Você está na página 1de 5

Resposta à acusação

Procedimentos ordinário e sumário


A resposta à acusação ou resposta escrita à acusação é a primeira manifestação da
defesa na ação penal. Encontra previsão no art. 396 do CPP: “Nos procedimentos
ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente,
recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no
prazo de 10 (dez) dias”.
É apresentada logo após a citação do acusado (agora réu, pois a inicial foi
recebida), no prazo de 10 dias. O objetivo principal da resposta à acusação é o de
convencer o juiz a absolver sumariamente o réu, nos termos do art. 397 do CPP.
Nessa resposta, segundo o art. 396-A do CPP, o acusado poderá arguir
preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa (questões de fato e de direito),
oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar
testemunhas. No mesmo prazo, poderá, também, apresentar exceções, que serão
processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 do CPP.
Seu conteúdo abrange tudo o que for possível ser alegado em defesa do acusado,
inclusive preliminares, e também a juntada de documentos, o rol de testemunhas, enfim,
o acusado inicia a instrução do procedimento, caso não seja absolvido sumariamente nos
termos do art. 397.
Podemos comparar a resposta à acusação à contestação civil, pois retrata a
possibilidade do que, em Civil, se chama de julgamento antecipado da lide.
Ainda, dispõe o art. 396-A, § 2º, do CPP que, se a resposta não for apresentada no
prazo legal ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para
oferecê-la.
Verifica-se, portanto, que a resposta escrita é verdadeira condição de
prosseguimento da ação, pois o magistrado não poderá prosseguir sem o seu
oferecimento, sob pena de gerar nulidade absoluta no processo.
As teses a serem defendidas nesta resposta devem levar em conta as hipóteses de
absolvição previstas no art. 397 do CPP:
➢ I – Existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato. A argumentação
se fundamentará nas excludentes de ilicitude previstas nos arts. 23 a 25 do CP:
estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e
exercício regular de direito.
➢ II – Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade. Em se tratando de inimputabilidade, o juiz deverá aplicar a
medida de segurança, e, para que isso ocorra, há a necessidade do procedimento,
pois trata-se de sanção penal.
➢ III – O fato narrado evidentemente não constitui crime: tese de fato atípico.
➢ IV – Quando estiver extinta a punibilidade do agente – normalmente, defende-se
prescrição, mas cabe aqui qualquer causa que extinga a punibilidade.

Procedimento do júri
A resposta escrita ou resposta inicial do procedimento do júri encontra previsão
no art. 406 do CPP, com redação determinada pela Lei no 11.689/2008.
Segundo o aludido artigo, o magistrado, ao receber a denúncia, deverá ordenar a
citação do acusado para responder, por escrito e no prazo de 10 dias, à denúncia.
Essa resposta tem o intuito de permitir ao acusado que se defenda desde o início
do processo.
Nessa resposta, o acusado poderá arguir tudo o que lhe interesse para a sua defesa,
inclusive preliminares, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8. Caso não arrole as testemunhas
nesta fase, haverá a preclusão.
Após o oferecimento dessa resposta, segundo o art. 409, o juiz deverá ouvir o MP
ou o querelante sobre preliminares e documentos.
A resposta à acusação no júri segue o mesmo raciocínio daquela dos
procedimentos ordinário e sumário.
Sendo assim, proceda da forma como explicado anteriormente quanto às teses de
defesa.

No caso específico da RA, seja do procedimento comum ou júri, em se tratando


de extinção da punibilidade, o pedido será o de absolvição sumária, e não o da
declaração da punibilidade do réu. Essa possibilidade de absolvição sumária
retrata um verdadeiro julgamento antecipado da lide.

Trata-se de uma verdadeira sentença de mérito, salvo no caso de extinção da


punibilidade. Tanto a decisão que absolve sumariamente quanto a que indefere o pedido
de absolvição devem ser fundamentadas.
Quanto ao prazo, ressalte-se que se trata de prazo processual, devendo a contagem
iniciar no 1o dia útil subsequente à data da efetiva citação (e não da juntada aos autos do
mandado cumprido).

Súmula 710 do STF: “No processo penal, contam-se os prazos da data da


intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de
ordem”.

Quanto aos aspectos formais, vale lembrar que a resposta à acusação possui dupla
finalidade: convencer o juiz a absolver sumariamente o réu e preparar a instrução, com
juntada de documentos e indicação de testemunhas. Sendo assim, não se esqueça de
incluir no pedido os requerimentos dessa natureza (vide modelo de peça).

A rejeição tardia da denúncia


Trata-se da possibilidade de o juiz, mesmo após ter recebido a inicial, com base
nos argumentos da defesa expostos na resposta à acusação, rever sua decisão e rejeitar a
inicial, fundamentando sua decisão em uma das hipóteses do art. 395 do CPP.
Os Tribunais Superiores já aceitam tal possibilidade, sob o entendimento de que
o fato de a inicial já ter sido recebida não pode impedir o juiz de, após a análise da resposta
à acusação, reconsiderar a decisão de recebimento, caso constate alguma das hipóteses do
art. 395 do CPP nos argumentos da defesa.
Sendo assim, deve-se incluir a possibilidade do pedido de rejeição tardia da inicial
na resposta à acusação.

Caso encontre argumentos para tal pedido, argumente no Direito, antes até de
abordar as demais teses previstas no art. 396, e faça o pedido de rejeição da
inicial antes dos demais pedidos.
Recurso cabível
Da decisão de absolvição sumária, cabe apelação, nos termos do art. 593, I, do
CPP.
Exceção aos casos de absolvição em razão de causa extintiva de punibilidade, nos
quais o recurso adequado é o RESE, nos termos do art. 581, VIII, do CPP. No caso, o
prazo para recurso é contado nos termos do art. 798 do CPP e Súmula 710 do STF.

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DA DEFESA EM RA


Para facilitar o estudo, elaboramos um roteiro de verificação das possíveis teses
que possam ser arguidas em RA:
1. Preliminar
Nulidade Processual – caso verifique alguma nulidade processual, argumente em
sede de preliminar, não se esqueça de mencionar o art. 564 do CPP.
2. Mérito
a) Rejeição tardia da denúncia – caso encontre argumentos para pedir a rejeição
tardia da denúncia, argumente primeiro. Lembre-se que aqui você deve levar em conta as
hipóteses de rejeição previstas no art. 395 do CPP, artigo que deve ser repetido no pedido,
acompanhado do devido inciso.
b) Teses de absolvição sumária – sua argumentação deve seguir as possibilidades
de absolvição sumária previstas no art. 397 do CPP. Não se esqueça de repetir o mesmo
artigo no pedido, acompanhado do devido inciso.

Ficha da peça
Cabimento Após o recebimento da inicial.
Fundamento Jurídico Arts. 396 e 396-A – procedimento ordinário.
Art. 406 – procedimento do júri
Prazo 10 dias a contar da data da citação – Súmula no 710
do STF
Quantidade de peças 01
Estrutura Petição simples
Destinatário Juiz de Direito – conforme competência
Terminologia Acusado / acusação (MP)
Verbo Oferecer
Teses a serem desenvolvidas de acordo com o art. 397 do CPP, que norteia os
pedidos. Cabe também preliminares de nulidade ou
extinção de punibilidade e pedido de rejeição tardia
– art. 395 do CPP
Pedidos Rejeição da inicial – art. 395, ... do CPP
Anulação ou extinção de punibilidade
Absolvição sumária – art. 397, ... do CPP
Inquirição das testemunhas arroladas, indicar as
provas que pretende produzir
Observação Inserir rol de testemunhas – até 8 no procedimento
ordinário e no júri / até 5 no procedimento sumário.
Modelo de resposta à acusação (ordinário e sumário)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da... Vara Criminal da Comarca de...
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da..... Vara Criminal da Subsecção Judiciária de.../...

Processo-crime no...

Nome... (réu ou querelado), já qualificado nos autos do processo-


crime em epígrafe, que lhe move... (o Ministério Público ou “...” – ação privada) como incurso
no artigo... do Código Penal, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu
advogado que esta subscreve, no decêndio legal, apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO, nos
termos dos arts. 396 e 396-A do CPP, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos

DOS FATOS
Narrar os acontecimentos contidos no problema, sem inventar
nenhum dado. Também não é aconselhável copiar o problema.

DO DIREITO
A defesa vem aduzir os argumentos que demonstram que a ação
penal proposta contra o réu não deve prosperar. (desenvolver a argumentação, demonstrando e justificando
a tese de defesa adotada).
Ressalte-se que a presente manifestação é tempestiva, eis que
oferecida dentro do prazo de ... dias, conforme previsto no art. ... do CPP.
Com efeito, nos termos do art. ... (desenvolver a premissa maior)
No caso em tela, ... (desenvolver a premissa menor)
Nesse sentido, há, inclusive, entendimento sumulado:
“Súmula...” (copiar a súmula e tecer breve explicação)
Assim, ante a narrativa supra, resta claro que... (conclusão –
fechamento das ideias e introdução para o pedido)

DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência digne-se absolver
sumariamente o réu, nos termos do art. 397,..., do CPP, por ser medida de justiça.
Caso não seja esse o Vosso entendimento, nos termos do art. 396-
A do CPP, o acusado junta documentos (folhas...), e oferece o rol de testemunhas abaixo,
requerendo, desde já, sejam intimadas para comparecimento em futura audiência de instrução e
julgamento.

ROL DE TESTEMUNHAS (ordinário - 8 / sumário - 5)


1. (nome), (qualificação), (endereço)
2. (nome), (qualificação), (endereço)
3. (nome), (qualificação), (endereço)

Termos em que,
Pede deferimento.

(local, data)
_____________________
Advogado – OAB/... no
Modelo de resposta à acusação (júri)

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da... Vara do Júri da Comarca de...
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da..... Vara Federal do Júri da Subsecção Judiciária
de.../...

Processo-crime no...

Nome... (réu ou querelado), já qualificado nos autos do processo-


crime em epígrafe, que lhe move... (o Ministério Público ou “...” – ação privada) como incurso
no artigo... do Código Penal, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu
advogado que esta subscreve, no decêndio legal, apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO, nos
termos do art. 406 do CPP, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos

DOS FATOS
Narrar os acontecimentos contidos no problema, sem inventar
nenhum dado. Também não é aconselhável copiar o problema.

DO DIREITO
A defesa vem aduzir os argumentos que demonstram que a ação
penal proposta contra o réu não deve prosperar. (desenvolver a argumentação, demonstrando e justificando
a tese de defesa adotada).
Ressalte-se que a presente manifestação é tempestiva, eis que
oferecida dentro do prazo de ... dias, conforme previsto no art. ... do CPP.
Com efeito, nos termos do art. ... (desenvolver a premissa maior)
No caso em tela, ... (desenvolver a premissa menor)
Nesse sentido, há, inclusive, entendimento sumulado:
“Súmula...” (copiar a súmula e tecer breve explicação)
Assim, ante a narrativa supra, resta claro que... (conclusão –
fechamento das ideias e introdução para o pedido)

DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência digne-se absolver
sumariamente o réu, nos termos do art. 397, ... do CPP, por ser medida de justiça.
Caso não seja esse o Vosso entendimento, nos termos do art. 406,
§3º do CPP, o acusado junta documentos (folhas...), e oferece o rol de testemunhas abaixo,
requerendo, desde já, sejam intimadas para comparecimento em futura audiência de instrução e
julgamento.

ROL DE TESTEMUNHAS (ordinário - 8 / sumário - 5)


1. (nome), (qualificação), (endereço)
2. (nome), (qualificação), (endereço)
3. (nome), (qualificação), (endereço)

Termos em que,
Pede deferimento.

(local, data)
_____________________
Advogado – OAB/... no

Você também pode gostar