Você está na página 1de 34

Prática Jurídica

Constitucional
e Tributária
Ações e Recursos em Matéria Tributária

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Meire Cristina de Souza

Revisão Técnica:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Ações e Recursos
em Matéria Tributária

• O Processo Administrativo Tributário;


• O Processo Judicial Tributário;
• As Ações em Espécie.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer os principais requisitos e a estrutura das peças tributárias;
• Desenvolver o raciocínio lógico jurídico do momento processual para identificação da peça e
solução do problema apresentado;
• Reconhecer no processo tributário as ações e recursos de outras áreas a fim de identificar a
sua utilização conforme o problema apresentado.
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

O Processo Administrativo Tributário


Aspectos Gerais
A primeira fase da cobrança de créditos tributários se dá na esfera administrativa e
exige uma série de procedimentos a serem tomados pela Administração Pública Tribu-
tária interessada nessa arrecadação. Esse conjunto integrado de medidas administrati-
vas realizadas pela Fazenda Pública recebe o nome de “procedimento administrativo”.

Figura 1
Fonte: Getty Images

Diferentemente do Processo Civil nas relações jurídicas de ordem privada, na Relação


Jurídico Tributária, a fase de conhecimento não é levada ao Poder Judiciário, pois essa
fase de conhecimento encontra-se no Procedimento Administrativo.

No Judiciário, a Fazenda Pública inicia o processo pela execução, já com a finali-


dade de expropriação de bens do contribuinte devedor.

O tributo, conforme estudamos na Unidade anterior, só é devido após o seu efetivo


lançamento, que gera para a Fazenda Pública o crédito tributário.

Uma vez não recolhido o tributo, esse crédito tributário se torna exigível por meio
de um processo de execução.

Se houver erro no lançamento, o contribuinte tem por obrigação requerer a cor-


reção diretamente à Fazenda Pública por meio de um procedimento administrativo
denominado impugnação.

Impugnação Administrativa
Considerada a principal espécie de defesa do contribuinte na seara administrativa,
a impugnação consiste no acesso primeiro às garantias do contraditório e da ampla
defesa ao contribuinte.

Ao ser notificado para pagamento do tributo lançado no prazo de 30 dias, o


contribuinte dispõe do mesmo prazo para impugnar o lançamento, quando nele
observar equívocos cometidos pela administração.

8
Importante!
Instaurado o procedimento de impugnação, a exigibilidade do crédito referente àquele
tributo discutido ficará suspensa, não sendo possível ao fisco iniciar o processo de exe-
cução na esfera do poder judiciário.

Características e Requisitos da Impugnação


A impugnação administrativa deverá observar os requisitos estabelecidos no De-
creto Federal nº 70.235/1972, devendo o contribuinte identificar, resumidamente:
• A autoridade julgadora a quem é dirigida a impugnação;
• A qualificação do impugnante;
• As razões de fato e de direito em que se fundamenta o pedido;
• Os pontos da discordância;
• As provas, diligências e perícias que pretende produzir.

Importante!
O edital do Exame da Ordem dos Advogados não permite a criação de dados na elaboração
das peças prático-profissionais, a fim de que não haja identificação do examinando. Dessa
forma, o examinando deve observar e utilizar apenas as informações disponíveis na situ-
ação problema apresentada e, para completar a qualificação da parte quando não forem
fornecidos todos os dados, deverá apenas indicar de forma genérica conforme a seguir:
• Nome, nacionalidade, profissão, estado civil, portador do Registro Geral, Inscrito
no CPF/MF, endereço, por seu advogado, procuração anexa, vem respeitosamente
à presença do Ilustre Julgador Administrativo, com fundamento nos arts. 14, 15 e
16 do Decreto n. 70.235/72 e Art. 151, III do Código Tributário Nacional, apresentar
IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA.

Requisitos importantes da Peça


Endereçamento
Para os tributos federais, a competência para julgamento encontra-se no Artigo
25, Incisos I e II do Decreto 70.235/72 (Delegacias da Receita Federal de Julga-
mento, órgãos de deliberação interna e natureza colegiada da Secretaria da Receita
Federal – 1ª instância, e Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – 2ª instância).

Caso o problema informe que se trata de tributo estadual ou municipal, em regra


informará, também, a autoridade competente para julgamento da impugnação e,
nesses casos, o examinando não utilizará como fundamento o Decreto 70.235/72,
mas tão somente o Artigo 151, III, e o respectivo regulamento estadual ou municipal

9
9
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

quando o problema o informar expressamente, ou verificar na Legislação Especial


que utilizará como consulta.

É importante conhecer bem o material de consulta que utilizará na segunda fase,


bem como fazer uma pesquisa minuciosa entre as opções de mercado, a fim de es-
colher o mais completo.

Questões Preliminares
Depois de fazer o endereçamento, a identificação do contribuinte e a indicação
da peça, o examinado deve ater-se a questões preliminares antes de iniciar o breve
resumo dos fatos.

Duas questões são importantes no Processo Administrativo Tributário:


• Tempestividade e suspensão do crédito tributário: observar as datas infor-
madas no problema para configuração da tempestividade do requerimento. In-
formar a previsão de suspensão da exigibilidade do crédito tributário conforme
o disposto no Art. 150, III do CTN;
• Desnecessidade de depósito: invocar o princípio do contraditório e da ampla
defesa garantidos na CF Art. 5º, XXXV, e a aplicação da Súmula Vinculante 21
do STF, que considera inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento
prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

Decreto nº 70.235, de 6 d Março de 1972. Disponível em: https://bit.ly/3c1ADsr

Identificação da Peça
O problema apresentado no exame, em geral, traz informações de modo a dialogar
com o examinando. É, pois, necessário estar atento a essas informações, sendo reco-
mendável ao examinando, ao ler o problema, procurar e grifar elementos chaves para
identificar a peça adequada, como, por exemplo:
• Considerando que você foi contratado para realizar defesa administrativamente
em favor do contribuinte;
• Redija a peça processual na defesa de direitos na esfera administrativa;
• Realiza a primeira defesa administrativa em favor do contribuinte;
• Tendo em vista ter o contribuinte recebido notificação de lançamento em menos
de 30 dias, apresente a defesa cabível.

Outras informações ao longo do texto irão indicar a peça adequada e deverão ser
observadas e devidamente grifadas.

O problema irá informar, por exemplo, que, no lançamento recebido dentro do


prazo legal, foi identificado erro ou equívoco da Administração Tributária, ou ainda,
que o contribuinte recebeu o lançamento com vencimento em 30 dias e observou
logo em seguida disparidades nas informações, base de cálculo etc.

10
Importante sempre destacar, pois dentro do problema pode haver a informação
de que o contribuinte apresentou defesa administrativa (sem falar especificamente em
impugnação) e, nesse caso, o examinando poderá estar diante de um recurso adminis-
trativo ou peças de defesa judicial como Ação Anulatória ou Mandado de Segurança.

Sequência Estrutural da Peça


Para a correta elaboração da peça, o candidato deve seguir uma sequência lógica
e concatenada, a fim de demonstrar a quem esse requerimento será dirigido, quem
e por qual razão requer a impugnação, a necessidade do requerimento, as questões
especiais que devem ser observadas no requerimento, os fatos, o direito e o pedido
final, e também a finalização indicando local, data, advogado e número de OAB.

Não é demais lembrar que o candidato somente colocará informações específicas,


como local X, data Y se o problema trouxer essas informações.

Quanto à indicação de advogado e número de OAB, o problema não trará esses


dados, porque quem agirá como advogado é o candidato.

Dessa forma, nunca identifique seu nome na peça, e muito menos coloque qual-
quer número para indicar a OAB. Use reticências após os termos, conforme item 7
da estrutura da peça.
1. Endereçamento – Ilustríssimo Senhor [...];
2. Qualificação do requerente, indicação do advogado e procuração, indi-
cação do Artigo que fundamenta o requerimento e indicação em letras
maiúscula do nome da peça;
3. Preliminarmente;
3. 1. Tempestividade e suspensão da exigibilidade do crédito;
3. 2. Desnecessidade de depósito preliminar;
4. Dos fatos/do breve relato dos fatos;
5. Do direito;
6. Dos pedidos;
7. Local, data, Advogado, OAB.

Recurso Administrativo
A utilização do Recurso Administrativo também denominado Recurso Voluntá-
rio, será possível quando o contribuinte discorda da decisão proferida na impugna-
ção apresentada.

O recurso consiste em pedido de reapreciação da matéria ainda na esfera admi-


nistrativa e, da mesma forma que a impugnação, deverá observar, se for caso de
Tributo Federal, o Decreto n. 70.235/72, que o prevê em seu Artigo 33.

11
11
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

Importante reiterar que se o caso se referir a tributo estadual ou municipal, será


necessário buscar a Legislação específica na esfera do respectivo ente federativo,
seja estado ou município.

Endereçamento
O recurso administrativo, diferentemente dos recursos judiciais, dispensa análise
de admissibilidade, vez que não será apreciado na 1ª instância.

Dessa forma, será dirigido diretamente ao Conselho Administrativo de Recursos


Fiscais – CARF, que possui órgãos específicos para julgamento em razão da matéria
discutida, entretanto, o examinando não será cobrado dessa competência específica,
exceto se o problema, porventura, trouxer expressamente essa informação no texto.

O endereçamento da peça, deverá ser feito conforme a seguir:

À ... SEÇÃO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS

Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Disponível em: https://bit.ly/3c1ADsr

Identificando a Peça
Para identificar a peça como Recurso Administrativo, o examinando deverá se
ater a informações que indiquem a existência de decisão administrativa anterior que
tenha negado a impugnação, ou que tenha julgado improcedente a primeira defesa
administrativa apresentada. Novamente o candidato deverá fazer a leitura pormeno-
rizada do texto, destacando as informações mais relevantes.

A seguir, listamos alguns exemplos de informações textuais que indiquem ser a


peça um Recurso Administrativo:
• Considerando que houve decisão administrativa de 1ª. instância desfavorável
ao contribuinte;
• Redija o recurso na defesa de direitos na esfera administrativa;
• Fulano (contribuinte) procura você após ciência de decisão administrativa desfa-
vorável para apresentar defesa de seus direitos.

Sequência Estrutural da Peça


A sequência lógica a ser seguida na peça recursal seguirá a mesma estrutura da
impugnação vista no item anterior.

O candidato deverá observar apenas o endereçamento, que não mais será para
a primeira instância, mas sim diretamente no Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais – CARF, segunda instância da esfera administrativa federal.

12
O Processo Judicial Tributário
Aspectos Gerais
Uma vez efetuado o lançamento do tributo, o contribuinte possui o prazo de 30
dias para efetuar o pagamento e, dessa forma, extinguir o crédito tributário.

Figura 2
Fonte: Getty Images

Entretanto, caso o contribuinte não pague o tributo e não apresente defesa ad-
ministrativa ou, até mesmo, após apresentada a defesa administrativa, tiver o seu
pedido negado, poderá o Fisco promover a execução do referido tributo na esfera
judicial, após a inscrição do débito na dívida ativa fazendária.

Assim, vencido o prazo sem o pagamento do tributo, ou encerrada a discussão


administrativa, a Fazenda Pública finalizará o ato constitutivo para exigibilidade do
crédito com a devida inscrição na dívida ativa fazendária (Art. 201 do CTN).

Inscrito o crédito, expedir-se-á a Certidão de Dívida Ativa – CDA que, contendo todos
os elementos identificadores da relação jurídico tributária (Art. 202 do CTN), consistirá
em título executivo que goza da presunção de certeza e liquidez, tendo assim, o efeito de
prova pré-constituída a embasar a Ação de Execução Fiscal (Art. 204 do CTN).

Caso o fisco não proceda a inscrição na dívida ativa ou, mesmo procedendo, não
promova a execução do título no prazo de cinco anos, estará prescrito seu direito de
ação de execução (Art. 174, CTN)

CTN. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Disponível em: https://bit.ly/3iycV9n

Identificação das possíveis espécies processuais tributárias


Sabemos que a Fazenda Pública detém o direito de promoção de ação judicial
específica para a cobrança de tributos (Ação de Execução Fiscal).

13
13
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

Para o contribuinte há também a possibilidade de manejar medidas judiciais na


defesa de seus interesses.

As ações judiciais de defesa dos interesses do contribuinte são as listadas a seguir,


e as estudaremos uma por uma em seus principais requisitos e diferenciais, mas, no
que lhes for comum, trabalharemos todas ou algumas em conjunto.

Temos, então, como ações de defesa do contribuinte, que já foram objeto de se-
gunda fase em exames da OAB, as seguintes ações:
• Ação Declaratória de inexistência de Relação jurídico-tributária;
• Ação Anulatória de Débito Fiscal;
• Ação de Repetição do Indébito;
• Embargos à Execução;
• Exceção de Pré-Executividade;
• Recursos;
• Mandado de Segurança.

Figura 3
Fonte: Getty Images

Para que se possa identificar com mais clareza qual a peça cabível no problema,
algumas situações informadas no texto poderão auxiliar na identificação correta da
peça, por exemplo, preste atenção às seguintes informações:
• O texto demonstra que ainda não houve lançamento tributário ou auto de infra-
ção efetivado: ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributá-
ria ou Mandado de Segurança (em sua modalidade preventiva);
• O problema traz a informação de que houve lançamento tributário ou foi efetiva-
do auto de infração, mas não houve, ainda, a propositura da ação de execução
fiscal: Ação Anulatória de débito fiscal ou Mandado de Segurança (em sua
modalidade repressiva);

14
• O problema informa que o crédito se encontra em Processo Judicial de Execu-
ção Fiscal, ou que o Fisco já deu início à medida judicial para expropriação de
bens ou satisfação do crédito tributário: embargos à execução fiscal ou exce-
ção de pré-executividade;
• O problema informa que houve pagamento indevido do tributo: ação de repe-
tição do indébito;
• O texto traz a informação de que determinada medida judicial proposta pelo
contribuinte foi negada ou então que a sentença ou decisão terminativa foi de
improcedência: recursos (Apelação, agravo ou recurso ordinário).

Importante!
Em alguns casos, o texto do problema poderá comportar mais de uma peça como cor-
reta, caso em que serão aprovados os examinandos que optem por uma ou por outra.
Um exemplo são os exames IV e IX em que a FGV aprovou aqueles que manejaram o
Mandado de Segurança ou a Ação Anulatória.
O examinando precisa sempre tomar o cuidado de verificar o cabimento do Mandado de
Segurança apenas quando ficar evidente a violação do direito líquido e certo por ilega-
lidade ou abuso de poder, devendo expressar qual o direito efetivamente foi ou poderá
ser violado. Do contrário, precisa encontrar as informações que indiquem outra peça,
pois nem todas as situações previstas no item anterior, por exemplo, comportam Man-
dado de Segurança em substituição a outra medida judicial.

Estrutura Básica das Peças Judiciais


Nos próximos itens, trataremos de pontos estruturais comuns a todas as peças que
serão estudadas a fim de que o conteúdo não se torne repetitivo e cansativo. Observem
dicas importantes em cada item e usem a estrutura para todas as peças, sendo claro
que as diferenças essenciais entre cada uma serão devidamente destacadas.

Requisitos da Petição
Os requisitos da petição inicial deverão ser observados tanto na Legislação pro-
cessual, quanto na Legislação especial, de modo que o examinando deverá se ater
ao Artigo 319 e seguintes do Código de Processo Civil, assim como à Legislação es-
pecífica, como a Lei 12.016/2009, que disciplina o Mandado de Segurança e possui
regras processuais específicas para a ação mandamental.

Quando for identificada a necessidade de manejar um recurso, o examinando


deverá ficar atento à espécie de recurso, bem como aos requisitos processuais dispo-
níveis no Código de Processo Civil e também na Legislação especial.

Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009. Disponível em: https://bit.ly/3c0eScl

15
15
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

Endereçamento
O endereçamento é o início da peça. Sem ele não há como dar continuidade no pe-
dido, de forma que o examinando deverá observar as regras de competência da Cons-
tituição Federal, do Código de Processo Civil e da Legislação especial, quando houver.

Outro cuidado a ser tomado pelo estudante é verificar se a competência é da


Justiça Federal ou da Justiça Estadual, conforme o problema informar ser o tributo
federal (justiça federal), estadual ou municipal (justiça estadual).

Há de se considerar também, a competência originária em sede de Mandado de


Segurança disposta na Constituição Federal (Artigos 102, 105, 108, 109 e 114), e
no Código de Processo Civil (Art. 1027).

Outra importante observação ao examinando consiste sempre em verificar as Sú-


mulas dos Tribunais Superiores em todos, tanto para a peça, quanto para as questões.

O STF editou três súmulas que regram a competência para julgamento das causas que
envolvam as Sociedades de Economia Mista. São elas as de número 508, 517 e 556.

Modelos a serem adotados no endereçamento da peça para ações propostas em


primeira instância ou petição de interposição de recurso, conforme a respectiva
competência informada no problema:
• Justiça Federal:
» AO JUÍZO FEDERAL DA... VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE...;
• Justiça Comum:
» AO JUÍZO DE DIREITO DA... VARA... (CIVEL/FAZENDO PÚBLICA) DA
COMARCA DE...;
• Juizado Especial Federal:
» AO JUÍZO DO... JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA...

Qualificação das Partes


A qualificação das partes deve ser completa no sentido de informar todos os atribu-
tos das partes, sem, contudo, acrescentar informações quando o texto não as fornece.

Quando o texto informar nome, cidade, endereço etc., o examinando poderá uti-
lizar tais informações no que couber, mas, na ausência de dados pessoais das partes,
o estudante deverá fazer uso de reticências [...].

Assim, para todas as peças, a qualificação será sempre a mesma, devendo conter
as seguintes informações:
• Nome (...), nacionalidade (...), estado civil (...), profissão (...), número de inscrição
no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF (...), ou, número de inscrição no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ (...), endereço eletrônico – e-mail (...), domi-
cílio e residência.

16
Após a qualificação da parte, o examinando deve sempre indicar que a parte está
representada por advogado (...), por seu advogado, procuração anexa.

Nome da Peça
Questão de fundamental importância, vez que, ao errar o nome da peça, o exa-
minando receberá nota zero na prova.

Veja. Errar o nome da peça, significa errar o fundamento jurídico do pedido, de


modo que toda a peça estará eivada de erros.

Conforme estudado no Item 2.2, é importante que o examinando leia o texto com
atenção e identifique com destaques as informações que possam conduzir à peça
correta. Também é importante uma leitura cuidadosa e a realização de um “esque-
leto” da peça, antes de iniciar efetivamente a escrita do texto mesmo no rascunho.

Feito o esqueleto da peça, o candidato iniciará a escrita no rascunho com mais


propriedade e segurança, o que permitirá, ao “passar a limpo a peça” na folha de
resposta, ter menos equívocos a corrigir.

É importante lembrar-se de que o texto do problema irá dialogar com o examinando,


trazendo as informações necessárias para a correta elaboração da peça.

Basta uma leitura cuidadosa e prévia, e uma segunda leitura com destaques nas
informações-chave que o texto irá apresentar.

Dos Fatos
Na escrita dos fatos, o examinando terá oportunidade de explicar a razão de o juízo
dar provimento ao seu pedido, ou seja, demonstrará pelos fatos que houve uma violação
de determinado direito (direito esse que será identificado nos fundamentos jurídicos).

Nunca se deve copiar os fatos de forma textualmente idêntica ao texto do proble-


ma. O problema apresenta informações que servem ao endereçamento, por exem-
plo, e tais informações não interessam aos fatos, de forma que o examinando deve
fazer um breve resumo contendo as informações que justificam a propositura da
respectiva ação, sendo certo que tais informações deverão ter correlação com os
fundamentos jurídicos da peça.

Fundamentos Jurídicos – Do Direito


Esse é o momento em que o examinando deverá explicar o direito violado e o direito
que garante a propositura da ação. É importante que o examinando não copie os Arti-
gos que fundamentarão o seu pedido. Deve, sim, indicá-los, mas jamais transcrevê-los.

É no Direito que o examinando demonstra o conhecimento jurídico e a capaci-


dade de concatenação entre fatos e direito. Por essa razão, deverá correlacionar os
fatos ao direito respectivo, explicando o Artigo atrelado ao fato, sem fazer uma cópia
fiel de sua redação.

17
17
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

Tutelas Provisórias e Tutelas de Urgência


A possibilidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário ocorre, entre
outras situações, por meio de medidas provisórias ou antecipatórias (Art. 151, IV e
V do CTN), vez que a mera propositura de ações judiciais na defesa de interesses
dos contribuintes não impede que o Fisco proceda com o lançamento tributário e
constitua o respectivo crédito, para então exigi-lo do contribuinte.

Nesses casos, e quando o problema trouxer a informação que indique a urgência


da medida judicial, o examinando deverá valer-se da previsão das tutelas provisórias
previstas nos Artigos 294 a 311 do Código de Processo Civil.

A tutela de urgência será requerida quando houver elementos que evidenciem a


probabilidade do direito e o perigo da demora de dano ou risco ao resultado útil do
processo (Art. 300 do CPC).

Por outro lado, a tutela de evidência se caracterizará necessária quando houver


informações que deixem caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório da parte, alegações comprovadas apenas documentalmente
ou existência de tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em Súmula Vin-
culante e, quando se tratar de pedido reipersecutório (a fim de reaver) fundado em
prova documental adequada do contrato de depósito, e a petição inicial for instruída
com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o
réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável (Art. 311 do CPC).

No exame de segunda fase da Ordem, poderão ser utilizadas as medidas liminares


no Mandado de Segurança, Tutelas Provisórias em Ações Ordinárias e efeitos sus-
pensivos nos recursos judiciais, nos quais será cabível a Tutela Recursal (Agravo de
Instrumento – Art. 1019, I do CPC).

Importante!
O examinando deve, ao destacar as informações do texto, observar os Artigos 5º e 7º, § 2º
e § 5º da Lei n. 12016/09 que disciplina o Mandado de Segurança, que estabelecem situa-
ções em que não serão concedidas liminares no Mandado de Segurança e, ainda, na tutela
antecipada prevista nos Artigos 300 a 310 do CPC.

Título III da Tutela da Evidência – Art. 311, disponível em: https://bit.ly/3kk4y1J

Dos Pedidos
O pedido ou os pedidos são de suma importância na petição, vez que resumem,
consequentemente, a correlação entre fatos e direito, devendo ser divididos em vários
elementos com base na necessidade de concessão de tutela antecipada ou liminar em
Mandado de Segurança, efeito suspensivo, citação/intimação do réu, procedência da
ação e confirmação da liminar quando houver pedido de antecipação de tutela ou

18
Mandado de Segurança, reforma da decisão e efeito suspensivo no caso de recursos,
assim como tutela recursal, produção de provas, condenação nas custas e honorá-
rios advocatícios, entre outros, a depender da espécie processual a ser manejada.

Encerramento da Petição
O momento final da petição consiste na indicação do valor da ação quando for
pedido inicial. No pedido genérico de deferimento, indicação do local e data, assim
como indicação do advogado e, em seguida, o número da OAB, lembrando-se sem-
pre que não se deve identificar qualquer nome ou número de OAB, e também, nome
da localidade e informação específica da data quando o problema não trouxer essas
informações, devendo, no fechamento, utilizar o exemplo a seguir:

Nesses termos, pede deferimento


Local ..., Data ...
Advogado...
OAB ... / nº ...

As Ações em Espécie
Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídico-tributária
Noções Gerais e Cabimento
A Ação Declaratória tem como objetivo principal a obtenção de certeza jurídica,
a ser declarada pelo julgador, acerca da inexistência de determinada relação jurídico
tributária entre o autor e o Fisco, ou ainda, em relação à falsidade ou autenticidade
de documento (Art. 19, I e II do CPC).

A identificação da peça no Exame dependerá de informações específicas a serem


observadas pelo examinando, considerando as seguintes situações:
• Informação de que ainda não houve lançamento tributário ou lavratura de auto
de infração contra o autor;
• Informação ao final do texto de que, mesmo sem existir atividade concreta do
Fisco (entenda-se as situações acima), procura você como advogado para a rea-
lização de defesa prévia;
• Informação de publicação recente de Lei Tributária, de forma que ainda não
houve qualquer fiscalização no estabelecimento do contribuinte, procura você
como advogado pretendendo medida judicial já no presente momento;
• Informação de que o contribuinte pretende medida que assegure o não paga-
mento de futuro e eventual tributo a ser lançado, ou multa a ser aplicada;

19
19
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

• Informação de resultado negativo de consulta fiscal e ausência de


procedimento fiscal.

Estrutura Geral da Peça


É essencial que a peça contenha os seguintes tópicos:
1. Endereçamento;
2. Qualificação da parte autora;
3. Nome da peça;
4. Qualificação da parte em face da qual se propõe a medida;
5. Dos fatos;
6. Do cabimento da medida;
7. Do direito;
8. Da tutela provisória (Urgência ou Evidência), quando for o caso;
9. Dos pedidos;
10. Fechamento da peça.

Ação Anulatória de Débito Fiscal


Noções Gerais e Cabimento
Consiste em ação constitutiva negativa, cujo objeto é a desconstituição do ato adminis-
trativo de lançamento do crédito tributário, ou seja, a anulação do crédito já constituído.

Se o Fisco já realizou o ato de lançamento ou o auto de infração, o sujeito passivo


necessita, assim, da obtenção de tutela judicial desconstitutiva com a finalidade de
anular a respectiva medida.

A identificação da peça de Ação Anulatória de débito fiscal no Exame, depen-


derá da informação específica de efetiva concretização do lançamento do Crédito
Tributário ou do auto de infração, assim como a ausência de propositura de ação de
execução contra o sujeito passivo.

Situações que indicam a utilização da peça:


• Informação de que houve a lavratura de auto de infração contra o sujeito passivo;
• Informação de atividade do Fisco de concretização do lançamento tributário;
• Informação de que mesmo efetivado o lançamento ou ocorrendo a autuação,
ainda não houve propositura de medida de Execução Fiscal;
• Indicação de necessidade de medida que anule o pagamento de tributo lançado,
ou que anule a autuação efetuada em desfavor do sujeito passivo.

A estrutura geral da peça assemelha-se à estrutura da Ação Declaratória, de for-


ma que devem ser observados, respectivamente, os itens sequenciais do Item 3.1.2.

20
Ação de Repetição do Indébito
Noções Gerais e Cabimento
Consiste em ação que visa à devolução de valor indevidamente pago ao fisco, ante
uma das situações previstas no Artigo 165 do CTN, caso em que exista cobrança
ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da
Legislação Tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato ge-
rador efetivamente ocorrido, erro na edificação do sujeito passivo, na determinação
da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou confe-
rência de qualquer documento relativo ao pagamento ou, ainda, reforma, anulação,
revogação ou rescisão de decisão condenatória.

Será possível ao examinando identificar a peça observando a existência de infor-


mações conforme as seguintes situações:
• Informação que indique a existência de pagamento indevido;
• Informação de que o sujeito passivo o contrata como advogado para propor
medida judicial com vistas à devolução de valores indevidamente recolhidos;
• Informação de proibição de enriquecimento sem causa por parte do Poder Pú-
blico ou Administração ou ente tributante etc., indicando que o advogado deverá
redigir peça processual em defesa dos interesses do autor ou do contribuinte;
• Informação de que houve recolhimento de tributo a maior nos últimos cinco
anos, indicando que o advogado deve propor a medida judicial adequada para a
devolução do montante excedente.

Estrutura Geral da Peça


A Ação de Repetição de Indébito possui estrutura semelhante às ações anteriores,
diferenciando-se apenas na necessidade de indicação da tempestividade da ação,
vez que há prescrição quinquenal para requerer a devolução dos valores indevida-
mente recolhidos.

Outra diferença na estrutura da peça encontra-se na indicação da legitimidade


ativa para a propositura da ação e passiva para a devolução dos valores pagos inde-
vidamente ou a maior.

Nesse entendimento, a estrutura geral da peça deverá conter a seguinte sequência:


1. Endereçamento;
2. Qualificação da parte autora;
3. Nome da peça;
4. Qualificação da parte em face da qual se propõe a medida;
5. Dos fatos;
6. Do cabimento da medida;

21
21
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

7. Da tempestividade;
8. Da legitimidade ativa;
9. Da legitimidade passiva;
10. Do direito;
11. Da tutela provisória (Urgência ou Evidência), quando for o caso;
12. Dos pedidos (Ante todo exposto, requer: a procedência da ação, ou julgue
procedente a ação para...);
13. Fechamento da peça.

Embargos à Execução
Noções Gerais e Cabimento
Os Embargos à Execução consistem na forma inaugural de defesa do contribuinte
quando já iniciado o Processo de Execução, ou seja, é a primeira possibilidade de
defesa do executado.

Para a elaboração da peça, é importante o examinando observar, além dos requisi-


tos do CPC, também a Lei nº 6.830/1980 Lei de Execuções Fiscais – LEF, que possui
requisitos específicos e questões processuais importantes a serem consideradas.

Pontos informativos que indicam o manejo dos embargos à execução:


• Informação de existência de Ação de Execução Fiscal proposta em face do con-
tribuinte ou devedor;
• Informação de penhora de bens em razão de Execução Fiscal, ou apenas de
penhora de bens pelo fisco ou pela Fazenda Pública, não transcorrido o prazo
de 10 dias;
• Informação de efetuação de garantia do juízo pelo devedor não transcorridos o
prazo de 30 dias;
• Informação de propositura de defesa judicial no prazo de 30 dias após o início
da execução, considerando que o executado ou seu cliente possuem condições
econômicas de depositar valores para garantia do juízo ou de garantir o juízo
da execução.

Estrutura Geral da Peça


A peça de embargos à execução a ser manejada pelo examinando deverá conter
os seguintes itens sequenciais:
1. Endereçamento;
2. Indicação de distribuição por dependência à execução fiscal;
3. Qualificação da parte autora;

22
4. Nome da peça;
5. Qualificação da parte em face da qual se propõe a medida;
6. Dos fatos;
7. Do cabimento da medida;
8. Da garantia e tempestividade;
9. Do direito;
10. Da concessão do efeito suspensivo;
11. Dos pedidos (Ante todo exposto, requer: a procedência da ação, ou, jul-
gue procedente a ação para...);
12. Fechamento da peça.

Exceção de Pré-Executividade
Noções Gerais e Cabimento
Conforme visto no item anterior, os Embargos à Execução são a primeira forma
de defesa do executado.

A exceção de pré-executividade, nesse contexto, consiste na segunda hipótese de


defesa do executado, alegando matérias com a finalidade de demonstrar que a exe-
cução não preenche todos os requisitos do Artigo 783 do CPC.

A Exceção de Pré-executividade tem cabimento nos autos da Execução para ale-


gar matérias como prescrição, decadência, pagamento do tributo ou ausência de
responsabilidade tributária, quando comprovada de forma documental, sendo certo
que o problema trará essa informação (Súmula 393 do STJ).

Há entendimento pacificado nos Tribunais Superiores, de que é cabível a condena-


ção em honorários advocatícios na Exceção de Pré-executividade (REsp 999.417/SP,
AgRg no REsp 1.085.980/SC, ARE 791.680/BA).

Situações que indicam o manejo da peça de Exceção de Pré-executividade:


• Informação de existência de Execução Fiscal proposta;
• Informação de citação do executado e de que ele não pretende ofertar bens ou
valores em garantia;
• Informação de que se trata de matéria conhecível de ofício pelo juízo, ou matéria
de ordem pública (prescrição e decadência) e de não existência de garantia do
juízo (se houver garantia do juízo, não caberá a Exceção, devendo ser manejado
Embargos à Execução);
• Informação de que houve o decurso do prazo superior a 30 dias da
penhora realizada;

23
23
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

• Informação indicando que o advogado deverá apresentar defesa sem existência


de garantia ou penhora de bens, e de que todas as provas já estariam pré-cons-
tituídas, sendo desnecessária a produção de novas provas;
• Informação de que a defesa deve ser apresentada nos autos da execução.

Estrutura Geral da Peça


A peça de Exceção de Pré-executividade diferencia-se estruturalmente em alguns
aspectos da peça de Embargos à Execução.

Assim, sua estrutura deverá conter os seguintes itens:


1. Endereçamento;
2. Indicação do número da execução fiscal (Referente à Execução Fiscal nº ...);
3. Qualificação da parte autora;
4. Nome da peça;
5. Qualificação da parte em face da qual se propõe a medida;
6. Dos fatos;
7. Do cabimento da medida;
8. Do Direito;
9. Da ilegitimidade passiva (quando houver essa informação);
10. Da prescrição (quando houver elementos de data que indiquem
a prescrição);
11. Do cabimento de honorários advocatícios;
12. Dos pedidos (Ante todo exposto, requer: a procedência da presente Ex-
ceção, ou julgue procedente a Exceção para...);
13. Fechamento da peça.

Mandado de Segurança
Noções Gerais e Cabimento
O Mandado de Segurança, por consistir Ação Constitucional, foi devidamente
estudado na Unidade anterior.

Assim, nesta Unidade, estudaremos apenas o seu cabimento e situações que indi-
cam a impetração da Ação Mandamental.

No Direito Tributário, a aplicação do Mandado de Segurança tem como base a ativi-


dade administrativa realizada para a concretização da relação jurídico tributária, deven-
do sempre ser observadas pelo examinando informações que indiquem que a atividade
se realizou de forma ilegal ou abusiva, violando direito líquido e certo do contribuinte.

24
Há, também, de se destacar informações que indiquem haver provas do direito
violado, contudo, não havendo esse tipo de informação, mas sendo clara a violação
de direito líquido e certo por ato praticado com ilegalidade ou abuso de poder e, ain-
da, a informação de que não transcorreu o prazo decadencial de 120 dias, a necessi-
dade de pedido de liminar, observados sempre os casos em que não serão deferidas
liminares previsto nos Artigo 5º e 7º, § 2º da Lei 12016/2009.

A estrutura geral da peça segue a mesma indicada sequencialmente na Uni-


dade anterior.

Recursos
Noções Gerais e Cabimento
Os recursos se fundamentam nas garantias constitucionais do contraditório, da
ampla defesa e do duplo grau de jurisdição.

Na seara tributária, podem ser manejados recursos cíveis ou constitucionais. Dentre


os recursos cíveis, entre os mais cobrados nos Exames estão o Agravo de Instrumento
e a Apelação em maior número de vezes, e o Recurso Ordinário apenas uma vez.

Nesse contexto, veremos os três recursos principais a serem conhecidos e, possi-


velmente, manejados em eventual Segunda Fase do Exame.

Entre os três recursos (Agravo de Instrumento, Apelação e Recurso Ordinário),


todos possuem em comum, em sua estrutura, a necessidade de elaboração de duas
peças: uma de interposição – dirigida ao juízo que prolatou a decisão, e a peça de
razões, que será dirigida ao órgão ad quem (acima), que irá reanalisar a questão,
sendo necessária a redação das duas peças e que, no recurso de Apelação e no re-
curso ordinário, a petição de interposição seja dirigida ao juízo prolator da decisão,
requerendo sua remessa ao respectivo tribunal ad quem.

Com o advento do novo Código de Processo Civil, o agravo de instrumento deverá


ser dirigido diretamente ao Tribunal (juízo ad quem), nos termos do Artigo 1016 do
CPC, sendo necessária, ainda, a peça de interposição, mas não mais dirigida ao julga-
dor da decisão.

Dessa forma, o examinando deve ater-se ao fato de que precisará de espaço e


fundamentação para as duas peças, assim como a diferença no endereçamento de
ambas e, ainda, na diferença do endereçamento, caso seja necessária a utilização do
Agravo de Instrumento.

Recurso de Agravo de Instrumento


Considerações Gerais e Cabimento
O Agravo de Instrumento, como na seara cível, será o recurso a ser manejado para
impugnação de decisões interlocutórias tomadas pelo magistrado ao longo do processo.

25
25
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

O cabimento do recurso encontra-se previsto no Artigo 1015 do CPC e, no Mandado


de Segurança, encontra-se também previsto no Artigo 7º, § 1º da Lei 12.016/2009,
considerando a concessão ou não de Medida Liminar na Ação Mandamental.

Importante destacar que, na petição de interposição do Agravo de Instrumento,


o candidato deverá indicar o seu inconformismo com a decisão e, no fechamento da
peça, pedir deferimento genérico como em todos os fechamentos de peças, contudo,
não haverá necessidade de requerer remessa dos autos ao Tribunal, vez que a peça
será endereçada diretamente ao Tribunal.

Destaca-se, ainda, que, nas razões recursais, o pedido do recurso, além dos possí-
veis requerimentos conforme as informações expressas no texto do problema, deverá
conter respectivamente os pedidos de conhecimento e provimento para reformar a
decisão combatida.

Identificação do Agravo de Instrumento no Exame


A identificação do Agravo de Instrumento irá depender da existência de decisão
a ser combatida, sendo necessário ao examinando observar as seguintes situações:
• Informação de que, durante o trâmite processual, o juiz prolatou
decisão interlocutória;
• Informação de não concordância ou inconformismo com a decisão do magistra-
do, indicando que o advogado deverá manejar a peça processual cabível;
• Informação de que mesmo com requerimento comprovado em primeiro grau,
houve o indeferimento da tutela provisória;
• Informação de que não há na decisão do magistrado qualquer omissão, contra-
dição ou obscuridade.

Estrutura Geral da Peça


Para a elaboração da peça de Agravo de Instrumento, o examinando deverá obser-
var a seguinte sequência de tópicos que devem, obrigatoriamente, conter na redação:
1. Endereçamento;
2. Qualificação da parte autora e da parte ré no bojo da peça;
3. Demonstração de inconformismo com a decisão agravada;
4. Nome da peça;
5. Pedido de tutela recursal (Art. 1019, I);
6. Do cabimento;
7. Da tempestividade;
8. Do preparo (comprovante de recolhimento das custas de porte de remes-
sa e retorno (Art. 1007 caput, e 1017, §1º do CPC);

26
9. Do nome e endereço completo do advogado (devendo fazer uso de reti-
cências (...) para evitar identificação;
10. Das peças obrigatórias (indicação de que junta as peças obrigatórias e
facultativas previstas no Art. 1017 do CPC);
11. Fechamento da interposição;
12. Abertura da peça das razões informando respectivamente: Razões de
agravo, Agravante: Nome...; Agravado: Nome...; Processo nº...; Saudação
ao tribunal (Egrégio tribunal, Colenda Turma etc.);
13. Dos fatos;
14. Do direito;
15. Dos pedidos (requer o conhecimento e provimento do presente recurso
para...; ou, seja reconhecido e provido o presente recurso, para reformar
a decisão agravada e ...);
16. Fechamento da peça.

Recurso de Apelação
Noções Gerais e Cabimento
O recurso de Apelação, diferente do Agravo de Instrumento, deverá ser manejado
ante a informação de decisão terminativa do processo ou de sentença prolatada.

A apresentação ou interposição do recurso de Apelação, diferente do Agravo de


Instrumento, deverá ser realizada no Juízo de Primeira Instância prolator da sentença.

Importante!
Em caso de indeferimento da petição inicial do Mandado de Segurança é cabível o re-
curso de Apelação, conforme estabelece Art. 10, § 1º da Lei 12016/09, e, em caso de
sentença denegando ou concedendo o mandado, cabe Apelação (Art. 14, Lei 12/016/09).

Identificação da Peça
A identificação do recurso de Apelação será possível, também, observando-se as
seguintes situações no problema:
• Informação de que houve o regular trânsito judicial e a prolação da sentença
indeferindo o pedido ou que o juiz sentenciou às folhas...;
• Informação de não concordância com a sentença exarada pelo magistrado/juiz;
• Informação de que na sentença não existe qualquer omissão, contrariedade
ou obscuridade;

27
27
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

• Informação de que houve decurso de prazo menor que 15 dias e de que o advo-
gado deverá apresentar recurso contra a sentença proferida;
• Informação de que houve indeferimento de petição inicial de Mandado de Segurança;
• Informação de sentença denegando a segurança requerida ou, ainda, sentença
denegando o mandado.

Estrutura Geral da Peça


No recurso de Apelação, conforme dito, são necessárias duas petições (interposi-
ção e razões), devendo a primeira ser dirigida ao órgão prolator da sentença.

Dessa forma, os seguintes pontos sequenciais deverão constar das peças:


1. Endereçamento da petição de interposição (juízo prolator da sentença);
2. Qualificação da parte autora e da parte ré no bojo da peça;
3. Demonstração de inconformismo com a sentença;
4. Nome da peça;
5. Fundamento no Art. 1009 e seguintes do CPC e indicação de recolhi-
mento das custas e preparo recursal;
6. Pedido intimação do recorrido e de remessa ao tribunal ad quem;
7. Fechamento da interposição;
8. Abertura da peça das razões informando respectivamente: Razões de
Apelação, Apelante: Nome...; Apelado: Nome...; Processo nº...; Sauda-
ção ao tribunal (Egrégio tribunal, Colenda Turma etc.);
9. Dos fatos;
10. Do cabimento;
11. Da tempestividade;
12. Do preparo (indicação novamente de recolhimento do preparo recursal,
considerando que haverá juízo de admissibilidade no respectivo tribunal);
13. Dos efeitos (requerimento de concessão de efeito suspensivo, arts. 1012
e 1013 do CPC);
14. Preliminar de análise das decisões interlocutórias (quando a questão trou-
xer expressamente decisão que não poderia ser combatida com agravo
de instrumento, Art. 1009, § 1º do CPC);
15. Do direito;
16. Dos pedidos (requer o conhecimento e o provimento do presente recurso
de Apelação para...; ou, seja reconhecido e provido a presente Apelação,
para reformar a sentença proferida e ...;
17. Fechamento da peça.

28
Recurso Ordinário
Noções Gerais e Cabimento
O Recurso Ordinário atua como uma espécie de Apelação para a Instância Superior
ao órgão prolator da decisão nos casos em que a competência originária pertence aos
Tribunais (Art. 102, II e 105, II da CF/88).

Trata-se do recurso a ser manejado em decisão colegiada denegatória de Mandado


de Segurança cuja competência prevista nos Artigos 102 e 105 da CF/88 seja origi-
nalmente do Tribunal (Justiça Comum ou Justiça Especial e Extraordinária).

Cabe ressaltar que, em se tratando de decisão monocrática proferida pelo relator


do Mandado de Segurança, o recurso a ser manejado será o Agravo interno previsto
no Artigo 1021 do CPC.

O Recurso Ordinário será cabível apenas quando a decisão for colegiada (Acórdão).

Identificação da Peça
As situações que indicarão ao examinando a necessidade de interposição de Re-
curso Ordinário a serem observadas são:

Informação de decisão colegiada denegatória de Mandado de Segurança proferida


pelo Tribunal (estadual ou federal);

Informação de denegação da ordem ou segurança em única instância (estadual


ou federal);

Informação de que o candidato como advogado deverá apresentar o recurso cabí-


vel na negativa de Mandado de Segurança pelos Ministros do STJ.

Estrutura Geral da Peça


As peças de interposição e Razões de Recurso deverão conter, respectivamente,
os seguintes itens:
1. Endereçamento da petição de interposição (Tribunal prolator da decisão);
2. Qualificação da parte autora e da parte ré no bojo da peça;
3. Demonstração de inconformismo com a sentença;
4. Nome da peça;
5. Fundamento no Art. 102, II ou 105, II da CF/88, conforme se trate de
decisão do tribunal comum ou do STJ;
6. Indicação de recolhimento das custas e preparo recursal;
7. Pedido de intimação do recorrido e de remessa ao Tribunal ad quem;
8. Fechamento da interposição;

29
29
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

9. Abertura da peça das razões informando, respectivamente: Razões de


Recurso Ordinário, Recorrente: Nome...; Recorrido: Nome...; Processo
nº...; Saudação ao tribunal (Egrégio tribunal, Colenda Turma, etc.);
10. Da tempestividade;
11. Dos fatos;
12. Do cabimento;
13. Do direito;
14. Dos pedidos (requer o conhecimento e provimento do presente Recurso
Ordinário para...; ou, seja reconhecido e provido o Recurso Ordinário,
para reformar a decisão prolatada e ...);
15. Fechamento da peça.

Em Síntese
Finalizamos esta Unidade com o estudo das principais peças que podem ser cobradas do
examinando na Segunda Fase do Exame da OAB.
Trabalhamos, respectivamente, as peças cabíveis no Processo Administrativo e no Pro-
cesso Judicial, bem como os possíveis recursos que poderão ser manejados conforme as
informações trazidas no texto problema da peça.
Reiteramos a importância de que o aluno, como já recomendado, faça uma leitura cui-
dadosa no primeiro contato com a prova e, posteriormente, faça uma segunda leitura
cuidadosa, destacando todas as informações relevantes que levarão à identificação da
peça e do direito a ser protegido.

30
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Passe na OAB – 2ª fase – FGV – Prática Tributária
QUINTANILHA, G.; NOVAIS, R. Passe na OAB – 2ª fase – FGV – Prática
Tributária. 4.ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

Leitura
O Mandado de Segurança e a restituição do pagamento indevido no tema da exclusão do ICMS das bases de
cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS
DE SOUZA, F. D. C. O Mandado de Segurança e a restituição do pagamento
indevido no tema da exclusão do ICMS das bases de cálculo da contribuição ao
PIS e da COFINS. Revista de Direito Internacional Econômico e Tributário,
Brasília, v. 14, n. 2, jul./dez., p. 644-676, 2020.
https://bit.ly/2GWXkSU
Repetição de indébito no desvio de finalidade nas contribuições: entre a praça e o jardim
PINHEIRO, H. Repetição de indébito no desvio de finalidade nas contribuições:
entre a praça e o jardim. Revista Jurídica da Presidência, Brasília, v. 21, n. 125,
p. 590-614, 2020.
https://bit.ly/35RdYOv
A suspensão da cobrança dos juros de mora no processo administrativo fiscal após o transcurso do prazo
disposto no Art. 24 Da lei n º 11.457/2007
SILVEIRA, C.; DE OLIVEIRA FILHO, J. G. A suspensão da cobrança dos juros
de mora no processo administrativo fiscal após o transcurso do prazo disposto no
Art. 24 Da lei n º 11.457/2007. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de
Janeiro, v. 21, n. 2, 2020.
https://bit.ly/3hA17Cr

31
31
UNIDADE Ações e Recursos em Matéria Tributária

Referências
AMARO, L. Direito Tributário Brasileiro. 22.ed. São Paulo: Saraiva, 2017. (e-book)

CALIENDO, P. Curso de direito tributário. 3.ed. São Paulo: Saraiva Educação,


2020. (e-book)

CAPARROZ, R. Direito Tributário Esquematizado. 3.ed. São Paulo: Saraiva Edu-


cação, 2019.

CASSONE, V. Direito tributário. 28.ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book)

COSTA, R. H. Curso de direito tributário. 8.ed. São Paulo: Saraiva Educação,


2018. (e-book)

MARINS, J. Direito Processual Tributário Brasileiro: (administrativo e judicial). 6. ed.


São Paulo: Dialética, 2012.

QUINTANILHA, G.; NOVAIS, R. Passe na OAB. 2ª fase. FGV. Prática tributária.


4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

TORRES, H. T. Direito Processual Tributário 1. São Paulo: Editora Revista dos


Tribunais, 2015.

________. Direito Processual Tributário 2. São Paulo: Editora Revista dos Tribu-
nais, 2015.

32

Você também pode gostar