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PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL: A GRANDE


GUERRA
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GRANDE GUERRA

A Primeira Guerra Mundial, conhecida como “A Grande


Guerra”, constitui o acontecimento que transformou
radicalmente a Europa e o mundo.

Soldados em trincheira na cidade de Galípoli, Turquia,

19151

Por Me. Cláudio Fernandes

A Primeira Guerra Mundial, que durou de 1914 a


1918, foi considerada por muitos de seus
contemporâneos como a mais terrível das
guerras. Por este motivo, tornou-se conhecida
durante muito tempo como “A Grande Guerra”.
Para se compreender os motivos de ter sido uma
guerra tão longa e de proporções catastróficas é
necessário relembrar alguns aspectos do cenário
político e econômico mundial das últimas décadas
do século XIX.

Na segunda metade do século XIX, a junção entre


capitalismo financeiro e capitalismo industrial
proporcionou a integração econômica mundial,
favorecendo assim, principalmente, as nações que
haviam começado seu processo de
industrialização. Essas mesmas nações
expandiram significativamente seu território em
direção a outros continentes, sobretudo ao
Asiático, ao Africano e à Oceania. A Inglaterra, por
exemplo, integrou grandes países ao seu Império,
como a Índia e a Austrália. Todo esse processo é
conceitualmente tratado pelos historiadores como
Imperialismo e Neocolonialismo. Nesse cenário se
desencadearam os principais problemas que
culminaram no conflito mundial.

No início da década de 1870, a Alemanha


promovia sua unificação com a Prússia e, ao
mesmo tempo, enfrentava a França naquela que
ficou conhecida como Guerra Franco-Prussiana.
Ao vencer a França, a Alemanha possou a ter
posse sobre uma região rica em minério de ferro,
que foi importantíssima para o desenvolvimento
de sua indústria, incluindo a indústria bélica.
Tratava-se da região de Alsácia e Lorena. A
França, na década posterior à guerra contra a
Alemanha, desenvolveu um forte sentimento de
revanche, o que provocava uma enorme tensão na
fronteira entre os dois países. A tensão se agravou
quando Otto Von Bismarck, o líder da unificação
alemã, estabeleceu uma aliança com a Áustria-
Hungria e com a Itália, que ficou conhecida como
Tríplice Aliança. Essa aliança estabelecia tanto
acordos comerciais e financeiros quanto acordos
militares.

A França, que se via progressivamente ameaçada


pela influência que era estabelecida pela
Alemanha, passou a firmar acordos, do mesmo
gênero da Tríplice Aliança, com o Império Russo,
czarista, em 1894. A Inglaterra, que era um dos
maiores impérios da época e também se
resguardava do avanço alemão e temia sofrer
perdas de território e bloqueios econômicos,
acabou se aliando à França e à Rússia, formando
assim a Tríplice Entente.

A tensão entre as duas alianças se tornou


crescente, especificamente em algumas regiões,
como a península balcânica. Na região dos Balcãs,
dois grandes impérios lutavam para impor um
domínio de matiz nacionalista: o Austro-Húngaro e
o Russo. A Rússia procurava expandir sua
ideologia nacionalista eslava (conhecida como
Pan-eslavismo) e apoiava a criação, nos Balcãs,
do estado da Grande Sérvia, enquanto que a
Áustria-Hungria se aproveitava da fragilidade do
Império Turco-Otomano (que dominou esta região
durante muito tempo) e procurava, com a ajuda da
Alemanha, estabelecer um controle na mesma
região, valendo-se também de uma ideologia
nacionalista (conhecida como Pangermanismo).
No ano de 1908, a região da Bósnia-Herzegovina
foi anexada pela Áustria-Hungria, o que dificultou
a criação da “Grande Sérvia”. Além disso, a
Alemanha tinha interesses comerciais no Oriente
Médio, em especial no Golfo Pérsico, e pretendia
construir uma ferrovia de Berlim a Bagdá,
passando pela península balcânica.

O estopim para o conflito entre as duas grandes


forças que se concentravam na região dos Balçãs
veio com o assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria,
por um militante da organização terrorista Mão
Negra, de viés nacionalista eslavo. O assassinato
do arquiduque ocorreu em 28 de janeiro de 1914,
em Sarajevo, capital da Bósnia. Francisco
Ferdinando tinha ido a Sarajevo com a proposta
da criação de uma monarquia tríplice para região,
que seria governada por austríacos, húngaros e
eslavos. Sua morte acirrou os ânimos
nacionalistas e conduziu as alianças das
principais potências europeias à guerra.

O assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro


do trono da Áustria-Hungria, na cidade de
Sarajevo, foi considerado o estopim da Primeira
Guerra2

A Áustria percebeu neste fatídico acontecimento a


oportunidade de atacar a Sérvia e demolir o
projeto eslavo de construção de um forte estado.
Sendo assim, Áustria-Hungria e Alemanha deram
um ultimato à Sérvia para solucionar o caso do
assassinato de Francisco Ferdinando. A Servia
negou-se a ceder à pressão dos germânicos e,
com o apoio da Rússia, sua aliada, preparou-se
para o que veio a seguir: a declaração de guerra
por parte da Áustria-Hungria, que foi formalizada
em 28 de julho de 1914. Logo a França ofereceu
apoio à Rússia contra a Áustria-Hungria, o que fez
a Alemanha declarar guerra contra a Rússia e a
França. O conflito logo se expandiu para outras
regiões do globo.

A guerra se intensificou quando o exército alemão,


que era o mais moderno da época, rumou em
direção à França, passando pelo território belga,
que era neutro. Isso fez com que a Inglaterra,
aliada da Rússia, declarasse guerra à Alemanha. A
partir desse momento, a guerra ganhou
proporções cada vez mais catastróficas. As
principais formas de tática militar eram a guerra
de trincheiras, ou guerra de posição, que tinha por
objetivo a proteção de territórios conquistados; e
a guerra de movimento, ou de avanço de posições,
que era mais ofensiva e contava com armamentos
pesados e infantaria equipada.

Ao longo da guerra, o uso de novas armas,


aperfeiçoadas pela indústria, aliado a novas
invenções como o avião e os tanques, deu aos
combates uma característica de impotência por
parte dos soldados. Milhares de homens
morreram instantaneamente em bombardeios ou
envoltos em imensas nuvens de gás tóxico. Essa
característica produziu um alto impacto na
imaginação das gerações seguintes à guerra.
Escritores como Erich Maria Remarque, Ernst
Jünger e J. J. R. Tolkien, que combateram na
Primeira Guerra, extraíram dela muitos elementos
para composição de suas histórias.

O ano de 1917 foi decisivo no contexto da “Grande


Guerra”. Nesse ano, a Rússia se retirou do fronte
de batalha, haja vista que seu exército estava
obsoleto e sua economia arruinada. Foi neste ano
também que os revolucionários bolcheviques
fizeram sua revolução comunista na Rússia, fato
crucial para a efervescência política europeia das
décadas seguintes. Foi ainda em 1917 que os
Estados Unidos entraram na guerra ao lado da
Inglaterra e da França e contra a Alemanha, que já
não mais tinha a mesma força do início da guerra.
Sendo que, após o fim da Primeira Guerra em
1918, os Estados Unidos tornaram-se a grande
potência fora do continente europeu.

A “Grande Guerra” chegou ao fim em 1918, com


vitória dos aliados da França e grande derrota da
Alemanha. O ponto mais importante a se destacar
quanto ao fim da guerra são as determinações do
Tratado de Versalhes. Nessas determinações, os
países vencedores não aceitaram a orientação da
Liga das Nações de não submeter a Alemanha
derrotada à indenização pelos danos da guerra.
Sendo assim, a Alemanha foi obrigada a ceder
territórios e a reorganizar sua economia tendo em
conta o futuro ressarcimento aos países
vencedores da Primeira Guerra, sobretudo a
França.

O saldo de mortos durante os cinco anos da


Primeira Guerra foi de um total de 8 milhões,
dentre estes, 1.800.000 apenas de alemães. Esse
tipo de mortandade acelerada e terrivelmente
impactante tornou a se repetir a partir de 1939,
com a Segunda Guerra Mundial.

A Primeira Guerra deixou um enorme número de


soldados mortos para todas as nações envolvidas,
além da vasta destruição nas cidades europeias

O imaginário da Primeira Guerra povoa os


territórios de várias artes. No cinema, por exemplo,
temos inúmeros filmes que a tematizam. Dois
deles merecem destaque: “Corações do Mundo”
(1918), de Griffith, produzido ainda “sob o calor da
guerra” e “Glória Feita de Sangue” (1957), de
Stanley Kubrick.

__________________________
*Créditos das imagens:
1  Wikimedia Commons / National Library NZ on
The Commons
2 Wikimedia Commons

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Primeira Guerra Mundial…

Por Cláudio Fernandes

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