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Escola Superior de Gestão-IPCB

Sebenta de Processo Penal


Prof.ª Ana Sofia Silva

Ano Letivo 2013/2014

Curso de Solicitadoria
Escola Superior de Gestão-IPCB

1 Princípios
1.1 Princípio da oficialidade
Segundo este princípio, o impulso da tramitação processual penal compete ao MP. Contudo, existem
distinções entre o exercício da ação penal nos crimes públicos, semi-públicos e particulares (art.48º
do CPP).

Nos crimes públicos e semi-públicos a intervenção do MP também é distinta na medida em que nos
crimes semi-públicos, o MP só pode iniciar o inquérito após apresentação de queixa dos respetivos
titulares. Após a apresentação da queixa tudo decorre como se o crime fosse público.

Nos crimes particulares, para além da apresentação da queixa por parte do respetivo titular, a
intervenção do MP encontra-se dependente da acusação particular deduzida pelo assistente.
Quanto aos crimes públicos, cabe sempre ao MP promover a ação penal.

(arts.49º ao 53º do CPP)

1.2 Princípio da legalidade


O MP deve orientar-se pelo princípio da legalidade, na medida em que lhe compete representar o
Estado e neste sentido tem o dever de promover o processo sempre que adquira a notícia de um
crime, bem como deduzir acusação após a atividade investigatória. Cabe ainda referir que o MP não
é obrigado a submeter o arguido a julgamento, na realidade pode decidir-se pelo arquivamento ou
pela suspensão provisória do processo (arts.280º e 281º do CPP).

1.3 Princípio da acusação


É um dos princípios fundamentais do processo penal e está consagrado no art.32º/5 da CRP.
Traduz-se no princípio do acusatório, segundo o qual não compete ao Tribunal por sua iniciativa
dar início a uma investigação criminal, pelo que as entidades que acusam e que julgam terão que ser
distintas. Por força deste princípio, cada uma das fases processuais, terá de ser presidido por
entidades distintas, existindo uma separação de poderes entre os diferentes órgãos (arts.283º e
285º do CPP).

1.4 Princípio do inquisitório


O processo penal português é essencialmente de estrutura acusatória, o que não nos quer dizer que
não existem elementos do princípio inquisitório, e assim podemos afirmar que, hoje a publicidade
que se faz face a alguns processos, prejudica o decorrer normal de toda a tramitação. Isto é, por
vezes o inquisitório “vem moldar” a ação penal.

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1.5 Princípio do contraditório


De acordo com o art.32º/5 da CRP toda a audiência de julgamento, está subordinada ao
contraditório.

O juiz terá de atender da mesma forma à defesa e à acusação. Também o art.327º/2 do CPP prevê
que os meios de prova apresentados no decurso da audiência são submetidos ao contraditório,
ainda que tenham sido apresentados oficiosamente pelo Tribunal.

1.6 Princípio da investigação da verdade material


Traduz-se no poder/dever do Tribunal, de proceder oficiosamente ou a requerimento das partes, a
todos os meios de prova cujo conhecimento se averigúe necessário à descoberta da verdade,
arts.323º e 340º/1 do CPP.

1.7 Princípio da igualdade


Segundo o qual a ação penal deve estar estruturada de modo a garantir que a acusação e a defesa,
disponham de iguais direitos e deveres. O arguido tem possibilidade de usar todos os meios
necessários à constituição da sua defesa.

1.8 Princípio da concentração


O processo penal tem uma tramitação unitária, art.32º/2 da CRP. Determina ainda que o indivíduo
deve ser julgado no mais curto prazo possível, de acordo com os meios de defesa. Este princípio
está ligado com o princípio da celeridade processual.

1.9 Princípio da livre apreciação de prova


Cabe ao juiz, que é a entidade julgadora, julgar de acordo com a experiência e com a sua convicção,
face aos meios de prova apresentados, art.127º do CPP. Quanto à prova há três tipos:

 testemunhal;
 pericial;
 documental.

1.10 Princípio “in dúbio pro reo”


Todo o arguido se presume inocente até ao transito em julgado de sentença em condenação. Este
princípio decorre da presunção constitucional da inocência, art.32º da CRP.

Em suma, em caso de dúvida o tribunal deve decidir pela inocência do arguido.

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1.11 Princípio da publicidade


Todo o processo criminal deve ser público e tem como finalidade evitar a desconfiança da
comunidade quando o funcionamento dos Tribunais e da realização de justiça. Esse princípio
manifesta-se nos arts.86º e 321º do CPP.

1.12 Princípio da oralidade


Toda a atividade processual deve ser exercida oralmente na presença de agentes processuais. Por
outro lado, a proibição da valoração da prova não produzida em audiência (art.355º do CPP),
traduz-se numa das principais demonstrações da oralidade.

1.13 Princípio da imediação


Relaciona-se com o princípio da oralidade e incide no contacto pessoal entre os julgadores e os
diversos meios de prova (art.355º/1 do CPP).

1.14 Princípio da recorribilidade


Traduz-se na possibilidade de recorrer das decisões judiciais (art.399º do CPP).

2 Natureza do crime
Para se determinar a natureza do crime, deveremos atender aos termos utilizados. Isto é, por vezes
a “queixa” refere-se a um crime semi-público, a “acusação particular” faz referência a um crime
particular e sempre que a lei não utilize estas expressões, na generalidade consideram-se os crimes
como públicos, assim o procedimento criminal depende de queixa nos termos do art.153º/2 do CP.

Por outro lado, o procedimento criminal depende em algumas situações exclusivamente da


acusação particular nos termos do art.188º/1 do CP.

O procedimento criminal poderá também depender de participação, art.49º/4 do CPP.

2.1 Crimes públicos


Neste tipo de crimes, o MP toma conhecimento da notícia do crime e promove oficiosamente o
processo penal dando início à fase de inquérito (art.48º do CPP). Após proceder às diligências do
inquérito, o MP decide com plena autonomia se o indivíduo deverá ou não ser submetido a
julgamento, a falta de promoção do processo pelo MP constitui nos termos do art.48º do CPP uma
nulidade insanável que deve ser oficiosamente declarada em qualquer fase do procedimento
(art.119º, alínea b do CPP).

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Não sendo obrigatório, o assistente pode vir a ser constituído, sendo que assume uma posição de
colaborador do MP. Ressalve-se que, tendo sido deduzida acusação pelo MP por crime público, o
assistente poderá também deduzir acusação pelos factos acusados pelo MP, por parte deles ou por
outros que não importem alteração substancial (art.284º/1 do CPP).

2.2 Crimes semi-públicos


Neste tipo de crimes, a promoção do processo penal está sempre dependente de apresentação de
queixa por parte do ofendido ou de outras pessoas a quem a lei confere esse direito (arts.49º do
CPP e 113º do CP).

Os crimes semi-públicos são a primeira restrição ao caráter oficioso e obrigatório da promoção da


queixa. Após apresentação de queixa o MP inicia a fase de inquérito e toda a tramitação se
desenvolve como se o processo fosse público. Também no âmbito destes crimes o ofendido pode
constituir-se assistente, embora não seja obrigatória, (art.68º do CPP).

Se o MP deduzir acusação por um crime semi-público, o assistente poderá também deduzir


acusação pelos mesmos factos acusados pelo MP, por parte deles ou por parte de outros que não
impliquem alteração substancial dos factos. A acusação pelo assistente é facultativa e quando é
deduzida é sempre subordinada à acusação do MP.

2.3 Crimes Particulares


São aqueles cujo procedimento exige obrigatoriamente apresentação de queixa pelo ofendido ou
pelas pessoas a quem a lei confere esse direito. (art.50º do CPP e arts.113º e 117º do CP)

 Manifestação da intensão de constituição de assistente;


 A própria constituição de assistente (arts.50º/1, 68º/2 e 246º/4 do CPP);
 Dedução da acusação particular (arts.50º/1 e 285º/1 do CPP).

Aqui estamos na presença da restrição consagrada no art.48º do CPP, que estipula a oficialidade e
obrigatoriedade de promoção do processo penal pelo MP.

Nos crimes particulares é o ofendido que se constitui assistente a sustenta a acusação em


julgamento. Após a fase de inquérito, que decorre da apresentação de queixa, o MP notifica o
assistente para que este deduza acusação particular (arts.262º e 285/1 do CPP). Depois do
assistente apresentar a acusação particular, o MP poderá acusar pelos mesmos, por parte deles ou
por parte de outros que não importem uma alteração substancial a que é acusado pelo MP que se
encontra subordinada à acusação do assistente. Se por sua vez o assistente se abstiver de acusar, o
MP arquiva o processo por falta de legitimidade para prosseguir com a ação penal.

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2.4 Tipos de crimes (exemplos)


Art.131º Homicídio
Art.135º Incitamento ou ajuda ao suicídio
Art.136º Infanticídio
Art.151º Participação em Rixa
Crimes públicos
Art.158º Sequestro
Art.210º Roubo
Art.223º Extorsão
Art.247º Bigamia
Art.143º Ofensa à integridade física simples
Art.153º Ameaça
Art.190º Violação de domicílio ou perturbação da vida privada
Art.191º Introdução em lugar vedado ao público
Crimes semi-públicos Art.194º Violação de correspondência ou de telecomunicações
Art.199º Gravações e fotografias ilícitas
Art.203º Furto
Art.212º Dano
Art.217º Burla

Art.180º Difamação
Art.181º Injúria
Art.185º Ofensa à memória de pessoa falecida
Crimes particulares
Art.212º/4 Dano
Art.216º/3 Alteração de marcos
Art.224º/4 Infidelidade

3 Queixa/Denúncia
3.1 Notícia do crime
A notícia do crime é condição indispensável para abertura do inquérito e consequentemente para o
início da atividade de investigação criminal pelo MP, com exceção para os crimes semi-públicos e
particulares, art.262º/2 do CPP.

Depois do MP tomar conhecimento da prática do crime deverá fazer uma prévia apreciação dos
factos, de forma a avaliar as regras da legitimidade, após que nos crimes públicos deverá logo
iniciar um inquérito. Se se tratar de um crime semi-público ou particular, devem atender-se aos
requisitos do art.49º e ss., pelo que faltando o preenchimento de alguns destes requisitos, o MP não
poderá promover a ação penal pela prática das infrações em causa. No que se refere à notícia do
crime, importa atender ao art.241º do CPP, sendo que o MP adquire essa informação:

 pelos órgãos de polícia criminal;


 por conhecimentos próprio, e;
 mediante denúncia.

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(arts.241º ao 246º do CPP)

3.2 A queixa
A queixa consiste na expressão de vontade do titular do respetivo direito, manifestado por
requerimento na forma e prazo previsto na lei, para que se proceda criminalmente contra alguém
pela prática de crime. A queixa tem carácter facultativo e é passível de desistência. O exercício do
direito de queixa insere-se numa das manifestações processuais do direito constitucional de acesso
aos direitos e aos Tribunais, art.20º da CRP.

Nos crimes semi-públicos e particulares, a apresentação de queixa é condição essencial para que o
MP possa iniciar o procedimento criminal, arts.48º, 49º e 50º do CPP. No caso de flagrante delito,
por crime semi-público a detenção só se mantém quando de seguida o titular do direito respetivo
exercer o direito de queixa, art.255º/1 e 3, 1ª parte do CPP.

Quando o ofendido não possua discernimento para entender o alcance do exercício do direito de
queixa, ou se por outro lado morreu sem ter renunciado à queixa, poderá ocorrer a mediação do
queixoso em lugar do ofendido. Nesta situação o MP remete o processo para mediação em qualquer
momento do inquérito, se se comprovar terem existindo indícios da prática do crime, de quem o
arguido foi o seu agente, devendo o MP designar um mediador e remeter-lhe as informações que
considera adequadas referentes ao arguido e ao ofendido bem como uma descrição sumária do
objeto do processo. Ressalve-se que a remessa do processo para uma mediação poderá ser feita a
requerimento do ofendido, do arguido ou por iniciativa do MP. Conforme resulta dos arts.113º e
117º do CP, tem legitimidade para apresentar a queixa, nos crimes semi-públicos e particulares:

a) O ofendido, considerando-se como tal, o titular dos interesses que a lei quis proteger (não
confundir o ofendido com o lesado, na medida em que este último apenas abrange as
pessoas civilmente afetadas pela infração penal, art.130º do CP).
b) Se o ofendido morrer sem ter apresentado queixa ou ter renunciado a ela, o respetivo
direito de queixa pertence a outras pessoas (o cônjuge sobrevivo não separado
judicialmente, ascendentes e descendentes; se o ofendido por menor de 16 anos poderá o
seu representante lega exercer esse direito, nos termos do art.133/4 do CP), sendo que só
assim não será se alguma delas tiver comparticipado no crime (ver o art.72º do CP no que
concerne à indemnização civil). O MP pode dar início ao procedimento no prazo de 6 meses
a contar da data em que tiver conhecimento do facto e dos seus autores, e sempre que o
interesse do ofendido assim o justifique, art.113º/5 do CP. Nos casos de menoridade
poderá o queixoso, após perfazer 16 anos, dar início ao procedimento criminal se esse
direito de queixa não foi na altura exercido.

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MP (art.49º/1 do CPP).
Lugar onde se pode
Órgãos judiciais competentes
apresentar queixa
(art.53º/2 do CPP).

Quanto à extinção do direito de queixa, o prazo da extinção e da prescrição são autónomos e não
devem ser confundidos. Assim, quanto à prescrição, tem-se o art.118º e ss. do CP. O prazo de
extinção do direito de queixa é em sim um prazo de caducidade, em nenhuma circunstância se
suspende ou interrompe. O regime da extinção do direito de queixa também se aplica nos termos do
art.117º do CP. Quanto ao prazo de extinção o art.115º/1 e 2 do CP, refere que é de 6 meses. Quanto
à renúncia ao abrigo do art.116º/1 do CP, o direito de queixa não pode ser exercido se o titular do
direito de queixa a ele tiver renunciado, exemplo art.72º/2 do CPP.

A renúncia pressupõe por outro lado, que o crime já tenha sido praticado e que o direito da queixa
ainda não tenha sido exercido. Quanto à desistência o queixoso pode desistir da queixa desde que
não haja oposição do arguido, art.116º/2 do CP.

Importa referir que a homologação de assistência da queixa por parte do MP é que releva, art.49º e
ss. Logo que se tenha conhecimento da desistência de queixa, a autoridade judiciária notifica o
arguido para em 5 dias se pronunciar relativamente à oposição. O seu silêncio equivale à não
oposição. Se o arguido se opuser à desistência, o processo prossegue como se o crime fosse público.
O principal efeito da desistência da queixa é que essa desistência aproveita aos demais, salvo
oposição deles, art.116º/3 do CP.

3.3 Concurso de infrações


Sempre que ocorra uma situação em que se verifique um concurso de infrações, o MP tem
legitimidade para promover o processo quanto a alguma, ou algumas delas, devendo ter-se em
consideração:

 O MP deve promover imediatamente o processo naqueles crimes que tiver legitimidade, se


o procedimento criminal pelo crime mais grave não depender de queixa ou acusação
particular ou se os crimes forem de igual gravidade, art.52º do CPP.

 Se o crime pelo qual o MP pode promover o processo for de menor gravidade, as pessoas a
quem a lei confere o direito de queixa ou acusação particular, são notificadas para
declararem se querem ou não usar desse direito. Se não pretenderem apresentar queixa ou
nada disserem, o MP promove o processo apenas pelos crimes dos quais tem legitimidade
para o fazer, art.52 do CPP.

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3.4 Denúncia
A denúncia corresponde a uma comunicação prática de um crime ao MP, na forma estabelecida por
lei para efeitos de prosseguimento criminal. Após receber a denúncia, o MP deve apreciar o
requerimento e dar-lhe seguimento. Esta pode ser feita por escrito ou oralmente, art.264º do CPP,
(caso a denúncia não tenha sido assinada, é apenas uma irregularidade, art.123º do CPP)

Irregularidade ≠ Nulidade

É suprida. Não tem qualquer efeito.

3.5 Declaração de constituição de assistente


Sempre que o crime seja público ou semi-público o declarante pode anunciar na denúncia que
deseja declarar-se assistente. No entanto, tratando-se de um crime particular essa declaração é
obrigatória, devendo neste caso, o órgão da polícia criminal alertar o denunciante para os
procedimentos.

O requerimento para a constituição de assistente, tratando-se de um crime particular deve ser


apresentado no prazo de 10 dias a contar da data da denúncia, sob pena de o MP arquivar o
inquérito e precludir o direito de queixa, art.116º do CP e art.68º do CPP.

3.6 Participação
É a manifestação de vontade, normalmente por parte de uma autoridade, de que seja instaurado o
procedimento criminal, distinguindo-se a queixa, principalmente pela qualidade da entidade que
impulsiona o procedimento. Compete também ao MP receber as participações e apreciar o
seguimento a dar-lhes, isto nos termos do art.53º/2, alínea a do CPP.

Nota: Sempre que o procedimento depender da participação de qualquer autoridade, é necessário


dar conhecimento do facto ao MP para que este promova o processo, art.49º/1 do CPP. A
participação é à semelhança da queixa e da denúncia uma condição de procedência, uma vez que
sem ela, o MP carece de legitimidade para promover o processo. A participação pode ser
apresentada pelo titular do respetivo direito, por mandatário judicial ou por mandatário munido de
poderes especiais.

4 Assistente
Está previsto no art.68º do CPP.

É o sujeito processual que intervém no processo penal como colaborador do MP, cuja atividade
subordina a sua intervenção com vista à investigação dos factos jurídicos com relevo no âmbito

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criminal, tendo por fim a condenação dos seus autores. A constituição de assistente é obrigatória
nos crimes particulares e facultativa nos crimes públicos e semi-públicos.

4.1 Distinção entre assistente e outras figuras afins


As figuras de assistente, ofendido, lesado e queixoso são distintas.

O ofendido é titular do interesse que a lei especialmente quis proteger com a incriminação,
distinguindo-se do assistente porque não é sujeito processual, sendo um mero participante
processual.

O lesado aquele que sofreu os danos ocasionados pelo crime, pode coincidir e coincide com o
ofendido e por isso, pode também constituir-se assistente. Na sua condição de lesado apenas pode
intervir no processo como parte civil, formulando o pedido de indemnização cível.

O queixoso assume especial relevância no âmbito dos crimes semi-públicos e particulares, sendo
um figura determinante para o desencadear do procedimento criminal. Com efeito, nos crimes
desta natureza o processo criminal só se inicia com a apresentação de queixa pelos titulares desse
direito, caso contrário, o MP carece de legitimidade para abrir o inquérito. (art.48º e ss. e
art.262º/2 do CPP).

4.1.1 Legitimidade para a constituição de assistente


Podem constituir-se assistentes no processo penal:

1. As pessoas e entidades a quem as leis especiais conferirem esse direito, art.68º/1 do CPP;
2. Os ofendidos, que são os titulares dos interesses protegidos;
3. As pessoas de cuja queixa ou acusação particular dependa o procedimento;
4. Alíneas seguintes do nº1 do art.68º do CPP.

4.1.2 Representação jurídica


Nos termos no disposto no art.70º/1 do CPP, os assistentes são sempre representados por
advogado e havendo vários assistentes também são representados por um só advogado. Com o
requerimento que se formula o pedido de admissão como assistente, deve juntar-se procuração
forense, sob pena do requerimento ser indeferido por falta do pressuposto de representação
judiciária do requerente. Os requerimentos são sempre assinados pelos titulares e os assistentes
podem sempre ser acompanhados por advogado nas diligências em que intervierem, art.70º/3 do
CPP.

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4.1.2.1 Intervenções processuais do advogado


Artigos do CPP (ler):

- 89º;

- 113º/9;

- 116º/3;

- 165º/3;

- 271º/3;

- 294º.

4.1.3 Prazo
A constituição de assistente é obrigatória, devendo o respetivo requerimento ter lugar no prazo de
10 dias a contar do momento em que o denunciante declara que deseja constituir-se assistente,
arts.68º/2 e 246º/4 do CPP.

4.1.3.1 Crimes públicos e semi-públicos


Aqui a constituição de assistente é facultativa, podendo a sua intervenção dar-se em qualquer
altura do processo desde que se requeira ao juiz (art.68º/3 do CPP):

a) Até 5 dias antes do início do debate instrutório ou da audiência de julgamento;


b) Nas situações previstas nos arts.284º e 287º do CPP. Isto é, se o ofendido pretender
deduzir acusação por crime público ou semi-público terá de obrigatoriamente constituir-se
assistente e poderá fazê-lo até 10 dias após a notificação de acusação do MP deduzindo em
simultâneo a respetiva acusação. Contudo, o ofendido poderá apenas requerer a sua
constituição como assistente e ainda assim não deduzir acusação. Se o ofendido requerer a
abertura de instauração terá de se constituir assistente se não o fez até esse momento, para
este efeito dispõe do prazo de 20 dias a contar da acusação ou do arquivamento do
inquérito. Não se constituindo assistente no prazo devido, o ofendido é apenas um mero
participante processual, se tiver deduzido o pedido de indemnização cível é parte cível.

4.1.4 Decisão
A decisão sobre a constituição de assistente é sempre da competência de um juiz e nunca o MP. O
juiz depois de dar ao MP e ao arguido a possibilidade de se pronunciarem sobre o requerimento,
decide por despacho que é logo notificado aqueles (art.68º/4 do CPP). Na decisão o juiz deverá
verificar a legitimidade do requerente, o prazo do requerimento, o requerente ser representado por
advogado e ter pago a taxa de justiça.

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4.2 Posição Processual


Os assistentes têm a posição de colaboradores do MP, cuja actividade subordinam a sua intervenção
no processo, art.69º/1, ou seja, existem situações em que o assistente pode intervir no processo
penal com autonomia, contudo em caso algum poderá desempenhar as funções/poderes do MP,
nomeadamente os poderes de investigação na fase de inquérito para fundamentar a acusação.
Existem contudo algumas exceções na lei:

 Os crimes particulares, em que a atividade do MP está condicionada à apresentação de


queixa, à constituição de assistente e à redução de acusação particular;
 Os crimes semi-públicos e que a atividade do MP está dependente de apresentação da
queixa pelos titulares do direito respetivo;
 Os crimes públicos e semi-públicos em que o assistente pode deduzir acusação
independentemente do MP, arts. 69º/2, alínea b e 24º/1 do CPP;
 Ainda nos crimes públicos e semi-públicos o assistente pode requerer a abertura da
instrução relativamente a factos pelos quais o MP não tenha deduzido acusação;
 Existe ainda a possibilidade do assistente requerer a intervenção do Tribunal de júri,
art.13º do CPP;
 É também possível ao assistente invocar a incompetência do Tribunal nos termos do
art.32º/1 do CPP.

5 Partes Civis
As partes civis encontram-se reguladas nos arts.71º a 84 do CPP.

A prática de um ilícito criminal pode consistir num facto constitutivo de responsabilidade civil, caso
viole interesses suscetíveis de reparação patrimonial nos termos da lei civil.

O pedido de indemnização civil, deduzido no processo penal, é uma verdadeira ação cível
transferida para o processo penal. Assim, as partes na ação cível são todas aquelas que deduziram
ou contra quem foi deduzido o pedido de indemnização cível, sendo-lhes aplicados os princípios do
processo civil.

5.1 Pedido no próprio processo – Princípio de adesão, art.71º


do CPP
A regra geral é que o pedido de adesão que advém da prática do ilícito criminal, é sempre pedido
nesse mesmo processo crime. Só assim não o sendo, nos casos especialmente previstos na lei, este
é o princípio da adesão obrigatória da ação cível à ação penal e nestes casos exceptuam-se as
situações em que a lei permite que o pedido seja feito em separado.

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Não se formulando pedido de indemnização cível no próprio processo penal, quando a lei a isso
obriga fica-se impossibilitado de no futuro o poder fazer.

5.2 Pedido em separado, art.72º do CPP


Poder-se-á optar entre pedir a indemnização no próprio processo ou em separado, não obstante as
limitações do art.72º/1 do CPP.

No que se refere ao lesado, quem tiver sido informado de que pode deduzir pedido de
indemnização cível, nos termos do art.75º/1 do CPP, ou que de alguma forma se considere lesado,
pode manifestar no processo até ao encerramento do inquérito o propósito de o fazer (ver art.77º
do CPP).

6 Inquérito
Fase processual destinada à investigação da existência de um crime, bem como ao apuramento dos
seus agentes, respetivas responsabilidades, à descoberta e recolha de provas e terminará com uma
decisão sobre a acusação, art.262º/1 do CPP.

Podemos ainda referir como finalidades acessórias o apuramento dos danos causados pelos crimes,
bem como a identificação dos responsáveis pela indemnização. Cabe ainda a fundamentação da
aplicação de medidas de coação e garantia patrimonial, nos termos do art.196º e ss. do CPP.

(arts.196º ao 203º do CPP)

A notícia do crime é o momento em que desencadeia o inquérito, arts. 48º, 241º e 262/2 do CPP.

Ressalvem-se as seguintes exceções:

 Os crimes semi-públicos, que dependem de participação ou acusação particular, art.49º e


50º do CPP, em que a promoção do processo penal por parte do MP está dependente do
exercício do direito de queixa por parte dos respetivos titulares, art.113º e 117º do CP.
Caso não seja apresentada queixa ou participação, o MP carece de legitimidade para abrir o
inquérito;
 Se a notícia for de crime público, o MP terá que obrigatoriamente abrir inquérito, havendo
concurso de crimes, prevalece o art.52º do CPP;
 Se perante a notícia do crime o MP obtiver a certeza que o crime não pode ser punível,
também não poderá desencadear processo, art.53º/2, alínea a do CPP.

No âmbito do inquérito destacam-se os princípios da oficialidade, legalidade, acusação, inquisitório,


contraditório, publicidade (excetuando-se as situações de segredo de justiça).

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6.1 Competência do inquérito


A direção do inquérito cabe ao MP, assistido pelos órgãos de polícia criminal que atuam sobre a sua
direção e na sua dependência funcional. Para além de dirigir o inquérito, o MP possui as funções
previstas nos art.50º/2 e 53º do CPP.

NOTA (órgãos de policia criminal):

São todas as entidades e agentes policiais a quem caiba diligenciar todos os atos ordenados por
uma autoridade judiciária ou determinados pelo MP.

Os órgãos de polícia criminal são sempre competentes para procederem em investigações e devem
praticar os atos cautelados e necessários com vista assegurar os meios de prova, art.249º/1 do CPP.

(arts.264º e 266º do CPP - competências do MP para a realização do inquérito)

6.1.1 Nulidade
Constitui nulidade insanável, que deve ser oficiosamente declarada em qualquer fase do processo, a
falta de promoção do processo pelo MP, nos termos do art.48º do CPP, bem como a falta de
inquérito nos casos em que a lei determine a sua obrigatoriedade (art.119º, alínea b do CPP).
Cumpre referir que a falta ou a insuficiência de alguns actos de inquérito constitui uma nulidade
dependente de arguição, art.120º/2 alínea d do CPP.

6.2 Atos de inquérito


 Atos praticados pelo MP

Ele pratica todos os atos com vista à descoberta dos agentes em ordem a proferir os seus
fins, arts.262º/1, 267º, 268º e 271º do CPP.

 Atos delegados nos órgãos de polícia criminal

Nos termos do art.270º/ 1 e 2 do CPP, o MP pode conferir aos órgãos de polícia criminal o
encargo de procederem a quaisquer diligências e investigações relativas ao inquérito.
Porém, para além dos atos que são de exclusiva responsabilidade do juiz de instrução,
existem outros atos que não podem ser delegados e que são:

- O reconhecimento de depoimentos ajuramentados, art.138º/3 do CPP;

- A ordem de efetivação de perícia, art.154º do CPP;

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- A assistência a um exame suscetível de ofender o pudor das pessoas, art.172º/3


do CPP;

- A ordem ou a autorização de revistas e buscas, art.174º/3 e 5 do CPP.

7 Instrução
Podemos definir a instrução como a fase processual que ocorre entre o inquérito e o julgamento,
tendo o seu regime regulado no art.286º e ss., do CPP. Assim, a instrução visa a comprovação
judicial de deduzir a acusação ou arquivar o inquérito, com vista a submeter ou não, o arguido a
julgamento. Consoante o resultado da atividade investigatória, o MP encerra a fase de inquérito,
arquivando o processo nos termos do art.277º, do CPP, ou em alternativa, deduz acusação nos
termos do art.283º, do CPP, ou profere um dos despachos previstos no art.280º, do CPP.

Tratando-se de crime particular, ou o arguido e o assistente se conformam com a decisão de


arquivamento do processo ou de acusação, ou não se conformam e requerem a abertura de
instrução (isto para os crimes particulares), nos termos do art.285º, do CPP.

Assim, a fase de instrução termina com um despacho de pronúncia ou não pronúncia, ela é formada
por um conjunto de atos de instrução que o juiz entenda diligenciar e por um debate instrutório, no
qual podem participar o MP, o arguido, o defensor, o assistente e os seus representantes.

Em regra as partes civis estão excluídas da participar no debate instrutório, dado que a instrução se
destina à comprovação judicial de arquivar ou acusar, nada tendo a ver com a responsabilidade
quanto ao pedido de indemnização cível. Ao contrário do inquérito, que é dirigido pelo MP, a
instrução é dirigida pelo juiz, art.288º/1, do CPP. O juiz de instrução pode no entanto ser assistido
pelos órgãos de polícia criminal, a quem pode conferir o encargo de procederem a quaisquer
diligências e investigações relativas à instrução.

As regras de competência relativas ao Tribunal são aplicáveis ao juiz de instrução, art.288º/2, do


CPP. Nenhum juiz pode intervir em julgado, recurso ou pedido de revisão de processos em que tiver
presidido a debate instrutório.

Quanto à abertura de instrução, esta pode ser requerida no prazo de 20 dias a contar da notificação
da acusação. Contudo, quando a notificação, isto é, o procedimento se revelar de excecional
complexidade, nomeadamente pelo número de ofendidos e arguidos, o juiz pode ordenar o prazo de
30 dias.

Quanto à finalidade, pretende-se que com a abertura de instrução que o arguido demostre a sua
discordância relativamente à acusação e nesse sentido o arguido pretende que o juiz ao proferir
despacho, não venha acusado ou pronunciado de forma a ser submetido a julgamento.

Quanto ao encerramento da instrução, o juiz deverá encerrar a instrução nos prazos máximos de 2
meses, se houver arguidos presos ou sobre a obrigação de permanência na habitação, ou de 4 meses

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em alternativa se não houver arguidos presos. Contando-se o prazo a partir do requerimento para a
abertura de instrução.

A prisão preventiva extingue-se quando desde o seu início tiverem decorridos 8 meses, sem que
tendo havido lugar em instrução tenha sido proferida decisão instrutória, art.215º, al. b), do CPP.

Encerrado o debate instrutório, o juiz profere despacho de pronúncia ou não pronúncia, que é logo
ditado para a ata.

7.1 Despacho de pronúncia e não pronúncia


Se até ao encerramento da instrução tiverem sido recolhidos indícios suficientes de se terem
verificado os pressupostos de que depende a aplicação ao arguido de uma pena ou medida de
segurança, o juiz por despacho, pronúncia o arguido pelos respetivos factos, caso contrário profere
despacho de não pronúncia.

Em qualquer das situações, o juiz começa por atender às nulidades e outras questões prévias ou
incidentes que sejam do seu conhecimento. O objeto de despacho de pronúncia deverá ser
substancialmente o mesmo da acusação formal, ou implícito no requerimento de instrução,
considerando que o juiz está libertado pelos factos que constam da acusação (princípio da
vinculação temática).

Quando for proferido despacho de pronúncia o juiz deve proceder ao reexame dos pressupostos de
prisão preventiva, bem como da obrigação de permanência na habitação, art.213º/1, al. b), do CPP.
Sem prejuízo desse poder fundamental, às razões de facto e de direito que resulta, da acusação ou
no requerimento de abertura de instrução é correspondentemente aplicável o disposto na acusação
pública, art.308º e 283º/2 e 3, do CPP.

8 Julgamento
A matéria do julgamento encontra-se regulada dos arts.311 a 380, do CPP. Concluído o inquérito, os
autos ficam à guarda do MP ou são remetidos ao Tribunal competente para instrução e julgamento.
O julgamento sendo a fase nuclear do processo penal, tem lugar logo após a dedução de acusação
pelo MP (nos crimes públicos e semi-públicos) ou ainda após o despacho de pronúncia se esta tiver
sido requerida.

O julgamento contém três momentos:

1. A instrução, na qual se produz a prova destinada a comprovar os factos alegados;


2. A discussão, que consiste essencialmente na apreciação crítica da proa sobre a matéria de
facto que seja relevante para a decisão da causa;
3. O julgamento propriamente dito, que visa a decisão do mérito final sobre o processo.

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Na fase de julgamento vigoram vários princípios de que se destacam, o princípio do juiz natural, da
investigação ou verdade material, da oralidade, do contraditório, da livre apreciação da prova e in
dúbio pro reo.

8.1 Atos preliminares à audiência


Relativamente ao saneamento do processo, independentemente de ter havido instrução, tendo
sidos recebidos os autos no Tribunal, o presidente pronuncia-se sobre nulidades e outras questões
prévias ou incidentais, que por si obstem a apreciação de mérito da causa de que possa desde logo
conhecer, art.311º, do CPP.

Aqui deverá apreciar-se por um lado:

a) A competência do Tribunal, sendo que se este não for competente o processo não deverá
avançar, art.10º, do CPP;
b) Legitimidade daquele que deduziu acusação (MP ou assistente).

Caso não tenha havido instrução e se o processo foi remetido para julgamento, o presidente pode
despachar no sentido de rejeitar a acusação, caso a considere manifestamente infundada,
art.311º/2, al. a), do CPP. Por outro lado, o presidente também não deverá aceitar a acusação do
assistente ou do MP, na parte em que ela represente uma alteração substancial dos factos,
arts.284º/1 e 285º/4, do CPP.

(Ver art.399º, do CPP)

Do despacho que determina a realização da audiência após as questões resolvidas na fase de


saneamento do processo, deverá constar em termos precisos, o dia, a hora, e local para a realização
da audiência.

Sempre que o arguido se encontrar em prisão preventiva, a data da audiência, dever ser fixada com
precedência sobre qualquer outro julgamento, art.312º/3, do CPP.

Este despacho tem que conter alguns elementos sob pena de nulidade, art.313º/1, do CPP. Cumpre
ainda referir que este despacho terá de ser notificado com antecedência mínima de 30 dias, ao MP,
ao arguido, ao seu defensor, etc., ao abrigo do art.314º/1, do CPP.

8.1.1 Referência às notificações por editais


Se após terem sido realizadas as diligências necessárias à notificação do despacho que designar o
dia para a audiência e ainda assim não seja possível entrar/notificar o arguido, este é notificado por
editais para se apresentar em juízo num prazo até 30 dias, sob pena de ser declarado contumaz. Os

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editais contêm indicações que visam a identificação do arguido, do crime que lhe é imputado, das
disposições legais que o punem e a comunicação de que se não se apresentar no prazo legal é
declarado contumaz. A notificação edital é feita mediante a fixação de um edital na porta da última
residência do arguido e sempre que tal se mostre conveniente poderá ser ordenada a notificação
edital através da publicação de anúncios em dois números seguidos de um dos jornais com maior
circulação.

8.1.2 Declaração de contumácia


A declaração de contumácia pressupõe que o arguido nunca tenha tido qualquer intervenção no
processo e que o seu paradeiro seja desconhecido, a declaração de contumácia implica a suspensão
imediata dos posteriores termos do processo até à apresentação do arguido seguida de detenção,
arts.320 e 335º/3, do CPP. O despacho que declarar a contumácia, é obrigatoriamente registado,
art.337º/5, do CPP.

8.2 Deveres gerais na audiência


Os deveres de conduta e todos os intervenientes processuais encontram-se previstos nos arts.85º,
87º, 323º, al. e) e 324º, do CPP. Tratando-se de arguido, vale o disposto no art.325º, do CPP. Quanto
a advogados e defensores, vejam-se os artigos 326º do CPP e arts.67º, 75º e 109º do EOA.

A audiência é pública sob pena de nulidade insanável, salvo os casos em que o presidente por
despacho fundamentado, decidir a exclusão ou a restrição da publicidade. Atendendo ao disposto
nos arts.321º/3 e 326º/1 al. e), ambos do CPP, essa decisão é sempre antecedida de audição
contraditória dos sujeitos processuais.

8.2.1 A contraditoriedade
O presidente deve sempre garantir o contraditório e impedir a formulação de questões legalmente
inadmissíveis, art.323º, al. f), do CPP.

8.2.2 Continuidade
Aqui cabe dizer que a audiência deve decorrer de forma contínua até ao encerramento. Ao abrigo
da concentração temporal não deverá haver interrupções.

8.2.2.1 Interrupções
São admissíveis nas audiências as interrupções estritamente necessárias, nomeadamente as que se
destinam a alimentação e repouso dos participantes. Essa interrupção depende sempre de

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despacho fundamentado do presidente, notificado a todos os intervenientes processuais,


art.328º/5, do CPP.

8.2.2.2 Adiamento
Por outro lado, o adiantamento previsto no nº 3 do art.328º, do CPP, consagra que o adiamento da
audiência é possível, sempre que a interrupção não se mostre suficiente para a remoção de
quaisquer obstáculos. Por exemplo, quando se mostre necessário proceder à produção de qualquer
meio de prova que não se encontre disponível no momento em que a audiência decorre. Também
quando for necessário proceder a relatórios sociais ou de inserção social.

Em caso de adiamento, a audiência retoma-se a partir do último ato processual praticado na


audiência, art.328º/4, do CPP. Cumpre referir que o adiamento da audiência depende sempre do
despacho do presidente, art.205º, da CRP.

O adiamento não deve exceder 30 dias, na medida em que pode estar em causa a perda da eficácia
da produção da prova oral que já consta no processo, art.328º/6, do CPP.

8.3 Efeitos da falta de comparência

Se no início da audiência não estiver presente o MP ou o defensor, o presidente procede à


substituição dos ausentes, sob pena de nulidade insanável. Em Processo Penal, é obrigatória a
existência de defensor na audiência, discussão e julgamento, sob pena de nulidade insanável,
art.334º/4, do CPP.

Quanto à falta dos assistentes e das partes civis, a audiência prossegue sendo o faltoso admitido a
intervir logo que comparecer. Cumpre referir que faltando o representante das partes civis, isto não
implica o adiamento o que significa que a ação civil pode correr à inteira revelia das partes.

No que se refere à falta do assistente, testemunhas, peritos, etc., também não há lugar ao adiamento
da audiência e são todos eles representados pelos mandatários constituídos, art.331º/1, do CPP. De
salientar ainda, que as faltas injustificadas desencadeiam os processos previstos no art.116º, do
CPP.

8.3.1 A presença e a falta do arguido no processo penal


Em regra, é obrigatória a presença do arguido na audiência nos termos do art.332º, do CPP. No
entanto, existem situações em que é admitida a realização da audiência na sua ausência,
nomeadamente os casos de doença pelo arguido.

Nos termos do art.32º/6, da CRP, a lei define os casos em que pode haver dispensada a presença do
arguido. Contudo a audiência de julgamento só pode realizar-se na ausência do arguido, se este:

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 Tiver prestado termo de identificação e residência, com defensor constituído, arts.196º/3,


al. d) e 333º, do CPP;
 Não comparecer na data designada, tendo sido notificado do despacho, com a comunicação
de que se faltar, a audiência terá lugar na sua ausência.

Sempre que o Tribunal considere absolutamente indispensável a presença do arguido, interrompe


ou adia a audiência se isso se mostrar necessário, art.334º/3, do CPP. Sempre que a audiência tiver
lugar na ausência do arguido, este é representado por defensor, art.334º/4, do CPP.

Havendo conexão de processos, os arguidos presentes e ausentes são julgados conjuntamente,


salvo se o tribunal tiver por conveniente a separação de processos.

A sentença é notificada ao arguido ausente por força do disposto no art.334º/6, do CPP.

Caso ocorra falta injustificada de comparência do arguido, este deve ser condenado ao pagamento
de uma coima entre 2 a 10 UC.

8.4 Produção de prova em audiência


Constituem objeto de prova todos os factos juridicamente relevantes para existência ou inexistência
de crime, bem como a punibilidade ou não do arguido e a determinação da pena ou da medida de
segurança. Se houver pedido de indemnização cível, constitui objeto da prova, os factos relevantes
para a determinação da responsabilidade civil. Em regra, a produção de prova em Tribunal assenta
nos factos trazidos aos autos. Contudo, se o Tribunal assim o entender, poderá requerer outros
meios de prova nos termos do art.340º/1 e 2, do CPP, (princípio da oficiosidade).

Todos os meios de prova são submetidos ao princípio do contraditório, mesmo que tenham sido
produzidos pelo Tribunal, art.327º, do CPP. Os requerimentos de prova são indeferidos de
despacho nas seguintes situações:

 Quando a prova for legalmente inadmissível, art.340º/3, do CPP;


 Quando for notório que as provas requeridas são supérfluas ou irrelevantes.

Considerando o princípio da proibição da valoração da prova não valem em julgamento,


nomeadamente para formação de convicção do Tribunal, quaisquer provas que não tenham sido
produzidas em Tribunal. Ressalve-se porém, as provas contidas em atos processuais cuja leitura,
visualização ou audição em audiência sejam permitidas, arts.356º e 357º, do CPP.

O Tribunal só pode proferir sentença condenatória, se tiver plena convicção de que o arguido
praticou o crime, ficando com dúvidas o juiz deve absolver com base no principio in dúbio pro reo.

A ordem de produção de prova é a seguinte (art.341º, do CPP):

1. Declaração do arguido, arts.342º a 345º, do CPP (a produção de prova começa com a


declaração do arguido e termina com ela);
2. Apresentação dos meios de prova indicados pelo MP, assistente e lesado;

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3. Apresentação pelos meios de prova apresentados pelo arguido e pelo responsável cível.

Esta ordem só pode ser alterada pelo presidente ao abrigo do art.323º, do CPP, (poderes de
disciplina e direção).

8.4.1 Declaração do arguido


(arts.341º, 342º e 343º, do CPP)

O arguido é obrigado a prestar declarações sobre a existência de processos pendentes e a sua


entidade. O presidente deve informar sempre o arguido, de que tem o direito a prestar declarações
em qualquer momento da audiência. Contudo, o seu silêncio não poderá desfavorece-lo.

O arguido poderá tomar uma das seguintes posições:

 Não prestar declarações;


 Confessar os factos em que assenta a acusação;
 Negar os factos da acusação, ou;
 Prestar um depoimento confuso.

Confissão - art.344º/1, 2 e 3, do CPP.

Assistente e partes civis - arts.346º/1 e 2, 347º/1 e 2 e 356º/1 a 6, do CPP.

8.4.1.1 Testemunhas
O rol de testemunhas de defesa deve ser indicado na contestação ou no prazo a que ela houver
lugar, art.315º, do CPP.

O rol de testemunhas só pode ser alterado nos termos do art.316, do CPP e tem que ser comunicado
às partes até 3 dias antes da data fixada para a audiência arts.315º, 348º/2 e 6 e 356º/6, do CPP.

A prova testemunhal que é também apreciada segundo a livre convicção do julgador, art.127º, do
CPP.

8.4.1.2 Prova pericial


(arts.151º e ss., do CPP)

De todo o tipo de provas esta é a que menos dúvidas levanta.

(ver art.351º/1, do CPP)

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A prova pericial presume-se subtraída à livre convicção do julgador e nesse sentido, sempre que a
convicção do julgador venha a divergir do depoimento do perito, terá de haver fundamentação para
a divergência art.163º/2, do CPP.

8.4.1.3 Prova documental


O regime da prova documental encontra-se nos arts.164º a 170º, do CPP.

A prova documental traduz uma declaração, sinal ou notação corporizada em escrito ou através de
qualquer meio técnico, nos termos gerais da lei penal, art.255º/al. a), b) e c), do CP. Também aqui
deverá ser assegurado o princípio do contraditório, art.165º, do CPP.

(Ver arts.283º/3, al. f), 284º/2 e 285º/3)

O valor provatório da prova documental consta do art.169º, do CPP, nos termos do qual devem
considerar-se provados os factos materiais que neles constem. Tratando-se de documento
particular, o seu valor provatório é também apreciado nos termos gerais do art.127º, do CPP.

Se no decurso da audiência se verificar uma alteração não substancial dos factos, o presidente
oficiosamente ou a requerimento, comunica a alteração ao arguido e concede-lhe o tempo
estritamente necessário para a preparação da defesa. Só assim não será, se a alteração tiver
derivado de factos alegados na defesa. Da mesma forma se deve proceder quando o tribunal alterar
a qualificação jurídica dos factos descritos na acusação ou na pronúncia, art.358º, do CPP.

No que se refere à alteração substancial dos factos, esta para além de não poder ser tomada em
conta pelo tribunal para o efeito de condenação do processo em curso, não implica a extinção da
instância, art.359º, do CPP.

Contudo, é de salientar que é nula a sentença que venha a condenar por factos diversos ou distintos
dos descritos na acusação ou na pronúncia e fora dos casos e das condições previstas no art.359º,
do CPP

(ver art.379º/1 al. b), do CPP)

8.4.2 Alegações orais


Finda a produção de prova, concede-se a palavra sucessivamente ao MP, aos advogados dos
assistentes e das partes civis e ao defensor para alegações orais nas quais exponham as conclusões
de facto e de direito que hajam extraído da prova produzida, arts.323º al. g) e 360º, do CPP.

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As alegações orais não são um meio de prova, mas sim uma síntese conclusiva das provas
produzidas.

8.4.3 Últimas declarações do arguido e encerramento da discussão


Após as alegações orais, o presidente pergunta ao arguido se tem algo mais a dizer em sua defesa,
art.361º, do CPP. Com efeito, corresponde à última oportunidade de exercício do direito de defesa
antes da deliberação da decisão do Tribunal. Aqui poderá, neste momento, o arguido reafirmar a
sua inocência e mostrar o seu arrependimento. De seguida o presidente declara encerrada a
discussão, sendo que se segue a deliberação, arts.361º/1, 365º e ss. e 371º, do CPP.

(Ver arts.362º a 364º, do CPP)

9 Sentença
Após a audiência de julgamento, tem lugar a tomada de decisão por parte do Tribunal. Pretende-se
que esta seja o mais célere possível, arts.360º, 361º/1 e 365º, do CPP.

O Tribunal não pode abster-se de julgar, invocando a falta ou obscuridade da lei ou alegando uma
dúvida insanável acerca dos factos em litígio. Não deve também violar o dever de obediência à lei. O
art.365º/5, do CPP, determina que as deliberações são tomadas por maioria simples. Cumpre
apreciar para a deliberação várias questões:

1. A questão da culpabilidade (art.368º, do CPP)

O Tribunal decide separadamente as questões prévias ou incidentais sobre as quais não tenha
recaído a decisão. No que se refere ao conhecimento das questões prévias ou incidentais, ver arts.
308º/3, 311º/1 e 338º, do CPP. Em conformidade com o art.368º/2 e 3, do CPP, se a apreciação do
mérito da causa não tiver sido prejudicado, o presidente especificamente, submete a deliberação e
votação, os factos alegados pela acusação e defesa em que se decidem vários aspetos:

 Se se verificaram os elementos constitutivos do crime;


 Prática do crime pelo arguido ou mera participação;
 Se o arguido atua com culpa;
 Verificação de alguma causa que exclua a ilicitude e a culpa (ex.: legitima defesa);
 Verificam-se os pressupostos de que depende a determinação de uma indemnização
civil;
 Verificam-se outros pressupostos de que a lei faça depender a aplicação ao agente de
uma medida de segurança.
2. Determinação da sanção (art.369º, do CPP)

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Se das deliberações e votações realizadas nos termos do art.369º, do CPP, resulta que ao arguido
deve ser aplicada uma pena ou medida de segurança, o presidente manda ler todos os factos
relativos aos antecedentes criminais do arguido, bem como os elementos referentes à perícia sobre
a sua personalidade e ao relatório social, art.370º, do CPP. De seguida o Tribunal delibera votando
sobre a espécie e medida de sanção a aplicar, arts. 369º/2 e 371º, do CPP.

9.1 Diferença entre a sentença e acórdãos


Os atos decisórios do Tribunal singular que conheçam a final do processo designam-se por
sentenças. Quando se referirem a qualquer questão interlocutória denominam-se despachos. Os
atos decisórios do Tribunal colegial, designam-se por acórdãos.

Nota: A sentença é um ato processual e escrito. Nos processos sumário e abreviado, a sentença é
proferida verbalmente e ditada pata a ata, art.389º, do CPP.

A sentença começa com um relatório que deve conter as indicações tendentes à identificação do
arguido, do assistente e das partes civis, art.374º/1, al. a) e b), do CPP. Por outro lado, a indicação
dos crimes imputados ao arguido, art.374º/1, al. c), do CPP, e ainda a indicação sumária doa
conclusões contidas na contestação, art.374º/1, al. d), do CPP. Deve conter ainda a fundamentação,
que deverá sempre constar sob pena de nulidade, arts. 379º/1 e 2 e 374º/2, do CPP.

Nos termos do nº 3 do art.374º, do CPP, a sentença termina pelo dispositivo que deve conter uma
série de elementos, entre os quais se destaca a decisão condenatória ou absolutória e a falta de
menção desta decisão constitui uma nulidade, art.379º/1, al. a), do CPP.

9.2 Sentença condenatória


Nos termos do art.27º/2 da CRP, ninguém pode ser total ou parcialmente privado da liberdade, a
não ser em consequência de uma sentença judicial condenatória pela prática de um ato punido por
lei com pena de prisão ou de aplicação judicial de medida de segurança. Cumpre referir que
esgotado o prazo de 20 dias sem que tenho acorrido a apresentação de recurso sobre apresentação
requerida, esta transita em julgado, art.411º, do CPP.

Nos termos do art.375º/1, do CPP, a sentença condenatória deve especificar os fundamentos que
justifiquem a medida de sanção aplicada. Nomeadamente, o início e o regime do seu cumprimento,
outros deveres impostos ao condenado e ainda o plano individual de readaptação. Por outro lado, a
falta destes elementos constitui mera irregularidade, arts.118º/3 e 123º, do CPP.

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9.3 Sentença absolutória


Nos termos do art.376º/1, do CPP, para além dos requisitos gerais da sentença, a sentença
absolutória deve declarar a extinção de qualquer medida de coação e por outro lado, ordenar a
imediata libertação do arguido preso preventivamente. A falta destes elementos também constitui
mera irregularidade, art.118º/3 e 123º, do CPP.

(Ver publicação e depósito da sentença, arts.372º/3, 378º, 372º/2 e 5, do CPP)

9.4 Nulidade da sentença


Nos termos do art.379º/1, do CPP, a sentença é nula quando:

 Não contiver os elementos da fundamentação, isto é, enumeração dos factos provados e


não provados;
 Se no dispositivo não constar decisão condenatória ou absolutória, art.374º/2 e 3, al. b), do
CPP;
 Quando condenado por factos diversos nos descritos na acusação e da pronúncia, fora dos
casos e das condições previstas nos arts.358º e 359º, do cPP;
 Quando o Tribunal deixe de pronunciar-se sobre questões que deveria apreciar.

Para além de nulas, as decisões podem ser inexequíveis, nos casos previstos no art.468º, do CPP, e
por exemplo, é inexequível quando não determinar a sentença a aplicar.

(Ver art.467º, do CPP)

(Correção da sentença, ver arts.374º, 379º e 380º, do CPP)

10 Processo sumário
Está subjacente neste processo especial, o princípio da celeridade processual, isto porque o arguido
deve ser julgado no prazo máximo de 48 horas após a detenção, sendo a tramitação processual
reduzida ao conhecimento indispensável e boa decisão da causa, arts.386º/1 e 2 e 387º/1, do CPP.

Nos processos sumários a taxa de justiça é fixada entre 2 e 20 UC, art.85º/1 do CCJ.

Nota: Só os processos que correm por crimes públicos e semipúblicos, podem ser julgados por esta
forma processual.

São julgados em processo sumário:

1. Os detidos em flagrante delito, arts.255º e 256º, do CPP;


2. Crime punível com pena de prisão, cujo limite máximo não seja superior a 5 anos, mesmo
em caso de concurso de infracções, art.381º/1, do CPP;

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3. Quando a detenção for efetuada por autoridade judiciária ou entidade policial, art.381/1,
al. a), do CPP.
4. O início da audiência de julgamento ocorrer no prazo máximo de 48 horas após a detenção.

10.1 Apresentação do detido ao MP


A autoridade judiciária (se não for o MP) ou entidade policial que tenham procedido à detenção ou
a quem tenha sido efetuada a entrega do detido, apresentam-se imediatamente no menor prazo
possível ao MP junto do Tribunal competente sob a forma de processo sumário, art.382º, do CPP.

Após a apresentação ao MP, esta poderá:

a) Arquivar o processo, arts.384º e 280º, do CPP;

b) Suspender provisoriamente o processo, mediante a imposição ao arguido de regras de


conduta, arts.384º, 281º e 282º, do CPP;

c) Apresentar o arguido imediatamente, no mais curto prazo possível, ao Tribunal competente


para o julgamento em processo sumário, art.382º, do CPP;

d) Se houver razões para crer que a audiência de julgamento não se realizará no prazo de 48
horas após a detenção, o MP deverá libertar o arguido e se for caso disso, sujeitar o arguido a termo
de identidade e residência, arts.382º/3 e 385º/2, do CPP.

(Ver prática de atos processuais, art.103º/2, al. c), do CPP)

No que se refere à audiência de julgamento cumpre referir que, atendendo ao caráter célere do
processo sumário e nos termos do art.386º/1 e 2, do CPP, estes são reduzidas ao mínimo
indispensável. Existem nos termos do regime de acesso ao direito e aos Tribunais, escalas de
prevenção aos advogados e advogados estagiários.

Quanto à tramitação importa referir que o início da audiência de julgamento é um momento


importante, designadamente para efeitos da arguição das nulidades previstas no art.120º/1 e 2.
Assim, a apresentação da acusação e da contestação substituem as exposições introdutórias dos
arts.339º e 389º/4, do CPP.

Finda a produção da prova é concedida por uma só vez a palavra do MP, aos representantes do
assistente, das partes civis e ao defensor, art.389º/5, do CPP.

À semelhança do processo sumaríssimo, a sentença é logo proferida e ditada para a ata, esta é
sempre escrita, art.372º, do CPP.

Em processo sumário só é admissível recurso do processo ou do sumário que puser termo ao


processo, art.391º, do CPP.

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O prazo para a interposição do recurso é de 20 dias e conta-se a partir da data em que a decisão oral
foi produzida.

Só é possível, o reenvio para outra forma de processo se:

 Se verificar a admissibilidade do processo sumário, art.390º/1, al. a), do CPP;


 Por outro lado, não tenha sido possível realizar-se no prazo previsto as diligências de prova
necessárias à descoberta da verdade, art.390º/1, al. b), do CPP;
 Por último, o procedimento apresente especial complexidade (nº de arguidos, caráter
organizados do crime, etc.).

11 Processo abreviado (arts.391º-A a 391º-G)


São julgados sob esta forma de processo, em regra, os crimes de média gravidade. O julgamento
obedece às mesmas formalidades do processo comum, art.391º-E, do CPP. A taxa de justiça fixada é
também entra 2 e 20 UC. Os atos processuais relativos a processo abreviado, devem correr nas
férias judiciais arts.103º/2, al. c) 104º/2, do CPP.

Nos termos do disposto do art.391º-A, do CPP, o MP, face ao auto de notícia ou após realizar o
inquérito simples pode deduzir acusação para julgamento em processo abreviado quando:

a) O crime for punível com pena de multa ou de prisão não superior a 5 anos;
b) Existirem provas simples e de total evidência de que resultem indícios de prática do crime
e de quem foi o seu agente.

11.1 Acusação, arquivamento e suspensão do processo


Face ao auto da notícia ou após realizar o inquérito, o MP pode:

 Arquivar o processo, arts.280º e 391º-B/4, do CPP;


 Suspender provisoriamente o processo, aplicando regras de conduta ao arguido, arts.281º,
282º e 391º-B/4, do CPP;
 Deduzir acusação, art.391º-B/2, do CPP.

Recebidos os autos, o juiz pronuncia-se sobre nulidades e outras questões prévias ou incidentais,
art.391º-C/1, do CPP. Se não rejeitar a acusação, o juiz designa dia para a audiência conferindo
prioridade aos processos urgentes, art.391º-C/2, do CPP. Relativamente ao julgamento em processo
abreviado, a audiência deverá ter início no prazo de 90 dias a contar da dedução da acusação e
nesse sentido o início da audiência determina a apreciação de possíveis nulidades, art.120º/3 al. d),
do CPP.

Em processo abreviado é admissível recurso de sentença ou do despacho que puser termo ao


processo, arts.391º-F e 391º-G, do CPP.

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12 Processo sumaríssimo (art.392º ao 398º)


No processo sumaríssimo vigora o princípio da economia processual da simplicidade e da
consensualidade não tendo lugar a uma audiência solene e formal. Assim, a decisão do Tribunal
resulta num despacho baseado no requerimento do MP e no acordo do arguido. É possível a
constituição de assistente, mas não intervenção das partes civis. A taxa de justiça é fixada entre 1 e
5 UC, art.85/3, do CCJ.

Contudo se o arguido aceitar as sanções propostas, ocorre uma redução do pagamento das taxas de
justiça para 1/3 do valor normal. O processo sumaríssimo tem lugar em caso de crimes puníveis
com pena de prisão não superior a 5 anos ou só com pena de multa. O MP requer ao Tribunal que o
processo sumaríssimo ocorra:

 Sempre que o arguido assim o solicitar ou depois de o ter ouvido e entender que no caso
concreto deverá ser aplicada pena ou medida de segurança de segurança não privativa da
liberdade;
 Sempre que o procedimento dependa de acusação particular, o requerimento do MP
depende também da concordância do assistente, art.392º/1 e 2, do CPP.

Esse requerimento deve conter nos termos do art.394º, do CPP, alguns elementos de que se destaca
a indicação precisa das sanções concretamente propostas e a indicação precisa da quantia exata a
atribuir a título de reparação da vítima, art.82º-A, do CPP.

Quanto à suspensão e interrupção da instância, aplica-se o disposto nos arts.120º/1, al. b) e 121º/1
al. b), do CP.

Em conformidade com o disposto no art.395º, do CPP, o juiz mediante despacho irrecorrível rejeita
o requerimento do MP e reenvia o processo para outra forma quando for legalmente inadmissível o
procedimento, o requerimento se apresente infundado e sempre que entender que as sanções
requeridas são insuscetíveis de realizar as finalidades do processo. Atendendo ao disposto no
art.396º/1, do CPP, se o juiz não rejeitar o requerimento do MP, poderá:

a) Nomear defensor ao arguido;


b) Ordenar a notificação do arguido para usar da faculdade de oposição no prazo de 15 dias. A
notificação ao arguido é feita por contacto pessoal, ver arts.396º/2 e 3 e 113/1, al. a), do
CPP.

Quanto à decisão do processo sumaríssimo, nesta forma de processo o prazo para o queixoso
desistir de queixa, termina quendo o juiz lavrar o despacho de concordância com requerimento do
MP. Cumpre referir que a decisão do juiz no processo sumaríssimo é sempre condenatória. Se
ocorrer oposição do arguido, o juiz ordena o reenvio do processo para outra forma que lhe caiba,
equivalendo à acusação e em todos os casos, o requerimento do MP, art.394º, do CPP.

Em resumo, o processo seguirá outra forma se:

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 O juiz rejeitar o requerimento do MP, art.395, do CPP;


 Ou o arguido se opuser à sanção proposta, arts.396º e 398º, do CPP.

Cumpre salientar que se o procedimento tiver sido reenviado para outra forma de processo e o
arguido não possa ter sido notificado do despacho que designaria para audiência ou em alternativa
o arguido falte injustificadamente, o Tribunal pode determinar que a audiência ocorre na sua
ausência, art.334º/1, do CPP.

13 Recursos
Ao recursos têm como missão a retificação e a correção de decisões proferidas, sendo que visão a
obtenção de um decisão nova. Para além do recurso, que tem em vista a reapreciação de uma
decisão judicial por um órgão judicial diferente, existe outra forma de impugnação das decisões
judiciais, que é a reclamação.

Assim, o objeto do recurso compreende não só, a matéria de direito como também a matéria de
facto. E para esse efeito o CPP criou instrumentos destinados a assegurar o registo da prova em
audiência de julgamento, arts.363º e 364º, do CPP.

Além dos recursos regulados no CPP, há ainda o recurso para o tribunal constitucional.

No âmbito dos recursos é de destacar, os princípios decorrentes dos arts.399º e 409º, do CPP.

13.1 Modalidades de recursos


Os recursos podem ser ordinários (arts.399º a 436º, do CPP) e extraordinários (arts.437º a 466º,
do CPP), consoante estejamos perante uma decisão transitada ou não em julgado.

Uma decisão judicial transita em julgado, ou seja, é insuscetível de impugnação ordinária quando é
irrecorrível, art.400º, do CPP.

O CPP prevê duas espécies de recursos ordinários:


 O recurso perante as relações (arts.427º a 431º, do CPP), e;
 O recurso para o STJ (arts.432º a 436º, do CPP).
As relações conhecem de facto e de direito e o recurso para o STJ visa unicamente a reapreciação da
matéria de direito sem prejuízo do disposto no art.410º, do CPP.
Por sua vez, nos recursos extraordinários podemos distinguir, o recurso para a fixação da
jurisprudência art.437º, do CPP, e o recurso de revisão art.449º, do CPP.
Contudo, é obrigatória a assistência de defensor nos recursos ordinários e extraordinários
(art.32º/5 da CRP e arts. 64º/1 al. e) e 61º/1 al. e), do CPP).

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13.2 Recursos ordinários


São recursos ordinários todos aqueles que têm por objeto decisões que ainda não transitaram em
julgado, e visam conseguir uma renovação da lide e uma nova decisão, arts.399º a 436º, do CPP.

Esses recursos são entrepostos do tribunal a quo (Tribunal recorrido) para o tribunal ad aquen
(Tribunal Superior).

O CPP prevê duas espécies de recursos ordinários:

 O recurso perante as relações (arts.427º a 431º, do CPP), e;


 O recurso perante o STJ (arts.432º a 436º, do CPP).

13.2.1 Decisões recorríveis


O art.399º, do CPP, consagra o princípio geral da admissibilidade do recurso ao prescrever que é
possível recorrer dos acórdãos, sentenças e despachos, cuja irrecorribilidade não estiver prevista
na lei.

Não obstante de poder existir disposição em contrário, a regra é a da recorribilidade das decisões
judiciais, ou seja, garante-se a possibilidade de apreciação por duas instâncias da questão que
constitui o objeto do processo.

A título de exemplo, as seguintes disposições do CPP consagram a recorribilidade das decisões


judiciais, arts.42º, 162º, 170º, 219º, 240º, 310º e 391º, do CPP.

O recurso da parte da sentença referente a indemnização civil só é admissível desde que o valor do
pedido seja superior à alçada do tribunal recorrido e a decisão impugnada seja desfavorável para o
recorrente em valor superior a metade dessa alçada.

13.2.2 Decisões irrecorríveis


Nos termos do art.400º/1, do CPP, são decisões irrecorríveis, os despachos de mero expediente,
bem como os acórdãos proferidos pelas relações que não conheçam a final do objeto do processo,
art.400º, do CPP, entre inúmeras outras decisões.

13.2.3 Âmbito do recurso


Atendendo ao disposto no art.402º/1, do CPP, o recurso interposto de uma sentença abrange toda a
decisão. O âmbito do recurso é determinado pelas conclusões apresentadas pelo recorrente da
respectiva motivação.

Contudo, o recurso poderá abranger apenas uma parte da decisão art.403º/1 e 2, do CPP.

Relativamente à extensão do recurso, há a considerar o art.402º/2, do CPP.

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13.2.4 Regime de subida


Os recursos podem subir nos próprios autos ou subir em separado.

Subida nos próprios autos

Quando os recursos sobem nos próprios autos não é necessário requerer certidões das peças
processuais para instruir o recurso, e assim nos termos do art.406º/1, do CPP, sobem nos próprios
autos:

a) Os recursos interpostos das decisões que ponham termo à causa, e;

b) Os que com eles devam subir, nos termos do art.407º/3, do CPP.

Subida em separado

Nesta situação o recurso ganha autonomia física, sendo necessário instruir um novo auto que irá
correr paralelamente ao processo principal e assim o juiz deverá validar se o processo está
instruído com todos os elementos necessários à decisão da causa determinando se necessário a
junção de certidões relativas às peças processuais art.414º/6, do CPP. Nestes termos podem subir
em separado os recursos:

a) interpostos de decisões posteriores às decisões que ponham termo à causa;


b) interpostos de decisões que apliquem ou mantenham medidas de coacção ou garantia
patrimonial;
c) interpostos de despacho que não admite a constituição de assistente ou a intervenção da
parte civil, e;
d) interpostos do despacho que indeferir o requerimento para a abertura da instrução, entre
outras situações.

13.2.4.1 Momentos da subida


Nos termos do art.407º/1 e 2, do CPP, sobem imediatamente os recursos cuja retenção os tornaria
inúteis, os interpostos de decisões que ponham termo à causa nos termos dos arts.406º/1 e 408º/1
al. a), do CPP e ainda os interpostos de decisões que apliquem ou mantenham medidas de coação e
de garantia patrimonial.

(Ver arts.405º/1 e 407º/3, do CPP).

Além dos atrás descritos ainda é possível a subida imediata de outros recursos.

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13.2.5 Quanto aos efeitos dos recursos


Sobem imediatamente ou posteriormente, podendo quanto aos efeitos serem os recursos:
devolutivos ou suspensivos.

Assim se o recurso tiver efeito devolutivo, a aplicação da decisão recorrida e a tramitação do


processo não são afetadas. Se tiver efeito suspensivo, o recurso pode implicar a suspensão do
processo ou em alternativa a suspensão da aplicação da decisão recorrida.

Assim os recursos que não tenham efeito suspensivo, terão efeito apenas devolutivo. Nos termos do
art.408º/1, do CPP, tem efeito suspensivo do processo:

a) Os recursos interpostos das decisões finais condenatórias;


b) O recurso do despacho de pronúncia.

Assim, suspendem os efeitos da decisão recorrida art.408º/2, do CPP.

13.2.6 Fundamentos dos recursos


Os recursos podem ter como fundamento quaisquer questões de que pudesse conhecer a decisão
recorrida, salvo se a lei impuser alguma restrição. Nesse sentido o recurso interposto para a relação
pode ter como fundamento questões de facto e de direito, contudo, o recurso interposto para o STJ
visa exclusivamente o reexame da matéria de direito, arts.428º e 434º, do CPP.

Sempre que por existirem os vícios adiante descritos, não for possível decidir da causa, o tribunal
de recurso determina o reenvio do processo para novo julgamento relativamente à totalidade do
processo ou a questões pontualmente identificadas, art.426º/1, do CPP.

13.2.6.1 Vícios:
1) A insuficiência para a decisão da matéria de facto provada;
2) A contradição insanável da fundamentação ou entre a fundamentação e a decisão;
3) Erro notório na apreciação da prova.

O prazo para a interposição do recurso em processo penal é de 20 dias nos termos do art.411º/1,
do CPP, e conta-se a partir:

1) Da notificação da decisão;
2) Tratando-se de sentença, conta-se a partir do depósito da mesma na secretaria, e;
3) Tratando-se de decisão oral reproduzida em ata conta-se a partir da data em que tiver sido
proferida.

O art.414º/2, do CPP, refere-se aos casos de não admissibilidade de recurso e o art.420º/1, do CPP,
refere as situações em que o recurso deve ser rejeitado, nomeadamente nos casos em que for
manifesta a sua improcedência, sempre que se verifique uma causa que tenha determinado a sua

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não admissão e sempre que o não recorrente não apresente, não complete ou não esclareça as
conclusões formuladas, art.417º/3, do CPP.

13.2.7 Recurso perante as relações (art.427º, do CPP)


As relações conhecem das decisões previstas no art.400º/1 al. c), d), e) e f), do CPP.

13.2.8 Recurso perante o STJ


Recorre-se para o STJ entre outras decisões previstas nos arts.432º/1 al. a), 400º/1 al. b) e ainda
414º/8, do CPP.

13.3 Recursos extraordinários (arts.437º a 466º, do CPP)


Os recursos extraordinários incidem sobre decisões já transitadas em julgado e têm em vista
reparar um erro judiciário, tais recursos dirigem-se ao mesmo tribunal que proferiu a decisão,
arts.437º a 451º, do CPP.

Existem dois recursos extraordinários:

 A fixação de jurisprudência (art.437º e ss., do CPP), e;


 O recurso de revisão (art.449º e ss., do CPP).

Quanto ao recurso para fixação de jurisprudência, podemos dizer que pretenda evitar contradições
entre acórdãos dos tribunais superiores, assegurando assim a uniformização da jurisprudência.
Contudo, o vício do acórdão recorrido deverá ser o fundamento do recurso, art.437º/4, do CPP.

Este recurso é admissível quando:

a) Face à mesma legislação o STJ proferir dois acórdãos que relativamente à mesma questão
de direito assentem em soluções contraditórias;
b) Quando um tribunal da relação proferiu um acórdão que esteja em oposição com outro da
mesma relação ou outra qualquer e dele não seja possível recurso ordinário.

O prazo de interposição deste recurso é de 30 dias a contar do trânsito em julgado do acórdão


proferido em último lugar art.438º/1, do CPP. Decorrido este prazo o procurador pode determinar
que seja interposto recurso com vista a unificar o direito art.447º/1, do CPP. O art.438º/2, do CPP,
determina o que deve constar no requerimento de interposição do recurso.

A apresentação de alegações deve ser deita nos termos do art.442º/1 e 2, do CPP.

(Ver arts.443º a 445º, do CPP)

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13.3.1 Revisão
A sentença transitada só pode ser revista quando exista motivo que se apresente com tal gravidade
que deva prevalecer sobre a certeza e a segurança em que assenta o caso julgado. O recurso de
revisão versa apenas sobre questões de facto e tem como finalidade obter uma nova decisão judicial
art.449º/1, do CPP.

A revisão é assim admissível nos termos do art.449º/1, do CPP, e também no caso do art.449º/4, do
CPP. Têm legitimidade para requerer a revisão todos os intervenientes processuais, MP, assistente,
condenado ou o seu defensor, etc. O art.451º, do CPP, refere-se aos elementos constantes no
requerimento do pedido de revisão. O STJ pode negar ou autorizar a revisão.

(Ver arts.450º/2, 457º/1 e 465º, do CPP).

13.3.1.1 Realização de nova audiência de julgamento


Considerando o disposto nos art.449º/1, al. a), 459º e 460º/1, do CPP, sempre que o processo
baixar, o juiz deve proceder de acordo com o disposto noa artigos enumerados e nesse sentido não
podem intervir no julgamento pessoas condenadas ou acusadas pelo MP por factos que tenham sido
determinantes para a decisão a rever:

1ª Situação: quanto à decisão poder-se-á obter uma sentença absolutória no juízo de revisão e
indemnização nos termos do art.461º/2, do CPP, ou;

2ª Situação: uma sentença condenatória no juízo de revisão nos termos do arts.463º/1 e 2 e


409º, do CPP.

14 Meios de obtenção da prova


14.1 Exames
Dispõem os arts.171º a 173º CPP, quanto à pertinência dos exames como meio de obtenção da
prova, com efeito eles podem revestir natureza cautelar e de polícia, nos termos do art.249º/2, al.
a) conjugado com o nº2 do art.171º e 173º, do CPP.

Os exames podem ter como objeto pessoas, locais ou coisas. Contudo, o arguido mesmo sendo
sujeito processual dotado de direitos e deveres é também objeto de investigação, na medida em que
poderá ser alvo de inspeção na busca de indícios que possam identificar a forma como o sujeito
praticou o crime e o seu autor.

Nos termos do art.171º/1, do CPP, o exame é a inspeção rigorosa dos vestígios que o crime possa
ter deixado, bem como dos indícios relativos ao modo e ao local em que o crime foi praticado e às

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pessoas que o praticaram. Como atrás se referiu, a inspeção pode incidir em pessoas, locais ou
coisas.

14.2 Distinção entre exame e perícias


Podemos identificar como principal diferença entre exames e perícias, a exigência de especiais
conhecimentos técnicos, científicos e artísticos, nos termos do art.151º, do CPP, exigível para a
perícia, exigência essa que não se verifica para o exame, sendo que por outro lado os vestígios
recolhidos através de exame poderão ainda ser sujeitos à perícia. Cumpre referir, que aos peritos
também lhes é exigível que percecionem alguns vestígios.

No que se refere aos exames, sempre que este consignar natureza de medida cautelar e urgente,
que assegure a preservação dos meios de prova, poderá efetuar-se o exame de imediato ou solicitar
à PJ, que no local apareça o operador par o fazer, assim a realização de exames e vestígios é também
uma medida cautelar e de polícia.

Se os vestígios estiverem deteriorados, desaparecidos ou alterados, tal situação deverá ser


mencionada posteriormente por quem procede à recolha da prova e se possível dever-se-á
reconstituir os vestígios e descrever o modo e o tempo, bem como as causas que proporcionaram a
alteração ou o desaparecimento art.171º/3, do CPP.

14.3 Obrigação de permanecia no local


Relativamente aos fins dos exames, existe a medida ou o ato de obrigar certas pessoas a não se
afastarem do local do criem, podendo sempre recorrer-se à força pública, para obriga-los a
permanecer no local, por enquanto se mostre necessária a sua presença.

Cumpre ainda referir que, sempre que se recorra à força pública para obrigar alguém a permanecer
no local do crime, não constitui um crime de não desobediência o não cumprimento desta ordem.
Contudo, assim não é, se tal determinação for dada por um OPC.

A submissão de um exame, poderá recair sobre uma pessoa que anteriormente se eximiu à
realização do mesmo, pelo que é competente para determinar o exame, a respetiva autoridade
judiciária em função da fase processual, isto é, o MP é competente na fase de inquérito, o JIC na
instrução e o juiz presidente do coletivo ou singular em cede de julgamento.

Os exames ao corpo de uma determinada pessoa devem sempre respeitar, por um lado a própria
dignidade humana e o pudor da pessoa examinando, seja vitima ou arguido no processo.

(Ver arts.154º/2, 172º/2 e 269º/1 al. b), do CPP)

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Sempre que os exames já não se mostrem necessárias, deverá o juiz por despacho fundamentado
requerer a sua destruição, art.156º/6 e 172º/2, do CPP.

14.4 As revistas e buscas


São também meios de obtenção da prova e medidas cautelares ou de polícia. Sendo que releva a
descoberta e conservação de provas reais e pessoais. As revistas e buscas domiciliárias e não
domiciliárias, encerram em sim uma série de problemas, de forma a que a prova seja a final.
Judicialmente, materialmente e praticamente válidas quanto à sua produção.

Quanto às revistas, elas consistem em proceder ao exame ou à inspeção de uma pessoa a qualquer
hora do dia ou da noite, para se verificar se a mesma oculta ou não objetos relacionados como o
crime ou que possam servir de prova daquele, nesse sentido as revistas têm de ser autorizadas ou
ordenadas pela autoridade judiciária, art.174º/3, do CPP.

As revistas servem como meio de obtenção da prova, art.174º, do CPP, como medida cautelar ou de
polícia, art.251º/1, al. a) e b), e ainda como medida preventiva ou de segurança, art.251º/1 al. b), do
CPP.

Na detenção, os órgãos de polícia criminal, por razões que se prendem com a segurança física e a
preservação da prova, devem obrigatoriamente efetuar uma revista sumária, nomeadamente,
solicitando que o arguido entregue todos os artigos que possam indiciar a prática do crime que
originaram a intervenção e que possam de alguma forma ferir quer o agente ou outros arguidos (ex:
seringas, navalhas, etc). Esta medida cautelar e de polícia é contudo uma medida de exceção e
apenas pode ser utilizada, quando o agente do crime for conduzido ao posto policial para
identificação, na medida em que o agente oculta objetos relacionados com o crime que podem
servir de prova e que de outra forma se poderiam perder, art.251º/1 al. a), do CPP.

14.5 Formalidades da revista


Como se referiu, a revista não poderá ferir a dignidade da pessoa humana, assim como o pudor do
visado, na medida em que poderá originar uma nulidade da diligência por a norma ser ofensiva da
integridade física ou moral da pessoa revistada arts.175º/2, 126º, do CPP e art.32º/8 da CRP.

Quanto as revistas efetuadas no âmbito do arts.174º/5 e 251º, do CPP, as formalidades previstas no


art.175º, do CPP, devem ser respeitadas à exceção da entrega do despacho da autorização judicial,
na medida em que a revista é efetuada à priori como medida de preservação da prova do crime e do
seu autor, apresentando-se como medida cautelar e de policia urgente ou como medida de
segurança.

Cumpre referir que não existe um prazo limite para a realização destes meios de prova o que
poderá por em causa direitos, liberdades e garantias dos cidadãos face à ilimitada temporalidade de
atuação e isto porque a emissão de um mandado para se proceder à revista de uma pessoa

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anteriormente não estava prevista o que determinou dificuldades na interpretação do art.174º/3,


do CPP, e assim, o legislador veio prescrever um prazo legal limite de duração da validade do
mandado judiciário de 30 dias, materializando-se assim o principio da segurança jurídica e
consequentemente a prossecução dos direitos fundamentais do cidadão no que respeita ao
principio da proporcionalidade ou da proibição do excesso.

15 Medidas Cautelares de Polícia


15.1 Da comunicação da notícia do crime
Qualquer órgão de polícia criminal que tome conhecimento da notícia de um crime, por
conhecimento próprio ou mediante denúncia, deve dar dela conhecimento ao MP, no prazo máximo
de 10 dias, mesmo que a notícia do crime se mostre manifestamente infundada, art.248º/1. Quando
pelo carácter de urgência, a transmissão da notícia seja feita oralmente, esta deve ser seguida de
comunicação escrita, art.248º/3.

A urgência da comunicação desta notícia ao MP, justifica-se pelo art.48º e art.219º/1 da CRP, o qual
atribui ao MP a titularidade do processo penal, permitindo assim que se inicie a fase de inquérito,
art.263º. Mais, uma comunicação breve minorará a ofensa a bens jurídicos pessoais quer das
vítimas quer dos arguidos.

A comunicação a que os órgãos de polícia criminal estão obrigados, em regra, deve ser o auto da
notícia. Isto é, neste auto devem ser mencionados (art.243º/1):

- Os factos que constituem o crime;

- O dia, a hora, o local e as circunstâncias em que o crime foi cometido, e;

- Tudo o que puderem averiguar acerca da identificação dos agentes e dos ofendidos, bem como os
meios de prova conhecidos, nomeadamente as testemunhas que puderem depor sobre os factos.

15.2 Das providências cautelares


Para além do auto da notícia que os órgãos de polícia criminal remetem para o MP, cabe a estes a
salvaguarda e manutenção dos meios de prova. Essa função emerge da necessidade de carrear para
o processo crime os elementos probatórios (pessoais ou reais), pretende dirimir qualquer dúvida.
Como agravo impõe-se que na sentença o Tribunal, ao fundamentar, deve enumerar os factos
provados e não provados, expor os motivos de facto e de direito que fundamentam a sua decisão e
indicar e fazer um exame crítico das provas que serviram para formar a sua convicção, art.374º/2.

As medidas ou atos cautelares devem obedecer ao princípio da legalidade, da tipicidade e ao


princípio da proibição do excesso.

Aos órgãos de polícia criminal cabe, antes da intervenção da autoridade judiciária compete para
proceder a investigações, praticar autos cautelares (arts.248º a 253º), atos de natureza pré-

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processual e de competência própria, que se mostrem não só necessários urgentes, como também
adequados e menos onerosos para os direitos do cidadão, que se destinem a «assegurar os meios de
prova». Atos esses sujeitos à posterior apreciação e valoração por parte da autoridade judiciária.

Neste sentido, nos termos do art.249º/2, compete aos órgãos de polícia criminal:

a) Proceder a exames dos vestígios do crime ocorrido – devendo evitar que o vestígio do
crime se apaguem ou alterem, podendo para tal proibir que entrem ou transitem no local
do crime e a prática de atos que possam destruir os vestígios antes de examinados, assim
como determinar a permanência no local do crime de pessoas (artss.171º/2 e 173º) – e
assegurar que o estado das coisas e dos locais se mantenha qualificado pela lei como crime;
b) Colher informações por meio das pessoas que supostamente presenciaram o facto
delituoso ou que, por razões de laços de amizade e familiares, conheçam da situação
factual, das razões e das circunstância, que permitam não só esclarecer a circunscrição do
modo, do tempo e do local, mas também identificar o(s) agente(s) do crime que originou a
abertura do processo crime e a sua possível reconstituição;
c) Os objetos do crime e os que serviram de meio adequado à prática e à verificação do
mesmo devem ser apreendidos para posterior entrega aos seus legítimos proprietários ou
para exames técnico-científicos que possam conduzir com rigor à verdade, cuja
conservação ou manutenção desses objectos é da competência dos órgãos de polícia
criminal até a sal entrega à autoridade judiciária.

Após a intervenção da autoridade judiciária, nos termos do art.249º/3, recai sobre os órgãos de
polícia criminal o ónus de assegurar novos os meios de prova de que tenham conhecimento e de
procederem, face à urgência e necessidade de atuação, aos exames, à colheita de informações e a
novas apreensões.

15.3 Da identificação e solicitação de informações


A identificação de suspeitos e pedido de informações, vem prevista no art.250º. Apesar de
identificar um sujeito como autor ou co-autor de um crime, devem-se sempre respeitar os direitos
fundamentais enquanto cidadão (a liberdade, o bom nome, a reputação, etc.).

De acordo com o art.250º/1, os órgão de polícia criminal podem, proceder à identificação de um


cidadão que se encontre em lugar público, aberto ao público ou sujeito a vigilância policial, sempre
que sobre ele recaiam fundadas suspeitas da prática de crime(s), da pendência de processo de
extradição ou de expulsão , de que tenha penetrado ou permaneça irregularmente em território
nacional ou de haver contra si mandado de detenção.

Os órgãos de polícia criminal, antes de procederem à identificação, devem (art.250º/2):

1. Provar a sua qualidade identificando-se;


2. Comunicar ao suspeito as circunstâncias que fundamentam a obrigação de identificação;
3. Indicar os meios por que este se pode identificar (art.250º/3, 4, 5 e 6).

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Estes atos de identificação devem sempre ser reduzidos a auto e as provas de identificação do
suspeito constantes são destruídas na sua presença a pedido do mesmo, caso a suspeita não se
confirme, art.250º/7. Apesar do referido, nada invalida a elaboração de uma participação ou auto
em que a entidade que procedeu a diligência indique quem, quando, onde e porque foi detido para
identificação e quando a diligência cessou, sob pena da fiscalização e controlo da legalidade da
actividade policial não ser exequível.

Os órgãos de polícia criminal podem pedir ao suspeito, bem como a quaisquer pessoas susceptíveis
de fornecerem informações úteis, e deles receber, sem prejuízo, quanto ao suspeito, do disposto no
art.59º, informações relativas a um crime e , nomeadamente, à descoberta e à conservação de meios
de prova que poderiam perder-se antes da intervenção da autoridade judiciária, art.250º/8.

Ao suspeito deverá sempre ser facultada a possibilidade de contactar com pessoa da sua confiança,
art.250º/9.

15.4 Da revista
A revista pode ser:

 Caráter de meio de obtenção de prova (arts.174º e 175º);


 Caráter de medida cautelar e de polícia (art.251º) - esta é uma medida de exceção e, como
tal, apenas se deve efetuar quando se verifica uma detenção e haja fundadas suspeitas de
que, nas suas roupas, o detido oculta objetos relacionados com o crime que sejam
suscetíveis de servir de prova do facto e que, de outro modo, poder-se-iam perder ou
quando de fuga iminente do suspeito ou, ainda, para acautelar práticas criminosas durante
dos atos processuais.

No caso de detenção deve ser feita uma revista sumária obrigatoriamente, por razões de segurança
e de preservação de prova (o que significa que não se tem de retirar peças de roupa e tem de ser
feita por alguém do mesmo sexo, devendo o indivíduo depositar numa superfície todos os objetos
que trás consigo). A revista deve ser efetuada num local reservado e, sempre que possível, na
presença de alguém da sua confiança e evitar que se ofenda o pudor do visado com a diligência.

15.5 Das buscas


Em regra, as buscas apresentam um carácter de meio de obtenção de prova, arts.174º a 177º e,
excecionalmente, revestem um carácter de medida cautelar e de polícia, art.251º.

As buscar podem classificar-se em buscas domiciliárias e não domiciliárias, sendo que como
medida cautelar e de polícia, a busca é não domiciliária. Se os órgãos de polícia criminal tiverem de
efetuar uma busca domiciliária nos termos do art.174º/5, al. a), sem autorização da autoridade
judiciária – Juiz – a diligência é uma busca domiciliária de cariz excecional e não uma medida
cautelar e de polícia.

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15.6 Da apreensão de correspondência


A apreensão d correspondência tem de ser vista segundo dois prismas: como meio excecional de
obtenção de prova pela ofensa ou restrição de bens jurídicos fundamentais pessoais (reserva a
intimidade da vida privada tutelado pelo direito ao sigilo e inviolabilidade da correspondência,
arts.26 e 43º da CRP e art.179); e como medida cautelar e de polícia de cariz excecional e precária
(art.252º). Esta última, resulta de um ato ordenado ou autorizado pelo juiz, findo o qual devem os
órgãos de policia criminal entregar a correspondência intacta ao respetivo juiz, art.252º/1.

Tratando-se de encomendas ou valores fechados suscetíveis de serem apreendidos, sempre que


tiverem fundadas razões para crer que eles podem conter informações úteis à investigação de um
crime ou conduzir à sua descoberta, e que podem perder-se em caso de demora, os órgãos de
polícia criminal informam do facto, pelo meio mais rápido, o juiz, o qual pode autorizar a sua
abertura imediata, art.252º/2.

No entanto, o nº3 do art.252º ressalva uma situação excecional. Sempre que uma das seguintes
situações abaixo mencionadas se verifique, podem os órgãos de polícia criminal ordenar a
suspensão da remessa de qualquer correspondência nas estações de correios e de
telecomunicações por suspeita de conterem informação útil à investigação de um crime ou à
descoberta da verdade e que, devido à demora da autorização ou ordem de apreensão por parte do
juiz de instrução criminal, poder-se-ia perder (arts. 252º/3 e 179º/1:

1. Um crime punível com pena de prisão superior, no seu máximo, a 3 anos, e;


2. A diligência de revele de grande interesse para a descoberta da verdade ou para a prova.

No entanto, o cariz cautelar da ordem do órgão de polícia criminal reforça-se com a necessidade de
o juiz de instrução criminal convalidar, no prazo máximo de 48h, por despacho fundamentado tal
decisão.

15.7 Da localização celular


O legislador submeteu o regime o regime de localização celular, por força do art.189º/2, ao
preceituado para as escutas telefónicas. Assim, a localização celular vem então prevista no art.252º-
A.

Podem obter dados sobre a localização celular, tanto as autoridades judiciárias como as
autoridades de polícia criminal, art.252º-A/1.

No que respeita aos dados sobre a localização celular, a informação é metida a órgãos distintos,
consoante haja um processo em curso ou não haja nenhum processo em curso. Na primeira
situação, a sua obtenção deve ser comunicada ao juiz no prazo máximo de 48h (art.252º-A/2),
quanto à segunda situação, a comunicação deve ser dirigida ao juiz da sede da entidade competente

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para a investigação criminal (art.252º-A/3). O não cumprimento ou violação do acima referido,


torna nula a obtenção dos dados, art.252º-A/4.

15.8 Do relatório
Os órgãos de polícia criminal, que aplicam medidas cautelares e de polícia – que se destinam à
recolha e conservação da prova antes da intervenção da autoridade judiciária por razões de
urgência face ao perigo de se perderem, podendo ser enquadradas como medidas de prevenção
sujeitos à apreciação e à validação por parte da autoridade judiciária competente -, medidas que
colidem com direitos fundamentais do cidadão, devem, nos termos do art.253º/1, proceder à
elaboração de um relatório do qual deve, sucintamente, constar:

 As investigações levadas a cabo;


 Os resultados obtidos;
 Os factos apurados;
 As provas recolhidas.

Este relatório deve ser remetido ao MP ou ao juiz de instrução, conforme os casos, não devendo
todavia ser confundido com os outros relatórios (comunicação da diligência, art.251º/2;
comunicação da notícia do crime, art.248; ou o relatório final das diligências de investigação da
administração da justiça.

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REQUERIMENTO PARA CONSTITUIÇÃO DE ASSISTENTE (art.68º/1, alínea a, do CPP)

Exmo. Sr. Juiz do Tribunal Judicial de Idanha-a-Nova

Processo nº1250/2013

1º Juízo Criminal

Josefina dos Santos Almeida, queixosa, nos altos à margem referenciados, porque é
ofendida e está em tempo, vem requerer a V. Exa. se digne a admitir a sua intervenção
no processo como assistente.

Junta: procuração forense, documento comprovativo do pagamento de custas judiciais e duplicados


legais.

Mandatário,

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DENÚNCIA POR CRIME PÚBLICO (art.244º do CPP)

Exmo. Sr. Procurador da República do Tribunal Judicial de Castelo Branco

João Madeira, casado, maior, engenheiro, residente na Rua Direita n.º2 freguesia de
Castelo Branco e concelho de Castelo Branco

Vem denunciar criminalmente

Maria Inês Garcia, solteira, maior, pintora, residente na Rua da Igreja, freguesia de
Castelo Branco e concelho de Castelo Branco.

Porquanto,

1. A denunciada é sobrinha do denunciante e vivia na sua residência pelo que entre eles
existia uma profunda relação de confiança e amizade.

2. No dia 15 de setembro de 2013, a denunciada aproveitando essa relação convenceu o


denunciante a subscrever inúmeros documentos alegando que os mesmos se destinavam à
celebração de um contrato mútuo para aquisição de um veículo e que não poderia ser a própria a
subscrever o documento.

3. Nesse momento a denunciada garantiu ao denunciante que depositaria todos os meses


na sua conta a quantia de €300,00 para amortização das referidas prestações.

4. Sendo intenção do denunciante ajudar e considerando o princípio da boa-fé, acordou


com o Banco o referido contrato no valor de €13.000,00 para aquisição de um veículo marca Fiat,
modelo 5.3, que se junta como documento n.º1.

5. O referido veículo foi registado em nome da denunciada e nunca foi visto pelo
denunciante.

6. Em virtude do esquema sagaz, de má-fé e ardiloso “montado” pela denunciada, o


denunciante viu-se obrigado a assumir a responsabilidade de todas as prestações vencidas até à
data sem qualquer vantagem patrimonial, tendo aliás resultado para si enorme prejuízo.

7. A denunciada nunca depositou qualquer quantia afim de amortizar a dívida.

Com esta conduta o denunciante foi e continua a ser seriamente prejudicado e lesado,
motivo pelo qual deseja proceder criminalmente contra Maria Inês Garcia, manifestando-se desde
já o propósito de se constituir assistente e de deduzir o respetivo pedido de indemnização cível.

Testemunhas,

(Nome, estado civil, profissão, morada)


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Junta: 1 documento.

O Denunciante,

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QUEIXA POR CRIME SEMI-PÚBLICO (art.49º do CPP)

Exmo. Sr. Procurador da República do Tribunal Judicial de Idanha-a-Nova

Vasco Mateus, casado, maior, economista, residente na Estrada do Benfica n.º300 em


Lisboa

Vem apresentar queixa contra

Vicente Martins, casado, maior, empreiteiro, residente na Rua das Furnas n.º100 em
Lisboa.

Porquanto,

No dia 2 de setembro de 2013, deslocou-se à residência do queixoso e após uma troca de


palavras desferiu-lhe dois socos no nariz e um forte pontapé no estômago, causando-lhe ferimentos
graves nessas zonas. Em consequência disso o queixoso foi de imediato assistido no Hospital de St.ª
Maria, onde foi ainda submetido a uma intervenção cirúrgica ao nariz que implicou o seu
internamento pelo período de dois dias, sendo obrigado a receber inúmeros tratamentos. O
queixoso deseja proceder criminalmente contra Vicente Martins, manifestando desde já o propósito
de deduzir o respetivo pedido de indemnização cível.

Testemunhas,

(Nome, estado civil, profissão, morada)

Junta: 1 documento.

O Queixoso,

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QUEIXA POR CRIME PARTICULAR (art.50º do CPP)

Exmo. Sr. Procurador da República do Tribunal Judicial da Lourinhã

Bernardo Castelo, casado, maior, gestor de recursos humanos, residente na Rua n.º1
lote 2, em Torres Vedras

Vem apresentar queixa contra

Duarte Afonso Dinis, solteiro, maior, comerciante, residente na Rua da Lourinhã n.º40,
na Lourinhã.

Porquanto,

No dia 15 de Agosto pelas 19:00 horas, o queixoso recebeu um fax com o seguinte
conteúdo: “ A tua mulher anda com todos os homens de Lourinhã e arredores e comigo também.”
Continuou ainda com o seguinte: “Se não fosse um larilas e não andasses metido com o meu irmão,
cortava-te ao meio”.

O referido fax foi lido por várias pessoas antes de chegar ao destinatário. Com o referido
comportamento do acusado, o queixoso foi ofendido na sua honra, dignidade e reputação, pelo que
deseja proceder criminalmente contra o acusado. Mais declara, nos autos, que se irá constituir
assistente.

Testemunhas:

(Nome, estado civil, profissão, morada)

Junta: 1 documento.

O Queixoso,

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DECLARAÇÃO DE DESISTÊNCIA DE QUEIXA (art.116º/2 do CP)

Exmo. Sr. Juiz do Tribunal Judicial de Idanha-a-Nova

Processo nº 179/2012

2º Juízo Criminal

Vasco Maria do Espírito Santo, queixoso nos autos à margem referenciados, vem
apresentar a desistência de queixa contra o arguido João Pedro Madeira, nos termos
do disposto no art.116º do CP.

Junta: Duplicados legais.

O Queixoso,

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POCURAÇÃO COM PODERES ESPECIAIS

Eu, Marta Afonso, solteira, maior, residente na Rua do capelão, Vivenda Martinha, freguesia
da Cedofeita, concelho do Porto, constituo meu bastante procurador o Exmo. Sr. Dr. Joaquim
Chaves, advogado, com domicílio profissional na Rua da Cedofeita nº 2, Porto, a quem confiro os
poderes forenses para que me represente perante qualquer Tribunal e aí defenda e alegue os meus
direitos, bem como os especiais para desistir de queixa.

Castelo Branco, 02 de outubro de 2013

A declarante,

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MANIFESTÇÃO DO PROPÓITO DE DEDUZIR O PEDIDO DE INDEMNIZAÇÃO CÍVEL (art.75º/2


do CPP)

Exmo. Sr. Procurador da República do Tribunal Judicial de Torres Vedras

Processo nº110/2013

1ª Secção dos Serviços do Ministério Público

António José Silveira, queixoso e lesado nos autos à margem referenciados, vem ao
abrigo do disposto do art.75º/2 do CPP manifestar o propósito de deduzir pedido de
indemnização cível.

Junta: Duplicados legais.

O lesado,

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DECLARAÇÃO DE DESISTÊNCIA DO PEDIDO DE INDEMNIZAÇÃO CÍVEL (art.81º, alínea a, do


CPP)

Exmo. Sr. Juiz do Tribunal da Comarca de Torres Vedras

Processo nº110/2013

1ª Secção dos Serviços do Ministério Público

António José Silveira, lesado nos autos à margem identificados, vem nos termos do
art.81º, alínea a, do CPP, desistir do pedido de indemnização cível apresentado contra
o arguido Manuel Vicente.

O lesado,

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(PROPOSTA DE) ACUSAÇÃO PARTICULAR COM PEDIDO DE INDEMNIZAÇÃO CIVIL (art.285º e


77º/1, do CPP)

Exmo. Senhor Procurador da República do Tribunal Judicial da Comarca de Idanha-a-


Nova

Inês Santos, assistente nos autos à margem referenciados, vem, nos termos do
art.285º e 77º/1, do CPP,

DEDUZIR ACUSAÇÃO PARTICULAR E PEDIDO DE INDEMNIZAÇÃO CIVIL, contra

Vasco Mateus, arguido nos presentes autos,

nos termos e com os seguintes fundamentos:

I – DA ACUSAÇÃO PARTICULAR

No dia 1 de outubro de 2013 pelas 22h, no café Idanhense, o arguido dirigiu-se à assistente e sem
que nada o justifica-se disse-lhe em voz alta: “És uma gatuna, uma ladra, chulaste-me e roubaste-me
durante toda a vida, vives às custas dos outros!”.

Tais expressões foram proferidas na presença de todas as pessoas que naquele momento se
encontravam no estabelecimento e que de imediato tomaram consciência do alcance dos factos.

Uma dessas pessoas, o Sr. Isaias dirigiu-se à assistente e disse-lhe: “Nunca, mas nunca pensei que
fosses assim sua grandessíssima cabra!”.

Com o referido comportamento, o arguido ofendeu a assistente, imputando-lhe factos e dirigindo-


lhe palavras que atentam contra a sua honra. Sendo que tais impropérios foram divulgados em toda
a Vila.

A assistente sempre foi uma pessoa respeitada em toda a Vila Idanhense, desenvolvendo até
funções como catequista na paróquia local.

Acontece que a partir daquele dia, todas as pessoas da Vila deixaram de cumprimentar a assistente,
o que lhe causou profunda tristeza.
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Por outro lado, o arguido bem sabia que estava a imputar factos à assistente que não
correspondiam à realidade, considerando que dias antes, nomeadamente dia 16 de setembro
dirigiu-se a casa da assistente pedindo-lhe €5.000,00 que ela prontamente emprestou, após o que
ele disse: “És a minha melhor amiga, a pessoa de quem mais gosto, a mulher da minha vida.”.

O arguido agiu livre e conscientemente, bem sabendo que a sua conduta era proibida por lei.

O arguido cometeu em autoria material e de forma consumada um crime de injúrias, previsto e


definido no art.183º/1, al. a) e b), do CP, deverá o arguido ser punido pelos termos agravados.

II – DO PEDIDO DE INDEMNIZAÇÃO CIVIL

10º

A assistente ora demandada, dá como integralmente reproduzido para todos os efeitos legais, a
acusação particular que consta dos art.1º a 9º da acusação particular do presente articulado.

11º

A demandante sentiu-se profundamente abalada com as expressões que lhe foram dirigias, ficando
inclusive dominada por um sentimento de injustiça e revolta na medida em que tinha grande estima
pelo demandado a quem nunca negou ajuda e auxilio.

12º

Por outro lado, e conforme já foi referido, ela sempre foi respeitada no local onde vive, sendo que a
partir daí todos deixaram de lhe falar, neste sentido terminou a sua vida social.

13º

Tudo isto fez com que a demandante fica-se deprimida e à beira de um esgotamento nervoso.
Clinicamente, foi-lhe diagnosticada uma perturbação do equilíbrio sócio-psiquíco e emocional,
constituindo isso um grave atentado à sua personalidade moral.

14º

Tais danos, não patrimoniais, foram de tal modo graves e extensos que não puderam ser
quantificados em quantia inferior a €15.000,00.

Termos em que deve o arguido ser condenado:

I – Em autoria material e na forma consumada pela prática de um crime de injúria p. e p. pelo


art.181º e 183º/1, al. a) e b), do CP.
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II – Ser julgado provado e procedente o pedido de indemnização civil nos autos formulado,
devendo ser o arguido condenado a pagar ao assistente €15.000,00 a título compensatório
por danos não patrimoniais causados.

Prova Testemunhal:

-(Nome, estado civil, profissão, morada)

-(Nome, estado civil, profissão, morada)

Valor: €15.000,00.

Junta: Duplicados legais.

O Advogado,

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REQUERIMENTO DE ABERTURA DE INSTRUÇÃO POR PARTE DO ARGUIDO

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Castelo Branco

Processo nº 765/2013

1ª Secção do Ministério Público

Nuno Fernandes, arguido nos autos referidos em epígrafe, discordando integralmente


da acusação particular deduzida pelo assistente, vem, ao abrigo do disposto no
art.287º/1, al. a) do CPP,

REQUERER A ABERTURA DE INSTRUÇÃO,

nos termos e com os seguintes fundamentos:

O arguido vem acusado da prática, em concurso real, de um crime de ofensa a pessoa coletiva, p. e
p., pelo art.187º, e de um crime de difamação, p. e p., pelo art.180º, ambos do CP.

Tal acusação assenta, única e exclusivamente, no conteúdo do fax enviado pelo arguido para a sede
da assistente, no dia 3 de novembro de 2013, o qual consta dos presentes autos a fls 2.

No referido fax o arguido limitou-se a reclamar dos termos em que foi negociada a compra e venda
de um veículo automóvel, bem como a solicitar algumas informações.

I – DO CRIME DE DIFAMAÇÃO

No que diz respeito ao crime de difamação, importa referir que a assistente (a empresa
“Automobilix, LDA.” Não é titular dos interesses que a lei especialmente quis proteger com a
incriminação.

Pelo que, nos termos do art.68º/1, al. a), do CPP, não tinha legitimidade para se constituir como tal
e, consequentemente, para deduzir acusação particular (art.50º/1, do CPP).


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Com efeito, as pessoas coletivas não podem ser sujeito passivo do crime de difamação, já que a
tutela penal do seu bom nome ou reputação esgota-se com o art.187º, do CP, neste sentido, os
Acórdãos da Relação do Porto, de 02.10.2002 in www.dgsi.pt (Proc. nº0141459) e de 01.07.2004 in
www.dgsi.pt (Proc. nº0343089).

Sem prescindir e caso assim não se entenda, diga-se que o arguido não praticou qualquer facto
susceptível de preencher aquele tipo legal.

Isto porque, no fax que deu origem ao processo e em que assenta a acusação particular, não
proferiu qualquer expressão que constitua ofensa à honra e consideração da assistente.

Pelo exposto, não estão preenchidos os elementos do tipo legal de crime de difamação, p. e p., pelo
art.180º, do CP.

II – DO CRIME DE OFENSA A ORGANISMO, SERVIÇO OU PESSOA COLETIVA

10º

Nos termos do art.187º/1, do CP, os elementos do tipo de crime de ofensa a organismo, serviço ou
pessoa colectiva são os seguintes:

a) Afirmação ou prolação de factos inverídicos;


b) Factos esses que se mostrem capazes de ofender a credibilidade, o prestígio ou a confiança
que sejam derivados a organismo ou serviço que exerçam autoridade pública, pessoa
colectiva, instituição ou corporação, e;
c) O agente não tenha fundamento para, em boa fé, reputar verdadeiros tais factos.

11º

No que diz respeito ao primeiro elemento, resulta inequívoco que o arguido, no fax em causa “não
propalou factos inverídicos, não correspondentes à realidade”, despacho do Ministério Público de
não acompanhamento da acusação a fls. 4.

12º

Na realidade e conforme já referimos, o arguido limitou-se a relatar todo o processo a que foi
submetido para aquisição do veículo, bem como, a solicitar algumas informações.

13º

Quanto ao segundo elemento, convém referir que a “idoneidade ou capacidade de violação à


credibilidade, prestígio ou confiança mede-se por um parâmetro que se apoia na compreensão que
um normal diligente homem comum tenha da problemática.”, FARIA COSTA in “Comentário
Conimbricense do Código Penal”, Tomo I, Coimbra Editora, 1999, p.680.
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14º

Ora, nenhum dos factos que constam do fax sub iudice são idóneos a produzir efeitos negativos na
credibilidade, prestígio ou confiança da assistente.

15º

O mesmo poderá, em certa medida, ser entendido como uma manifestação de um legítimo direito
de crítica, FARIA COSTA in “Comentário…”, p.681.

16º

Em relação ao terceiro elemento, o seu preenchimento fica prejudicado pelo não preenchimento do
primeiro.

17º

Assim, não estão preenchidos os elementos do tipo lega de crime de ofensa a organismo, serviço ou
pessoa colectiva, p. e p., pelo art,187º, do CP.

18º

Pelo exposto não restam dúvidas que o arguido não praticou nenhum dos crimes de que vem
acusado.

Termos em que e nos demais de direito requer a V. Exa. seja declarada a abertura de instrução e,
consequentemente, proferido despacho de não pronúncia do arguido pelos crimes de que vem
acusado.

Junta: Procuração forense, duplicados e cópias legais.

O Defensor,

_____________________________________
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REQUERIMENTO PARA CONSTITUIÇÃO DE ASSISTENTE E ABRETURA DE INSTRUÇÃO

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Castelo Branco

Processo nº 765/2013

1ª Secção do Ministério Público

Frederico Santos, ofendido melhor identificado nos autos acima designados,


discordando integralmente do despacho de arquivamento, vem, de acordo com o
disposto nos arts.68º/3, al. b) e 287º/1, al. b), ambos do CP,

REQUERER A CONSTITUIÇÃO DE ASSISTENTE E A ABERTURA DE INSTRUÇÃO,

nos termos e com os seguintes fundamentos:

I – DA CONSTITUIÇÃO DE ASSISTENTE

O denunciante, porque é ofendido e está em tempo, requer seja admitida a sua constituição como
assistente nos presentes autos.

II – DA ABERTURA DE INSTRUÇÃO

Os presentes autos foram arquivados, porquanto o comportamento do arguido alegadamente “É


insuscetível de integrar a prática dos tipos incriminadores em referência” (burla qualificada e
falsificação de documentos).

Salvo o devido respeito discordamos em absoluto de tal decisão.

Vejamos os factos alegados na participação do ora assistente que, grosso modo, estão demostrados
nos documentos juntos aos autos.

a) O assistente no exercício da sua atividade comercial vendeu à empresa “Computarola,


Lda.”, material elétrico;
b) O arguido João Nunes era sócio-gerente da referida empresa, atuando sempre com o seu
único representante nas relações comerciais com o assistente;
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c) Em 2012, a sociedade “Cabitos Elétricos, Lda.” foi dissolvida e encerrada a respetiva


liquidação (cópia da certidão da Conservatória do Registo Comercial junta aos autos);
d) Tendo sido liquidatário o arguido;
e) A ata de dissolução contém a assinatura dos dois sócios-gerentes da sociedade “Cabitos
Elétricos, Lda.”;
f) O sócio-gerente, Ricardo Bento, confirmou que nunca assinou aquela ata (depoimento a
fls.25);
g) Assim, a assinatura aí posta é falsa;
h) Apenas o arguido tinha acesso aos documentos da sociedade (depoimento a fls.25);
i) Foi o arguido quem apresentou a dissolução e liquidação para registo;
j) Por outro lado, o arguido, apesar de saber perfeitamente que a sociedade “Cabitos
Elétricos, Lda.” Havia sido dissolvida, aceitou, na qualidade de sócio-gerente da mesma, 2
letras de câmbio (juntas na denúncia como docs. nº2 e 3), que se discriminam:

-Letra de câmbio nº1 (doc. nº2)/emitida em 24.06.2012/ no avlor de €2.300,00;

-Letra de câmbio nº2 (doc. nº3)/emitida em 25.06.2012/ no avlor de €1.500,00;

k) Tais letras visavam garantir o pagamento de material fornecido pelo assistente à sociedade
“Cabitos Elétricos, Lda.”;
l) As referidas letras de câmbio foram aceites pelo arguido depois de dissolvida a sociedade
“Cabitos Elétricos, Lda.”;
m) No momento em que lhe foram entregues as letras em causa, o assistente não sabia, nem
sequer suspeitava ou podia suspeitar que a sociedade “Cabitos Elétricos, Lda.” estava
dissolvida;
n) Com o referido comportamento, o arguido procurou causar o assistente em prejuízo
patrimonial, pelo menos igual ao valor das letras, mais precisamente a quantia de
€3.800,00;
o) Com efeito, o arguido sabia que ao aceitar as letras de câmbio, na qualidade de
representante de uma sociedade que estava dissolvida e que não tinha personalidade
jurídica, estava a frustrar o crédito do participante que as letras visavam tutelar.

II – DA ABERTURA DE INSTRUÇÃO

Os elementos do crime de burla, previstos no art.217º, do CP, são:

a) O uso de erro ou engano sobre os factos, astuciosamente provocado;


b) Para determinar outrem à prática de atos que lhe causem, ou a terceiro, prejuízo
patrimonial;
c) Intenção de obter para si ou para terceiro enriquecimento ilegítimo, LEAL-HENRIQUES/
SIMAS SANTOS in “Código Penal”, 2ª edição, volume II, Rei dos Livros, 1997, p.537.
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A realização objetiva do ilícito pressupõe, desde logo, a existência de uma situação de erro ou
engano, astuciosamente provocada.

Segundo o entendimento de JOSÉ ANTÓNIO BARREIROS in “Crimes contra o património”,


Universidade Lusíada, 1996, p.165, “Haverá, para que da astúcia se possa falar, de ocorrer uma
atuação engenhosa da parte do agente do crime, algo ao nível do estratagema ardiloso, da
encenação orientada a ludibriar”.

Tal engenho astucioso está inequivocamente demonstrado nos presentes autos.

Não podem restar quaisquer dúvidas de que o arguido, ao aceitar as 2 letras de câmbio em causa
nos autos, depois de haver dissolvido a sociedade “Cabitos Elétricos, Lda.”, agiu com intenção de
enganar o assistente.

10º

De facto, com essa conduta o arguido sabia que estava a frustrar, astuciosamente, o crédito do
assistente na medida em que a referida sociedade, estando dissolvida, não gozava, nem goza, de
personalidade jurídica e muito menos de capacidade judiciária.

11º

Assim e ao contrário do alegado no despacho de arquivamento, o assistente, enquanto legítimo


portador dos títulos de crédito em causa, não tinha (nem tem) ao seu alcance os meios judiciais
competentes para exercer o direito cartular que os aludidos títulos conferem, mais precisamente a
ação cambiária direta, dado que a aceitante foi extinta.

12º

Como é lógico, o assistente não poderia, nem poderá, intentar nenhuma ação judicial contra uma
pessoa juridicamente inexistente.

13º

Sublinhe-se que o arguido ao aceitar as letras em representação de uma sociedade dissolvida,


sabendo que o assistente não tinha nem podia ter conhecimento de tal facto, constituiu um crédito
insuscetível de efetivação.

14º

Aliás, importa realçar que até à presente data as letras em causa não foram pagas.
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15º

O comportamento do arguido revela ainda uma conduta desleal inadmissível no comércio jurídico,
violadora dos ditames de boa fé e que consubstancia “o desvalor característico do ilícito da burla,
integrando nessa medida, a expressão acabada do conteúdo de previsão do art.217º”, ALMEDINA
COSTA in “Comentário Conimbricense do Código Penal”, Tomo II, Coimbra Editora, 1999, p.300.

16º

Paralelamente, o arguido ao aceitar, em representação da sociedade “Cabitos Elétricos, Lda.”, as 2


letras de câmbio sub iudice, sabendo que a mesma já estava dissolvida e que, consequentemente,
não poderia cumprir a obrigações cambiárias daí decorrentes, cometeu burla por atos
concludentes.

17º

Conforme refere ALEMIDA COSTA, ob. cit., p304, reportando-se à conclusão de um negócio, “se uma
das partes se abstiver de declarar que não se encontra em condições de o cumprir, comete burla
por atos concludentes, uma vez que a celebração de um negócio leva implicada a afirmação de que
qualquer dos intervenientes tem a possibilidade de satisfazer as obrigações dele emergentes”.

18º

Destarte, não restam dúvidas que o arguido praticou o crime de burla qualificada, p. e p., pelos
arts.217º e 218, do CP.

19º

Para além do crime de burla qualificada, tudo indica que o arguido terá praticado o crime de
falsificação de documento.

20º

Com efeito, a ata de dissolução da sociedade “Cabitos Elétricos, Lda.” Contém a assinatura dos dois
sócios gerentes da sociedade “Cabitos Elétricos, Lda.”.

21º

Sucede que o sócio-gerente Ricardo Bento confirmou que nunca assinou aquela ata (depoimento a
fls.25).

22º

Por outro lado, apenas o arguido tinha acesso aos documentos da sociedade, tendo apresentado a
dissolução e a liquidação para registo (depoimento a fls.25).

23º

Pelo exposto tudo indica que o arguido terá falsificado a assinatura do sócio-gerente Ricardo Bento,
incorrendo, assim, na prática do crime de falsificação de documentos, p. e p., pelo art.256º, do CP.
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Termos em que e nos demais de direito requer a V. Exa.:

I – Seja admitida a constituição de assistente e

II – Seja declarada a abertura de instrução e, em consequência, proferido despacho de pronúncia do


participado pela prática dos crimes de burla qualificada e de falsificação de documentos.

Junta: Comprovativos do pagamento das taxas de justiça, duplicados e cópias legais.

O Advogado com procuração nos autos,

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(PROPOSTA DE) CONTESTAÇÃO CRIMINAL (art.315º, do CPP)

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco

Processo nº 800/2013

2º Juízo Criminal

Tiago Mateus, arguido nos autos à margem identificados, vem, nos termos do art.315º,
do CPP,

APRESENTAR A SUA CONTESTAÇÃO,

nos termos e com os seguintes fundamentos:

O arguido vem acusado da prática do crime de dano, p. e p., pelo art212º, do CP, porquanto,
alegadamente, no dia 12.03.2013, pelas 14:40, após uma discussão no trânsito, dirigiu-se ao veículo
do assistente e, munido de um taco de baseball, desferiu no mesmo inúmeras pancadas no pára-
brisas e no tejadilho, provocando-lhe, em consequência, um prejuízo orçamentado em €2.000,00.

Salvo o devido respeito é falso o que consta da acusação.

Na verdade, nesse dia, o assistente, que se encontrava parado na faixa de rodagem da Rua Dom
Quixote, desta comarca, depois de ter sido alertado para o facto de estar a perturbar a circulação
naquela via, disse ao arguido o seguinte: “Quero lá saber, até parece que a via é tua, mete-te na tua
vida”.

De seguida, o arguido continuou a sua marcha, desconsiderando, em absoluto, o que lhe disse o
assistente.

Pelo exposto, o arguido não cometeu o crime de dano de que vem acusado, pelo que deve ser
absolvido do mesmo.

Termos em que e nos demais de direito deve o arguido ser absolvido da prática do crime de
dano de que vem acusado.
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Prova:

Indica as seguintes testemunhas:

- Helena Viegas, taxista, casada, residente na Rua do Sol, nº8, 5ºandar, desta comarca.

- António Maria, motorista, solteiro, residente na Rua Augusta, vivenda A, desta comarca.

- Carlos Alberto, professor, casado, residente na Avenida da Igreja, nº2, 1ºEsq, desta comarca.

- Alzira Pacheco, comerciante, casada, residente na Rua Vicente Borga, nº44, 1ºandar, desta
comarca.

As duas últimas na qualidade de testemunhas abonatórias

Junta: Duplicados legais.

O Defensor,

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(PROPOSTA DE) REQUERIMENTO PARA ALTERAÇÃO DO ROL DE TESTEMUNHAS (art.316º, do


CPP)

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco

Processo nº 120/2013

2º Juízo Criminal

Maria Frazão, arguida nos autos à margem identificados, por estar em tempo, vem, ao
abrigo do disposto no art.316º, do CPP,

ALTERAR O ROL DE TESTEMUNHAS, requerendo a inquirição de:

- João Paixão, motorista, residente na Rua de São Bento, nº78, 2ºandar, desta comarca.

- Miguel Pimenta, eletricista, residente na Rua de Berlim, vivenda 9, desta comarca.

Prescindir da inquirição de:

- Ana Vicente, vendedora, residente na Rua da Madalena, Vivenda Joaquim, desta comarca.

Junta: Duplicados legais.

O Defensor,

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(PROPOSTA DE) REQUERIMENTO DE PROVA (art.340º, do CPP)

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco

Processo nº 98/2013

1º Juízo Criminal

Rita Garcia, arguida nos autos à margem identificados, vem, ao abrigo do disposto no
art.340º, do CPP, porquanto se afigura necessário à descoberta da verdade e à boa
decisão da causa:

1. Juntar fotografias do local do sinistro;

2. Requerer exame no local onde ocorreu o acidente;

3. Arrolar, a fim de serem inquiridas em sede de audiência de discussão e julgamento, as


seguintes testemunhas;

- Joana Domingues, vendedora, residente na Rua do Grão, nº23, 1ºandar, desta comarca.

- Vitor Esteves, feirante, residente na Rua José Alves, nº12, 2ºDrt, desta comarca.

Junta: 11 documentos, cópias e duplicados legais.

O Defensor,

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CONTESTAÇÃO

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal Castelo Branco

Processo nº 98/2013

1º Juízo Criminal

Guilherme Antunes, arguido nos autos à margem identificados, vem, nos termos do
art.315º, do CPP,

APRESENTA A SUA CONTESTAÇÃO

Nos termos e com os seguintes fundamentos:

O arguido vem acusado da prática do crime de maus tratos a cônjuge, p. e p., pelo art.152º, nº2, do
CP.

Salvo o devido respeito é falso o que consta da acusação.

Conforme podemos constatar pelos depoimentos prestados pelas testemunhas, fls.21 e fls.25, as
quais, curiosamente, não constam do rol da acusação, o arguido nunca agrediu a ofendida.

Aliás, o arguido é que tem vindo a ser agredido e insultado pela ofendida nos últimos tempos.

O arguido é uma pessoa pacífica e sempre foi um bom pai de família.

Termos em que deve o arguido ser absolvido da prática do crime de mais tratos a cônjuge e que
vem acusado, bem como, do respectivo pedido de indemnização civil.

Testemunhas:

(Nome, estado civil, profissão, morada)


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Junta: Procuração forense, duplicados e cópias legais.

O Defensor,

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REQUERIMENTO DE SUBSTITUIÇÃO DE CAUÇÃO POR OBRIGAÇÃO DE APRESENTAÇÃO


PERIÓDICA

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal Castelo Branco

Processo nº 98/2013

1º Juízo Criminal

António Farias, arguido nos autos mencionados em epígrafe, vem, ao abrigo do


disposto no nº2, do art.197º, do CPP, requerer a substituição de caução por obrigação
de apresentação periódica, nos termos e com os seguintes fundamentos:

De acordo com o despacho a fls.15, ao arguido foi imposta a medida de obrigação de prestar caução
no montante de €15.500,00.

Sucede que, em virtude da sua atual situação sócio-económica, não tem possibilidades para cumprir
tal obrigação.

De facto, o arguido sofreu um grave acidente de viação, encontrando-se neste momento numa
situação de absoluta incapacidade para o trabalho (cfr. relatório médico junto como doc. nº1).

Em consequência, o arguido não aufere, nesta data, qualquer rendimento.

O arguido vive com a sua mulher e a filha menor de ambos.

A sua mulher aufere apenas a quantia de €485,00 (crf. recibo de vencimento junto como doc. nº2).

O casal tem a seu cargo as seguintes despesas mensais:

Eletricidade……………………………………………... €60,00………………... (doc. nº3)

Telefone…………………………………………………... €25,00………………... (doc. nº4)

Água………………………………………………………… €42,00………………... (doc. nº5)


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Gás………………………………………………………. €40,00………………... (doc. nº6)

Prestação do empréstimo para habitação….. €250,00……………… (doc. nº7)

Nesta data, o arguido e o seu agregado familiar dependem única e exclusivamente do parco
rendimento da mulher daquele.

Pelo exposto, em virtude da atual situação económico-financeira, o arguido encontra-se


absolutamente impossibilitado de prestar a caução que lhe foi imposta.

Termos em que requer a V. Exa. se digne substituir a obrigação de prestar caução, pela obrigação de
apresentação periódica em autoridade policial.

Junta: 7 documentos, duplicados e cópias legais.

O Defensor,

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REQUERIMENTO DE REVOGAÇÃO DA MEDIDA DE OBRIGAÇÃO DE PERMANÊNCIA NA


HABITAÇÃO

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal Lisboa

Processo nº 120/2013

1º Juízo Criminal

Gustavo Salavessa, arguido nos autos à margem referidos, vem, ao abrigo dos disposto
na al. b), do nº1, do 212º, do CPP, requerer a revogação da medida de coação de
obrigação de permanência na habitação que lhe foi aplicada, nos termos e com os
seguintes fundamentos:

Conforme consta do despacho a fls25, ao arguido foi aplicada a medida de obrigação de


permanência na habitação, com base na existência de eventual perigo de fuga.

Acontece que, tal perigo deixou, nesta data, de se verificar.

Com efeito, desde a data em que lhe foi aplicada a referida medida verificaram-se um conjunto de
factos que afastam aquele perigo.

Senão vejamos,

Em abril, nasceu o terceiro filho do arguido, o qual tem sido por si acompanhado.

Na verdade e uma vez que a mulher do arguido trabalha fora de casa, tem sido este a prestar toda a
assistência ao referido filho recém nascido.

Por outro lado e apesar da medida aplicada, o arguido mantém toda a ligação com os seus amigos e
familiares, os quais visitam-no com muita frequência.

Acresce ainda que o arguido, enquanto pintor, tem recebido bastantes solicitações de trabalho,
tendo, neste momento, encomendas para 4 quadros e 3 serigrafias.


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Finalmente refira-se, ainda, que o arguido tem prestado toda a colaboração no âmbito do presente
processo.

Pelo exposto, deve a medida de obrigação de permanência na habitação aplicada ao arguido ser
revogada ou substituída por outra medida de coação menos gravosa, uma vez que deixaram de se
verificar as circunstâncias que justificaram a sua aplicação.

Termos em que requer a V. Exa. se digne a revogar a medida de coação de obrigação de


permanência na habitação aplicada ao arguido ou ordenar a sai substituição por outra de menor
gravidade.

Junta: Duplicados legais.

A Defensora,

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REQUERIMENTO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal Lisboa

Processo nº 300/2013

2º Juízo Criminal

Cristiano Silva, arguido nos autos à margem mencionados, vem, ao abrigo dos disposto
na al. b), do nº1, do 212º, do CPP, requerer a revogação da medida de coação de prisão
preventiva que lhe foi aplicada, nos termos e com os seguintes fundamentos:

Por despacho a fls25, ao arguido foi aplicada a medida de coação de prisão preventiva, com base na
existência de perigo de continuação da atividade criminosa (al. c), do art.204).

Para o efeito foram invocados, designadamente, os seguintes factos:

“ a) Que o arguido não estava integrado do ponto de vista social e familiar;

b) Que o arguido estava desempregado;

c) Que o arguido não tinha emprego estável há mais de cinco anos.”

Acontece que, nesta data, existem elementos que permitem concluir que não existe perigo de
continuação de atividade criminosa.

Senão vejamos,

O arguido tem sido, frequentemente, visitado no estabelecimento prisional onde se encontra, pelo
seu filho e pelos seus pais (cfr. registos de presenças que se juntam como docs. nºs1 e 2).

Aliás o filho do arguido encontra-se psicologicamente afetado pela ausência do pai (cfr. relatório do
pedopsiquiatra que se junta como doc. nº3).

Por outro lado, o arguido tem neste momento uma oferta de emprego da empresa João e filhos, Lda.,
para trabalhar como serralheiro, profissão que exerceu durante 20 anos (cfr. declaração da
empresa António e Construções, Lda., que se junta como doc. nº4).


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Desde o momento em que deu entrada no estabelecimento prisional, o arguido tem assumido um
comportamento exemplar, revelando um enorme desejo de regressar à sua vida familiar e social.

Pelo exposto, deve a medida de coação de prisão preventiva ser revogada ou ser substituída por
outra medida de coacção menos gravosa, uma vez que deixaram de se verificar as circunstâncias
que justificaram a sua aplicação.

Para fundamentar a decisão de revogação ora pedida, o arguido requer seja solicitada a elaboração
de perícia sobre a sua personalidade e de relatório social, dando, desde já, o respetivo
consentimento para a sua realização.

Termos em que requer a V. Exa. se digne:

I – Revogar a medida de coação de prisão preventiva ou odenar a sua substituição por outra de
menor gravidade;

II – A fim de fundamentar a decisão de revogação ora pedida, solicitar a elaboração de perícia sobre
a personalidade do arguido e de relatório social, dando, desde já, o respetivo consentimento para a
sua realização.

Junta: 4 documentos e duplicados e cópias legais.

A Defensora,

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REQUERIMENTO PARA PAGAMENTO DA MULTA EM PRESTAÇÕES (art.47/3, do CP)

Exmo. Senhor Juiz do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa

Processo nº 560/2013

2º Juízo Criminal

João Nunes, arguido nos autos à margem identificados, vem, nos termos do art.47º/3,
do CP, requerer a V. Exa. o

PAGAMENTO EM PRESTAÇÕES DA MULTA APLICADA,

nos termos e com os seguintes fundamentos:

O arguido foi condenado na pena de 75 dias de multa à taxa diária de €4,00, o que perfaz o total de
€300,00.

O arguido trabalha para a empresa Auchan, auferindo a quantia mensal de €750,00, a título de
retribuição base (cfr. doc. nº1).

Vive com a sua mulher, que é doméstica, e um filho menor.

Não beneficiam de quaisquer outros rendimentos.

Pagam uma prestação mensal de €300,00, referente a um empréstimo para obras (cfr. doc. nº2).

Têm, ainda, a seu cargo as seguintes despensas mensais:

a) Telefone - €20,00 (cfr. doc. nº3);


b) Água - €18,04 (cfr. doc. nº4);
c) Eletricidade - €30,00 (cfr. doc. nº5);
d) Gás - €30,00 (cfr. doc. nº6).

A que acrescem as despesas básicas com o vestuário e alimentação.


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Não restam dúvidas que o vencimento que aufere é manifestamente exíguo face às referidas
despesas.

Assim, a sua situação económica e financeira justifica que lhe seja facultada a possibilidade de pagar
a multa em que foi condenado em 4 prestações mensais, no valor de €75,00 cada.

Termos em que e nos demais de direito requer a V. Exa. seja facultada ao arguido a possibilidade de
pagar a multa em que foi condenado em 4 prestações mensais, no valor de €75,00 cada.

Junta: 6 documentos e duplicados e cópias legais.

O Defensor,

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Casos Práticos
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Caso Prático 1

No dia 1 de outubro de 2013 pelas 21h, ao sair do Fórum de Castelo Branco, Vicentina Barros foi
abordada por uma senhora cuja idade estaria entre os 30 e os 40 anos e se fazia acompanhar por
uma criança de colo pedindo-lhe dinheiro para alimentar a menina. Vicentina que se encontrava de
braço ao peito, temendo alguma reação mais ofensiva começou em voz alta a gritar: “Afaste-se, saia
daqui, não tenho nada!”. A presumível assaltante de nome Bernadete apresentava sinais de
toxicodependência e repentinamente, sem que nada o fizesse prever tirou uma arma branca da
carteira e desferiu-lhe um golpe na perna. Tendo de seguida fugido numa mota que se encontrava à
sua espera. Porem mesmo ao pé do veículo de Vicentina ainda lhe deixou uma série de riscos no
carro quando se apercebeu que não ia lograr os seus intentos.

Quid iuris?
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Caso Prático 2

No dia 29 de agosto de 2013, Bernardo reparou que na sua conta bancária não tinha dado entrada
40.000€ referentes a uma indemnização decorrente de uma sentença judicial. Com efeito, tinha sido
notificado que esse mesmo valor foi depositado na conta do seu mandatário há já algum tempo.
Tendo desenvolvido várias diligências no sentido de o contactar, ligou-lhe de imediato e recebeu
como resposta o seguinte: “ Esqueça o dinheirinho, pois talvez nem chegue para pagar honorários,
afinal o que tinha pedido foi pouco e já que você recebeu este valor, é todo para mim. Passe bem!”.

Tendo Bernardo ficado de cabeça perdida, resolveu ir a casa pegar na arma (pois também era
caçador) e dirigiu-se ao escritório do seu mandatário. Ao deparar-se com ele disparou dois tiros
certeiros nas pernas, que o deixaram paraplégico.

Quid iuris?
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Caso Prático 3

Imagine-se que no fim-de-semana passado, numa discoteca em Castelo Branco deu-se a seguinte
ocorrência. Bernardo Bernardino fazia-se acompanhar de uns amigos no bar “Pipas”, com efeito
apresentava-se alterado e com evidentes sinais de consumo excessivo de álcool e estupefacientes.
Tendo chegado ao local, outro grupo onde estava Vasco Vicente, começou este a proferir contra
Bernardo: “Estás completamente drogado e bêbado. Às tantas ainda vieste a conduzir! Vou chamar
a polícia para te por em ordem”. Bernardo não reagiu, bem como nenhum dos outros elementos do
grupo. Mas quando saiu do bar teve que ser amparado, pois já não conseguia andar. Apenas trazia a
chave do carro na mão e preparava-se para conduzir. Entretanto, deparou-se com dois agentes as
PSP que quando viram que tratar-se do filho de um colega nada fizeram e deixaram-no ir. Vasco
Vicente, não se conformando com a não intervenção dos agentes da PSP resolveu atuar em
conformidade.

Quid iuris?
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Caso Prático 4

Imagine que Pedro Roberto foi condenado a uma pena de prisão de 21 anos por homicídio da
namorada. O acórdão transitou em julgado e Pedro pretende recorrer.

Qual o recurso que deverá interpor?


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Caso Prático 5

Imagine que Inês Garcia pretendia em fase de instrução aditar ao rol 5 novas testemunhas. O juiz
indeferiu por ser véspera da audiência de discussão e julgamento. Poderia Inês interpor algum
recurso?

Quid iuris?
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Caso Prático 6

Vasco Vicente, solicitador, foi acusado por um cliente de se ter apropriado de bens que lhe
pertenciam (jóias, peças de arte valiosas e uma grande quantidade de ouro), na medida em que esse
cliente lhe terá ficado a dever cerca de 8.000€ a título de honorários. Indignado apresentou queixa
por furto na PSP e enviou em simultâneo, denúncia da ocorrência à Câmara dos Solicitadores. Um
agente da PSP, seu grande amigo, decidiu dirigir-se ao escritório do solicitador durante a
madrugada a fim de proceder à respetiva busca do material alegadamente furtado. Quando o
solicitador chegou ao local, pelas 9h, os dois encontravam-se à sua espera e o agente da PSP despiu-
o publicamente de forma a tentar encontrar algo mais.

Quid iuris?

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