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Atividade avaliativa
- O mais difícil, em certos processos, não é julgar os fatos expostos. É julgar os fatos ocultos.
Foi o que ouvi, há muito tempo, quando eu ainda pensava em fazer Direito, de um parente juiz.
Estranhei a expressão “fatos ocultos”, que me cheirou a esoterismo, mas ele explicou:
- A gente costuma estudar um caso, avaliar as razões das partes, pesar os dados levantados,
consultar minuciosamente a legislação e a jurisprudência, para, enfim, dar a sentença. Mas há situações
em que a intuição e a experiência de um juiz fazem-no sentir que a verdade profunda do caso não foi
exposta. Por vezes, ao ouvir os litigantes, esse sentimento cresce ainda mais. Aí a tarefa fica difícil.
Objetivamente, um juiz não pode ignorar o que está nos autos; subjetivamente, no entanto, ele sabe que há
mais complexidade na situação a ser julgada do que fazem ver as palavras do processo. Esses são os fatos
ocultos; essa é a verdade que sofreu um processo de camuflagem da parte do impetrante, do impetrado ou
de ambos.
- E o que faz você numa situação dessa?
Ele parou de falar por um tempo, dando a impressão de que não iria responder. Mas acabou
esclarecendo:
- Aplico a lei, naturalmente. É tudo o que devo e posso fazer. No entanto, para isso preciso
também sentir o que se entende por espírito da lei, aquilo que nem sempre está nela explicitado com todas
as letras, mas constitui, sem qualquer dúvida, o que a justifica e a legitima em sua profundidade. Como vê,
às vezes julgo fatos ocultos com o concurso do espírito...
Foi uma manifestação de bom humor, não um gracejo; foi uma lição que me ficou, que me parece
útil para muitas situações da nossa vida.
(Etelvino Corrêa e Souza)
1. Ao dizer que, por vezes, é preciso julgar os fatos ocultos, o juiz referido no texto está considerando
os casos em que há a necessidade de
a) fazer prevalecer todo o peso do subjetivismo sobre a aplicação objetiva dos dispositivos legais.
b) ignorar toda e qualquer mediação da análise mais pessoal, no momento de proferir a sentença.
c) desmascarar os argumentos de ambas as partes, com vistas à anulação do processo.
d) aplicar a lei com todo o rigor, desconsiderando as lições de uma jurisprudência bem constituída.
e) intuir, para além do que está nos autos, a verdade profunda que neles se encontra escamoteada.
“Em alguns casos mesmo, como se salientou anteriormente, a jurisprudência chegou a afetar princípios
clássicos. Por exemplo, o famoso preceito referente a pessoas jurídicas – universitas distat a singulis – sofre
temperamentos em matéria de locação predial, no propósito de admitir-se retomada pela sociedade, para
uso desta, de prédio pertencente a um dos sócios individualmente. O mesmo ocorreu em relação à
desconsideração da pessoa jurídica prevista no Código do Consumidor (Lei n. 8.078/90, art.28) e no Código
Civil de 2002, art. 50.”
Monteiro, Washington de Barro.Curso de Direito Civil
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( ) Podemos dizer que o termo comunicação comporta duas concepções: a de estabelecer relações entre
os seres humanos e a de transmitir mensagens com finalidades intencionais.
( ) Para tal, deve-se dispor de técnicas que orientem a discriminação de ideias principais e secundárias, o
sequenciamento lógico das informações e sua adequada expressão frasal, além do conhecimento das
normas gramaticais que conferem o grau necessário de correção ao texto.
( ) Podemos afirmar, portanto, que a eficácia de uma peça processual residirá, em grande parte, na
capacidade do profissional do direito em utilizar-se dos recursos que a linguagem oferece.
( ) Entretanto, o processo de comunicação estabelecido por um texto não depende da quantidade de
informações, mas sim do modo como estas estão apresentadas. A importância de uma petição ou de
qualquer outra peça jurídica consiste em sua capacidade de transmitir as informações com precisão e
clareza.
( ) A primeira concepção relaciona-se com uma definição dada por Martin P. Anderson, em 1959:
“Comunicação é o processo pelo qual compreendemos os outros e, em contrapartida, esforçamo-nos por
compreendê-los”. O segundo conceito é apoiado em outro componente conceitual: a intencionalidade. A
partir desta referência, Gerard Miller, em 1966, estabelece: “Em sua essência, a comunicação tem como
seu interesse central aquelas situações comportamentais em que uma fonte transmite uma mensagem a
um receptor (ou receptores), com o propósito consciente de afetar o comportamento deste último (ou destes
últimos)”.
A fala do advogado aparentemente tem o objetivo de transmitir uma informação. Contudo, considerando o
contexto, é possível depreender outra intenção.
a) Qual é a verdadeira intencionalidade presente na fala do advogado?