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NATUREZA JURÍDICA DO 1

CASAMENTO

Sheila Damião 2022


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NATUREZA JURÍDICA DO
CASAMENTO
• O casamento pode ser caracterizado como um negócio jurídico
solene (formal), mediante o qual um homem e uma mulher aceitam
voluntária e reciprocamente estabelecer entre si convivência comum
de carácter duradouro.
• Essa convivência (relação) caracteriza-se pela estabilidade

• Assim, o casamento pode ser entendido como acto em si, pelo qual
ele se formaliza, ou como o estado familiar que decorre para o
marido e a mulher, da celebração do acto do casamento.

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NATUREZA JURÍDICA DO
CASAMENTO
• Predomina na doutrina civilista a concepção segundo a qual o casamento
é um contrato civil no qual intervêm duas vontades contrapostas mas
harmonizáveis, e que, ao contrário dos demais contratos, pressupõe a
diversidade de sexos.
• Antunes Varela, Direito da Família – Direito Matrimonial, pp. 120 ss..

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NATUREZA JURÍDICA DO
CASAMENTO
• Autores há que, embora atribuindo ao casamento uma natureza
contratual, reconhecem que ele é um negócio jurídico familiar, onde a
autonomia da vontade concedida às partes tem uma margem limitada.
• F. M. Pereira Coelho, Curso de Direito de Família, p. 164.

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NATUREZA JURÍDICA DO
CASAMENTO
• Há ainda quem opine que o casamento deve ser enquadrado como a
soma de dois actos jurídicos simples...incompatível com a ideia de
vinculação contratual.
• Mais do que discutir se deve ou não usar-se a expressão contrato, cremos
que o que na verdade é relevante é distinguir em substância, qual o limite e
o alcance da intervenção das partes.
• Mas já não existe por parte dos nubentes liberdade de estipulação
relativamente aos efeitos que o casamento produz.
• Estaríamos, pois, perante um acto jurídico stricto sensu e não perante um
negócio jurídico

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NATUREZA JURÍDICA DO
CASAMENTO
• Há, porém, quem entenda ser de afastar o conceito de que o casamento
possa ser encarado como um contrato, porquanto o casamento não é um
acto de natureza patrimonial, mas sim um negócio jurídico do qual resulta a
constituição de relações de natureza patrimonial. Ao casamento não se
aplicam as normas gerais da disciplina contratual.
• Massimo Bianca, Diritto Civile – 2 La Famiglie, Le Sucessioni, p. 30.

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O CASAMENTO COMO NEGÓCIO


JURÍDICO
• Noção de Negócio Jurídico:

• Entende-se como tal a declaração de vontade dirigida à produção de certos


efeitos que a ordem jurídica tutela, em regra correspondente aos fins que os
declarantes têm em vista.

• o negócio jurídico é o instrumento por excelência da autonomia da vontade, com


particular importância nas relações obrigacionais, mas também relevante no âmbito
dos direitos reais, familiares e sucessórios.

• O casamento é um dos negócios jurídicos.

• O outro é a adopção.

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• Segundo o nosso Código de Família o casamento como acto não deve ser
encarado como um contrato stricto sensu, pois a declaração de vontade
emitida pelos nubentes vai produzir unicamente os efeitos jurídicos já
previstos na lei e que são de natureza imperativa.
• Existe na verdade, uma convergência de duas vontades para a aceitação
dos efeitos que vão derivar do acto praticado, que são comuns e
recíprocos e que vão instituir entre ambos relações de natureza pessoal e
familiar próprias do vínculo conjugal.

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• O princípio da autonomia da vontade tem, todavia, no direito matrimonial,


pouca expressão, pois que os efeitos pessoais do casamento são
determinados imperativamente pela lei, não podendo as partes inserir,
“condições” ou “termos” ou cláusulas que alterem ou modifiquem os efeitos
legais.

• Ex: a lei não consentiria que fosse celebrado um casamento em que os


cônjuges se comprometessem a não viver juntos;
• A lei não consente também que os nubentes imponham prazos à convivência
conjugal.

• O consentimento matrimonial deve ser “puro” e “simples”.

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• A autonomia da vontade, em matéria de casamento, limita-se, assim, na


prática, a intervir nos seguintes aspectos:
• casar ou não casar;
• Liberdade de escolher o outro cônjuge;
• Optar entre o casamento civil e o casamento religioso;
• Celebrar casamento pessoalmente ou por procurador;
• Escolher o regime de bens;

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• Como definir a natureza jurídica do casamento?

• O casamento deve ser entendido como um negócio jurídico familiar


bilateral, com a natureza de um pacto, celebrado entre os nubentes. É o
acto jurídico condição da aceitação do estado de casado, que dele
decorre, estado de casado que se estabelece em reciprocidade entre os
dois nubentes.
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CONCLUSÃO
• Sendo assim, o casamento é um negócio jurídico, solene, público e
complexo, pois sua constituição depende de manifestações e declarações
de vontade sucessivas, além da oficialidade de que é revestido, estando
sua eficácia sujeita a atos estatais.

• Através da celebração da casamento os nubentes comprometem-se a:


• Estabelecer uma convivência mútua integral e reciproca de vida
• Convivência estável e duradoura
• Cumprir os seus deveres pessoais e matrimoniais

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PÕE A QUESTÃO DE SABER QUANTAS


VONTADES INTERVÊM NO ACTO JURÍDICO
DO CASAMENTO

• A questão é se:
• são 2 (a noiva e o noivo)
• Ou 3 ( a noiva, o noivo, e o funcionário do registo civil – conservador);

• Ou ainda se será o casamento um negócio jurídico plurilateral, em que é


necessária a intervenção da vontade do Estado ao declarar os nubentes
casados?

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• A vontade do Estado não intervém no acto da celebração do casamento


de forma diferente daquela em que intervêm os notários ao lavrarem os
documentos autênticos.
• O Conservador é um mero testemunha privilegiado, pois a origem do
vínculo matrimonial estaria na troca das declarações de vontade dos
nubentes e o acto de casamento fica perfeito logo que o consentimento é
prestado.
• O conservador tem o seguinte papel:
• Verificar se estão preenchidos os pressupostos legais para a autorização do
casamento, que são:
• A capacidade dos nubentes
• Lavrar despacho a autorizar a sua celebração

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• No acto da celebração do casamento, art.º 34.º CF, e 25.º/1 do RAC, é


indispensável a intervenção:

• dos nubentes ( ou do procurador de um deles);


• do conservador (Funcionário do Registo Civil)ou o seu substituto;
• Duas testemunhas no mínimo ou 4 no máximo:
• que possam e saibam assinar,
• que certifiquem a prática do acto
• Que certifiquem a identidade e a capacidade matrimonial dos nubentes.

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• Depois de os nubentes expressarem o seu consentimento, o casamento


considera-se celebrado e o Conservador proclamará que os nubentes
estão unidos pelo casamento.
• O Conservador tem um papel meramente certificativo do acto e a sua
participação é indispensável a própria existência jurídica do acto.
• Sendo assim o Estado, através do Conservador do registo civil, intervém no
acto do casamento antes da sua celebração, quando recebe a
declaração dos cônjuges para lhe atribuir eficácia legal.
• A declaração emitida pelo Conservador, proclamando o acto, é o
elemento indispensável à sua eficácia jurídica.

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ESTADO CIVIL
• PERGUNTA?

• QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE IDENFICAR O ESTADO CIVIL DA PESSOA?

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ESTADO CIVIL

• O estado civil é um atributo da personalidade.


• A identificação do estado civil tem significado tanto na ordem pessoal
como social e patrimonial.
• A pessoa nasce solteira. Ao casar assume o estado civil de casada.
Quando morre um dos cônjuges, o sobrevivente adquire o estado civil de
viúvo. O fim do casamento provoca alteração do estado civil: a pessoa
passa de casada ao estado civil de divorciada.
• O elemento diferencial é o casamento, sua existência ou seu fim.
• É o casamento que provoca a alteração do estado civil.

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ESTADO CIVIL
• Há enorme e justificável resistência por parte de divorciados e viúvos, que
se sentem discriminados por assim serem rotulados, reivindicando o direito
de se qualificarem como solteiros. O que importa aos terceiros é saberem se
a pessoa é ou não proprietária exclusiva do seu património e não se é
solteira, divorciada ou viúva.
• Os reflexos mais significativos são de ordem patrimonial.
• A condição de solteira, separada, divorciada ou viúva identifica a pessoa
sozinha, que é proprietária de seu património, com exclusividade.
• Já a casada – a depender do regime de bens do casamento – não tem a
disponibilidade de seus bens.

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ESTADO CIVIL
• Assim, quem pretende fazer qualquer negócio com outrem sempre precisa
saber qual é o seu estado civil.
• Aos casados a lei impede a prática de determinados actos, havendo a
necessidade da concordância do outro cônjuge.
• Não só quando da alienação de bens imóveis , art.º 56.º/3 CF
• Mas também quanto a disposição do direito ao arrendamento, art.º 57.º
• Também no que diz respeito ao repúdio da herança ou legado, art.º 58.º/2

• No caso de o acto ser praticado sem o consentimento do outro cônjuge,


para o qual deveria dar o seu consentimento, o acto considera-se anulável
– art.º 60.º/1 do CF

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