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EFEITOS DO TIRO E DISTÂNCIA DO TIRO

TÓPICOS A SEREM ABORDADOS


EFEITOS DO TIRO EFEITOS

PRIMÁRIOS(Orla de Enxugo, Orla de Contusão e Auréola Equimótica)

EFEITOSSECUNDÁRIOS(Zona de Chama, Zona de Esfumaçamento e Zona de Tatuagem)

TRAJETOXTRAJETÓRIA
DISTÂNCIADOTIROTIRODISTANTE

TIROÀCURTADISTÂNCIA

TIROENCOSTADO

EFEITOS DO TIRO
As características das lesões produzidas por armas de fogo dependem sempre de dois fatores: a ARMA e a
MUNIÇÃO(Cartucho).Em casos de morte por arma de fogo é importante estabelecer a DIAGNOSE
DIFERENCIAL, determinando as hipóteses de suicídio (autoeliminação), homicídio ou acidente. Dentro da
Balística dos Efeitos, o estudo da distância do tiro e dos seus efeitos tem um destaque especial.

Os projeteis de armas de fogo são verdadeiros instrumentos PERFURO-CONTUNDENTES e, ao atingirem


o corpo humano, produzem lesões ou feridas com características muito peculiares. Por intermédio do estudo
dos efeitos do tiro, pesquisáveis junto às lesões(perinecropsia/examedocadávernolocal), pode-se estabelecer,
em muitos casos, a que distância foi dado o tiro.

Distinguem-se os efeitos PRIMÁRIOS e os efeitos SECUNDÁRIOS

Orla de Enxugo
Orla de Contusão
Auréola Equimótica

EFEITOS PRIMÁRIOS
Os efeitos primários resultam da ação do projétil ou dos projeteis e são característicos dos pontos de
impacto, independendo da distância do tiro. Estes efeitos podem ser produzidos em alvos animados ou em
alvos não animados.

EFEITOS PRIMÁRIOS EM ALVOS ANIMADOS


Nos alvos animados, como ocorre quando o projétil atinge um alvo humano, ao seu redor, formam-se
ORLAS(produzidas pelo projétil) com contornos e características importantes para o exame pericial, que
são:
ORLA DE ENXUGO: pela rotação do projétil, as impurezas da pólvora e outros meios atravessados são
deixados nas paredes do orifício de entrada;

ORLA DE CONTUSÃO: também chamada de orla de escoriação: com a pressão da entrada, a pele se
invagina e rompe ficando escoriada;

AURÉOLA EQUIMÓTICA: coloração vermelha violácea ocasionada pelos vasos sanguíneos que são
rompidos com passagem do P.A.F.

OBSERVAÇÃO: as orlas de contusão e de enxugo são características dos tiros à distância. Nos tiros a curta
distância, praticamente não são visíveis, na maioria das vezes, porque ficam mascaradas pelos demais
resíduos do tiro, especialmente pela zona de esfumaçamento.

EFEITOS PRIMÁRIOS –TIRO PERPENDICULAR (90º)


Quanto às dimensões, o orifício de entrada é menor do que o diâmetro do projétil, nos tiros à distância. Um
projétil de alta energia pode virar 90º sobre si mesmo e, ao atingir a superfície da pele, produz um orifício de
entrada muito maior do que o seu diâmetro, podendo ser equivalente ao comprimento total do projétil. Neste
caso, a cavitação ou cavidade temporária será maior próximo ao orifício de entrada.

Nos tiros encostados e à curta distância, o orifício de entrada, em regra, é maior do que o diâmetro do
projétil. Em tiro sobre cartilagens ou estruturas ósseas, pode o orifício de entrada ter o diâmetro igual ao do
projétil que o produziu.
EFEITOS PRIMÁRIOS -Orifício de Saída
Quando o tiro for transfixante tem-se um segundo orifício chamado de orifício de saída, que apresenta
normalmente diâmetro maior do que o orifício de entrada. Os bordos do orifício de saída são irregulares
(estrelada, em fenda, circular), dilacerados e revirados para fora(evertidos).
No orifício de saída nunca será encontrada uma orla de enxugo (limpeza do projétil através da pele),
podendo excepcionalmente ser constatada uma zona de contusão e auréola equimótica, é o caso do tiro
transfixante que encontra um anteparo junto a pele(orifício de saída), impossibilitando a expansão da mesma
e devido compressão da pele contra o anteparo forma-se a zona de contusão e a auréola equimótica. (SINAL
DE ROMANESI).
Pode haver mais de um orifício de saída, para um mesmo projétil, é o caso, por exemplo, da fragmentação
óssea, produzida pelo impacto do projétil.

Zona de Chama
Zona de Esfumaçamento
Zona de Tatuagem

TRAJETO X TRAJETÓRIA
TRAJETO:É o segmento da trajetória percorrido pelo projétil no interior de um corpo.
TRAJETÓRIA:É o percurso do projétil da saída do cano até seu encontro com um corpo onde inicia seu
trajeto.

EFEITOS PRIMÁRIOS
EM ALVOS NÃO ANIMADOS
Em alvos não animados, constituídos por materiais como madeira, metal e vidro os efeitos primários
são aqueles produzidos pelo projétil, animado de considerável força viva, e dependem da natureza do
material considerado.

Em regra, há afundamento e estriamento, para dentro, do material do alvo, antes que ocorra a
perfuração. Esta poderá ser incompleta ou não chegar a acontecer. Exceto no caso do tiro contra lâminas de
metal ou sendo as paredes do alvo muito finas, o orifício de saída é sempre maior do que o de entrada,
permitindo, com base nestes elementos, a determinação do sentido do tiro.
Nos tiros contra lâminas finas de vidro, o ponto de impacto geralmente não pode ser percebido porque o
vidro se divide em fragmentos. Mas nesse caso, distinguem-se as fraturas radiais, que se iniciam na face
oposta à da origem do tiro, e as fraturas concêntricas, secundárias, que se iniciam na face volta da para a
origem do tiro.
O estudo da disposição das escamas características, nos bordos de fratura dos fragmentos examinados,
permite estabelecer, em cada caso, a face por onde a fratura iniciou, levando a determinação da origem do
tiro.

EFEITOS SECUNDÁRIOS
Os efeitos secundários são os que resultam, nos tiros encostados ou à curta distância, da ação dos gases, seus
efeitos explosivos, de resíduos da combustão da pólvora e de microprojeteis.

A região espacial varrida pelos elementos que constituem os efeitos explosivos compreende três
ZONAS(produzidas pela carga explosiva): zona de chama, zona de esfumaçamento e zona de tatuagem.

ZONA DE CHAMA (CHAMUSCAMENTO OU DE QUEIMADURA)


É produzida pelos gases superaquecidos e inflamados que se desprendem por ocasião dos tiros encostados e
atingem o alvo, produzindo queimadura da pele da região, dos pelos e das vestes.

Esta zona circunda o orifício de entrada, nos tiros perpendiculares e está presente nos tiros encostados ou
muito próximos. A zona de chama serve para o diagnóstico do orifício de entrada, da distância e direção do
tiro, da quantidade de carga(pólvora) e do ambiente em que foi realizado o tiro.
No cone de dispersão, a emissão da chama resultante da queima da pólvora provoca queimaduras na pele e
pêlos. Esse fenômeno deu origem a expressão TIRO À QUEIMA ROUPA.

ZONA DE ESFUMAÇAMENTO
A zona de esfumaçamento é produzida pelo depósito de fuligem oriunda da combustão da pólvora ao redor
do orifício de entrada. A zona de esfumaçamento é formada pelos resíduos finos e impalpáveis que, sob a
forma de pequeníssimas partículas, ficam aderidos ao plano do alvo, sendo facilmente removidos por
lavagem. Está presente nos tiros à curta distância.
Zona enegrecida de depósito de pólvora incombusta facilmente removível. Se a região atingida estiver
coberta por vestes, estas poderão reter parcial ou totalmente o depósito de fuligem.
ZONA DE TATUAGEM
A zona de tatuagem é formada pelos resíduos maiores(sólidos) de pólvora incombusta ou parcialmente
comburida e pequenos fragmentos que se desprendem do projétil que, ao atingirem o alvo, nele se incrustam
ao redor de orifício de entrada. Zona pontilhada de incrustação de grânulos que acompanham os
projeteis(fragmentos de pólvora)não é removível.

DISTÂNCIA DO TIRO
Por meio do exame das lesões produzidas por armas de fogo(projeteis ou chumbos) e do estudo dos resíduos
dos tiros encontrados junto às lesões, nas vestes da vítima ou no alvo, pode-se determinar a distância do tiro,
o orifício de entrada e saída, sua direção, trajetória e trajeto.

As características das lesões produzidas por armas de fogo e a quantidade de resíduos dependem dadistância
entre a boca do cano da arma e a vítima, e esta distância é calculada a partir dos efeitos do tiro: EFEITOS
PRIMÁRIOS E EFEITOS SECUNDÁRIOS.

DISTÂNCIA DO TIRO
Tomando-se por base os efeitos primários e efeitos secundários, os tiros podem ser classificados em:
TIROS DISTANTES, TIROS À CURTA DISTÂNCIA e TIROS ENCOSTADOS

TIRO DISTANTE
O tiro distante ou tiro à distância é aquele desprovido dos efeitos secundários. Na distância de 50cm, em
tiros desferidos por armas curtas, os pontos de tatuagem já são poucos e bastante esparsos, indo até 70 a
80cm, mas cessando por volta de 1m. Desta forma pode-se dizer que a partir de1metro o tiro já é
considerado distante.

O orifício de entrada, no tiro à distância, tem forma arredondada (tiro perpendicular), ovalar(tiro inclinado),
bordos invertidos(revirados para dentro), orla de contusão e enxugo, auréola equimótica, faltando as demais
zonas(efeitos secundários). O diâmetro do orifício de entrada será aproximadamente igual ao do projétil que
o produziu.

TIRO À CURTA DISTÂNCIA


O tiro à curta distância é aquele desferido contra alvo situado dentro dos limites da região espacial varrida
pelos gases e resíduos de combustão da pólvora expelidos pelo cano da arma.

A distância máxima em que serão tecnicamente pesquisáveis, no plano do alvo atingido, ficará dentro dos
limites dos efeitos de esfumaçamento, os quais atingem, em média, 20 cm a 30cm da boca do cano, para
armas curtas. Raros são os casos em que os efeitos do esfumaçamento ultrapassam essas distâncias.

O orifício de entrada terá a forma arredondada (tiro perpendicular) ou ovalar(tiro oblíquo/inclinado), com
bordas invertidas(voltadas para dentro), orla de contusão e enxugo, auréola equimótica e, as zonas de
queimadura, esfumaçamento e tatuagem. O diâmetro do orifício de entrada corresponde, aproximadamente,
ao diâmetro externo do projétil.

TIRO DISTANTE
O tiro distante ou tiro à distância é aquele desprovido dos e efeitos secundários. Na distânciade 50cm, em
tiros desferidos por armas curtas, os pontos de tatuagem já são poucos e bastante esparsos, indo até 70 a
80cm, mas cessando por volta de 1m. Desta forma pode-se dizer que a partir de 1metro o tiro já é
considerado distante.

O orifício de entrada, no tiro à distância, tem forma arredondada(tiro perpendicular), ovalar(tiro inclinado),
bordos invertidos(revirados para dentro), orla de contusão e enxugo, auréola equimótica, faltando as demais
zonas(efeitos secundários).

TIRO ENCOSTADO
O tiro encostado é aquele tiro em que a boca do cano da arma se apóia no alvo, possibilitando que a lesão
seja produzida pela ação do projétil e dos gases resultantes da deflagração da pólvora.

O orifício de entrada é irregular, amplo, em regra maior do que o diâmetro do projétil que o produziu, e seus
bordos são dilacerados e revirados para fora(evertidos), com aspecto análogo ao de um orifício de saída.
Internamente, este efeito explosivo se manifesta por devastação intensa, formando um trajeto denominado de
boca de mina (Mina de Hofmann). Em alguns tiros encostados pode aparecer o Sinal de Werkgartner, que
consiste da reprodução da forma da boca do cano e da massa de mira.

Quando a região atingida por tiros encostados estiver coberta por vestes, os efeitos secundários podem
permanecer nas vestes, parcial ou totalmente. Neste caso, o orifício de entrada, em tiros encostados, poderá
apresentar características parecidas com as de um orifício de saída.

Nos tiros encostados, no crânio, a zona ou orla de esfumaçamento aparecerá ao redor do orifício de entrada,
na superfície externa do plano ósseo(Sinal de Benassi), podendo aí permanecer até após a decomposição das
partes moles. É um sinal valioso para o diagnóstico do suicídio(auto eliminação).

TIRO ENCOSTADO
BOCA DE MINA DE HOFMANN
As marcas aparecem em consequência da pressão dos gases gerados na explosão e, por isso, assumem o
aspecto estrelado, acompanhado de descolamento subcutâneo e escurecimento do orifício da parte inicial do
trajeto pelos grãos de pólvora e pela fuligem. De uma forma mais geral essa lesão é gerada quando o disparo
com a arma se dá pressionando a pele da vítima.
TIRO ENCOSTADO
SINAL DE PUPPE WERKGARTNER
É uma lesão que nos tiros encostados reproduz sobre a pele, a extremidade aquecida da arma de fogo. Em
resultado do calor desenvolvido pelo tiro, a boca do cano, a massa de mira e a ponta da haste ejetora(fuste)
deixam, por vezes, o seu contorno impresso junto ao orifício de entrada do projétil. Simplificando de uma
forma menos técnica é o desenho da "boca" do cano impresso sobre a pele quando do tiro encostado.

SINAL DE PUPPE WERKGARTNER

TIRO ENCOSTADO
SINAL DE BENASSI
Ocorre no disparo efetuado contra uma superfície óssea(crânio), sendo evidenciado pela presença de
fumaça(fuligem) e pólvora impregnadas no plano ósseo.

TIROS EM VIDROS
O exame em vidros rompidos por projéteis em locais de crime possui peculiaridades e características
singulares. Pela análise da ruptura, muitas informações importantes para a compreensão da dinâmica da cena
de um crime podem ser obtidas, como a direção e sentido dos disparos e, no caso de mais de um disparo,
independente do sentido, o estabelecimento da ordem cronológica destes disparos.
Os exames dos cones de fratura e das linhas de fraturas (radiais e concêntricas) podem representar os únicos
vestígios materiais capazes de esclarecer a dinâmica de um fato delituoso, quando este aconteceu dentro de
um veículo.

Alguns aspectos nos exames de vidros rompidos por projéteis merecem especial atenção, como os vidros
laminados, comumente utilizados em veículos. Neste caso, a utilização de produto sintético na laminação
resulta em um comportamento com características próprias, que pode representar cuidados a serem adotados
quando do exame pericial.
FRATURAS RADIAIS E CONCÊNTRICAS
FRATURAS RADIAIS
À transmissão da onda de choque no vidro em decorrência de algum impacto forte o suficiente para provocar
o seu rompimento se dá de maneira radial a partir do ponto de aplicação da força. Por tal motivo a primeira
solução de continuidade formada será uma fratura no sentido de propagação da onda de choque, ou seja,
radial. A gênese da fratura se dará na face oposta ao tiro, pois pelo sentido da aplicação da força, a face
oposta é o lado submetido à maior tensão.

As fraturas radias não se cruzam porque no momento em que a primeira é produzida a onda de choque que
produziu a segunda não é mais transmitida, pois a onda de choque não se propaga pela fratura.

FRATURAS CONCÊNTRICAS
As fraturas radiais dividem o vidro em fatias formadas entre elas, que são empurradas no sentido do tiro
ainda pela energia residual produzida pelo impacto. Isso ocorre até se atingir o ponto de ruptura do vidro
que, desta vez, ocorrerá de maneira transversal às fraturas radiais

CONE DE FRATURA
Assim como em outras superfícies rígidas, o cone de fratura também é gerado nos tiros em vidros. A
determinação do cone é fundamental para a determinação do sentido do tiro. Para isso o tato será uma grande
ferramenta, que permitirá ao perito sentir qual é o lado da entrada do tiro e qual é o lado da saída.

A grande vantagem no vidro é que em sua maioria os vidros são lisos. Assim, sentir rugosidade ou não das
regiões adjacentes ao orifício é uma excelente ferramenta para saber qual foi o lado atingido pelo impacto,
que será mais liso e com pouco desprendimento de material, enquanto que o lado oposto será mais áspero e
com desprendimento de pequenos fragmentos de vidros.

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