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ATIVIDADE ESTUDO DIRIGIDO ATRAVÉS DE FICHAMENTO DE RESUMO

AVALIATIVA:

TEMA: PRECEDENTES JUDICIAIS

REFERÊNCIA (S): LIPPMANN, Rafael Knorr. Precedente judicial. Enciclopédia jurídica da PUC-SP.
Celso Fernandes Campilongo, Álvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire
(coords.). Tomo: Processo Civil. Cassio Scarpinella Bueno, Olavo de Oliveira
Neto (coord. de tomo). 2. ed. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, 2021.

PERÍOD 5º TURM C NOTA


O: A:

NOME/ Daniela dos Santos/105217


MATRÍCULA:

NOME/
MATRÍCULA

FICHAMENTO DE RESUMO

Durante o período em que o Código de Processo Civil de 1973 estava em vigor, o


precedente judicial não era um tema muito explorado pela doutrina no Brasil e era
praticamente ignorado pelo próprio Código. Foi apenas com a chegada do CPC/2015 que esse
instituto começou a receber mais atenção da comunidade jurídica do país. Em termos simples,
um precedente pode ser definido como um evento do passado que guia uma decisão no
presente. No campo do Direito, a importância de um acontecimento passado para a solução de
conflitos pelo juiz é crucial. Se uma demanda envolvendo o fato foi decidida de uma forma
específica devido à razão, em um caso futuro envolvendo o mesmo fato e a mesma razão,
espera-se a mesma decisão. Isso vai além da previsibilidade, pois envolve questões de justiça
e imparcialidade que não devem depender das partes envolvidas ou do julgador. Assim, fica
claro que o precedente judicial é essencial para a definição de decisões futuras no sistema
jurídico.
Destaca-se a importância da análise da ratio decidendi - o motivo da decisão - para
compreender o alcance e a aplicação dos precedentes na teoria do precedente dos países de
common law. Conforme mencionado, um precedente não nasce como tal, mas se torna
precedente a partir de sua invocação em casos futuros.
Dessa forma, ao analisar casos precedentes, é fundamental examinar as circunstâncias
de fato que embasaram a controvérsia, assim como a tese ou princípio jurídico estabelecido na
motivação da decisão anterior. Esses elementos são essenciais para determinar a aplicação e o
alcance do precedente no caso em questão.
Segundo “Hermes Zaneti Júnior”, pode ser observado em duas situações: Quando a
decisão limitar-se a aplicar a lei escrita em si, de forma determinativa, vez que “a decisão que
apenas refletir a interpretação dada a uma norma legal vinculativa pela própria força da lei
não gera um precedente”; ou quando a decisão for integralmente pautada numa norma jurídica
criada no julgamento de caso pretérito, caso em que “a vinculação decorre do precedente
anterior, do caso precedente, e não da decisão presente no caso atual”(P.24)
A distinção apresentada pelo autor “Hermes Zaneti Júnior’’ ressalta a importância de
diferenciar situações em que a decisão judicial está estritamente baseada na aplicação da lei
escrita, sem criar uma nova norma jurídica, daquelas em que a decisão se baseia em um
precedente estabelecido em um caso pretérito. A replicação do precedente não implica
necessariamente a criação de uma nova norma jurídica, mas sim a aplicação de um
entendimento jurídico já estabelecido em casos anteriores.
É relevante considerar a distinção entre julgamentos de casos fáceis e casos difíceis,
conceito discutido por Hart e Dworkin, que aponta para a complexidade envolvida na
interpretação e aplicação da lei em casos que apresentam desafios distintos. A compreensão
dessas nuances é essencial para uma análise mais aprofundada sobre a criação e aplicação de
normas jurídicas em diferentes contextos judiciais.
A análise de “Hermes Zaneti’’ ressalta que uma decisão judicial que se limita a aplicar
uma lei clara e não objeto de controvérsia não tem o potencial de se tornar um precedente
significativo. Isso ocorre porque essa decisão simplesmente reflete a interpretação que já está
contida na norma legal e que é vinculativa pela própria força da lei. Dessa forma, ela não
contribui para o desenvolvimento ou estabelecimento de precedentes jurisprudenciais
relevantes. (p,31)
A discordância apresentada destaca a importância da atuação do juiz na aplicação da
lei, mesmo nos casos em que o texto legal parece aderir claramente a um suporte fático.
Nesses casos, não se trata de uma mera aplicação mecânica da lei, mas de uma análise
cuidadosa para garantir a constitucionalidade do dispositivo, a correta incidência da regra e a
subsunção dos fatos à norma. Problemas de subsunção, como mencionado por “Teresa Arruda
Alvim”, podem surgir e exigem do juiz um trabalho de encaixe da norma aos fatos concretos
ocorridos no mundo empírico.

PLANOS DE INCIDÊNCIA DO PRECEDENTE

A análise sobre a influência do precedente judicial nos órgãos jurisdicionais aponta


para a distinção entre os planos de incidência do precedente em vertical e horizontal. No
plano vertical, os órgãos judiciais superiores influenciam os inferiores, enquanto no plano
horizontal, os órgãos de mesmo nível podem se influenciar mutuamente. Essa divisão é
fundamental para compreender a aplicação dos precedentes judiciais em diferentes contextos
jurídicos.
Em artigo publicado há mais de duas décadas, “Calmon de Passos” já vislumbrava
essa irradiação horizontal (e vertical) que os precedentes das Cortes de vértice emanam,
afirmando que, ao decidir um caso concreto, “o tribunal se impõe diretrizes para seus
julgamentos e necessariamente as coloca, também, para os julgadores de instâncias
inferiores.” (p,52)
As considerações de Calmon de Passos sobre a irradiação horizontal e vertical dos
precedentes judiciais demonstram a relevância da coerência e consistência nas decisões
proferidas pelos tribunais superiores. A harmonização na aplicação do entendimento jurídico
não apenas orienta os julgadores na mesma instância, mas também influencia as decisões dos
tribunais inferiores, contribuindo para a uniformidade e previsibilidade no sistema
jurisprudencial.

FORÇA DO PRECEDENTE JUDICIAL


Classificação interessante para os precedentes, dividindo-os em três graus de
obrigatoriedade: forte, médio e fraco. No grau de obrigatoriedade forte estão os precedentes
para os quais o Código prevê a possibilidade de ação específica para contrariar uma decisão
que os desrespeite, sendo permitido o manejo de reclamação (art. 988, CPC). Já a
obrigatoriedade média diz respeito aos precedentes que, quando violados, exigem um
contraste por meio de algum instrumento jurídico específico.
Segundo “Teresa Arruda Alvim’’, que divide os precedentes em graus de
obrigatoriedade (forte, médio e fraco), parece se afinar semanticamente com a concepção de
precedente adotada pelos países de common law, embora estes utilizem a classificação de
persuasivos ou obrigatórios. Essa abordagem, ao considerar diferentes níveis de
obrigatoriedade conforme a situação, pode trazer maior flexibilidade e adaptação ao sistema
jurídico. (p,71)
A distinção entre precedentes obrigatórios e persuasivos, bem como a categorização
em precedentes de obrigatoriedade forte, média e fraca, são abordagens relevantes dentro do
estudo da força do precedente judicial. Essas classificações auxiliam na compreensão da
influência que os precedentes exercem sobre os julgamentos futuros e na formação da
jurisprudência.
Os conceitos apresentados sobre a força do precedente judicial ressaltam a importância
da vinculação dos órgãos jurisdicionais às decisões anteriores, especialmente nos sistemas
onde a eficácia das decisões é absolutamente vinculante. No sistema verticalmente obrigatório
de precedentes, todas as cortes são obrigadas a seguir as decisões das cortes hierarquicamente
superiores.
estaca-se, ainda, no entendimento de “Marcelo Alves Dias de Souza’’, a distinção
entre precedente relativamente obrigatório que mesmo diante da eficácia vinculante pode não
ser aplicado no caso futuro, exigindo-se para tanto fundamentação pontual sobre os motivos
que levaram ao afastamento do precedente e precedente absolutamente obrigatório, definido
pelo autor como “aquele que deve ser seguido, mesmo que o Juiz ou Tribunal o considere
incorreto ou irracional. Atém-se ao precedente judicial e não se move o que está quieto (teoria
do stare decisis et non queta movere).” (p,58)
A distinção entre precedente relativamente obrigatório e precedente absolutamente
obrigatório de acordo com ‘Marcelo Alves Dias de Souza’ é crucial para entender a aplicação
dos precedentes judiciais. Enquanto o primeiro permite certa flexibilidade na aplicação, desde
que devidamente justificada, o segundo exige que o juiz ou tribunal siga o precedente, mesmo
que o considere incorreto. Essa abordagem enfatiza a importância da estabilidade e
consistência no sistema de precedentes judiciais.
Por outro lado, o precedente persuasivo não possui força vinculante, ou seja, não
obriga o órgão jurisdicional a segui-lo em casos futuros. No entanto, ele pode servir como um
indicativo de uma solução racional e socialmente adequada, orientando o julgador a adotar um
posicionamento já previsto. Assim, mesmo não sendo obrigatório, o precedente persuasivo
pode influenciar a decisão de casos semelhantes.
“Luiz Guilherme Marinoni’’ ressalta a importância da fundamentação e justificativa
por parte do julgador ao decidir não seguir um precedente persuasivo. A ideia é que, mesmo
não sendo vinculante, o precedente persuasivo deve ser considerado e respeitado na medida
do possível, a menos que existam argumentos sólidos e bem fundamentados que justifiquem a
sua não observância. Isso contribui para a coerência e previsibilidade das decisões judiciais.
(p,63)
O CPC/2015 busca valorizar a missão do Judiciário em delimitar a melhor norma
jurídica aplicável a um determinado caso, reconhecendo a existência de diversas normas que
podem ser extraídas do processo de aplicação da lei sobre os fatos. Nesse sentido, os artigos
926, 927 e 489, § 1º, V do referido Código são citados como fundamentais para essa
valorização.
Assim, o Código de 2015 fortalece a importância da jurisprudência e da uniformização
das decisões judiciais, promovendo maior segurança jurídica e eficiência no sistema
processual.

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