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DELEGADO DE POLÍCIA
TRAUMATOLOGIA
O disparo de arma de fogo pode ter efeitos primários decorrentes do próprio projétil e efeitos
secundários, quais sejam: fragmentos de pólvora que sofreu combustão, fragmentos de pólvora
que não sofreu a devida combustão, chamas, aumento da temperatura do cano da arma,
pressão causadas pelos gases. Estes últimos também podem ser chamados de “residuograma”.
Ferimentos de entrada: normalmente regulares, com bordas invertidas, invaginadas, voltadas
para dentro.
Ferimentos de saída: normalmente de forma irregular, bordas reviradas para fora, possível
avaliar o possível trajeto, diâmetro maior que o orifício de entrada, maior sangramento,
não possuem halo de enxugo nem na orla de escoriação (típicos de lesão de entrada) e não
apresentam efeitos secundários.
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Abaixo, os ferimentos de saída e entrada, respectivamente:
Exceção: “Sinal de funil de Bonnet”. Quando se tem um tiro encostado em região que recobre
tábua óssea. Ex.: crânio.
No “Sinal de Funil de Bonnet”, o ferimento de entrada terá a lâmina externa arredondada,
regular e a lâmina interna será irregular, maior do que o da lâmina externa com bisel interno
bem definido, em forma de cone com a base voltada para dentro. O movimento de saída, por
sua vez, será exatamente o inverso, com a base do cone voltada para fora.
Abaixo, a demonstração da entrada do projétil pelo OE (orifício de entrada), com a parte mais
afunilada do cone no início e a mais aberta, no final; a trajetória do projétil, em pontilhado e o
Orifício de saída (OS), que possui a parte mais afunilada para dentro e parte mais aberta para
fora, depois a saída do projétil.
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Ao refluírem, os gases causarão o sinal de “câmara de mina de Hoffmann” ou, “golpe de mina”.
Obs.: ficará parecido com o orifício de saída, mas é um orifício de entrada.
a.2 Sinal de Werkgaertner: desenho da boca do cano na pele produzido por uma ação
contundente.
a.3 Sinal de Benassi: halo fuliginoso na lâmina externa do osso.
a.4 Sinal de Schusskanol: esfumaçamento do túnel do tiro no osso).
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Além, são orifícios ovalados, com bordas invertidas, possuem diâmetro menor que o do projétil
e apresentam orla de enxugo e de escoriação e aréola equimótica.
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Conceito: De acordo com Genival Veloso de França é: “qualquer lesão produzida por um tipo de
energia capaz de modificar o estado físico dos corpos e de cujo resultado podem surgir ofensa
corporal, dano à saúde ou morte.”
1) Temperatura (calor)
A ação direta do calor na pele causa a lesão denominada “queimadura”, contudo caso
a ação do calor seja difusa, ou seja, em todo o corpo humano, a lesão será a “termonose”,
podendo subdividir-se em insolação (que ocorre normalmente em locais abertos, ambientais)
e internação (normalmente em locais fechados, oportunidade em que além da alta
temperatura há dificuldade de renovação do ar e consequente aumento da saturação de
umidade no ambiente). A maioria das lesões causadas por temperatura-calor a são de causa
jurídica acidental e são avaliadas, no que tange à gravidade, por dois critérios, quais sejam: 1)
profundidade (quatro graus) e 2) Extensão da superfície corporal queimada (porcentagem).
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Classificação de Hoffmann:
Grau Lesão
Primeiro Eritema simples, vasodilatação
Segundo Vesículas ou flictemas (bolhas)
Terceiro Coagulação necrótica dos tecidos (escaras)
Total
Quarto Carbonização
Parcial
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O Sinal de Montalth, por sua vez, confere se há fuligem nas vias aéreas. Durante o incêndio são
liberados no ar fuligens que, são inaladas caso os presentes estejam vivos. Assim, se há fuligem
nas vias aéreas e, consequentemente, no pulmão do corpo, ele estava vivo durante o incêndio.
Diferente dos critérios respiratórios acima, o Sinal de Janesie Jeliac verifica o conteúdo das
bolhas (queimaduras de segundo grau) na pele adjacente. Em um corpo vivo, as queimaduras
de incêndio provocam reações, inflamações provocando, portanto, conteúdo de células
inflamatórias nas bolhas. Contudo, se a pessoa já estiver morta a pele não irá reagir não
gerando, a dita reação inflamatória na pele adjacente.
1) Pesquisa de CO no sangue → sinal vital
2) Sinal de Montalth → fuligem nas vias aéreas sinais vitais
3) Sinal de Janesie Jeliac → conteúdo das bolhas na pele adjacente
A ação da eletricidade pode e dar duas formas: direta e indireta. A primeira acontece no
funcionamento do coração sistema elétrico condutor provocando arritmia, distúrbio de
funcionamento do ritmo cardíaco. Já a indireta decorre do “efeito joule”, já que a eletricidade
produz calor pelo corpo provocando queimaduras elétricas. Ainda, a ação do calor dependerá
de três pontos: resistência do condutor, do tempo de passagem da corrente e da intensidade
da corrente. Quanto maiores os pontos, maior o calor e mais intensa a queimadura elétrica.
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2.1) Lesões típicas
a. Sinal de Lichtenberg. Patognomônica da eletricidade de fonte natural, ou seja, decorre
apenas da eletricidade natural, provocando assim, dilatação do vasomotor e, portanto é
um fenômeno efêmero. Tem característica arboriforme.
b. Marca elétrica de Jellinek. Normalmente indica a “porta de entrada” de uma fonte elétrica
de eletricidade que, na maioria das vezes, é artificial. Ainda, a lesão é caracteristicamente
indolor.
c. Queimaduras elétricas. Em decorrente do efeito joule, geralmente, não forma bolhas e
sim escaras endurecidas e enegrecidas.
d. Metalização. Deposição de metal na pele
e. Amputação de membros e secção corporal. Frequente nas situações de alta voltagem, alta
amperagem.
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3) Pressão atmosférica
4) Explosão
As lesões corporais causadas pelas ondas de pressão são chamadas de “Blasts” que se
subdividem em quatro graus. Veja:
•• Blast primário: acontece pela própria onda de choque, provocando lesão aos órgãos que
contêm ar, como no pulmão, nos ouvidos ou no tubo digestivo.
•• Blast secundário: se dá pelo estilhaçamento do material explosivo e do objeto. Exemplo:
garrafa perto do local da explosão que se estilhaça com o impacto e causa lesões nas
pessoas que estão próximas. São geralmente, lesões traumáticas.
•• Blast terciário: deslocamento da pessoa à distância pelo vento explosivo. Quando o
indivíduo caí ao chão terá lesões contusas associadas ao blast terciário.
•• Blast quaternário: lesões não decorrentes das anteriores, como queimaduras, intoxicação
por gases.
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ENERGIAS DE ORDEM QUÍMICA
Conceito: De acordo com Genival Veloso de França é: “toda substância que, por ação físico-
química ou biológica, são capazes de, entrando em reação com os tecidos vivos, causar dano à
vida ou à saúde.”
Cáusticos Venenos
Causa lesão corporal por ação interna. Deve haver,
portanto, uma porta de entrada no organismo
Causa lesão por ação externa, portanto, basta o
que pode ser por penetração, absorção pelo
mero contato físico para gerar uma lesão
organismo pelas vias de inalação, por injeção ou
por ingestão.
1) Cáusticos
Conceito: Cáustico, vem do grego Kaustiko, que significa “aquilo que queima”. São substancias
que, por sua natureza química, provocam reações externas com os tecidos e lesões
tegumentares potencialmente graves.
Exemplo:
Ácido sulfúrico
Ácidos
Ácido clorídrico
Bases cáusticas → amônia
Efeitos:
•• Coagulantes: o cáustico que causa efeito coagulante desidrata os tecidos, formando uma
escara endurecida.
Exemplos: ácidos (sulfúrico, nítrico) e sais (nitrato de prata).
•• Liquefaciantes: o cáustico de efeito liquefaciante não desidrata os tecidos e, portanto,
formam escaras úmidas, moles, de aspecto untuoso (gorduroso) e ás vezes translúcidas.
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Importância da perícia
Distinção de escaras produzidas em vida e post mortem. Se a escara reagiu provocando ação
inflamatória na pele, foi produzida em vida, caso contrário aconteceu post mortem.
Identificar a substância utilizada: pelo aspecto e coloração das escaras é possível identificar
qual foi o cáustico que causou a lesão especificamente.
Natureza jurídica: grande parte das vezes a natureza jurídica é acidental, mas existem casos em
que a natureza é criminosa. Nesses casos há intenção do agressor de deformidade permanente
da vítima (art. 129, § 2º).
2) Venenos
Conceito: Para Genival Velloso de França são: “qualquer substância quem, introduzida pelas
mais diversas vias no organismo, mesmo que homeopaticamente, danifica a saúde ou causa da
morte.”
Para Peterson: “um veneno é uma substância que, quando introduzida no organismo em
quantidades relevantemente pequenas e agindo quimicamente, é capaz de produzir lesões
graves à saúde, no caso do indivíduo comum e no gozo de relativa saúde.”
Mitridatização: resistência elevada orgânica aos efeitos tóxicos do veneno, normalmente
causada por uma ingestão repetida, continuada de pequenas doses, de forma progressiva.
Intolerância: alta sensibilidade de algumas pessoas a pequenas doses de veneno que podem
ser imperceptíveis para outras pessoas.
Sinergismo: ação potencializadora dos efeitos tóxicos, decorrente da ingestão simultânea de
várias substâncias químicas.
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Observações:
a) Qualificação do homicídio, pois o veneno é considerado como meio insidioso.
b) Possibilidade de identificação em exumação, ainda que o cadáver esteja completamente
esqueletizado. (para isso o perito terá que recolher terra que está envolta ao corpo,
fragmentos de tecido das roupas do cadáver, ou mesmo tecido que reveste o caixão, uma
vez que o tecido pode ter saído como líquidos da putrefação).
c) Coleta no cadáver recente de: sangue intracavitário, conteúdo gástrico, tecido do fígado e
tecido dos rins (nesses últimos acontece a metabolização do veneno).
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