Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Curso de Solicitadoria
Escola Superior de Gestão-IPCB
1 Princípios
1.1 Princípio da oficialidade
Segundo este princípio, o impulso da tramitação processual penal compete ao MP. Contudo, existem
distinções entre o exercício da ação penal nos crimes públicos, semi-públicos e particulares (art.48º
do CPP).
Nos crimes públicos e semi-públicos a intervenção do MP também é distinta na medida em que nos
crimes semi-públicos, o MP só pode iniciar o inquérito após apresentação de queixa dos respetivos
titulares. Após a apresentação da queixa tudo decorre como se o crime fosse público.
Nos crimes particulares, para além da apresentação da queixa por parte do respetivo titular, a
intervenção do MP encontra-se dependente da acusação particular deduzida pelo assistente.
Quanto aos crimes públicos, cabe sempre ao MP promover a ação penal.
1|P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
O juiz terá de atender da mesma forma à defesa e à acusação. Também o art.327º/2 do CPP prevê
que os meios de prova apresentados no decurso da audiência são submetidos ao contraditório,
ainda que tenham sido apresentados oficiosamente pelo Tribunal.
testemunhal;
pericial;
documental.
2|P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
2 Natureza do crime
Para se determinar a natureza do crime, deveremos atender aos termos utilizados. Isto é, por vezes
a “queixa” refere-se a um crime semi-público, a “acusação particular” faz referência a um crime
particular e sempre que a lei não utilize estas expressões, na generalidade consideram-se os crimes
como públicos, assim o procedimento criminal depende de queixa nos termos do art.153º/2 do CP.
3|P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Não sendo obrigatório, o assistente pode vir a ser constituído, sendo que assume uma posição de
colaborador do MP. Ressalve-se que, tendo sido deduzida acusação pelo MP por crime público, o
assistente poderá também deduzir acusação pelos factos acusados pelo MP, por parte deles ou por
outros que não importem alteração substancial (art.284º/1 do CPP).
Aqui estamos na presença da restrição consagrada no art.48º do CPP, que estipula a oficialidade e
obrigatoriedade de promoção do processo penal pelo MP.
4|P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Art.180º Difamação
Art.181º Injúria
Art.185º Ofensa à memória de pessoa falecida
Crimes particulares
Art.212º/4 Dano
Art.216º/3 Alteração de marcos
Art.224º/4 Infidelidade
3 Queixa/Denúncia
3.1 Notícia do crime
A notícia do crime é condição indispensável para abertura do inquérito e consequentemente para o
início da atividade de investigação criminal pelo MP, com exceção para os crimes semi-públicos e
particulares, art.262º/2 do CPP.
Depois do MP tomar conhecimento da prática do crime deverá fazer uma prévia apreciação dos
factos, de forma a avaliar as regras da legitimidade, após que nos crimes públicos deverá logo
iniciar um inquérito. Se se tratar de um crime semi-público ou particular, devem atender-se aos
requisitos do art.49º e ss., pelo que faltando o preenchimento de alguns destes requisitos, o MP não
poderá promover a ação penal pela prática das infrações em causa. No que se refere à notícia do
crime, importa atender ao art.241º do CPP, sendo que o MP adquire essa informação:
5|P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
3.2 A queixa
A queixa consiste na expressão de vontade do titular do respetivo direito, manifestado por
requerimento na forma e prazo previsto na lei, para que se proceda criminalmente contra alguém
pela prática de crime. A queixa tem carácter facultativo e é passível de desistência. O exercício do
direito de queixa insere-se numa das manifestações processuais do direito constitucional de acesso
aos direitos e aos Tribunais, art.20º da CRP.
Nos crimes semi-públicos e particulares, a apresentação de queixa é condição essencial para que o
MP possa iniciar o procedimento criminal, arts.48º, 49º e 50º do CPP. No caso de flagrante delito,
por crime semi-público a detenção só se mantém quando de seguida o titular do direito respetivo
exercer o direito de queixa, art.255º/1 e 3, 1ª parte do CPP.
Quando o ofendido não possua discernimento para entender o alcance do exercício do direito de
queixa, ou se por outro lado morreu sem ter renunciado à queixa, poderá ocorrer a mediação do
queixoso em lugar do ofendido. Nesta situação o MP remete o processo para mediação em qualquer
momento do inquérito, se se comprovar terem existindo indícios da prática do crime, de quem o
arguido foi o seu agente, devendo o MP designar um mediador e remeter-lhe as informações que
considera adequadas referentes ao arguido e ao ofendido bem como uma descrição sumária do
objeto do processo. Ressalve-se que a remessa do processo para uma mediação poderá ser feita a
requerimento do ofendido, do arguido ou por iniciativa do MP. Conforme resulta dos arts.113º e
117º do CP, tem legitimidade para apresentar a queixa, nos crimes semi-públicos e particulares:
a) O ofendido, considerando-se como tal, o titular dos interesses que a lei quis proteger (não
confundir o ofendido com o lesado, na medida em que este último apenas abrange as
pessoas civilmente afetadas pela infração penal, art.130º do CP).
b) Se o ofendido morrer sem ter apresentado queixa ou ter renunciado a ela, o respetivo
direito de queixa pertence a outras pessoas (o cônjuge sobrevivo não separado
judicialmente, ascendentes e descendentes; se o ofendido por menor de 16 anos poderá o
seu representante lega exercer esse direito, nos termos do art.133/4 do CP), sendo que só
assim não será se alguma delas tiver comparticipado no crime (ver o art.72º do CP no que
concerne à indemnização civil). O MP pode dar início ao procedimento no prazo de 6 meses
a contar da data em que tiver conhecimento do facto e dos seus autores, e sempre que o
interesse do ofendido assim o justifique, art.113º/5 do CP. Nos casos de menoridade
poderá o queixoso, após perfazer 16 anos, dar início ao procedimento criminal se esse
direito de queixa não foi na altura exercido.
6|P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
MP (art.49º/1 do CPP).
Lugar onde se pode
Órgãos judiciais competentes
apresentar queixa
(art.53º/2 do CPP).
Quanto à extinção do direito de queixa, o prazo da extinção e da prescrição são autónomos e não
devem ser confundidos. Assim, quanto à prescrição, tem-se o art.118º e ss. do CP. O prazo de
extinção do direito de queixa é em sim um prazo de caducidade, em nenhuma circunstância se
suspende ou interrompe. O regime da extinção do direito de queixa também se aplica nos termos do
art.117º do CP. Quanto ao prazo de extinção o art.115º/1 e 2 do CP, refere que é de 6 meses. Quanto
à renúncia ao abrigo do art.116º/1 do CP, o direito de queixa não pode ser exercido se o titular do
direito de queixa a ele tiver renunciado, exemplo art.72º/2 do CPP.
A renúncia pressupõe por outro lado, que o crime já tenha sido praticado e que o direito da queixa
ainda não tenha sido exercido. Quanto à desistência o queixoso pode desistir da queixa desde que
não haja oposição do arguido, art.116º/2 do CP.
Importa referir que a homologação de assistência da queixa por parte do MP é que releva, art.49º e
ss. Logo que se tenha conhecimento da desistência de queixa, a autoridade judiciária notifica o
arguido para em 5 dias se pronunciar relativamente à oposição. O seu silêncio equivale à não
oposição. Se o arguido se opuser à desistência, o processo prossegue como se o crime fosse público.
O principal efeito da desistência da queixa é que essa desistência aproveita aos demais, salvo
oposição deles, art.116º/3 do CP.
Se o crime pelo qual o MP pode promover o processo for de menor gravidade, as pessoas a
quem a lei confere o direito de queixa ou acusação particular, são notificadas para
declararem se querem ou não usar desse direito. Se não pretenderem apresentar queixa ou
nada disserem, o MP promove o processo apenas pelos crimes dos quais tem legitimidade
para o fazer, art.52 do CPP.
7|P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
3.4 Denúncia
A denúncia corresponde a uma comunicação prática de um crime ao MP, na forma estabelecida por
lei para efeitos de prosseguimento criminal. Após receber a denúncia, o MP deve apreciar o
requerimento e dar-lhe seguimento. Esta pode ser feita por escrito ou oralmente, art.264º do CPP,
(caso a denúncia não tenha sido assinada, é apenas uma irregularidade, art.123º do CPP)
Irregularidade ≠ Nulidade
3.6 Participação
É a manifestação de vontade, normalmente por parte de uma autoridade, de que seja instaurado o
procedimento criminal, distinguindo-se a queixa, principalmente pela qualidade da entidade que
impulsiona o procedimento. Compete também ao MP receber as participações e apreciar o
seguimento a dar-lhes, isto nos termos do art.53º/2, alínea a do CPP.
4 Assistente
Está previsto no art.68º do CPP.
É o sujeito processual que intervém no processo penal como colaborador do MP, cuja atividade
subordina a sua intervenção com vista à investigação dos factos jurídicos com relevo no âmbito
8|P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
criminal, tendo por fim a condenação dos seus autores. A constituição de assistente é obrigatória
nos crimes particulares e facultativa nos crimes públicos e semi-públicos.
O ofendido é titular do interesse que a lei especialmente quis proteger com a incriminação,
distinguindo-se do assistente porque não é sujeito processual, sendo um mero participante
processual.
O lesado aquele que sofreu os danos ocasionados pelo crime, pode coincidir e coincide com o
ofendido e por isso, pode também constituir-se assistente. Na sua condição de lesado apenas pode
intervir no processo como parte civil, formulando o pedido de indemnização cível.
O queixoso assume especial relevância no âmbito dos crimes semi-públicos e particulares, sendo
um figura determinante para o desencadear do procedimento criminal. Com efeito, nos crimes
desta natureza o processo criminal só se inicia com a apresentação de queixa pelos titulares desse
direito, caso contrário, o MP carece de legitimidade para abrir o inquérito. (art.48º e ss. e
art.262º/2 do CPP).
1. As pessoas e entidades a quem as leis especiais conferirem esse direito, art.68º/1 do CPP;
2. Os ofendidos, que são os titulares dos interesses protegidos;
3. As pessoas de cuja queixa ou acusação particular dependa o procedimento;
4. Alíneas seguintes do nº1 do art.68º do CPP.
9|P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
- 89º;
- 113º/9;
- 116º/3;
- 165º/3;
- 271º/3;
- 294º.
4.1.3 Prazo
A constituição de assistente é obrigatória, devendo o respetivo requerimento ter lugar no prazo de
10 dias a contar do momento em que o denunciante declara que deseja constituir-se assistente,
arts.68º/2 e 246º/4 do CPP.
4.1.4 Decisão
A decisão sobre a constituição de assistente é sempre da competência de um juiz e nunca o MP. O
juiz depois de dar ao MP e ao arguido a possibilidade de se pronunciarem sobre o requerimento,
decide por despacho que é logo notificado aqueles (art.68º/4 do CPP). Na decisão o juiz deverá
verificar a legitimidade do requerente, o prazo do requerimento, o requerente ser representado por
advogado e ter pago a taxa de justiça.
10 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
5 Partes Civis
As partes civis encontram-se reguladas nos arts.71º a 84 do CPP.
A prática de um ilícito criminal pode consistir num facto constitutivo de responsabilidade civil, caso
viole interesses suscetíveis de reparação patrimonial nos termos da lei civil.
O pedido de indemnização civil, deduzido no processo penal, é uma verdadeira ação cível
transferida para o processo penal. Assim, as partes na ação cível são todas aquelas que deduziram
ou contra quem foi deduzido o pedido de indemnização cível, sendo-lhes aplicados os princípios do
processo civil.
11 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Não se formulando pedido de indemnização cível no próprio processo penal, quando a lei a isso
obriga fica-se impossibilitado de no futuro o poder fazer.
No que se refere ao lesado, quem tiver sido informado de que pode deduzir pedido de
indemnização cível, nos termos do art.75º/1 do CPP, ou que de alguma forma se considere lesado,
pode manifestar no processo até ao encerramento do inquérito o propósito de o fazer (ver art.77º
do CPP).
6 Inquérito
Fase processual destinada à investigação da existência de um crime, bem como ao apuramento dos
seus agentes, respetivas responsabilidades, à descoberta e recolha de provas e terminará com uma
decisão sobre a acusação, art.262º/1 do CPP.
Podemos ainda referir como finalidades acessórias o apuramento dos danos causados pelos crimes,
bem como a identificação dos responsáveis pela indemnização. Cabe ainda a fundamentação da
aplicação de medidas de coação e garantia patrimonial, nos termos do art.196º e ss. do CPP.
A notícia do crime é o momento em que desencadeia o inquérito, arts. 48º, 241º e 262/2 do CPP.
12 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
São todas as entidades e agentes policiais a quem caiba diligenciar todos os atos ordenados por
uma autoridade judiciária ou determinados pelo MP.
Os órgãos de polícia criminal são sempre competentes para procederem em investigações e devem
praticar os atos cautelados e necessários com vista assegurar os meios de prova, art.249º/1 do CPP.
6.1.1 Nulidade
Constitui nulidade insanável, que deve ser oficiosamente declarada em qualquer fase do processo, a
falta de promoção do processo pelo MP, nos termos do art.48º do CPP, bem como a falta de
inquérito nos casos em que a lei determine a sua obrigatoriedade (art.119º, alínea b do CPP).
Cumpre referir que a falta ou a insuficiência de alguns actos de inquérito constitui uma nulidade
dependente de arguição, art.120º/2 alínea d do CPP.
Ele pratica todos os atos com vista à descoberta dos agentes em ordem a proferir os seus
fins, arts.262º/1, 267º, 268º e 271º do CPP.
Nos termos do art.270º/ 1 e 2 do CPP, o MP pode conferir aos órgãos de polícia criminal o
encargo de procederem a quaisquer diligências e investigações relativas ao inquérito.
Porém, para além dos atos que são de exclusiva responsabilidade do juiz de instrução,
existem outros atos que não podem ser delegados e que são:
13 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
7 Instrução
Podemos definir a instrução como a fase processual que ocorre entre o inquérito e o julgamento,
tendo o seu regime regulado no art.286º e ss., do CPP. Assim, a instrução visa a comprovação
judicial de deduzir a acusação ou arquivar o inquérito, com vista a submeter ou não, o arguido a
julgamento. Consoante o resultado da atividade investigatória, o MP encerra a fase de inquérito,
arquivando o processo nos termos do art.277º, do CPP, ou em alternativa, deduz acusação nos
termos do art.283º, do CPP, ou profere um dos despachos previstos no art.280º, do CPP.
Assim, a fase de instrução termina com um despacho de pronúncia ou não pronúncia, ela é formada
por um conjunto de atos de instrução que o juiz entenda diligenciar e por um debate instrutório, no
qual podem participar o MP, o arguido, o defensor, o assistente e os seus representantes.
Em regra as partes civis estão excluídas da participar no debate instrutório, dado que a instrução se
destina à comprovação judicial de arquivar ou acusar, nada tendo a ver com a responsabilidade
quanto ao pedido de indemnização cível. Ao contrário do inquérito, que é dirigido pelo MP, a
instrução é dirigida pelo juiz, art.288º/1, do CPP. O juiz de instrução pode no entanto ser assistido
pelos órgãos de polícia criminal, a quem pode conferir o encargo de procederem a quaisquer
diligências e investigações relativas à instrução.
Quanto à abertura de instrução, esta pode ser requerida no prazo de 20 dias a contar da notificação
da acusação. Contudo, quando a notificação, isto é, o procedimento se revelar de excecional
complexidade, nomeadamente pelo número de ofendidos e arguidos, o juiz pode ordenar o prazo de
30 dias.
Quanto à finalidade, pretende-se que com a abertura de instrução que o arguido demostre a sua
discordância relativamente à acusação e nesse sentido o arguido pretende que o juiz ao proferir
despacho, não venha acusado ou pronunciado de forma a ser submetido a julgamento.
Quanto ao encerramento da instrução, o juiz deverá encerrar a instrução nos prazos máximos de 2
meses, se houver arguidos presos ou sobre a obrigação de permanência na habitação, ou de 4 meses
14 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
em alternativa se não houver arguidos presos. Contando-se o prazo a partir do requerimento para a
abertura de instrução.
A prisão preventiva extingue-se quando desde o seu início tiverem decorridos 8 meses, sem que
tendo havido lugar em instrução tenha sido proferida decisão instrutória, art.215º, al. b), do CPP.
Encerrado o debate instrutório, o juiz profere despacho de pronúncia ou não pronúncia, que é logo
ditado para a ata.
Em qualquer das situações, o juiz começa por atender às nulidades e outras questões prévias ou
incidentes que sejam do seu conhecimento. O objeto de despacho de pronúncia deverá ser
substancialmente o mesmo da acusação formal, ou implícito no requerimento de instrução,
considerando que o juiz está libertado pelos factos que constam da acusação (princípio da
vinculação temática).
Quando for proferido despacho de pronúncia o juiz deve proceder ao reexame dos pressupostos de
prisão preventiva, bem como da obrigação de permanência na habitação, art.213º/1, al. b), do CPP.
Sem prejuízo desse poder fundamental, às razões de facto e de direito que resulta, da acusação ou
no requerimento de abertura de instrução é correspondentemente aplicável o disposto na acusação
pública, art.308º e 283º/2 e 3, do CPP.
8 Julgamento
A matéria do julgamento encontra-se regulada dos arts.311 a 380, do CPP. Concluído o inquérito, os
autos ficam à guarda do MP ou são remetidos ao Tribunal competente para instrução e julgamento.
O julgamento sendo a fase nuclear do processo penal, tem lugar logo após a dedução de acusação
pelo MP (nos crimes públicos e semi-públicos) ou ainda após o despacho de pronúncia se esta tiver
sido requerida.
15 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Na fase de julgamento vigoram vários princípios de que se destacam, o princípio do juiz natural, da
investigação ou verdade material, da oralidade, do contraditório, da livre apreciação da prova e in
dúbio pro reo.
a) A competência do Tribunal, sendo que se este não for competente o processo não deverá
avançar, art.10º, do CPP;
b) Legitimidade daquele que deduziu acusação (MP ou assistente).
Caso não tenha havido instrução e se o processo foi remetido para julgamento, o presidente pode
despachar no sentido de rejeitar a acusação, caso a considere manifestamente infundada,
art.311º/2, al. a), do CPP. Por outro lado, o presidente também não deverá aceitar a acusação do
assistente ou do MP, na parte em que ela represente uma alteração substancial dos factos,
arts.284º/1 e 285º/4, do CPP.
Sempre que o arguido se encontrar em prisão preventiva, a data da audiência, dever ser fixada com
precedência sobre qualquer outro julgamento, art.312º/3, do CPP.
Este despacho tem que conter alguns elementos sob pena de nulidade, art.313º/1, do CPP. Cumpre
ainda referir que este despacho terá de ser notificado com antecedência mínima de 30 dias, ao MP,
ao arguido, ao seu defensor, etc., ao abrigo do art.314º/1, do CPP.
16 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
editais contêm indicações que visam a identificação do arguido, do crime que lhe é imputado, das
disposições legais que o punem e a comunicação de que se não se apresentar no prazo legal é
declarado contumaz. A notificação edital é feita mediante a fixação de um edital na porta da última
residência do arguido e sempre que tal se mostre conveniente poderá ser ordenada a notificação
edital através da publicação de anúncios em dois números seguidos de um dos jornais com maior
circulação.
A audiência é pública sob pena de nulidade insanável, salvo os casos em que o presidente por
despacho fundamentado, decidir a exclusão ou a restrição da publicidade. Atendendo ao disposto
nos arts.321º/3 e 326º/1 al. e), ambos do CPP, essa decisão é sempre antecedida de audição
contraditória dos sujeitos processuais.
8.2.1 A contraditoriedade
O presidente deve sempre garantir o contraditório e impedir a formulação de questões legalmente
inadmissíveis, art.323º, al. f), do CPP.
8.2.2 Continuidade
Aqui cabe dizer que a audiência deve decorrer de forma contínua até ao encerramento. Ao abrigo
da concentração temporal não deverá haver interrupções.
8.2.2.1 Interrupções
São admissíveis nas audiências as interrupções estritamente necessárias, nomeadamente as que se
destinam a alimentação e repouso dos participantes. Essa interrupção depende sempre de
17 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
8.2.2.2 Adiamento
Por outro lado, o adiantamento previsto no nº 3 do art.328º, do CPP, consagra que o adiamento da
audiência é possível, sempre que a interrupção não se mostre suficiente para a remoção de
quaisquer obstáculos. Por exemplo, quando se mostre necessário proceder à produção de qualquer
meio de prova que não se encontre disponível no momento em que a audiência decorre. Também
quando for necessário proceder a relatórios sociais ou de inserção social.
O adiamento não deve exceder 30 dias, na medida em que pode estar em causa a perda da eficácia
da produção da prova oral que já consta no processo, art.328º/6, do CPP.
Quanto à falta dos assistentes e das partes civis, a audiência prossegue sendo o faltoso admitido a
intervir logo que comparecer. Cumpre referir que faltando o representante das partes civis, isto não
implica o adiamento o que significa que a ação civil pode correr à inteira revelia das partes.
No que se refere à falta do assistente, testemunhas, peritos, etc., também não há lugar ao adiamento
da audiência e são todos eles representados pelos mandatários constituídos, art.331º/1, do CPP. De
salientar ainda, que as faltas injustificadas desencadeiam os processos previstos no art.116º, do
CPP.
Nos termos do art.32º/6, da CRP, a lei define os casos em que pode haver dispensada a presença do
arguido. Contudo a audiência de julgamento só pode realizar-se na ausência do arguido, se este:
18 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Caso ocorra falta injustificada de comparência do arguido, este deve ser condenado ao pagamento
de uma coima entre 2 a 10 UC.
Todos os meios de prova são submetidos ao princípio do contraditório, mesmo que tenham sido
produzidos pelo Tribunal, art.327º, do CPP. Os requerimentos de prova são indeferidos de
despacho nas seguintes situações:
O Tribunal só pode proferir sentença condenatória, se tiver plena convicção de que o arguido
praticou o crime, ficando com dúvidas o juiz deve absolver com base no principio in dúbio pro reo.
19 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
3. Apresentação pelos meios de prova apresentados pelo arguido e pelo responsável cível.
Esta ordem só pode ser alterada pelo presidente ao abrigo do art.323º, do CPP, (poderes de
disciplina e direção).
8.4.1.1 Testemunhas
O rol de testemunhas de defesa deve ser indicado na contestação ou no prazo a que ela houver
lugar, art.315º, do CPP.
O rol de testemunhas só pode ser alterado nos termos do art.316, do CPP e tem que ser comunicado
às partes até 3 dias antes da data fixada para a audiência arts.315º, 348º/2 e 6 e 356º/6, do CPP.
A prova testemunhal que é também apreciada segundo a livre convicção do julgador, art.127º, do
CPP.
20 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
A prova pericial presume-se subtraída à livre convicção do julgador e nesse sentido, sempre que a
convicção do julgador venha a divergir do depoimento do perito, terá de haver fundamentação para
a divergência art.163º/2, do CPP.
A prova documental traduz uma declaração, sinal ou notação corporizada em escrito ou através de
qualquer meio técnico, nos termos gerais da lei penal, art.255º/al. a), b) e c), do CP. Também aqui
deverá ser assegurado o princípio do contraditório, art.165º, do CPP.
O valor provatório da prova documental consta do art.169º, do CPP, nos termos do qual devem
considerar-se provados os factos materiais que neles constem. Tratando-se de documento
particular, o seu valor provatório é também apreciado nos termos gerais do art.127º, do CPP.
Se no decurso da audiência se verificar uma alteração não substancial dos factos, o presidente
oficiosamente ou a requerimento, comunica a alteração ao arguido e concede-lhe o tempo
estritamente necessário para a preparação da defesa. Só assim não será, se a alteração tiver
derivado de factos alegados na defesa. Da mesma forma se deve proceder quando o tribunal alterar
a qualificação jurídica dos factos descritos na acusação ou na pronúncia, art.358º, do CPP.
No que se refere à alteração substancial dos factos, esta para além de não poder ser tomada em
conta pelo tribunal para o efeito de condenação do processo em curso, não implica a extinção da
instância, art.359º, do CPP.
Contudo, é de salientar que é nula a sentença que venha a condenar por factos diversos ou distintos
dos descritos na acusação ou na pronúncia e fora dos casos e das condições previstas no art.359º,
do CPP
21 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
As alegações orais não são um meio de prova, mas sim uma síntese conclusiva das provas
produzidas.
9 Sentença
Após a audiência de julgamento, tem lugar a tomada de decisão por parte do Tribunal. Pretende-se
que esta seja o mais célere possível, arts.360º, 361º/1 e 365º, do CPP.
O Tribunal não pode abster-se de julgar, invocando a falta ou obscuridade da lei ou alegando uma
dúvida insanável acerca dos factos em litígio. Não deve também violar o dever de obediência à lei. O
art.365º/5, do CPP, determina que as deliberações são tomadas por maioria simples. Cumpre
apreciar para a deliberação várias questões:
O Tribunal decide separadamente as questões prévias ou incidentais sobre as quais não tenha
recaído a decisão. No que se refere ao conhecimento das questões prévias ou incidentais, ver arts.
308º/3, 311º/1 e 338º, do CPP. Em conformidade com o art.368º/2 e 3, do CPP, se a apreciação do
mérito da causa não tiver sido prejudicado, o presidente especificamente, submete a deliberação e
votação, os factos alegados pela acusação e defesa em que se decidem vários aspetos:
22 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Se das deliberações e votações realizadas nos termos do art.369º, do CPP, resulta que ao arguido
deve ser aplicada uma pena ou medida de segurança, o presidente manda ler todos os factos
relativos aos antecedentes criminais do arguido, bem como os elementos referentes à perícia sobre
a sua personalidade e ao relatório social, art.370º, do CPP. De seguida o Tribunal delibera votando
sobre a espécie e medida de sanção a aplicar, arts. 369º/2 e 371º, do CPP.
Nota: A sentença é um ato processual e escrito. Nos processos sumário e abreviado, a sentença é
proferida verbalmente e ditada pata a ata, art.389º, do CPP.
A sentença começa com um relatório que deve conter as indicações tendentes à identificação do
arguido, do assistente e das partes civis, art.374º/1, al. a) e b), do CPP. Por outro lado, a indicação
dos crimes imputados ao arguido, art.374º/1, al. c), do CPP, e ainda a indicação sumária doa
conclusões contidas na contestação, art.374º/1, al. d), do CPP. Deve conter ainda a fundamentação,
que deverá sempre constar sob pena de nulidade, arts. 379º/1 e 2 e 374º/2, do CPP.
Nos termos do nº 3 do art.374º, do CPP, a sentença termina pelo dispositivo que deve conter uma
série de elementos, entre os quais se destaca a decisão condenatória ou absolutória e a falta de
menção desta decisão constitui uma nulidade, art.379º/1, al. a), do CPP.
Nos termos do art.375º/1, do CPP, a sentença condenatória deve especificar os fundamentos que
justifiquem a medida de sanção aplicada. Nomeadamente, o início e o regime do seu cumprimento,
outros deveres impostos ao condenado e ainda o plano individual de readaptação. Por outro lado, a
falta destes elementos constitui mera irregularidade, arts.118º/3 e 123º, do CPP.
23 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Para além de nulas, as decisões podem ser inexequíveis, nos casos previstos no art.468º, do CPP, e
por exemplo, é inexequível quando não determinar a sentença a aplicar.
10 Processo sumário
Está subjacente neste processo especial, o princípio da celeridade processual, isto porque o arguido
deve ser julgado no prazo máximo de 48 horas após a detenção, sendo a tramitação processual
reduzida ao conhecimento indispensável e boa decisão da causa, arts.386º/1 e 2 e 387º/1, do CPP.
Nos processos sumários a taxa de justiça é fixada entre 2 e 20 UC, art.85º/1 do CCJ.
Nota: Só os processos que correm por crimes públicos e semipúblicos, podem ser julgados por esta
forma processual.
24 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
3. Quando a detenção for efetuada por autoridade judiciária ou entidade policial, art.381/1,
al. a), do CPP.
4. O início da audiência de julgamento ocorrer no prazo máximo de 48 horas após a detenção.
d) Se houver razões para crer que a audiência de julgamento não se realizará no prazo de 48
horas após a detenção, o MP deverá libertar o arguido e se for caso disso, sujeitar o arguido a termo
de identidade e residência, arts.382º/3 e 385º/2, do CPP.
No que se refere à audiência de julgamento cumpre referir que, atendendo ao caráter célere do
processo sumário e nos termos do art.386º/1 e 2, do CPP, estes são reduzidas ao mínimo
indispensável. Existem nos termos do regime de acesso ao direito e aos Tribunais, escalas de
prevenção aos advogados e advogados estagiários.
Finda a produção da prova é concedida por uma só vez a palavra do MP, aos representantes do
assistente, das partes civis e ao defensor, art.389º/5, do CPP.
À semelhança do processo sumaríssimo, a sentença é logo proferida e ditada para a ata, esta é
sempre escrita, art.372º, do CPP.
25 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
O prazo para a interposição do recurso é de 20 dias e conta-se a partir da data em que a decisão oral
foi produzida.
Nos termos do disposto do art.391º-A, do CPP, o MP, face ao auto de notícia ou após realizar o
inquérito simples pode deduzir acusação para julgamento em processo abreviado quando:
a) O crime for punível com pena de multa ou de prisão não superior a 5 anos;
b) Existirem provas simples e de total evidência de que resultem indícios de prática do crime
e de quem foi o seu agente.
Recebidos os autos, o juiz pronuncia-se sobre nulidades e outras questões prévias ou incidentais,
art.391º-C/1, do CPP. Se não rejeitar a acusação, o juiz designa dia para a audiência conferindo
prioridade aos processos urgentes, art.391º-C/2, do CPP. Relativamente ao julgamento em processo
abreviado, a audiência deverá ter início no prazo de 90 dias a contar da dedução da acusação e
nesse sentido o início da audiência determina a apreciação de possíveis nulidades, art.120º/3 al. d),
do CPP.
26 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Contudo se o arguido aceitar as sanções propostas, ocorre uma redução do pagamento das taxas de
justiça para 1/3 do valor normal. O processo sumaríssimo tem lugar em caso de crimes puníveis
com pena de prisão não superior a 5 anos ou só com pena de multa. O MP requer ao Tribunal que o
processo sumaríssimo ocorra:
Sempre que o arguido assim o solicitar ou depois de o ter ouvido e entender que no caso
concreto deverá ser aplicada pena ou medida de segurança de segurança não privativa da
liberdade;
Sempre que o procedimento dependa de acusação particular, o requerimento do MP
depende também da concordância do assistente, art.392º/1 e 2, do CPP.
Esse requerimento deve conter nos termos do art.394º, do CPP, alguns elementos de que se destaca
a indicação precisa das sanções concretamente propostas e a indicação precisa da quantia exata a
atribuir a título de reparação da vítima, art.82º-A, do CPP.
Quanto à suspensão e interrupção da instância, aplica-se o disposto nos arts.120º/1, al. b) e 121º/1
al. b), do CP.
Em conformidade com o disposto no art.395º, do CPP, o juiz mediante despacho irrecorrível rejeita
o requerimento do MP e reenvia o processo para outra forma quando for legalmente inadmissível o
procedimento, o requerimento se apresente infundado e sempre que entender que as sanções
requeridas são insuscetíveis de realizar as finalidades do processo. Atendendo ao disposto no
art.396º/1, do CPP, se o juiz não rejeitar o requerimento do MP, poderá:
Quanto à decisão do processo sumaríssimo, nesta forma de processo o prazo para o queixoso
desistir de queixa, termina quendo o juiz lavrar o despacho de concordância com requerimento do
MP. Cumpre referir que a decisão do juiz no processo sumaríssimo é sempre condenatória. Se
ocorrer oposição do arguido, o juiz ordena o reenvio do processo para outra forma que lhe caiba,
equivalendo à acusação e em todos os casos, o requerimento do MP, art.394º, do CPP.
27 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Cumpre salientar que se o procedimento tiver sido reenviado para outra forma de processo e o
arguido não possa ter sido notificado do despacho que designaria para audiência ou em alternativa
o arguido falte injustificadamente, o Tribunal pode determinar que a audiência ocorre na sua
ausência, art.334º/1, do CPP.
13 Recursos
Ao recursos têm como missão a retificação e a correção de decisões proferidas, sendo que visão a
obtenção de um decisão nova. Para além do recurso, que tem em vista a reapreciação de uma
decisão judicial por um órgão judicial diferente, existe outra forma de impugnação das decisões
judiciais, que é a reclamação.
Assim, o objeto do recurso compreende não só, a matéria de direito como também a matéria de
facto. E para esse efeito o CPP criou instrumentos destinados a assegurar o registo da prova em
audiência de julgamento, arts.363º e 364º, do CPP.
Além dos recursos regulados no CPP, há ainda o recurso para o tribunal constitucional.
No âmbito dos recursos é de destacar, os princípios decorrentes dos arts.399º e 409º, do CPP.
Uma decisão judicial transita em julgado, ou seja, é insuscetível de impugnação ordinária quando é
irrecorrível, art.400º, do CPP.
28 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Esses recursos são entrepostos do tribunal a quo (Tribunal recorrido) para o tribunal ad aquen
(Tribunal Superior).
Não obstante de poder existir disposição em contrário, a regra é a da recorribilidade das decisões
judiciais, ou seja, garante-se a possibilidade de apreciação por duas instâncias da questão que
constitui o objeto do processo.
O recurso da parte da sentença referente a indemnização civil só é admissível desde que o valor do
pedido seja superior à alçada do tribunal recorrido e a decisão impugnada seja desfavorável para o
recorrente em valor superior a metade dessa alçada.
Contudo, o recurso poderá abranger apenas uma parte da decisão art.403º/1 e 2, do CPP.
29 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Quando os recursos sobem nos próprios autos não é necessário requerer certidões das peças
processuais para instruir o recurso, e assim nos termos do art.406º/1, do CPP, sobem nos próprios
autos:
Subida em separado
Nesta situação o recurso ganha autonomia física, sendo necessário instruir um novo auto que irá
correr paralelamente ao processo principal e assim o juiz deverá validar se o processo está
instruído com todos os elementos necessários à decisão da causa determinando se necessário a
junção de certidões relativas às peças processuais art.414º/6, do CPP. Nestes termos podem subir
em separado os recursos:
Além dos atrás descritos ainda é possível a subida imediata de outros recursos.
30 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Assim os recursos que não tenham efeito suspensivo, terão efeito apenas devolutivo. Nos termos do
art.408º/1, do CPP, tem efeito suspensivo do processo:
Sempre que por existirem os vícios adiante descritos, não for possível decidir da causa, o tribunal
de recurso determina o reenvio do processo para novo julgamento relativamente à totalidade do
processo ou a questões pontualmente identificadas, art.426º/1, do CPP.
13.2.6.1 Vícios:
1) A insuficiência para a decisão da matéria de facto provada;
2) A contradição insanável da fundamentação ou entre a fundamentação e a decisão;
3) Erro notório na apreciação da prova.
O prazo para a interposição do recurso em processo penal é de 20 dias nos termos do art.411º/1,
do CPP, e conta-se a partir:
1) Da notificação da decisão;
2) Tratando-se de sentença, conta-se a partir do depósito da mesma na secretaria, e;
3) Tratando-se de decisão oral reproduzida em ata conta-se a partir da data em que tiver sido
proferida.
O art.414º/2, do CPP, refere-se aos casos de não admissibilidade de recurso e o art.420º/1, do CPP,
refere as situações em que o recurso deve ser rejeitado, nomeadamente nos casos em que for
manifesta a sua improcedência, sempre que se verifique uma causa que tenha determinado a sua
31 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
não admissão e sempre que o não recorrente não apresente, não complete ou não esclareça as
conclusões formuladas, art.417º/3, do CPP.
Quanto ao recurso para fixação de jurisprudência, podemos dizer que pretenda evitar contradições
entre acórdãos dos tribunais superiores, assegurando assim a uniformização da jurisprudência.
Contudo, o vício do acórdão recorrido deverá ser o fundamento do recurso, art.437º/4, do CPP.
a) Face à mesma legislação o STJ proferir dois acórdãos que relativamente à mesma questão
de direito assentem em soluções contraditórias;
b) Quando um tribunal da relação proferiu um acórdão que esteja em oposição com outro da
mesma relação ou outra qualquer e dele não seja possível recurso ordinário.
32 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
13.3.1 Revisão
A sentença transitada só pode ser revista quando exista motivo que se apresente com tal gravidade
que deva prevalecer sobre a certeza e a segurança em que assenta o caso julgado. O recurso de
revisão versa apenas sobre questões de facto e tem como finalidade obter uma nova decisão judicial
art.449º/1, do CPP.
A revisão é assim admissível nos termos do art.449º/1, do CPP, e também no caso do art.449º/4, do
CPP. Têm legitimidade para requerer a revisão todos os intervenientes processuais, MP, assistente,
condenado ou o seu defensor, etc. O art.451º, do CPP, refere-se aos elementos constantes no
requerimento do pedido de revisão. O STJ pode negar ou autorizar a revisão.
1ª Situação: quanto à decisão poder-se-á obter uma sentença absolutória no juízo de revisão e
indemnização nos termos do art.461º/2, do CPP, ou;
Os exames podem ter como objeto pessoas, locais ou coisas. Contudo, o arguido mesmo sendo
sujeito processual dotado de direitos e deveres é também objeto de investigação, na medida em que
poderá ser alvo de inspeção na busca de indícios que possam identificar a forma como o sujeito
praticou o crime e o seu autor.
Nos termos do art.171º/1, do CPP, o exame é a inspeção rigorosa dos vestígios que o crime possa
ter deixado, bem como dos indícios relativos ao modo e ao local em que o crime foi praticado e às
33 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
pessoas que o praticaram. Como atrás se referiu, a inspeção pode incidir em pessoas, locais ou
coisas.
No que se refere aos exames, sempre que este consignar natureza de medida cautelar e urgente,
que assegure a preservação dos meios de prova, poderá efetuar-se o exame de imediato ou solicitar
à PJ, que no local apareça o operador par o fazer, assim a realização de exames e vestígios é também
uma medida cautelar e de polícia.
Cumpre ainda referir que, sempre que se recorra à força pública para obrigar alguém a permanecer
no local do crime, não constitui um crime de não desobediência o não cumprimento desta ordem.
Contudo, assim não é, se tal determinação for dada por um OPC.
A submissão de um exame, poderá recair sobre uma pessoa que anteriormente se eximiu à
realização do mesmo, pelo que é competente para determinar o exame, a respetiva autoridade
judiciária em função da fase processual, isto é, o MP é competente na fase de inquérito, o JIC na
instrução e o juiz presidente do coletivo ou singular em cede de julgamento.
Os exames ao corpo de uma determinada pessoa devem sempre respeitar, por um lado a própria
dignidade humana e o pudor da pessoa examinando, seja vitima ou arguido no processo.
34 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Sempre que os exames já não se mostrem necessárias, deverá o juiz por despacho fundamentado
requerer a sua destruição, art.156º/6 e 172º/2, do CPP.
Quanto às revistas, elas consistem em proceder ao exame ou à inspeção de uma pessoa a qualquer
hora do dia ou da noite, para se verificar se a mesma oculta ou não objetos relacionados como o
crime ou que possam servir de prova daquele, nesse sentido as revistas têm de ser autorizadas ou
ordenadas pela autoridade judiciária, art.174º/3, do CPP.
As revistas servem como meio de obtenção da prova, art.174º, do CPP, como medida cautelar ou de
polícia, art.251º/1, al. a) e b), e ainda como medida preventiva ou de segurança, art.251º/1 al. b), do
CPP.
Na detenção, os órgãos de polícia criminal, por razões que se prendem com a segurança física e a
preservação da prova, devem obrigatoriamente efetuar uma revista sumária, nomeadamente,
solicitando que o arguido entregue todos os artigos que possam indiciar a prática do crime que
originaram a intervenção e que possam de alguma forma ferir quer o agente ou outros arguidos (ex:
seringas, navalhas, etc). Esta medida cautelar e de polícia é contudo uma medida de exceção e
apenas pode ser utilizada, quando o agente do crime for conduzido ao posto policial para
identificação, na medida em que o agente oculta objetos relacionados com o crime que podem
servir de prova e que de outra forma se poderiam perder, art.251º/1 al. a), do CPP.
Cumpre referir que não existe um prazo limite para a realização destes meios de prova o que
poderá por em causa direitos, liberdades e garantias dos cidadãos face à ilimitada temporalidade de
atuação e isto porque a emissão de um mandado para se proceder à revista de uma pessoa
35 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
A urgência da comunicação desta notícia ao MP, justifica-se pelo art.48º e art.219º/1 da CRP, o qual
atribui ao MP a titularidade do processo penal, permitindo assim que se inicie a fase de inquérito,
art.263º. Mais, uma comunicação breve minorará a ofensa a bens jurídicos pessoais quer das
vítimas quer dos arguidos.
A comunicação a que os órgãos de polícia criminal estão obrigados, em regra, deve ser o auto da
notícia. Isto é, neste auto devem ser mencionados (art.243º/1):
- Tudo o que puderem averiguar acerca da identificação dos agentes e dos ofendidos, bem como os
meios de prova conhecidos, nomeadamente as testemunhas que puderem depor sobre os factos.
Aos órgãos de polícia criminal cabe, antes da intervenção da autoridade judiciária compete para
proceder a investigações, praticar autos cautelares (arts.248º a 253º), atos de natureza pré-
36 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
processual e de competência própria, que se mostrem não só necessários urgentes, como também
adequados e menos onerosos para os direitos do cidadão, que se destinem a «assegurar os meios de
prova». Atos esses sujeitos à posterior apreciação e valoração por parte da autoridade judiciária.
Neste sentido, nos termos do art.249º/2, compete aos órgãos de polícia criminal:
a) Proceder a exames dos vestígios do crime ocorrido – devendo evitar que o vestígio do
crime se apaguem ou alterem, podendo para tal proibir que entrem ou transitem no local
do crime e a prática de atos que possam destruir os vestígios antes de examinados, assim
como determinar a permanência no local do crime de pessoas (artss.171º/2 e 173º) – e
assegurar que o estado das coisas e dos locais se mantenha qualificado pela lei como crime;
b) Colher informações por meio das pessoas que supostamente presenciaram o facto
delituoso ou que, por razões de laços de amizade e familiares, conheçam da situação
factual, das razões e das circunstância, que permitam não só esclarecer a circunscrição do
modo, do tempo e do local, mas também identificar o(s) agente(s) do crime que originou a
abertura do processo crime e a sua possível reconstituição;
c) Os objetos do crime e os que serviram de meio adequado à prática e à verificação do
mesmo devem ser apreendidos para posterior entrega aos seus legítimos proprietários ou
para exames técnico-científicos que possam conduzir com rigor à verdade, cuja
conservação ou manutenção desses objectos é da competência dos órgãos de polícia
criminal até a sal entrega à autoridade judiciária.
Após a intervenção da autoridade judiciária, nos termos do art.249º/3, recai sobre os órgãos de
polícia criminal o ónus de assegurar novos os meios de prova de que tenham conhecimento e de
procederem, face à urgência e necessidade de atuação, aos exames, à colheita de informações e a
novas apreensões.
37 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Estes atos de identificação devem sempre ser reduzidos a auto e as provas de identificação do
suspeito constantes são destruídas na sua presença a pedido do mesmo, caso a suspeita não se
confirme, art.250º/7. Apesar do referido, nada invalida a elaboração de uma participação ou auto
em que a entidade que procedeu a diligência indique quem, quando, onde e porque foi detido para
identificação e quando a diligência cessou, sob pena da fiscalização e controlo da legalidade da
actividade policial não ser exequível.
Os órgãos de polícia criminal podem pedir ao suspeito, bem como a quaisquer pessoas susceptíveis
de fornecerem informações úteis, e deles receber, sem prejuízo, quanto ao suspeito, do disposto no
art.59º, informações relativas a um crime e , nomeadamente, à descoberta e à conservação de meios
de prova que poderiam perder-se antes da intervenção da autoridade judiciária, art.250º/8.
Ao suspeito deverá sempre ser facultada a possibilidade de contactar com pessoa da sua confiança,
art.250º/9.
15.4 Da revista
A revista pode ser:
No caso de detenção deve ser feita uma revista sumária obrigatoriamente, por razões de segurança
e de preservação de prova (o que significa que não se tem de retirar peças de roupa e tem de ser
feita por alguém do mesmo sexo, devendo o indivíduo depositar numa superfície todos os objetos
que trás consigo). A revista deve ser efetuada num local reservado e, sempre que possível, na
presença de alguém da sua confiança e evitar que se ofenda o pudor do visado com a diligência.
As buscar podem classificar-se em buscas domiciliárias e não domiciliárias, sendo que como
medida cautelar e de polícia, a busca é não domiciliária. Se os órgãos de polícia criminal tiverem de
efetuar uma busca domiciliária nos termos do art.174º/5, al. a), sem autorização da autoridade
judiciária – Juiz – a diligência é uma busca domiciliária de cariz excecional e não uma medida
cautelar e de polícia.
38 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
No entanto, o nº3 do art.252º ressalva uma situação excecional. Sempre que uma das seguintes
situações abaixo mencionadas se verifique, podem os órgãos de polícia criminal ordenar a
suspensão da remessa de qualquer correspondência nas estações de correios e de
telecomunicações por suspeita de conterem informação útil à investigação de um crime ou à
descoberta da verdade e que, devido à demora da autorização ou ordem de apreensão por parte do
juiz de instrução criminal, poder-se-ia perder (arts. 252º/3 e 179º/1:
No entanto, o cariz cautelar da ordem do órgão de polícia criminal reforça-se com a necessidade de
o juiz de instrução criminal convalidar, no prazo máximo de 48h, por despacho fundamentado tal
decisão.
Podem obter dados sobre a localização celular, tanto as autoridades judiciárias como as
autoridades de polícia criminal, art.252º-A/1.
No que respeita aos dados sobre a localização celular, a informação é metida a órgãos distintos,
consoante haja um processo em curso ou não haja nenhum processo em curso. Na primeira
situação, a sua obtenção deve ser comunicada ao juiz no prazo máximo de 48h (art.252º-A/2),
quanto à segunda situação, a comunicação deve ser dirigida ao juiz da sede da entidade competente
39 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
15.8 Do relatório
Os órgãos de polícia criminal, que aplicam medidas cautelares e de polícia – que se destinam à
recolha e conservação da prova antes da intervenção da autoridade judiciária por razões de
urgência face ao perigo de se perderem, podendo ser enquadradas como medidas de prevenção
sujeitos à apreciação e à validação por parte da autoridade judiciária competente -, medidas que
colidem com direitos fundamentais do cidadão, devem, nos termos do art.253º/1, proceder à
elaboração de um relatório do qual deve, sucintamente, constar:
Este relatório deve ser remetido ao MP ou ao juiz de instrução, conforme os casos, não devendo
todavia ser confundido com os outros relatórios (comunicação da diligência, art.251º/2;
comunicação da notícia do crime, art.248; ou o relatório final das diligências de investigação da
administração da justiça.
40 | P á g i n a
Escola Superior de Gestão-IPCB
Minutas
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº1250/2013
1º Juízo Criminal
Josefina dos Santos Almeida, queixosa, nos altos à margem referenciados, porque é
ofendida e está em tempo, vem requerer a V. Exa. se digne a admitir a sua intervenção
no processo como assistente.
Mandatário,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
João Madeira, casado, maior, engenheiro, residente na Rua Direita n.º2 freguesia de
Castelo Branco e concelho de Castelo Branco
Maria Inês Garcia, solteira, maior, pintora, residente na Rua da Igreja, freguesia de
Castelo Branco e concelho de Castelo Branco.
Porquanto,
1. A denunciada é sobrinha do denunciante e vivia na sua residência pelo que entre eles
existia uma profunda relação de confiança e amizade.
5. O referido veículo foi registado em nome da denunciada e nunca foi visto pelo
denunciante.
Com esta conduta o denunciante foi e continua a ser seriamente prejudicado e lesado,
motivo pelo qual deseja proceder criminalmente contra Maria Inês Garcia, manifestando-se desde
já o propósito de se constituir assistente e de deduzir o respetivo pedido de indemnização cível.
Testemunhas,
Junta: 1 documento.
O Denunciante,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Vicente Martins, casado, maior, empreiteiro, residente na Rua das Furnas n.º100 em
Lisboa.
Porquanto,
Testemunhas,
Junta: 1 documento.
O Queixoso,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Bernardo Castelo, casado, maior, gestor de recursos humanos, residente na Rua n.º1
lote 2, em Torres Vedras
Duarte Afonso Dinis, solteiro, maior, comerciante, residente na Rua da Lourinhã n.º40,
na Lourinhã.
Porquanto,
No dia 15 de Agosto pelas 19:00 horas, o queixoso recebeu um fax com o seguinte
conteúdo: “ A tua mulher anda com todos os homens de Lourinhã e arredores e comigo também.”
Continuou ainda com o seguinte: “Se não fosse um larilas e não andasses metido com o meu irmão,
cortava-te ao meio”.
O referido fax foi lido por várias pessoas antes de chegar ao destinatário. Com o referido
comportamento do acusado, o queixoso foi ofendido na sua honra, dignidade e reputação, pelo que
deseja proceder criminalmente contra o acusado. Mais declara, nos autos, que se irá constituir
assistente.
Testemunhas:
Junta: 1 documento.
O Queixoso,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº 179/2012
2º Juízo Criminal
Vasco Maria do Espírito Santo, queixoso nos autos à margem referenciados, vem
apresentar a desistência de queixa contra o arguido João Pedro Madeira, nos termos
do disposto no art.116º do CP.
O Queixoso,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Eu, Marta Afonso, solteira, maior, residente na Rua do capelão, Vivenda Martinha, freguesia
da Cedofeita, concelho do Porto, constituo meu bastante procurador o Exmo. Sr. Dr. Joaquim
Chaves, advogado, com domicílio profissional na Rua da Cedofeita nº 2, Porto, a quem confiro os
poderes forenses para que me represente perante qualquer Tribunal e aí defenda e alegue os meus
direitos, bem como os especiais para desistir de queixa.
A declarante,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº110/2013
António José Silveira, queixoso e lesado nos autos à margem referenciados, vem ao
abrigo do disposto do art.75º/2 do CPP manifestar o propósito de deduzir pedido de
indemnização cível.
O lesado,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº110/2013
António José Silveira, lesado nos autos à margem identificados, vem nos termos do
art.81º, alínea a, do CPP, desistir do pedido de indemnização cível apresentado contra
o arguido Manuel Vicente.
O lesado,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Inês Santos, assistente nos autos à margem referenciados, vem, nos termos do
art.285º e 77º/1, do CPP,
I – DA ACUSAÇÃO PARTICULAR
1º
No dia 1 de outubro de 2013 pelas 22h, no café Idanhense, o arguido dirigiu-se à assistente e sem
que nada o justifica-se disse-lhe em voz alta: “És uma gatuna, uma ladra, chulaste-me e roubaste-me
durante toda a vida, vives às custas dos outros!”.
2º
Tais expressões foram proferidas na presença de todas as pessoas que naquele momento se
encontravam no estabelecimento e que de imediato tomaram consciência do alcance dos factos.
3º
Uma dessas pessoas, o Sr. Isaias dirigiu-se à assistente e disse-lhe: “Nunca, mas nunca pensei que
fosses assim sua grandessíssima cabra!”.
4º
5º
A assistente sempre foi uma pessoa respeitada em toda a Vila Idanhense, desenvolvendo até
funções como catequista na paróquia local.
6º
Acontece que a partir daquele dia, todas as pessoas da Vila deixaram de cumprimentar a assistente,
o que lhe causou profunda tristeza.
Escola Superior de Gestão-IPCB
7º
Por outro lado, o arguido bem sabia que estava a imputar factos à assistente que não
correspondiam à realidade, considerando que dias antes, nomeadamente dia 16 de setembro
dirigiu-se a casa da assistente pedindo-lhe €5.000,00 que ela prontamente emprestou, após o que
ele disse: “És a minha melhor amiga, a pessoa de quem mais gosto, a mulher da minha vida.”.
8º
O arguido agiu livre e conscientemente, bem sabendo que a sua conduta era proibida por lei.
9º
10º
A assistente ora demandada, dá como integralmente reproduzido para todos os efeitos legais, a
acusação particular que consta dos art.1º a 9º da acusação particular do presente articulado.
11º
A demandante sentiu-se profundamente abalada com as expressões que lhe foram dirigias, ficando
inclusive dominada por um sentimento de injustiça e revolta na medida em que tinha grande estima
pelo demandado a quem nunca negou ajuda e auxilio.
12º
Por outro lado, e conforme já foi referido, ela sempre foi respeitada no local onde vive, sendo que a
partir daí todos deixaram de lhe falar, neste sentido terminou a sua vida social.
13º
Tudo isto fez com que a demandante fica-se deprimida e à beira de um esgotamento nervoso.
Clinicamente, foi-lhe diagnosticada uma perturbação do equilíbrio sócio-psiquíco e emocional,
constituindo isso um grave atentado à sua personalidade moral.
14º
Tais danos, não patrimoniais, foram de tal modo graves e extensos que não puderam ser
quantificados em quantia inferior a €15.000,00.
II – Ser julgado provado e procedente o pedido de indemnização civil nos autos formulado,
devendo ser o arguido condenado a pagar ao assistente €15.000,00 a título compensatório
por danos não patrimoniais causados.
Prova Testemunhal:
Valor: €15.000,00.
O Advogado,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº 765/2013
1º
O arguido vem acusado da prática, em concurso real, de um crime de ofensa a pessoa coletiva, p. e
p., pelo art.187º, e de um crime de difamação, p. e p., pelo art.180º, ambos do CP.
2º
Tal acusação assenta, única e exclusivamente, no conteúdo do fax enviado pelo arguido para a sede
da assistente, no dia 3 de novembro de 2013, o qual consta dos presentes autos a fls 2.
3º
No referido fax o arguido limitou-se a reclamar dos termos em que foi negociada a compra e venda
de um veículo automóvel, bem como a solicitar algumas informações.
I – DO CRIME DE DIFAMAÇÃO
4º
No que diz respeito ao crime de difamação, importa referir que a assistente (a empresa
“Automobilix, LDA.” Não é titular dos interesses que a lei especialmente quis proteger com a
incriminação.
5º
Pelo que, nos termos do art.68º/1, al. a), do CPP, não tinha legitimidade para se constituir como tal
e, consequentemente, para deduzir acusação particular (art.50º/1, do CPP).
6º
Escola Superior de Gestão-IPCB
Com efeito, as pessoas coletivas não podem ser sujeito passivo do crime de difamação, já que a
tutela penal do seu bom nome ou reputação esgota-se com o art.187º, do CP, neste sentido, os
Acórdãos da Relação do Porto, de 02.10.2002 in www.dgsi.pt (Proc. nº0141459) e de 01.07.2004 in
www.dgsi.pt (Proc. nº0343089).
7º
Sem prescindir e caso assim não se entenda, diga-se que o arguido não praticou qualquer facto
susceptível de preencher aquele tipo legal.
8º
Isto porque, no fax que deu origem ao processo e em que assenta a acusação particular, não
proferiu qualquer expressão que constitua ofensa à honra e consideração da assistente.
9º
Pelo exposto, não estão preenchidos os elementos do tipo legal de crime de difamação, p. e p., pelo
art.180º, do CP.
10º
Nos termos do art.187º/1, do CP, os elementos do tipo de crime de ofensa a organismo, serviço ou
pessoa colectiva são os seguintes:
11º
No que diz respeito ao primeiro elemento, resulta inequívoco que o arguido, no fax em causa “não
propalou factos inverídicos, não correspondentes à realidade”, despacho do Ministério Público de
não acompanhamento da acusação a fls. 4.
12º
Na realidade e conforme já referimos, o arguido limitou-se a relatar todo o processo a que foi
submetido para aquisição do veículo, bem como, a solicitar algumas informações.
13º
14º
Ora, nenhum dos factos que constam do fax sub iudice são idóneos a produzir efeitos negativos na
credibilidade, prestígio ou confiança da assistente.
15º
O mesmo poderá, em certa medida, ser entendido como uma manifestação de um legítimo direito
de crítica, FARIA COSTA in “Comentário…”, p.681.
16º
Em relação ao terceiro elemento, o seu preenchimento fica prejudicado pelo não preenchimento do
primeiro.
17º
Assim, não estão preenchidos os elementos do tipo lega de crime de ofensa a organismo, serviço ou
pessoa colectiva, p. e p., pelo art,187º, do CP.
18º
Pelo exposto não restam dúvidas que o arguido não praticou nenhum dos crimes de que vem
acusado.
Termos em que e nos demais de direito requer a V. Exa. seja declarada a abertura de instrução e,
consequentemente, proferido despacho de não pronúncia do arguido pelos crimes de que vem
acusado.
O Defensor,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº 765/2013
I – DA CONSTITUIÇÃO DE ASSISTENTE
1º
O denunciante, porque é ofendido e está em tempo, requer seja admitida a sua constituição como
assistente nos presentes autos.
II – DA ABERTURA DE INSTRUÇÃO
2º
3º
4º
Vejamos os factos alegados na participação do ora assistente que, grosso modo, estão demostrados
nos documentos juntos aos autos.
k) Tais letras visavam garantir o pagamento de material fornecido pelo assistente à sociedade
“Cabitos Elétricos, Lda.”;
l) As referidas letras de câmbio foram aceites pelo arguido depois de dissolvida a sociedade
“Cabitos Elétricos, Lda.”;
m) No momento em que lhe foram entregues as letras em causa, o assistente não sabia, nem
sequer suspeitava ou podia suspeitar que a sociedade “Cabitos Elétricos, Lda.” estava
dissolvida;
n) Com o referido comportamento, o arguido procurou causar o assistente em prejuízo
patrimonial, pelo menos igual ao valor das letras, mais precisamente a quantia de
€3.800,00;
o) Com efeito, o arguido sabia que ao aceitar as letras de câmbio, na qualidade de
representante de uma sociedade que estava dissolvida e que não tinha personalidade
jurídica, estava a frustrar o crédito do participante que as letras visavam tutelar.
II – DA ABERTURA DE INSTRUÇÃO
5º
6º
A realização objetiva do ilícito pressupõe, desde logo, a existência de uma situação de erro ou
engano, astuciosamente provocada.
7º
8º
9º
Não podem restar quaisquer dúvidas de que o arguido, ao aceitar as 2 letras de câmbio em causa
nos autos, depois de haver dissolvido a sociedade “Cabitos Elétricos, Lda.”, agiu com intenção de
enganar o assistente.
10º
De facto, com essa conduta o arguido sabia que estava a frustrar, astuciosamente, o crédito do
assistente na medida em que a referida sociedade, estando dissolvida, não gozava, nem goza, de
personalidade jurídica e muito menos de capacidade judiciária.
11º
12º
Como é lógico, o assistente não poderia, nem poderá, intentar nenhuma ação judicial contra uma
pessoa juridicamente inexistente.
13º
14º
Aliás, importa realçar que até à presente data as letras em causa não foram pagas.
Escola Superior de Gestão-IPCB
15º
O comportamento do arguido revela ainda uma conduta desleal inadmissível no comércio jurídico,
violadora dos ditames de boa fé e que consubstancia “o desvalor característico do ilícito da burla,
integrando nessa medida, a expressão acabada do conteúdo de previsão do art.217º”, ALMEDINA
COSTA in “Comentário Conimbricense do Código Penal”, Tomo II, Coimbra Editora, 1999, p.300.
16º
17º
Conforme refere ALEMIDA COSTA, ob. cit., p304, reportando-se à conclusão de um negócio, “se uma
das partes se abstiver de declarar que não se encontra em condições de o cumprir, comete burla
por atos concludentes, uma vez que a celebração de um negócio leva implicada a afirmação de que
qualquer dos intervenientes tem a possibilidade de satisfazer as obrigações dele emergentes”.
18º
Destarte, não restam dúvidas que o arguido praticou o crime de burla qualificada, p. e p., pelos
arts.217º e 218, do CP.
19º
Para além do crime de burla qualificada, tudo indica que o arguido terá praticado o crime de
falsificação de documento.
20º
Com efeito, a ata de dissolução da sociedade “Cabitos Elétricos, Lda.” Contém a assinatura dos dois
sócios gerentes da sociedade “Cabitos Elétricos, Lda.”.
21º
Sucede que o sócio-gerente Ricardo Bento confirmou que nunca assinou aquela ata (depoimento a
fls.25).
22º
Por outro lado, apenas o arguido tinha acesso aos documentos da sociedade, tendo apresentado a
dissolução e a liquidação para registo (depoimento a fls.25).
23º
Pelo exposto tudo indica que o arguido terá falsificado a assinatura do sócio-gerente Ricardo Bento,
incorrendo, assim, na prática do crime de falsificação de documentos, p. e p., pelo art.256º, do CP.
Escola Superior de Gestão-IPCB
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº 800/2013
2º Juízo Criminal
Tiago Mateus, arguido nos autos à margem identificados, vem, nos termos do art.315º,
do CPP,
1º
O arguido vem acusado da prática do crime de dano, p. e p., pelo art212º, do CP, porquanto,
alegadamente, no dia 12.03.2013, pelas 14:40, após uma discussão no trânsito, dirigiu-se ao veículo
do assistente e, munido de um taco de baseball, desferiu no mesmo inúmeras pancadas no pára-
brisas e no tejadilho, provocando-lhe, em consequência, um prejuízo orçamentado em €2.000,00.
2º
Na verdade, nesse dia, o assistente, que se encontrava parado na faixa de rodagem da Rua Dom
Quixote, desta comarca, depois de ter sido alertado para o facto de estar a perturbar a circulação
naquela via, disse ao arguido o seguinte: “Quero lá saber, até parece que a via é tua, mete-te na tua
vida”.
3º
De seguida, o arguido continuou a sua marcha, desconsiderando, em absoluto, o que lhe disse o
assistente.
4º
Pelo exposto, o arguido não cometeu o crime de dano de que vem acusado, pelo que deve ser
absolvido do mesmo.
Termos em que e nos demais de direito deve o arguido ser absolvido da prática do crime de
dano de que vem acusado.
Escola Superior de Gestão-IPCB
Prova:
- Helena Viegas, taxista, casada, residente na Rua do Sol, nº8, 5ºandar, desta comarca.
- António Maria, motorista, solteiro, residente na Rua Augusta, vivenda A, desta comarca.
- Carlos Alberto, professor, casado, residente na Avenida da Igreja, nº2, 1ºEsq, desta comarca.
- Alzira Pacheco, comerciante, casada, residente na Rua Vicente Borga, nº44, 1ºandar, desta
comarca.
O Defensor,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº 120/2013
2º Juízo Criminal
Maria Frazão, arguida nos autos à margem identificados, por estar em tempo, vem, ao
abrigo do disposto no art.316º, do CPP,
- João Paixão, motorista, residente na Rua de São Bento, nº78, 2ºandar, desta comarca.
- Ana Vicente, vendedora, residente na Rua da Madalena, Vivenda Joaquim, desta comarca.
O Defensor,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº 98/2013
1º Juízo Criminal
Rita Garcia, arguida nos autos à margem identificados, vem, ao abrigo do disposto no
art.340º, do CPP, porquanto se afigura necessário à descoberta da verdade e à boa
decisão da causa:
- Joana Domingues, vendedora, residente na Rua do Grão, nº23, 1ºandar, desta comarca.
- Vitor Esteves, feirante, residente na Rua José Alves, nº12, 2ºDrt, desta comarca.
O Defensor,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
CONTESTAÇÃO
Processo nº 98/2013
1º Juízo Criminal
Guilherme Antunes, arguido nos autos à margem identificados, vem, nos termos do
art.315º, do CPP,
1º
O arguido vem acusado da prática do crime de maus tratos a cônjuge, p. e p., pelo art.152º, nº2, do
CP.
2º
3º
Conforme podemos constatar pelos depoimentos prestados pelas testemunhas, fls.21 e fls.25, as
quais, curiosamente, não constam do rol da acusação, o arguido nunca agrediu a ofendida.
4º
Aliás, o arguido é que tem vindo a ser agredido e insultado pela ofendida nos últimos tempos.
5º
Termos em que deve o arguido ser absolvido da prática do crime de mais tratos a cônjuge e que
vem acusado, bem como, do respectivo pedido de indemnização civil.
Testemunhas:
O Defensor,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº 98/2013
1º Juízo Criminal
1º
De acordo com o despacho a fls.15, ao arguido foi imposta a medida de obrigação de prestar caução
no montante de €15.500,00.
2º
Sucede que, em virtude da sua atual situação sócio-económica, não tem possibilidades para cumprir
tal obrigação.
3º
De facto, o arguido sofreu um grave acidente de viação, encontrando-se neste momento numa
situação de absoluta incapacidade para o trabalho (cfr. relatório médico junto como doc. nº1).
4º
5º
6º
A sua mulher aufere apenas a quantia de €485,00 (crf. recibo de vencimento junto como doc. nº2).
7º
8º
Nesta data, o arguido e o seu agregado familiar dependem única e exclusivamente do parco
rendimento da mulher daquele.
9º
Termos em que requer a V. Exa. se digne substituir a obrigação de prestar caução, pela obrigação de
apresentação periódica em autoridade policial.
O Defensor,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº 120/2013
1º Juízo Criminal
Gustavo Salavessa, arguido nos autos à margem referidos, vem, ao abrigo dos disposto
na al. b), do nº1, do 212º, do CPP, requerer a revogação da medida de coação de
obrigação de permanência na habitação que lhe foi aplicada, nos termos e com os
seguintes fundamentos:
1º
2º
3º
Com efeito, desde a data em que lhe foi aplicada a referida medida verificaram-se um conjunto de
factos que afastam aquele perigo.
Senão vejamos,
4º
Em abril, nasceu o terceiro filho do arguido, o qual tem sido por si acompanhado.
5º
Na verdade e uma vez que a mulher do arguido trabalha fora de casa, tem sido este a prestar toda a
assistência ao referido filho recém nascido.
6º
Por outro lado e apesar da medida aplicada, o arguido mantém toda a ligação com os seus amigos e
familiares, os quais visitam-no com muita frequência.
7º
Acresce ainda que o arguido, enquanto pintor, tem recebido bastantes solicitações de trabalho,
tendo, neste momento, encomendas para 4 quadros e 3 serigrafias.
8º
Escola Superior de Gestão-IPCB
Finalmente refira-se, ainda, que o arguido tem prestado toda a colaboração no âmbito do presente
processo.
9º
Pelo exposto, deve a medida de obrigação de permanência na habitação aplicada ao arguido ser
revogada ou substituída por outra medida de coação menos gravosa, uma vez que deixaram de se
verificar as circunstâncias que justificaram a sua aplicação.
A Defensora,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº 300/2013
2º Juízo Criminal
Cristiano Silva, arguido nos autos à margem mencionados, vem, ao abrigo dos disposto
na al. b), do nº1, do 212º, do CPP, requerer a revogação da medida de coação de prisão
preventiva que lhe foi aplicada, nos termos e com os seguintes fundamentos:
1º
Por despacho a fls25, ao arguido foi aplicada a medida de coação de prisão preventiva, com base na
existência de perigo de continuação da atividade criminosa (al. c), do art.204).
2º
3º
Acontece que, nesta data, existem elementos que permitem concluir que não existe perigo de
continuação de atividade criminosa.
Senão vejamos,
4º
O arguido tem sido, frequentemente, visitado no estabelecimento prisional onde se encontra, pelo
seu filho e pelos seus pais (cfr. registos de presenças que se juntam como docs. nºs1 e 2).
5º
Aliás o filho do arguido encontra-se psicologicamente afetado pela ausência do pai (cfr. relatório do
pedopsiquiatra que se junta como doc. nº3).
6º
Por outro lado, o arguido tem neste momento uma oferta de emprego da empresa João e filhos, Lda.,
para trabalhar como serralheiro, profissão que exerceu durante 20 anos (cfr. declaração da
empresa António e Construções, Lda., que se junta como doc. nº4).
7º
Escola Superior de Gestão-IPCB
Desde o momento em que deu entrada no estabelecimento prisional, o arguido tem assumido um
comportamento exemplar, revelando um enorme desejo de regressar à sua vida familiar e social.
8º
Pelo exposto, deve a medida de coação de prisão preventiva ser revogada ou ser substituída por
outra medida de coacção menos gravosa, uma vez que deixaram de se verificar as circunstâncias
que justificaram a sua aplicação.
9º
Para fundamentar a decisão de revogação ora pedida, o arguido requer seja solicitada a elaboração
de perícia sobre a sua personalidade e de relatório social, dando, desde já, o respetivo
consentimento para a sua realização.
I – Revogar a medida de coação de prisão preventiva ou odenar a sua substituição por outra de
menor gravidade;
II – A fim de fundamentar a decisão de revogação ora pedida, solicitar a elaboração de perícia sobre
a personalidade do arguido e de relatório social, dando, desde já, o respetivo consentimento para a
sua realização.
A Defensora,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Processo nº 560/2013
2º Juízo Criminal
João Nunes, arguido nos autos à margem identificados, vem, nos termos do art.47º/3,
do CP, requerer a V. Exa. o
1º
O arguido foi condenado na pena de 75 dias de multa à taxa diária de €4,00, o que perfaz o total de
€300,00.
2º
O arguido trabalha para a empresa Auchan, auferindo a quantia mensal de €750,00, a título de
retribuição base (cfr. doc. nº1).
3º
4º
5º
Pagam uma prestação mensal de €300,00, referente a um empréstimo para obras (cfr. doc. nº2).
6º
7º
8º
Escola Superior de Gestão-IPCB
Não restam dúvidas que o vencimento que aufere é manifestamente exíguo face às referidas
despesas.
9º
Assim, a sua situação económica e financeira justifica que lhe seja facultada a possibilidade de pagar
a multa em que foi condenado em 4 prestações mensais, no valor de €75,00 cada.
Termos em que e nos demais de direito requer a V. Exa. seja facultada ao arguido a possibilidade de
pagar a multa em que foi condenado em 4 prestações mensais, no valor de €75,00 cada.
O Defensor,
_____________________________________
Escola Superior de Gestão-IPCB
Casos Práticos
Escola Superior de Gestão-IPCB
Caso Prático 1
No dia 1 de outubro de 2013 pelas 21h, ao sair do Fórum de Castelo Branco, Vicentina Barros foi
abordada por uma senhora cuja idade estaria entre os 30 e os 40 anos e se fazia acompanhar por
uma criança de colo pedindo-lhe dinheiro para alimentar a menina. Vicentina que se encontrava de
braço ao peito, temendo alguma reação mais ofensiva começou em voz alta a gritar: “Afaste-se, saia
daqui, não tenho nada!”. A presumível assaltante de nome Bernadete apresentava sinais de
toxicodependência e repentinamente, sem que nada o fizesse prever tirou uma arma branca da
carteira e desferiu-lhe um golpe na perna. Tendo de seguida fugido numa mota que se encontrava à
sua espera. Porem mesmo ao pé do veículo de Vicentina ainda lhe deixou uma série de riscos no
carro quando se apercebeu que não ia lograr os seus intentos.
Quid iuris?
Escola Superior de Gestão-IPCB
Caso Prático 2
No dia 29 de agosto de 2013, Bernardo reparou que na sua conta bancária não tinha dado entrada
40.000€ referentes a uma indemnização decorrente de uma sentença judicial. Com efeito, tinha sido
notificado que esse mesmo valor foi depositado na conta do seu mandatário há já algum tempo.
Tendo desenvolvido várias diligências no sentido de o contactar, ligou-lhe de imediato e recebeu
como resposta o seguinte: “ Esqueça o dinheirinho, pois talvez nem chegue para pagar honorários,
afinal o que tinha pedido foi pouco e já que você recebeu este valor, é todo para mim. Passe bem!”.
Tendo Bernardo ficado de cabeça perdida, resolveu ir a casa pegar na arma (pois também era
caçador) e dirigiu-se ao escritório do seu mandatário. Ao deparar-se com ele disparou dois tiros
certeiros nas pernas, que o deixaram paraplégico.
Quid iuris?
Escola Superior de Gestão-IPCB
Caso Prático 3
Imagine-se que no fim-de-semana passado, numa discoteca em Castelo Branco deu-se a seguinte
ocorrência. Bernardo Bernardino fazia-se acompanhar de uns amigos no bar “Pipas”, com efeito
apresentava-se alterado e com evidentes sinais de consumo excessivo de álcool e estupefacientes.
Tendo chegado ao local, outro grupo onde estava Vasco Vicente, começou este a proferir contra
Bernardo: “Estás completamente drogado e bêbado. Às tantas ainda vieste a conduzir! Vou chamar
a polícia para te por em ordem”. Bernardo não reagiu, bem como nenhum dos outros elementos do
grupo. Mas quando saiu do bar teve que ser amparado, pois já não conseguia andar. Apenas trazia a
chave do carro na mão e preparava-se para conduzir. Entretanto, deparou-se com dois agentes as
PSP que quando viram que tratar-se do filho de um colega nada fizeram e deixaram-no ir. Vasco
Vicente, não se conformando com a não intervenção dos agentes da PSP resolveu atuar em
conformidade.
Quid iuris?
Escola Superior de Gestão-IPCB
Caso Prático 4
Imagine que Pedro Roberto foi condenado a uma pena de prisão de 21 anos por homicídio da
namorada. O acórdão transitou em julgado e Pedro pretende recorrer.
Caso Prático 5
Imagine que Inês Garcia pretendia em fase de instrução aditar ao rol 5 novas testemunhas. O juiz
indeferiu por ser véspera da audiência de discussão e julgamento. Poderia Inês interpor algum
recurso?
Quid iuris?
Escola Superior de Gestão-IPCB
Caso Prático 6
Vasco Vicente, solicitador, foi acusado por um cliente de se ter apropriado de bens que lhe
pertenciam (jóias, peças de arte valiosas e uma grande quantidade de ouro), na medida em que esse
cliente lhe terá ficado a dever cerca de 8.000€ a título de honorários. Indignado apresentou queixa
por furto na PSP e enviou em simultâneo, denúncia da ocorrência à Câmara dos Solicitadores. Um
agente da PSP, seu grande amigo, decidiu dirigir-se ao escritório do solicitador durante a
madrugada a fim de proceder à respetiva busca do material alegadamente furtado. Quando o
solicitador chegou ao local, pelas 9h, os dois encontravam-se à sua espera e o agente da PSP despiu-
o publicamente de forma a tentar encontrar algo mais.
Quid iuris?