CESPE) São elementos do fato típico culposo: conduta, resultado involuntário, nexo causal,
tipicidade, ausência de previsão, quebra do dever de cuidado objetivo por meio da
imprudência, negligência ou imperícia e previsibilidade subjetiva.

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 Gabarito: Errado.
 Comentário: A questão traz de maneira correta os elementos do fato típico culposo, porém se
equivoca ao trazer previsibilidade subjetiva, quando o correto seria previsibilidade objetiva.

(CESPE) Considerando que, em determinada casa noturna, tenha ocorrido, durante a


apresentação de espetáculo musical, incêndio acidental em decorrência do qual morreram
centenas de pessoas, e que a superlotação do local e a falta de saídas de emergência, entre
outras irregularidades, tenham contribuído para esse resultado, julgue o item seguinte. A causa
jurídica das mortes, nesse caso, pode ser atribuída a acidente ou a suicídio, descartando-se a
possibilidade de homicídio, visto que não se pode supor que promotores realizadores e
apresentadores de shows em casas noturnas tenham, deliberadamente, intenção de matar o
público presente.
 Gabarito: Errado
 Comentário: Nesse caso pode ocorrer o homicídio culposo na modalidade culpa comum ou
inconsciente, em que os agentes agiram com imprudência, imperícia ou negligência. Quando a
questão prevê a falta de saídas de emergência, entre outras irregularidades, está prevendo a
falta do dever de cuidado objetivo por parte dos responsáveis. Contudo, eles não queriam nem
assumiram a responsabilidade pelas mortes, mas foram “descuidados” em suas condutas,
podendo gerar, conforme o caso, um homicídio culposo.

2.2. Culpa inconsciente ou própria


É a culpa comum, o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível. A culpa sem
previsão, a culpa por excelência, a culpa propriamente dita, que se manifesta na imprudência,
negligência ou imperícia.

2.3. Culpa consciente


O agente é capaz de prever o resultado, e realmente o prevê, porém, por possuir peculiar
habilidade, espera sinceramente que ele não ocorra: ele confia que sua ação conduzirá tão
somente ao resultado que pretende, o que só não ocorre por erro no cálculo ou erro na execução.
A simples previsão do resultado, por si só, não caracteriza que o agente agiu com culpa
consciente. Aqui se faz necessário que ele tenha possuído no momento da ação ou omissão a
consciência acerca da infração ao dever de cuidado.
A principal característica é a confiança que o agente possui quanto à inexistência do resultado
desfavorável, não se devendo confundi-la com uma mera esperança em fatores aleatórios.
O agente, mesmo prevendo o resultado, não o aceita, não assume o risco de produzi-lo, nem
permanece indiferente a ele. Apesar de prevê-lo, confia o agente em sua não produção.

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2.4. Culpa imprópria


Também chamada de culpa por assimilação, por extensão ou por equiparação, é aquela em
que o agente, no processo psicológico, entende mal a situação de fato, por erro evitável, supondo
que, se existisse o fato real, a sua ação seria legítima. Contudo, agindo em erro (evitável, vencível,
indesculpável, inescusável), o qual poderia ser evitado se tivesse agido com cautela, neste caso o
Código Penal punirá o agente por culpa, se houver previsão em lei. É a famosa descriminante
putativa:
Código Penal, Art. 20, §1º: “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”
Exemplo: “A” é policial federal e efetuou a prisão em flagrante de “B”, chefe de uma
organização criminosa, e este prometeu matá-lo no instante em que o encontrasse. Fatalmente,
“B” foi liberado no dia seguinte (sabe como é... habeas corpus etc.), o policial estava sabendo do
fato e já com receio da ameaça de morte. Enquanto “A” estava no Shopping com sua família,
depara-se com “B” vindo em sua direção e colocando a mão no bolso de trás da calça. Logo, “A”
deduziu que ele iria sacar uma arma e matar toda a sua família e prontamente desferiu 10 tiros
contra “B”, matando-o ali mesmo! Quando chegou próximo a seu corpo, “B” estava segurando uma
bíblia e uma carta de perdão para “A”, ou seja, este não estava em legítima defesa, pois não existia
injusta agressão! O Código Penal irá puni-lo por homicídio culposo por erro evitável e inescusável.

Questão comentada

(CESPE) A culpa inconsciente distingue-se da culpa consciente no que diz respeito à previsão do
resultado: na culpa consciente, o agente, embora prevendo o resultado, acredita sinceramente
que pode evitá-lo; na culpa inconsciente, o resultado, embora previsível, não foi previsto pelo
agente.
 Gabarito: Certo.
 Comentário: A culpa inconsciente (também chamada de culpa comum) e a culpa consciente se
diferenciam no que tange ao conceito da previsão do resultado. Contudo, ambas são tratadas
no Art. 18, II, do CP, da mesma maneira. Na culpa inconsciente, o resultado embora possa ser
previsível não é previsto pelo agente; aqui ocorre um descuidado com o dever objetivo de
cuidado que todos devem ter. Já na culpa consciente, o agente acredita sinceramente que pode
evitar o resultado.

2.5. Dolo eventual versus culpa consciente


Dolo eventual: o agente, embora não querendo diretamente a realização do tipo, aceita-o
como possível ou mesmo como provável, assumindo o risco da produção do resultado. Não se
requer que “a previsão da causalidade ou da forma em que se produza o resultado seja detalhada”,
é necessário somente que o resultado seja possível ou provável.
O agente não deseja o resultado (se assim ocorresse, seria dolo direto). Ele prevê que é
possível causar aquele resultado, mas a vontade de agir é mais forte. Ele assume o risco. Não há
uma aceitação do resultado em si, há a sua aceitação como probabilidade, como possibilidade.
“Entre desistir da conduta e poder causar o resultado, este se lhe mostra indiferente”.

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Agir com dolo significa: “jogar com a sorte” o “dane-se da questão”. Para aquele que se
comporta com dolo eventual, o acaso constitui a única garantia contra a materialização do sinistro;
o agente tem consciência da sua incapacidade para impedir o resultado, mas mesmo assim fica
insensível ao que se apresentou diante da sua vontade.
Já na culpa consciente ele não “joga com sorte”, pois no seu interior acredita sinceramente
que vai evitar o resultado danoso.

Questões comentadas

(ALFACON) Denomina-se culpa inconsciente quando o agente acredita que, com a sua perícia,
ele pode evitar um resultado, caracterizado por crime.
 Gabarito: Errado.
 Comentário: Quando o agente acredita que, com a sua perícia, ele pode evitar um resultado,
caracterizado por crime, trata-se da culpa consciente. O crime culposo é previsto no Art. 18, inc.
II, do Código Penal, descrito por: “culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia”.

(CESPE) Ricardo, com o objetivo de matar Maurício, detonou, por mecanismo remoto, uma
bomba por ele instalada em um avião comercial a bordo do qual sabia que Maurício se
encontrara, e, devido à explosão, todos os passageiros a bordo da aeronave morreram. Nessa
situação hipotética, Ricardo agiu com dolo direto de primeiro grau no cometimento do delito
contra Maurício e dolo direto de segundo grau no do delito contra todos os demais passageiros
do avião.
 Gabarito: Certo.
 Comentário: O Art. 18, I, do Código Penal, trata dos tipos de dolo, em que temos o dolo direito
e o dolo indireto ou eventual. O dolo direto se divide em dolo direto de primeiro grau e dolo
direto de segundo grau. O dolo direto de primeiro grau está presente quando o agente
direciona de forma certa e precisa o alvo da lesão jurídica, ou seja, se “A” atira contra “B”, o
alvo certo e direcionado é “B”. Assim, temos dolo direto de primeiro grau (havia vítima certa). O
dolo direto de segundo grau relaciona-se às consequências necessárias e suficientes derivadas
do ato, ou seja, quando alguém coloca uma bomba em um avião para matar determinada
pessoa, tem a clara noção de que a morte dos demais passageiros será efeito obrigatório
(necessário e suficiente). Assim, contra os demais passageiros, temos um dolo direto de
segundo grau. A consequência disso é a aplicação do concurso formal impróprio com desígnios
autônomos, que faz com que as penas do agente sejam somadas.

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ESQUEMA DIDÁTICO

EXERCÍCIOS

1. É correto afirmar que o crime doloso ocorre quando o agente quis o resultado ou assumiu o
risco de produzi-lo.
2. Suponha que, em naufrágio de embarcação de grande porte, tenha havido tombamento das
cabines e demais dependências, antes da evacuação da embarcação e resgate dos passageiros
e, em razão desse fato, os sobreviventes tenham sofrido diversos tipos de lesões corporais, e
centenas tenham morrido por politraumatismo e afogamento. Com base nessa situação
hipotética, julgue o item seguinte, de acordo com a legislação brasileira. Caso seja comprovada
imperícia, negligência ou imprudência da tripulação, esta poderá responder judicialmente pelo
crime de homicídio em relação às mortes ocorridas no naufrágio.
3. Ocorre o homicídio culposo quando o agente realiza uma conduta involuntária, com violação de
dever objetivo de cuidado a todos imposto, produzindo, por consequência, um resultado morte.
4. Age com dolo eventual o agente que prevê possíveis resultados ilícitos decorrentes da sua
conduta, mas acredita que, com suas habilidades, será capaz de evitá-los.
5. Admite-se a tentativa nos delitos de imprudência.

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GABARITO
1. CERTO
2. CERTO
3. ERRADO
4. ERRADO
5. ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Crime Preterdoloso .............................................................................................................................................2
Agravação pelo resultado..................................................................................................................................................2
Requisitos do crime preterdoloso ....................................................................................................................................2
Princípio da insignificância ...............................................................................................................................3
Tipicidade formal x Tipicidade material.........................................................................................................................3

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Crime Preterdoloso
Agravação pelo resultado
Art. 19 – Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao
menos culposamente.
O crime preterdoloso é espécie dos crimes qualificados pelo resultado (gênero).
Os crimes qualificados pelo resultado são aqueles em que o agente pratica uma conduta inicial
simples caracterizada como crime; contudo o resultado é superior àquela conduta inicial, seja por
excesso nos meios empregados, seja por uma nova conduta mais gravosa, de tal forma que a pena é
maior (qualificada).
Assim, existem dois momentos deste tipo de crime, o antecedente e o consequente. O primeiro
realiza-se com uma conduta voluntária do agente, seja dolosa, seja culposa (subjetivamente); e o
segundo, que é o resultado mais grave, pode ser produzido tanto de forma dolosa quanto culposa
(objetivamente). Acresce-se que estas condutas devem estar no mesmo nexo causal.
Existem quatro tipos de crime qualificados pelo resultado:
01. Dolo + Dolo: Exemplo: namorado inconformado, que descobre que o feto é fruto de incesto,
decide espancar a namorada até causar-lhe o aborto.
Código Penal, Art. 129: “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
§2º Se resulta: (...)
V – aborto. Pena – reclusão, de dois a oito anos.”
02. Culpa + Culpa: Exemplo: incêndio culposo que resulta em homicídio culposo das pessoas que
estavam no local
Código Penal, Art. 258: “Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave,
a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de
culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena
cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.”
03. Culpa + Dolo: Exemplo: lesão corporal culposa de trânsito em que há omissão de socorro.
CTB, Art. 303: “Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor”
Parágrafo único: “Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do §1º
do Art. 302.”
CTB, Art. 302, §1º, III: “deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do
acidente”
04. Dolo + Culpa: é o crime preterdoloso. Exemplo: o agente deseja torturar (Lei nº 9.455/97)
o michê com quem sua esposa estava saindo a fim de que ele confesse o adultério praticado,
porém, culposamente, excede-se nos meios empregados e acaba matando-o.
Lei nº 9.455/97, Art. 1º, §3º: “Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão
de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.”
Observação: os itens I, II e III são chamados crimes agravados pelo resultado, assim como o item
IV, mas somente esse último pode ser chamado de preterdoloso, ou seja, dolo na conduta anteceden-
te e culpa no consequente.

Requisitos do crime preterdoloso


Como a conduta do “consequente” do crime preterdoloso é culposa, então todos os requisitos dos
crimes culposos caberão aqui.

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Portanto, não se admite a tentativa nos crimes preterdolosos, já que esta é impossível. Isso
acontece porque se o resultado agravador não era o pretendido pelo agente, não será possível tentar
produzi-lo.
Questões comentadas
01. (CESPE) Comprovado o animus laedendi na conduta do réu e a sua culpa no resultado mais
grave, qual seja, a morte da vítima, ainda que esse resultado seja previsível, restará configura-
do o delito preterdoloso de lesão corporal seguida de morte.
˃ Gabarito: Certo.
 Comentário: O animus laedendi ou animus nocendi é a intenção de prejudicar, ferir, agredir,
prevista no Art. 129 do Código Penal, lesão corporal. O Código Penal pune o agente por aquilo que ele
queria fazer (elemento subjetivo). Assim, se o agente com intenção (dolo) de ferir vem a causar, por culpa,
a morte, deverá ele responder pelo crime de lesão corporal seguida de morte, que é um crime preterdo-
loso ou preterintencional, pois o agente age com dolo na conduta antecedente e com culpa na conduta
consequente.
02. (CESPE) Considere que Antônio, com a intenção de provocar lesões corporais, tenha agredido
José com uma barra de ferro, sendo comprovado que José veio a falecer em consequência das
lesões provocadas pelo agressor. Nesse caso, Antônio responderá pelo delito de homicídio,
ainda que não tenha desejado a morte de José nem assumido o risco de produzi-la.
˃ Gabarito: Errado.
 Comentário: Estamos diante de uma lesão corporal seguida de morte, isso porque o Código
Penal leva em conta o elemento subjetivo do agente que causou o resultado e, no caso concreto, ele tinha a
intenção de lesionar e não matar. Contudo, o resultado do crime foi mais grave que o dolo inicial e gerado
por culpa do agente. Assim, temos dolo na conduta antecedente e culpa no consequente, isto é, um crime
preterdoloso previsto no Art. 129, §3º, CP: “Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente
não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo”.

Princípio da insignificância
Tipicidade formal x Tipicidade material
Princípio da insignificância: decorrente da intervenção mínima do Estado, pressupondo que
nem todas as condutas tipificadas como crime (formalmente) serão materialmente típicas, devendo
ser analisadas no caso em concreto se houve lesão expressiva a um bem jurídico relevante e se houve
um comportamento agressivo pelo agente.
“A tipicidade penal não pode ser percebida como o trivial exercício da adequação do fato concreto
à norma abstrata. Além da correspondência formal, para a configuração da tipicidade, é necessária
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uma análise materialmente valorativa das circunstâncias do caso concreto, no sentido de se verificar
a ocorrência de alguma lesão grave, contundente e penalmente relevante do bem jurídico tutelado.
O princípio da insignificância reduz o âmbito de proibição aparente da tipicidade legal e, por conse-
quência, torna atípico o fato na seara penal, apesar de haver lesão a bem juridicamente tutelado pela
norma penal.” (STF, HC 108946, Rel. Min. Cármen Lúcia, 07/12/2011).
˃ Requisitos objetivos:
Mínima ofensividade da conduta do agente.
Ausência de periculosidade social da ação.
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento.
Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
˃ Natureza jurídica: causa supralegal de exclusão da tipicidade.
˃ Aplicabilidade: qualquer delito que seja com ele compatível, sua maior incidência ocorre nos
crimes patrimoniais (furto). É inadmissível quando o crime acontecer com violência ou grave
ameaça à pessoa.
˃ TABELA PRÁTICA:
Crimes contra a Adm. Pública: Regra: Não admite
STJ: Até R$10 mil
Descaminho
STF: Até R$20 mil
Crimes Funcionais: STJ: Não admite
Crimes ambientais: STJ/STF: Admitem
Moeda Falsa,
Inaplicável
Fé Pública:
Tráfico de drogas,
Inaplicável
Posse de droga para uso pessoal:
Crimes de perigo abstrato: Inaplicável
Crime eleitoral: Inaplicável
Rádio Clandestina: Inaplicável

Questão comentada
03. (CESPE) Na aplicação do princípio da insignificância, deve-se considerar o valor do objeto do
crime e desprezar os aspectos objetivos do fato, tidos como irrelevantes.
˃ Gabarito: Errado
˃ Comentário: A pertinência do princípio da insignificância deve ser avaliada considerando-se
todos os aspectos relevantes da conduta imputada: (a) a mínima ofensividade da conduta do
agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabili-
dade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada (exemplo: o furto
de algo de baixo valor). Esses são os requisitos expressos dados para a validade do princípio da
insignificância pelo STF.
EXERCÍCIOS
01. Ocorre crime preterdoloso quando o agente pratica dolosamente um fato do qual decorre um
resultado posterior culposo. Para que o agente responda pelo resultado posterior, é necessário
que este seja previsível.
Certo ( ) Errado ( )
02. Crime qualificado pelo resultado é o mesmo que crime preterdoloso.
Certo ( ) Errado ( )
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03. Considere a seguinte situação hipotética: Alberto, pretendendo matar Bruno, desferiu contra
este um disparo de arma de fogo, atingindo-o em região letal. Bruno foi imediatamente socor-
rido e levado ao hospital. No segundo dia de internação, Bruno morreu queimado em decor-
rência de um incêndio que assolou o nosocômio. Nessa situação, configura um crime preter-
doloso ou preterintencional.
Certo ( ) Errado ( )
04. Admite-se a tentativa nos crimes preterdolosos.
Certo ( ) Errado ( )
05. Os critérios para a aplicação do princípio da insignificância descrevem-se pela mínima ofen-
sividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, reduzidíssimo grau de
reprovabilidade do comportamento e expressividade da lesão jurídica provocada.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO
03 - ERRADO
04 - ERRADO
05 - ERRADO

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Sumário
ERRO SOBRE ELEMENTOS DO TIPO ............................................................................................................................................. 2
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 2
1.1. ELEMENTARES ............................................................................................................................................................................ 2
1.2. CIRCUNSTÂNCIAS ........................................................................................................................................................................ 2
1.2.1. Circunstâncias agravantes ........................................................................................................................................ 2
2. ERRO DE TIPO ESSENCIAL ................................................................................................................................................... 3
2.1. ESCUSÁVEL, DESCULPÁVEL, INVENCÍVEL OU INEVITÁVEL ...................................................................................................................... 3
2.2. INESCUSÁVEL, INDESCULPÁVEL, VENCÍVEL OU EVITÁVEL....................................................................................................................... 4
EXERCÍCIOS................................................................................................................................................................................. 5
GABARITOS ................................................................................................................................................................................ 5

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ERRO SOBRE ELEMENTOS DO TIPO


PARTE I
1. Introdução
Para iniciarmos o estudo acerca deste tema, devemos conhecer a diferença entre
elementares e circunstâncias:

1.1. Elementares
É a descrição típica do crime (aquilo que está logo depois do “artigo”, o próprio caput).
Quando se extrai (exclui) a elementar, então o crime não existe.
 Exemplo: o crime de furto, previsto no Art. 155: “Subtrair coisa alheia móvel”, caso o
indivíduo subtraia coisa própria por engano, não haverá o crime, pouco importando sua intenção.
Assim, se o agente subtrai sua própria bicicleta por “engano”, pensando que está a subtrair
bicicleta de seu vizinho, não comete crime algum. Não há como punir uma pessoa que subtrai suas
próprias coisas.
Código Penal, Art. 30: “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime.”

1.2. Circunstâncias
São dados assessórios do crime, que suprimidos, não afetam na punição do agente. Servem
para agravar ou atenuar a pena, por vezes, as circunstâncias agravantes genéricas fazem parte das
qualificadoras dos crimes (CP, Art. 121, §2º, II: “por motivo fútil”).
 Exemplo: ladrão que furta bem de pequeno valor pensando ser de grande valor.
Responderá pelo furto simples sem redução de pena do privilégio.

1.2.1. Circunstâncias agravantes


Código Penal, Art. 61: “São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou
tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou
profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;

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j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de


desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.”

2. Erro de tipo essencial


“Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei.”

Pela leitura do artigo 20, caput, ele somente leva em conta as elementares, isto é, o erro do
tipo é a falsa percepção sobre algum elemento constitutivo do tipo (alguma elementar da norma
penal incriminadora); trata-se do chamado erro do tipo essencial.
Contudo, o erro do tipo (lato sensu) cuida dos elementos objetivos, subjetivos e normativos
descritos na conduta criminosa, incidindo sobre as elementares e circunstâncias da figura típica.
O erro de tipo essencial sempre excluirá o dolo, mas pode comportar a culpa. Assume duas
formas: escusável ou inescusável.

Atipicidade Absoluta: exclui o crime (fato atípico).


Atipicidade Relativa: desclassificação da figura típica.

2.1. Escusável, desculpável, invencível ou inevitável


É aquele que não havia como ser evitado (inevitável) ou mesmo vencido (invencível), de tal
modo que nem mesmo com a prudência e a cautela do “homem médio” poderia ser evitado.
Haverá a exclusão do dolo (por não haver consciência) e da culpa (pois ausente a
previsibilidade), excluindo o próprio crime (fato atípico). Por isso, é considerado desculpável ou
escusável (sinônimos).
 Exemplos:
i. Em um dia chuvoso, Mévio, ao sair de um restaurante, pegou um guarda-chuva na
chapelaria1 achando que era o seu, mas acabou levando o de outra pessoa, pois era
totalmente igual ao seu.
ii. Tício, em uma boate onde é proibida a entrada de menores de 18 anos, conhece uma
mulher que aparenta fisicamente ter 18 anos ou mais e que afirmou claramente a ele
que possuía 19 anos, então eles vão para o motel, onde praticam conjunção carnal,
contudo a jovem possuía 13 anos.
iii. Caio, alcoolizado, após ter saído de uma festa, foi em direção ao estacionamento e
ligou carro alheio idêntico ao seu, com a sua própria chave, acreditando ser o seu.

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Lugar onde se guardam chapéus, casacos, guarda-chuvas etc.

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2.2. Inescusável, indesculpável, vencível ou evitável


É aquele que poderia ser evitado (evitável) pela prudência normal do “homem médio” ou
poderia ser vencido (vencível). Haverá a exclusão do dolo, mas subsistirá a modalidade culposa, se
prevista em lei.
Quando não houver previsão legal da modalidade culposa, então não haverá o crime (fato
atípico). Por isso, é considerado indesculpável ou inescusável (sinônimos).
Também chamada de culpa imprópria, culpa por assimilação, por extensão ou por
equiparação, é aquela em que o agente, no processo psicológico, entende mal a situação de fato,
por erro evitável, supondo que, se existisse o fato real, a sua ação seria legítima. Contudo, agindo
em erro (evitável, vencível, indesculpável, inescusável) o qual poderia ser evitado se tivesse agido
com cautela, neste caso o Código Penal punirá o agente por culpa, se houver previsão em lei. É a
famosa descriminante putativa:
Código Penal, Art. 20, §1º: “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.”

Exemplo: “A” é policial federal e efetuou a prisão em flagrante de “B”, chefe de uma
organização criminosa, e este prometeu matá-lo no instante em que o encontrasse. Fatalmente,
“B” foi liberado no dia seguinte (sabe como é ... habeas corpus etc.), o policial estava sabendo do
fato e já com receio da ameaça de morte. Enquanto “A” estava no Shopping com sua família,
depara-se com “B” vindo em sua direção e colocando a mão no bolso de trás da calça. Logo, “A”
deduziu que ele iria sacar uma arma e matar toda a sua família, prontamente desferiu 10 tiros
contra “B”, matando-o ali mesmo! Quando chegou próximo a seu corpo, “B” estava segurando uma
bíblia e uma carta de perdão para “A”, ou seja, este não estava em legítima defesa, pois não existia
injusta agressão! O Código Penal irá puni-lo por homicídio culposo por erro evitável e inescusável.

ERRO DO TIPO

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EXERCÍCIOS

1. O erro de tipo, se vencível, afasta o dolo e a culpa, estando diretamente ligado à tipicidade da
conduta do agente.

2. Na culpa imprópria, um agente age com dolo, mas é punido com culpa e ela ocorre no erro do
tipo essencial inescusável, no qual se exclui o dolo, mas se admite a culpa, se prevista em lei.

3. É correto afirmar que o erro do tipo acidental possui o erro sobre a pessoa, doutrinariamente
denominado aberractio in persona e, neste caso, a pessoa que se quer executar – a vítima
virtual – não sofre diretamente o perigo.

4. O erro de tipo evitável isenta de pena o agente.

5. O erro sobre elemento essencial do tipo, escusável ou inescusável, exclui o dolo, mas permite a
punição a título de culpa.

GABARITOS
1. ERRADO
2. CERTO
3. CERTO
4. ERRADO
5. ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Erro Sobre Elemento Do Tipo����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Parte II����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Erro De Tipo Acidental�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Erro Sucessivo Ou Aberratio Causae (Dolo Geral)������������������������������������������������������������������������������������������������������3

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Erro Sobre Elemento Do Tipo


Parte II
Erro De Tipo Acidental
O erro acidental é um irrelevante penal, ou seja, não exclui nada, não afasta a responsabilidade
penal pelo fato. Pode ocorrer nas seguintes situações:
Erro sobre a pessoa ou aberratio in persona (Art. 20, §3º)
É o erro na representação do agente que olha um desconhecido e o confunde com a pessoa que
quer atingir. O erro é tão irrelevante que o legislador determinou que o autor fosse punido pelo
crime que efetivamente cometeu contra o terceiro inocente (vítima efetiva) como se tivesse atingido
a pretendida (vítima virtual). Nessa situação, a pessoa que o sujeito queria atingir não sofre perigo
nenhum.
Código Penal, Art. 20, §3º: “O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena.
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o
agente queria praticar o crime.”

A situação acima é considerada um irrelevante penal, ou seja, o agente quer um resultado, mas
acaba produzindo outro. “A” queria matar “C” (seu pai), no entanto acaba matando “B” (sósia de
“C”). Contudo, é irrelevante o resultado diverso do pretendido, pois o Código Penal pune o agente de
acordo com o elemento subjetivo que ele possuía no momento do crime. Desse modo, “A” responderá
pelo fato que ele realmente queria praticar, isto é, homicídio consumado agravado por “C” ser seu pai
(ascendente).
Erro na execução ou aberratio ictus (Art. 73)
Neste caso, a pessoa que o sujeito pretendia atingir sofre perigo, ou seja, o atirador erra o alvo por ser ruim
de pontaria. Sua definição legal está no Art. 73 do Código Penal.
Código Penal, Art. 73: “Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de
atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime
contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do Art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida
a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do Art. 70 deste Código.”
Um exemplo para melhorar o entendimento do aberratio ictus ou erro na execução é o seguinte. Suponha-
mos que “A”, com animus necandi, queira matar “B”, 13 anos, e, para isso, efetua três disparos de arma de
fogo contra “B”. Contudo, por erro de pontaria (erro na execução), “A” acaba acertando “C”, de 20 anos,
que estava atrás de “B”. Nesse caso, o Direito Penal não punirá “A” por dois crimes, quais sejam: tentati-
va de homicídio contra “B” e homicídio consumado contra “C”. Serão levadas em conta, nessa situação,
apenas, as características da vítima pretendida, e não da vítima efetiva. Ou seja, como “A” pretendia
matar um menor de 14 anos, portanto, será a ele imputado homicídio consumado com aumento de pena
previsto no Art. 121, §4º.
Art. 121, § 4º “No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inob-
servância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de
14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.” (Grifo nosso)
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Erro Sucessivo Ou Aberratio Causae (Dolo Geral)


É o erro sobre a causa que deu origem ao resultado desejado pelo agente. Por uma pluralidade de
atos executados pelo agente, a causa que deu origem ao resultado foi a segunda atitude praticada por
ele, mas ele não notou, pois acreditava que a primeira já havia causado o resultado. Nesse caso, não
fará nenhuma diferença para o Direito Penal, o qual trata essa “aberração” como dolo geral (o dolo
sempre houve).
O aberratio causae ocorre quando o agente, julgando ter obtido o resultado intencionado, pratica
uma nova conduta (uma segunda ação), com propósito diverso, porém somente dessa forma que ele
produz o resultado. O agente responderá por seu dolo inicial.
˃˃ Exemplo nº 1: “A” queria matar “B” e ocultar o cadáver. Deu dois tiros na vítima e supondo que
ela houvesse morrido, enterrou-a em uma cova. Porém, ela ainda estava viva e veio a morrer por
asfixia. Nesse caso, o agente responderá por homicídio simples e por ocultação de cadáver, e não
por homicídio qualificado pela asfixia (segundo ato, origem do resultado).
˃˃ Exemplo nº 2: “A”, querendo matar “B”, dispara um tiro neste, que, ao ser atingido, cai ao chão
inconscientemente. “A” acreditando que “B” estivesse morto, jogou-o em um rio. Dias depois, o
corpo é encontrado, e a perícia constata que a morte de “B” se deu pelo afogamento, e não pelo
disparo de arma de fogo. Desse modo, “A” não responderá por homicídio qualificado (asfixia
por afogamento), mas sim por homicídio consumado simples.
Questões comentadas
01. Aquele que porta Carteira Nacional de Habilitação falsa, acreditando ser ela um documento
legítimo, não pratica o delito de uso de documento falso, uma vez que incide em erro de tipo
acidental.
˃˃ Gabarito: Errado.
˃˃ Comentário: O erro da questão está em afirmar que consiste em erro do tipo acidental, pois na
verdade incorrerá em erro do tipo essencial. O erro do tipo essencial pode ser escusável (exclui o
dolo e a culpa) ou inescusável (exclui o dolo, mas permite a punição por culpa se previsto em lei).
De qualquer modo, não existe crime culposo contra a fé pública. Assim, ainda que fosse o erro
do tipo essencial e inescusável, o crime seria excluído.
02. Configura erro de tipo essencial a conduta de um indivíduo que, após estrangular outro,
crendo que ele esteja morto, enforque-o para simular suicídio, com comprovação posterior de
que a vítima tenha morrido em decorrência do enforcamento.
˃˃ Gabarito: Errado.
˃˃ Comentário: No caso concreto, temos um erro do tipo acidental, que representa um indiferente
penal e, portanto, o agente será punido da mesma forma pelo ato que queria praticar, ou seja,
responderá ele por homicídio doloso qualificado por asfixia. Esse erro é classificado como erro
do tipo acidental sobre o nexo causal, dolo geral, erro sucessivo ou aberratio causae.
EXERCÍCIO
01. O fato de o sujeito A disparar arma de fogo contra B, mas, por má pontaria, atingir mortal-
mente C, que está ao lado de B, caracteriza o denominado, de acordo com o CP, erro sobre a
pessoa.
Certo ( ) Errado ( )
02. Configura erro de tipo essencial a conduta de um indivíduo que, após estrangular outro,
crendo que ele esteja morto, enforque-o para simular suicídio, com comprovação posterior de
que a vítima tenha morrido em decorrência do enforcamento.
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03. É correto afirmar que o erro do tipo acidental possui o erro sobre a pessoa, doutrinariamen-
te denominado aberractio in persona e, neste caso, a pessoa que se quer executar – a vítima
virtual – não sofre diretamente o perigo.
Certo ( ) Errado ( )
04. O erro sucessivo, sinônimo de dolo geral, está ligado ao erro do tipo essencial inescusável, no
qual se exclui o dolo, mas se admite a culpa, se prevista em lei.
Certo ( ) Errado ( )
05. É isento de pena, em razão da ausência de dolo ou culpa, o agente que age mediante erro de
tipo acidental, ou seja, o agente que desconhece os dados acessórios ou secundários do crime.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO:
01. ERRADO
02. ERRADO
03. CERTO
04. ERRADO
05. ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Descriminantes Putativas����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
O que é Descriminante?�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
O que é Putativo?�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Descriminantes Putativas�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Erro Relativo ao Pressuposto Fático do Evento de uma Causa de Exclusão de Ilicitude�������������������������������������2
Erro Relativo à Existência de uma Causa de Exclusão da Ilicitude������������������������������������������������������������������������2
Erro Relativo aos Limites de uma Causa de Exclusão da Ilicitude��������������������������������������������������������������������������3
Efeitos�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4

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fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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Descriminantes Putativas
“Art. 20, §1º – É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação
de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e
o fato é punível como crime culposo.” (Grifo nosso)

O que é Descriminante?
As descriminantes são as causas legais que excluem o crime, as excludentes de ilicitude, previstas
no Art. 23 do Código Penal: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever
legal e exercício regular de direito.
O que é Putativo?
É aquilo que aparenta ser verdadeiro, legal e certo, mas não é.

Descriminantes Putativas
As descriminantes putativas ocorrem nas hipóteses em que o agente acredita estar amparado
por uma causa legal de exclusão da antijuridicidade (descriminante) que não existe (putativa). Sendo
assim, ele acredita estar amparado pelo estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento
do dever legal ou exercício regular de direito, porém não há tais situações no caso concreto.
→→ Podem ocorrer 3 formas diferentes de o agente fantasiar (erro) acerca das descriminantes:
• sobre o pressuposto fático do evento de uma causa de exclusão de ilicitude;
• sobre a existência de uma causa de exclusão da ilicitude;
• sobre os limites de uma causa de exclusão da ilicitude.
Erro Relativo ao Pressuposto Fático do Evento de uma Causa de Exclusão de
Ilicitude
O erro recai sobre uma situação fática que faz o agente acreditar que está amparado pelas descri-
minantes. Dessa forma, o erro é provocado por uma falsa percepção da realidade.
Imagine que você tenha prendido um perigoso bandido e ele o ameaçou de morte. Após dias, você
o encontra na rua e ele leva a mão à cintura dando a crer que sacaria uma arma. Você, “pensando”
estar em legítima defesa (excludente de ilicitude), efetua disparos para conter injusta agressão, que
não existia de fato, pois o perigoso bandido estava apenas tirando uma bíblia para mostrar sua con-
versão ao catolicismo, ou seja, você pensou erroneamente que estava correndo perigo quando, na
verdade, não estava.
Aqui usaremos a regra do erro do tipo. O dolo estará sempre excluído, mas se for percebido que o
agente poderia evitar o erro, será responsabilizado por culpa.
É a chamada culpa imprópria, em que o agente age com dolo, mas responde a título de culpa,
desde que haja previsão em lei. (Regra do erro de tipo, Art. 20, §1º)
Erro Relativo à Existência de uma Causa de Exclusão da Ilicitude
Neste caso, o agente acredita na existência de uma norma penal permissiva para aquela conduta.
Por exemplo, imaginemos que “A” é de uma linhagem dos senhores de engenho e que o seu avô, co-
nhecedor exímio do Direito no Brasil e que veio falecer em 1910, tenha dito a ele que matar a esposa
em estado de adultério não era crime, e assim o fez, quando encontrou a sua em adultério. Porém, ele
desconhecia a nova lei penal de 1940 (eu sei, forçado!), acreditando estar acobertado por uma exclu-
dente de ilicitude, que não é verdade! (Regra do erro de proibição, Art. 21)
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Erro Relativo aos Limites de uma Causa de Exclusão da Ilicitude


O agente acredita que poderia usar qualquer meio para se defender de uma injusta agressão, mas
existe um limite para isso. Por exemplo, “A” recebe um soco de “B” e acredita que poderia matá-lo só
por isso, mas ele errou nos limites da excludente. (Regra do erro de proibição, Art. 21)
Nas duas últimas hipóteses, estamos diante de um erro de proibição, que será abordado em outro
momento.
Questões Comentadas
01. O erro que recai sobre elemento constitutivo do tipo permissivo também é conhecido como
descriminante putativa, embora nem todo erro relacionado a uma descriminante seja erro
sobre elemento constitutivo do tipo permissivo.
Gabarito: CERTO
→→ Comentário: As descriminantes putativas estão previstas no Art. 20 do CP, ou seja, estão topo-
graficamente abaixo do erro do tipo, por isso parte trata-se de erro sobre os pressupostos fáticos de
uma descriminante. Assim, a expressão “tipo permissivo” tem a ver com as causas de exclusão de
ilicitude, também chamadas de justificantes ou descriminantes. Já as descriminantes putativas são
conhecidas como erro do tipo e seguem as mesmas regras. O erro pode se dar também sobre a exis-
tência ou sobre os limites de uma descriminante, quando, por exemplo, o sujeito comete um delito
imaginando estar amparado por causa de exclusão de ilicitude não existente no nosso Direito ou
quando o erro incide sobre os limites da justificante. Essas hipóteses caracterizam o denominado
“erro de proibição indireto”. “Indireto” porque o erro não se dá sobre o conteúdo de normas proibiti-
vas ou mandamentais, mas sobre preceitos autorizativos. Temos, assim, não a exclusão do dolo ou
da culpa, mas da potencial consciência da ilicitude que exclui a culpabilidade, gerando inevitável a
isenção de pena do agente. Contudo, se evitável, há previsão de diminuição da pena (Art. 21 do CP).
02. Considere que Jonas encarcere seu filho adolescente, usuário de drogas, em um dos cômodos
da casa da família, durante três dias, para evitar que ele volte a se drogar. Nesse caso, Jonas
pratica o crime de cárcere privado.
Gabarito: ERRADO
→→ Comentário: Não houve o crime de cárcere privado, pois Jonas estava em erro de tipo permissi-
vo. Ele achava que estavam presentes os pressupostos do estado de necessidade. Como o erro era
evitável, exclui o dolo, mas permanece a culpa. Como não existe modalidade culposa em cárcere
privado, não há crime. Nessa formatação estamos falando em descriminante putativo por erro do
tipo, pois o erro do agente foi relativo aos pressupostos de fato de uma causa de exclusão de ilicitude,
que no caso seria o estado de necessidade.
Esquema Didático

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Efeitos
→→ Erro sobre o pressuposto fático do evento de uma causa de exclusão de ilicitude.
• Erro de tipo: escusável: exclui o crime; inescusável: culposo, se previsto em lei.
→→ Erro sobre a existência de uma causa de exclusão da ilicitude;
• Erro de proibição: escusável: isenta a pena; inescusável: diminui a pena.
→→ Erro sobre os limites de uma causa de exclusão da ilicitude.
• Erro de proibição: escusável: isenta a pena; inescusável: diminui a pena.
EXERCÍCIOS
01. Se o agente oferece propina a um empregado de uma sociedade de economia mista, supondo
ser funcionário de empresa privada com interesse exclusivamente particular, incide em erro
do tipo.
Certo ( ) Errado ( )
02. A diferença entre erro sobre elementos do tipo e erro sobre a ilicitude do fato reside na circuns-
tância de que o erro do tipo exclui o crime, já o erro sobre a ilicitude do fato diminui a pena.
Certo ( ) Errado ( )
03. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena, considerando-se
as condições e qualidades da vítima, e não as da pessoa contra quem o agente queria praticar o
crime.
Certo ( ) Errado ( )
04. Considerando o disposto no Código Penal brasileiro, quanto à matéria do erro, é correto
afirmar que, em regra, o erro de proibição recai sobre a consciência da ilicitude do fato, ao
passo que o erro de tipo incide sobre os elementos constitutivos do tipo legal do crime.
Certo ( ) Errado ( )
05. O erro de ilicitude exclui o crime.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO
03 - ERRADO
04 - CERTO
05 - ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Erro de Proibição�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Erro Sobre a Ilicitude do Fato�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Desconhecimento da Lei���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Questões Comentadas��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Quadro Comparativo���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3

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Erro de Proibição
Erro Sobre a Ilicitude do Fato
“Art. 21 – O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único – Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.”

Desconhecimento da Lei
O artigo 21 dispõe em sua primeira parte: “o desconhecimento da lei é inescusável”, ou seja,
ninguém pode alegar que não conhece a lei somente para se eximir da responsabilidade. A lei faz
referência apenas ao “desconhecimento da lei”, e não sobre a errada compreensão da lei, como no
art. 26. A ignorância é o completo desconhecimento a respeito da realidade. O erro é o falso conheci-
mento ou o total desconhecimento do ordenamento jurídico, ou seja, da lei penal!
O erro de proibição não exclui o dolo nem a culpa, estando dentro da culpabilidade! Seus efeitos
são de isenção de pena (escusável) ou diminuição de pena (inescusável), diferentemente do erro do
tipo que exclui o dolo e a culpa (escusável) ou somente o dolo mantendo a culpa (inescusável).
1) Erro de proibição escusável: isenta a pena.
2) Erro de proibição inescusável: diminui a pena.

→→ Sinônimos:
˃˃ Escusável: desculpável, invencível ou inevitável.
˃˃ Inescusável: indesculpável, vencível ou evitável.

Questões Comentadas
01. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; e, se evitável, poderá diminuí-la,
de um sexto a um terço. Tal modalidade de erro, segundo a doutrina penal brasileira, pode ser
classificada adequadamente como erro de tipo e pode, em circunstâncias excepcionais, excluir
a culpabilidade pela prática da conduta.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado.
˃˃ Comentário: O erro está em que esse conceito pertence ao erro de proibição ou erro sobre a ili-
citude do fato, e não ao erro do tipo. Trata-se de questão de natureza conceitual.
02. Considera-se causa de exclusão da culpabilidade erro de proibição inevitável.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo.
˃˃ Comentário: O erro de proibição previsto no Art. 21 do Código Penal prevê o seguinte: “O des-
conhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;
se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.”. Assim, quando o erro de proibição for
inevitável (desculpável, invencível ou escusável), então isentará o agente de pena, pois causa a
exclusão da culpabilidade por retirar a potencial consciência da ilicitude. Contudo, se o erro
for evitável (indesculpável, vencível ou inescusável), então irá diminuir a pena do agente de um
sexto a um terço. Assim, nem todo erro de proibição isenta de pena.

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→→ Em resumo: o erro aqui previsto não repousa sobre os elementos do tipo penal, presentes na
situação concreta, e tampouco há equívoco sobre alguma descriminante. O que se verifica é uma
situação de fato na qual não é possível perceber o caráter ilícito da conduta. Se tal percepção é
inevitável, o autor ficará isento de pena, pois, pelas circunstâncias, ele acreditará que está agindo
licitamente. Se ela for evitável, contudo, haverá apenas uma diminuição da pena, de 1/6 a 1/3, a
critério do Juiz. O que a doutrina menciona é que, aqui, fica ausente a culpabilidade do autor ou
ela será reduzida.
Quadro Comparativo
ERRO DO TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO
Não sabe o que faz Sabe o que faz
Conhece a lei Não conhece a lei
Fato Típico Culpabilidade
Exercícios
01. Considerando o disposto no Código Penal brasileiro, quanto à matéria do erro, é correto
afirmar que, em regra, o erro de proibição recai sobre a consciência da ilicitude do fato, ao
passo que o erro de tipo incide sobre os elementos constitutivos do tipo legal do crime.
Certo ( ) Errado ( )
02. O erro de proibição escusável exclui o dolo e a culpa; o inescusável exclui o dolo, permanecen-
do, contudo, a modalidade culposa.
Certo ( ) Errado ( )
03. Na ocorrência de erro de proibição inevitável, deste deve-se excluir a culpabilidade, em razão
da falta de potencial consciência da ilicitude, e, na ocorrência de erro evitável, deve-se, obriga-
toriamente, atenuar a pena.
Certo ( ) Errado ( )
04. A falta de consciência da ilicitude, se inevitável, exclui a culpabilidade.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Errado
03 - Certo
04 - Certo

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Coação Irresistível e Obediência Hierárquica�������������������������������������������������������������������������������������������������2
Coação Irresistível�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Obediência Hierárquica����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3

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Coação Irresistível e Obediência Hierárquica


“Art. 22 – Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifesta-
mente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.”
Para que se possa considerar alguém culpado do cometimento de uma infração penal, é necessá-
rio que esta tenha sido praticada em condições e circunstâncias normais, pois do contrário não será
possível exigir do sujeito conduta diversa da que, efetivamente acabou praticando.
Coação Irresistível
→→ É o emprego de força física ou de grave ameaça para que alguém faça ou deixe de fazer alguma
coisa.
• Coação Física (vis absoluta): o sujeito não comete crime.
• Coação Moral (vis relativa): o sujeito comete crime, mas ocorre isenção de pena.
Exemplos:
• “A” imobiliza “B“; depois, coloca uma arma em sua mão e força-o a apertar o gatilho. O
disparo acerta “C” que morre. Nessa situação, devido à coação FÍSICA irresistível, “B”
NÃO comete crime. “A” responderá por homicídio.
• “A” encosta uma arma carregada na cabeça de “B” filho de “C” que é gerente de banco, e
ordena que ele abra o cofre do banco e subtraia o dinheiro, caso contrário irá matar “B”.
Nessa situação, ambos cometem crime (“A” e “C”). Contudo, somente “A” terá PENA. “C”
estará isento de pena devido à coação MORAL irresistível.

Questões Comentadas
(CESPE) A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o crime.
˃˃ Gabarito: Certo
˃˃ Comentário: A ideia aqui é bem simples. Coação irresistível, por si só, não tem efeito algum.
Temos que perguntar se ela é física ou moral. Se for física, afasta a tipicidade por falta de conduta;
se for moral, afasta a culpabilidade, porque elimina a exigibilidade de conduta diversa, gerando
como consequência a isenção de pena.
(CESPE) Aquele que for fisicamente coagido, de forma irresistível, a praticar uma infração penal
cometerá fato típico e ilícito, porém não culpável.
˃˃ Gabarito: Errado
˃˃ Comentário: A coação física irresistível retira a conduta do agente excluindo o fato típico e,
consequentemente, o crime. A questão aponta, de forma errada, que a coação física exclui a cul-
pabilidade. A coação que exclui a culpabilidade, de fato, é a coação moral irresistível.
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Obediência Hierárquica
→→ É a obediência à ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico, tornando viciada a vontade
do subordinado e afastando a exigência de conduta diversa. Também exclui a culpabilidade.
• Ordem de superior hierárquico: é a manifestação de vontade do titular de uma função
pública a um funcionário que lhe é subordinado.
• Ordem manifestamente não ilegal: a ordem deve ser aparentemente legal. Se for manifes-
tamente ilegal, deve o subordinado responder pelo crime.
→→ Exemplos:
Delegado de polícia determina que agente prenda Antônio, indiciado por crime de latrocínio
e alega que Antônio tem contra si um mandado de prisão expedido pela autoridade judiciária. O
agente então prende Antônio e o conduz até a delegacia. Acontece que não existia mandado algum
contra Antônio. Nessa situação, tanto o delegado quanto o agente cometeram crime de abuso de
autoridade. Contudo, somente o delegado terá PENA; o agente ficará isento devido à “aparência” de
ordem manifestamente NÃO ilegal.
Questão Comentada
(CESPE) São causas de exclusão da culpabilidade, expressamente previstas no Código Penal brasilei-
ro, a coação moral irresistível e a ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico.
˃˃ Gabarito: Certo
˃˃ Comentário: Os elementos da culpabilidade são: imputabilidade, potencial consciência da ili-
citude e exigibilidade de conduta diversa. A coação moral irresistível e a obediência à ordem,
não manifestamente ilegal, de superior hierárquico integram a exigibilidade de conduta diversa
que, por sua vez, exclui a culpabilidade. “Art. 22 – Se o fato é cometido sob coação irresistível ou
em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível
o autor da coação ou da ordem”. Deve-se atentar para a seguinte situação: se a assertiva trou-
xesse apenas coação irresistível ou coação física irresistível, a questão estaria errada, pois é
preciso que esteja especificada a modalidade de coação que está sendo tratada na questão (e tem
que ser moral para se excluir a culpabilidade).

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EXERCÍCIOS
01. Segundo a doutrina majoritária, de acordo com a teoria tripartide, a coação pode estar no
âmbito do fato típico, como pode estar no âmbito da culpabilidade, bem como pode ser resistí-
vel e irresistível. Quando tratar de coação física irresistível, esta se encontra no âmbito do fato
típico, excluindo a conduta do agente. Já, quando tratar de coação moral irresistível, esta se
encontra no âmbito da culpabilidade, e isenta o agente de pena.
Certo ( ) Errado ( )
02. Caso o fato seja cometido em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, não serão puníveis o agente que obedeceu nem o autor da coação ou da
ordem.
Certo ( ) Errado ( )
03. É causa de exclusão da culpabilidade o fato de a conduta ser praticada por meio de coação física
irresistível.
Certo ( ) Errado ( )
04. A coação irresistível pode ser física, fato que opera a exclusão do crime, ou moral, fato que
opera a isenção da pena.
Certo ( ) Errado ( )
05. Considera-se causa de exclusão da culpabilidade a coação moral resistível.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO
03 - ERRADO
04 - CERTO
05 - ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Exclusão da Ilicitude (Antijuridicidade)�����������������������������������������������������������������������������������������������������������2
A Ilicitude���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Exclusão da Ilicitude�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Excesso Punível�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Estado de Necessidade������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Requisitos para a Configuração do Estado de Necessidade������������������������������������������������������������������������������������3
O Perigo Atual���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
O Direito Próprio ou Alheio����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Exemplos de Estado de Necessidade���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4

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Exclusão da Ilicitude (Antijuridicidade)


A Ilicitude
Conceito: é a contradição que se dá entre a conduta humana e o ordenamento jurídico. Dessa
forma, qualquer ação ou omissão que está prevista em lei como crime (conduto típica) torna-se
ilícita, ou seja, ilegal. Contudo, temos que nos atentar que todo fato ilícito a princípio é típico (está
escrito), mas nem todo fato típico é ilícito, pois poderão ocorrer as excludentes de ilicitude previstas
no artigo 23 que passaremos a analisar:

Exclusão da Ilicitude
Conceito: são situações em que o indivíduo comete um fato tipificado como crime, mas que a própria
lei, pela natureza e circunstâncias do caso concreto, autorizam-no a fazer. Tais situações excluem o
caráter ilegal da ação ou omissão praticada, e estão previstas no artigo 23 do Código Penal.
“Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato:
I. em estado de necessidade;
II. em legítima defesa;
III. em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.”

Excesso Punível
“Parágrafo único – O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou
culposo.”

Em essência, nas hipóteses mencionadas no artigo 23, o indivíduo deverá agir de forma
moderada, caso contrário, poderá ser responsabilizado criminalmente pelo excesso na ação, seja ela
dolosa ou culposa.
As causas de exclusão da ilicitude incidirão na falta de condição para a ação penal, pois o fato
deve ser narrado com todas as circunstâncias (CPP, art. 41). Do contrário, o Ministério Público está
autorizado a pedir o arquivamento, ou o juiz a rejeitar a denúncia ou queixa (CPP, art. 43, I). Em
segundo plano, somente ocorrerá a exclusão de ilicitude se as causas justificadoras forem inquestio-
náveis, ou seja, se estiverem cabalmente demostradas. Na fase do oferecimento da denúncia vigora o
princípio do in dubio pro societate.
Questão Comentada
(CESPE) A responsabilidade penal do agente nas hipóteses de excesso doloso ou culposo aplica-se a
todas as seguintes causas de excludentes de ilicitude previstas no CP: estado de necessidade, legítima
defesa, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito.
˃˃ Gabarito: Certo
˃˃ Comentário: O excesso pode ocorrer em todas as formas de exclusão de ilicitude previstas no
art. 23 do Código Penal.

Estado de Necessidade
“Art. 24 – Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.”

Ocorre quando um bem é lesado para salvar outro bem em perigo de ser igualmente ofendido.
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Requisitos para a Configuração do Estado de Necessidade


• Perigo atual.
• Direito próprio ou alheio.
• Perigo não causado voluntariamente pelo agente.
• Inevitabilidade de comportamento.
• Razoabilidade do sacrifício.
• Requisito subjetivo.
O Perigo Atual
Neste caso, o perigo deve ser atual, e não iminente, ou seja, efetivamente a “coisa” deve estar
acontecendo. O “estar para acontecer” efetivamente não vale para se alegar o estado de necessidade.
Em suma, atual é a ameaça que está se verificando no exato momento em que o agente sacrifica o
bem jurídico.
Exemplo: perigo atual caracteriza-se quando o navio está afundando, e não quando está prestes a
bater em alguma coisa e na “iminência” de afundar. Dessa forma, fica fácil visualizarmos a questão
em si. Para provas objetivas, temos que nos atentar que para a situação de legítima defesa, a agressão
injusta pode ser atual e iminente!
O Direito Próprio ou Alheio
Pode-se alegar estado de necessidade próprio ou para terceiros, ou seja, quem pratica o fato para
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, pode
alegar isso tanto para si próprio quanto para um direito pertencente a outra pessoa.
Exemplo: se um cão bravo não atiçado por alguém ataca, o indivíduo, ao se defender e atingir o
animal, age em estado de necessidade próprio. Contudo, se o animal ataca terceira pessoa e é alvejado
por outra, essa outra pessoa pode alegar estado de necessidade de terceiro.
→→ O Perigo não causado voluntariamente pelo agente:
Neste caso, o agente não pode ter dado causa ao evento. Assim, não pode alegar estado de neces-
sidade o próprio causador do perigo atual.
→→ Inevitabilidade de comportamento:
O agente não pode ter outro meio de evitar o resultado que não o utilizado no caso concreto. Assim,
caso um indivíduo mate outro para se salvar de perigo atual, poderá ser responsabilizado penalmente,
caso seja provado que havia uma alternativa menos danosa para o bem jurídico tutelado (vida).
→→ Razoabilidade do sacrifício:
A lei, em momento algum, falou em bem maior ou menos ou igual, mas somente em razoabili-
dade do sacrifício. Assim, não há como medirmos, a não ser no caso concreto, usando o bom senso.
Nas questões de concurso, costuma-se cobrar somente a objetividade da expressão, ou seja, o sacrifí-
cio tem que ser o CERTO, o bom senso.
Ao contrário da hipótese de legítima defesa, neste caso, o bem jurídico sacrificado nunca poderá
ter valor maior que o do bem jurídico salvo, devendo ser de valor igual ou inferior.
Ex.: o indivíduo que está em um bote, depois de um naufrágio, e prefere salvar suas malas a salvar
outro indivíduo que se afoga. Nesse caso, há o sacrifício de um bem jurídico de maior valor, a vida,
para salvar um de menor valor, as malas (bens materiais). Nessa situação, é incabível a alegação de
estado de necessidade.
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→→ Requisito subjetivo:
O agente, na prática, tem que ter conhecimento da situação justificante. Pouco ou nada vale
alegar a existência dos requisitos se ele já tinha em mente cometer o crime.
Exemplo:
Imaginemos que um indivíduo esteja em um barco, com a intenção de matar uma pessoa; supo-
nhamos que quando tal indivíduo se aproxime para desfechar o golpe de morte, o barco em que eles
estão comece a afundar e o agressor lembre que não sabe nadar e que somente existe um salva-vidas.
Pois bem, a princípio todos os elementos para a caracterização do estado de necessidade estão pre-
sentes, mas de nada servirão, pois o indivíduo já tinha em mente cometer o crime.

Exemplos de Estado de Necessidade


• Em um cruzeiro marítimo, 10 passageiros estão a bordo de um navio. No entanto, só
existem 9 salva-vidas e o navio está afundando em alto-mar. O único que ficou sem o ape-
trecho não sabe nadar e, para salvar sua vida do perigo atual, desfere facadas em outro pas-
sageiro a fim de conseguir se salvar.
• Um trabalhador desempregado (em estado de penúria), vendo seus filhos passarem fome,
entra em supermercado e furta dois pacotes de arroz e um pedaço de carne seca. Essa
situação também é chamada de furto famélico e é bastante abordada em provas.
• Um cidadão não tem carteira de motorista e observa um motorista em avançado estado de
infarto; nessa situação, toma a direção de veículo automotor e dirige perigosamente até o
hospital, gerando perigo de dano.
Questões Comentadas
01 - Pode alegar estado de necessidade quem tem o dever legal de enfrentar o perigo, desde que de-
monstre que praticou o fato para salvar de perigo atual direito próprio cujo sacrifício, nas circuns-
tâncias, não era razoável exigir-se.
˃˃ Gabarito: Errado
˃˃ Comentário: A questão não entrou em maiores detalhes e cobrou dois parágrafos do art. 24,
sem dar espaço para interpretação doutrinária e jurisprudencial. Seguem as referências legais:
“§ 1º – Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º – Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um
a dois terços.”

02 - (ALFACON) O furto famélico configura estado de necessidade.


˃˃ Gabarito: CERTO
˃˃ Comentário: O furto famélico configura estado de necessidade (art. 24, CP), preenchidos os
seguintes requisitos:
“I – fato praticado para matar a fome;
II – que haja subtração de coisa capaz de contornar imediatamente e diretamente a emergência (fome);
III – Inevitabilidade do comportamento lesivo;
IV – Impossibilidade de trabalho ou insuficiência dos recursos auferidos.”
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03 - (CESPE) Quanto ao estado de necessidade, o CP brasileiro adotou a teoria da diferenciação, que


só admite a incidência da referida excludente de ilicitude quando o bem sacrificado for de menor
valor que o protegido.
˃˃ Gabarito: Errado
˃˃ Comentário: Como vimos, o bem jurídico sacrificado deve ser proporcional ao bem jurídico
que se quer proteger, isto é, o bem jurídico sacrificado deve ser de igual ou menor valor que o
bem que se quer proteger. Caso contrário, não há que se falar em estado de necessidade.
“§1º – Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o deve legal de enfrentar o perigo.”
Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo, por
exemplo, o bombeiro. Poderá, no entanto, recusar-se a uma situação perigosa quando for impossível
o salvamento ou o risco for inútil.
Questão Comentada
01 - (CESPE) Age impelido por estado de necessidade o bombeiro que se recusa a ingressar em prédio
onde há incêndio de grandes proporções, com iminente risco de desabamento, para salvar a vida de
alguém que se encontre em andar alto e que tenha poucas chances de sobreviver, dada a possibilida-
de de intoxicação por fumaça, se houver risco para sua própria vida.
˃˃ Gabarito: Certo
˃˃ Comentário: Temos a previsão legal no inciso “V – inexistência de dever legal de arrostar o
perigo (art. 24, §1°)”. Sempre que a lei impuser ao agente o dever de enfrentar o perigo, deve
ele tentar salvar o bem ameaçado sem destruir qualquer outro, mesmo que para isso tenha de
correr os riscos inerentes à sua função. Contudo, poderá ele recusar-se a uma situação de perigo
extremo quando for impossível o salvamento ou o risco for inútil. Por fim, se a obrigação for
contratual ou voluntária, o agente não é obrigado a se arriscar, podendo simplesmente sacrifi-
car outro bem para afastar o perigo.
EXERCÍCIOS
01. As causas legais de exclusão da ilicitude, previstas na parte geral do Código Penal, são estado de
necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal, exercício regular de direito e
consentimento do ofendido.
Certo ( ) Errado ( )
02. Em relação ao estado de necessidade, adota-se, no Código Penal brasileiro, a teoria diferencia-
dora, podendo tal estado ser causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade.
Certo ( ) Errado ( )
03. Por expressa disposição legal, não há crime quando o agente pratica o fato no exercício regular
de direito ou em estrito cumprimento de dever legal.
Certo ( ) Errado ( )
04. Considere que, para salvar sua plantação de batatas, um agricultor desvie o curso de água de
determinada barragem para a chácara vizinha, causando vários danos em razão da ação da
água. Considere, ainda, que tanto a plantação desse agricultor quanto os danos na chácara
vizinha sejam avaliados em R$ 50.000,00. Nessa situação, não se configura o estado de neces-
sidade, uma vez que, segundo a sistemática adotada no Código Penal, a exclusão de ilicitude só
deve ser aplicada quando o bem sacrificado for de menor valor que o bem salvo.
Certo ( ) Errado ( )
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05. A atuação em estado de necessidade só é possível se ocorrer na defesa de direito próprio, não se
admitindo tamanha excludente se a atuação destinar-se a proteger direito alheio.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - ERRADO
02 - ERRADO
03 - CERTO
04 - ERRADO
05 - ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Legítima Defesa���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Requisitos para que Subsista a Legítima Defesa��������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Observações Importantes��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3

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Legítima Defesa
“Art. 25 – Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
Conceito: é causa de excludente de ilicitude (antijuridicidade) que se completa ao se repelir injusta
agressão, atual ou iminente a direito próprio ou alheio, usando dos meios necessários (leiam-se dis-
poníveis). Aqui o que importa para o agente é que cesse a agressão injusta.
Observação: ocorre um efetivo ataque ilícito contra o agente ou terceiro, legitimando a repulsa.
Requisitos para que Subsista a Legítima Defesa
• agressão humana;
• agressão injusta;
• agressão atual ou iminente;
• agressão a direito próprio ou de terceiro;
• meios necessários (disponíveis);
• requisito subjetivo.
Somente tem a capacidade de “agressão” o ser humano. Animais não agridem, somente atacam.
Dessa forma, para alegar legítima defesa, o indivíduo tem que repelir a agressão injusta de um “ser
humano”.
OBS: caso um animal esteja sendo “atiçado” por um indivíduo a atacar outro, a agressão passa ser
humana, pois o animal está sendo usado como uma arma! Mas caso o animal atacasse alguém pelo
próprio instinto, sem ser “atiçado”, a repulsa ao ataque seria configurada “estado de necessidade”,
como vimos anteriormente.
→→ Agressão injusta:
Agressão injusta significa agressão ilícita, ou seja, contra o ordenamento jurídico. Em regra, a
pessoa à qual o elemento está fazendo cessar a agressão está contra ele cometendo um ilícito, não
precisa ser necessariamente um crime, já que é permitida a legítima defesa para a proteção da posse
CC artigo 1.210 § 1º.
→→ Agressão atual ou iminente:
Diferentemente do que ocorre no estado de necessidade, aqui vale a situação de perigo (agressão)
atual ou iminente, ou seja, que está prestes a acontecer.
→→ Agressão a direito próprio ou de terceiro:
Vale aqui a mesma explicação que foi dada no estado de necessidade, mas adequando-se que a
“agressão” tem que partir de um ser humano; em caso de ataque de animal, sem a presença de uma
pessoa, o caso passa a ser de estado de necessidade.
→→ Meios necessários:
Aqui se lê “meios disponíveis”. O agente deve repelir a injusta agressão sempre com os meios que
estiverem à sua disposição no momento da agressão.
Exemplo: imaginemos que um policial acaba de apreender uma bazuca e que tal objeto está em suas
mãos, no exato instante em que aparece um indivíduo querendo tirar a vida deste policial com um
revólver calibre 38.
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→→ O que fazer:
• Pede para o elemento esperar que você jogue a bazuca ao chão e pegue o meio necessário,
que é a arma da sua cintura, para ser mais “razoável”?
• Solta tudo e sai correndo?
• Levando-se em conta o bem jurídico em jogo (vida), vira a bazuca para o agressor e, como é
o único jeito de cessar a agressão, dê uma “bazucada” no agressor?
Resposta:
Nesse caso, a brincadeira é muito válida, pois é aqui que tiramos do concursando a ideia de que
os meios necessários devem ser “equivalentes” ao do agressor. O que conta são os meios disponíveis.
Assim, ficamos com a terceira opção, ou seja, explodimos o agressor com a finalidade de que cesse
sua agressão!
→→ Requisito subjetivo:
Aqui vale também a explicação do estado de necessidade, pois o agente não pode estar com a
ideia anterior de cometer crime e se utilizar do caso posterior concreto para alegar legítima defesa.
→→ Exemplos de legítima defesa:
• “A”, desafeto de “B”, arma-se com um machado e, prestes a desferir um golpe, é surpreendi-
do pela reação de “B”, que saca um revólver e efetua um disparo.
• “A”, munido de um cão, atiça o animal na direção de “B”, que, para repelir a injusta agressão,
atira no enfurecido animal.
• “A”, menor de idade, saca um fuzil e, prestes a atirar em “B”, é surpreendido por este que
saca uma bazuca, único meio disponível no momento, vindo a “explodir” “A”.
DIFERENÇA ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA

Observações Importantes
• É possível legítima defesa de provocações por meio de injúrias verbais; segundo a sua inten-
sidade e conforme as circunstâncias, pode ou não ser agressão.
• Agressão de inimputável constitui legítima defesa.
• Agressão decorrente de desafio, duelo, convite para briga NÃO constitui legítima defesa.
• Agressão passada (já ocorrida) constitui vingança, e não legítima defesa.
• Agressão futura não autoriza legítima defesa (mal futuro).
• Não existe legítima defesa da honra: “A” marido traído chega a sua casa e surpreende “C”,
sua esposa, em conjunção carnal com “B”. Enfurecido, pega sua arma e dispara contra a
esposa traidora.

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• O agente tem que saber que está em legítima defesa.


• Legítima defesa e porte ilegal de arma de fogo: se portava anteriormente, responde pelo
crime do art. 14 ou 16, caput do Estatuto do Desarmamento. Se o porte é contemporâneo,
apenas no momento da legítima defesa, não responde pelo crime dos artigos mencionados.
• “A”, surpreendido por cão feroz, efetua disparos para que não seja atacado ou para sessar o
ataque: se o cão foi “atiçado” pelo dono a atacar, legítima defesa; mas se o ataque foi espon-
tâneo, é estado de necessidade. Vale lembrar que, no caso de legítima defesa, os disparos
devem ser feitos contra o cão, e não contra o dono, pois nesse caso, seria configurado homi-
cídio por parte de “A”.
• Não há legítima defesa se “A”, desafeto de “B”, vai à sua procura e efetua disparo. Mais tarde
provou-se que “B” também estava armado e queria igualmente executar “A”.
• Não existe legítima defesa contra estado de necessidade.
Questão comentada
01 - (CESPE) Considere a situação hipotética:

João não poderá alegar legítima defesa, pois utilizou navalha para revidar agressões de homem
desarmado.
˃˃ Gabarito: Errado.
˃˃ Comentário: No presente caso, João agrediu verbalmente Pedro, provocando-o injustamente.
João não poderia alegar legítima defesa, porquanto QUIS o resultado briga. A questão é bem
clara quando diz “atracaram-se”. Não foi Pedro que iniciou o ataque a João e este tentou se
defender. Visto isso, João, realmente, não poderá alegar legítima defesa, mas não pelo fato de ter
usado uma navalha, por isso a questão está incorreta.

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EXERCÍCIOS
01. Em relação às excludentes de ilicitude, na hipótese de legítima defesa, o agente deve agir nos
limites do que é estritamente necessário para evitar injusta agressão a direito próprio ou de
terceiros.
Certo ( ) Errado ( )
02. Em uma situação hipotética, um assaltante atirou em um policial que, na Legítima Defesa,
atirou na direção do assaltante para conter a sua conduta. Acidentalmente, o policial acertou
um terceiro, inocente, que veio a falecer. Nesta situação hipotética, a Legítima Defesa continua
caracterizada.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - CERTO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular do Direito���������������������������������������������������������2
Estrito Cumprimento do Dever Legal�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Exercício Regular de Direito����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2

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Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular do Direito


Estrito Cumprimento do Dever Legal
Art. 23, III, 1ª parte, do Código Penal: “Não há crime quando o agente pratica o fato em estrito
cumprimento de dever legal.”
Em síntese, é a ação praticada por um dever imposto por lei. É necessário que o cumprimento seja nos
exatos ditames da lei. Do contrário, o agente incorrerá em excesso.
Exemplos:
˃˃ policial que prende foragido da justiça, vindo a causar-lhe lesões devido à sua resistência;
˃˃ soldado que, em tempos de guerra, executa inimigo;
˃˃ a execução efetuada pelo carrasco, quando o ordenamento jurídico admite (pena de morte em
caso de guerra declarada).
Questão comentada
01. (CESPE) A execução de pena de morte feita pelo carrasco, em um sistema jurídico que admita
essa modalidade de pena, é exemplo clássico de estrito cumprimento de dever legal.
Gabarito: Certo
˃˃
˃˃ C
omentário: Convém observar que a questão busca fazer com que o concursando confunda
duas situações distintas. Quando estudamos estrito cumprimento do dever legal, somos levados
a acreditar que é dever legal, por exemplo, de um policial matar um criminoso quando este
tenta matar uma vítima. Aprendemos, na verdade, que não se trata de dever legal, visto que
essa previsão inexiste no Brasil. Em nenhum lugar da lei está escrito que o policial tem o dever
de matar alguém em serviço, certo?! Na verdade, quando um policial a serviço mata um crimi-
noso, levando em consideração as características da situação, ele está acobertado pela legítima
defesa sua ou de outrem. Isso, no Brasil, é lógico. Ocorre que a questão trata de um país que
admite o sujeito em serviço (o carrasco) matar alguém; logo, há previsão legal para tanto, razão
pela qual o sujeito age no estrito cumprimento do dever legal.
Exercício Regular de Direito
É o desempenho de uma atividade ou a prática de uma conduta autorizada em lei.
Art. 23, III, parte final, do Código Penal: “Não há crime quando o agente pratica o fato no exercí-
cio regular de direito.”
Exemplos:
˃˃ Tratamento médico ou intervenção cirúrgica.
˃˃ Ofendículos (Exercício regular do direito de defesa da propriedade).
Questão comentada
02. (CESPE) Por expressa disposição legal, não há crime quando o agente pratica o fato no exercí-
cio regular de direito ou em estrito cumprimento de dever legal.
Gabarito: Certo
˃˃
˃˃ C
omentário: Como vimos no artigo 23 do CP, não há crime quando o agente pratica o fato: “I
– em estado de necessidade; II – em legítima defesa; III – em estrito cumprimento de dever legal
ou no exercício regular de direito. Parágrafo único – O agente, em qualquer das hipóteses deste
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.” (Grifo nosso)
Excesso – O agente que extrapolar os limites das excludentes deve responder pelo resultado
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produzido de forma dolosa ou culposa.


Exemplo: João saca sua arma para matar Manoel. Este, prevendo o ocorrido, vale-se de sua arma
e atira primeiro, ferindo João. Mesmo após a cessação da agressão por parte de João, Manoel efetua
mais dois disparos de “confere”. Nessa situação, Manoel excedeu-se e deverá responder por homicí-
dio na modalidade dolosa.
EXERCÍCIOS
01. A responsabilidade penal do agente nas hipóteses de excesso doloso ou culposo aplica-se a
todas as seguintes causas de excludentes de ilicitude previstas no CP: estado de necessidade,
legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular do direito.
Certo ( ) Errado ( )
02. Considere que, para proteger sua propriedade, Abel tenha instalado uma cerca elétrica oculta
no muro de sua residência e que duas crianças tenha sido eletrocutadas ao tentar pulá-la. Nesse
caso, caracteriza-se exercício regular do direito de forma excessiva, devendo Abel responder
por homicídio culposo.
Certo ( ) Errado ( )
03. Haverá isenção de pena se o agente praticar o fato em estrito cumprimento do dever legal.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01. CERTO
02. ERRADO
03. ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Da Imputabilidade Penal������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Inimputáveis�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Da Culpabilidade����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Embriaguez�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Embriaguez Voluntária������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4

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Da Imputabilidade Penal
Inimputáveis
“Art. 26 – É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”
Redução de Pena:
“Parágrafo único – A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”

Da Culpabilidade
Conceito: quando falamos de imputabilidade penal, estamos falando de um dos elementos que
compõe a culpabilidade. A culpabilidade é a capacidade que o agente possui para poder receber
pena, ou, como muitos doutrinadores preferem afirmar: “É o juízo de reprovabilidade social, ou seja,
a censura que a sociedade faz sobre a conduta praticada pelo agente.”
→→ A culpabilidade possui os seguintes elementos:
• imputabilidade penal;
• potencial consciência da ilicitude;
• exigibilidade de conduta diversa.
É a capacidade de entender que o fato que está cometendo é tido como ilícito penal, ou, como o
Código diz: “De se determinar de acordo com esse entendimento”.
São imputáveis no Brasil os maiores de dezoito anos e os mentalmente sãos.
Questão Comentada
01 - (CESPE) A imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a potencial consciência da ilici-
tude são elementos da culpabilidade.
Gabarito: Certo
Comentário: O crime, em sua corrente tripartida, é dividido em fato típico, antijurídico e
culpável (culpabilidade). A culpabilidade, por sua vez, é dividida em imputabilidade, potencial cons-
ciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.
→→ Critérios (sistemas) para avaliação da inimputabilidade penal:
REGRA:
• Biopsicológico: não basta ser doente mental; no momento da ação ou omissão tem que
ser completamente (absolutamente) incapaz de compreender o que está fazendo. Exemplo:
imaginemos que o indivíduo possui atestado médico, atestando a loucura total. Contudo,
ao tomar os remédios, o indivíduo consegue entender todas as suas ações.
A pergunta aqui é: esse indivíduo é imputável ou inimputável?
Resposta: depende! Vamos aos casos.
• Caso 01: Imaginemos que o remédio tenha acabado e o indivíduo fique COMPLETAMEN-
TE louco e, em um ato insano, venha a esfaquear uma pessoa. Neste caso, será considerado
inimputável e não poderá receber pena. Aplica-se no caso a medida de segurança.
• Caso 02: Imaginemos que o indivíduo esteja interditado judicialmente por loucura
total. Contudo, naquele dia, ele se medicou e estava em estado de lucidez. Mesmo sendo
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considerado louco, ele entende no momento da ação ou omissão o ato criminoso, ou seja,
neste caso responderá pelo crime e terá pena.
Por esse motivo dizemos que não basta ser doente mental; para não receber pena tem que estar
absolutamente incapaz de entender o que estava fazendo.
→→ EXCEÇÃO
• Biológico: é aquele sistema que avalia somente os aspectos biológicos. Por esse motivo, os
menores de dezoito anos não podem receber pena, mesmo que no momento da ação ou
omissão criminosa entendam perfeitamente o que estão fazendo.
Observação: o Brasil adotou o sistema vicariante, ou bem aplicamos a pena ou bem aplicamos a
medida de segurança. É impossível a aplicação das duas medidas simultaneamente.
Questão Comentada
01 - (CESPE – 2013) Em relação à menoridade penal, o Código Penal adotou o critério puramente
biológico, considerando penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos de idade, ainda que
cabalmente demonstrado que entendam o caráter ilícito de seus atos.
Gabarito: Certo
Comentário: O Direito Penal brasileiro adota como regra o sistema biopsicológico (a respon-
sabilidade só é excluída se o agente, em razão de enfermidade ou retardamento mental, era, no
momento da ação, incapaz de entendimento ético-jurídico e autodeterminação). E como exceção
adota o sistema puramente biológico (condiciona a responsabilidade à saúde mental, à normalidade
da mente) para hipótese do menor de 18 anos. Falamos aqui em caráter absoluto para os menores de
18 anos de idade, pouco importando se eles tinham ou não entendimento do que estavam fazendo.
→→ Exclui a Imputabilidade
• Doença mental: é qualquer perturbação mental que tenha capacidade de influir no enten-
dimento do caráter ilícito do fato. Bons exemplos são as paranoias e psicoses descritas na
Medicina.
• Desenvolvimento mental incompleto ou retardado: é aquele desenvolvimento que ainda
não chegou ao amadurecimento social. Exemplo: os menores de dezoito anos.
• Desenvolvimento mental retardado: é a pessoa que está atrasada mentalmente em relação
aos indivíduos normais. Exemplo: os oligofrênicos.
• Embriaguez: embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior: a embria-
guez quando não voluntária e total exclui a capacidade de entendimento, excluindo conse-
quentemente a imputabilidade penal.
“II. A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
§1º – É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de de-
terminar – se de acordo com esse entendimento.”

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Embriaguez
• Completa ou Absoluta
• Caso Fortuito ou Força Maior ISENTO DE PENA
• Involuntária
Embriaguez Voluntária
Voluntária:
• Dolosa ou Culposa: na forma dolosa, o agente tem a intenção de beber para se embria-
gar. Já na culposa o agente bebe, mas não quer se embriagar, mas por excesso acaba se em-
briagando. Nessas duas situações o agente responde normalmente. Sem aumento e sem
diminuição.
• Preordenada: o agente propositadamente se embriaga para cometer uma infração penal.
A embriaguez é usada para tomar coragem para a prática de tal ato. Nesta modalidade o
agente responde com aumento de pena.
Aplica-se, nesses casos, o princípio da actio libera in causa.
Questão Comentada
01 - (CESPE) Tendo sido adotada a teoria da actio libera in causa pelo Código Penal, é permitida a
exclusão da imputabilidade do agente se a embriaguez não acidental for completa e culposa.
Gabarito: Errado
Comentário: Segundo o princípio da actio libera in causa, quem se coloca na condição volun-
tária de embriaguez responde pelo crime. Para que a embriaguez exclua a culpabilidade gerando a
isenção de pena, é necessário que ela seja involuntária (acidental) absoluta ou completa e proveniente
de caso fortuito ou força maior.
EXERCÍCIOS
01. O agente que, por exame pericial oficial, for reconhecido como inimputável não poderá ser
submetido à medida de segurança, porque é isento de pena.
Certo ( ) Errado ( )
02. É isento de pena o agente que, por embriaguez voluntária completa, era, ao tempo da ação ou
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.
Certo ( ) Errado ( )
03. A responsabilidade penal independe da imputabilidade do agente.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - ERRADO
02 - ERRADO
03 - ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Árvore do Crime��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Emoção e Paixão����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Menores de Dezoito Anos�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3

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Árvore do Crime

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Emoção e Paixão
“Art. 28 – Não excluem a imputabilidade penal:
I - A emoção ou a paixão;”
A emoção pode, em alguns casos, servir como diminuição de pena – privilégio – , como no caso
do homicídio privilegiado – Art. 121, §1º, CP. Os requisitos são: impelido relevante valor social ou
moral; logo após a injusta agressão da vítima; sob o domínio de violenta emoção da vítima.

Menores de Dezoito Anos


“Art. 27 – Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas esta-
belecidas na legislação especial.”
Os menores não sofrem sanção penal pela prática do ilícito, em decorrência da ausência de cul-
pabilidade. Estão sujeitos ao procedimento e às medidas socioeducativas previstas no ECA. Mesmo
descrito como crime e contravenção penal, é considerado ato infracional.
→→ ESQUEMA:

Exercícios
01. É correto afirmar que a emoção e a paixão não podem excluir a imputabilidade penal, de
acordo com o Código Penal.
Certo ( ) Errado ( )
02. É isento de pena o agente que, por desenvolvimento mental incompleto, embriaguez completa
decorrente de força maior, emoção ou paixão, era, ao tempo do crime, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Errado

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Noção Introdutória���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Normas Penais Incriminadoras���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Normais Penais Permissivas��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Normas Penais Complementares ou Explicativas���������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Estrutura do Código Penal�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Capítulo I - Dos Crimes Contra a Vida�������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Crimes Dolosos Contra a Vida�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Latrocínio���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Qualificadoras e o Aumento de Pena������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Infanticídio é uma Forma Privilegiada de Homicídio��������������������������������������������������������������������������������������������������4

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Noção Introdutória
A parte especial do Código Penal trata na sua essência dos crimes que são tipificados do artigo 121
ao 359-H. Contudo, inseridos nesses artigos, existem normas penais que não tratam de crimes. Sendo
assim, trazemos aqui as classificações mais importantes encontradas nessa parte do Código Penal.

Normas Penais Incriminadoras


Tratam especificamente de crimes, ou seja, são os artigos do código penal que incriminam a
conduta do agente.
»» Exemplo: A conduta do agente é classificada como preceito primário (artigo 121, Matar
Alguém). Não obstante, de acordo com o artigo 1º do CP é necessário a cominação da pena (6
a 20 anos) - preceito secundário –, para que a conduta tenha relevância.

Normais Penais Permissivas


São determinadas situações em que o agente pode cometer um fato considerado como crime,
mas não será típico, são causas de excludente de ilicitude da parte especial. NÃO se confundem com
as condutas praticadas na parte geral do CP (art. 23, 24 e 25), quais sejam: estado de necessidade,
legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de um direito.
»» Exemplo: O art. 128 do CP, que é causa excludente de ilicitude da parte especial, traz a
hipótese de uma modalidade de aborto que não será considerada criminosa, ou seja, nesse
caso para salvar a vida da mãe ou em situações decorrentes de estupro.

Normas Penais Complementares ou Explicativas


São normas que tem por objetivo explicar ou esclarecer determinados conceitos.
»» Exemplo: O art. 327 do CP - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais,
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública - que explica o que é funcionário público para fins penais.

Estrutura do Código Penal


Titulo I - Dos Crimes Contra a Pessoa
˃˃ CAPITULO I - DOS CRIMES CONTRA A VIDA
˃˃ CAPITULO II - DAS LESÕES CORPORAIS
˃˃ CAPITULO III - DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
˃˃ CAPITULO IV - DA RIXA
˃˃ CAPITULO V - DOS CRIMES CONTRA A HONRA
˃˃ CAPITULO VI - DOS CRIMES CONTRA LIBERDADE INDIVIDUAL
»» Seção I - Dos crimes contra liberdade pessoal
»» Seção II - Dos crimes contra a inviolabilidade do domicílio
»» Seção III - Dos crimes contra a inviolabilidade de correspondência
»» Seção IV - Dos crimes contra a inviolabilidade dos segredos
ATENÇÃO!
Algumas questões podem abordar essa classificação afirmando que um crime está inserido em
um título, capítulo ou seção, divergente da qual ele realmente esteja.
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Capítulo I - Dos Crimes Contra a Vida


Crimes Dolosos Contra a Vida
→→ Os crimes dolosos contra a vida, de acordo com a Constituição Federal: “Art. 5º XXXVIII - é reconhe-
cida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: d) a competência para o
julgamento dos crimes dolosos contra a vida;”. Dessa forma, são os ÚNICOS julgados pelo tribunal do
júri e se compõem dos seguintes crimes:
˃˃ Homicídio - Art. 121
˃˃ Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Art. 122
˃˃ Infanticídio - Art. 123
˃˃ Aborto
Art. 124 - Praticado pela gestante
Art. 125 - Sem o consentimento da gestante
Art. 126 - Com o consentimento da gestante
ATENÇÃO: O crime de latrocínio não é considerado um crime doloso contra a vida, e sim, crime
contra o patrimônio. Dessa forma, recebe a classificação de preterdoloso ou preterintencional, sendo
o crime de roubo com resultado morte (latrocínio), artigo 157, § 3º:

Latrocínio
§3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da
multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
→→ Considerações : diferença entre privilégio e causa supra legal de excludente de tipicidade.
Quando falamos do privilégio em termos penais, é uma situação em que ocorre diminuição de
pena. É DIFERENTE de quando mencionamos uma causa supra legal de excludente de tipicidade.
No privilégio o agente pratica uma conduta criminosa, contudo, diante dos fatos, de seus anteceden-
tes, ou da maneira que o cometeu, pode receber uma diminuição da pena, ou tê-la substituída, de
acordo com o crime praticado pelo agente.
Art. 155, §2° - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: § 2º - Se o criminoso é primário, e é de
pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de
um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Na causa supra legal de excludente de tipicidade, é quando a aplicação da pena ao acusado se faz
desnecessária diante do reduzido potencial lesivo do crime praticado.
»» Exemplo: “A”, desempregado, comete o furto de uma barra de chocolate em um supermerca-
do. Nessa situação, devido o valor do bem furtado ser pequeno (ínfimo), será absolvido com
base no princípio da insignificância.
ATENÇÃO!
Não confundir privilégio com principio da insignificância, sendo que, esse é uma causa suprale-
gal de excludente de tipicidade.

Qualificadoras e o Aumento de Pena


Qualificado: é quando ocorre um aumento na pena em abstrato, por exemplo: art. 121, caput,
Matar alguém; Pena reclusão, de 6 a 20 anos. No § 2°, homicídio QUALIFICADO; Pena reclusão de
12 a 30 anos.
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Aumento de pena: é quando a pena é aumentada em quantidades fracionárias, ou seja, tendo a


pena base fixada, ocorre um cálculo fracionário sobre essa. Por exemplo: a pena do art. 121 do CP é
aplicada de 6 - 20 anos, caso ocorra na hipótese do § 4° - aumento de 1/3 - sendo assim, se condenado
a 9 anos, com o aumento de pena (+ 1/3 de 9 anos), receberá uma pena de 12 anos.

Infanticídio é uma Forma Privilegiada de Homicídio


Nesse caso, a agente é detentora de uma qualidade específica que somente ela possuiu (própria mãe),
caso a conduta seja praticada por outra pessoa não incidirá nesse crime, salvo exceções (participação).
Art. 123 - Matar, sob a influência do ESTADO PUERPERAL, o PRÓPRIO FILHO, durante o parto ou
logo após.
Atenção: Caso a mãe mate o filho de outra pessoa, continuará respondendo por infanticídio
devido o artigo 20 § 3º do código penal, que versa sobre o erro sobre a pessoa, assim, respondera
como se o próprio filho tivesse matado!
EXERCÍCIOS
01. Tendo em vista a parte especial do CP, podemos afirmar que o aumento de pena é caracteriza-
do pelo aumento fracionário da pena, ou seja, muda-se através de uma fração.
Certo ( ) Errado ( )
02. Todos os crimes do título contra a pessoa são julgados pelo tribunal do júri.
Certo ( ) Errado ( )
→→ SUPER DICA:
Considerando que o Código Penal é uma norma descritiva e NÃO proibitiva, caso encontremos
em questões PALAVRAS RESTRITIVAS, como por exemplo: JAMAIS, SEMPRE, NUNCA, NE-
CESSARIAMENTE, existe uma grande tendência de a questão estar incorreta, pois, em matéria de
Direito dificilmente algo é absoluto, admitindo-se assim exceções.
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Continuação de Crimes Dolosos Contra a Vida����������������������������������������������������������������������������������������������2
Homicídio - Art. 121����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz - Art. 15������������������������������������������������������������������������������������������2
Homicídio Privilegiado - Art. 121, §1º Caso de Diminuição de Pena�������������������������������������������������������������������������2
Requisitos�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Homicídio Qualificado - Art. 121, §2º����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3

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Continuação de Crimes Dolosos Contra a Vida


Homicídio - Art. 121
Sujeito ativo:
“Art. 121 - Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.”
Sujeitos do Crime:
Referem-se a quem comete a ação ou a omissão; o núcleo do tipo é o verbo MATAR.
Quem pratica o elemento do tipo é considerado o autor do delito, segundo a TEORIA RESTRI-
TIVA (adotada atualmente no Código Penal).
Pode ser qualquer pessoa.
Sujeito passivo:
Pode ser qualquer pessoa, basta ser extrauterina.
ATENÇÃO!
Se for INTRAUTERINA, considera-se crime de aborto (Art. 124 a 126 do CP).
Pessoa MORTA não pode ser sujeito passivo, por absoluta impropriedade do objeto material.
Considera-se crime impossível, e o fato é atípico.
Exemplo: “A”, com intenção de matar “B”, vai até a casa de seu desafeto e desfere um disparo
contra “B”, que estava deitado. Todavia, “B” já estava morto.
Se cometido dolosamente e em razão da função, contra Presidente da República, Presidente do
Senado, Presidente da Câmara, Presidente de Supremo Tribunal Federal, configura crime contra a
Segurança Nacional - Art. 29 da Lei (7.170/83).
Consumação:
É alcançada no momento da morte da vítima, uma vez que é um crime instantâneo e de efeitos
permanentes. A prova de materialidade se dá por meio do exame Necroscópico ou Cadavérico.

Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz - Art. 15


O Código Penal permite que o agente mude seu animus (vontade) de cometer o crime, de modo a
não incidir no crime de homicídio, respondendo apenas pelos atos até então praticados.
Ocorre a desclassificação do homicídio (Art. 121), e o autor responde pelo crime de lesão corporal
(Art. 129).
“Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos já praticados.”
Exemplo: Tício, com intenção de matar Caio, desfere um tiro contra esse. Tício, podendo contin-
uar com a execução do crime, desiste voluntariamente de cometer o ato e, arrependido, leva Caio ao
hospital, salvando-lhe a vida.

Homicídio Privilegiado - Art. 121, §1º Caso de Diminuição de Pena


“§1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um
sexto a um terço.
a) Motivo de relevante valor SOCIAL.”

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Requisitos
Ocorre quando a causa do delito diz respeito ao interesse coletivo.
Exemplo: matar um traficante de drogas, que está viciando todas as crianças de uma escola;
matar um estuprador, que aterroriza as mulheres de uma pequena cidade.
“b) Motivo de relevante valor MORAL.”
Quando a causa do delito se refere ao interesse do próprio agente.
Exemplo: matar o estuprador de sua filha; matar o traficante que viciou seu filho.
“c) Sob o domínio de VIOLENTA EMOÇÃO, logo em seguida a injusta PROVOCAÇÃO da vítima.”
Não configura o privilégio, caso se pratique o crime sob a INFLUÊNCIA de violenta emoção ou
violenta PAIXÃO ou somente sob o domínio de EMOÇÃO.
Exemplo: o marido, ao chegar à sua casa, após um dia de trabalho, ouve ruídos estranhos vindo de
seu quarto. Ao entrar no cômodo, depara-se com a sua esposa que acabou de ser estuprada, e o crimi-
noso está fugindo pela janela. O marido, impelido por relevante VALOR MORAL e sob o DOMÍNIO
de violenta EMOÇÃO, após essa injusta PROVOCAÇÃO, mata o estuprador.
Se tomar ares de injusta AGRESSÃO, configurar-se-á LEGÍTIMA DEFESA, excluindo a antiju-
ridicidade do fato.
Exemplo: “A”, ao chegar da padaria, ouve sua mulher gritar no quarto, quando se depara com “B”,
que estuprava a mulher de “A”. Este vem a disparar um tiro de revólver contra “B” para PROTEGER
o direito de outrem de PERIGO ATUAL.

Homicídio Qualificado - Art. 121, §2º


“§2° - Se o homicídio é cometido:
I. mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II. por motivo fútil;
III. com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum.”

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Continuação de Crimes Dolosos Contra a Vida����������������������������������������������������������������������������������������������2
Homicídio - Art. 121����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz - Art. 15������������������������������������������������������������������������������������������2
Homicídio Privilegiado - Art. 121, §1º Caso de Diminuição de Pena�������������������������������������������������������������������������2
Requisitos�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Homicídio Qualificado - Art. 121, §2º����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3

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Continuação de Crimes Dolosos Contra a Vida


Homicídio - Art. 121
Sujeito ativo:
“Art. 121 - Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.”
Sujeitos do Crime:
Referem-se a quem comete a ação ou a omissão; o núcleo do tipo é o verbo MATAR.
Quem pratica o elemento do tipo é considerado o autor do delito, segundo a TEORIA RESTRI-
TIVA (adotada atualmente no Código Penal).
Pode ser qualquer pessoa.
Sujeito passivo:
Pode ser qualquer pessoa, basta ser extrauterina.
ATENÇÃO!
Se for INTRAUTERINA, considera-se crime de aborto (Art. 124 a 126 do CP).
Pessoa MORTA não pode ser sujeito passivo, por absoluta impropriedade do objeto material.
Considera-se crime impossível, e o fato é atípico.
Exemplo: “A”, com intenção de matar “B”, vai até a casa de seu desafeto e desfere um disparo
contra “B”, que estava deitado. Todavia, “B” já estava morto.
Se cometido dolosamente e em razão da função, contra Presidente da República, Presidente do
Senado, Presidente da Câmara, Presidente de Supremo Tribunal Federal, configura crime contra a
Segurança Nacional - Art. 29 da Lei (7.170/83).
Consumação:
É alcançada no momento da morte da vítima, uma vez que é um crime instantâneo e de efeitos
permanentes. A prova de materialidade se dá por meio do exame Necroscópico ou Cadavérico.

Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz - Art. 15


O Código Penal permite que o agente mude seu animus (vontade) de cometer o crime, de modo a
não incidir no crime de homicídio, respondendo apenas pelos atos até então praticados.
Ocorre a desclassificação do homicídio (Art. 121), e o autor responde pelo crime de lesão corporal
(Art. 129).
“Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se
produza, só responde pelos atos já praticados.”
Exemplo: Tício, com intenção de matar Caio, desfere um tiro contra esse. Tício, podendo contin-
uar com a execução do crime, desiste voluntariamente de cometer o ato e, arrependido, leva Caio ao
hospital, salvando-lhe a vida.

Homicídio Privilegiado - Art. 121, §1º Caso de Diminuição de Pena


“§1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um
sexto a um terço.
a) Motivo de relevante valor SOCIAL.”

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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Requisitos
Ocorre quando a causa do delito diz respeito ao interesse coletivo.
Exemplo: matar um traficante de drogas, que está viciando todas as crianças de uma escola;
matar um estuprador, que aterroriza as mulheres de uma pequena cidade.
“b) Motivo de relevante valor MORAL.”
Quando a causa do delito se refere ao interesse do próprio agente.
Exemplo: matar o estuprador de sua filha; matar o traficante que viciou seu filho.
“c) Sob o domínio de VIOLENTA EMOÇÃO, logo em seguida a injusta PROVOCAÇÃO da vítima.”
Não configura o privilégio, caso se pratique o crime sob a INFLUÊNCIA de violenta emoção ou
violenta PAIXÃO ou somente sob o domínio de EMOÇÃO.
Exemplo: o marido, ao chegar à sua casa, após um dia de trabalho, ouve ruídos estranhos vindo de
seu quarto. Ao entrar no cômodo, depara-se com a sua esposa que acabou de ser estuprada, e o crimi-
noso está fugindo pela janela. O marido, impelido por relevante VALOR MORAL e sob o DOMÍNIO
de violenta EMOÇÃO, após essa injusta PROVOCAÇÃO, mata o estuprador.
Se tomar ares de injusta AGRESSÃO, configurar-se-á LEGÍTIMA DEFESA, excluindo a antiju-
ridicidade do fato.
Exemplo: “A”, ao chegar da padaria, ouve sua mulher gritar no quarto, quando se depara com “B”,
que estuprava a mulher de “A”. Este vem a disparar um tiro de revólver contra “B” para PROTEGER
o direito de outrem de PERIGO ATUAL.

Homicídio Qualificado - Art. 121, §2º


“§2° - Se o homicídio é cometido:
I. mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II. por motivo fútil;
III. com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum.”

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ÍNDICE
Capítulo II - Das Lesões Corporais�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Lesão Corporal - Art. 129�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2

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Capítulo II - Das Lesões Corporais


Lesão Corporal - Art. 129
O crime de lesão corporal, descrito no Art. 129, é uma das maiores tipificações existentes no
Código Penal, versando sobre diversas circunstâncias referentes às lesões. Para facilitar, vejamos
como esse artigo está disposto nas suas formas mais relevantes:
˃˃ Lesão corporal de natureza leve - Art. 129, caput.
˃˃ Lesão corporal de natureza grave - Art. 129, §1º.
˃˃ Lesão corporal de natureza gravíssima - Art. 129, §2º. (classificação doutrinária).
˃˃ Lesão corporal seguida de morte - Art. 129, §3º. (qualificada pelo resultado).

Lesão corporal de natureza leve - Art. 129, caput


“Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.”
O caput do artigo 129 versa sobre a lesão corporal de natureza leve. O elemento subjetivo no
crime de lesão corporal é o animus laedendi (intenção de lesionar).

Lesão Corporal de Natureza Grave - Art. 129, §1º


“§1º - Se resulta:
I. Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;”

Deve ser realizado exame complementar de perícia DEPOIS de decorridos os 30 dias, contado da
data do crime, ou seja, no 31º dia.
“II. perigo de vida;”
O perigo de vida deve ser uma possibilidade concreta e imediata de a vítima morrer em conse-
quência do ato delituoso.
Ex.: “A”, com intenção de lesionar “B”, atira com arma de fogo em direção ao ombro de “B”. No
entanto, acerta o pescoço causando-lhe perigo de vida.
“III. debilidade permanente de membro, sentido ou função; diminuição ou enfraquecimento da capa-
cidade funcional.”

Ex.: perda de um olho; perda de um dedo.

Na hipótese de órgãos duplos, a perda de um deles caracteriza lesão grave pela debilidade
permanente. Nesse caso, é duradoura e de recuperação incerta.

“IV. aceleração de parto:”

Feto nasce antes do período normal em razão da lesão corporal. A criança nasce viva e continua
a viver. O elemento subjetivo do agente é a lesão corporal.
OBS.: situação hipotética: “A” desfere um chute na barriga da gestante “B”, que está no oitavo mês
de gestação. Nesse caso “A” responde pelo artigo 125 CP (aborto sem o consentimento da vítima)
na modalidade dolo eventual, uma vez que “A” tinha a consciência de que poderia, com sua ação,
provocar o resultado. Na situação em tela, o elemento subjetivo do agente é o aborto.
“Pena - reclusão, de um a cinco anos.”

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Lesão Corporal de Natureza Gravíssima - Art. 129, §2º (Classificação


Doutrinária)
“§2° - Se resulta:

I. Incapacidade permanente para o trabalho;”

A expressão “para o trabalho” permite inferir que a vítima fica impossibilitada de exercer qualquer
tipo de trabalho.

“II. enfermidade incurável;”

Alteração da saúde, ocorrendo por meio de processo físico, psíquico ou patológico, ou seja,
situação em que a Medicina ainda não encontrou a cura.

“III. perda ou inutilização do membro, sentido ou função;”

Exemplo: perda de uma perna (membro), dos dois olhos (sentido) inutilização dos rins (função).

“IV. deformidade permanente;”

Exemplo: “A”, com intenção de lesionar sua esposa, joga óleo quente em seu rosto, que fica deformado
permanentemente.

IMPORTANTE!

Lesão corporal qualificada pela deformidade permanente


Doutrina majoritária, composta por Damásio de Jesus, Luiz Regis Prado, Julio Fabbrini
Mirabete, entre outros, defende que a caracterização do Art. 129, § 2.º, IV, CP deve ter como guia
o critério estético. Os partidários desta linha de pensamento exigem que a subsunção a essa figura
típica depende do fato de a lesão causar à vítima alteração física permanente, “indelével e irrecupe-
rável pela atuação do tempo ou da Medicina”. Acrescentam ainda que essa deformação, produzida
no ofendido em regiões visíveis do corpo (isto é, lugares habitualmente não cobertos por roupas/
acessórios), deve ser capaz de lhe expor a constrangimentos ou situações vexatórias. É o entendi-
mento predominante, mencionado pela família Delmanto (Código Penal Comentado. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 478-479). Muito embora geralmente se diga que a deformidade deva estar em local
visível do corpo, também caracteriza a lesão gravíssima com base no inciso IV do § 2.º do Art. 129 do
CP quando o dano estiver à vista somente em situações de intimidade, como adverte Rogério Greco
(Código Penal comentado. 9.ª ed. Niterói: Impetus, 2011, p. 298).
Há quem entenda que a efetiva reparação da deformidade por cirurgia plástica descaracterizaria a
qualificadora. Divergindo dessa concepção, a 6.ª Turma do STJ decidiu que “A realização de cirurgia estética
posteriormente à prática do delito não afeta a caracterização, no momento do crime constatada, de lesão
geradora de deformidade permanente, seja porque providência não usual (tratamento cirúrgico custoso e de
risco), seja porque ao critério exclusivo da vítima” (HC 306.677/RJ, j. 19.05.2015). Isto é: se a vítima passar por
cirurgia de cunho estético e eliminar ou reduzir a deformidade sofrida, subsistirá a qualificadora, tendo em
vista que a valoração do fato criminoso deverá ocorrer à luz do momento em que se consumou.

“V. aborto:”

Vale ressaltar que esse inciso se refere a um resultado culposo, visto que se trata de crime
preterdoloso. É a lesão corporal agravada pelo aborto, em que o agente procede com DOLO na conduta
de lesionar e CULPA no resultado agravador aborto.

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“Pena - reclusão, de dois a oito anos.”

ATENÇÃO, ALUNO!

Vejamos, agora, as principais diferenças entre a lesão corporal de natureza grave (§1º) e a de
natureza gravíssima (§2º), e quais são os pontos de maior relevância para estudarmos.

Lesão Corporal Seguida de Morte - Art. 129, §3º


“§3° - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu
o risco de produzi-lo:”

Esse crime é o de lesão corporal QUALIFICADA pela morte. É um crime propriamente


preterdoloso ou preterintencional. Dolo no antecedente (lesão corporal); o resultado se dá por meio da
culpa (morte). Não se admite tentativa.

“Pena - reclusão, de quatro a doze anos.”

Diminuição de Pena - Art. 129, §4º


“§4° - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.”

É a lesão corporal PRIVILEGIADA, tendo as mesmas circunstâncias que o privilégio do homicídio


(Art. 121, §1º do CP). É cabível apenas nas modalidades dolosas, qualquer que seja sua modalidade.

“Art. 121. Matar alguém:

        Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

        § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.”

Substituição da Pena - Art. 129, §5º


“§5° - O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa:

I. se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;”

Para ocorrer a substituição da pena nessa hipótese, as lesões não podem ser graves e deve haver a
incidência do privilégio (causa de diminuição de pena).
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“II. se as lesões são recíprocas.”

Um indivíduo agride o outro e, cessada essa primeira agressão, ocorre outra lesão pela primeira
vítima.

Lesão Corporal Culposa - Art. 129, §6º


“§6° - Se a lesão é culposa:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.”

Cometido por negligência, imprudência ou imperícia que remete ao crime culposo – Art. 18, II,
CP.

“Art. 18 - Diz-se o crime:

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.”

Aumento de Pena - Art. 129, §7º


§7º - Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4°e 6° do Art. 121
deste Código.”

Se ocorrerem as circunstâncias do aumento de pena do homicídio, que estão previstas nos §§ 4º


e 6º do Art. 121, a pena é aumentada de 1/3.

 “Art. 121. Matar alguém:

 Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

§ 4º- No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 

§ 6º-  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada,
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.”

“§8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do Art. 121.”

Convém fazer menção ao perdão judicial do homicídio, quando as consequências da infração


atingirem o próprio agente de maneira tão grave, que a sansão penal se torne desnecessária. Essa
condição é aplicada somente na lesão CULPOSA.

“Art. 121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências


da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.”

Violência Doméstica - Art. 129, §§ 9º, 10º e 11º


“§9º - Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade:
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Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.”

Apontamentos:
Toda vez que ocorrer violência doméstica e a vítima for do sexo feminino, não será aplicado o
Art. 129, §9º do CP. Aplica-se, no entanto, o Art. 1º da Lei 11.340/2006 em decorrência do princípio
da especialidade.
“Art. 1o  Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos do § 8º do Art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República
Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência domés-
tica e familiar.”
→→ No caso de união estável homoafetiva, é necessário observar as seguintes situações:
˃˃ Se a união se der entre dois homens, aplicar-se-á o Art. 129, §9º do CP. Isso porque a Lei
11.340/2006 não se aplica ao sexo masculino, já que esta se refere à mulher.
˃˃ Situação diferente ocorre quando a união ocorre entre duas mulheres. Nesse caso, a Lei
11.340/2006 será aplicada. Isso se deve à existência de uma qualidade especial, quanto ao sujeito
passivo ser mulher.
A violência doméstica, que foi inserida pela Lei 10.886/04, não é considerada um crime autônomo,
visto que sua elementar ainda é a lesão, porém, é cometida contra pessoas específicas e determinadas.
“§10º - Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º
deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).”

Se a lesão for de natureza grave, gravíssima ou com resultado de morte contra ascendente, des-
cendente, cônjuge ou companheiro, irmão, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou ainda, pre-
valecendo-se o agente das relações domésticas de coabitação ou de hospitalidade, a pena aumenta-se
de 1/3 (um terço).
“§ 11º - Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência”.

Se do crime resultar lesão grave, gravíssima ou morte e for cometido contra deficiente nas
circunstâncias do §9º, a pena é aumentada.

Aumento de Pena - Art.129 §12º


“§ 12º. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos  Arts. 142 e 144 da Constitui-
ção Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro
grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.”

Constitui aumento de pena de um a dois terços, incluído pela Lei nº 13.142, de 2015, caso a lesão
corporal seja praticada contra:
→→ Requisitos:
˃˃ Membros das Forças Armadas (Art. 142).
˃˃ Membros dos órgãos de segurança pública (Art. 144).
˃˃ Integrantes do sistema prisional.

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˃˃ Força Nacional de Segurança.

OBS.: o Art. 129, §º 12 foi inserido na Lei dos Crimes Hediondos, nº 8.072/1990, Art. 1º inciso 1-A.

“Art. 1o- São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848,
consumados ou tentados:

I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (Art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte
(Art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos Arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;” 

FIQUE LIGADO!

É importante ressaltar que, no caso dos integrantes do sistema prisional, abrange tanto os agentes
que praticam a atividade-fim (agente penitenciário), quanto os que realizam a atividade-meio (psicó-
logo, enfermeiro, dentista).
Elemento subjetivo: é indispensável que o agressor saiba da função pública exercida e queira
cometer o crime contra o agente que está no exercício da função ou em decorrência dela.
Sujeito Ativo: crime comum (qualquer pessoa).
Sujeito Passivo: autoridade ou agente descritos nos Arts. 142 e 144,  integrantes do sistema prisio-
nal, da Força Nacional de Segurança ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente até o 3º grau.

EXERCÍCIOS

01. O crime de lesão corporal praticado por um indivíduo contra seu irmão, no âmbito doméstico,
configura apenas o crime de lesão corporal simples, dada a inaplicabilidade da Lei Maria da
Penha em casos em que a vítima seja do sexo masculino.
Certo ( ) Errado ( )
02. Paulo, após discussão com sua colega de trabalho Regina, que estava grávida, desferiu-lhe um
chute com a intenção de apenas machucá-la. Entretanto, em decorrência da conduta de Paulo,
Regina entrou antecipadamente em trabalho de parto. Sendo assim, é possível caracterizar o
delito como lesão corporal de natureza grave.
Certo ( ) Errado ( )
03. Considere a seguinte situação hipotética: Alex agrediu fisicamente seu desafeto, Lúcio, cau-
sando-lhe vários ferimentos, e, durante a briga, decidiu matá-lo, efetuando um disparo com
sua arma de fogo, sem, contudo, acertá-lo. Nessa situação hipotética, Alex responderá pelos
crimes de lesão corporal em concurso material com tentativa de homicídio.
Certo ( ) Errado ( )
04. A lesão corporal classifica-se como gravíssima se apresenta como consequência a debilidade
permanente de membro.
Certo ( ) Errado ( )
05. Por ausência de previsão legal, não se admite a aplicação do instituto do perdão judicial ao
delito de lesão corporal, ainda que culposa.
Certo ( ) Errado ( )
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GABARITO
01 - ERRADO
02 - CERTO
03 - ERRADO
04 - ERRADO
05 - ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Capítulo III – Da Periclitação da Vida e da Saúde�������������������������������������������������������������������������������������������2
Perigo de Contágio Venéreo – Art. 130���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Perigo de Contágio de Moléstia Grave – Art. 131����������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem – Art. 132�������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Abandono de Incapaz – Art. 133�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Exposição ou Abandono de Recém-Nascido – Art. 134�����������������������������������������������������������������������������������������������3
Omissão de Socorro – Art. 135����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Omissão de Socorro no Trânsito�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar Emergencial – Art. 135-A������������������������������������������������5
Maus-tratos – Art. 136������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Capítulo IV – Da Rixa�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������6
Rixa – Art. 137��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������6

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Capítulo III – Da Periclitação da Vida e da Saúde


Perigo de Contágio Venéreo – Art. 130
Art. 130 – EXPOR alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a CONTÁGIO de
moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Deve ser cometido por relações sexuais ou qualquer outro ato LIBIDINOSO obrigatoriamente.
A pessoa não pode ter a intenção direta de transmitir, somente EXPOR. Caso tenha a intenção,
ocorre a qualificadora do § 1º.
§1º – Se é intenção do agente transmitir a moléstia: (qualificadora)
O agente tem a intenção de transmitir a moléstia.
Se resultar lesão corporal LEVE, o agente responderá apenas pelo delito de perigo capitulado
nesse parágrafo. Se gerar lesão corporal de natureza GRAVE, responderá pelo art., 129, §1º.
ATENÇÃO: Segundo decisão unânime da 5º turma do STJ, a TRANSMISSÃO CONSCIENTE
do vírus HIV configura lesão corporal grave no conceito de doença incurável (art. 129, §2º, II
do CP) não havendo em se falar de crime de perigo de contágio venéreo (art. 130 do CP) ou de
perigo de contágio de moléstia grave (art. 131 do CP). (HC 160982/DF de 17 de maio de 2012).
No caso de o agente transmitir o vírus já com a intenção de CAUSAR A MORTE da vítima,
é pacífico o entendimento que após a transmissão, tem-se configurada a tentativa de homicídio
enquanto a vítima estiver viva e homicídio consumado se a mesma vier a morrer.
˃˃ A tentativa é plenamente aceitável.
»» Exemplo: “A”, tentando manter relação sexual com “B”, e por circunstâncias alheias a sua
vontade o agente tem problemas de ereção e o crime não vem a se consumar.
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º – Somente se procede mediante representação.
É considerado um crime de ação penal pública condicionada à representação
˃˃ Concurso de Crimes:
O agente que sabe ou devendo saber da contaminação por moléstia venérea, comete o estupro,
responde pelo estupro (art. 213 do CP) em concurso formal com o crime de perigo de contágio
venéreo (art. 130 do CP).
˃˃ Se o agente tiver a intenção de transmitir e comete o estupro, mas NÃO CONSEGUE transmitir
a moléstia, responde pelo crime de perigo de contágio venéreo (art. 130, §1º do CP) em concurso
com estupro (art. 213 do CP).
˃˃ Quando o agente tem a intenção de transmitir, comete o estupro e consegue transmitir a
moléstia, responde pelo artigo 234-A, IV, excluindo o crime de perigo.

Perigo de Contágio de Moléstia Grave – Art. 131


Art. 131 – Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz
de produzir o contágio:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Qualquer outro tipo de ato que não seja libidinoso ou sexual.
»» Exemplo: Um beijo, aperto de mão, abraço.
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Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem – Art. 132


Art. 132 – Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Fazer alguma coisa em pessoa CERTA E DETERMINADA que cause perigo
Só reponde por esse crime se não ocorrer um crime mais grave. (CRIME ACESSÓRIO).
Parágrafo único – A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de
outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos
e qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.
»» Exemplo: O aumento se aplica em caso de acidente envolvendo o transporte de boias-frias em
que o veiculo esta fora das normas legais do Código de transito brasileiro (CTB).

Abandono de Incapaz – Art. 133


Art. 133 – Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer
motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena – detenção, de seis meses a três anos.
É necessária uma relação de interdependência entre o agente e a vítima.
CUIDADO: Se o agente NÃO TEM O DEVER de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade,
responderá no crime de omissão de socorro (art. 135 do CP) e se tiver intenção de ocultar
desonra própria, incide no crime de exposição ou abandono de recém nascido (art. 134 do
CP).
Pode ser cometido por ação e por omissão.
§1º – Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
§2º – Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de Pena
§3º – As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I. se o abandono ocorre em lugar ermo;
II. se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
III. se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos

Exposição ou Abandono de Recém-Nascido – Art. 134


Art. 134 – Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Pena – detenção, de seis
meses a dois anos.
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Se o crime for cometido contra recém-nascido mas com fim diverso do elemento normativo “ocultar
desonra própria”, tais como excesso de filhos ou extrema pobreza, restará caracterizado o
crime de abandono de incapaz (art. 133 do CP).

O crime se consuma no momento em que o recém-nascido é submetido a perigo concreto.


§1º – Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – detenção, de um a três anos.
§2º – Se resulta a morte:
Pena – detenção, de dois a seis anos.

São qualificadoras estritamente preterdolosas. (dolo no antecedente e culpa no consequente).

Omissão de Socorro – Art. 135


Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir,
nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.

É um dos crimes omissivos próprios do Código Penal.


O agente que PODENDO prestar socorro sem risco pessoal e podendo pedir auxílio para pessoa
em desamparo ou em grave e iminente perigo e não o faz, responderá pelo crime de omissão de
socorro. (art. 135, caput).
˃˃ Vítimas:
»» Criança abandonada
»» Criança extraviada
»» Pessoa inválida – se for idoso (art. 97 – lei 10741/03)
»» Pessoa ferida/abandonada
»» Pessoa em grave e iminente perigo
ATENÇÃO: Caso a pessoa abandonada seja IDOSA, aplica-se o crime do Art. 97 da lei
10.741/03:
“Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de
iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não
pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.”

Aumento de Pena
Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.

Trata-se de crime preterdoloso, respondendo o agente pelo dolo, e o resultado agravador de forma
culposa (lesão corporal grave ou morte).
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Omissão de Socorro no Trânsito


Art. 304 – Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima,
ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais
grave.
Parágrafo único – Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão
seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar Emergencial –


Art. 135-A
Art. 135-A. – EXIGIR cheque-calção, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento
prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico – hospitalar
emergencial:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
Crime inserido pela lei 12.653 de 28 de maio de 2012.
É um crime próprio, praticado por funcionário de hospital ou profissional da saúde, não exigindo
que seja unicamente um médico.
A condição da vítima deve ser emergencial.

Maus-tratos – Art. 136


Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim
de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados in-
dispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de
correção ou disciplina:
Pena – detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
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Não confundir com o crime de tortura, quando alguém sob guarda, vigilância ou autoridade e
é submetido com o emprego de violência ou grave ameaça a INTENSO sofrimento físico ou mental
para aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo (Lei 9.455/97, art. 1º, inc. II).
§1º – Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de um a quatro anos.
§2º – Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
§§ 1º e 2º versam o preterdolo.
§3º – Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14(catorze)
anos.
Causa especial de aumento de pena, adicionada pela lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Ado-
lescente.

Capítulo IV – Da Rixa
Rixa – Art. 137
Art. 137 – Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único – Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
É necessário que três (03) ou mais pessoas façam parte da rixa, sendo ao menos uma delas imputável.
Não pode haver grupo definido, sendo esse crime classificado como de condutas contrapostas (uns
contra os outros).
Cada contentor é sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo no crime de rixa.
É um crime de concurso necessário.
Mesmo que o contentor tenha ido embora da rixa e alguém morrer, esse irá responder por rixa qua-
lificada pela morte.
Exercícios
01. No crime de rixa, a coautoria é obrigatória, pois a norma incriminadora reclama como
condição obrigatória do tipo a existência de pelo menos três autores, sendo irrelevante que um
deles seja inimputável.
Certo ( ) Errado ( )
02. O crime de omissão de socorro é classificado como omissivo impróprio
Certo ( ) Errado ( )
03. No abandono de incapaz ocorre o aumento de pena se a vítima é maior de 60 anos.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Errado
03 - Certo

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Dos Crimes Contra a Pessoa ..............................................................................................................................2
Dos Crimes Contra a Liberdade Pessoal .........................................................................................................................2

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Dos Crimes Contra a Pessoa


Dos Crimes Contra a Liberdade Pessoal
Constrangimento Ilegal
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que
ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Aumento de Pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem
mais de três pessoas, ou há emprego de armas. (verificar porque falei 3 ou mais)
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se
justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Informações: O crime se dá com a imposição ilegal à vítima de um comportamento certo e de-
terminado que pode ser omissivo ou comissivo. Não existe a previsão legal de crime culposo nessa
figura típica. Contudo, pode ocorrer a tentativa.
O § 1º da causa de aumento de pena e exige no máximo 4 pessoas e a exasperação pode ser aplicada
quando se tratar de arma própria (feita para produzir lesões, como por exemplo um revólver) ou im-
própria (não foi feita para produzir lesões mas pode ser usada para essa fim, exemplo uma faca).
A Ação penal é incondicionada a representação.
→ Observações Importantes:
˃ Não há crime quando o constrangimento objetiva impedir a realização de ação ou omissão
proibida pela lei – quem age assim esta acobertado por uma excludente de ilicitude de exercício
regular de um direito (art. 23, III, do CP).
˃ Há o constrangimento quando o agente age para evitar ato apenas imoral da vítima
˃ Se o comportamento da vítima puder ser exigido por meio de ação judicial teremos o exercício
arbitrário das próprias razões (CP, art. 345).
˃ Se o sujeito for funcionário público no exercício de suas funções responderá por abuso de auto-
ridade lei. 4898/65.
˃ Se o sujeito passivo for menor, deve-se observar o Estatuto da Criança e do Adolescente, que
em seu artigo 232 dispõe que é conduta delitiva submeter criança ou adolescente sob sua au-
toridade, guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento. Observe que há causa especi-
ficadora: a pena do artigo 232 só será aplicada se a criança ou o adolescente estiver sob autoridade,
guarda ou vigilância do agente; assim, não havendo a causa especificadora, aplica-se o artigo 146 do
Código Penal.
Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-
lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
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Informações: O mal aqui deve ser feito de forma séria ou fundada. A ameaça pode ser direta,
indireta, explícita, implícita ou condicional. O texto legal não trouxe a previsão da forma culposa.
Podemos admitir a tentativa no caso da forma escrita. O que se tutela aqui é a liberdade da pessoa
humana, ou seja, a paz de espírito.
O mal tem que ser injusto, ou seja, aquele que a vítima não esta obrigado a suportar, pode ser
tanto ilícito quando imoral.
O sujeito passivo deve ser pessoa certa e determinada, quando proferida para um grupo de
pessoas podemos ter o concurso formal de crimes.
O crime é formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado. Basta que o agente queira
intimidar e tenha capacidade para isso.
Observação: A ameaça feita contra o Presidente da República, do Senado, da Câmara dos Depu-
tados e do STF constitui crime contra a Segurança Nacional.
Sequestro e Cárcere Privado
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.

Qualificadoras
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
anos;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou
moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Informações: O consentimento da vítima – se válido – exclui o crime em regra.
Diferença entre Sequestro e Cárcere Privado
No sequestro a vítima tem maior liberdade de locomoção (vítima presa numa fazenda). Já no
cárcere privado, a vítima vê-se submetida a uma privação de liberdade num recinto fechado, como
por exemplo: dentro de um quarto ou armário.
Diferença entre Detenção e Retenção
Na detenção priva-se a vítima da liberdade, levando ela para algum lugar. Já na retenção impede-
se a vítima de sair de um determinado lugar.
É considerado crime subsidiário, ou seja, só vai existir se não ocorrer crime mais grave, como por
exemplo o crime de extorsão mediante sequestro.
Redução a Condição Análoga à de Escravo
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados
ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por
qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
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§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:


I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
de trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais
do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I – contra criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.
Informações: Aqui não existe a escravidão, mas sim a condição semelhante a essa (escravo – que
é elemento normativo do tipo) Assim, é imprescindível a supressão da vontade da vítima.
EXERCÍCIOS
01. O delito de sequestro e cárcere privado, inserido entre os crimes contra a pessoa, constitui
infração penal de ação múltipla, e a circunstância de ter sido praticado contra menor de dezoito
anos de idade qualifica o crime.
Certo ( ) Errado ( )
02. Considere que Jonas encarcere seu filho adolescente, usuário de drogas, em um dos cômodos
da casa da família, durante três dias, para evitar que ele volte a se drogar. Nesse caso, Jonas
pratica o crime de cárcere privado.
Certo ( ) Errado ( )
03. João, preso em flagrante pela prática do crime de roubo, foi encaminhado à delegacia de
polícia, onde apresentou a carteira nacional de habilitação para identificar-se, visto que não
portava sua carteira de identidade. Ainda assim, o delegado determinou que João fosse sub-
metido à perícia dactiloscópica. Ao determinar a identificação criminal de João, o delegado
praticou o delito de constrangimento ilegal.
Certo ( ) Errado ( )
04. Uma barraca de camping que seja habitada por uma família por alguns dias não se equipara à sua
casa para fins da prática do delito de violação de domicílio, visto que seus habitantes não a ocupam
em caráter permanente.
Certo ( ) Errado ( )
05. Na doutrina, distinguem-se as figuras sequestro e cárcere privado, afirmando-se que o
primeiro é o gênero do qual o segundo é espécie. A figura cárcere privado caracteriza-se pela
manutenção de alguém em recinto fechado, sem amplitude de locomoção, definição esta mais
restrita que a de sequestro.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - ERRADO
02 - ERRADO
03 - ERRADO
04 - ERRADO
05 - CERTO

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ÍNDICE
Título II – Dos Crimes Contra o Patrimônio II�����������������������������������������������������������������������������������������������2
Capítulo I – Do Furto��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Introdução����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Furto Simples�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Furto Noturno – Art. 155 §1º���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Furto Privilegiado – Art. 155, §2º�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Equiparação de Energia – Art. 155, §3º����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Furto Qualificado – Art. 155, §4º��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Furto de Coisa Comum – Art. 156, §§ 1º e 2º�������������������������������������������������������������������������������������������������������������6

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Título II – Dos Crimes Contra o Patrimônio II


Capítulo I – Do Furto
O Título II referente à parte especial do código penal diz respeito aos crimes contra o patrimônio
e estão descritos do artigo 155 até o artigo 182 do referido diploma legal.
Introdução
Para iniciar o estudo dos crimes contra o patrimônio vamos partir do artigo 155, que traz a
figura típica do crime de furto, iremos abordar seus requisitos, as elementares que estão dispostas
nos parágrafos subsequentes e que tipificam essa conduta no Código Penal.
Art. 155 – É o crime de furto na sua modalidade simples.
§1º – furto noturno
Causa de aumento de pena.
§2º – furto privilegiado
Causa de diminuição de pena.
§3º – equiparação de energia
É uma norma explicativa que equipara a conduta a outras modalidades.
§4º – qualificadoras
Situações em que a pena base será aumentada.
§5º – qualificadora especial
Trata-se de uma figura qualificadora específica, utilizada em situações determinadas.
§6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de
produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.

Furto Simples
Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
→→ Elementos:
˃˃ Conduta típica: Pode-se entender, de forma simples, como sendo o núcleo da figura típica, o
verbo, nesse caso a SUBTRAÇÃO.
˃˃ Objeto material: é o elemento sobre o qual recai a conduta do agente, nessa situação, no crime
de furto, é a coisa MÓVEL, o objeto passível de assenhoramento de forma ilícita do bem.
ATENÇÃO ALUNO!
NÃO existe furto de bem IMÓVEL, poderá configurar em outro crime, menos, o crime de furto.
˃˃ Coisa alheia: Para configurar o crime de furto, faz-se necessário que o objeto furtado seja de
terceira pessoa, não existe a possibilidade de furtar um objeto próprio.
˃˃ Exemplo: “A”, com intenção de furtar uma relojoalheria, dirige-se a essa. Enquanto experi-
mentava marcas extremamente valiosas, aproveita o momento de descuido do vendedor para
tentar substituir um relógio original pelo seu, uma réplica perfeita. Contudo, por ERRO – delito
putativo –, acaba apanhando seu próprio relógio.
Nessa situação NÃO houve crime, pois o agente ERROU sobre um dos elementos do tipo –
subtrair coisa alheia (subtraiu coisa própria) móvel – Dizemos “delito putativo” porque na cabeça do
agente, ele imaginava estar praticando furto.

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Elemento subjetivo: É o desejo, à vontade, o assenhoramento definitivo do bem, passa a conside-


rar-se como dono do objeto obtido de forma ilícita.
→→ Quadro explicativo

→→ Observações:
˃˃ Res nullius: são objetos que nunca foram de propriedade de outra pessoa, ou seja, nunca tiveram
dono.
»» Exemplo: Um lago em determinada região, sem ser de propriedade de ninguém, caso você
decida pescar nesse ambiente, não será considerado crime
˃˃ Res derelicta: caso um objeto seja abandonado, também não será objeto de furto, pois, o antigo
proprietário não poderá dispor novamente do bem.
»» Exemplo: Suponhamos que você abandone um televisor para que a coleta de lixo o recolhe,
alguém observa e posteriormente o apanha para si, nessa situação, o antigo proprietário não
faz jus a requerer o bem novamente, pois configurou-se o abandono.
˃˃ Res desperdicta: caso alguém localize um objeto perdido, não será considerado crime, contudo,
fique ATENTO, existe uma modalidade específica nessa situação que será considerado crime,
entretanto, será abordado futuramente.
»» Exemplo: Suponhamos que alguém, em férias, caminhando pela orla de uma praia, venha en-
contrar uma pulseira de ouro trazida pela maré, nessa situação, não será considerado crime
se o agente se apropriar do bem.
˃˃ Furto de uso:
»» Exemplo: “A” vizinho de “B” pega a furadeira sem avisar seu vizinho – o qual havia negado o
empréstimo do objeto anteriormente – com a finalidade de utilizá-la, após o uso da furadeira,
“A” a devolve no mesmo lugar onde a pegou.
ATENÇÃO ALUNO!
TODAS as observações mencionadas acima NÃO caracterizam o crime de furto, é FATO ATÍPICO.
→→ Consumação Teorias:
˃˃ TEORIA DA AMOTIO – momento da apreensão da coisa – STF/STJ: Segundo essa teoria,
aconsumação ocorre quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que num
curto espaço de tempo, independentemente de deslocamento ou posse mansa ou pacífica.
»» Exemplo: Um meliante caminha atrás de sua possível vítima em praça pública, com o intuito de
furtar sua carteira que está aparecendo para fora do bolso. Um policial, observando a situação, co-
loca-se em caminhada atrás do mesmo, no momento em que este saca a carteira da vítima, mesmo
essa sem perceber, o policial prende o acuso em flagrante, pois o crime já está consumado.
˃˃ TEORIA DA ABLATIO – momento da posse mansa e tranquila – DOUTRINA: Segundo
essa teoria, não basta o agente dispor do bem, ele deve ter a posse mansa e tranquila do objeto
furtado, ou seja, sair da esfera onde o bem estava.

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»» Exemplo: Um assaltante entra em uma residência com intenção de furtar joias e aparelhos
eletrônicos, caso a policia seja alertada e consiga apreender o assaltando ainda dentro da resi-
dência, o crime de furto NÃO estaria consumado, pois o agente não havia saído da residência,
muito menos disposto da posse efetiva do bem.
→→ FIQUE LIGADO!
A teoria da ablatio não é mais adotada para julgados nos tribunais superiores, contudo, tenha
cuidado, pois as questões podem vir a abordar o conceito das teorias.
Exercícios
01. Segundo a corrente doutrinária é CERTO afirma que o crime de furto se consuma no momento
da posse mansa e tranquila do bem.
Certo ( ) Errado ( )
02. Segundo jurisprudência atualizada do STF e STJ é CERTO afirmar que o crime de furto se
consuma no momento da apreensão do objeto.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Certo
02 - Certo
Furto Noturno – Art. 155 §1º
§1º – A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
É furto com aumento de pena praticado durante o repouso noturno, aumenta-se aqui de 1/3. A
razão da majorante se dá devido ao maior perigo que está submetido o bem jurídico diante da preca-
riedade de vigilância por parte de seu titular.
A jurisprudência dominante entende que estaria presente a majorante do furto noturno quando
o delito é praticado durante o horário de repouso noturno.
O entendimento é que o horário do repouso noturno varia de determinada região ou local, bem
como, não precisa necessariamente ser à noite, a depender da rotina de vida da vítima, seu horário de
repouso pode ser durante o dia.
É causa de aumento de pena, pois, ocorre nessa circunstância menor vigilância e maior vulnera-
bilidade, o que enseja em maior desvalor da conduta, sendo irrelevante se a casa é ou não habitada, se
é praticado em residência ou não, com moradores nela repousando, não exigindo que seja nas depen-
dências, propriamente ditas, da casa.
ATENÇÃO ALUNO!
• Pouco importa se a casa está habitada ou não, ainda assim o aumento vai ser aplicado!
• Suponha que ocorra um furto em uma agência bancária, onde o guarda de plantão estava
dormindo na sala de vigilância, ainda assim ocorrerá aumento de pena? Nessa hipótese NÃO, o
aumento de pena, pois não era o momento do vigilante descansar e sim proteger o patrimônio.
→→ FIQUE LIGADO!
→→ Entendimento Jurisprudencial Atual
˃˃ Situação hipotética: Caso Fernando invada uma residência no período noturno, e para isso ele
realize o arrombamento de uma porta, para subtrair bens, ele responderá pelo crime de furto
qualificado por rompimento de obstáculo, com aumento de pena, por se tratar de período de
descanso noturno.

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A situação hipotética acima era considerada errada, porque o repouso noturno só era aplicado ao
furto simples (caput). Pois alegava-se que o agente teria a pena aumentada tanto pela qualificadora
do arrombamento quanto pela circunstância de ter ocorrido durante o repouso noturno, ou seja,
teria a pena aumentada duas vezes. O que violaria o princípio do ne bis in idem, o qual impede que o
agente seja responsabilizado pela mesma ação mais de uma vez. Porém a jurisprudência hoje admite
a previsão do aumento de pena tanto para o furto simples (caput) quanto para o furto qualificado.
Furto Privilegiado – Art. 155, §2º
§2º – Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
→→ Requisitos Necessários:
˃˃ O réu precisa ser primário;
˃˃ É necessário que o bem furtado seja de pequeno valor;
O pequeno valor é considerado menor que um salário mínimo.
CUIDADO!
NÃO confunda PEQUENO VALOR DA COISA E VALOR INSIGNIFICANTE, acompanhe:
VALOR INSIGNIFICANTE: no caso do furto, se o valor é considerado insignificante, o fato é ATÍPICO.
→→ Requisitos:
˃˃ Mínima ofensividade da conduta do agente;
˃˃ Nenhuma periculosidade social da ação;
˃˃ Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
˃˃ Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
»» Exemplo: O furto de um passe de ônibus de R$ 0,50.
Equiparação de Energia – Art. 155, §3º
§3º – Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Existem
diversas equiparações com o furto de energia, acompanhe algumas:
˃˃ Furto de energia genética – é o furto de embriões ou sêmen de animais valiosos;
˃˃ Furto de sinal de televisão por assinatura – o famoso “gato de TV a cabo”;
˃˃ Furto de água potável – adulteração do hidrante;
Furto Qualificado – Art. 155, §4º
§4º – A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I. com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
É necessário que efetivamente danifique, destrua, quebre o obstáculo para obter o bem.
»» Exemplos: “A” quebra o vidro do carro para furtar uma bolsa que havia no interior – FURTO
QUALIFICADO; “A” quebra o vidro do carro para furtar o próprio carro – FURTO SIMPLES,
art. 155 caput.
II. com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
˃˃ Abuso de confiança: é uma confiança depositada na pessoa, aquela de convívio comum, em-
pregada, por Exemplo, que fica sozinha na casa com os filhos, tem acesso ilimitado na residên-
cia, etc.
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˃˃ Furto Mediante Fraude: ocorre à subtração do bem utilizando fraude e estelionato, a pessoa
é levada a erro e entrega a coisa, por Exemplo, ladrão obtêm uniforme de uma companhia te-
lefônica para conseguir entrar na residência, e aproveita para subtrair todos os notebooks da
residência enquanto estava sozinho. Caso a proprietária entregue algum bem ao agente que esta
utilizando da fraude, será o crime de estelionato (art. 171 do CP).
˃˃ Escalada: são vários tipos e não o simples fato de pular um muro, pode ser um túnel.
˃˃ Destreza é indivíduo que possui habilidades especiais, física ou manual, utilizadas para cometer
furto. Exemplo: batedor de carteira que a retira do bolso da vítima sem que esta perceba.
III. com emprego de chave falsa;
Se for cópia obtida ilicitamente, configura por chave falsa; e se for chave verdadeira é qualificada
por emprego de fraude;
Se utilizar um clips, chave de fenda ou mixa; também é considerado chave falsa.
IV. mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Quando reúnem-se para praticar um furto, em uma residência por Exemplo.
§5º – A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior.
Acompanhe o grifo, esse tipo penal tem por objetivo punir os agentes que furtam veículos com
destino aos países fronteiriços ao Brasil, bem como outros Estados.
Furto de Coisa Comum – Art. 156, §§ 1º e 2º
Art. 156 – Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a
detém, a coisa comum:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§1º – Somente se procede mediante representação.
Esse crime é de ação penal pública condicionada à representação;
»» Exemplo: O morador de um condomínio furta utensílios de cozinha do salão de festa do
prédio. Nessa situação, ele também é detentor de certa parte do bem, visto que, o pagamento
da despesa com condomínio é utilizando para comprar tais objetos.
§2º – Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito
o agente.
Só vale se for bem infungível.
˃˃ Fungível: pode ser substituída a qualquer momento (uma planta de 10 reais na área comum do
prédio) se subtrair não vai ter crime.
˃˃ Infungível: são coisas específicas, nesse caso o crime será consumado.

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Exercícios
01. É qualificado pelo abuso de confiança o crime de furto cometido por vigia noturno, que tem acesso
às chaves do estabelecimento que trabalha para poder atender a qualquer eventualidade.
Certo ( ) Errado ( )
02. Tanto no crime de furto quando no estelionato a utilização de ardil para enganar a vítima, a
diferença reside em que no furto a fraude é utilizada para desviar a atenção de alguém para
que ocorra a subtração do bem. Enquanto que no estelionato, a vontade do sujeito passivo é
viciada, fazendo que ele entregue voluntariamente a coisa ou a vantagem ilícita.
Certo ( ) Errado ( )
03. Na prática de furto de coisa comum, a ação penal é publica condicionada à representação.
Gabarito
01 - Certo
02 - Certo
03 - Certo

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Capítulo II- Do Roubo e da Extorsão ................................................................................................................2
Roubo - Art. 157 .................................................................................................................................................................2
Roubo Próprio - Art. 157, Caput ......................................................................................................................................2
Roubo Impróprio - Art. 157, §1º .......................................................................................................................................3
Aumento de Pena - Art. 157, §2º.......................................................................................................................................3
Roubo Qualificado - Art. 157, §3º ....................................................................................................................................3
Extorsão - Art. 158 .............................................................................................................................................................4

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Capítulo II- Do Roubo e da Extorsão


Roubo - Art. 157
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I. se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II. se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III. se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV. se a
subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
IV. se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
§3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da
multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.

Roubo Próprio - Art. 157, Caput


Versa em sua descrição, as seguintes características:
˃ Violência (vis absoluta)
» Exemplo: “A” desfere um golpe em “B” com o intuito de roubar o celular de “B”.
˃ Grave ameaça (vis relativa)
» Exemplo: “A” com a intenção de roubar “B”, o ameaça com um pedaço de pau.
˃ Violência imprópria: é qualquer meio que reduza a capacidade de resistência da vítima. Pri-
meiramente ocorre a violência imprópria e posteriormente ocorre a subtração da coisa. Se a
subtração ocorrer antes que a vítima tenha sua capacidade de resistência reduzida, configurará
o crime de furto em concurso com o crime de lesão corporal. O Boa Noite Cinderela é uma
espécie de violência imprópria.
» Exemplo: Ana, com a intenção de roubar Caio, ministra remédio controlado de forma dissi-
mulada na bebida de Caio para que o mesmo venha a desmaiar e após reduzido à impossibili-
dade de resistência de Caio, Ana conseguir subtrair o dinheiro da carteira de Caio.
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˃ É pacífico o entendimento entre o STJ e STF: não existe o instituto do princípio da insignificân-
cia quando o crime for de roubo.

Roubo Impróprio - Art. 157, §1º


O agente de maneira inicial tem a intenção de praticar o furto, mas depois de subtraída a coisa,
usa da violência ou grave ameaça para garantir a impunidade do crime ou assegurar a posse do bem.
Deve-se ressaltar que essas condutas delitivas não podem ser em contextos fáticos diversos, deve
haver a violência ou grave ameaça logo em seguida à subtração da coisa.
No crime de roubo impróprio do §1º, não há que se falar no emprego de violência imprópria,
haja vista não ter previsão alguma no Código Penal da referida conduta. Se for utilizada a violência
imprópria, depois de subtraída à coisa, caracteriza-se o crime de furto em concurso com o crime de
lesão corporal.

Aumento de Pena - Art. 157, §2º


Se da violência ou ameaça é exercida com emprego de arma:
˃ Arma própria: tem a finalidade principal de causar lesão (escopeta, espingarda);
˃ Arma imprópria: tem finalidade diversa, porém pode ser utilizada para ferir (chave de fenda,
cabo de vassoura, tesoura);
˃ Arma branca: pode ser própria (punhal) ou imprópria (peixeira);
˃ Porte simulado: não é aplicado o aumento de pena, é considerado roubo simples;
» Exemplo: Caio aborda Tício e durante todo o tempo da conduta Caio permanece com uma
das mãos dentro da camiseta, simulando ter uma arma de fogo.
˃ Arma de brinquedo: por não ter capacidade lesiva, não é aplicada a agravante, mas serve para
caracterizar o crime de roubo simples pelo emprego de grave ameaça;
˃ Arma desmuniciada: STJ tornou inadmissível a aplicação da agravante, haja vista que sua utili-
zação é incapaz de produzir perigo à vítima;
˃ Perícia: STF diz ser dispensável a aplicação de perícia para a real comprovação da potencialida-
de lesiva da arma.
Se há concurso de duas ou mais pessoas:
˃ Ainda é aplicável a causa de aumento de pena mesmo se um dos agentes for inimputável.
˃ Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância:
˃ Carro-forte, office-boys, funcionários de banco e empresa.
Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para
o exterior:
˃ Tem que ser o veículo inteiro. Somente as peças não bastam para configurar a agravante.
˃ Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade:
˃ O criminoso usa a vítima para ficar impune do crime ou para assegurar o produto do crime. Na
extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima (art. 158, §3º), essa circunstância de
privação de liberdade é necessária para a obtenção da vantagem econômica.

Roubo Qualificado - Art. 157, §3º


O roubo qualificado possui duas consequências possíveis: Lesão corporal de natureza grave;
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Morte, também chamado de latrocínio.


˃ A intenção do agente é matar a vítima pura e simplesmente com a finalidade de subtrair à coisa.
˃ Preste atenção: o latrocínio não é puramente PRETERDOLOSO (dolo no antecedente e culpa
no consequente), portanto admite a forma tentada.
» Exemplo: “A” com a intenção de roubar “B”, dá voz de assalto, “B” se nega à entregar a carteira
e “A” intencionalmente atira em “B” para poder subtrair sua carteira, e por circunstâncias
alheias a sua vontade “B” não morre.
˃ O momento da consumação é quando a consequência da conduta resulta a MORTE da vítima,
independente se o autor do delito levar à coisa ou não.

Extorsão - Art. 158


Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou
para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um
terço até metade.
§2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
§3o - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é neces-
sária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além
da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e
3º, respectivamente.

» Exemplo: Caio CONSTRANGE Tício, mediante violência e grave ameaça a assinar um


cheque no valor de R$ 5.000,00. Tício, TENDO A OPÇÃO de fazer uma assinatura diversa ou
sustar o cheque, o ENTREGA para Caio. Núcleo do tipo é constranger alguém.
Aumento de pena: duas ou mais pessoas ou emprego de arma, mesmo caso do crime de roubo
(art. 157, §2º, I e II).
Extorsão qualificada: lesão grave ou morte, incidindo nas mesmas regras do latrocínio (art.157, §3º).
˃ Sequestro relâmpago:
§3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta
lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.
Cuidado com a diferença entre a extorsão qualificada (art. 158, §3º) e o roubo com aumento de
pena pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, §2º, V). A condição de restrição da liberdade da
vítima é necessária para a obtenção da vantagem ECONOMICA.
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EXERCÍCIOS
01. Pratica o crime de sequestro em concurso formal com o furto o agente que, no intuito de obter
senha bancária, priva a vitima de liberdade e, obtendo êxito, a liberta.
Certo ( ) Errado ( )
02. Denomina-se roubo impróprio a hipótese em que a violência ou grave ameaça é exercida após
a consumação da subtração.
Certo ( ) Errado ( )
03. Aumenta-se a pena de um terço até a metade, se o crime de extorsão é cometido por duas ou
mais pessoas e com abuso de confiança ou mediante fraude.
Certo ( ) Errado ( )
04. O uso de arma de brinquedo justifica o aumento de pena no caso de roubo.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - ERRADO
02 - CERTO
03 - ERRADO
04 - ERRADO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Capítulo V - Da Apropriação Indébita������������������������������������������������������������������������������������������������������������40
Apropriação Indébita - Art. 168������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 40
Capítulo VI - Do Estelionato e Outras Fraudes Estelionato - Art. 171��������������������������������������������������������41
Capítulo VII - Da Receptação��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������43
Receptação - Art. 180����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 43
Capítulo VII - Das Disposições Gerais�����������������������������������������������������������������������������������������������������������44
Escusa Absolutória - Art. 181���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 45
Escusa Relativa - Art. 182����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 45
Inaplicabilidade das Escusas - Art. 183������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 45
Atualização do Código Penal: Estelionato Contra Idoso�����������������������������������������������������������������������������47

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Capítulo V - Da Apropriação Indébita


Apropriação Indébita - Art. 168
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Aumento de pena
§1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I. em depósito necessário;
II. na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III. em razão de ofício, emprego ou profissão.
O crime de apropriação indébita é inserido na conduta do agente que, obtendo a posse ou
detenção de forma LEGÍTIMA de um bem MÓVEL, modifica o seu comportamento - inverte o ônus
da posse - sobre a coisa, e pratica atos disposição, ou seja, como se fosse o verdadeiro proprietário do
bem. Ademais, a posse é obtida por meio LÍCITO, de forma que o DOLO - vontade - de apropriar-se
ocorre após a obtenção de forma idônea do bem.
É importante atentar-se para NÃO confundir com o crime de furto (art. 155 do CP), pois, nesse
crime, a obtenção do bem ocorre de forma ILÍCITA, por conseguinte, convém mencionar também a
diferença do crime de estelionato (art. 171 do CP), sendo que nessa situação a entrega do bem, assim
como na apropriação indébita, é feita de forma LÍCITA, contudo, a vítima no momento que entrega o
bem é ludibriada por meio do emprego de uma FRAUDE.
»» Exemplo I: “A”, ao adentrar em uma biblioteca, visualiza um livro o qual desejava adquirir,
no entanto, no momento que solicita para o atendente, “B”, para verificar outro exemplar,
no momento em que o atendente desvia sua atenção “A” aproveita para colocar o livro que
desejava dentro de sua bolsa, sem que “B” perceba, e posteriormente retira-se do local. Nessa
situação está configurado o crime de furto - art. 155 do CP - pois, a posse do bem ocorreu de
forma ILÍCITA.
»» Exemplo II: “A”, ao adentrar em uma biblioteca, visualiza um livro o qual desejava adquirir,
realizando o cadastro de praxe, ele empresta o livro do estabelecimento para que seja devol-
vido na semana seguinte, no entanto, decorrido o prazo para entrega, “A” decide não mais
devolvê-lo e, por conseguinte, acaba vendendo o livro para outra pessoa. Nessa situação está
configurado o crime de apropriação indébita - art. 168 do CP - pois, a posse do bem ocorreu
de forma LÍCITA e somente após o agente decidiu pela conduta ILÍCITA, ou seja, de não
devolver o exemplar. Exemplo III: “A”, ao adentrar em uma biblioteca, visualiza um livro
o qual desejava adquirir, ao solicitá-lo para “B”, atendente do estabelecimento, é informado
que será necessário realizar um cadastro pessoal. Diante dessa situação, “A” apresenta uma
carteira de identidade falsa, bem como comprovante de endereço e telefone, “B” realiza o
cadastro e entrega o exemplar para “A”. Nessa situação está configurado o crime de esteliona-
to - art. 171 do CP - pois, a posse do bem ocorreu com o emprego de uma FRAUDE - uso de
documento falso - ou seja, uma forma ILÍCITA.
IMPORTANTE:
NÃO é possível ocorrer o crime de apropriação indébita caso o bem seja um IMÓVEL, somente para
bens móveis, quando o agente pratica atos de disposição - venda, troca, aluga - ou então, quando se recusa
a restituir o bem - o verdadeiro proprietário solicita a devolução e o agente recusa-se a devolvê-la.
Aumento de Pena
I. em depósito necessário
É legitimado pelos arts. 647 e 649 do Código Civil.
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II. na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
Segundo a lei 11.101/2005, e este rol sendo taxativo - somente será responsabilizado o agente que
estiver nessas funções - o agente tido como “sindico” deve ser substituído por administrador judicial.
Sendo que, recebem coisas alheias para que posteriormente sejam restituídas aos legítimos proprie-
tários, exercem uma função de guarda fiel dos bens.
III. em razão de ofício, emprego ou profissão.
É a situação em que o agente detém a posse de bens devido ao ofício, emprego ou profissão que
exerce, e passa a praticar atos de disposição com esse patrimônio alheio.
»» Exemplo: O proprietário de um estacionamento privativo que, aos finais de semana, aluga os
veículos dos clientes que estão sobre sua guarda.

Capítulo VI - Do Estelionato e Outras Fraudes Estelionato - Art. 171


Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
§1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º.
§2º - Nas mesmas penas incorre quem:
˃˃ Disposição de coisa alheia como própria:
I. vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;
˃˃ Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria:
II. vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
sobre qualquer dessas circunstâncias;
˃˃ Defraudação de penhor:
III. defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratí-
cia, quando tem a posse do objeto empenhado;
˃˃ Fraude na entrega de coisa:
IV. defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;
˃˃ Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro:
V. destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
˃˃ Fraude no pagamento por meio de cheque:
VI. emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público
ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
O crime de estelionato configura-se quando o agente que pratica o ato não utiliza a violência ou
grave ameaça contra a vítima, mas sim, de uma FRAUDE, para que a vítima seja mantida em erro e
dessa forma obter a posse do bem, causando o prejuízo alheio. Na hipótese em que o agente usa um
documento falso para praticar o delito - art. 304 do CP - esse crime será absorvido pelo crime de
estelionato, pois o desejo (dolo - elemento subjetivo), do agente, é a obtenção da vantagem - princípio
da consunção.
SV.: nº 17 do STJ - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido.
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Não obstante, devemos estar atentos as principais diferenças entre os crimes que se assemelham,
sendo o furto, a apropriação indébita e o estelionato, acompanhe:
QUADRO COMPARATIVO

Forma Privilegiada - §1º


§1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor - inferior a um salário mínimo - o prejuízo, o juiz
pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
De acordo com esta situação, caso a conduta praticada pelo agente do crime de estelionato seja
enquadrado nesse perfil juiz o pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um
a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Figuras Equiparadas ao Estelionato
˃˃ Disposição de coisa alheia como própria:
I. vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; Nessa
figura, é possível incluirmos os bens IMÓVEIS, sendo que, a conduta do agente que se apropria desse
bem e realiza atos de disposição - locação, venda, permuta - responderá pelo crime de estelionato e
NÃO pelo crime de apropriação indébita (art. 168 do CP).
˃˃ Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria:
II. vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
sobre qualquer dessas circunstâncias;
É a figura do agente que silencia diante de uma situação que causaria o impedimento da venda,
permuta, entre outras disposições, sobre um determinado bem.
»» Exemplo: “A”, vende um veículo que estava em situação irregular - busca e apreensão - para
“B”, omitindo esta informação no momento da negociação.
˃˃ Defraudação de penhor:
III. defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratí-
cia, quando tem a posse do objeto empenhado;
˃˃ Fraude na entrega de coisa:
IV. defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;
»» Exemplo: “A”, penhora em uma agência de crédito pessoal um anel de ouro como garantia de
um empréstimo pessoal, contudo, tal agência utiliza-se do objeto para realizar uma rifa para
arrecadação de fundos.
˃˃ Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro:
V. destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
É o indivíduo que tenta fraudar uma empresa seguradora para obtenção de um seguro ou inde-
nização que tenha direito. Caso a lesão seja corporal, a ação de se auto lesionar, não é punível pelo
código penal, conduto, caso esta ação seja com intenção do recebimento de seguro, enquadrar-se-á
nessa figura típica.
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»» Exemplo: “A”, com intenção de obter o prêmio de seguro que possuía de seu estabelecimento,
provoca um incêndio no prédio da instalação.
˃˃ Fraude no pagamento por meio de cheque:
VI. emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
Essa conduta é praticada pelo agente que emite cheque - a vista - sabendo que não possui saldo
em sua conta, ou então, susta o pagamento para que o agente não consiga sacá-lo.
IMPORTANTE:
Para ser inserido nesse inciso o cheque deve ser próprio, não pode ser a prazo, pois, segundo
jurisprudência, NÃO configura o crime. Ademais, caso o agente falsifica a assinatura de um cheque
que não seja próprio, responderá pela pena do caput, bem como se este for falso.
Aumento de Pena
§3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de ENTIDADE DE DIREITO
PÚBLICO ou de INSTITUTO DE ECONOMIA POPULAR, ASSISTÊNCIA SOCIAL ou BENEFICÊNCIA.

Capítulo VII - Da Receptação


Receptação - Art. 180
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena -
reclusão, de um a quatro anos, e multa.
˃˃ Receptação qualificada:
§1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de ativi-
dade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
§2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
§3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
§4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
§5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.
§6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária
de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
É o crime decorrente de condutas praticadas com produto, bem, proveniente de um crime
anterior, pode ser classificada de duas formas:
˃˃ RECEPTAÇÃO PRÓPRIA - é a conduta da primeira parte do caput - adquirir, receber, trans-
portar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que SABE SER PRODUTO DE
CRIME... - nessa hipótese o agente tem conhecimento da procedência ilícita do bem.
˃˃ RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA - é a conduta da segunda parte do caput - ...INFLUIR para que
terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte - é a figura do agente que sabe que o produto é
ilícita, contudo, não fica para si, mas, auxilia para que um terceiro de boa-fé adquira o produto.
»» OBS.: O produto ilícito deve ser proveniente de CRIME, não cabe para possíveis bens
advindos de contravenções penais.
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Forma Qualificada - §1º


Esse artigo qualifica a conduta do agente que pratica atividade comercial com produtos advindos de
crime. É o caso de loja de venda de autopeças, que trabalhe também com produtos usados, por Exemplo.
Figura Equiparada a Qualificadora - §2º
Considera-se atividade comercial, qualquer tipo de comércio, seja ele irregular ou clandestino,
sendo enquadrado nesta figura os desmanche de veículos, bem como aquele que na própria residên-
cia comercialize produto proveniente de CRIME.
Receptação Culposa - §3º
É a ação do agente que ADQUIRE ou RECEBE um produto que DEVIA PRESUMIR ser produto
de crime, seja pelo valor ou então pela característica do agente que esteja oferecendo. Por Exemplo,
“A”, adquire o produto de um terceiro, que comercializava em uma feira livre, pela “bagatela” de R$
60,00, sendo que, o preço de mercado do mesmo gira em torno de R$ 500,00.
Figura Explicativa - §4º
Mesmo que NÃO seja possível reconhecer o autor do crime que resultou o produto ilícito, ou se reco-
nhecido, seja este isento de pena, o agente que recebe/adquire a coisa proveniente do crime, será punida.
»» Exemplo: “A”, que conhecia a reputação de “B” - 15 anos, menor infrator - adquiriu um tênis
importado, o qual havia sido furtado alguns dias antes, pelo valor de R$ 20,00. Nessa situação,
“B” será isento de pena (inimputável), contudo “A” ainda assim será responsabilizado pelo
crime de receptação.
»» Exemplo II: “A”, adquire uma moto furtada de “B”, pelo valor de R$ 500,00, algumas semanas
após, ao ser abordado e preso em uma blitz, “A” entrega a procedência produto aos policiais,
após realizar diligências, “B” não é localizado, pois havia informado seu endereço errado
para “A”.
Receptação Privilegiada - §5º
Assim como no furto - art. 155, § 2º do CP - na situação da receptação do § 3º - receptação
culposa - caso esteja presente alguns requisitos, o Juiz poderá deixar de aplicar a pena, ocorrendo
o perdão judicial. Sendo a receptação dolosa, o Juiz poderá substituir a pena de reclusão pela de
detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa, desde que, presente os
seguinte requisitos:
˃˃ O réu precisa ser primário;
˃˃ É necessário que o bem furtado seja de pequeno valor;
˃˃ O pequeno valor é considerado menor que um salário mínimo.
Receptação Qualificada Específica - §6º
Caso o produto furtado seja bens e instalações do patrimônio da UNIÃO, ESTADO, MUNICÍ-
PIO, EMPRESA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇOS PÚBLICOS ou SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA, a pena prevista no caput - reclusão de uma a quatro anos e multa - aplica-se em DOBRO.

Capítulo VII - Das Disposições Gerais


Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
I. do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II. de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
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I. do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II. de irmão, legítimo ou ilegítimo;


III. de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183 - Não e aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I. se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência
à pessoa;
II. ao estranho que participa do crime.
III. se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Escusa Absolutória - Art. 181


Mesmo que o agente cometa o crime, ele ficará ISENTO DE PENA para qualquer dos crimes do
art. 155 ao 180 do CP - dos crimes contra o patrimônio - sendo ele:
˃˃ Cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
˃˃ Ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
NÃO exclui o crime, mas sim isenta de pena.

Escusa Relativa - Art. 182


Somente será representado se a vítima representar contra o agente, dar inicio ao processo, a
queixa, sendo ele:
˃˃ Cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
˃˃ Irmão, legítimo ou ilegítimo;
˃˃ Tio ou sobrinho, com quem o agente COABITA.

Inaplicabilidade das Escusas - Art. 183


˃˃ Se o crime é de ROUBO ou de EXTORSÃO, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça
ou violência à pessoa;
˃˃ Ao estranho que participa do crime (as circunstâncias ou elementares não se comunicam, art.
30 do CP).
˃˃ Se o crime é praticado contra pessoa com idade IGUAL ou SUPERIOR a 60 (sessenta) anos.
Considere a seguinte situação hipotética.
EXERCÍCIOS
01. Francisco, imputável, realizou uma compra de produtos alimentícios em um supermercado
e, desprovido de fundos suficientes no momento da compra, efetuou o pagamento com um
cheque de sua titularidade para apresentação futura, quando imaginou poder cobrir o deficit.
Apresentado o título ao banco na data acordada, não houve compensação por insuficiente
provisão de fundos.
Nessa situação, o entendimento doutrinário e a jurisprudência dominantes é no sentido de que,
não tendo havido fraude do emitente, não se configura o crime de emissão de cheques sem fundos
(estelionato).
Certo ( ) Errado ( )
02. B sempre deixa seu carro no mesmo estacionamento. C, querendo apossar-se do automóvel,
vai a esse estacionamento e diz ao manobrista que foi buscar o carro a pedido de B. O mano-
brista lhe entrega o veículo; C assume a direção e deixa o local. Sobre a conduta de C, é CERTO
afirmar tratar-se de:
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a) Estelionato.
b) Furto mediante fraude.
c) Apropriação indébita.
d) Furto qualificado pelo abuso de confiança.
e) Apropriação de coisa havida por erro.
03. Paulo havia trabalhado como cobrador no asilo Alpha e, por isso, conhecia a lista das pessoas
que contribuíam através de donativos para aquela entidade beneficente. Após ter deixado
o referido emprego, Paulo procurou uma dessas pessoas e, dizendo-se funcionário do asilo
Alpha, recebeu donativo de R$ 1.000,00 (um mil reais), que consumiu em proveito próprio.
Nesse caso, Paulo responderá por crime de
a) Furto simples.
b) Furto qualificado pela fraude.
c) Apropriação indébita.
d) Estelionato.
e) Extorsão.
04. Fulano pede a Beltrano, seu amigo de longa data, que guarde em sua casa um computador de
sua propriedade, até que volte de uma viagem que fará para a Europa. Dias após ter recebido
o aparelho de boa-fé, quando Fulano já se encontrava no passeio, como se fosse seu, Beltrano
vende o computador para terceira pessoa. A conduta de Beltrano se amolda à prática de:
a) Receptação;
b) Receptação qualificada;
c) Furto;
d) Apropriação indébita;
e) Estelionato.
GABARITO
01 - CERTO
02 - A
03 - D
04 - D

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Atualização do Código Penal: Estelionato Contra Idoso


A Lei n.º 13.228/15, publicada no dia 28/12/2015, alterou o Art. 171 do Código Penal criando uma
nova modalidade de crime: o estelionato contra idoso.
Art. 171, §4º: “Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso.”.
Atente-se ao fato de que esta é uma causa de aumento de pena. A banca pode dizer que é uma
forma qualificada de estelionato, o que é errado! O crime de estelionato contra idoso é uma forma de
estelionato majorado, agravado ou circunstanciado.
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO VI
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou liti-
giosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre
qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratí-
cia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público
ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
Estelionato contra idoso
§ 4º - Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Dos Crimes Contra A Dignidade Sexual����������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Capítulo I – Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual����������������������������������������������������������������������������������������������������2
Estupro – Art. 213��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Aumento De Pena – Art. 234-A�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Violação Sexual Mediante Fraude – Art. 215������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Aumento De Pena:��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Assédio Sexual – Art. 216 – A��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Aumento De Pena:��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Capítulo II – Dos Crimes Sexuais Contra Vulnerável��������������������������������������������������������������������������������������������������4
Estupro de Vulnerável – Art. 217 – A������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Corrupção de Menores – Art. 218������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Satisfação de Lascívia Mediante Presença de Criança ou Adolescente – Art. 218 – A����������������������������������������������5
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
vulnerável – Art. 218-B�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5

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Dos Crimes Contra A Dignidade Sexual


Antes mesmo de adentrarmos ao tema do estudo, convém mencionarmos duas considerações
iniciais para que nos familiarizemos com o assunto:
→ O titulo anteriormente era chamado de “Titulo contra os costumes”.
→ O artigo do atentado violento ao pudor – art. 214 – foi revogado, sendo englobado pelo art. 213,
considerado também como estupro.
Capítulo I – Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual
Estupro – Art. 213
Art. 213 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar
ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§1º – Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou
maior de 14 (catorze) anos:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§2º – Se da conduta resulta morte:
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Esse artigo tem a finalidade de punir o agente que empregue violência ou grave ameaça, obri-
gando outra pessoa a ter consigo conjunção carnal (coito, ato sexual), ou então, exigindo da vítima
que pratique qualquer outro ato libidinoso, quer seja uma masturbação, ou então que apenas se
acaricie enquanto é observada pelo agressor, enfim, ato libidinoso é qualquer outra situação que não
seja a conjunção.
Por conseguinte, é importante ressaltar que esse artigo foi recepcionado pela lei 8.072/90 – lei dos
crimes hediondos – em 2009 pela lei 12.015/09, sendo assim, punido de forma mais severa. Ademais,
a figura pune o agente homem contra uma vítima mulher, ou vice e versa.
Considerações:
»» É possível a tentativa quando o agente não consegue consumar o ato por circunstâncias alheia
a sua vontade, independe nessa situação, se tentado ou consumado, responderá de acordo
com a lei de crimes hediondos.
»» A depender do caso e da situação, torna-se dispensável o exame de corpo delito (perícia para
averiguar a lesão).
»» Se a violência ou grave ameaça ocorre com o consentimento da vítima no momento da prática
do ato – sadomasoquismo, fetiches sexuais – o fato é atípico (não é crime).
»» O crime de estupro é um crime ÚNICO, ou seja, mesmo que o agente pratique mais de um ato
libidinoso ou conjunção carnal de forma variada, será como se tivesse realizado apenas uma
conduta, um único crime.
»» O beijo lascivo (a força), segundo STF e STJ, é considero estupro, art. 213 do CP.
Formas Qualificadas:
»» Caso resulte lesão corporal de natureza grave.
»» Sendo a vítima, menor de 18 anos e maior de 14 anos.
»» Na hipótese da vítima ser menor de 14 anos, responderá o agente pelo art. 217-A, considerado
estupro de vulnerável.

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»» Resulta na morte da vítima.


Obs.: Para que ocorra o devido processo legal contra o agente que pratica o ato, é indispensável
que haja representação da vítima contra o acusado, sendo dispensada, caso a vítima seja menor de
dezoito anos, ou então vulnerável – desenvolvimento mental incompleto, incapacidade de resistên-
cia, enferma, etc.
Aumento De Pena – Art. 234-A
»» Gravidez em decorrência do ato praticado, aumento da metade (1/2), da pena imposta.
»» O agente transmite uma doença sexualmente transmissível – DST – que sabe ou deveria saber
que era portador, aumento de um sexto (1/6).
Violação Sexual Mediante Fraude – Art. 215
Art. 215 – Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro
meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único – Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também
multa.
Essa figura foi incluída após surgir denúncias de certos abusos, ou solicitações desnecessárias
que alguns médicos cometiam com suas pacientes, sendo assim, o Código Penal tornou típica a
prática de atos que atentem contra dignidade sexual da vítima, sendo empregado por meio de fraude,
ou, inexistindo ou dificultando sua capacidade de reação.
Exemplo: “A”, médico ginecologista, no momento de examinar “B”, sua paciente, detentora de
tamanha beleza, para exame preventivo contra o câncer de mama, diz para a mesma que para reali-
zação do procedimento é necessário que fique totalmente nua.
Aumento De Pena:
O parágrafo único traz a hipótese em que, caso o agente tenha a intenção de obter vantagem
econômica, além da pena de reclusão, será condenado também ao pagamento de multa.
Exemplo I: “A”, médico particular de “B”, atriz, conhecida nacionalmente devido as suas diversas
atuações televisiva. “A”, no momento em que realizaria uma cirurgia plástica em “B”, aproveitan-
do-se da sua sedação, dispôs a filmá-la e tirar diversas fotos, sendo que, posteriormente venderia o
material para um site pornográfico.
Exemplo II: “A’, irmão gêmeo de “B”, utilizando dessa vantagem, aproveita de momento oportuno
para se passar pelo seu irmão e manter conjunção carnal com sua cunhada.
Obs.: Para que ocorra o devido processo legal contra o agente que pratica o ato, é indispensável
que haja representação da vítima contra o acusado, sendo dispensada, caso a vítima seja menor de
dezoito anos, ou então vulnerável – desenvolvimento mental incompleto, incapacidade de resistên-
cia, enferma, etc.
Assédio Sexual – Art. 216 – A
Art. 216-A – Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecen-
do-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego,
cargo ou função.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§2º – A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
Esse artigo em tela busca punir o agente que, sendo superior hierárquico, devido ao cargo
ou função que ocupa dentro de determinada organização, utilizando-se dessa posição, venha
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constranger alguém com intenção de obter vantagem ou favorecimento sexual.


Exemplo: “A”, gerente de uma grande multinacional, oferta para sua secretária, “B”, que almeja
crescer dentro da organização, que se ela tiver relações sexuais com o mesmo, ele a promoverá para
um cargo de chefia que se encontra vago na empresa, sendo esta, a única condição de “B” obter o
crescimento profissional que deseja.
OBS.: NÃO é necessário que efetivamente ocorra conjunção carnal ou o efetivo recebimento de
vantagem para que o crime esteja consumado, sendo que, este se faz no momento em que a vítima é
constrangida por seu superior.
Aumento De Pena:
O § 2º prevê o aumento de pena para o agente que venha a constranger uma vítima menor de
dezoito anos, ademais, é importante ressaltar que implicitamente refere-se também a uma idade
superior a quatorze anos – conforme art. 213, § 1º do CP – pois, se menor de quatorze, responderá de
acordo como art. 217-A, estupro de vulnerável.
Exemplo: “A”, agente duma agência de modelos reconhecida internacionalmente, propõem a
uma modelo, “B”, de dezesseis anos, que se mantiver com ele relações sexuais, ele a levará para par-
ticipar de um desfile no exterior – Europa – com grandes chances de assinatura de um contrato
internacional.
OBS.: Para que ocorra o devido processo legal contra o agente que pratica o ato, é indispensável
que haja representação da vítima contra o acusado, sendo dispensada, caso a vítima seja menor de
dezoito anos, ou então vulnerável – desenvolvimento mental incompleto, incapacidade de resistên-
cia, enferma, etc.

Capítulo II – Dos Crimes Sexuais Contra Vulnerável


Estupro de Vulnerável – Art. 217 – A
Art. 217-A – Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§1º – Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência.
§2º – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
§3º – Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§4º – Se da conduta resulta morte:
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Esse artigo do Código Penal tipifica a conduta do agente que tenha relações sexuais ou pratique
qualquer outro ato libidinoso com uma vítima MENOR de QUATORZE (14) anos. Nessa situação,
independe se a vítima tem o consentimento ou não, por exemplo, na hipótese de um flagrante, caso
um agente, maior de idade – dezoito anos – for pego praticando atos sexuais com a criança (menor de
quatorze anos), mesmo alegando ser namorado e ela confirmando a situação, ainda assim o agente
será enquadrado neste tipo penal.
Figura Equiparada
Equipara-se a menor de quatorze anos – respondendo na mesma pena – a pessoa que, INDE-
PENDENTE da idade, NÃO possua desenvolvimento mental suficiente ou, por qualquer enfermi-
dade bem como incapacidade de oferecer qualquer tipo de resistência no momento da prática da
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conduta do agressor.
Exemplo: “A”, trinta e cinco anos, internada na UTI de um hospital, em coma, devido ao grave
acidente de trânsito sofrido, situação em que “B”, enfermeiro estagiário da instituição, aproveita para
abusar sexualmente da vítima durante seu plantão noturno.
Figuras Qualificadas:
»» Caso resulte lesão corporal de natureza grave.
»» Resulta na morte da vítima.
FIQUE LIGADO!
Estupro de Vulnerável – Art. 217 –A é considerado Crime Hediondo de acordo com a lei
8.072/1990.

Corrupção de Menores – Art. 218


Art. 218 – Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Parágrafo único – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
Essa figura visa punir a conduta do agente que induz uma criança – menor de quatorze anos – a
satisfazer desejos lascivos de um terceiro envolvido. NÃO se enquadra nessa norma a conjunção
carnal, ou seja, é uma conduta ultrajante, imoral, que induzem de alguma forma a sexualidade.
Exemplo: “A”, vizinha de “B”, criança menor de quatorze anos, induz a menina para que se deixe
ser observada enquanto toma banho por “C”, seu sobrinho, para que este satisfaça seu desejo de vê-la
nua no momento que cuida da sua higiene pessoal.

Satisfação de Lascívia Mediante Presença de Criança ou Adolescente –


Art. 218 – A
Art. 218-A – Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, con-
junção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Esse artigo pune a conduta do agente que, na presença de uma criança menor de quatorze anos,
induz para que essa presencie de alguma forma um ato sexual ou qualquer outro ato libidinoso, sa-
tisfazendo dessa forma um interesse próprio ou alheio.
Exemplo: É a conduta de um agente que se masturba (ato libidinoso) na presença de uma criança
menor de quatorze anos, ou então, que pratique um ato sexual – conjunção carnal – na presença dela,
sendo que essa assiste toda consumação do ato, para satisfação pessoal do agente ou de qualquer
outra pessoa.
ATENÇÃO ALFARTANO

Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual


de criança ou adolescente ou de vulnerável – Art. 218-B
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor
de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
§ 2o Incorre nas mesmas penas:
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I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior
de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II – o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no
caput deste artigo.
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de
localização e de funcionamento do estabelecimento.
O artigo 218-B foi inserido no rol dos Crimes Hediondos Lei 8.072/1990 artigo 1º, VIII, pela lei
12.015/2009.
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, consumados ou tentados:
VIII – favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou ado-
lescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
A Doutrina classifica como crime comum (exceto na hipótese do §2º, II), material, instantâneo
(“submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”) ou permanente (“impedir e “dificultar”)
O delito pode ser praticado das seguintes formas:
1. Submeter: é a sujeição da vítima, ainda não prostituída, à prostituição;
2. induzir: é incutir a ideia, persuadir, convencer a vítima
3. atrair: é o aliciamento à prostituição
4. facilitar: é o mesmo que simplificar, afastar as barreiras entre a vítima e a prostituição;
5. impedir: é o mesmo que obstar, e ocorre quando a vítima é impossibilitada de abandonar a
prostituição por conduta do agente;
6. dificultar: é a imposição de barreiras entre a vítima e o abandono da prostituição
FIQUE LIGADO!
O artigo 218-B é um tipo misto alternativo ou de conteúdo variado, situação em que, no tipo,
existem vários verbos. O agente que, em um mesmo contexto fático, pratica mais de uma conduta
prevista comete um único crime.
O artigo 218-B revogou tacitamente o art. 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº
8.069/1990.
EXERCÍCIOS
01. Sobre o conceito de vulnerável, nos crimes contra a dignidade sexual, marque a alternativa correta:
a) Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso contra pessoa com idade igual ou
menor de 14 anos se enquadra no conceito de prática de crime sexual contra vulnerável;
b) Considera-se vulnerável, nos termos do Código Penal, pessoa menor de 14 anos, ou que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tenha o necessário discernimento para a prática do
ato, bem como por qualquer outra causa não possa oferecer resistência;
c) Considera-se vulnerável, nos crimes contra a dignidade sexual, pessoa com idade igual ou
inferior a 14 anos e desde que por enfermidade ou deficiência mental não tenha o necessário
discernimento para a prática do ato, bem como por qualquer outra causa não possa oferecer
resistência;
d) Praticar ato libidinoso ou ter conjunção carnal com pessoa menor de 14 anos não é crime,
desde que haja o consentimento e desde que não se trate de pessoa que por enfermidade ou
deficiência mental não tenha o necessário discernimento para a prática do ato, bem como
por qualquer outra causa não possa oferecer resistência.
e) Nenhuma das anteriores.
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Com relação à legislação especial, julgue o item a seguir.


02. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça mais atuali-
zada e ampla tem se firmado no sentido de que, nos casos de crimes contra a dignidade sexual,
o consentimento da vítima menor de 14 anos de idade, ou sua experiência em relação ao sexo,
não tem relevância jurídico-penal.
Certo ( ) Errado ( )
Em decorrência das recentes alterações legislativas referentes a política criminal no cenário dos
crimes sexuais, julgue o item:
03. O agente que, mediante violência, constranger mulher adulta à prática de conjunção carnal e
ato libidinoso consistente em sexo oral responderá por dois delitos, em continuidade delitiva.
Certo ( ) Errado ( )
04. Podemos afirmar que ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com menor de idade
ou que tenha idade de quatorze anos no dia do ato sexual configura o crime do art. 217-A do
Código Penal, estupro de vulnerável.
Certo ( ) Errado ( )
05. Ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com alguém mediante fraude ou outro meio
que impeça e dificulte a livre manifestação de vontade da vítima configura, segundo o Código
Penal o crime do artigo 213, ou seja, o delito de estupro.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITOS
01 – B
02 – CERTO
03 – ERRADO
04 – ERRADO
05 – ERRADO

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Sumário
Associação Criminosa - Art. 288 ...................................................................................... 2
Majorante Pela Participação de Criança ou Adolescente ............................................. 3
Associação Criminosa Qualificada (Lei de Crimes Hediondos) .................................. 3
Constituição de Milícia Privada - Art. 288-A................................................................... 3
Peculato - Art. 312 ............................................................................................................ 4
Peculato-Apropriação ................................................................................................... 4
Peculato-Desvio ............................................................................................................ 5
Peculato-Furto .............................................................................................................. 5
Peculato Culposo .......................................................................................................... 6
Extinção da Punibilidade e Redução da Pena ............................................................... 7
Peculato Mediante Erro de Outrem - Art. 313 ................................................................. 7
Inserção de Dados Falsos em Sistema de Informações – Art. 313-A............................... 8
Modificação ou Alteração não Autorizada de Sistema de Informações – Art. 313-B ..... 9
Concussão – Art. 316 ....................................................................................................... 9
Excesso de Exação – Art. 316, §1°................................................................................. 10
Corrupção Passiva – Art. 317 ......................................................................................... 12
Causa de Aumento de Pena ........................................................................................ 14
Corrupção Passiva Privilegiada .................................................................................. 14
Facilitação de Contrabando ou Descaminho – Art. 318 ................................................. 15
Exercícios ....................................................................................................................... 16

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TÍTULO IX – DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
Associação Criminosa - Art. 288
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer
crimes:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se
houver a participação de criança ou adolescente.

A Lei n° 12.850/2013 (que trata das organizações criminosas) alterou o


Artigo n° 288 do Código Penal, mudando o nomen iuris (o nome jurídico do crime)
que era “quadrilha ou bando” para “associação criminosa”, além do número de
pessoas para a sua composição, isto é, três ou mais pessoas, com o fim específico
de cometer crimes. A pena manteve-se a mesma, reclusão de 1 a 3 anos.
Núcleo do tipo: “Associarem-se” três ou mais pessoas, isto é, a união deve ser
estável e permanente (associação), o que diferencia do simples concurso de
pessoas. Não há a necessidade da efetivação de crime posterior, já que é um crime
formal (não admite tentativa) e sua antecipação dar-se-á antecipadamente, caso
venham a praticar o delito desejado, haverá o concurso material.
Elemento subjetivo: “Fim específico de cometer crimes”, ou seja, o propósito
deve visar a prática de crimes (penas de reclusão ou detenção, com ou sem multa),
caso tenha a finalidade de cometer contravenções penais, não configurará o Art.
288.

O QUE MUDOU
1) Nomenclatura: “quadrilha ou bando” para “associação criminosa”;
2) Quantidade mínima de pessoas: 4 para 3;
3) Causa de aumento de pena: quando armada ou contiver criança ou adolescente,
aumenta-se até a metade.

FIQUE LIGADO!
É crime permanente (a sua consumação prolonga-se no tempo) e, por isso,
caso uma lei mais gravosa entre em vigor, enquanto não cessar a associação, far-se-
á a sua aplicação de imediato, de acordo com a Súmula 711 do STF:
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência.”

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou
divulgação com
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Públicos.
Majorante Pela Participação de Criança ou Adolescente
Caso a associação criminosa tenha em sua formação pelo menos um sujeito
menor de 18 anos, então ocorrerá concurso material de crimes entre o Art. 288,
Par. Único, CP (na forma majorada) com o Art. 244-B da Lei n° 8.069/1990 (ECA).
Art. 244-B, Lei n° 8.069/1990: “Corromper ou facilitar a
corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.”

Associação Criminosa Qualificada (Lei de Crimes Hediondos)


O Art. 8° da Lei n° 8.072/1990 (crimes hediondos) tornou a conduta do Art.
288, CPP (associação criminosa) em qualificado, quando possuírem a finalidade de
praticar crimes hediondos e seus equiparados, alterando a sua pena base para
reclusão de três a seis anos.
Art. 8°, Lei n° 8.072/1990: “Será de três a seis anos de
reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando
se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.”
Ressalta-se que se a finalidade da associação criminosa for a prática de
tráfico de drogas, então incorrerá no Art. 35 da Lei de Drogas (Lei n°
11.343/2006).
Art. 35, Lei nº 11.343/2006: “Associarem-se duas ou mais
pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não,
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e §1º, e 34
desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de
700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.”

Constituição de Milícia Privada - Art. 288-A


Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização
paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar
qualquer dos crimes previstos neste Código:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.

DESCRIÇÃO DO CRIME
 Objeto Jurídico: é a Paz Pública.
 Objeto Material: organização paramilitar, milícia particular, grupo e
esquadrão.

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Públicos.
 Núcleos do Tipo: Constituir (formar, fundar); Organizar (estruturar, colocar
em ordem); Integrar (incorporar-se, tornar-se); Manter (conservar,
defender); Custear (arcar com os custos).
 Sujeito Ativo: crime comum (qualquer pessoa).
 Sujeito Passivo: a coletividade.
FIQUE LIGADO!
A consumação se dá com a efetiva constituição, organização, integração,
manutenção ou custeio dos grupamentos arrolados no dispositivo. Como já frisado
é desnecessária a prática efetiva de crimes. Basta a formação do grupo com esse
intuito.
A tentativa não é possível, uma vez que se trata de crime formal.

TÍTULO XI, CAPÍTULO I –


DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Peculato - Art. 312
Art. 312 – Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§1º – Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse
do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.
Esse artigo tem por objetivo tipificar a conduta do funcionário público que
APROVEITANDO do cargo que ocupa, aproprie-se de bem PÚBLICO ou
PARTICULAR. É necessário que o agente utilize das facilidades do seu cargo, pois,
se não o fizer, responderá normalmente, há depender do caso concreto, nos crimes
elencados no Título II – Dos Crimes Contra O Patrimônio, do Código Penal, por
exemplo: o furto - Art. 155 do CP.

Peculato-Apropriação
Art. 312, Caput, Primeira Parte
Art. 312: “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, (...) em
proveito próprio ou alheio:”

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Nessa situação o funcionário público já possui a posse ou detenção LÍCITA do
bem (em razão do cargo que ocupa), porém, passa a se comportar como se fosse o
dono (pratica atos de disposição da coisa).
Exemplo: Um policial federal do qual recebeu um notebook, cedido pelo
órgão onde está vinculado, para desempenhar suas funções administrativas. Após
5 anos de utilização, resolve, então, trocá-lo com um amigo por um mais moderno,
devolvendo a diferença (R$), isto é, começou a tratar o bem público como se fosse
seu, não mais o devolvendo ou restituindo-o à Administração Pública.

Peculato-Desvio
Art. 312, Caput, Segunda Parte
Art. 312: “(...) dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo (...) desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio:”
Também chamado de peculato próprio, o funcionário público valendo-se do
cargo desvia, em proveito próprio ou alheio: dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular.
Caso o dinheiro seja aplicado em proveito da própria Administração Pública,
mas de forma diversa da prevista em lei (LOA), desclassifica-se o crime para o de
Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas (Art. 315 do CP).
A doutrina é firme em afirmar que a prestação de serviços NÃO se subsume
ao conceito de bem móvel. Daí a razão de NÃO se encaixar no crime de peculato a
utilização de mão de obra pública, originária do trabalho de um funcionário
público subalterno em proveito do superior hierárquico. Falta uma elementar
típica para a caracterização do crime previsto no art. 312 do Código Penal.

Peculato-Furto
Art. 312, §1º
§1º - “Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse
do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.”
Também chamado de peculato impróprio. Ressalta-se que essa modalidade
de peculato se faz necessário a utilização da qualidade de funcionário público a fim
de subtrair o dinheiro, valor ou bem; pois, do contrário, ocorrerá a desclassificação
do crime para o de furto (art. 155 do CP). O particular poderá concorrer ao crime
de peculato desde que tenha conhecimento da qualidade de funcionário público do

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Públicos.
agente, caso participe do crime e não tenha conhecimento dessa qualidade, então
responderá por furto; já o servidor, por peculato.
ATENÇÃO ALUNO!
O bem subtraído, apropriado ou desviado pode ser tanto PÚBLICO quanto
PARTICULAR. Caso o bem subtraído seja do particular recebe o nome de peculato
malversação.
Exemplos:
1) “A”, funcionário público, com auxílio de “B”, que sabe dessa qualidade,
adentram na repartição pública onde “A” trabalhar, valendo-se da qualidade
funcional de “A”, para subtrair um bem móvel. Nessa ocasião, ambos
responderão por peculato (Art. 312 do CP).
2) “A”, funcionário público, valendo-se do cargo, subtrai um bem móvel da
administração, com auxílio de “B”, o qual DESCONHECIA a função de “A”. Como
“B” desconhecia dessa qualidade de “A”, então responderá por furto (Art. 155
do CP); enquanto “A”, por peculato (Art. 312 do CP).
3) “A”, funcionário público, adentra à repartição em que trabalha, durante a noite,
sem se valer do cargo que ocupa, com auxílio de “B”, e subtraem um bem móvel
do órgão público. Ambos responderão por furto qualificado (art. 155 do CP).

Classificação:
 São considerados crimes próprios, pois exigem a qualidade de funcionário
público para sua classificação.
 Pune-se a conduta dolosa, expressada pela vontade de apropriar-se, desviar
ou subtrair, em proveito próprio ou alheio, bem móvel público ou privado.
Ressalta-se que, no parágrafo 2º, há a modalidade culposa (Art. 312, §2º –
Peculato culposo).
 É um crime comissivo e poderá ocorrer a omissão imprópria. Por exemplo:
um servidor público vê uma conduta de peculato ocorrendo, na repartição
onde trabalha, hipótese na qual podia e devia agir para evitar o resultado,
porém nada o faz, responderá pelo seu resultado (art. 13, §2° do CP).

Peculato Culposo
Art. 312, §2°
§2º – Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Essa situação é quando o funcionário público, por imprudência, imperícia ou
negligência, diante de sua conduta, permite que um terceiro pratique um crime
contra a Administração Pública.

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divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos
Públicos.
ATENÇÃO ALUNO!
O crime de outrem pode ser tanto um crime funcional (peculato furto,
apropriação), como também um crime comum.
Exemplo: Policial esquece o vidro da viatura aberto, enquanto estava na
delegacia, um meliante entra no veículo e subtrai o aparelho de rádio da viatura, ou
seja, o crime de outrem perpetrado aqui foi o de furto.

Extinção da Punibilidade e Redução da Pena


§3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.
A reparação deve ser ANTES da sentença irrecorrível, se for APÓS, reduz a
pena da metade.

FIQUE LIGADO!
O peculato de uso NÃO é crime, mas pode caracterizar ato de improbidade
administrativa (art.9º, lei 8.429/92). É o fato em que, por Exemplo, um funcionário
público apropria-se temporariamente de veículo público no intuito de realizar
diligências de caráter pessoal, restituindo o veículo ao pátio da repartição logo
após o uso.

CUIDADO!
Se a posse do bem (peculato apropriação e desvio), decorre de violência ou
grave ameaça há crime de roubo (art. 157) ou extorsão (art. 158 do CP).

Peculato Mediante Erro de Outrem - Art. 313

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou
divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos
Públicos.
Art. 313 – Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Esse artigo tipifica a conduta do funcionário público que, por erro de outra
pessoa, recebe dinheiro ou outra utilidade, de caráter lícito, e que deveria repassar
à Administração Pública, no entanto, a guarda em proveito próprio. É conhecido
também como PECULATO ESTELIONATO.
Exemplo: “A” por engano, vai até uma delegacia para pagar seus impostos e o
policial sabendo do erro de “A”, confirma que a entrega da arrecadação é de
competência dele mesmo, quando na verdade é entregue à prefeitura. O policial
acaba apropriando-se do dinheiro.

APONTAMENTOS:
 Se a vítima foi INDUZIDA EM ERRO pelo funcionário público, esse responderá
pelo crime de estelionato (art. 171 do CP). Ou, se a entrega do bem decorre
de fraude.
 Se o funcionário público se apropriou de dinheiro ou qualquer utilidade que
RECEBEU FORA DO EXERCÍCIO DO CARGO responderá pelo crime de:
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza (art.
169 do CP – Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro,
caso fortuito ou força da natureza:).
 Se o particular, por engano quanto à pessoa, coisa ou obrigação entrega
objeto a funcionário público, em razão do cargo deste, e se ele se apropria do
bem há crime de peculato mediante erro de outrem (art. 313, CP).
Inserção de Dados Falsos em Sistema de Informações – Art.
313-A
Art. 313-A – Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Pune-se a conduta do funcionário público AUTORIZADO que, insere ou
facilita inserção de dados falsos, altera ou exclui indevidamente dados nos sistema
de informação da Administração Pública com o objetivo de receber vantagem
indevida, tal crime, é também conhecido como peculato eletrônico.
Visa punir o funcionário autorizado o qual detém acesso aos sistemas de
informação da Administração Pública, e, aproveitando-se dessa situação, realiza
condutas indevidas causando prejuízo para Administração, bem como, aos
particulares.

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou
divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos
Públicos.
CONSIDERAÇÕES:
 É possível a ocorrência do erro do tipo, escusável ou inescusável, do agente
que acredita estar agindo corretamente e acaba inserindo, excluindo ou
alterando de forma equivocada, dados verdadeiros.
 Mesmo sendo um crime de mão própria (só pode ser praticado pelo
funcionário que tem AUTORIZAÇÃO), é possível a figura da participação e
coautoria, seja ela material ou moral.

Modificação ou Alteração não Autorizada de Sistema de


Informações – Art. 313-B
Art. 313-B – Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou
programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade
competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único – As penas são aumentadas de um terço até a metade se da
modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o
administrado.
Consiste em tipificar a conduta do funcionário público que modifica ou altera,
sem autorização, os sistemas de informações da Administração Pública.
O crime se consuma no momento da efetiva modificação ou alteração do
sistema de informação, sendo que, se resultar em dando, é causa de aumento de
pena conforme parágrafo único desse artigo.
DESCRIÇÃO:
Para configuração do crime em tela é necessário que a modificação ou
alteração ocorra SEM AUTORIZAÇÃO, pois, tal conduta, resume-se ao dolo do
agente, a vontade livre de provocar as modificações.

Concussão – Art. 316


Art. 316 – Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa.
No crime de concussão o funcionário público EXIGE uma vantagem indevida
e a vítima, temendo represálias, cede a essa exigência.
DESCRIÇÃO:
Sendo um crime FORMAL, e a consumação ocorrendo com a mera EXIGÊNCIA
da vantagem indevida. Pouco importa se o funcionário público recebe ou não.
Porém, caso receba haverá o exaurimento do crime.

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divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos
Públicos.
ATENÇÃO ALUNO!
É ATÍPICA a conduta do particular (vítima) que efetivamente entregou o
dinheiro exigido pelo funcionário público, pois ele agiu assim por medo de
represálias.

APONTAMENTOS:
 Se a vantagem for DEVIDA o agente – funcionário público – responderá pelo
crime de abuso de autoridade, lei 4.898/65.
 Caso a vantagem seja para a própria Administração Pública, poderá haver o
crime de excesso de exação (art. 316, §1º, CP).

IMPORTANTE!
 O particular que se disfarça de policial e exige dinheiro (vantagem indevida)
para não efetuar a prisão de alguém responderá pelo crime de extorsão (art.
158, CP).
 No crime de CONCUSSÃO o agente EXIGE a vantagem indevida. Ademais, no
crime de CORRUPÇÃO PASSIVA – art. 317 do CP – o agente SOLICITA,
RECEBE OU ACEITA PROMESSA de vantagem indevida.

Excesso de Exação – Art. 316, §1°


§1º – Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria
saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza:
Pena – reclusão, de três a oito anos, e multa.
§2º – Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Nessa situação, trata-se de uma cobrança integral e pontual, em que o
funcionário público EXIGE ilegalmente o TRIBUTO ou a CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
em benefício da própria Administração Pública, ou seja, recolhe efetivamente aos
cofres públicos.

CONSIDERAÇÕES:
 Para que configure o crime em tela, é necessário que o agente público que
realizou a cobrança tenha COMPETÊNCIA para fazê-lo, ou seja, ele é o
responsável, POSSUIU ATRIBUIÇÃO devido ao cargo que ocupa para realizar
a cobrança do tributo ou contribuição social.

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Públicos.
 É considerado um crime PRÓPRIO, pois exige uma qualidade específica do
funcionário público, ademais, é possível que ocorra a coautoria ou
participação de um particular, desde que esse tenha o conhecimento da
função pública que o agente ocupa.

DESCRIÇÃO:
§1º – Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria
saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza:
Nesse caso, ocorre o recolhimento aos cofres públicos.

FORMAS DE EXECUÇÃO:
 Exigir um tributo ou contribuição social que SABE OU DEVERIA SABER
INDEVIDO. Exemplo: Tributo que já foi pago pelo contribuinte; ou a quantia
cobrada é superior à fixada em lei.
 Exigir um tributo ou contribuição social DEVIDO, porém empregando meio
vexatório ou gravoso que a lei NÃO autoriza.
 Meio vexatório: humilhar, causar vergonha ou constrangimento na vítima.
 Meio gravoso: causar maiores despesas ao contribuinte.

§2º – Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu


indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Diferentemente do §1º, no §2º NÃO OCORRE O RECOLHIMENTO AOS
COFRES PÚBLICOS.

 O DESVIO do tributo ou contribuição social recebido INDEVIDAMENTE (§


1º) ocorre ANTES de sua incorporação aos cofres públicos, pois, caso ocorra
depois, o funcionário público responderá pelo crime de peculato desvio (art.
312, caput, 2ª parte do CP).

ATENÇÃO ALUNO!
De acordo com o STF, existem cinco espécies de tributos: impostos, taxas,
contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições sociais.
Segundo o STJ, à custa e emolumentos concernentes aos serviços notariais e
registrais possuem natureza tributária, qualificando-se como taxas remuneratórias
de serviços públicos. Desse modo, comete o crime de excesso de exação aquele que
exige custas ou emolumentos que sabe ou deveria saber indevido (REsp
899486/RJ, relator Ministro Felix Fischer, 5ª Turma, j. 22.05.2007).

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Públicos.
Corrupção Passiva – Art. 317
Art. 317 – Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§1º – A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.
§2º – Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Apesar de possuir certas semelhanças com o delito de concussão, nesse delito
podemos dizer que é menos “constrangedor” para a vítima, pois não há a coação
moral da exigência, a honra da imagem do emprego vexatório, ocorre
simplesmente a SOLICITAÇÃO, o RECEBIMENTO ou a simples PROMESSA DE
RECEBIMENTO.

CLASSIFICAÇÃO:
O crime é FORMAL, sendo assim, nesse delito, existem três momentos em que
o crime pode se consumar. No momento da SOLICITAÇÃO, no momento do
RECEBIMENTO, ou então no instante que o agente aceita a PROMESSA DE
RECEBIMENTO, independe do efetivo pagamento ou recebimento para o crime
estar consumado, caso ocorra, será mero exaurimento do crime.

DESCRIÇÃO:
 Solicitar: a conduta parte do funcionário público que pede a vantagem
indevida. Nesta situação o funcionário público responde por corrupção
passiva e o particular, caso entregue a vantagem indevida, não responderá
por crime algum (fato atípico).
 Receber: a conduta parte do particular que oferece a vantagem indevida e o
funcionário público recebe. Nesta situação o funcionário público responde
por corrupção passiva e o particular por corrupção ativa.
 Aceitar promessa de tal vantagem: a conduta parte do particular que
promete vantagem indevida ao funcionário público e este aceita a promessa.
Nesta situação o funcionário público responde por corrupção passiva e o
particular por corrupção ativa. OBS.: não é necessário que o funcionário
público efetivamente receba a vantagem prometida, pois o crime estará
consumado com a mera aceitação de promessa. ESPÉCIES DE CORRUPÇÃO
PASSIVA.

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Públicos.
IMPORTANTE!
Mesmo que a propina seja para a prática de ato LEGAL, ocorrerá o crime em
estudo.
Exemplo: comerciantes dão dinheiro para que policiais militares realizem
rondas diárias no bairro onde os comerciantes trabalham. É crime, pois os
servidores públicos já são remunerados pelo Estado para realizarem estas
atividades.

CONSIDERAÇÕES:
 Particular que oferece ou promete vantagem indevida – O particular que
oferece ou promete vantagem indevida ao funcionário público responde pelo
crime de corrupção ativa, art. 333, do CP.
 Exceção à teoria unitária ou monista no concurso de pessoas – O art. 29 do
Código Penal dispõe que: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”.
Portanto, a regra é que todos aqueles que concorrem para a prática de um
crime responderão pelo mesmo crime. Como se trata de exceção, o
funcionário público que recebe ou aceita promessa de vantagem indevida
responde por corrupção PASSIVA, art. 317, enquanto o particular que oferece
ou promete vantagem indevida responde por corrupção ATIVA, art.333.

ATENÇÃO ALUNO!
NÃO configura o crime de corrupção passiva o recebimento, pelo funcionário
público, de gratificações usuais de pequeno valor por serviços extraordinários
(desde que não se trate de ato contrário a lei), ou pequenas doações ocasionais,
geralmente no Natal ou no Ano Novo.

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou
divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos
Públicos.
Caso a vantagem recebida seja revertida em favor da própria
Administração Pública NÃO HAVERÁ O CRIME de corrupção passiva. Todavia o
funcionário público estará sujeito à prática de ato de improbidade administrativa
(Lei 8.429/92).

Causa de Aumento de Pena


§1º – A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.
O que seria o exaurimento do crime funciona como causa de aumento de
pena para o funcionário público. A pena será aumentada em 1/3.

Corrupção Passiva Privilegiada


Art. 317, §2º
§2º – Se o funcionário PRATICA, DEIXA de PRATICAR ou RETARDA ato de ofício,
com infração de dever funcional, CEDENDO A PEDIDO OU INFLUÊNCIA DE
OUTREM:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Nesta hipótese, o particular não oferece ou promete vantagem indevida ao
funcionário público. Ele apenas pede para que esse “DÊ UM JEITINHO” de praticar,
deixar de praticar ou retardar ato de ofício, com infração de dever funcional.
Exemplo: Pedro é abordado numa Blitz e seu veículo está com o IPVA
atrasado. Diante disso, ele pede ao policial rodoviário que não aplique a devida
multa ou apreenda o veículo. O policial atende ao pedido. Nesta situação o policial
praticou o crime de corrupção passiva privilegiada e Pedro é partícipe deste crime.

ATENÇÃO ALUNO!
Esse parágrafo (§2°) tem grande incidência em concursos. É o famoso “Dar
um jeitinho”.

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fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos
Públicos.
Facilitação de Contrabando ou Descaminho – Art. 318
Art. 318 – Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho (art. 334):
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa
Esse artigo trata de um crime REMETIDO, ou seja, é a conduta praticada por
funcionário público para que o particular venha a cometer outro crime, qual seja, o
contrabando e descaminho – art. 334 do Código Penal – sendo que, no crime de
contrabando o particular importa ou exporta mercadoria cuja sua venda é proibida
no Brasil, ou então, em quantidade superior a permitida em lei. Já no descaminho, é
quando o particular importa ou exporta uma mercadoria legalmente permitida no
país, entretanto, não recolhe o tributo referente à importação, no momento em que
esse cruza a aduana brasileira.
CONSIDERAÇÕES:
 Teoria pluralista (exceção): Caso o funcionário público que pratica a
facilitação de contrabando ou descaminho tenha a competência legal –
conforme sua função exercida – por Exemplo, um fiscal da Receita Federal,
para coibir esse crime (art. 334 do CP), que o particular esteja praticando,
responderá de acordo com esse artigo em tela (art. 318 do CP).

 Teoria unitária ou monista (regra): Na hipótese em que o funcionário não


tenha competência legal – por Exemplo, um Policial Rodoviário Federal que
auxilie o ingresso de um veículo o qual contenha mercadorias ilícitas –
responderá pelo artigo 334 do Código Penal, como coautor ou partícipe, na
medida da sua culpabilidade na prática do crime que o particular esteja
praticando.

ATENÇÃO ALUNO!
Caso o produto importado ou exportado seja arma de fogo, de acordo com o
princípio da especialidade, em ambos os casos, o funcionário público responderá
pelo crime de tráfico internacional de arma de fogo – art. 18 da lei 10.826/2003:

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importar, exportar, FAVORECER a entrada ou saída do território nacional, a
qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da
autoridade competente: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa –.

Exercícios
1) No peculato doloso se o sujeito ativo do crime repara o dano antes da sentença
penal definitiva fica extinta a sua punibilidade.
2) Funcionário público, de férias, que aceita uma promessa de recebimento de
dinheiro para que, em razão do seu cargo, possa liberar do pagamento de uma
multa uma pessoa que tinha sido autuada pela fiscalização comete:
a) Crime de concussão.
b) Crime de peculato.
c) Crime de corrupção ativa.
d) Prevaricação.
e) Crime de corrupção passiva.

3) Para que o crime de concussão se configure é necessário que haja:


a) A exigência de vantagem indevida, mesmo que a vantagem não seja
recebida,
b) A mera solicitação da vantagem indevida.
c) O recebimento da vantagem indevida.
d) Aceitação da promessa de receber a vantagem indevida.
e) O retardamento ou a falta da prática do ato gerado de ofício por parte do
funcionário público.

GABARITO
1. ERRADO
2. E
3. A

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Capítulo II – Das Lesões Corporais�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Lesão Corporal – Art. 129�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Lesão Corporal de Natureza Grave – Art. 129, §1º��������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Lesão Corporal de Natureza Gravíssima – Art. 129, §2º����������������������������������������������������������������������������������������������2
Lesão Corporal Seguida de Morte – Art. 129, §3º����������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Diminuição de Pena – Art. 129, §4º���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Substituição da Pena – Art. 129, §5º��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Lesão Corporal Culposa – Art. 129, §6º��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Aumento de Pena – Art. 129, §7º��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Violência Doméstica – Art. 129, §§ 9º, 10º e 11º�������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Capítulo III – Da Periclitação da Vida e da Saúde�������������������������������������������������������������������������������������������4
Maus-Tratos – Art. 136������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
Capítulo IV – Da Rixa�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5
Rixa – Art. 137��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������5

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Capítulo II – Das Lesões Corporais


Lesão Corporal – Art. 129
O crime de lesão corporal descrito no art. 129 é uma das maiores tipificações existentes no
Código Penal, versando sobre diversas circunstâncias referentes às lesões. Para facilitar, vejamos
como esse artigo está disposto nas suas formas mais relevantes:
a) Lesão corporal de natureza leve – Art. 129, caput.
b) Lesão corporal de natureza grave – Art. 129, §1º.
c) Lesão corporal de natureza gravíssima – Art. 129, §2º. (classificação doutrinária)
d) Lesão corporal seguida de morte – Art. 129, §3º. (qualificada pelo resultado)
Art. 129 – Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
O caput do artigo 129 versa sobre a lesão corporal de natureza leve.
O elemento subjetivo no crime de lesão corporal é o animus laedendi (intenção de lesionar).

Lesão Corporal de Natureza Grave – Art. 129, §1º


§1º – e resulta:
I. Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
Deve ser realizado exame complementar de perícia DEPOIS de decorridos os 30 dias, contado da
data do crime, ou seja, no 31º dia.
II. perigo de vida;
O perigo de vida deve ser uma possibilidade concreta e imediata de a vítima morrer em conse-
quência do ato delituoso.
III. debilidade permanente de membro, sentido ou função;
Diminuição ou enfraquecimento da capacidade funcional.
IV. aceleração de parto:
˃˃ Feto nasce antes do período normal em razão da lesão corporal.
˃˃ A criança nasce viva e continua a viver.
Pena – reclusão, de um a cinco anos.

Lesão Corporal de Natureza Gravíssima – Art. 129, §2º


(Classificação Doutrinária)
§2° – Se resulta:
I. Incapacidade permanente para o trabalho;
A expressão “para o trabalho”, a vítima fica impossibilitada de exercer qualquer tipo de trabalho.
II. enfermidade incurável;
Alteração da saúde, ocorrendo através de processo físico, psíquico ou patológico, ou seja, a
medicina ainda não encontrou a cura.
III. perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
»» Exemplo: perda de uma perna (membro), dos dois olhos (sentido) inutilização dos rins

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(função).
IV. deformidade permanente;
»» Exemplo: “A” com intenção de lesionar sua esposa, joga óleo quente em seu rosto que fica
deformado permanentemente.
Segundo corrente majoritária, se a vítima vir a fazer uma cirurgia plástica, por exemplo, restará
lesão corporal de natureza leve. (art. 129, caput).
V. aborto:
Vale ressaltar que esse inciso se refere a um resultado culposo, visto que se trata de crime preter-
doloso.
É a lesão corporal agravada pelo aborto, onde o agente age com DOLO na conduta de lesionar e
CULPA no resultado agravador aborto.
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Atenção Aluno!
Vejamos agora, as principais diferenças entre a lesão corporal de natureza grave (§1º) e a gravíssi-
ma (§2º) e quais são os pontos de maior relevância para estudarmos.

Lesão Corporal Seguida de Morte – Art. 129, §3º


§3° – Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o
risco de produzi-lo:
Esse crie é o de lesão corporal QUALIFICADA pela morte.
É um crime propriamente preterdoloso ou preterintencional. Dolo no antecedente (lesão
corporal) e o resultado se dá através da culpa (morte).
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.

Diminuição de Pena – Art. 129, §4º


§4° – Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
sexto a um terço.
É a lesão corporal PRIVILEGIADA, tendo as mesmas circunstâncias que o privilégio do homicí-
dio (art. 121 do CP).

Substituição da Pena – Art. 129, §5º


§5° – O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa:
I. se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
Para ocorrer a substituição da pena nessa hipótese, as lesões não podem ser graves e deve haver a
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incidência do privilégio (causa de diminuição de pena).


II. se as lesões são recíprocas.
Se os indivíduos agrediram um ao outro.

Lesão Corporal Culposa – Art. 129, §6º


§6° – Se a lesão é culposa:
Cometido por negligência, imprudência ou imperícia.
Pena – detenção, de dois meses a um ano.

Aumento de Pena – Art. 129, §7º


§7 º – Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121
deste Código.
Se ocorrer as circunstâncias do aumento de pena do homicídio e §6º do homicídio.
§8º – Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
Faz menção ao perdão judicial do homicídio, quando as consequências da infração atingirem o
próprio agente de maneira tão grave, que a sansão penal se torne desnecessária.
Essa condição é aplicada somente na lesão CULPOSA.

Violência Doméstica – Art. 129, §§ 9º, 10º e 11º


§9º – Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabi-
tação ou de hospitalidade:
A violência doméstica, que foi inserida pela lei 10.886/04, não é considerada um crime autônomo,
visto que sua elementar ainda é a lesão, porém é cometido contra pessoas específicas e determina-
das.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§10 – Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste
artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
Se a lesão for de natureza grave, gravíssima ou com resultado morte, contra ascendente, descendente,
cônjuge ou companheiro, irmão, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou ainda, prevalecendo-se
o agente das relações domésticas de coabitação ou de hospitalidade, a pena aumenta-se de 1/3 (um
terço).
§ 11 – Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra
pessoa portadora de deficiência.
Se do crime resultar lesão grave, gravíssima ou morte for cometido contra deficiente nas circunstâncias
do §9º a pena é aumentada.

Capítulo III – Da Periclitação da Vida e da Saúde


Maus-Tratos – Art. 136
Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim
de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indis-
pensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou
disciplina:
Pena – detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
Não confundir com o crime de tortura, quando alguém sob guarda, vigilância ou autoridade e
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é submetido com o emprego de violência ou grave ameaça a INTENSO sofrimento físico ou mental
para aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo (Lei 9.455/97, art. 1º, inc. II).
§1º – Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de um a quatro anos.
§2º – Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
§§ 1º e 2º versam o preterdolo.
§3º – Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Causa especial de aumento de pena, adicionada pela lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Ado-
lescente.

Capítulo IV – Da Rixa
Rixa – Art. 137
Art. 137 – Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único – Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participa-
ção na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
É necessário que três (03) ou mais pessoas façam parte da rixa, sendo ao menos uma delas impu-
tável.
Não pode haver grupo definido, sendo esse crime classificado como de condutas contrapostas.
(uns contra os outros).
Cada contentor é sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo no crime de rixa.
É um crime de concurso necessário.
Mesmo que o contentor tenha ido embora da rixa e alguém morrer, esse irá responder por rixa
qualificada pela morte.
EXERCÍCIOS
01. Admite-se no, código penal (CP) brasileiro, a lesão na modalidade levíssima.
Certo ( ) Errado ( )
02. O perdão judicial pode ser aplicado ao crime de lesões corporais dolosas simples
Certo ( ) Errado ( )
03. Para a configuração da agravante da lesão corporal de natureza grave em face da incapacidade
das ocupações habituais por mais de 30 dias, não é necessário que a ocupação habitual seja
laborativa, podendo ser assim compreendida qualquer atividade regularmente desempenhada
pela vítima.
Certo ( ) Errado ( )
04. No crime de rixa, a coautoria é obrigatória, pois a norma incriminadora reclama como
condição obrigatória do tipo a existência de pelo menos três autores, sendo irrelevante que um
deles seja inimputável.
Certo ( ) Errado ( )
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GABARITO
01 – ERRADO
02 – ERRADO
03 – CERTO
04 – CERTO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Lei 9.455/97 – Tortura�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Introdução��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2

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Lei 9.455/97 – Tortura


Introdução
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu, em seu art. 5º, III, que “ninguém será submetido a
tortura nem a tratamento desumano e degradante”.
O texto constitucional é cópia do que foi determinado na Declaração dos Direitos Humanos, de
10 dezembro de 1948, conhecido como pacto de São José da Costa Rica.
A Constituição também determinou, em seu art. 5º, XLIII, que a Lei considerará crimes inafian-
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandan-
tes, os executores e os que, podendo evitá-los, omitirem-se;
Esse instituto constitucional primeiramente foi regulado pela Lei dos Crimes Hediondos – Lei
8.072/90, que equiparou a tortura a crimes hediondos, tratando-a com cunho processual penal mais
grave.
A lacuna legal inicialmente foi suprimida pelo art. 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente –
que previa a tortura a adolescentes, mas que hoje se encontra revogado.
Para sanar a falha, foi aprovada e promulgada a Lei 9.455/97, que regulamentou o crime de tortura
e deu outras providências.
Dos crimes em espécies
A Lei dos Crimes Hediondos, em seu bojo, traz insculpidos vários delitos penais ligados à prática
de tortura, sendo que cada crime tem as próprias características.
Tortura-prova, tortura para prática de crimes e tortura discriminatória
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Temos, no inciso I, do art. 1º, três figuras típicas com o mesmo nome jurídico. Para fazer a dife-
renciação, basta uma leitura do próprio texto de lei. Temos como ponto inicial a objetividade jurídica
que é a incolumidade física e mental dos cidadãos.
Como meio de execução, temos a violência e a grave ameaça a pessoa. O ponto interessante é que
a tortura não é crime próprio, pode ser cometido por qualquer pessoa e não apenas pela autoridade e
seus agentes.
A consumação do crime se dá no momento do emprego da provação do sofrimento físico ou
mental. A tentativa é possível, por exemplo, quando o agente emprega violência, mas essa não atinge
a vítima, mas se prova a intensão do agente.
O elemento subjetivo depende do próprio ilícito que o agente quer cometer.
Na alínea “a”, o agente torturador quer obter informação, declaração ou confissão, como por
exemplo, empregar violência contra um pai para obter informações do filho. Um ponto importante
é acerca do conflito aparente de normas penais. No caso de crimes mais graves, como no caso da
extorsão, teremos o princípio da consunção, ou seja, se o agente quiser cometer o crime de extorsão e,
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para isso, emprega violência com sofrimento físico ou mental para obter senha do banco e, posterior-
mente, sacar dinheiro, teremos apenas o crime de extorsão e não o crime de tortura.
Na alínea “b”, temos a tortura para a prática de crimes. Nesse caso, não haverá conflito aparente
de normas penais e o agente responderá em concurso material (soma-se as penas) pelos delitos per-
petrados. Assim, caso o torturador empregue violência ou grave ameaça na vítima, para que ela
cometa um crime de furto, teremos a chamada autoria mediata, em que o agente criminoso respon-
derá como autor dos crimes de tortura e furto. A vítima ficará isenta de pena, pois estava em uma
coação moral irresistível.
Uma coisa importante é que se o agente emprega violência ou grave ameaça com sofrimento
físico e mental para a prática de contravenção penal, não teremos o crime de tortura e sim de cons-
trangimento ilegal (art. 146 do CP), em concurso material com a contravenção penal perpetrada.
Por fim, no caso da alínea “a” e “b”, o agente responde mesmo se o resultado intentado não
ocorrer, visto serem espécies de crimes formais.
Na alínea “c”, o agente responde pela tortura se tiver como meio motivacional a discriminação.
Lembrando que, dependendo do caso concreto, poderá o agente responder pelo crime de racismo,
art. 20 da Lei 7.716/89.
Tortura Castigo
Art. 1º, caput, II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou
grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de
caráter preventivo.
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Tratamos, aqui, de crime próprio, pois só pode ser cometido por quem possui autoridade, guarda
ou vigilância sobre a vítima. Temos como sujeito ativo tanto o agente público quanto o privado. O
importante é ter a custodia, guarda ou estar sob o poder ou autoridade, por isso pode ser praticado
contra filho, pai, preso, tutelado, sempre que ocorrer violência ou grave ameaça com fim de causar
sofrimento físico ou mental. As mulheres não entram nessa figura típica, pois não estão sob a guarda
dos maridos. Assim, quando se trata de violência contra elas, estaremos diante do art. 129 § 9° (lesão
corporal).
O elemento subjetivo, aqui, exige o chamado animus corrigendi, que compreende a intenção de
expor a vítima a grave sofrimento como forma de aplicação de castigo ou medida de caráter preven-
tivo.
Por fim, os tipos penais descritos são normalmente crimes comissivos, mas podem ser omis-
sivos impróprios (comissivo por omissão) também. Comissivo nos exemplos mais comuns, como
socos, pontapés e choques elétricos. Comissivo por omissão, quando o sujeito ativo tem o dever de
“garante” (art. 13, parágrafo 2º, CP), como no caso do policial que tem a vítima sob custódia, que
sabe ser portadora de determinada moléstia, e que precisa fazer uso de determinado medicamento, e
deixa de fornecer a medicação, provocando-lhe sofrimento, com o fim de obter confissão, informa-
ção ou declaração.
Vale lembrar que a tortura castigo se diferencia das torturas do inciso I por necessitar do
“intenso” sofrimento físico ou mental, o que não ocorre no inciso I que pede apenas sofrimento físico
ou mental, ou seja, não prevê o “intenso”.
Tortura do preso ou de pessoa sujeita a medida de segurança
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Temos, aqui, a proteção do art. 5º, inciso XLIX, da CF/88 que garante aos presos a integridade
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física e corporal. Por esse motivo, estão proibidos os castigos físicos, celas escuras e solitárias.
Só temos que nos atentar ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Nesse caso, temos uma
espécie de solitária, mas regulada pela lei. Assim, quem o faz está amparado por uma excludente de
ilicitude de exercício regular de um direito e quem faz sem as disposições legais comete o crime de
tortura.
Omissão perante a tortura
Art. 1º, § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
Temos, aqui, a chamada tortura imprópria, ou seja, o agente garantidor que se omite em face à
tortura deverá responder por esse dispositivo legal. Nesse caso, o agente tinha o dever de evitar ou
apurar a ocorrência. Podemos notar que o agente que incorrer em tal fato típico não pratica efetiva-
mente a tortura, mas de forma omissiva, permite que outro a realize.
A tortura imprópria é crime próprio, pois só poderá ser praticada por aquele que estiver na
posição de garante, o que tinha o dever de evitar o crime, grande parte das vezes será um funcionário
público. Vale lembrar que de maneira diversa o crime de tortura é crime comum, ou seja, pode ser
praticado por qualquer pessoa. A tortura imprópria admite a prática apenas na modalidade dolosa,
não sendo possível tortura imprópria culposa.
A pena prevista é de detenção, ao contrário das demais formas de tortura que preveem a possi-
bilidade de cumprimento da pena em regime fechado. Cabe salientar que a tortura imprópria não é
equiparada ao crime hediondo, o que caracteriza exceção às demais espécies de tortura.
Temos, como exemplo, o delegado de polícia que sabe da existência da tortura e nada faz para
apurá-la.
Formas qualificadas
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos;
se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
→→ As lesões graves e gravíssimas estão assim previstas no art. 129 do CP:
→→ – Lesão corporal de natureza grave:
§ 1º Se resulta:
I – Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV – aceleração de parto.
Pena – reclusão, de um a cinco anos.
→→ – Lesão corporal de natureza gravíssima:
§ 2° Se resulta:
I – Incapacidade permanente para o trabalho;
II – enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente;
V – aborto.
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
No caso da qualificadora por morte, temos a diferenciação entre a tortura qualificada e o
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homicídio qualificado pela tortura. Aqui, o que vai diferenciar é a intenção do agente.
Se o agente tortura e causa a morte por culpa, teremos a tortura qualificada
Se a tortura é utilizada como meio para o homicídio, teremos o homicídio qualificado pela
tortura.
Causa de aumento de pena
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I – se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
(sessenta) anos;
III – se o crime é cometido mediante sequestro.
O inciso I traz como causa de aumento de pena a qualidade de funcionário público. Porém, temos
que nos atentar para o no bis in idem, ou seja, não podemos aplicar esse aumento de pena quando a
própria elementar do crime necessite dela. Isso vale para o caso da tortura do § 2º”omissão em face
da tortura”, já que, para se omitir, tem que ter o dever de apurar, e quem tem o dever de apurar é fun-
cionário público.
Os incisos II e III trazem, em seu bojo, aplicações objetivas no caso da tortura.
Efeitos da condenação
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercí-
cio pelo dobro do prazo da pena aplicada.
A condenação por delito, previsto na Lei de Tortura, acarreta, como efeito extrapenal automá-
tico da sentença condenatória, a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada – Precedentes do STJ e do STF. Em resumo, a perda
do cargo é automática, segundo os Tribunais.
Aspectos processuais
Art. 1º § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
Esse dispositivo legal repete o que é determinado no texto constitucional, em seu art. 5º, inciso
XLIII. O STF entende que a palavra graça é gênero que comporta a espécie indulto, assim, o indulto
também está proibido.
Do regime inicial da pena
Art. 1º § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da
pena em regime fechado.
→→ A qualquer que seja a pena, mesmo que o agente seja primário, deve-se aplicar a regra do regime
inicialmente fechado. A pessoa condenada pelo crime de tortura poderá progredir de regime,
depois de cumpridos os seguintes prazos:
Primário: após cumprir dois quintos da pena.
Reincidente: Cumprido três quintos da pena.
Contudo, devemos nos atentar à figura da tortura imprópria, prevista no art. 1º § 2º da lei. Nesse
caso, é possível o início em regime aberto, bem como concessão do sursis ou a substituição da pena
pela restritiva de direito.
Da extraterritorialidade da Lei
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se, ainda, quando o crime não tenha sido cometido em território
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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→→ Aqui, há duas condições, de modo que deve ocorrer uma das duas, para que a lei se aplique:
– Que vítima seja brasileira.
– Que o agente torturador esteja em local que a lei brasileira seja aplicável.
Da revogação do art. 233 do Estatuto da Criança e do Adolescente
Os institutos relativos à tortura passaram a ser regulamentados pela Lei 9.455/97, revogando,
assim, expressamente o art. 233 do ECA.
EXERCÍCIOS
01. (CESPE – 2013). Se um integrante de corporação policial militar for processado penalmente
pela prática de tortura, ao submeter agente preso por sua guarnição a sofrimento físico intenso
com a intenção de obrigá-lo a delatar os comparsas, o julgamento do processo deverá ocorrer
na justiça comum, e a eventual condenação implicará, automaticamente, a perda do cargo,
função ou emprego público e a interdição para seu exercício, pelo dobro do prazo da pena
aplicada, como efeito automático da condenação, dispensando-se motivação circunstanciada.
Certo ( ) Errado ( )
02. (CESPE – 2013). O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental,
ainda que por intermédio da prática de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, prati-
cará o crime de tortura.
Certo ( ) Errado ( )
03. (CESPE – 2013). Um agente penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia,
permanecesse em pé, por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-
se, como forma de castigo, já que José havia cometido, comprovadamente, grave falta discipli-
nar. Nessa situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de
violência ou grave ameaça contra José.
Certo ( ) Errado ( )
04. (CESPE – 2013). Para que um cidadão seja processado e julgado por crime de tortura, é pres-
cindível que esse crime deixe vestígios de ordem física.
Certo ( ) Errado ( )
05. (CESPE – 2013). Determinado policial militar efetuou a prisão em flagrante de
Luciano e o conduziu à delegacia de polícia. Lá, com o objetivo de fazer Luciano con-
fessar a prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu in-
terrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no seu pescoço,
asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial deixou-o trancado na sala de in-
terrogatório durante várias horas, pendurado de cabeça para baixo, no escuro, período em
que lhe dizia que, se ele não confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que
ocorria na sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano
afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso sofrimento físico e mental.
Considerando a situação hipotética descrita e o disposto na Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue o
item subsequente.
O delegado não pode ser considerado coautor ou partícipe da conduta do policial, pois o crime de
tortura somente pode ser praticado de forma comissiva.
Certo ( ) Errado ( )

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06. (CESPE – 2013). O crime de tortura é considerado crime comum, uma vez que não se exige
qualidade ou condição especial do agente que o pratica, ou seja, qualquer pessoa pode ser con-
siderada sujeito ativo desse crime.
Certo ( ) Errado ( )
07. (CESPE – 2012). Há concurso de crimes de abuso de autoridade e de tortura se, em um mesmo
contexto, mas com desígnios autônomos, dois agentes torturam preso para que ele confesse a
autoria de delito e, em seguida, exibem-no, sem autorização, para as redes de televisão, como
suposto autor confesso do crime.
Certo ( ) Errado ( )
08. (CESPE – 2012). O policial condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas depen-
dências do distrito policial, um acusado de tráfico de drogas a confessar a prática do crime,
perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário, nessa situação, que o juiz senten-
ciante motive a perda do cargo.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO
03 - CERTO
04 - CERTO
05 - ERRADO
06 - CERTO
07 - CERTO
08 - CERTO

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Exercícios ..............................................................................................................................................................2

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Exercícios
01. Dionízio da Silva foi condeno por crime contra o patrimônio e a ele foi imposta que prevê a
punição de reclusão de um a quatro anos. Após cumprir mais da metade da pena outra pena
entrou em vigor que passou a punir o crime a que ele foi condenado com a pena de 3 anos a 6
anos de detenção, nessa situação podemos afirmar que a nova lei se aplicará a Dionízio.
Certo ( ) Errado ( )
02. Podemos afirmar que segundo orientação firmada pelo Superior tribunal de Justiça e no
Superior Tribunal Federal, para a aplicação do princípio da insignificância, nos crimes de
furto, faz-se necessária a presença de certos fatores: “Mínima ofensividade da conduta do
agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento; inexpressividade da lesão jurídica provocada e o réu ser primário”.
Certo ( ) Errado ( )
03. Margarida, auxiliada por Gina, sequestrou Antônio com o fim de pedir resgate. O problema
é que a família se negou a pagar o resgate, nessa situação passaram-se mais de 15 dias de se-
questro, situação que qualifica o crime de extorsão mediante sequestro no código penal (§ 1º
Se o sequestro dura mais de 15 dias, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60
(sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha). Ocorre também que nesse
período nova lei com aplicação imediata entrou em vigor e aumentou a pena imposta ao crime,
nessa situação podemos afirmar que segundo a súmula 711 do STF a nova pena será aplicada
aos autores, mesmo que seja mais grave.
Certo ( ) Errado ( )
04. Bento praticou o crime de receptação, cuja pena é de reclusão de um a quatro anos. Posterior-
mente, por ocasião de seu julgamento, passou a vigorar lei que, regulamentando o mesmo
fato, impôs pena de um a cinco anos. Nessa situação a lei posterior não será aplicada devido
à nova lei ser mais gravosa. Contudo, podemos afirmar que no crime de receptação, que está
capitulado como crime contra o patrimônio, caso o autor adquira ou receba a coisa que por
sua natureza ou desproporção entre o preço e o valor, ou pela condição de quem ofereça deva
presumir ser por meio criminoso terá sua pena agravada, segundo o próprio código penal.
Certo ( ) Errado ( )
05. Antônio Carlos praticou um crime de furto contra seu genitor. Após ser preso afirmou que
estava em estado de embriaguez e que se colocou nessa situação para realmente efetuar o crime
contra o patrimônio, nessa situação podemos afirmar que terá por isso sua pena agravada.
Certo ( ) Errado ( )
06. Almir apropriou-se indevidamente de um bem móvel da empresa em que trabalhava. Ele tinha
a posse do bem em razão da profissão, nessa situação podemos afirmar que ele não poderá ter
a pena agravada, pois o crime de apropriação indébita não prevê caso de aumento de pena ex-
plícito na lei.
Certo ( ) Errado ( )
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I. Em depósito necessário;
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II. Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositá-


rio judicial;
III. Em razão de ofício, emprego ou profissão.
07. É correto afirmar que antes o sequestro relâmpago (sendo enquadrado no art. 159) era crime
hediondo. Agora deixou de ser crime hediondo (porque a extorsão do art. 158, § 3º, não está ca-
talogada, no Brasil, como crime hediondo. Não sendo possível analogia contra o réu, não pode
o juiz suprir esse vácuo legislativo (nem o doutrinador pode violar a garantia da (lex stricta).
Certo ( ) Errado ( )
08. No crime de Fraude no pagamento por meio de cheque a pena aumenta-se de um terço, se o
crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia
popular, assistência social ou beneficência. Contudo, caso o agente frustre o pagamento da
cártula o crime não estará consumado por falta de previsão legal.
Certo ( ) Errado ( )
09. Podemos afirmar que uma coisa é a concretização exclusiva do sequestro relâmpago (obrigar
a vítima, por exemplo, a fazer saques em caixas eletrônicos, privando-a da liberdade) e outra
- bem diferente - consiste em o agente subtrair bens da vítima em primeiro lugar (o carro, a
carteira, dinheiro etc.) e depois praticar o sequestro relâmpago. Na primeira situação temos
crime único agora enquadrado no art. 158, § 3º, do CP. Na segunda temos dois delitos: roubo
(art. 157) mais art. 158, § 3º (extorsão).
Certo ( ) Errado ( )
10. Armando empresta seu nome para terceiro para que esse abra uma empresa de fachada,
sabendo que não será a empresa estabelecida para realizar o objeto social declarado, nessa
situação Armando pratica o crime de falsidade ideológica.
Certo ( ) Errado ( )
11. Com relação ao crime de moeda falsa, caso Platão falsificar e posteriormente exportar a
moeda, responderá por dois crimes em concurso material.
Certo ( ) Errado ( )
12. Se Antônio falsifica a carteira de habilitação alterando a data de validade e essa falsificação é
imediatamente reconhecida pela autoridade de trânsito, podemos afirmar que segundo en-
tendimento do STJ o crime é considerado “crime impossível” por absoluta ineficácia do meio
empregado devido à falsificação grosseira.
Certo ( ) Errado ( )
13. Segundo artigo 1º do código penal que preleciona: “Não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal”, podemos afirmar que no Direito Penal, encontra-se
inserido os princípios da legalidade, da anterioridade e da reserva legal. Assim, algumas de-
terminações expressas do artigo primeiro devem ser observadas, como são casos: A analogia
somente para beneficiar o réu, a impossibilidade de ei em sentido material criar condutas cri-
minosas e cominar penas, a impossibilidade de punição a indivíduos sem a previsão estrita-
mente legal e a impossibilidade de crimes atribuídos a pessoas jurídicas de qualquer modo.
Certo ( ) Errado ( )
14. James, de nacionalidade Francesa, desferi cinco disparos em Jhon, também cidadão Francês,
matando-o. O referido crime aconteceu dentro de uma embarcação estrangeira de proprie-
dade privada em mar territorial do Brasil. Assim podemos afirmar que nessa situação, não se
aplicará a lei brasileira ao crime praticado.
Certo ( ) Errado ( )
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15. Imagine que o Presidente da República Federativa do Brasil esteja em viagem diplomática aos
Estados Unidos e lá teve seus bens furtados, nessa situação obrigatoriamente se aplicará a lei
brasileira, visto que estamos falando do chefe de Estado.
Certo ( ) Errado ( )
16. Se James, ao cometer o crime estivesse impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou
sob o domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz poderia
atenuar sua pena. Contudo, caso Jhon tivesse a época do ocorrido mais de 60 anos é correto
afirmar que a pena deveria receber aumento. Porém, caso o disparo ocorresse quando Jhon
tivesse 59 anos e o resultado morte se desse após os 60 anos o aumento não poderia ser aplicado.
Certo ( ) Errado ( )
17. Na hipótese de James ter cometido o homicídio de forma dolosa, o juiz poderá deixar de
aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
que a sanção penal se torne desnecessária, ou seja, após o início da ação penal, verificou-se que
James era pai de Jhon.
Certo ( ) Errado ( )
18. Imagine que James tivesse induzido Jhon a disparar contra a própria cabeça. Jhon querendo
se matar faz o disparo e o tiro atinge sua cabeça, contudo, não causa lesões efetivas, pois a
munição pegou “de raspão”, causando lesão corporal de natureza leve. Nessa situação, James
não deve responder por crime algum. Contudo, caso o crime se completasse com a morte de
Jhon e fosse provado que foi cometido por motivo egoístico, a pena deveria ser aumentada.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - CERTO
02 - ERRADO
03 - ERRADO
04 - ERRADO
05 - ERRADO
06 - ERRADO
07 - CERTO
08 - ERRADO
09 - CERTO
10 - CERTO
11 - ERRADO
12 - CERTO
13 - ERRADO
14 - ERRADO
15 - CERTO
16 - CERTO
17 - ERRADO
18 - CERTO
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Dos Princípios do Direito Penal (Art. 1º)����������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Da Lei Penal no Tempo (Arts. 2, 3 E 4)��������������������������������������������������������������������������������������������������������������2

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Dos Princípios do Direito Penal (Art. 1º)


01. Um dos princípios basilares do Direito Penal diz respeito à não transcendência da pena, que
significa que a pena deve estar expressamente prevista no tipo penal, não havendo possibilida-
de de aplicar pena cominada a outro crime.
Certo ( ) Errado ( )
02. O princípio da reserva legal aplica-se, de forma absoluta, às normas penais incriminadoras,
excluindo-se de sua incidência as normais penais não incriminadoras.
Certo ( ) Errado ( )
03. De acordo com a jurisprudência do STJ, a conduta do empresário que emite duplicata mercan-
til sem que esta corresponda à venda de mercadoria ou serviço prestado constitui fato atípico,
pois a utilização da interpretação analógica in malam partem é vedada em Direito Penal.
Certo ( ) Errado ( )
04. Considere que Adolfo, querendo apoderar-se de bens existentes no interior de uma casa
habitada, tenha adentrado no local e subtraído telas de LCD e forno micro-ondas. Nessa
situação, aplicando-se o princípio da consunção, Adolfo não responderá pelo crime de violação
de domicílio, mas somente pelo crime de furto.
Certo ( ) Errado ( )
05. Havendo conflito aparente de normas, aplica-se o princípio da subsidiariedade, que incide no
caso de a norma descrever várias formas de realização da figura típica, bastando a realização
de uma delas para que se configure o crime.
Certo ( ) Errado ( )
06. O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou
seja, os tipos penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.
Certo ( ) Errado ( )
07. Dado o princípio da legalidade estrita, é proibido o uso de analogia em Direito Penal.
Certo ( ) Errado ( )
08. Os sucessores daquele que falecer antes de cumprir a pena a que tiver sido condenado poderão
ser obrigados a cumpri-la em seu lugar.
Certo ( ) Errado ( )
09. Em caso de urgência, a definição do que é crime pode ser realizada por meio de medida provisória.
Certo ( ) Errado ( )
Da Lei Penal no Tempo (Arts. 2, 3 E 4)
12. O princípio da anterioridade, no Direito Penal, informa que ninguém será punido sem lei
anterior que defina a conduta como crime e que a pena também deve ser prevista previamente,
ou seja, a lei nunca poderá retroagir.
Certo ( ) Errado ( )
Para as questões 13 a 15, considere a seguinte situação hipotética: Um crime de extorsão
mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor, prevendo
causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço.
13. Nessa situação, a lei penal mais grave não poder ser aplicada: o ordenamento jurídico não
admite a novatio legis in pejus.
Certo ( ) Errado ( )
14. A lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e
a legislação, em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.
Certo ( ) Errado ( )
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15. A lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada
em vigor da nova legislação, antes da cessação da permanência.
Certo ( ) Errado ( )
16. A lei benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da sentença – em decorrência do
fenômeno da ultratividade – mesmo já tendo sido revogada a lei que vigia no momento da con-
sumação do crime.
Certo ( ) Errado ( )
17. A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz a abolitio criminis, ainda que
seus elementos passem a integrar outro tipo penal, criando pela norma revogadora.
Certo ( ) Errado ( )
18. No Código Penal brasileiro, adota-se, com relação ao tempo do crime, a teoria da ubiquidade.
Certo ( ) Errado ( )
19. Considere que, durante a Copa do Mundo de Futebol, no ano de 2014, o Congresso Nacional
publique lei temporária, com vigência apenas durante o evento desportivo, tipificando como
conduta criminosa a venda de ingressos por preços superiores aos comercializados pela Con-
federação Brasileira de Futebol, no intuito de evitar a ação de cambistas. Considere, ainda,
que José seja preso em flagrante vinte dias antes do fim do evento por infringir o menciona-
do tipo penal. Nessa situação hipotética, as autoridades competentes terão de punir José no
prazo máximo de vinte dias, pois, passado esse período, a lei temporária deixa de vigorar, não
podendo retroagir para prejudicar o acusado.
Certo ( ) Errado ( )
20. O instituto da abolitio criminis refere-se à supressão da conduta criminosa nos aspectos formal
e material.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito
01 - Errado
02 - Certo
03 - Errado
04 - Certo
05 - Errado
06 - Certo
07 - Errado
08 - Errado
09 - Errado
12 - Errado
13 - Errado
14 - Errado
15 - Certo
16 - Certo
17 - Errado
18 - Errado
19 - Errado
20 - Certo
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Direito Penal – Parte Geral���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Da Relação de Causalidade�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Da Consumação e Tentativa de Crime (Art. 14)������������������������������������������������������������������������������������������������������������3

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Direito Penal – Parte Geral


Da Relação de Causalidade
01. Como a relação de causalidade constitui elemento do tipo penal no Direito Brasileiro, foi
adotada como regra, no CP, a teoria da causalidade adequada, também conhecida como teoria
da equivalência dos antecedentes causais.
Certo ( ) Errado ( )
02. As causas ou concausas absolutamente independentes e as causas relativamente independen-
tes constituem limitações ao alcance da teoria da equivalência das condições.
Certo ( ) Errado ( )
03. (FGV – 2013) Paulo, querendo matar Lúcia, vem a jogá-la da janela do apartamento do casal. A
vítima, na queda, não vem a falecer, apesar de sofrer lesões graves, tendo caído na área do apar-
tamento térreo do prédio. Naquele local, vem a ser atacada por um cão raivoso que lhe causa
diversas outras lesões que foram a causa de sua morte. De acordo com o caso apresentado,
Paulo deverá responder por tentativa de homicídio por força do surgimento de causa superve-
niente relativamente independente que, por si só, causou o resultado.
Certo ( ) Errado ( )
04. A relevância causal da omissão diz respeito tão somente aos crimes omissivos próprios, em
face da relação causal objetiva preconizada pelo CP.
Certo ( ) Errado ( )
05. Considere que Alfredo, logo depois de ter ingerido veneno com a intenção de suicidar-se,
tenha sido alvejado por disparos de arma de fogo desferidos por Paulo, que desejava matá-lo.
Considere, ainda, que Alfredo tenha morrido em razão da ingestão do veneno. Nessa situação,
o resultado morte não pode ser imputado a Paulo.
Certo ( ) Errado ( )
06. Para os crimes omissivos impróprios, o estudo do nexo causal é relevante, porquanto o CP
adota a teoria naturalística da omissão, ao equiparar a inação do agente garantidor a uma ação.
Certo ( ) Errado ( )
07. A existência de concausa superveniente relativamente independente, quando necessária à
produção do resultado naturalístico, não tem o condão de retirar a responsabilização penal da
conduta do agente, uma vez que não exclui a imputação pela produção do resultado posterior.
Certo ( ) Errado ( )
08. O CP adota, como regra, a teoria da causalidade adequada, dada a afirmação nele constante de
que “o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa; causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
Certo ( ) Errado ( )
09. O estudo do nexo causal nos crimes de mera conduta é relevante, uma vez que se observa o elo
entre a conduta humana propulsora do crime e o resultado naturalístico.
Certo ( ) Errado ( )
10. (FGV – 2013) João, com intenção de matar, efetua vários disparos de arma de fogo contra
Antônio, seu desafeto. Ferido, Antônio é internado em um hospital, no qual vem a falecer, não
em razão dos ferimentos, mas queimado em um incêndio que destrói a enfermaria em que se
encontrava. Dessa forma, João será responsabilizado por homicídio tentado.
Certo ( ) Errado ( )
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Da Consumação e Tentativa de Crime (Art. 14)


11. Considere que Aldo, penalmente capaz, após ser fisicamente agredido por Jeremias, tenha
comprado um revólver e, após municiá-lo, tenha ido ao local de trabalho de seu desafeto, sem,
no entanto, o encontrar. Considere, ainda, que, sem desistir de seu intento, Aldo tenha se posi-
cionado no caminho habitualmente utilizado por Jeremias, que, sem nada saber, tomou direção
diversa. Flagrado pela polícia no momento em que esperava por Jeremias, Aldo entregou a
arma que portava e narrou que pretendia atirar em seu desafeto. Nessa situação, Aldo respon-
derá por tentativa imperfeita de homicídio, com pena reduzida de um a dois terços.
Certo ( ) Errado ( )
12. Em relação à tentativa, adota-se, no Código Penal, a teoria subjetiva, salvo na hipótese de crime
de evasão mediante violência contra a pessoa.
Certo ( ) Errado ( )
13. Configura-se tentativa incruenta no caso de o agente não conseguir atingir a pessoa ou a coisa
contra a qual deveria recair sua conduta.
Certo ( ) Errado ( )
14. No Direito Penal brasileiro, as penas previstas para os crimes consumados são as mesmas pre-
vistas para os delitos tentados.
Certo ( ) Errado ( )
15. Diz-se consumado o crime quando nele se reúne, pelo menos, parte dos elementos de sua de-
finição legal.
Certo ( ) Errado ( )
16. A tentativa, salvo disposição legal em contrário, é punida com a pena correspondente à prevista
para o crime na modalidade continuada, diminuída de um terço até a metade.
Certo ( ) Errado ( )
17. Configura-se tentativa imperfeita ou crime falho se o agente esgota todos os atos executórios e,
por circunstâncias alheias à sua vontade, o crime não se consuma.
Certo ( ) Errado ( )
18. O crime de exercício ilegal da medicina, previsto no CP, por ser crime plurissubsistente, admite
tentativa, desde que, iniciados os atos executórios, o agente não consiga consumá-lo por cir-
cunstâncias alheias a sua vontade.
Certo ( ) Errado ( )
19. Os atos preparatórios de um crime de homicídio, a ser executado com o emprego de arma de
fogo que possui a numeração raspada, não caracterizam a tentativa e não podem constituir
crime autônomo.
Certo ( ) Errado ( )
20. Situação hipotética: José deu seis tiros em seu desafeto, que foi socorrido e sobreviveu, por cir-
cunstâncias alheias à sua vontade de José. Assertiva: Nesse caso, está configurada a tentativa
imperfeita.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - E 02 - C 03 - C 04 - E 05 - C 06 - E 07 - E 08 - E 09 - E 10 - C
11 - E 12 - E 13 - C 14 - E 15 - E 16 - E 17 - E 18 - E 19 - E 20 - E

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Direito Penal – Parte Geral���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Da Desistência Voluntária e do Arrependimento Eficaz (Art. 15)������������������������������������������������������������������������������2
Do Arrependimento Posterior (Art. 16)�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3

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Direito Penal – Parte Geral


Da Desistência Voluntária e do Arrependimento Eficaz (Art. 15)
01. Ocorre a tentativa qualificada na desistência voluntária, no arrependimento eficaz e no arre-
pendimento posterior.
Certo ( ) Errado ( )
02. Em 18/2/2011, às 21 horas, na cidade X, João, que planejara detalhadamente toda a empreita-
da criminosa, Pedro, Jerônimo e Paulo, de forma livre e consciente, em unidade de desígnios
com o adolescente José, que já havia sido processado por atos infracionais, decidiram subtrair
para o grupo uma geladeira, um fogão, um botijão de gás e um micro-ondas, pertencentes a
Lúcia, que não estava em casa naquele momento. Enquanto João e Pedro permaneceram na
rua, dando cobertura à ação criminosa, Paulo, Jerônimo e José entraram na residência, tendo
pulado um pequeno muro e utilizado grampos para abrir a porta da casa. Antes da subtração
dos bens, Jerônimo, arrependido, evadiu-se do local e chamou a polícia. Ainda assim, Paulo
e José se apossaram de todos os bens referidos e fugiram antes da chegada da polícia. Dias
depois, o grupo foi preso, mas os bens não foram encontrados. Na delegacia, verificou-se que
João, Pedro e Paulo já haviam sido condenados anteriormente pelo crime de estelionato, mas a
sentença não havia transitado em julgado e que Jerônimo tinha sido condenado, em sentença
transitada em julgado, por contravenção penal.
Certo ( ) Errado ( )
Com base na situação apresentada, julgue o item:
Jerônimo, por ter desistido voluntariamente da execução do crime, responderá pelo crime de
violação de domicílio, e não pelo delito de furto.
03. Marcos, imbuído de animus necandi, disparou tiros de revólver em Ricardo por não ter
recebido deste pagamento referente a fornecimento de maconha. Apesar de ferido gravemente,
Ricardo sobreviveu. Marcos, para chegar ao local onde Ricardo se encontrava, foi conduzido
em motocicleta por Rômulo, que sabia da intenção homicida do amigo, embora desconhecesse
o motivo, e concordava em ajudá-lo. Ricardo foi atingido pelas costas enquanto caminhava em
via pública, e Marcos e Rômulo, ao verem a vítima tombar, fugiram, supondo tê-la matado.
Certo ( ) Errado ( )
Com base na situação apresentada, julgue o item:
Houve desistência voluntária, pois os agentes fugiram do local ao perceberem a vítima ao tombar no
chão, sem disparar o tiro da misericórdia.
04. Configura-se a desistência voluntária ainda que não tenha partido espontaneamente do
agente a ideia de abandonar o propósito criminoso, com o resultado de deixar de prosseguir na
execução do crime.
Certo ( ) Errado ( )
05. No arrependimento eficaz, é irrelevante que o agente proceda virtutis amore ou formidine
poence, ou por motivos subalternos, egoísticos, desde que não tenha sido obstado por causas
exteriores independentes de sua vontade.
Certo ( ) Errado ( )
06. Entende-se que o arrependimento eficaz se configura quando o agente, no curso do iter
criminis, podendo continuar com os atos de execução, deixa de fazê-lo por desistir de praticar
o crime.
Certo ( ) Errado ( )
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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07. O agente que tenha desistido voluntariamente de prosseguir na execução ou, mesmo depois de
tê-la esgotado, atue no sentido de evitar a produção do resultado, não poderá ser beneficiado
com os institutos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz caso o resultado venha
a ocorrer.
Certo ( ) Errado ( )
08. Mesmo quando o agente, de forma espontânea, desiste de prosseguir nos atos executórios ou
impede a consumação do delito, devem a ele ser imputadas as penas da conduta típica dolosa
inicialmente imputada.
Certo ( ) Errado ( )
09. A voluntariedade e a espontaneidade da interrupção da execução do crime são requisitos ca-
racterizadores fundamentais da hipótese de desistência voluntária.
Certo ( ) Errado ( )
10. De acordo com a doutrina majoritária, a espontaneidade não é requisito para o conhecimento
da desistência voluntária e do arrependimento eficaz.
Certo ( ) Errado ( )

Do Arrependimento Posterior (Art. 16)


11. O arrependimento posterior, por ser uma circunstância subjetiva, não se estende aos demais
corréus, uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito até o recebi-
mento da denúncia.
Certo ( ) Errado ( )
12. O instituto do arrependimento posterior não se aplica ao autor de um crime de lesão corporal
culposa.
Certo ( ) Errado ( )
13. Situação hipotética: André, que tinha praticado crime de roubo e subtraído, na ocasião, R$
1.000,00 de Bruno, restituiu voluntariamente o referido valor a este antes do recebimento da
denúncia. Assertiva: Nessa situação, a restituição do dinheiro subtraído configura arrependi-
mento posterior, o que incorre no reconhecimento de causa de diminuição de pena.
Certo ( ) Errado ( )
14. João, empregado de uma empresa terceirizada que presta serviço de vigilância a órgão da ad-
ministração pública direta, subtraiu aparelho celular de propriedade de José, servidor público
que trabalha nesse órgão. Nessa situação, se devolver voluntariamente o celular antes do rece-
bimento da eventual denúncia pelo crime, João poderá ser beneficiado com redução da pena
justificada por arrependimento posterior.
Certo ( ) Errado ( )
15. Aquele que, por ato voluntário, porém não espontâneo, devolve a coisa furtada antes do recebi-
mento da denúncia não pode beneficiar-se do arrependimento posterior.
Certo ( ) Errado ( )
16. No arrependimento posterior, o agente pratica todos os atos executórios e, arrependido,
assume nova conduta, visando impedir que o resultado inicialmente almejado se concretize.
Certo ( ) Errado ( )
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17. O arrependimento posterior só pode ser aplicado se crime tiver sido cometido sem violência
ou grave ameaça à pessoa, se houver reparação ao dano ou restituição do objeto material antes
do recebimento da denúncia ou da queixa e se o ato do agente for voluntário.
Certo ( ) Errado ( )
18. Em se tratando de crimes materiais, formais e de mera conduta, é possível a aplicação dos ins-
titutos da desistência voluntária e do arrependimento posterior.
Certo ( ) Errado ( )
19. Em se tratando do delito de furto, havendo subsequente arrependimento do agente e devolu-
ção voluntária da res subtracta antes do oferecimento da denúncia, fica caracterizado o arre-
pendimento eficaz, devendo a pena, nesse caso, ser reduzida de um a dois terços.
Certo ( ) Errado ( )
20. O CP permite a aplicação de causa de diminuição de pena quando o arrependimento posterior
for voluntário, não exigindo que haja espontaneidade no arrependimento.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - E 02 - C 03 - E 04 - C 05 - C 06 - E 07 - C 08 - E 09 - E 10 - C
11 - E 12 - E 13 - E 14 - C 15 - E 16 - E 17 - C 18 - E 19 - E 20 - C

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Direito Penal – Parte Geral���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Do Crime Impossível (Art. 17)�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Dos Crimes Doloso e Culposo (Art. 18)��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2

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Direito Penal – Parte Geral


Do Crime Impossível (Art. 17)
01. A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica torna impossível, por si só, o
crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial.
Certo ( ) Errado ( )
02. Se a preparação de flagrante pela polícia impedir a consumação do crime, estará caracterizado
crime impossível.
Certo ( ) Errado ( )
03. Configura crime impossível a tentativa de subtrair bens de estabelecimento comercial que tem
sistema de monitoramento eletrônico por câmeras que possibilitam completa observação da
movimentação do agente por agentes de segurança privada.
Certo ( ) Errado ( )
04. Crime impossível e delito putativo são considerados pela doutrina como expressões sinôni-
mas.
Certo ( ) Errado ( )
05. No que diz respeito à punibilidade do crime impossível, o autor de uma tentativa inidônea não
merece, segundo a teoria subjetiva, sofrer sanção penal, dada a inexistência de qualquer perigo
de lesão ao bem jurídico protegido pela norma.
Certo ( ) Errado ( )
06. Nos termos da teoria subjetiva, para a configuração do crime impossível, é necessário que o
meio ou o objeto sejam ineficazes ou impróprios para a configuração da tentativa.
Certo ( ) Errado ( )
07. O Brasil adota, em relação ao crime impossível, a teoria objetiva temperada, segundo a qual os
meios empregados e o objeto do crime devem ser absolutamente inidôneos a produzir o resul-
tado idealizado pelo agente.
Certo ( ) Errado ( )
08. A existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial exclui a possibilidade de
consumação de crime patrimonial, dada a caracterização de crime impossível ante a ineficácia
absoluta do meio empregado.
Certo ( ) Errado ( )
09. Considere que Tício, maior e capaz, com intenção de matar Mévio, e portando legalmente
uma arma de fogo de calibre permitido, seja flagrado instantes antes de efetuar os disparos. A
polícia, depois de realizada a perícia da arma de fogo, concluiu que ela não possui lesividade
alguma sendo totalmente ineficaz. Dessa forma, Tício responderá na forma tentada de homi-
cídio doloso contra Mévio.
Certo ( ) Errado ( )
10. É possível a aplicação do instituto do crime impossível, previsto no artigo 17 do Código Penal
Brasileiro, quando por ineficácia absoluta do meio e por relativa impropriedade do objeto, é
impossível a consumação do crime.
Certo ( ) Errado ( )
Dos Crimes Doloso e Culposo (Art. 18)
11. Caracteriza-se o dolo eventual no caso de um caçador que, confiando em sua habilidade de
atirador, dispara contra a caça, mas atinge um companheiro que se encontra próximo ao
animal que ele desejava abater.
Certo ( ) Errado ( )
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12. Pode haver participação dolosa em crime culposo, não sendo necessário, para a caracterização
do concurso de pessoas, que autor e partícipes tenham atuado com o mesmo elemento subje-
tivo-normativo.
Certo ( ) Errado ( )
13. Age com dolo eventual o agente que prevê possíveis resultados ilícitos decorrentes da sua
conduta, mas acredita que, com suas habilidades, será capaz de evitá-los.
Certo ( ) Errado ( )
14. Ricardo, com o objetivo de matar Maurício, detonou, por mecanismo remoto, uma bomba
por ele instalada em um avião comercial a bordo do qual sabia que Maurício se encontrara, e,
devido à explosão, todos os passageiros a bordo da aeronave morreram. Nessa situação hipoté-
tica, Ricardo agiu com dolo direto de primeiro grau no cometimento do delito contra Maurício
e dolo direto de segundo grau no do delito contra todos os demais passageiros do avião.
Certo ( ) Errado ( )
15. A partir da teoria tripartida do delito e das opções legislativas adotadas pelo Código Penal, é
correto afirmar que o dolo integra a culpabilidade e corrobora a aplicação concreta da pena.
Certo ( ) Errado ( )
16. As penas para aquele que praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor são
detenção de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habi-
litação para dirigir veículo automotor. Contudo, caso o infrator, no exercício de sua profissão
ou atividade, esteja conduzindo veículo de transporte de passageiros, a pena tem aumento de
1/3 a 1/2.
Certo ( ) Errado ( )
17. Com relação ao dolo, o legislador penal brasileiro adotou a teoria da representação, conforme a
qual, para a existência do dolo, é suficiente a representação subjetiva ou a previsão do resultado
como certo ou provável.
Certo ( ) Errado ( )
18. De acordo com a legislação penal vigente, toda conduta de quem prevê o resultado é conside-
rada dolosa.
Certo ( ) Errado ( )
19. No caso de, apesar de sua vontade não se dirigir à realização de determinando resultado
previsto, o agente aceitar e assumir o risco de causá-lo, restará configurado o dolo eventual,
espécie de dolo indireto ou indeterminado.
Certo ( ) Errado ( )
20. O artigo 18 do Código Penal diz que o crime é doloso, quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo. Assim, é possível, de acordo com a doutrina majoritária, extrair
duas teorias, que são: a teoria da vontade e a teoria do assentimento.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - E 02 - C 03 - E 04 - C 05 - E 06 - E 07 - C 08 - E 09 - E 10 - E
11 - E 12 - E 13 - E 14 - C 15 - E 16 - C 17 - E 18 - E 19 - C 20 - C

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Direito Penal – Parte Geral���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Do Crime Preterdoloso (Art. 19)�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Do Estudo do Erro (Arts. 20 e 21)������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2

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Direito Penal – Parte Geral


Do Crime Preterdoloso (Art. 19)
01. Ocorre crime preterdoloso quando o agente pratica dolosamente um fato do qual decorre um
resultado posterior culposo. Para que o agente responda pelo resultado posterior, é necessário
que este seja previsível.
Certo ( ) Errado ( )
02. Todo crime qualificado pela morte é um crime preterdoloso.
Certo ( ) Errado ( )
03. Crime qualificado pelo resultado é o mesmo que crime preterdoloso.
Certo ( ) Errado ( )
04. A aferição de um resultado classificado a título subjetivo de preterdolo exige a constatação
efetiva da previsibilidade subjetiva.
Certo ( ) Errado ( )
05. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado
se produza, só responde pelos atos já praticados. Tal hipótese refere-se ao crime preterdoloso.
Certo ( ) Errado ( )
06. Não se admite tentativa para os crimes culposo, de merca conduta, e preterdoloso.
Certo ( ) Errado ( )
07. A combinação entre o dolo, no crime precedente, e dolo eventual, no consequente, é funda-
mental para a caracterização dos crimes preterdolosos.
Certo ( ) Errado ( )
08. O conceito de crime preterdoloso, ou também chamado de crime preterintencional, é a conduta
inicial dolosa do agente com resultado diverso do almejado e mais grave.
Certo ( ) Errado ( )
09. O crime preterdoloso, previsto no artigo 19 do Código Penal, é conceituado como uma conduta
dolosa no antecedente, ocorrendo um resultado culposo no consequente. Portanto, é possível a
aplicação do instituto da tentativa, devido ao fato de a conduta inicial ser dolosa.
Certo ( ) Errado ( )
10. Conforme doutrina majoritária, a tortura qualificada pelo resultado morte, prevista no artigo
1º, § 3º, da Lei n. 9.455/97, é classificada como de resultado preterdoloso. Entretanto, se o
agressor, em sua ação, deseja ou assume o risco de produzir o resultado morte, não responde
pelo tipo acima, mas por homicídio qualificado.
Certo ( ) Errado ( )
Do Estudo do Erro (Arts. 20 e 21)
11. O erro de proibição é causa excludente de ilicitude.
Certo ( ) Errado ( )
Júlio foi denunciado em razão de haver disparado tiros de revólver, dentro da própria casa,
contra Laura, sua companheira, porque ela escondera a arma, adquirida dois meses antes. Ele não
tinha licença expedida por autoridade competente para possuir tal arma, e a mulher tratou de es-
condê-la porque viu Júlio discutindo asperamente com um vizinho e temia que ele pudesse usá-la
contra esse desafeto. Raivoso, Júlio adentrou a casa, procurou em vão o revólver e, não o achando,
ameaçou Laura, constrangendo-a a devolver-lhe a arma. Uma vez na sua posse, ele disparou vários
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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tiros contra Laura, ferindo-a gravemente e também atingindo o filho em comum, com nove anos
de idade, por erro de pontaria, matando-o instantaneamente. Laura só sobreviveu em razão de
pronto e eficaz atendimento médico de urgência.
Considere essa situação hipotética e julgue-a.
12. A hipótese configura aberratio ictus, devendo Júlio responder por duplo homicídio doloso,
um consumado e outro tentado, com as penas aplicadas em concurso formal de crimes, sem se
levar em conta as condições pessoais da vítima atingida acidentalmente.
Certo ( ) Errado ( )
13. O erro de proibição pode ser direto – o autor erra sobre a existência ou os limites da proposição
permissiva – , ou indireto – o erro do agente recai sobre o conteúdo proibitivo de uma norma
penal.
Certo ( ) Errado ( )
14. Aquele que porta carteira nacional de habilitação falsa, acreditando ser ela um documento
legítimo, não pratica o delito de uso de documento falso, uma vez que incide em erro de tipo
acidental.
Certo ( ) Errado ( )
15. Os elementos subjetivos do tipo, como o próprio dolo e as intenções, tendências e atitudes es-
peciais da ação, podem ser objeto de erro de tipo.
Certo ( ) Errado ( )
16. O erro de proibição pode incidir sobre a existência e a validade da lei penal, mas não sobre a
sua interpretação.
Certo ( ) Errado ( )
17. Com uma velha espingarda, o exímio atirador Caio matou seu próprio e amado pai, Mélvio.
Confundiu-o de longe ao vê-lo sair sozinho da casa de seu odiado desafeto, Tício, a quem Caio
realmente queria matar. Ao morrer, Mélvio vestia o peculiar blusão escarlate que, de inopino,
tomara emprestado de Tício, naquela tão gélida quanto límpida manhã de inverno. O instituto
normativo mais precisamente aplicável ao caso é, doutrinariamente, conhecido como error in
personan (Código Penal, art. 20 §3º).
Certo ( ) Errado ( )
18. Configura erro de proibição o fato de um agente se apropriar de dinheiro que, no exercício do
cargo público, tenha recebido por erro de outrem.
Certo ( ) Errado ( )
19. Se, por hipótese, Joaquim furtar bem de Américo, supondo estar praticando um ato de
vingança contra Emílio, ocorrerá erro na execução.
Certo ( ) Errado ( )
20. De acordo com os ensinamentos relacionados ao erro de tipo essencial ou incriminador, é
correto afirmar que não há distinção entre o erro de tipo escusável e o inescusável.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - C 02 - E 03 - E 04 - E 05 - E 06 - C 07 - E 08 - C 09 - E 10 - C
11 - E 12 - E 13 - E 14 - E 15 - E 16 - E 17 - C 18 - E 19 - C 20 - E

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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DA COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA
HIERÁRQUICA (ART. 22)
1. (CESPE – 2016) Situação hipotética: Paulo foi obrigado a ingerir álcool por coação
física e moral, o que afetou parcialmente o controle sobre suas ações e o levou a
esfaquear um antigo desafeto. Assertiva: Nesse caso, a retirada parcial da capacidade
de entendimento e de autodeterminação de Paulo não enseja a redução da sua pena no
caso eventual condenação.

2. (FAUARGS – 2016) Quando reconhecido que a conduta delitiva decorre de coação


irresistível ou do cumprimento de ordem de superior hierárquico não manifestamente
ilegal, o agente que a praticou terá sua pena diminuída de um sexto a um terço.

3. (CESPE - 2014) É causa de exclusão da culpabilidade o fato de a conduta ser praticada


por meio de coação física irresistível.

4. (CESPE - 2013) A coação física absoluta é causa de exclusão da culpabilidade.

5. (CESPE - 2010) A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o crime.

6. (ALFACON – 2015) A coação irresistível pode ser física, fato que opera a exclusão
do crime, ou moral, fato que opera a isenção da pena.

7. (CESPE - 2009) Caso o fato seja cometido em estrita obediência à ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, não serão puníveis o agente que
obedeceu nem o autor da coação ou da ordem.

8. (CESPE – 2015) Aquele que for fisicamente coagido, de forma irresistível, a praticar
uma infração penal cometerá fato típico e ilícito, porém não culpável.

9. (ALFACON – 2016) Segundo a doutrina majoritária, de acordo com a teoria


tripartide, a coação pode estar no âmbito do fato típico, como pode estar no âmbito da
culpabilidade, bem como pode ser resistível e irresistível. Quando tratar de coação
física irresistível, esta se encontra no âmbito do fato típico, excluindo a conduta do
agente. Já, quando tratar de coação moral irresistível, esta se encontra no âmbito da
culpabilidade, e isenta o agente de pena.

DAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE (ARTS. 23, 24 E 25)


10. (CESPE – 2016) Há excludente de ilicitude em casos de estado de necessidade,
legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do
direito.

11. (CESPE – 2016) De acordo com o CP, constituem hipóteses de exclusão de


antijuridicidade o exercício regular do direito e a inexigibilidade de conduta diversa.

12. (CESPE – 2015) A legítima defesa é causa de exclusão da ilicitude da conduta, mas
não é aplicável caso o agente tenha tido a possibilidade de fugir da agressão injusta e
tenha optado livremente pelo seu enfrentamento.

13. (CESPE – 2014) Haverá isenção de pena se o agente praticar o fato em estrito
cumprimento do dever legal.

14. (CESPE – 2014) Em regra, o fato típico não será antijurídico se for provado que o
agente praticou a conduta acobertado por uma causa de exclusão de antijuridicidade.

15. (CESPE – 2014) Agirá em estado de necessidade o motorista imprudente que, após
abalroar um veículo de passageiros, causando-lhe ferimentos, fugir do local sem
prestar socorro, para evitar perigo real de agressões que possam ser perpetradas pelas
vítimas.

16. (CESPE – 2013) As causas excludentes de ilicitude são exaustivamente elencadas no


Código Penal.

17. (CESPE – 2013) De acordo com a teoria adotada pelo Código Penal, o estado de
necessidade pode funcionar como causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade,
conforme os valores dos bens em conflito.

18. (CESPE – 2013) Henrique é dono de um feroz cão de guarda, puro de origem e
premiado em vários concursos, que vive trancado dentro de casa. Em determinado
dia, esse cão escapou da coleira, pulou a cerca do jardim da casa de Henrique e atacou
Lucas, um menino que brincava na calçada. Ato contínuo, José, tio de Lucas, como
única forma de salvar a criança, matou o cão.
Nessa situação hipotética, José agiu em legítima defesa de terceiro.

19. (CESPE – 2013) O estrito cumprimento do dever legal é causa excludente de ilicitude,
aplicada principalmente a agentes públicos ou que exercem a função pública.

GABARITO:
1E – 2E – 3E – 4E – 5C – 6C – 7E – 8E – 9C- 10C – 11E – 12E – 13E – 14C – 15C – 16E – 17E – 18E
– 19C

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