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Balística

Leandro dos Santos Oliveira


Policial Penal
Instrutor de Armamento e Tiro
4° CAIRRC/DPOE-DF

“Um bom sábio é aquele que sabe dividir conhecimentos e no final das
contas, multiplicar sua parte”.
Vantuilo Gonçalves

E-mail: leandrosantos_db@hotmail.com
Introdução

É de fundamental importância, que o Instrutor


de Armamento e Tiro conheça os princípios da
balística, seus fundamentos básicos e suas
divisões, bem como seus fenômenos.
Objetivo
Despertar no aluno o interesse por aprofundar-
se no tema “balística”, demonstrando a
importância desse conhecimento para o
operador de armas de fogo.
Balística
É a ciência e arte que estuda integralmente as armas de fogo, o
alcance e a direção dos projéteis por elas expelidos e os efeitos
que produzem.
Origem
Ballo Do grego – “atirar”, “arremessar”.

ica Do grego: “técnica”, “arte”, “ciência”.

Mecânica
É a parte da Física que estuda o movimento de corpos,
deslocando-se livremente no espaço em virtude de um impulso
recebido.
Balística Interna
(Estrutura das Armas de Fogo)
Conceito de Arma
É todo objeto que pode aumentar a capacidade de ataque ou defesa
do homem.
Domingos Tocchetto (Balística Forense 7ª edição)

Artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a


seres vivos e coisas.
Decreto Lei 3.665 de 20 de novembro de 2000. (R105)
Conceito de Arma de Fogo
Definição
Dispositivo que impele um ou vários projéteis através de um cano pela pressão de
gases em expansão produzidos por uma carga propelente em combustão.

Conforme Cartilha de Armamento e Tiro do DPF.

Arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados
pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente,
está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão
do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil;

Conforme Decreto Lei 3.665 de 20 de novembro de 2000. (R105)


Quanto a alma Lisa
do cano Raiada
Revólveres
Armas Curtas
Pistola
Fuzil (Rifle)
Quanto ao
Fuzil de Assalto
Tamanho
Alma Raiada Carabina (Carbine)
Metralhadora
Armas Longas
Sub-Metralhadora
Repetição
Quanto ao Alma Lisa Espingardas
Sistema de Semi-Automática
Funcionamento Automática CARTILHA DE ARMAMENTO E
Ação Simples TIRO - POLÍCIA FEDERAL
Quanto ao Ação Dupla
Sistema de
Acionamento Dupla Ação

Quanto ao Híbrido
Sistema de AnteCarga
carregamento Retrocarga
Divisão da Balística

Ação dos gases Trajetória do projétil

Balística Balística de Balística Balística


Interna Transição Externa Terminal
Balística Interna
Também conhecida como “balística Interior”, estuda basicamente a
estrutura das armas de fogo, podemos destacar:

Os mecanismos
;
O funcionamento;
A técnica do tiro;
Os efeitos da detonação da espoleta
A deflagração da pólvora dos cartuchos, no seu interior, até
que o projétil saia da boca do cano.
Balística Interna
Dos fenômenos que ocorrem dentro do cano de uma arma de
fogo durante o seu disparo podemos citar três mais importantes,
são eles:

1. A marcação dos projéteis no interior do cano (secundário)


2. A variação de pressão;
3. A aceleração do projétil dentro do cano.
Balística Interna
(Cano de alma raiada)
O que são raias?
São sulcos paralelos , destinados a imprimir aos projéteis um movimento giratório, em
torno do eixo de sua trajetória, “cuja função é de manter a estabilidade ao longo do seu
percurso”. (Domingos Tocchetto)
São sulcos helicoidais dispostos no eixo longitudinal, destinados a forçar o projétil a um
movimento de rotação. (Cartilha de Armamento e Tiro do Departamento de Polícia Federal)
Direção: É o sentido de direção do
raiamento a partir da câmara.
• Sinistrogiro quando for para a
esquerda;
• Dextrogiro quando for para a
direita.
Quantidade: É o número de raias
que o cano possui.
Balística Interna
(Cano de alma raiada)
Cada fabricante possui uma concepção sobre o que constitui o melhor raiamento
dos canos das armas de fogo , adotando para suas armas características e
dimensões próprias relacionada com as raias, em especial quanto:

 Ao número;
Cano da
 A orientação; arma de fogo
 A largura;
 A profundidade Raias

 Ao ângulo de iniciação.
mm

mm
Os números de raias mais usados são de seis ou cinco, existindo canos com , quatro, sete,
oito, nove, dez e até doze raias.
A Taurus produz simultaneamente armas com quatro, cinco e seis raias.
Balística Interna
(Tipos de raiamentos)
• Existem vários tipos de raiamento mas, atualmente, dois são os
mais comuns nas armas de fogo:
R A I A M E N T O C O N V E N C I O N A L : É aquele formado por “cheios”
e “raias”.
CHEI
OS

RAIA
Balística Interna
(Raiamento Poligonal)
• Ao invés de utilizar “cheios” e “raias” estes são substituídos por
“montes” e “vales” respectivamente. É o tipo de raiamento
utilizado em algumas empresas como Glock , Heckler & Koch,
Magnum Research e Kahr Arms.

VA L E

MONTE
Balística Interna
(Alma lisa )

É aquela isenta de raiamento, com superfície


absolutamente polida, como, por exemplo, nas
espingardas. As armas de alma lisa têm um sistema
redutor( choque), acoplado ao extremo do cano, que
tem como finalidade controlar a dispersão dos bagos
de chumbos.
Balística de Transição
Balística de transição: enquanto o projétil sofre a ação dos gases da
queima do propelente.
Os gases propelente simultaneamente influenciam na aceleração
do projétil e atuam no mecanismo de ciclagem das armas de fogo,
automática e semiautomática.
Balística Externa
Ta m b é m c o n h e c i d a c o m o “ b a l í s t i c a E x t e r i o r ” , s e u
fundamento é estudar a:
 Tr a j e t ó r i a d o p r o j é t i l ( a p ó s a s a í d a d a b o c a d o c a n o a t é
sua parada final);
 As condições do movimento;
 Ve l o c i d a d e , F o r m a , M a s s a , S u p e r f í c i e ;
 Resistencia do ar;
 Ação da gravidade; e
 Seus movimentos intrínsecos.
Balística Externa
Quando um projétil sai da boca do cano de uma arma de fogo raiada, ele inicia sua
trajetória na atmosfera dotado de dois movimentos: o de translação e o de rotação.
1. No movimento de translação, o projétil descreve uma curva na atmosfera
(parábola), resultante da ação conjunta da força propulsora, da resistência do ar
(arrasto ou drag) e da gravidade.

Trajetória parabólica Linha de visada

Ação da gravidade
Balística Externa
2. No movimento de rotação do projétil é determinado pela forma da hélice do passo das
raias da arma, além do movimento de rotação o projétil apresentará ainda mais dois
movimentos secundários denominados precessão e nutação, que aparecem devido o
projétil ser um corpo rígido e também por sua interação com o ar.

• .38” SPL – 28800rpm • .380” Auto – 74400rpm


• .38” SPL +P – 33700rpm • 9mm – 84500rpm
• .357” – 46900rpm • .40” S&W – 52400rpm
Balística Externa
3. Precessão é o movimento em virtude do qual o projétil, gera um cone de revolução,
cujo vértice corresponde a extremidade anterior da ogiva. Ao mesmo tempo em que o
projétil se desloca, descrevendo o cone, apresenta um movimento vibratório, de menor
amplitude, denominado Nutação.

Rotação Precessão Nutação

(segundo Eraldo Rebelo)


Balística Externa
(Trajetória do projétil)
É o caminho percorrido pelo projétil desde o momento em que deixa a boca do cano
da arma de fogo até seu impacto contra o alvo.
IMPORTANTE:
Quanto maior a velocidade do projétil, maior será a resistência do ar que o mesmo
terá de vencer.
EFEITOS NA TRAJETÓRIA DO PROJÉTIL A CONSIDERAR:
A princípio, para conservar melhor a velocidade e ter maior alcance o projétil deverá
ter:
 maior massa;
 maior densidade;
 Melhor aerodinâmica para vencer a resistência do ar;
ATENÇÃO:
Por influência da ação da gravidade, o projétil também perde velocidade.
Balística Externa
(Alcance do tiro)
O alcance do tiro dependerá ainda dos seguintes fatores:
1. Ângulo do tiro;
2. Das condições atmosféricas;
3. Da arma
4. Da munição empregada.
ATENÇÃO:
1. O comprimento do cano da arma, tem influência direta no alcance do tiro;
2. O projétil atinge sua velocidade máxima, conhecida como velocidade de
boca, ao sair da boca do cano da arma de fogo, nesse momento os gases se
expandem para a atmosfera, causando o estampido do tiro.
3. Na balística externa o projétil sofre a resistência do ar e da gravidade.
Balística Externa
(Alcance do tiro)
No estudo do alcance de um tiro consideraremos:
1. Alcance útil;
 É a distância da boca do cano da arma de fogo até aquela em que o projétil tem
energia suficiente para causar ferimentos letais em um ser humano
 O alcance útil, depende diretamente de dois elementos: comprimento do cano
da arma e tipo de projétil.
Balística Externa
(Alcance do tiro)
2. Alcance máximo:
 Ou alcance real é a distância compreendida entre a boca do cano da arma e o ponto
de chegada do projétil.
 Considera-se ponto de chegada o local em que o projétil encontra o solo, quando
entre a boca do cano da arma e o ponto de chegada do projétil não existir nenhum
obstáculo, essa distância se confunde com a trajetória do projétil.
 Quando um projétil sai da boca do cano de uma arma de alma raiada, inicia sua
trajetória na atmosfera dotado de dois movimentos o de translação e o de rotação.
Interferem em sua trajetória, além dos fatores extrínsecos, em especial a densidade
do ar e a ação da gravidade, ainda, a velocidade inicial do projétil, sua estabilidade
em relação ao eixo da trajetória e fatores intrínsecos do próprio projétil, tais como:
forma, massa e densidade.
 O alcance máximo é calculado normalmente por meio de fórmulas balísticas,
conhecidas a velocidade inicial do projétil, sua massa, o ângulo do tiro e o
coeficiente de resistência do ar.
Balística Externa
(Alcance útil - espingarda)
As armas de alma lisa têm um sistema redutor
(choque), acoplado ao extremo do cano, que tem
como finalidade controlar a dispersão dos bagos de
chumbo.

CHOQUE PLENO
(full choke)

MELHOR INTERVALO DE UTILIZAÇÃO


Balística Externa
(Alcance útil - espingarda)
O alcance útil nas armas de alma lisa
é determinado pela dispersão dos
chumbos e pelas possibilidades
práticas da utilização da arma pelo
atirador.

CHOQUE MODIFICADO
(modified choke)

MELHOR INTERVALO DE UTILIZAÇÃO


Balística Externa
(Alcance útil - espingarda)

CHOQUE CILINDRICO
(improved cylinder)

MELHOR INTERVALO DE UTILIZAÇÃO


Alcance

Calibre Precisão Letal* Máximo


CURIOSIDADES
.22lr (arma curta) 30 150 800

.22lr (arma longa) 50 350 1500

.32 S&W 50 350 1300

.380 ACP 30 350 1000 :: Armas Standard

.38 SPL 70 400 1600 :: Alcance máximo baseado em angulaçao inicial em 30 graus

9mm P 70 600 1700 :: Valores médios através de provetes de munição não informados pelas fontes.

.40 S&W 60 500 1500 portanto, sugerido utilizar APENAS para noção e comparação subjetiva

.357 Mag 100 1400 2100 :: Fonte: AmmoScientific - EUA / Wikipédia - Ammonition Guide / Municiones.org

.45 ACP 60 400 1500 :: Pesquisa efetuada para o conteúdo da aula de Conhecimentos Gerais

5,56 NATO 200 2500 3600 do Curso de Formação de Instrutores de Armamento e Tiro - Propoint

5,56 NATO (Luneta) 500 2500 3600 :: Valores em metros

.30-30 100 1500 2300 :: Precisão - Acertar um alvo metálico de 30x30cm

.30-30 (Luneta) 300 1500 2300

7,62 X 39 400 800 2000

.308 win 250 3000 4000

.308 win (Luneta) 800 3000 4000

.338 win Mag 1200 3500 4200

.375 H&H 550 2500 3100


Balística Terminal
• É conhecida também como:
 Balística dos efeitos
 Balística do ferimento.
• É o estudo dos fenômenos que se sucedem sobre o projetil, desde a saída da boca
do cano até o momento em que atinge o alvo até a sua completa parada, ou seja,
sua deformação, penetração e a resultante destes no alvo.
 Ainda dentro dessa concepção estuda-se possíveis ricochetes, impactos,
perfurações e lesões externas nos corpos atingidos.
 Quando o alvo atingido for um ser humano, o estudo dos efeitos nele
produzidos, em especial as lesões traumáticas, levará a Balística a se
relacionar com a “Medicina Legal”. Os vestígios materiais extrínsecos ao ser
humano são efeitos da balística terminal e/ou dos efeitos, enquanto que os
intrínsecos são estudados e analisados pela Medicina Legal.
Balística Forense
• S e g u n d o R a b e l l o ( 1 9 8 2 ) , B a l í s ti c a F o r e n s e é a
a q u e l a p a r t e d o c o n h e c i m e n t o c r i m i n a l í s ti c o e
médico legal, que tem por objeto, especial, o
estudo das armas de fogo, da munição e dos
fe n ô m e n o s e e fe i t o s p r ó p r i o s d o s ti r o s d e s t a s
armas, no que ti v e r e m de ú ti l ao
esclarecimento e à prova de questões de fato,
n o i n t e r e s s e d a j u s ti ç a .
Balística Interna
GGGG
FIM!

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