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FRATURAS: NA VISÃO DA ANTROPOLOGIA FORENSE

Carlos Henrique Durão

Exército Português
Gabinete Médico Legal de Setúbal e Torres Vedras

Introdução

As fracturas assumem um papel de grande relevo na traumatologia forense, uma vez que podem ser provocadas por projécteis de
arma de fogo, traumatismos contundentes ou incisos que tenham atingido estruturas ósseas durante a agressão. Sua interpretação pode
determinar o impacto inicial demonstrando a dinâmica do evento e até identificando o agente agressor

Sinal de Bonnet: detalhe da entrada do projétil vista da tábua externa e


interna respectivamente, caso do autor.

Caso 1.
regra de Puppe

Sinal do funil de Bonnet: detalhe da fratura de saída do projétil, caso do autor.

O diagnóstico entre ferida de entrada e de saída, principalmente nos ossos do crânio, esterno e omoplata é dado pelo
sinal do funil de Bonnet. O orifício de entrada na lâmina interna é irregular, maior que o da lâmina externa e com bisel
interno bem definido, lembrando a forma conica de um funil, o de saída é ao contrário.
Quando o projétil atinge o crânio formando o orifício e o bisel, dá-se a formação de fraturas radiadas com origem no
ponto de impacto. O aumento da pressão intracraniana, desvia os fragmentos para fora e produz fracturas concêntricas
perpendiculares às fraturas radiadas. As fraturas radiadas propagam-se para o lado oposto antes mesmo da saída do
projétil, terminando nas suturas ou nas fraturas preexistentes segundo à regra de Puppe.
Emprego virtopsia no estudo das fraturas ( in Virtopsy aproach, 2009 )

Sinal do mapa mundi de Carrara: fratura afundamento parcial e uniforme do crãnio em forma de arcos e
meridianos como um mapa , com uso de um martelo( in Strassmann & Carrara , 1901. biblioteca do autor )

O encontro de fractura não é suficiente para a elucidação de um caso forense. È Fraturas não recentes do úmero com calo e remodelação óssea.

necessária uma interpretação que permita distinguir se esta foi produzida em vida (ante
morten), durante a agressão (peri morten) ou depois da morte (post morten) pela ação
de predadores ou manipulação do cadáver.
Discussão A tripla distinção pode permitir relacionar a lesão com a causa da
morte. O encontro de calo ósseo, reabsorção ou remodelação permite afirmar que
estamos diante de lesões provocadas em vida e distantes do evento mortal. Já aquelas
produzidas durante a morte ou muito próxima a ela (período de incerteza de Tourdes)
são mais difíceis de diferenciar ou por vezes impossível. O osso fresco (green bone) é
elástico e reage de uma forma típica, suas superfícies de corte tendem a ser mais
cortantes e com aspecto irregular, podendo gerar fracturas oblíquas ou “dobragem”
óssea conforme o agente agressor. O osso seco (pos morten) não é tão elástico e não
dobra, fracturando de modo distinto, com margens mais regulares.

Conclusão Algumas lesões produzem determinados padrões de fraturas que podem ajudar na elucidação de casos
forenses. O conhecimento da antropologia forense torna-se essencial para a traumatologia forense, no estudo de ossadas.
drcarlosdurao@hotmail.com
BIBLIOGRAFIA
The virtopsy approach : 3D optical and radiological scanning and reconstruction in forensic medicine / Michael J. Thali,
Vincent J. Di Maio, Forensic Pathology, 2001
• França, GV, medicina Legal, 2011.

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