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Estatuto da

Criança e do
Adolescente
Estatuto da Criança e do Adolescente

Introdução

A Carta Magna prioriza a Proteção à Criança e ao Adolescente, estabelecendo diversos direitos


fundamentais (artigo 227 da CRFB / 88).

É este o ponto de partida para estabelecer os Direitos Fundamentais previstos no ECA.

Objetivo

●●O objetivo é entender que, os direitos humanos convertidos em direito positivo se transformam em
Direitos Fundamentais do Direito da Criança e Adolescente, gerando uma posição privilegiada.
●●Assim necessário se faz observar a importância destas normas destacadas pelo Estado Democrático
de Direito.

Tópicos Abordados

●●Descentralização Político-Administrativa e Participação Popular;


●●Direito à vida e à saúde;
●●Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade;
●● Direito à convivência Familiar e Comunitária;
●●Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer;
●●Direito a Profissionalização e à Proteção ao Trabalho;

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Estatuto da Criança e do Adolescente

Aspectos Constitucionais e os Direitos Fundamentais


de Criança e Adolescente

Constituição Federal

A garantia Constitucional possibilita uma tutela ampla ao Direito infanto-juvenil, diante da relevância desses
direitos protegidos pelo Estado Democrático de Direito.

O marco divisor do Direito Infanto-juvenil é o Estatuto da Criança e Adolescente, estabelecendo uma lei
especial. Mas foi a Constituição Federal de 1988, art. 227, que introduziu a DOUTRINA DA PROTEÇÃO
INTEGRAL em substituição a DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR.

A par disso, cabem algumas notas sobre os aspectos constitucionais e os Direitos Fundamentais da
Criança e do Adolescente.

O Direito das Crianças e dos adolescentes são espécies de Direitos particulares de uma categoria de
pessoas, derivado do Direito Social em Sentido Estrito ou Restrito, previsto nos artigos 226 à 229 da
CRFB/88. Nesse sentido dispõe Guilherme Peña de Moraes que:

“Os direitos das Crianças, adolescentes são intrínsecos à categoria de pessoas com idade inferior ou igual
a 18 anos”. (1)

No que tange a interpretação constitucional, as garantias serão firmadas por um rol extensivo de partes,
pois a Constituição empenhou responsabilidade à Todos: Família, Sociedade e Estado.

Assim são todos responsáveis a colocar a salvo de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão, bem como assegurar com absoluta prioridade à criança e ao
adolescente, os seguintes direitos: (2)
●●Vida; ●●Cultura;
●●Saúde; ●●Dignidade;
●●Alimentação; ●●Respeito;
●●Educação; ●●Liberdade;
●●Lazer; ●●Convivência Familiar e Comunitária.
●●Profissionalização;

Cabem ainda algumas notas sob os referidos direitos.

(1) MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. 2ª ed. Niterói / RJ : Impetrus, 2008;

(2)LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 12. Ed, São Paulo: Saraiva, 2008. Pág. 757 – 758.

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Direito à Vida e a Saúde

O Direito à Vida e a Saúde é um Direito Fundamental que proíbe qualquer forma que dê fim a Vida
Humana, ou a coloque em risco ou ameace-a. Clique na imagem ao lado e veja o que explica Guilherme
Peña, no que tange à vida humana, ao citar Luis Siches.

“A vida humana é defendida como complexo de propriedade e qualidades graças às quais as pessoas
naturais se mantêm em contínua atividade Funcional, que se desenvolve entre o nascimento e a morte,
embora a ordem jurídica brasileira ponha a salvo os direitos do nascituro desde a concepção, como
também possibilita a reclamação de perdas e danos por ameaça ou lesão a direitos após o falecimento,
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.” (3)

O Direito à vida é protegido desde a concepção, com direitos salvaguardados à gestante, como
exemplo: os Programas Assistências de alimentação; os Programas assistenciais de saúde e auxílio
psicológico, etc (4)

(3) MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. 2ª ed. Niterói / RJ: Impetrus, 2008, pág.
504; apud SICHES, Luis Recaséns. Vida Humana. 3ª Ed. México: Porrúa, 1952, p.254;

(4) Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal.  

§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios médicos
específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema.

§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal.

§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele necessitem.

§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e
pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal.

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Saiba Mais

Às vezes certos princípios acabam se esbarrando em outros. É o caso das testemunhas


de Jeová, que recusam transfusão de sangue em razão de conceitos religiosos (Vida X
Liberdade Religiosa).

O assunto sobre a transfusão de sangue em pacientes Testemunha de Jeová é polêmico. Mas a Doutrina majoritária
entende que o médico não comete nenhum ilícito quando há risco de vida iminente.

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul dispõe:

“EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. TRANSFUSÃO DE SANGUE. TESTEMUNHA DE JEOVÁ. RECUSA DE


TRATAMENTO. INTERESSE EM AGIR. Carece de interesse processual o hospital ao ajuizar demanda no
intuito de obter provimento jurisdicional que determine à paciente que se submeta à transfusão de sangue.
Não há necessidade de intervenção judicial, pois o profissional de saúde tem o dever de, havendo iminente
perigo de vida, empreender todas as diligências necessárias ao tratamento da paciente, independentemente
do consentimento dela ou de seus familiares. Recurso desprovido. (Apelação Cível Nº 70020868162, Quinta
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Julgado em 22/08/2007).”

Encontramos decisões que não permitem a transfusão sem a autorização do paciente, diante da capacidade
de consentimento, conforme noticiou o site do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, referente ao processo nº
2009.205.025742-5:

“O Juiz André Nicolitt, do Plantão Judiciário, negou o pedido de autorização judicial feito pela Casa de Saúde e
Maternidade Joari para realizar uma transfusão de sangue em um paciente que se recusou a passar pelo
procedimento. O idoso José Ferreira, de 81 anos, é Testemunha de Jeová, religião que não permite que seus
adeptos recebam sangue de outras pessoas. Ele está lúcido e conhece os riscos, mas prefere seguir sua fé, como
comprova uma certidão apresentada por seu advogado.

O paciente tem insuficiência renal, hemorragia digestiva e graves problemas nas artérias.

Sobre a situação do médico que cuida do caso do idoso, o juiz afirmou que “ao proceder à intervenção no intuito de
salvar a vida, o médico age em cumprimento ao seu dever ético profissional. Por outro lado, se não age em respeito
à liberdade do paciente, sua omissão está respaldada pela Constituição”.

Segundo o juiz, a liberdade do idoso deve ser respeitada e, por isso, o Estado não deve intervir. O magistrado entende
que diminuir o sofrimento do idoso é manter viva a sua crença no paraíso. E afirma que mesmo não comungando
das convicções religiosas do paciente, os princípios de justiça e a ordem constitucional conduziram a decisão, ainda
que esbarrando em suas convicções intuitivas, culturais e religiosas. (Fonte: Site do Tribunal de Justiça / RJ )”

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Direito à Liberdade, ao Respeito e a Dignidade

Decorrem dos Direitos individuais constitucionais, previstos nos Direitos e garantias fundamentais.

A par disso cabe a Criança e o Adolescente o direito de ir e vir, o direito à liberdade religiosa, o direito de
liberdade à estudar, etc., defeso os casos proibidos em lei.

Importante

Tratar com respeito, está relacionado com a lntegridade física e moral, compreendendo os
direitos à intimidade, privacidade, honra e imagem.

Exemplo

●●Confira, agora, um exemplo de situação delicada


●●Quando nos deparamos com situações de difícil compreensão, como é o caso, por exemplo,
de Criança dormindo na rua. Caberia o recolhimento ou não?
●●Este direito de liberdade, a princípio não permite o RECOLHIMENTO da criança. E quando se
deve agir?
●●Obrigatoriamente quando houver qualquer situação de risco.
●●Mas, diante da legitimidade de atuação da Família, Sociedade e Estado, não havendo situação
de risco, podemos encontrar Políticas Públicas e Sociais que se organizam para ACOLHER .
●●Essas Instituições trabalham de forma a escutar a criança, ganhar sua confiança, e através do
seu consentimento encaminhá-la à família, ou a justiça da infância e juventude.
●●Partindo dessas premissas, trataria a Criança e o adolescente com Liberdade, Respeito e
Dignidade.

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Direito a Convivência Familiar e Comunitária

É direito fundamental da Criança e do Adolescente conviver com a Família Natural.

Na falta dos Pais, recorre à família extensa, aos laços de afetividade, sempre vislumbrando o melhor
interesse infanto-juvenil.

Saiba Mais

Na falta da família natural e da família extensa , é preciso recorrer a Convivência Comunitária,


havendo necessidade de Instituições de Acolhimento, previsto no artigo 19 do Estatuto,
pode ser de duas formas: Família Acolhedora e Acolhimento Institucional.

Direito à Educação, Cultura, ao Esporte e ao Lazer

O Estatuto disponibiliza atendimento em creche e pré-escolar (0 à 6 anos), bem como acesso ensino
fundamental, observado a proximidade com a residência do aluno, conforme dispõe o artigo 56 e seguintes.

Veja o que Valter Ishida dispõe sobre o direito a Cultura, esporte e lazer.

“Tendo em Vista que o direito a Cultura, esporte e lazer é garantia subjetiva da criança e adolescente, deve
o Poder Executivo Municipal implementar programas nesse sentido, logicamente auxiliados pelo Estado
e pela União”. (5)

(5) Ishida, Valter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente, Doutrina e Jurisprudência, Ed. Atlas,São
Paulo, 6ª Edição, 2005. Pág. 103.

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Direito a Profissionalização e à Proteção do Trabalho

É proibido o trabalho ao menor de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos,
conforme artigo 7º, XXXIII da CRFB / 88. (6)

O conceito de aprendizagem está previsto no artigo 428 da CLT, clique sobre ela e confira!

“Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo
determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de
24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica,
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e
diligência as tarefas necessárias a essa formação”.

Saiba Mais

Observado o artigo 69 do Estatuto da Criança e do Adolescente, verificamos que o trabalho


está subordinado à:
●●Respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
●● Capacitação Profissional ao mercado de trabalho.

(6) Alterado pela Emenda Constitucional nº20/98.

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Avaliação a Distância

Abaixo você encontra algumas crianças e adolescentes. Você tem uma missão: mantê-las
resguardas em seus direitos conforme especificados no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Para isto, responda as perguntas relacionadas ao direito de convivência familiar e comunitária da
criança e do adolescente.

1 - Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais,somente de forma
conjunta, no próprio termo de nascimento, por testamento,mediante escritura ou outro documento
público, qualquer que seja a origem da filiação.

A - Certo B - Errado

2 - A garantia de prioridade compreende, entre outra, a destinação privilegiada de recursos públicos


nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

A - Certo B - Errado

Respostas - 1 - A, 2 - B.

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Atividade Complementar

A construção de conhecimentos é diária. Não deixe de ler as Jurisprudências que trata sobre o tema desta
Unidade para aprofundar mais no assunto.

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Síntese

Os direitos fundamentais estão interligados a pessoa humana de modo permanente. E assim, além destes,
goza a criança e o adolescente do direito subjetivo de desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
social, preservando-se sua liberdade e dignidade.

Bibliografia Recomendada

●●ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente, Doutrina e Jurisprudência, Ed.


Atlas,São Paulo, 10ª Edição, 2009.
●●LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 12. Ed, São Paulo: Saraiva, 2008.
●●MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. 2ª ed. Niterói / RJ : Impetrus, 2008;

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