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MEIOS DE REAÇÃO NO

PROCEDIMENTO E PROCESSO
TRIBUTÁRIOS

Meios de reação no âmbito do


procedimento tributário

Sara Luís Dias


As garantias do contribuinte: direito à
informação

«Os cidadãos têm o direito de ser informados pela


Administração, sempre que o requeiram, sobre o
andamento dos processos em que sejam diretamente
interessados, bem como o de conhecer as resoluções
definitivas que sobre eles forem tomadas»
268.º CRP

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As garantias do contribuinte: direito à
informação
❑ INFORMAÇÕES SIMPLES (Artigos 67.º LGT)

❑ INFORMAÇÕES VINCULATIVAS (Artigos 57.º CPPT e 68.º


LGT)
Facilitar o cumprimento das obrigações fiscais por parte
dos SP e garantir uma maior segurança no enquadramento
fiscal das respetivas operações económicas.
Informação vinculativa urgente (artigos 68.º, n.º 2, 8 e 9 da
LGT: possibilidade de deferimento tácito)
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As garantias do contribuinte: direito à
informação
«O efeito produzido pela prestação desta informação
vinculativa, por si e em relação ao objecto do pedido,
mais não é do que o de obstar a que a AT proceda
posteriormente em sentido diverso ao da informação
prestada. Ao proceder de forma diversa ao da
informação prestada, a AT violou o princípio da tutela
da confiança»
Acórdão do TCAS de 17/09/2020

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As garantias do contribuinte: direito à
informação
ORIENTAÇÕES GENÉRICAS (55.º e 56.º CPPT e 68.º-A
LGT)
Visa a uniformização da interpretação e aplicação das
normas tributárias pelos diversos serviços da AT

Competência do dirigente máximo do serviço ou do


funcionário em quem ele tiver delegado essa
competência (55.º n.º 1 CPPT)
Vinculam a AT mas não o Sujeito Passivo
Publicidade (56.°, n.ºs 1 e 2 do CPPT)

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As garantias do contribuinte: direito de
audição
Os contribuintes podem participar activamente nos
procedimentos tributários, exercendo o seu direito de
audiência e de contraditório (60.º LGT e 267.º da CRP).

Uma das principais garantias concedidas aos sujeitos


passivos ao longo do procedimento tributário.

Direito de audição prévia do SP antes da tomada de uma


decisão.
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As garantias do contribuinte: direito de
audição
A audição prévia é dispensada se o contribuinte tiver
sido ouvido anteriormente em qualquer das fases do
procedimento.

Dispensa ilegal do direito de audição prévia do


contribuinte antes da liquidação constitui preterição
de formalidade essencial suscetível de invalidar o ato
final da liquidação.

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As garantias do contribuinte: direito de
audição
«Se a administração tributária não dá adequado cumprimento
ao direito de audição, tal facto determina a anulação, por vício
de forma, do despacho de reversão.
O mesmo só não seria anulável se a respetiva irregularidade
pudesse degradar-se em formalidade não essencial, por força
da aplicação do princípio do aproveitamento dos atos.
Mas, essa degradação só poderia ocorrer se, por recurso a um
juízo de prognose póstuma, fosse seguro concluir que a
realização da diligência de inquirição das testemunhas indicadas
pelo revertido, não seria passível de aportar elementos novos,
relevantes para a fundamentação da decisão a proferir»
Acórdão do STA de 20/03/2019 (processo n.º 0304/18)

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Reclamação graciosa
Artigos 68º e ss do CPPT
Visa a anulação total ou parcial dos atos tributários com
fundamento na respetiva ilegalidade (68.º n.º 1 do
CPPT).

Características da reclamação graciosa (69.º CPPT): Não


tem efeito suspensivo, salvo quando for prestada
garantia nos termos do disposto no artigo 199.º CPPT.

Fundamentos da reclamação (artigos 70.º, n.º 1 e 99.º


CPPT)

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Reclamação graciosa
Apresentada por escrito, no serviço periférico local – o
Serviço de Finanças (artigo 70.º, n.º 6 e 7 CPPT) e dirigida ao
órgão periférico regional da AT – o Diretor de Finanças (73.º,
n.º 1 e 75.º CPPT).
Prazo: 120 dias (artigo 70.º, n.º 1 CPPT), salvo casos
especiais.
Tramitação: 73.º CPPT
Se a decisão for no sentido de indeferimento da reclamação,
o sujeito passivo é notificado do projeto de decisão para
exercer o seu direito de audição - 60.º n.º 1, al. b) LGT

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Reclamação graciosa
• Deferimento expresso: Anulação do ato tributário +
eventuais juros indemnizatórios (43.º LGT e 61.º
CPPT);
• Indeferimento expresso: Mantem-se o ato tributário
+ eventual agravamento da coleta (77.º CPPT);
• Indeferimento tácito: Mantem-se o ato tributário
(57.º, n.º 1 e 5 LGT e 106.º CPPT);
• Deferimento tácito: Anulação do ato tributário no
caso da reclamação relativa ao pagamento por conta
(133.º, n.º 4 CPPT).

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Reclamação graciosa
«I - O artº 69º al. f) do CPPT, tem um campo de aplicação distinto do
estabelecido no artº 169 do CPPT, (preceito este que se refere à
suspensão de execução fiscal já instaurada)
II - O requerimento apresentado nos termos do artº 69º al. f) do CPPT
para prestar garantia tem a virtude de suspender o procedimento de
cobrança e se como no caso dos autos ainda não estava iniciada
qualquer cobrança coerciva esta não pode desenvolver-se até haver
decisão sobre a garantia requerida, desde logo por respeito aos
comandos constitucionais dos artºs 266º e 268º.
III - O processo de execução não podia ter sido instaurado, como foi,
pois em si própria a instauração é já lesiva dos interesses do
contribuinte. (…)

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Reclamação graciosa
«(…) IV - O requerimento apresentado para prestação de garantia na
petição de reclamação graciosa devia ter originado, por dever legal e
respeito pelo “princípio da decisão” um procedimento próprio por
parte da administração fiscal designadamente com o seu
deferimento/indeferimento autónomo antes da instauração do
processo executivo fiscal (artº 56º nº 1 da LGT). O facto de tal não ter
sucedido, impedia o desenvolvimento dos seus termos processuais.
V - Ocorre, pois, fundamento próprio para oposição, enquadrável na
alínea i) do artº 204 do CPPT derivada da instauração e indevido
desenvolvimento processual do processo executivo fiscal o que
determina a procedência da oposição»
Acórdão do STA de 08/02/2017 (processo n.º 0177/15)

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Reclamação graciosa

«I - A presunção de indeferimento tácito constitui uma ficção


jurídica destinada a facultar ao lesado o acesso à via judicial
perante a omissão do dever de decisão, que nem preclude a
possibilidade de este vir a recorrer a intimação judicial para um
comportamento, nem transfere para o campo da
“discricionariedade administrativa” o dever legal de decidir a
reclamação, que apenas se tem por excluído nos casos
previstos no n.º 2 do artigo 56.º da LGT.»
Acórdão do STA de 31/03/2016 (processo n.º 0411/15)

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Recurso hierárquico
Artigos 66.º e 67.º CPPT: Serve para requerer ao superior
hierárquico do autor do ato uma nova apreciação deste.

Meio de reação admitido em:


❑ Em todos os casos previstos na lei como no caso de reclamação
graciosa indeferida (76, n.º 1 do CPPT) e de não
reconhecimento de benefícios fiscais (65, n.º4 CPPT);
❑ De acordo com Joaquim Freitas da Rocha, quando a lei não
prevê qualquer outra possibilidade de controlo administrativo,
como acontece com as correções meramente aritméticas (91.º
n.° 14 LGT)

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Recurso hierárquico
Prazo: 30 dias e deve ser interposto perante o autor do ato
recorrido, mas dirigido ao mais elevado superior
hierárquico (66.º, n.º 2 CPPT e 80.º LGT)
Pode ser imediatamente decidido pelo órgão que praticou
o ato – que o revoga de forma total ou parcial – 66.º n.º 4
CPPT
Audição prévia (60.º da LGT) e prazo de 60 dias para
decisão (66.º, n.º 5 CPPT)
Natureza meramente facultativa e efeito devolutivo (67.°,
n.° 1, do CPPT)
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Revisão do ato tributário
Artigo 78.º LGT
O ato tributário vai ser reapreciado pelo próprio órgão
que o praticou.

❑ Pedido pelo Sujeito Passivo (120 dias): artigos 78.º n.º


1 e 70.º CPPT

❑ Revisão oficiosa: 78.º, n.º 1, 4 e 6 LGT (diferentes


prazos).

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Revisão do ato tributário
Decisão:

❑ Indeferimento do pedido de revisão: Liquidação adicional,


sendo suscetível de impugnação judicial OU manutenção
do ato;

❑ Deferimento do pedido de revisão: Anulação do ato


tributário e eventual direito a juros indemnizatórios (artigo
43º, n.º 3, al. b) e c) da LGT).

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Revisão do ato tributário
«I - Mesmo depois do decurso dos prazos de reclamação
graciosa e de impugnação judicial, a Administração Tributária
tem o dever de revogar actos de liquidação de tributos que
sejam ilegais, nas condições e com os limites temporais
referidos no art. 78.º da L.G.T.
II - O dever de a Administração efectuar a revisão de actos
tributários, quando detectar uma situação de cobrança ilegal de
tributos, existe em relação a todos os tributos, pois os
princípios da justiça, da igualdade e da legalidade, que a
administração tributária tem de observar na globalidade da sua
actividade (art. 266.º, n.º 2, da C.R.P. e 55.º da L.G.T.), (…)

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Revisão do ato tributário
«(…) impõem que sejam oficiosamente corrigidos, dentro dos
limites temporais fixados no art. 78.º da L.G.T., os erros das
liquidações que tenham conduzido à arrecadação de quantias
de tributos que não são devidas à face da lei.
III - A revisão do acto tributário com fundamento em erro
imputável aos serviços deve ser efectuada pela Administração
tributária por sua própria iniciativa, mas, como se conclui do
n.º 7 do art. 78º da L.G.T., o contribuinte pode pedir que seja
cumprido esse dever, dentro dos limites temporais em que
Administração tributária o pode exercer»

Acórdão do STA de 09/11/2022 (processo n.º 087/22.5BEAVR)


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Revisão do ato tributário
«I. O conceito de “pronúncia indevida” previsto na alínea c)
do n.º 1 do artigo 28.º do RJAT abrange as situações de
incompetência do Tribunal Arbitral;
II. Tendo a Impugnante previamente ao pedido de pronúncia
arbitral recorrido à via administrativa para corrigir a
autoliquidação, por via da interposição de revisão do ato
tributário, a questão não é inarbitrável podendo/devendo o
Tribunal Arbitral dela conhecer»
Acórdão do TCAS de 11/07/2019 (processo n.º
147/17.4BCLSB)

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