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Tribunal de Justiça de Pernambuco

PJe - Processo Judicial Eletrônico

26/05/2022

Número: 0009963-81.2022.8.17.9000
Classe: HABEAS CORPUS CRIMINAL
Órgão julgador colegiado: 4ª Câmara Criminal - Recife
Órgão julgador: Gabinete do Des. Carlos Frederico Gonçalves de Moraes
Última distribuição : 26/05/2022
Valor da causa: R$ 100,00
Assuntos: Prisão Preventiva, Habeas Corpus - Cabimento
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
RONALD BERNARDO DE LIMA ARAUJO (PACIENTE) ROBERTA LEONI DE MAGALHAES NASCIMENTO
(ADVOGADO(A))
1º Promotor de Justiça Criminal da Comarca de Abreu e
Lima (AUTORIDADE COATORA)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
21210 26/05/2022 02:35 Petição Inicial para Peça Inaugural Petição Inicial para Peça Inaugural
322
EXCELENTÍSSIMO.(A) SR.(A) DR.(A) DESEMBARGADOR(A) PRESIDENTE
DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO

URGENTE RÉU PRESO (caráter liminar)

ROBERTA LEONI DE MAGALAHES NASCIMENTO, advogada,


regularmente inscrito na OAB sob o n° 57755/OAB-PE, com endereço Rua do
Comercio, n 12, Juçaral Centro, Cabo de Santo Agostinho- PE, CEP 54500-000,
vem, a elevada presença de Vossa Excelência, com o devido acatamento, com
escólio no artigo 5°, inciso LXVIII, da Constituição da Republica e artigos 647 e
seguintes do Código de Processo Penal, impetrar

HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO C/ PEDIDO LIMINAR

em favor de RONALD BERNARDO DE LIMA, brasileiro, natural de Olinda-PE


nascido em 31/12/2001, filho de Marcílio Nunes de Araújo e Morgana Lira de
Lima, RG nº 9.500.543-SDS/PE, residente na Rua Pau Darco, nº47, bairro da
Matinha, Município de Abreu e Lima-PE,, que se encontra preso, desde 01 de
Fevereiro de 2022, e padece de constrangimento ilegal por ato da autoridade
coatora, Exmo. Sr. Dr. Juíz de Direito da Vara Única da comarca de Abreu
e Lima-PE , prolatora da decisão ora combatida, nos autos de n°
9570.01.000260/2022-1.3 (APFD) e 0000219-71.2022.8.17.5990 (Relaxamento
de prisão/ revogação da custódia cautelar), conforme os fatos e fundamentos
expostos a seguir:

I – DOS FATOS

O paciente, Ronald Bernardo De Lima, foi preso em suposto


flagrante delito, no dia 01 de Fevereiro de 2022, sob acusação, em tese, da
prática do delito tipificado, por volta das 20h00, na Rua Pau D’arco, nº47,bairro
da Matinha, em Abreu e Lima-PE.

Os policias fizeram a busca na casa do mesmo sem determinação


judicial e sem a permissão do réu e de sua genitora, mesma assim invadiram e
não foram encontradas drogas nem entorpecentes dentro da casa. Ocorreu que
um dos policias afirmou que achou uma sacola do lado de fora da casa, a mãe
indagou que a bolsa na era do seu filho e que a bolsa não estava em sua casa,
o policial bruscamente bateu no réu novamente e o conduziu a delegacia

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Relata os agentes policiais que Ronald, portava supostamente drogas
ilícitas, tidas por Cannabis popularmente conhecida por “maconha”, além de crak
em formato sólido. Ocorre que o acusado e usuário de drogas e não traficante,
pode-se confirmar pela quantidade de supostas drogas apreendidas.

Não sabendo relatar nada sobre as drogas apreendidas que foi


encontrada. Ainda assim, a prisão em flagrante foi feita de forma ilegal.

Em sede de audiência de custodia e posteriormente perante a Vara


competente, pugnou-se pela concessão de liberdade provisória do paciente,
sendo tal pedido indeferido, sob o fundamento de estarem presentes os motivos
ensejadores da decretação de sua prisão preventiva, tendo como motivação,
basicamente, a garantia da ordem pública e reincidência. Decisão esta que se
pretende combater por meio do presente writ.

Após Rolnald ser solto de processo anterior qual ainda aguarda o trânsito
em julgado, que tramita sob número de processo 0001828-25.2020.8.17.0990,
começou a sofrer represália por parte da polícia, onde o mesmo era espancado
todas as vezes que se deparava com os policiais e começou a sofrer perseguição
policial.

Ressaltasse que o réu tem uma filha de 1 ano de idade, cujo nome e Maria
Laura, que depende do mesmo para seu sustento. O réu sempre trabalhou
fazendo trabalhos autônomos como pintor de paredes, ajudante de pedreiro,
capinando matos, etc. O requerente é tecnicamente primário e de bons
antecedentes e possui residência fixa na cidade de Abreu e Lima-PE.

II – DO MÉRITO

II.1 – AUSÊNCIA DE REQUISITOS AUTORIZADORES DA PRISÃO


PREVENTIVA

Ressalta-se de início que, o paciente é TECNICAMENTE


PRIMÁRIO e de BONS ANTECEDENTES, não ostentando qualquer anotação
de antecedentes criminais.

Possui emprego licito, fazendo trabalhos autônomos como pintor


de paredes, ajudante de pedreiro, capinando matos, etc.

Está com Ensino médio completo e frequentou devidamente e


matriculado em instituição de ensino profissionalizante, com intuito de fazer
cursos para se inserir no mercado de trabalho. (comprovante em anexo, ‘’fixa
19’’).

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Possui residência fixa, o que presume que o mesmo seja
encontrado, além do que, neste ato, assume que comparecerá a todos os atos
judiciais para os quais for chamado.

Sabe-se que, pela via estreita do Habeas Corpus, não se adentra


especificamente ao mérito. Todavia, cabe ressaltarmos somente algumas
incontroversas, que a nosso entender, maculam a legalidade do ato, dada a
relevante controvérsia em relação a propriedade da substância entorpecentes
arrecadada pelos policiais.

Nesse interim, destaca-se que, diversamente do narrado pela


autoridade policial, e, conforme informado pelo próprio paciente em seu
depoimento perante a autoridade policial, a droga mencionada não estava em
seu poder e sim dentro de uma sacola do lado de fora da residência do acusado,
de propriedade de terceiros, que estava próximo ao local da abordagem

No dia dos fatos, o paciente, como usuário de maconha, estava


dentro de sua residência, quando a polícia invadiu sem determinação judicial,
informando que foi uma denúncia, mesmo sem o consentimento do acusado e
de sua genitora.

Veja-se ainda que, com o paciente não foi encontrado qualquer


dinheiro ou outros objetos comuns na mercancia de entorpecentes, tais como
balanças, dinheiro trocado, anotações, etc

Adentrando ao mérito da r. decisão ora combatida, notamos que


a mesma carece de fundamentação, pois não apontou elementos do caso
concreto que justificassem a necessidade da medida extrema, argumentando,
genericamente, que o acautelamento se justifica pela garantia da ordem pública,
o que, a nosso entender, afronta o disposto no art. 93, inciso IX, da CR/88.

Outrossim, conforme as informações acima trazidas, notamos


que não estão presentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva, pois
o paciente não oferece qualquer perigo a ordem pública. Somente a gravidade
abstrata do delito não justifica a manutenção da segregação cautelar, ainda mais
em se tratando de grande controvérsia sobre a autoria, justamente o que
acontece no caso em tela.

Deve-se ainda, se ter profunda atenção ao Princípio da


Presunção de Inocência, pois, quando se há dúvida em relação a autoria, deve
prevalecer este, jamais o contrário, sob pena de regredirmos a um Direito Penal
estritamente leviatanico e vingativo, deixando de lado a prevenção.

Pelo que, no presente caso, podem e é altamente recomendável,


a aplicação das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP ou a prisão
domiciliar.

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Ressalta-se ainda que, diferentemente do que informa que com
o paciente não teria sido encontrada grande quantidade de entorpecente, aliás,
com ele nada foi encontrado. Mas ainda que assim não fosse, e, supostamente,
a droga em comento, realmente fosse encontrada com ele, ainda assim essa
quantidade não pode ser considerada grande. Incorrendo até mesmo, em caso
de condenação, nas causas de diminuição de pena previstas no §4°, do art. 33,
da Lei 11.343/06, já que preenchido todos os requisitos.

Ademais, com o advento da Lei nº 12.403/11, a prisão


cautelar, durante o transcurso do processo, tornou-se exceção, devendo ser
decretada somente em situações extremas, quando as circunstâncias do caso
indicarem a sua real necessidade e adequação. Assim, não basta apenas a
presença dos requisitos previstos nos artigos 312 e 313 do CPP para a
manutenção da prisão preventiva de qualquer agente, mas é necessário que seja
observado o disposto no art. 282 do CPP.

Isto posto, considerando as novas diretrizes impostas pela Lei


nº 12.403/11, as condições pessoais do paciente e as peculiaridades do caso
concreto, temos que, in casu, a aplicação de medidas cautelares diversas da
prisão é suficiente para a persecução penal.

Ressalta-se finalmente que, o que aqui se analisa, neste


momento, é apenas a necessidade da prisão preventiva do paciente, não se
questionando a importância da apuração da prática do delito que lhe é imputado
ou sua eventual punição, caso constatadas provas suficientes de sua
materialidade e autoria no processamento da ação penal.

IV – DOS PEDIDOS

I- Pede-se liminarmente, a concessão da ordem de Habeas Corpus, para


substituir a prisão preventiva do paciente pelas medidas cautelares constantes
do art. 319 do CPP ou a prisão domiciliar, conforme o entendimento de Vossas
Excelências, determinando-se a expedição de alvará de soltura em favor de
Ronald Bernardo De Lima.
II- Em sede de meritória, pede-se que seja declarada a ilegalidade e nulidade
do ato processual que negou a liberdade provisória ao paciente, confirmando
dos pedidos acima formulados, acaso deferidos, e consequente nulidade da
decretação de prisão expedida em seu nome.

V – DOS REQUERIMENTOS

I- Notificação da autoridade coatora;

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II- Ciência do órgão de representação judicial do Ministério Público;

VI – DAS PROVAS

Nesta oportunidade estão sendo anexadas as provas documentais


pertinentes, tendo em vista seu caráter pré-constituído. Segue ainda, com fito
comprobatório, cópia integral dos autos.

VI - DO VALOR DA CAUSA

Dá a esta causa o valor de R$ 100,00 (cem reais), para efeitos ficais.

Termos em que, pede deferimento.

Abreu e Lima-PE, 26 de maio de 2022

Dra. Roberta Leoni Bel. Jonnes Santana


OAB/PE 57.755-D OAB/PE 11.715-E

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