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Procedimento e Processo Tributário

Licenciatura em Contabilidade

Ano Lectivo 2017-2018


Introdução
As Garantias dos Contribuintes
Introdução
As Garantias dos Contribuintes – Garantias Administrativas

A) Garantias administrativas não impugnatórias

1. O direito à informação – art. 268, n.º 1 da CRP


• O direito de acesso aos processos, arquivos e registos administrativos (art.
268.°, n.° 2, CRP)
• O direito ao esclarecimento em tempo útil das dúvidas de interpretação,
integração e aplicação das normas tributárias (art. 59.°, n.° 3, al. f) da LGT)
• O direito à informação sobre a fase em que se encontra o procedimento e a
data previsível da sua conclusão (art. 67.°, n.° 1, al. a), da LGT)
• O direito à notificação dos actos tributários produtores de efeitos jurídicos
nos particulares (art. 268.°, n.° 3, da CRP e 35.º e ss. do CPPT)
• O direito à fundamentação desses mesmos actos, quando afectem direitos
ou interesses legalmente protegidos (art. 268.°, n.° 3, CRP)
• O direito à informação prévia, vinculativa para a AT (arts. 68.° da LGT e 57.°
do CPPT)
• (…)
Introdução
As Garantias dos Contribuintes – Garantias Administrativas

A) Garantias administrativas não impugnatórias

2. O direito de participação – art. 267º, n.º 1 da CRP e 60º, n.º 1 da LGT

• Objectivo: garantir a possibilidade de os interessados terem a faculdade de


intervir no procedimento tributário

• Uma das formas de participação do contribuinte no procedimento é através


da respectiva audição prévia. Este direito do SP só pode ser dispensado
pela AT nos casos de auto-liquidação ou de decisão favorável ao contribuinte
(art.60 nº 2 LGT).

• O SP é obrigado a participar nos casos de aplicação de "medidas antiabuso"


(art. 63.°, n.° 4, do CPPT) ou de revisão da matéria tributável fixada por
métodos indirectos (art. 92.°, n.° 1, da LGT)
Introdução
As Garantias dos Contribuintes – Garantias Administrativas
B) Garantias administrativas impugnatórias

1. A Reclamação Graciosa – art. 68º e ss CPPT

• A reclamação graciosa é um meio impugnatório mediante o qual o SP requer


a anulação de um acto tributário, com fundamento em qualquer ilegalidade.

• Regra geral, a reclamação é facultativa, mas há situações em que é


necessária para deduzir a impugnação judicial:

 erro na autoliquidação (art. 131, n. 1 e 2, CPPT);

 erro na retenção na fonte(art.132,n.3 e 5, CPPT);

 erro nos pagamentos por conta (art. 133, n. 2 e 3, do CPPT);

 erro em matéria de classificação pautal, origem ou valor aduaneiro das


mercadorias (art. 133-A do CPPT);

 erro na quantificação da matéria tributável ou nos pressupostos de


aplicação dos métodos indirectos (art. 117.°, n.° 1, do CPPT).
Introdução
As Garantias dos Contribuintes – Garantias Administrativas

B) Garantias administrativas impugnatórias

2. O Recurso Hierárquico – arts. 66º e 67º do CPPT

• Traduz-se na possibilidade de impugnação do acto junto do superior


hierárquico do agente que o praticou, essencialmente com fundamento no
mérito do acto

• Os recursos hierárquicos são dirigidos ao mais elevado superior hierárquico


do autor do acto (art. 66.°, n.º 2 CPPT) ou à entidade em quem ele tenha
delegado essa competência.
Introdução
As Garantias dos Contribuintes – Garantias não
administrativas
Garantias jurisdicionais

• O direito de acção judicial (art. 96.°, n.°1, LGT)


Consiste na possibilidade de propor, junto de um tribunal, uma acção
destinada a proteger determinada posição jurídica resultante de normas
substantivas

• O direito de oposição à execução (art. 204.º do CPPT)


Exemplo: Oposição à Execução Fiscal

• O direito de recurso jurisdicional (art. 279.º CPPT)


Meio de impugnação junto dos tribunais superiores das decisões dos
tribunais inferiores com o objectivo de modificar a decisão recorrida
Parte I
O Procedimento Tributário

Ano Lectivo 2013-2014


Parte I – O Procedimento Tributário
As fases do procedimento
Parte I – O Procedimento Tributário
As fases do procedimento

1. A fase da iniciativa

É a fase do impulso procedimental, da iniciativa da AT ou do contribuinte,


prevista nos arts.69º e 70º da LGT
Parte I – O Procedimento Tributário
As fases do procedimento

1. A fase da iniciativa

• Iniciativa administrativa/não administrativa : É a fase do impulso procedimental


que pode ser da iniciativa da Autoridade tributária ou do contribuinte.
 Ex. de procedimento de iniciativa administrativa: o procedimento de orientações
genéricas (art. 55.° CPPT)
 Ex. de procedimento da iniciativa dos contribuintes: a reclamação graciosa (art. 68.º e
seg. do CPPT)

A iniciativa administrativa pode ser :


• oficiosa - O impulso procedimental não está subordinado à vontade da AT .
Resulta da lei
• ou não oficiosa
 Ex. da oficiosa: o procedimento de aplicação de métodos indirectos de tributação.
.Não oficiosa - O impulso procedimental está subordinado à vontade da AT .
 Ex. da não oficiosa: a revisão do acto tributário por iniciativa da AT a pedido do
contribuinte (cfr. art. 78.° da LGT)
Parte I – O Procedimento Tributário
As fases do procedimento

2. Fase Instrutória

• Os interessados procurarão trazer os elementos de prova necessários e fixar


os interesses de cada um (art. 71.º e ss da LGT)

• O órgão instrutor pode utilizar todos os meios de prova admitidos em direito


(art. 72.° da LGT): promover a realização de perícias ou inspecções, visitas a
locais determinados, etc.

• “O ónus da prova dos factos constitutivos dos direitos da AT ou dos


contribuintes recai sobre quem os invoque“ (n.° 1 do art. 74.° da LGT)

• “Presumem-se verdadeiras e de boa-fé as declarações dos contribuintes e


os dados e apuramentos inscritos na sua contabilidade ou escrita, quando
organizadas de acordo com a legislação comercial e fiscal" (art. 75.°, 1 LGT)

• O art. 53º do CPPT impõe que esta fase do procedimento decorra de forma
célere
Parte I – O Procedimento Tributário
As fases do procedimento

3. Fase Decisória
Parte I – O Procedimento Tributário
As fases do procedimento

3. Fase Decisória

• Por regra, o procedimento está subordinado a um princípio geral de


obrigatoriedade de decisão (art. 56.°, n.° l, da LGT)
No entanto, existem situações em que a AT não está obrigada a decidir (art.
56º, n.º 2 LGT)

• Antes da tomada de decisão, o interessado deve ser ouvido – art. 60º, n.º 4
a 6 da LGT
Parte I – O Procedimento Tributário
As fases do procedimento

3. Fase Decisória

• Decisão expressa — deferimento ou indeferimento expresso


A decisão será expressa quando for feita por meio directo de manifestação
da vontade (palavras, escrito, etc.).

• Decisão tácita — deferimento tácito ou indeferimento tácito


Quando se atribui ao “silêncio” da AT um valor declarativo tácito

– Indeferimento tácito: manifestação de vontade negativa


Quando o interessado solicita algo, a regra é a do indeferimento tácito para efeitos
de recurso hierárquico ou impugnação judicial (art. 57.°, n.°1 e 5 LGT)

– Deferimento tácito: manifestação de vontade positiva


Ex.: Informação vinculativa (art. 68, n.º 8 e 9 LGT), pedido de sancionamento do
relatório final de inspecção (art. 64, 3 RCPIT), ilisão de presunções (art. 64.° do
CPPT, art. 73.° da LGT), pagamentos por conta quando o sujeito passivo entenda
que são indevidos (art. 133.°, n.º 4 CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
As fases do procedimento

4. Fase Integrativa de Eficácia

• Comunicação da decisão ao interessado (v. art. 268º, n.º 3 CRP, art. 36.° do
CPPT e art. 77.°, n.° 6, da LGT)

 Notificação ou citação – comunicação individualizada.


Exemplo: citação no âmbito do processo de execução fiscal (art. 35.°
CPPT)

 Publicação – comunicação não individualizada


Exemplo: publicação de circulares no âmbito do procedimento de
orientações genéricas (art. 56.º do CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Princípios aplicáveis ao Procedimento Tributário(artº 55º LGT)

1. Princípio da Legalidade

2. Princípio da Verdade Material e da Colaboração

3. Princípio da Celeridade

4. Princípio da Disponibilidade e do Inquisitório

5. Princípio da Participação e do Contraditório


6. Princípio da Confidencialidade

7. Princípio da Imparcialidade

8. Princípio da Fundamentação da Decisão

9. Princípio da Publicidade dos Actos

10. Princípio do Duplo Grau de Decisão


Parte I – O Procedimento Tributário
Princípios aplicáveis ao Procedimento Tributário
1. Princípio da Legalidade
• Impõe a conformidade da actuação administrativa ao que está previsto na lei
(lei em sentido amplo)
• Refere o n.° 2 do art. 103.° da CRP que as garantias dos contribuintes são
"determinadas" por lei, e acresce o n.° 3 que a liquidação e a cobrança se
devem fazer nas formas previstas na lei
• Cf. igualmente o art. 8.°, n.° 2 da LGT

2. Princípio da Verdade Material e da Colaboração

• Prevista no art. 55º da LGT, a verdade material em matéria tributária implica


o conhecimento e aceitação total do princípio da igualdade na tributação, na
sua dimensão estruturante de respeito pela efectiva capacidade contributiva
dos sujeitos

• Dever de colaboração da AT – previsto no art. 48.°, n.° l, do CPPT e art. 59.°,


n.° 3, da LGT
Parte I – O Procedimento Tributário
Princípios aplicáveis ao Procedimento Tributário

2. Princípio da Verdade Material e da Colaboração (cont.)

• Dever de colaboração do SP – previsto no art. 48.°, n.° 2, do CPPT e art.


59.°, n.° 4, da LGT

• Quando tal colaboração não é prestada, desencadeia-se uma série de


consequências:
 Aplicação de métodos indirectos, mediante a tributação através de indícios ou
presunções (arts. 87.º a 89°-A da LGT);
 Perda de benefícios fiscais (art. 14.° n.° 2. da LGT e art. 14.°, n.° 5 do EBF);
 Aplicação de um agravamento à colecta (art. 77.° do CPPT ou art. 91.°, n.° 9, da
LGT);
 Responsabilidade do sujeito passivo poderá dar lugar a uma responsabilidade
disciplinar, contra-ordenacional (arts. 113.°, 116.° e ss. do RGIT) ou até criminal
(por exemplo, art. 103.°. n.° 1, al. a) e b), do RGIT);
 Suspensão dos prazos impositivos de celeridade processual e consequente não
exigibilidade do seu respeito (art. 57,n.º 4, LGT).
Parte I – O Procedimento Tributário
Princípios aplicáveis ao Procedimento Tributário

3. Princípio da Celeridade

• De acordo com este princípio, o procedimento tributário deve ser concluído


em tempo útil (i.e., num prazo razoável). Assim, é imposto:
• Proibição da prática de actos inúteis ou dilatórios (art. 57º, 1 LGT e art. 69.°, al. a) e
b) CPPT), sendo o procedimento da iniciativa do contribuinte obrigatoriamente
arquivado se ficar parado mais de 90 dias por motivo a este imputável (art. 53.º, n.º
1 do CPPT)

• Prazo de duração máxima do procedimento tributário: 4 meses (art. 57, n.º 1 LGT).
No entanto, trata-se de um prazo-regra sendo estabelecidas exepções: v., por ex.,
art. 66.º, n.º 5 CPPT, art. 92.º, n.º 2 LGT e art. 36º, n.º 2 e 3 do RCPIT

• Prazo máximo para a prática de actos procedimentais: 8 dias, salvo disposição


legal em sentido contrário (art. 57.º, n.º 2 LGT)

Nota: Os prazos referidos "são contínuos e contam-se nos termos do Código Civil" (art. 57.º, n.º 3 LGT).
Os prazos suspendem-se no caso de a dilação do procedimento ser imputável ao sujeito passivo por
incumprimento dos seus deveres de cooperação (art. 57.º, n.º 4 LGT).
Parte I – O Procedimento Tributário
Princípios aplicáveis ao Procedimento Tributário

4. Princípio da Disponibilidade e do Inquisitório


• A AT deve realizar as diligências necessárias à satisfação do interesse
público e à descoberta da verdade material (art. 58.º LGT)
• Ex.: alguns procedimentos podem ser instaurados oficiosamente, como
acontece com a fixação da matéria tributável por métodos indirectos (arts. 87
e ss. da LGT)

5. Princípio da Participação e do Contraditório

• O princípio de participação tem, essencialmente, duas vertentes:


• Participação enquanto direito fundamental: direito a audiência, ao contraditório, à
oposição
• Participação enquanto garantia dos contribuintes: impedir que os contribuintes
sejam lesados por actuações administrativas
Parte I – O Procedimento Tributário
Princípios aplicáveis ao Procedimento Tributário

6. Princípio da Confidencialidade

• A AT está obrigada a guardar sigilo sobre a situação tributária dos


contribuintes (art. 64º, n.º 1 da LGT)

• A violação do dever de sigilo é punida com pena de prisão até um ano ou


multa até 240 dias (art. 91.° do RGIT)

• O dever de sigilo cessa nos termos do n.º 2 do art. 64º da LGT

7. Princípio da Imparcialidade

• Previsto no art. 55º da LGT

• Impõe uma ponderação igualitária de interesses (sobretudo na fase de


instrução e na fase decisória)
Parte I – O Procedimento Tributário
Princípios aplicáveis ao Procedimento Tributário

8. Princípio da obrigatoriedade de fundamentação da decisão

• Previsto no art. 77.º, n.º 1 LGT – todas as decisões, favoráveis e


desfavoráveis, devem ser fundamentadas

• A fundamentação abrange quer o dever de motivação (exposição dos


motivos e razões), quer o dever de justificação (pressupostos de facto e de
direito que suportam a decisão)

• A fundamentação deve ser feita de uma forma completa, clara, actual e


expressa.
A falta destes requisitos — fundamentações incompletas, obscuras,
abstractamente remissivas — e a falta da própria fundamentação, constitui
uma ilegalidade, susceptível de conduzir à anulação do acto em causa,
mediante meios graciosos ou contenciosos (Cfr. art. 99.°, alínea c), do
CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Princípios aplicáveis ao Procedimento Tributário

9. Princípio da publicidade dos actos

• O acto de publicidade pode consistir quer num acto geral (publicação), quer
num acto individual (notificação)

• Ex de acto sujeito a publicação: procedimento de orientações genéricas,


publicado através de uma circular administrativa (Cfr. arts. 55.° e 56.° do
CPPT)

• No que diz respeito às notificações, importa analisar o art. 19º da LGT e os


artigos 35º e 36º do CPPT
Parte I – O Procedimento Tributário
Princípios aplicáveis ao Procedimento Tributário

9. Princípio da publicidade dos actos (cont.)


• As notificações devem respeitar requisitos formais e materiais ou
substanciais.
 Requisitos formais
 A notificação de decisões susceptíveis de alterarem a situação tributária dos
contribuintes: carta registada com AR (art. 38, n.º 1 CPPT)

 Notificação da liquidação de impostos periódicos: via postal simples (art. 38, 4


CPPT)

 Todos os restantes actos deverão ser comunicados por carta registada (art.
38.°, n.° 3, do CPPT). A notificação considera-se efectuada no 3.° dia posterior
ao do registo (ou no 1º dia útil seguinte a este, quando esse 3.° dia não seja
útil — art. 39.°, n.° 1, do CPPT)

 As notificações podem ser feitas por transmissão electrónica de dados,


quando associadas à morada única digital ou à caixa portal electrónica,
equivalendo ambas à remessa por vai postal registada ou por via postal
registada com aviso de recepção (art. 38º, nº 9 CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Princípios aplicáveis ao Procedimento Tributário

9. Princípio da publicidade dos actos (cont.)

 Requisitos substanciais

 As notificações devem conter os seguintes elementos (art. 36.°, n.° 2 CPPT):


o a decisão e os fundamentos da decisão;
o a indicação da entidade que o praticou;
o os meios de defesa e o prazo de reacção.

 Na falta destes requisitos, o interessado pode solicitar a notificação dos


elementos omitidos no prazo de 30 dias, ou no prazo de reclamação ou
impugnação, se tal prazo for inferior aos 30 dias – cfr. art. 37º, n.º 1 do CPPT

 Em todo o caso, a ausência de notificação ou a notificação juridicamente mal


efectuada terá como consequência a ineficácia do acto em causa e não a sua
invalidade
Parte I – O Procedimento Tributário
Princípios aplicáveis ao Procedimento Tributário

10. Princípio do Duplo Grau de Decisão

• Previsto no art. 47.° do CPPT

• Uma mesma pretensão do contribuinte não pode ser apreciada por mais de
dois órgãos integrando a mesma cadeia hierárquica, o que significa que:

 Só se pode recorrer administrativamente uma vez;

 Após uma segunda decisão administrativa desfavorável, o acto tributário


considera-se verticalmente definitivo, estando assim aberta a porta para o controlo
jurisdicional.
Parte I – O Procedimento Tributário
As partes no procedimento

• Entidades com legitimidade procedimental tributária: a AT (artº 1º nº 3 LGT), os


contribuintes, as partes nos contratos fiscais e outras pessoas que provem
interesse legalmente protegido (art. 9º, 1 CPPT)

• A falta de legitimidade dos intervenientes acarreta a ineficácia dos actos


procedimentais em relação àqueles sujeitos

• AT
 A actuação da AT está vinculada à Constituição (obediência a princípios
constitucionais), aos direitos fundamentais e à Lei
 Ver artigo 1º, n.º 3 da LGT quanto à sua composição

• Sujeitos Passivos
 Os SP directos e indirectos têm legitimidade para intervir no procedimento
tributário (v. art. 18º, n.º 2 da LGT), embora com regras de tempestividade
distintas (v. arts. 70.°, n.° l e 102.°, n.° l, alínea a), do CPPT] vs art. 102.°, n.°
l, alínea c), do CPPT e art. 22.°, n.° 4, da LGT)
Parte I – O Procedimento Tributário
As partes no procedimento

Competência da AT (arts. 10.º e 11.º do CPPT)

 Competência em razão da matéria

A AT tem competência em matéria de tributos podendo, nesse sentido,


praticar os seguintes actos:

• Liquidar e cobrar tributos (arts. 78 e ss. CPPT);


• Proceder à revisão oficiosa dos actos tributários (art. 78 LGT);
• Decidir petições e reclamações (art. 68 CPPT);
• Pronunciar-se sobre recursos hierárquicos (arts. 66 e 67 CPPT);
• Reconhecer isenções ou outros benefícios fiscais (art. 65 CPPT);
• Receber e tratar as petições nos processos de impugnação judicial (arts. 103 e ss.
do CPPT);
• Instaurar os processos de execução fiscal (art. 188.° do CPPT).
Parte I – O Procedimento Tributário
As partes no procedimento

Competência da AT (arts. 10.º e 11.º do CPPT)

 Competência em razão do território

Várias são as hipóteses de delimitação da competência territorial (art. 10º, 2


do CPPT):

• Área onde ocorreu o facto jurídico (ex: aplicação de coimas, art. 52.°, al.
b), do RGIT);

• Área da residência – domicílio ou sede do contribuinte (ex: actos de


inspecção tributária, art. 16 RCPIT);

• Área da situação dos bens (ex.: imposto municipal sobre imóveis - art.
78, n.º 1 do CIMI);

• Área onde se deve efectuar (ou efectuou) a liquidação do imposto (ex:


reconhecimento de um benefício fiscal (art. 65, n.º 2 CPPT).
Parte I – O Procedimento Tributário
As partes no procedimento

Competência da AT (arts. 10.º e 11.º do CPPT)

 Competência tributária em razão da hierarquia

• Relevante para efeitos de recurso das decisões

• Exemplo:

 Se a reclamação graciosa tiver por objecto um acto de autoliquidação


ou de retenção na fonte  dirigida à direcção distrital de finanças
(Arts. 131, n.º 1, e 132, n.º 3 CPPT)

 Se a reclamação tiver por objecto pagamentos por conta  dirigida ao


serviço de finanças (Art. 133.°, n.° 2, do CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
As partes no procedimento

Competência da AT (arts. 10.º e 11.º do CPPT)

 Competência tributária em razão do valor

• Os órgãos da AT também podem ser, ou não, competentes para praticar


certos actos em função do valor da questão jurídica que lhes está
subjacente

• Exemplo: No caso da reclamação graciosa, se o valor da causa não


exceder o quíntuplo da alçada do Tribunal Tributário, o órgão periférico
local pode decidir de imediato; quando exceder, a reclamação será
remetida para órgão superior – art. 73º, 4 e 5 do CPPT.
Parte I – O Procedimento Tributário
As partes no procedimento

Competência da AT (arts. 10.º e 11.º do CPPT)

 Conflitos de competência

• Conflito positivo (dois ou mais órgãos consideram-se competentes para


decidir) ou negativo (nenhum órgão se considera competente para
decidir) de competência

• Critérios de resolução de conflitos  art.11º CPPT

• Se da aplicação destes critérios não resultar uma conclusão convincente,


considera-se competente o órgão da AT da área do domicílio fiscal do
sujeito passivo (art. 61, n.º 4 da LGT).
Parte I – O Procedimento Tributário
As partes no procedimento

Competência da AT (arts. 10.º e 11.º do CPPT)

 Situação de incompetência

O desrespeito das regras de atribuição de competência determina:

• Entidade incompetente não pratica nenhum acto e remete as peças do


procedimento para o órgão competente
Ex.: se o SP apresentar uma reclamação numa repartição de finanças
que não a da sua residência, o órgão incompetente é obrigado a enviar
as peças para o órgão competente no prazo de 48 h (art. 61º, 2 LGT)

• Entidade incompetente pratica acto e este é anulado


Se uma entidade praticar actos sem ter competência para tal, os actos
praticados são susceptíveis de anulação (arts. 70, n.º 1 e 99 al. b) do
CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial

• Procedimentos Pré-Liquidatórios
 Procedimentos de natureza Informativa
 Procedimentos de avaliação
 Procedimento de reconhecimento de BF
 Procedimento de ilisão de presunções

• Procedimentos Liquidatórios
 Procedimento de Liquidação
 Procedimento de Cobrança

• Procedimentos Impugnatórios
 Procedimento de revisão da matéria colectável
 Procedimento de revisão dos actos tributários
 Procedimento de reclamação graciosa
 Procedimento de recurso hierárquico
 Procedimento de correcção dos erros da AT

• Procedimentos Cautelares
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de natureza informativa

1. Procedimento de orientações genéricas

• Previsto nos artigos 55º e 56º do CPPT e no artigo 68º-A da LGT

• Visa a uniformização da interpretação e integração das normas tributárias

• Culmina na emanação, por parte do dirigente máximo do serviço, de um acto


tributário de conteúdo geral e abstracto: uma circular administrativa

 Trata-se de uma circular sobre a interpretação e aplicação de preceitos legais, com


efeito vinculativo (v. n.° 1 do art. 68.°-A da LGT)

 A circular é publicada numa "base de dados permanentemente actualizada" de


acesso gratuito, livre e directo, ou seja, sem a prévia exigência de palavras-chave
ou códigos secretos (Cfr. art. 56.°, n.os l e 2, do CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de natureza informativa
2. Procedimento de informações vinculativas

• Previsto arts. 57º do CPPT e 68º da LGT

• Objectivo: facilitar o cumprimento das obrigações fiscais. Assim, os


contribuintes podem solicitar à AT a prestação de informações sobre :
 A sua situação tributária; ou
 Os pressupostos de quaisquer benefícios fiscais.

• Prazo normal de resposta da AT: 150 dias (art. 68, 4 LGT)


Prazo de resposta da AT quando a informação é prestada com carácter de
urgência: 75 dias (art. 68, 2 da LGT)

• A AT fica vinculada à informação prestada inter-partes (i.e., apenas quanto ao


concreto destinatário do procedimento)
Bem assim, trata-se de uma vinculação relativa e não absoluta (art. 68, n.º 14
LGT)

• Nota: informações vinculativas não são impugnáveis ou recorríveis, uma vez


que não incorporam qualquer acto lesivo (neste sentido, acórdão do STA de
08 de Novembro de 2006)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de natureza informativa

3. Procedimento de inspecção tributária

a) Enquadramento

• Regime Complementar do Procedimento de Inspecção Tributária e


Aduaneira (RCPIT), ao qual subsidiariamente se aplica a LGT, o CPPT, e
demais códigos e leis tributárias

• V. art. 2º e 5º RCPIT

b) Espécies de inspecção tributária: arts.12º a 15º do RCPIT

Quanto às finalidades (art. 12.° do RCPIT):


• Procedimentos inspectivos de comprovação e verificação do cumprimento
das obrigações tributárias
• Procedimentos inspectivos de informação: cumprimento dos deveres
legais de informação dos quais a inspecção seja legalmente incumbida
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de natureza informativa

3. Procedimento de inspecção tributária (cont.)

b) Espécies de inspecção tributária: arts.12º a 15º do RCPIT (cont.)

Quanto ao lugar da realização (art.13 RCPIT):


• Procedimentos inspectivos internos, efectuados exclusivamente nos
serviços da AT (análise de documentos)
• Procedimentos inspectivos externos efectuados, total ou parcialmente, em
instalações dos sujeitos passivos ou em qualquer outro local a que a AT
tenha acesso

Quanto ao âmbito de abrangência material (art. 14.° do RCPIT)


• Procedimentos inspectivos gerais, quando estiver em causa a situação
tributária global dos sujeitos passivos
• Procedimentos inspectivos parciais, quando estiver em causa apenas
algum tributo ou algum dever dos sujeitos passivos
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de natureza informativa

3. Procedimento de inspecção tributária (cont.)

c) Actores do procedimento de inspecção tributária

Quem são?

• A AT, nos termos previstos no art. 16º do RCPIT

• Os SP, nos termos previstos no art. 2º, n.º 3 do RCPIT:


 Os sujeitos passivos originários,
 Os substitutos (art. 20 LGT), os responsáveis solidários ou subsidiários (arts. 22
e ss. LGT),
 Os grupos de sociedades (arts. 69 e ss. CIRC),
 Os sócios das sociedades transparentes (art. 6 do CIRC),
 Outras pessoas que tenham colaborado nas infracções fiscais ( art. 2, n.º 3
RGIT).

As pessoas ou entidades visadas pela inspecção podem ser seleccionadas nos


termos do art. 27º, n.º 1 e 2 do RCPIT
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de natureza informativa

3. Procedimento de inspecção tributária (cont.)

c) Actores do procedimento de inspecção tributária (cont.)

Notificação do inspeccionado:

• Notificação pessoal ou por via postal (art. 38º do RCPIT), com indicação
da identificação do funcionário, do âmbito da inspecção, da fixação do
prazo, local e hora da inspeção e informação sobre as consequências da
violação do dever de cooperação (art. 37º, n.º 2 RCPIT).

• No caso das pessoas singulares, a notificação deverá respeitar os arts.


35.º e ss. CPPT, em geral, e o art. 39º do RCPIT, em particular

• No caso das pessoas colectivas, a notificação deverá respeitar o artigo


41º do CPPT, em geral, e o art. 40º do RCPIT, em especial

• No caso de notificação de entidades residentes no estrangeiro, deve


aplicar-se o disposto no art. 41.° do RCPIT
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de natureza informativa

3. Procedimento de inspecção tributária (cont.)

c) Actores do procedimento de inspecção tributária (cont.)

Notificação do inspeccionado (cont.):

• A falta de colaboração ilegítima dos sujeitos obrigados pode ter como


consequência, não apenas a responsabilidade disciplinar, contra-
ordenacional ou criminal da pessoa em causa, mas igualmente a
aplicação de métodos indirectos de tributação (arts. 10º e 32° do RCPIT)

• A notificação ao contribuinte do despacho do início da acção de inspecção


externa faz suspender o prazo de caducidade da liquidação do tributo em
causa (art. 46.º. n.º 1, da LGT). Nos casos em que a duração da
inspecção externa ultrapasse o prazo de 6 meses após a notificação, tal
suspensão cessa, passando a contar-se o prazo de caducidade desde o
início.
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de natureza informativa

3. Procedimento de inspecção tributária (cont.)

c) Actores do procedimento de inspecção tributária (cont.)

Notificação do inspeccionado (cont.):

• Notificação prévia do procedimento inspectivo externo:


Nas situações de inspecção externa, o início do procedimento deve ser notificado
com uma antecedência mínima de 5 dias (art. 49º, n.º 1 do RCPIT) por carta-aviso
elaborada de acordo com modelo aprovado pelo Director-Geral dos Impostos,
contendo os elementos previstos no art. 49, n. 2 e 3 do RCPIT

• Dispensa de notificação prévia do procedimento inspectivo externo:


Situações previstas no art. 50.° do RCPIT
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de natureza informativa

3. Procedimento de inspecção tributária (cont.)

d) Conteúdo do procedimento de inspecção

• Dimensão material dos actos inspectivos


V. art. 63º n.º 1 e 4 da LGT e art. 28º do RCPIT

• Dimensão temporal dos actos inspectivos


V. art. 35º do RCPIT

• Dimensão espacial dos actos inspectivos


V. art. 34º do RCPIT
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Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de natureza informativa

3. Procedimento de inspecção tributária (cont.)

e) As consequências do procedimento de inspecção


• Concluída a prática de actos de inspecção, e caso os mesmos possam
originar actos tributários ou em matéria tributária desfavoráveis à entidade
inspeccionada, esta deve ser notificada do projecto de conclusões do
relatório, com a identificação desses actos e a sua fundamentação (n.° 1
do art. 60.° do RCPIT)
 Tal notificação deve fixar um prazo entre 15 e 25 dias para a entidade
inspeccionada se pronunciar por escrito ou oralmente (n.º 2 e 3 do art. 60º do
RCPIT)

• Após, e no prazo de 10 dias, será elaborado o relatório definitivo (art.


60º, n.º 4 do RCPIT), assinado pelos funcionários intervenientes no
procedimento, que deve conter os elementos previstos no art. 62.°, n.° 3
do RCPIT
 V. art. 64º do RCPIT quando à eficácia vinculativa do relatório
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de natureza informativa

4. Procedimento de acesso a informações bancárias

• Em princípio, o direito ao sigilo bancário só pode ser derrogado mediante


autorização judicial (art. 63.°, n.° 2, da LGT)

• Existem, contudo, casos em que a AT pode aceder aos dados cobertos pelo
sigilo bancário sem necessidade de obter tal autorização.
Estas situações estão previstas no art. 63.°-B da LGT

• Todas as informações deverão ser solicitadas pelo Director-Geral da ATA ou


seus substitutos sem possibilidade de delegação, com expressa menção dos
motivos concretos que as justificam – cfr. art. 63.°-B, n.° 4, da LGT

• O contribuinte pode reagir interpondo um recurso jurisdicional adequado (nos


termos dos arts. 146.°-A, n.º 2, al. a) e 146º-B do CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

5. Procedimento de avaliação prévia

• Previsto no art. 58, n.º 2 do CPPT

• Tem uma dupla natureza avaliativa (avaliação de bens ou direitos) e


informativa (informação abstracta, fidedigna e vinculativa respeitante ao valor
desses bens ou direitos)

• Legitimidade para instaurar o procedimento: art. 58º, n.º 1 do CPPT

• Principal efeito do procedimento: art. 58º, n.º 2 e 3 do CPPT


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Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação(artº 81 e ss LGT)
6. Procedimento de avaliação directa

• Previsto no art. 83º da LGT

• Objectivo: Determinar o valor real dos rendimentos ou bens sujeitos a


tributação (art. 83, 1 da LGT)
Ex.: avaliação do volume de negócios de um estabelecimento comercial, de uma
carteira de títulos, dos rendimentos resultantes da alienação de um bem imóvel, do
valor de um terreno, etc.

• A avaliação directa, ao contrário da avaliação prévia, tem em vista uma


avaliação concreta e não abstracta (ex.: um concreto acto de liquidação).

• Pode ser efectuada através dos dados constantes das declarações


apresentadas pelo contribuinte ou dos dados da sua contabilidade ou escrita,
dados esses que se presumem verdadeiros e de boa-fé nos termos do art.
75.°, n.° 1, da LGT

• Possível impugnar uma avaliação directa? V. art. 54º do CPPT; art. 78º da
LGT e art. 86.º, n.º 2 da LGT.
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Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

7. Procedimento de avaliação indirecta

• Carácter excepcional e subsidiário da avaliação indirecta face à avaliação


directa (art.85,1 LGT)

• A competência para a prática de actos de avaliação indirecta cabe à AT (art.


77, 4 LGT e art. 82.º, n.º 2 da LGT)

• Sobre a AT recai o ónus da prova da verificação dos pressupostos de


aplicação desta avaliação, cabendo ao sujeito passivo o ónus da prova do
excesso na respectiva posterior quantificação – v. art. 74º, n.º 3, da LGT
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

7. Procedimento de avaliação indirecta (cont.)


Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

7. Procedimento de avaliação indirecta (cont.)

Pressupostos da determinação da matéria tributável por métodos indirectos (art.


87º LGT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

7. Procedimento de avaliação indirecta (cont.)

a) Aplicação do regime simplificado de tributação

• Artigo 87º, n.º 1, al. a) da LGT– situação não patológica

• Para certas situações, o legislador criou o regime simplificado de


tributação, que consiste num conjunto especial de regras de determinação
dos rendimentos sujeitos a imposto, baseadas numa estimativa ou
presunção legal

• Os sujeitos abrangidos por este regime encontram-se previstos no art.


28º, n.º 2 do CIRS e o cálculo do imposto é feito com as particularidades
referidas no art. 31º do CIRS e no art.º 86º-A e 86º - B do CIRC.
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

7. Procedimento de avaliação indirecta (cont.)

b) Impossibilidade de comprovação e de quantificação directa e exacta


dos elementos indispensáveis à correcta determinação da matéria
tributável de qualquer imposto

• Art. 87º, n.º 1, al. b) e art 88º da LGT – Situação patológica

• A sua aplicação resulta da verificação das anomalias e incorrecções


previstas no art. 88º da LGT, quando estas inviabilizem o apuramento da
matéria tributável

• Verificado um nexo de causalidade (relação causa-efeito) entre a falha do


contribuinte (anomalias/incorrecções) e a impossibilidade de
determinação da matéria colectável por métodos directos – a demonstrar
na fundamentação do acto administrativo - há lugar à determinação da
matéria colectável por métodos indirectos, a qual pode ter em conta os
elementos enunciados no art. 90.°, n.° 1 da LGT
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

7. Procedimento de avaliação indirecta (cont.)

c) A matéria tributável do sujeito passivo se afastar da que resultaria da


aplicação de determinados indicadores objectivos da actividade de
base técnico-científica

• Art. 87º, n.º 1, al. c) da LGT e art. 89º da LGT – Situação patológica

• No caso de a matéria tributável se afastar significativamente, para


menos, sem razão justificada, dos indicadores objectivos de base
técnico-científica, a determinação [da matéria tributável] efectua-se de
acordo com esses indicadores”– art. 89º, n.º 2 e art. 90º, n.º 2 da LGT

• A aplicação dos métodos indirectos com base neste fundamento só pode


ser efectuada se cumpridos os seguintes requisitos cumulativos (art. 89º,
n.º 1 da LGT):
 Quando na declaração apresentada pelo sujeito passivo não constam as
razões do afastamento dos “indicadores objectivos de base técnico-científica”
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

7. Procedimento de avaliação indirecta (cont.)

c) A matéria tributável do sujeito passivo se afastar da que resultaria da


aplicação de determinados indicadores objectivos da actividade de
base técnico-científica
 Desde que tenham decorridos mais de 3 anos sobre o início da actividade do
sujeito passivo
 Quando o afastamento é:
 De mais de 30%, para menos, da matéria tributável declarada em relação à
que resultaria da aplicação dos indicadores objectivos; ou
 De mais de 15%, para menos, durante 3 anos seguidos, da matéria
tributável declarada em relação à que resultaria da aplicação desses
mesmos indicadores objectivos
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

7. Procedimento de avaliação indirecta (cont.)

d) Os rendimentos declarados em sede de IRS se afastarem


significativamente, para menos, de determinados padrões de
rendimento
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

7. Procedimento de avaliação indirecta (cont.)

d) Os rendimentos declarados em sede de IRS se afastarem


significativamente, para menos, de determinados padrões de
rendimento

• Art. 87º, n.º 1, al. d) da LGT e art. 89º-A da LGT – Situação patológica

• As manifestações de fortuna e os respectivos rendimentos-padrão


constam da tabela prevista no art. 89.°-A, n.° 4 da LGT

• Pode-se recorrer a métodos indirectos de avaliação, desde que (art. 89.°-


A, n.° 1 da LGT):
 Falte a declaração de rendimentos ou
 Existindo declaração, se verifique uma desproporção superior a 30%, para
menos, em relação ao rendimento padrão referido

• V. ainda art. 89º-A n.º 6 e n.º 3 da LGT


Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

7. Procedimento de avaliação indirecta (cont.)

e) Os sujeitos passivos apresentarem, sem razão, resultados tributáveis


nulos ou prejuízos fiscais durante vários exercícios consecutivos

• Art. 87º, n.º 1, al. e) da LGT – situação patológica

• Os sujeitos passivos apresentam, sem razão justificada, resultados


tributáveis nulos ou prejuízos fiscais durante 3 anos consecutivos ou em
3 anos, mesmo que alternados, durante um período de 5.

f) Acréscimo de património ou despesa efectuada, incluindo liberalidades,


de valor superior a EUR 100.000, verificados simultaneamente com a
falta de declaração de rendimentos ou com a existência, no mesmo
período de tributação, de uma divergência não justificada com os
rendimentos declarados

• Art. 87º, n.º 1, al. f) da LGT – situação patológica


Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos de avaliação

7. Procedimento de avaliação indirecta (cont.)

Controlo da aplicação dos métodos indirectos

• O SP deve participar no acto de avaliação indirecta, exercendo o seu direito


de audição [arts. 60.º, n.º 1, al. d) e 82.°, n.° 3 da LGT]

• O procedimento de avaliação indirecta pode ser impugnado pelo SP:

 Graciosamente, através do pedido de revisão da matéria tributável fixada


por métodos indirectos, previsto nos arts. 82º, n.º 4 e 91.° e ss da LGT
Atenção aos casos de aplicação do regime simplificado de tributação em que não
sejam efectuadas correcções (com base noutro método indirecto), em que o mais
adequado parece ser a reclamação graciosa da respectiva liquidação

 Contenciosamente, sendo necessário que o acto seja horizontal e


verticalmente definitivo (v. arts. 86.°, n.° 5 e 91.° e ss., ambos da LGT, e
art. 117.° do CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimento de reconhecimento de BF

8. Procedimento de reconhecimento de benefícios fiscais

• Previsto no art. 65º do CPPT e no EBF

• Os benefícios fiscais podem ser (art. 5º EBF):


 Automáticos, quando resultam directa e imediatamente da lei
 Dependentes de reconhecimento, quando pressupõem um acto
posterior de reconhecimento por parte da AT. Para tal, o SP deve
apresentar um requerimento nos termos do art. 65º do CPPT

• Efeitos do despacho de deferimento/indeferimento: arts. 12º e 14º do EBF


• O reconhecimento não poderá ser concedido quando o sujeito passivo tenha
deixado de efectuar o pagamento de qualquer imposto ou contribuições relativas
ao sistema da segurança social e desde que a dívida em causa não tenha sido
objecto de reclamação, impugnação ou oposição e prestada garantia idónea,
quando devida (art. 13.º do EBF)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos liquidatórios
10. Procedimento de liquidação

• Classificação da liquidação sob o ponto de vista temporal:


 Liquidação provisória – efectuada com base nos elementos declarados pelo SP,
encontrando-se sujeita a um controlo posterior (ex., pagamento por conta ou
retenção na fonte com a natureza de pagamento por conta)
 Liquidação definitiva – Acto da AT de natureza definitiva, unilateral e positiva e
que é um pressuposto do procedimento de cobrança
 Liquidação adicional – Surge na sequência de uma revisão do acto tributário de
liquidação definitiva (cfr. art. 78º da LGT). A liquidação adicional encontra-se
prevista, por ex., no art. 89.° do CIRS e no art. 99.° do CIRC

• Em regra, o procedimento de liquidação instaura-se com a apresentação das


declarações dos contribuintes – autoliquidação (art. 59º, 1 CPPT).

• Se os contribuintes não apresentarem declarações, ou estas estiverem


viciadas, o procedimento de liquidação é instaurado pela AT (art. 59º, 7
CPPT), com base nos elementos que disponha ou venha a dispor
(art.59º, 1 CPPT).
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos liquidatórios

11. Procedimento de cobrança

• Cobrança
 Voluntária – acto voluntário e espontâneo do SP (v. art. 85º e 86º do CPPT)
 Coerciva – efectuada através da execução do património do devedor, mediante a
instauração de um processo de execução fiscal (art. 78.º do CPPT)

• Pagamento:
 Integral
 Em prestações (art. 42.°, n.° 1 e 2 da LGT e art. 86º, n.º 2 do CPPT)
 Dação em pagamento (arts. 87.° e 201.° do CPPT)
 Compensação de créditos tributários (arts. 89.° e 90.° do CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

12. Procedimento de revisão da matéria colectável

• Objectivo: Questionar o acto de fixação da matéria colectável com o recurso


a métodos indirectos e estabelecer um acordo quanto ao valor da matéria
tributável para efeitos de liquidação (art. 91.° da LGT)

• V. art. 91º, n.º 1 e 2 da LGT

• Não pode ser utilizado nas seguintes situações:


 Regime simplificado de tributação (art.91,1 LGT)
 Avaliação da matéria colectável baseada em manifestações de fortuna (art. 89.°-A
da LGT)
 Correcções aritméticas resultantes de imposição legal, ou questões de Direito
alheias aos pressupostos de determinação indirecta da matéria tributável
(art.91,n.º14 LGT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

12. Procedimento de revisão da matéria colectável (cont.)

• Fundamentos do pedido de revisão (art. 117º, n.º 1 do CPPT):

 Errónea quantificação da matéria colectável

 Não verificação dos pressupostos de determinação indirecta da matéria colectável

Nestes casos, o pedido de revisão é necessário para efeitos de impugnação


judicial
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios
12. Procedimento de revisão da matéria colectável (cont.)

• Tramitação do procedimento de revisão

 Designação dos peritos que representam o SP e a AT, seguida do


agendamento de uma reunião entre os peritos – art. 91º, n.º 1, 3 e 4 LGT

 Realização da reunião (debate contraditório) e tomada de decisão – art.


92º, n.º 1 da LGT

 Se houver acordo, o tributo será liquidado com base na matéria colectável


acordada (art. 92.°, n.° 3, da LGT)

 Caso não haja acordo, o órgão competente decidirá tendo em conta as


posições dos peritos (92º, n.º 6 da LGT)
Se houver um perito independente, a decisão deverá obrigatoriamente
fundamentar a adesão ou rejeição do seu parecer (art. 92.°, n.° 7, da LGT)
Caso a AT rejeite o parecer do perito independente (e este parecer seja
conforme ao do perito do contribuinte), a reclamação graciosa ou impugnação
judicial que venham a ser apresentadas terão efeito suspensivo
independentemente da prestação de garantia, nos termos previstos no art. 92.°,
n.º 8 LGT
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

13. Procedimento de revisão dos actos tributários

• Este procedimento diz respeito às situações em que o acto tributário vai ser
reapreciado pelo próprio órgão que o praticou (art. 78º, n.º 1 da LGT)

• A revisão de acto tributário pode ser feita oficiosamente (por impulso da


própria Administração tributária) ou a pedido do sujeito passivo (art. 78º, n.º
1, 4 e 6 da LGT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

13. Procedimento de revisão dos actos tributários (cont.)

Fundamento Prazo Previsão Legal

Revisão a
Art. 78, 1 LGT (e
pedido do Ilegalidade 120 dias art. 70 CPPT)
SP

Erro imputável à AT (tributo já


4 anos Art. 78º, 1 da LGT
pago)

Revisão Erro imputável à AT (tributo não


Todo o Tempo Art. 78º, 1 da LGT
Oficiosa pago)

Art. 78º, 4 da LGT


Injustiça grave ou notória 3 anos

Duplicação da colecta 4 anos Art. 78º, 6 da LGT


Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

13. Procedimento de revisão dos actos tributários (cont.)

• O indeferimento do pedido de revisão conduz, em regra, a uma liquidação


adicional (ex.: art. 89.° do CIRS e art. 99.° do CIRC), sendo susceptível de
impugnação judicial

• O deferimento do pedido de revisão configura-se como um verdadeiro


instrumento impugnatório para os contribuintes (v. art. 93.° do CIRS e arts.
61º e 62º do CIRC
 Com o deferimento do pedido de revisão, o acto tributário poderá ser
anulado (com eficácia ex tunc, com a restituição do tributo já pago),
revogado (com eficácia ex nunc), reformado (expurga-se a parte viciada)
ou convertido (substituído por outro).

 Com o deferimento do pedido de revisão, poderão ser devidos juros


indemnizatórios nas hipóteses previstas no art. 43º, n.º 3, al. b) e c) da
LGT
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

14. Procedimento de reclamação graciosa

• Previsto nos artigos 68º e ss do CPPT

• Objectivo: anulação total ou parcial dos actos tributários com fundamento na


ilegalidade dos mesmos

• Este procedimento não tem, em princípio, efeito suspensivo da liquidação


que se está a reclamar (cfr. art. 69.°, al. f), do CPPT), salvo se for prestada
garantia adequada (art. 199º do CPPT)

• A instauração da reclamação faz interromper o prazo de prescrição da


obrigação tributária (art. 49.°, n.° 1, da LGT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

14. Procedimento de reclamação graciosa (cont.)

• Regras respeitantes à apresentação do pedido de reclamação graciosa – v.


art. 68º, n.º 1, art. 70º, n.º 6 e 7, art. 73.°, n.° l, e art. 75º do CPPT

• Fundamentos da reclamação: arts. 70º e 99º do CPPT

 Errónea qualificação e quantificação dos rendimentos, lucros, valores patrimoniais


e outros factos tributários [art. 99.°, alínea a) do CPPT]

 A incompetência [art. 99.°, alínea b) do CPPT]

 A ausência ou vício da fundamentação legalmente exigida [art. 99.°, al. c) do CPPT]

 A preterição de outras formalidades legais [art. 99.°, alínea d) do CPPT]

 E, como se trata de uma enumeração não exaustiva, acrescem como fundamentos,


designadamente a duplicação da colecta e a inexistência do facto tributário.
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

14. Procedimento de reclamação graciosa (cont.)

• Tempestividade
 O prazo para a interposição da reclamação graciosa é de 120 dias a contar do
termo do prazo para pagamento voluntário (art. 70.°, n.° l, do CPPT, salvo prazos
especiais fixados em alguma outra norma (ex: art. 131.°, n.º l, art. 132.°, n.º 3 e art.
133.°, n.° 2, todos do CPPT)

 A interposição da reclamação graciosa interrompe o prazo para a interposição da


impugnação judicial, uma vez que é possível usar este meio processual após o
indeferimento da primeira

• Tramitação do procedimento
 A reclamação é apresentada no órgão periférico local, (chefe do serviço de
finanças) que procederá à instrução do procedimento (art. 73.°, n.° 2, do CPPT),
em prazo não superior a 90 dias, com os elementos de prova documental [art. 69.°,
al. e) do CPPT]
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

14. Procedimento de reclamação graciosa (cont.)

• Tramitação do procedimento (cont.)

 Competência para decidir:

 o órgão periférico local elabora uma proposta fundamentada de decisão (art.


73.°, n.° 2 do CPPT) e remete a reclamação para o dirigente do órgão periférico
regional (diretor distrital de Finanças)(art. 73.°, n.° 5 do CPPT), que é a entidade
competente para a decisão nos termos do art. 75.°, n.° 1 do CPPT

 Se a decisão for desfavorável, o sujeito é notificado do projecto de


decisão para exercer o seu direito de audição, oralmente ou por escrito
[art. 60, 1, al. b) LGT], num prazo de 15 dias ou 25 dias em função da
complexidade da matéria (, n.° 6)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

14. Procedimento de reclamação graciosa (cont.)


Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

14. Procedimento de reclamação graciosa (cont.)

5
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios
14. Procedimento de reclamação graciosa (cont.)

• Impugnação da decisão

 Prazos para impugnar judicialmente:


Regra geral:
 3 meses a contar da notificação da decisão de indeferimento expresso
ou a contar da data em que se forma o indeferimento tácito (art. 57º, nº
1 e 5 da LGT e art. 106º CPPT).
 Exceções:
 30 dias nos casos de reclamação graciosa prévia necessária:
o 30 dias em caso de erro nos pagamentos por conta (art. 133.°, n.os 2 e 3, do
CPPT)
o 2 anos a contar da entrega da declaração em caso de erro na autoliquidação
(art. 131.°, n.o 1 , do CPPT)
o 2 anos nos casos de erro na retenção na fonte (art. 132.°, nº 3 , do CPPT)
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Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios
14. Procedimento de reclamação graciosa (cont.)

• Impugnação da decisão (cont.)

 No caso de indeferimento da reclamação graciosa, o interessado pode


ainda recorrer hierarquicamente, no prazo de 30 dias (art. 66.º do
CPPT).

O indeferimento do recurso hierárquico pode ser objecto de recurso contencioso,


salvo se de tal decisão já tiver sido deduzida impugnação judicial com o mesmo
objecto (art. 76.°, n.os 1 e 2, do CPPT)
• No caso de indeferimento expresso do recurso hierárquico, pode ser deduzida uma
impugnação judicial no prazo de 3 meses a contar da notificação (art. 102.°, n.º 1, al. e),
do CPPT)

• No caso de indeferimento tácito, pode ser deduzida uma impugnação judicial no prazo de
3 meses a contar do momento em que o recurso se considera tacitamente indeferido (art.
102.°, n.º 1, d), do CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

14. Procedimento de reclamação graciosa (cont.)

• As reclamações graciosas necessárias

Antes de recorrer à via judicial, o sujeito passivo deve primeiro esgotar a via
administrativa nos seguintes casos (arts. 131º a 133º-A do CPPT):

 Autoliquidação (art.131º, nº1 CPPT)

 Retenções na fonte (art. 132º, 3 CPPT)

 Pagamentos por conta (art. 133º, nº 4 CPPT)

 Em matéria de classificação pautal, origem ou valor aduaneiro das


mercadorias (art. 133º-A CPPT)
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios
15. Procedimento de recurso hierárquico
• O recurso hierárquico deve ser dirigido ao mais elevado superior hierárquico
do autor do acto de que se recorre (arts. 66º, n.º 2 do CPPT e 80º da LGT)
(embora deva ser entregue junto do órgão recorrido)

• O recurso hierárquico deve ser interposto no prazo de 30 dias a contar da


notificação do acto de que se recorre (art. 66º, n.º 2 do CPPT)

• Tal como acontece com a reclamação graciosa, a interposição do recurso


hierárquico faz interromper o prazo de prescrição das obrigações tributárias
(art. 49.°, n.° 1, da LGT)

• Natureza do recurso hierárquico: (artº 67 CPPT)


 Necessário quando seja indispensável para atingir a via contenciosa (excepção:
ex. art 67º/3 CPPT)
 Facultativo quando não seja indispensável para atingir a via contenciosa, podendo
o SP recorrer a tribunal mesmo que não recorra hierarquicamente (regra).
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

15. Procedimento de recurso hierárquico (cont.)

• Efeitos do recurso hierárquico:


 O recurso terá efeito meramente devolutivo se a sua interposição não impede o
acto recorrido de continuar a produzir os seus efeitos
 O recurso terá efeito suspensivo se a sua interposição impede, até à decisão, que
o acto recorrido produza efeitos

• O facto de os recursos hierárquicos terem natureza meramente facultativa e


efeito devolutivo (art. 67.°, n.° 1, do CPPT), evita o recurso imediato a
tribunal e dá ao superior hierárquico a possibilidade de revogar o acto do
inferior hierárquico
Parte I – O Procedimento Tributário
Os procedimentos tributários em especial
Procedimentos impugnatórios

15. Procedimento de recurso hierárquico (cont.)

• As decisões sujeitas a recurso hierárquico são:


 Todas aquelas que estão previstas na lei, como os casos de reclamação graciosa
indeferida (art. 76, n.º 1 do CPPT) e de não reconhecimento de benefícios fiscais
(art. 65, n.º4 CPPT)
 Aquelas em que a lei não prevê qualquer outra possibilidade de controlo
administrativo, como acontece com as correcções meramente aritméticas da
matéria tributável (art. 91, n.° 14 LGT)

• Quanto à decisão, se houver um deferimento do recurso, o acto recorrido,


em princípio, será anulado ou revogado, mas se o recurso for indeferido, o
acto recorrido mantém-se, abrindo-se a via contenciosa.

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