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EFEITOS PATRIMONIAIS

DO CASAMENTO
Administração dos bens do casal

Sheila Damião 2022


2 Sistemas do regime
económico do casamento
Aquisição dos bens

Define e regula os
poderes dos
cônjuges, durante
Disposição dos bens
a vigência do
Regime matrimónio, no que
diz respeito à:
económi
co do Administração
dos bens
casamen
to Em relação a
terceiros
Define o regime de
responsabilidade
pelas dívidas
Em relação aos
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cônjuges entre si
3 Administração dos bens

 Os poderes de administração, oneração e alienação


de bens dos cônjuges dependem do regime de bens
do casamento.

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PRINCÍPIOS GERAIS
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da Administração de bens
REGIME DE COMUNHÃO DE ADQUIRIDOS

REGRA:

Cada um dos cônjuges administrará os seus


bens próprios, i.é, cada um administra o que
é seu, art.º 54.º, n.º 1.

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5 Regime de comunhão de
adquiridos
 Em relação aos bens comuns, estes são
administrados por ambos os cônjuges
 Haverá então que distinguir:
 actos de administração ordinária, que
poderão ser praticados tanto por um como
pelo outro cônjuge (administração disjunta)
 Actos de administração extraordinária, que
terão que ser praticados por ambos
conjuntamente ou por um com o
consentimento do outro.

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6 Regime de comunhão de
adquiridos
 Actos de Administração Ordinária (ou disjunta):
 conservação dos bens administrados (pintar a casa,
reparar o sistema electrico danificado, substituir o
mosaico, etc ) ;
 Promoção da sua frutificação normal (apanha de
manga, poda de árvores, etc);

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Regime de comunhão de adquiridos
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 Actos de Administração Extraordinária


 Devem ser considerados os que visem promover a frutificação
anormal do prédio (transformação de uma vinha em pomar)
 Ou a realização de benfeitorias ou melhorias nos bens ( instalação
de rega gota-a-gota na exploração agrícola; construção de uma
piscina em casa; instalação de ar condicionado em casa etc);
 Os actos de adm. extraordinária envolvem a alteração da
substância da própria coisa, ou a substituição de um bem pelo
outro.

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8 Excepções:

 Existem bens próprios de um dos cônjuges administrados pelo outro


cônjuge – art.º 54.º/2.

Tratando-se de bens móveis utilizados


apenas por um dos cônjuges como
instrumento de trabalho
Nas situações de ausência ou impedimento
do cônjuge proprietário do bem
Quando o cônjuge proprietário confere por
mandato o poder de administrar ao outro
cônjuge
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9 Excepções
Existem bens comuns administrados só por
um dos cônjuges
 Os proventos do seu trabalho
 Os proventos dos seus direitos de autor
 Os bens móveis utilizados apenas por um dos cônjuges
como instrumento de trabalho
 Nas situações de ausência ou impedimento de um dos
cônjuges
 Quando um dos cônjuges confere por mandato o poder
de administrar ao outro cônjuge

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Responsabilidade do cônjuge
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administrador:

Em princípio o cônjuge administrador não


está obrigado a prestar contas da sua
administração e só responde pelos actos
praticados intencionalmente ou com grave
negligência, em prejuízo do casal ou do outro
cônjuge. Nesses casos o cônjuge
prejudicado poderá pedir a anulação do acto,
ou propondo contra a outro cônjuge uma
acção de indemnização pelos danos sofridos.

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 Se se tratar de administração fundada em mandato


expresso ou tácito ou administração de facto, haverá
responsabilidade mesma para acções meramente culposas
mas só é obrigado a prestar contas e entregar o saldo
referente aos últimos cinco anos.

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12 Poderes do cônjuge não
administrador
 o cônjuge não administrador não está inibido de tomar
diligências de carácter urgente e que visem evitar maiores
prejuízos

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Poderes dos cônjuges relativamente aos bens
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que integram as várias massas patrimoniais

 Em relação aos actos de disposição o legislador


estabeleceu regras distintas consoante estamos perante
um bem móvel ou um bem imóvel

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14 Actos de disposição de bens
móveis
 Há que verificar, antes de mais, se estamos perante um
bem móvel comum ou um bem móvel próprio
 E, depois, há que definir a quem cabe a administração
daquele bem

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Actos de disposição de bens móveis
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comuns administrados por ambos os
cônjuges – art.º 56.º
Em princípio é necessário o
consentimento de ambos para a
prática de actos de alienação ou
oneração de tais bens
Excepcionalmente, pode apenas um
dos cônjuges praticar actos de
alienação ou oneração de tais bens
se se tratar de um acto de
administração ordinária
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Actos de disposição de bens móveis
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comuns de adminstração exclusiva de um
dos cônjuge
 Em princípio o cônjuge administrador
pode livremente praticar actos de
disposição sobre esse bem
 Se este bem móvel comum é um
instrumento comum de trabalho ou é
utilizado conjuntamente na vida do lar,
então já terá que se obter o
consentimento do outro cônjuge para a
prática deste acto

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17 Actos de disposição gratuita
sobre bens móveis comuns
 Se um dos cônjuges não obtiver o consentimento do outro
cônjuge para a prática deste acto, será o valor dos bens
alienados tido em conta na sua meação

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18 Actos de disposição de bens
móveis próprios
 Sendo o cônjuge administrador o
proprietário do bem, pode livremente
praticar actos de disposição
 Só não o poderá fazer, se se tratar de
instrumento comum de trabalho ou utilizado
conjuntamente na vida do lar
 Se o cônjuge administrador não é o
proprietário do bem, só poderá praticar
actos de disposição se obtiver o
consentimento do outro cônjuge, a não ser
que se trate de acto de administração
ordinária

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19 Actos de disposição de bens
imóveis
art.º 56.º/3
 No regime de separação de bens, em
princípio, cada um dos cônjuges pode
dispor dos seus próprios bens
 Nos regimes de comunhão, quer se trate
de bem próprio ou comum, é sempre
necessário o consentimento de ambos
os cônjuges para a prática de certos
actos: alienação, oneração, constituição
de direitos pessoais de gozo e
arrendamento

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20 Quanto à casa de morada de
família
Quer se trate de bem próprio ou comum e
independentemente do regime de bens, é
sempre necessário o consentimento de
ambos os cônjuges para a prática de actos
de alienação, oneração, constituição de
direitos pessoais de gozo e arrendamento
Se a casa de morada de família for
arrendada, também carecem do
consentimento de ambos os cônjuges, em
qualquer regime de bens, os actos de
disposição do direito ao arrendamento
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Carecem do consentimento de ambos os
cônjuges,
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a prática dos seguintes actos
de administração ou disposição
 Actos de administração extraordinária praticados sobre bens
comuns administrados por ambos os cônjuges
 Prática de actos de disposição de bens imóveis, previstos
taxativamente no artigo 56./3º, qualquer que seja o regime de
bens;
 Prática de actos disposição sobre a casa de morada de família,
independentemente do regime de bens
 Disposição do direito ao arrendamento da casa de morada de
família
 Disposição de bens móveis comuns administrados por ambos,
salvo se se tratar de acto de disposição ordinária
 Disposição de bens móveis utilizados conjuntamente na vida do
lar ou como instrumento comum de trabalho
 Disposição de bens móveis comuns que pertencem
exclusivamente
Sheila Damião ao cônjuge que não os administra 2022

 Repúdio de heranças ou legados


22 Regime de separação de
bens
 Nenhum dos cônjuges precisa do consentimento um
do outro para administrar ou dispor dos seus bens,
seja ele móvel ou imóvel. – última parte do art.º 56.º/3.
 No que diz respeito ao repúdio da herança ou legado
também não é necessário o acordo dos cônjuges.

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23 Regime de separação de
bens
 Quanto a alienação ou oneração há que ter em
conta o estipulado nos artigos:
 56.º/2/a) – instrumento de trabalho
 56.º/2/b) – móveis utilizados na vida do lar
 -57.º - direito ao arrendamento à residência famíliar.

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O consentimento conjugal: forma e
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suprimento
 O consentimento conjugal deve ser
especial para cada um dos actos e está
sujeito à forma da procuração
 Na hipótese de existir recusa
injustificada ou dificuldade em obter o
consentimento, o cônjuge que carece do
consentimento do outro cônjuge para a
prática do acto, deverá recorrer a acção
especial com vista a obter o suprimento
do consentimento. Art.º 59.º.

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25 Consequência da prática do
acto sem legitimidade
 Quando um dos cônjuges pratica um
acto para o qual não tinha legitimidade,
este acto enferma de um vício que
impedirá a produção de todos os efeitos
pretendidos pelas partes
 Estamos perante uma ilegitimidade
conjugal, que é estabelecidas pelo
legislador com vista a proteger cada um
dos cônjuges e os interesses gerais da
família

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26 Consequência da prática do
acto sem legitimidade
 O tribunal irá ponderar se autoriza ou não a prática
do acto;
 Esse processo de suprimento vem regulado como
processo de jurisdição voluntária, art.º 1425.º e 1426.º
CPC;
 O tribunal deverá ter em conta o interesse da família.

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27 Consequência da prática do
acto sem legitimidade
 Anulabilidade
 Excepcionalmente: nulidade

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 São actos anuláveis:


 os previstos no art.º 56.º/2;
 art.º 56.º/3, salvo se vigorar o reg. de separação de bens;
 art.º 57.º
 art.º 58.º
 os actos praticados por um só cônjuge mas que
carecem de acordo de ambos;

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 Actos Nulos:
 A nulidade é possível nos termos dos art.º 288.º do CC
 Se a ractificação for posterior a prática do acto, ela
toma a forma de ratificação.

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 O acto deve ser impugnado no prazo de 1 ano, a


partir do momento em que o cônjuge teve
conhecimento do acto; art.º 60.º/2
 Esse prazo não pode ultrapassar os 3 anos;
 Ficam resalvados o direito de terceiros adquirentes de
boa-fé de coisa móvel, art.º 60.º/3.

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 No que diz respeito a venda de bens próprios do


outro cônjuge, estamos perante um acto nulo, art.º
60.º/4, o que recai sobre venda de coisa alheia,
prevista no art.º 892.º do C.C.
 Nesse caso o prazo para a impugnação da nulidade,
é o previsto no CC, isto é, a todo o tempo e por
qualquer interessado.

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