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DIREITO

DISCIPLINA: Língua Portuguesa


GRADUANDO (A): .................................................................................... TURMA: .......

Atividade avaliativa

Leia o texto abaixo para responder às questões de 01 a 03.

O espírito das leis

- O mais difícil, em certos processos, não é julgar os fatos expostos. É julgar os fatos ocultos.
Foi o que ouvi, há muito tempo, quando eu ainda pensava em fazer Direito, de um parente juiz.
Estranhei a expressão “fatos ocultos”, que me cheirou a esoterismo, mas ele explicou:
- A gente costuma estudar um caso, avaliar as razões das partes, pesar os dados levantados,
consultar minuciosamente a legislação e a jurisprudência, para, enfim, dar a sentença. Mas há situações
em que a intuição e a experiência de um juiz fazem-no sentir que a verdade profunda do caso não foi
exposta. Por vezes, ao ouvir os litigantes, esse sentimento cresce ainda mais. Aí a tarefa fica difícil.
Objetivamente, um juiz não pode ignorar o que está nos autos; subjetivamente, no entanto, ele sabe que há
mais complexidade na situação a ser julgada do que fazem ver as palavras do processo. Esses são os fatos
ocultos; essa é a verdade que sofreu um processo de camuflagem da parte do impetrante, do impetrado ou
de ambos.
- E o que faz você numa situação dessa?
Ele parou de falar por um tempo, dando a impressão de que não iria responder. Mas acabou
esclarecendo:
- Aplico a lei, naturalmente. É tudo o que devo e posso fazer. No entanto, para isso preciso
também sentir o que se entende por espírito da lei, aquilo que nem sempre está nela explicitado com todas
as letras, mas constitui, sem qualquer dúvida, o que a justifica e a legitima em sua profundidade. Como vê,
às vezes julgo fatos ocultos com o concurso do espírito...
Foi uma manifestação de bom humor, não um gracejo; foi uma lição que me ficou, que me parece
útil para muitas situações da nossa vida.
(Etelvino Corrêa e Souza)

1. Ao dizer que, por vezes, é preciso julgar os fatos ocultos, o juiz referido no texto está considerando
os casos em que há a necessidade de
a) fazer prevalecer todo o peso do subjetivismo sobre a aplicação objetiva dos dispositivos legais.
b) ignorar toda e qualquer mediação da análise mais pessoal, no momento de proferir a sentença.
c) desmascarar os argumentos de ambas as partes, com vistas à anulação do processo.
d) aplicar a lei com todo o rigor, desconsiderando as lições de uma jurisprudência bem constituída.
e) intuir, para além do que está nos autos, a verdade profunda que neles se encontra escamoteada.

2. Há uma relação de causa e efeito entre os seguintes segmentos:


a) ao ouvir os litigantes, esse sentimento cresce ainda mais / a tarefa fica difícil.
b) Foi o que ouvi / eu ainda pensava em fazer Direito.
c) às vezes julgo fatos ocultos / com o concurso do espírito.
d) aquilo que nem sempre está nela explicitado com todas as letras / mas constitui (...) o que a justifica e a
egitima.
e) O mais difícil, em certos processos / não é julgar os fatos expostos.

3. Atente para as seguintes afirmações:


I. Depreende-se da leitura do texto que a lição que ficou para o narrador, útil para muitas situações da nossa
vida, é a de que as aparências não costumam nos enganar.
II. O bom humor da última fala do juiz no texto é um efeito produzido pela associação entre as expressões
fatos ocultos e concurso do espírito, que lembram fenômenos sobrenaturais.
III. Depreende-se do que afirma o narrador no último parágrafo do texto que ele considera o gracejo uma
manifestação menos consequente que a do bom humor.

Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em


a) II. b) I e III. c) I e II. d) I. e) II e III.
4. Coloque C (certo) ou E (errado) diante das seguintes afirmações:
( ) A discursividade juridica se serve principalmente da denotação.
( ) A língua é um sistema de signos convencionais usados por membros de uma mesma comunidade.
( ) A linguagem é a representação do pensamento por meio de sinais que permitem a interação entre as
pessoas.
( ) Quando o uso da língua abandona as necessidades estritamente práticas do cotidiano comunicativo
e passa a incorporar preocupações estéticas, surge a língua subjetiva.

5. Identifique o nível de linguagem jurídica no fragmento abaixo e escreva na linha pontilhada.

“Em alguns casos mesmo, como se salientou anteriormente, a jurisprudência chegou a afetar princípios
clássicos. Por exemplo, o famoso preceito referente a pessoas jurídicas – universitas distat a singulis – sofre
temperamentos em matéria de locação predial, no propósito de admitir-se retomada pela sociedade, para
uso desta, de prédio pertencente a um dos sócios individualmente. O mesmo ocorreu em relação à
desconsideração da pessoa jurídica prevista no Código do Consumidor (Lei n. 8.078/90, art.28) e no Código
Civil de 2002, art. 50.”
Monteiro, Washington de Barro.Curso de Direito Civil

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6. Os parágrafos abaixo constituem um texto, mas estão desordenados. Numere-os, de 1 a 5,


observando a ordem em que devem ocorrer para constituírem um texto coeso e coerente.

( ) Podemos dizer que o termo comunicação comporta duas concepções: a de estabelecer relações entre
os seres humanos e a de transmitir mensagens com finalidades intencionais.
( ) Para tal, deve-se dispor de técnicas que orientem a discriminação de ideias principais e secundárias, o
sequenciamento lógico das informações e sua adequada expressão frasal, além do conhecimento das
normas gramaticais que conferem o grau necessário de correção ao texto.
( ) Podemos afirmar, portanto, que a eficácia de uma peça processual residirá, em grande parte, na
capacidade do profissional do direito em utilizar-se dos recursos que a linguagem oferece.
( ) Entretanto, o processo de comunicação estabelecido por um texto não depende da quantidade de
informações, mas sim do modo como estas estão apresentadas. A importância de uma petição ou de
qualquer outra peça jurídica consiste em sua capacidade de transmitir as informações com precisão e
clareza.
( ) A primeira concepção relaciona-se com uma definição dada por Martin P. Anderson, em 1959:
“Comunicação é o processo pelo qual compreendemos os outros e, em contrapartida, esforçamo-nos por
compreendê-los”. O segundo conceito é apoiado em outro componente conceitual: a intencionalidade. A
partir desta referência, Gerard Miller, em 1966, estabelece: “Em sua essência, a comunicação tem como
seu interesse central aquelas situações comportamentais em que uma fonte transmite uma mensagem a
um receptor (ou receptores), com o propósito consciente de afetar o comportamento deste último (ou destes
últimos)”.

7. Imagine o seguinte contexto:


O advogado está subindo a escada que dá acesso ao escritório, com vários volumes de processos.
No topo da escada, ele passa pelo estagiário, um estudante de Direito, e lhe diz: “Gumercindo, eu
não consegui fechar a porta da rua, pois estou carregado de volumes.”

A fala do advogado aparentemente tem o objetivo de transmitir uma informação. Contudo, considerando o
contexto, é possível depreender outra intenção.
a) Qual é a verdadeira intencionalidade presente na fala do advogado?

b) Consequentemente, qual é a função de linguagem predominante nesse enunciado?

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