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Docente: JOVITA - João Baptista de Jovita1

E-mail: professordejovita@gmail.com

AULA: 23/11/2022
2.4. - A criação da Alemanha

Império Alemão compreende o período de tempo entre a formação do império


após a Guerra Franco-Prussiana até o final da Primeira Guerra Mundial, quando a
monarquia foi dissolvida e a República de Weimar fundada na Alemanha.
Antes da organização do Império Alemão, existiam vários estados independentes
no território que viria a compor o império, desde reinos como a Bavária até cidades livres
como Bremen. No meio de tantos estados que estavam unidos sob o Sacro Império
Romano Germânico, existiam dois que eram nitidamente mais poderosos, a Áustria e a
Prússia.
Desde o século XVIII, a Áustria e a Prússia lutaram pela hegemonia em território
alemão, e por meio de várias guerras como a dos Sete Anos ficou claro que os dois países
não podiam se unir em apenas um para comandar uma Grande Alemanha. Desde a Guerra
dos Trinta Anos, os estados do sul eram favoráveis a Áustria, e compartilhavam com esta
a religião católica, enquanto os estado do norte eram favoráveis a uma união com a
Prússia, e compartilhavam a religião protestante com o reino prussiano.
O equilíbrio de poder verificado entre Áustria e Prússia foi rompido na Guerra
Austro-Prussiana que, após ser vencida pela Prússia, afastou a Áustria dos estados do
norte definitivamente. E assim a monarquia de Berlim pôde se ver capaz de unir todos os
territórios germânicos sob seu domínio e hegemonia, bastando apenas um chamariz para
a causa nacional.
Em 18 de Janeiro de 1871, o Império Alemão foi proclamado no Salão dos
Espelhos do Palácio de Versalhes.
Diferenças entre França e Prússia sobre uma possível ascensão ao trono
espanhol de um candidato alemão - a qual a França se opunha - foi o pretexto para que os
franceses declarassem a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Graças a acordos
defensivos, exércitos prussianos juntaram-se a exército dos pequenos estado alemães do
sul, sob o comando de Moltke, que repeliu as tropas francesas que tinham
ocupado Saarbrucken, e então procedeu a invasão da França em agosto de 1870.
Depois de algumas poucas semanas, o exército francês foi finalmente forçado a
capitular na fortaleza de Sedan. O Imperador Napoleão III foi feito prisioneiro e o
Segundo Império Francês entrou em colapso, mesmo que a nova república tenha decidido

1
Professor, Consultor político e econômico. Doutoramento em Relações Internacionais pelo Instituto de
Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP). Mestre e Graduado em Relações
Internacionais pelo Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia
– Minas Gerais / Brasil. Pesquisador Associado ao Laboratório da História Global e das Relações
Internacionais (USP-Harvard University); do Centro de Estudos das Negociações Internacionais (IRI-
USP); Pesquisador Visitante pela Fundação Dr. António Agostinho Neto (FAAN).
prolongar a guerra por vários meses. Após meses, o Tratado de Frankfurt foi assinado: A
França foi obrigada a entregar a província a Alsácia-Lorena para a Alemanha.
A área cedida correspondia à Alsácia inteira e a partes da província de Lorena. O
fato de muitas áreas de população francesa terem sido incluídas no acordo fez com que a
França denunciasse a nova fronteira como uma hipocrisia, principalmente porque a
Alemanha justificou a anexação sob o pretexto de que iria ocupar apenas áreas
culturalmente alemãs.
Durante o Cerco de Paris, os príncipes alemães se reuniram no Salão dos Espelhos
do Palácio de Versalhes e proclamaram o rei prussiano Guilherme I como o "Imperador
Alemão" em 18 de Janeiro de 1871. O Império Alemão estava assim fundado, com vinte
e cinco estados, três dos quais eram cidades livres da medieval Liga Hanseática, e
Birmack, novamente, tornou-se chanceler. A solução de Bismarck foi pela "Pequena
Alemanha", já que a Áustria não foi incluída.

2.6.- Sistemas Bismarkianos

A política doméstica de Otto von Bismarck como chanceler da Alemanha foi


caracterizada por sua luta contra inimigos do estado protestante da Prússia. No assim
conhecido Kulturkampf (1872-1878), ele tentou limitar a influência da Igreja Católica
Romana e de seu braço político, o Partido Católico, mas após várias medidas - como a
introdução do casamento civil - notou-se que a iniciativa não tinha conseguido muito
sucesso.
Milhões de súditos não-alemães do império, como poloneses, dinamarqueses e
franceses foram discriminados e submetidos a uma política de germanização.
A outra ameaça iminente era a ascensão do Partido dos Trabalhadores Socialistas
(posteriormente conhecido como o Partido Social Democrático da Alemanha), que
declarou estar focado em estabelecer uma nova ordem socialista, ao transformar as
condições políticas e sociais existentes. A partir de 1878, Bismarck tentou reprimir o
movimento social-democrata com leis anti-socialistas.
Apesar de lutar contra os movimentos, Bismarck ainda esperava que as classes
operárias apoiassem o império.
A prioridade do chanceler era proteger a Alemanha da guerra a partir de um
sistema de alianças e conter as crises até que o país estivesse completamente pronto para
enfrentá-las. A tentativa de contenção e isolamento destinada à França, neste contexto,
tinha particular importância, já que Bismarck temia o ressurgimento da França como
grande potência no cenário internacional e que tentasse se aliar com a outras potências,
para retomar a Alsácia - Lorena e recuperar seu prestígio.
No cenário internacional da década de 1870, Bismarck observou que a Itália não
se aliaria à França por estar melindrada pela anexação da Tunísia pelos franceses,
destruindo suas pretensões imperialistas na região.
A Grã-Bretanha também não se aliaria à França por viver sob a política do
esplêndido isolamento. A Áustria-Hungria e a Rússia pareciam ser as únicas potências
aptas a lutar contra a Alemanha ao lado da França.
Para afastar esta hipótese, Bismarck criou a Liga dos Três Imperadores, cujo
acordo inicial foi assinado em 1872 pela Rússia, pela Áustria-Hungria e pela Alemanha.
Seus princípios estavam calcados na rejeição ao republicanismo e ao socialismo e
estes eram considerados inimigos das três potências conservadoras.
No entanto, o primeiro sistema de alianças formulado por Bismarck mostrou-se
efêmero, uma vez que os desentendimentos entre a Rússia e a Áustria-Hungria eram
frequentes e irreconciliáveis. Em 1879, Bismarck formou a Dupla Aliança entre a
Alemanha e a Áustria-Hungria, mirando uma assistência mútua contra um possível ataque
da Rússia, que não estava satisfeita com os acordos feitos na Conferência de Berlim.
Em 1882, se estabeleceria uma Tríplice Aliança, com o ingresso da Itália no
tratado. Em retorno às pretensões coloniais do fraco país por parte da Alemanha e da
Áustria-Hungria, a Itália garantia apoio frente a um ataque francês.
O estabelecimento da Dupla Aliança, e posteriormente da Tríplice Aliança, fez
com que a Rússia buscasse uma posição mais conciliatória, e em 1887, o Tratado de
Resseguro foi assinado entre a Alemanha e a Rússia. De acordo com os termos
estabelecidos, as duas potências concordavam em dar apoio mútuo em caso de um ataque
francês contra a nação germânica e em caso de um ataque austro-húngaro contra a nação
russa.
Por um longo tempo, Bismarck recusou-se a ceder às aspirações do Príncipe
Guilherme II de fazer da Alemanha um poder mundial através da aquisição de colônia
ultramarinas. Bismarck queria evitar tensões entre as grandes potências europeias e
garantir a segurança do império a qualquer custo.
No entanto, o chanceler divergiu desta política por um breve período na década
de 1880, quando a Alemanha assegurou colônias como Togo e Camarões em África, e as
Ilhas Marshall, Nova Guiné e o arquipélago de Bismarck na Oceania. De fato, foi o
próprio Bismarck quem propôs a Conferência de Berlim de 1885, que acabou por
estabelecer linhas gerais para a aquisição de colônias na África e foi um passo inicial para
o neocolonialismo.
Em 1888, o cáiser Guilherme I, faleceu aos 91 anos de idade, e seu doente
filho Frederico III reinou por apenas 99 dias antes de sua morte. Subiu ao trono então o
ambicioso Guilherme II, o filho de Frederico, então com 29 anos de idade. Diferenças
políticas entre Bismarck e o novo monarca, que queria ser "seu próprio chanceler",
causaram o afastamento do primeiro em 1890.

Em Versalhes, o rei Guilherme 1º da Prússia foi proclamado imperador da


Alemanha, no dia 18 de janeiro de 1871. A unidade alemã, portanto, não resultou da
vontade do povo, "de baixo para cima", mas de um pacto entre os príncipes, isto é, "de
cima para baixo" e com a supremacia esmagadora da Prússia.
O Parlamento do Império, o Reichstag, era eleito por sufrágio igualitário e tinha
apenas uma influência indireta no governo. O chanceler do Império, embora só devesse
prestar contas ao imperador, era obrigado a procurar apoio para a sua política no
Parlamento.
Não eram uniformes as leis eleitorais relativas às representações populares dos
diferentes estados no Reichstag. Em 11 estados, existia o sistema eleitoral por classes,
dependente dos impostos pagos pelo eleitor e, em outros quatro, mantinha-se a
representação por corporações. Com maior tradição parlamentar, os estados do sul da
Alemanha reformaram seu direito eleitoral, adaptando sua legislação eleitoral à do
Império.
Bismarck governou o Império por 19 anos, fortalecendo sua posição na nova
constelação de forças na Europa através de uma política de paz e de alianças. Sua política
nacional, porém, estava distante dessa sabedoria. Bismarck combateu tendências
democráticas por considerá-las inimigas do Império.
Lutou contra a ala esquerda da burguesia liberal, contra os políticos católicos e,
principalmente, contra o movimento operário organizado, que reprimiu durante 12 anos.
Bismarck, de certa forma, terminou sendo vítima do seu próprio sistema. A política
personalista do jovem imperador Guilherme 2º forçou-o à demissão em 1890.

A era Guilhermina

A nova weltpolitik do cáiser Guilherme II levou a atritos com outras potências


imperiais. Quando Bismarck resignou, Guilherme II declarou que continuaria a seguir a
política externa adotada pelo antigo chanceler, mas logo uma nova direção foi tomado,
tendo em vista uma crescente influência alemã pelo mundo (weltpolitik).
O Tratado do Resseguro com a Rússia foi abandonado, e isto fez com que o
vizinho do oriente se aliasse com a França, apesar das largas diferenças políticas, contra
a Tríplice Aliança. A própria aliança com a Áustria-Hungria e a Itália era incerta, uma
vez que existiam vários atritos entre os dois países.
Por volta de 1898, a expansão colonial alemã no Extremo Oriente (Baía de
Jiaozhou, Marianas, Carolinas e Samoa) levou o país a conflitos com o Reino Unido, com
a Rússia, com o Japão e com os Estados Unidos. Além disso, o plano de construção da
Ferrovia Berlim- Bagdá, financiada por bancos alemães, focada em conectar o Mar do
Norte com o Golfo Pérsico, passando pelo estreito de Bósforo, ia contra os interesses
geopolíticos e econômicos russos e britânicos.
Para proteger os interesses ultramarinos da Alemanha, o Almirante von
Tirpitz iniciou um programa de melhorias na marinha, tornado a Alemanha uma ameaça
direta à dominação britânica dos mares e fazendo com que uma possível aliança entre os
dois países nunca se concretizasse, estando a Alemanha cada vez mais isolada.

AULA: 24/11/2022

2.6.- A Revolução Soviética - Russa

A revolução Russa foi uma série de eventos políticos na Rússia, que, depois a
eliminação da autocracia russa, e depois do Governo Provisório (Duma), resultou no
estabelecimento do poder soviético sob o controle do partido comunista. O resultado
desse processo foi a geração da União Soviética, que durou até 1991.
Foi durante a Primeira Guerra Mundial, que iniciou na Rússia um movimento de
caráter revolucionário. O imenso atrasado e arcaico império russo não conseguiu suportar
o peso de uma guerra externa e outra interna.
Em 1917, uma oposição organizada e as constantes revoltas das camadas
populares, provocaram na Rússia, a primeira revolução socialista da história
contemporânea esta Revolução foi à primeira vitória do socialismo revolucionário,
teorizada e prega por Karl Marx e Engels. A partir de então, os padrões da sociedade
burguesa, capitalista e liberal estavam ameaçados.

No Tempo dos czares

Uma reforma em 1861 libertou os servos e distribuiu terras, mas os resultados


foram tímidos poucos camponeses receberam terras em quantidade suficiente. A penas
uma minoria de pequenos e médios proprietários se kulaks, se beneficiaram. O restante
da população do campo continuava formada por um miserável proletariado rural.
O ambiente era adequado à difusão de ideias revolucionarias o regime czarista
governava o império com mão de ferro os opositores do regime eram perseguidos por um
eficiente aparelho de repressão policial reprimia todo tipo de oposição tinha um controle
severo sobre o ensino secundário, as universidades e a imprensa em geral, pessoas, aos
milhares eram enviadas para prisões e exílio na si beira.

O desenvolvimento industrial da Rússia

Começou tardiamente, em relação aos países ocidentais avançados, e foi possível


graças à participação de capitais estrangeiros principalmente ingleses e franceses. Mesmo
assim, foi inferior ao das demais potências europeias.
Em sua economia, as relações capitalistas de produção entrelaçavam-se com as de
tipo feudal o pagamento de juros sobre este capital fazia com que grande parte dos lucros
não continuassem no país. Em 1877, dos 150 milhões de habitantes russos, apenas 1
milhão eram operários.
Nesse clima, surgiram vários grupos de oposição no final do século XIX, as ideias
socialistas chegaram até a Rússia, através do Partido Socialdemocrata, criado em 1898,
que passou a abrigar os socialistas russos - entre eles Vladimir Ilich Ulianov,
popularmente conhecido como Lenin.

Sobre a Guerra Russa Japonesa

Em 1905, os russos foram derrotados pelos japoneses, numa guerra motivada por
disputa sobre a região chinesa da Manchúria. As duras condições de vida da maioria da
população, a corrupção que reinava na corte e esta derrota, tornaram a situação interna
russa mais conflitante a insatisfação popular se manifestou por meio de greves e motins
nas principais cidades. Os cossacos (soldados da guarda imperial) reprimiam
violentamente as manifestações populares, e o movimento de 1905 foi abafado.

Como se deu o Domingo Sangrento


O domingo sangrento se deu a traves dos acontecimentos ocorridos em janeiro de
1905, uma grande multidão reuniu-se ás portas do palácio imperial para pedir audiência
ao czar. O exército abriu fogo contra eles matando muitos dos manifestantes. Esse fato,
denominado "Domingo Sangrento", serviu de pretexto para uma série de revoltas no país
inteiro. Uma poderosa unidade da frota do mar Negro, o encouraçado Potemkin, se juntou
aos rebeldes.

Sobre a composição Partidária

A eclosão e os efeitos da primeira guerra mundial em 1914 demonstraram a


incompetência da corte aristocracia russa, desmascarando a falsa ordem constitucional
durante a guerra, a economia russa desmoronou especuladores obtinham grandes lucros,
enquanto a maioria da população passava por necessidades a inflação ruía os salários,
empresas faliam os soldados russos, mal armados e mal preparados, morriam aos milhares
nas frentes de combate e muitos começaram a desertar do exército russo.
Os operários organizaram greves, manifestações e passeatas os socialdemocratas,
partido de oposição, participaram ativamente do movimento contra a guerra e o regime
devido uma serie de divergências internas, o partido acabou por se dividir em duas
facções: os bolcheviques (palavra que significa maioria), dirigidos por Lênin, defendia a
revolução imediata conduzida pelos operários e camponeses, liquidando de vez com o
capitalismo liberal.
Os mencheviques achava que não deveria acabar com o capitalismo e sim
reformá-lo. Após, então, viria à revolução conduzida pelos burgueses com o apoio de
camponeses e operários. Esse partido teria, mais tarde, um simpatizante e futura liderança
Alexander Kerenski.
Outro partido surgido no início do século XX foi o partido constitucional
democrata que representava a burguesia liberal moderada e pretendiam implantar uma
monarquia constitucional no campo surgiu o PSR, partido socialista russo, de tendência
anarquista e que defendia as ideias de Bakunin, líder revolucionário russo de esquerda.
Eram radicais, pretendiam acabar com a monarquia e suprimir qualquer tipo de
autoridade.

A Revolução de 1917

Nas primeiras semanas de março de 1917, eclodiu um movimento revolucionário


na cidade de petrogrado atualmente são Petersburgo. As tropas do exército aderiram à
revolução, e até os setores mais moderados da sociedade russa abandonaram o czar nessa
ocasião, reorganizaram-se os sovietes, conselhos de operários e soldados, surgidos no
movimento de 1905.
Todos pressionavam o governo provocando manifestações de rua e greves
generalizadas. A polícia não conseguia deter o movimento e o exército se recusava a
marchar contra a população. Nicolau II abdicou. Os revolucionários formaram um
governo provisório composto por tendências políticas variadas, dirigidos por Alexandre
Kerenski, um dos líderes de um partido chamado socialista Revolucionário, e ligado
ideologicamente aos mencheviques.
A princípio pretendiam consolidar uma monarquia constitucional, mas
posteriormente acabaram por implantar u governo republicano.
A burguesia liberal e vários setores da aristocracia apoiaram o novo governo, que
iniciou uma série de reformas. Entre elas, destacamos a adoção do sufrágio universal, a
convocação de uma Assembleia constituinte, anistia aos líderes revolucionários
bolcheviques que estavam exilados. Era um governo um tanto quanto contraditório.
Existiam dois poderes paralelos:
A Duma (parlamento) composto por moderados e os sovietes conselho de
operários mais radicais e que pretendiam acabar com a monarquia. Enquanto isso, a
guerra contra a Alemanha continuava. A crise criada pela guerra e a variada composição
do governo revolucionário não permitiram que os grandes problemas econômicos que
afetavam a população russa fossem solucionados.

A duma e os soviéticos

Sua composição política era quase que totalmente composta de socialistas que
diziam representar os verdadeiros interesses dos trabalhadores.
Os objetivos dos soviéticos eram basicamente dois: primeiro a criação de uma
ordem exclusivamente socialista na Rússia e segundo ao enfraquecimento de todas as
forças políticas não socialistas, chamados por eles de burgueses ou capitalistas combatiam
radicalmente os membros do governo provisório de Kerensk, apesar desse também ser de
certa forma um dirigente soviético foi reconhecida como fundamental para o sucesso do
movimento revolucionário na Rússia com a vitória de Lênin, o Estado socialista ficou,
pelo menos em teoria, estruturado e submetido a um conselho de operários soviéticos
localizados nas fábricas, locais de trabalho diversos, nos bairros.
O objetivo fundamental era vincular a atividade quotidiana das massas aos
problemas fundamentais do Estado, da economia e, também, uma forma de evitar que a
administração destas questões se tornasse privilegio de uma burocracia isolada das
massas.
Os soviets se organizavam no local de trabalho, elegendo representantes que
estariam junto aos trabalhadores todo o tempo, podendo, essa escolha, ser revogada a
qualquer momento segundo os socialistas, essa forma de escolha procurava dar aos
soviets, um perfil diferenciado de democracia incentivando uma participação continua e
ativa da população no governo diferente daquela democracia indireta, em que as massas
votam a cada 3 ou 4 anos, de forma individual, em um representante que terá toda a
liberdade para fazer o que quiser até as próximas eleições.

Duma

A pressão sobre o governo imperial czarista levou-o a promulgar o “Manifesto de


Outubro em 1905, no qual fazia promessa liberais, tentando acalmar a oposição ao seu
governo”. Dentre essas promessas, além de transformar seu governo numa monarquia
constitucional, o czar prometia a adoção da Duma, ou seja, uma Assembleia Nacional
Parlamentar com a finalidade de exercer um poder de caráter legislativo. Seria eleita com
base na afiliação político partidário e estendida a todos os partidos, incluindo os
revolucionários mais radicais.
A primeira Duma foi eleita em março de 1906. Mais de 40 partidos e grupos
políticos estavam representados com predomínio dos "kadets". Quando começou seus
trabalhos, mostrou-se demasiado liberal para a administração czarista, levando o governo
a dissolvê-la.
A segunda Duma se reuniu em março de 1907. Era uma Duma hostil ao governo
imperial e dela fazia parte Lenine e os bolcheviques e por isso foi dissolvida mais depressa
que a primeira. O governo fez algumas mudanças no processo eleitoral para escolha dos
representantes Duma de forma a favorecer os partidos mais conservadores.
A terceira Duma, beneficiada pelas mudanças do processo de eleição, possuía em
suas fileiras uma maioria de representantes da direita conservadora e cumpriu,
integralmente, seu mandato de cinco anos. Apesar do seu aspecto conservador, essa Duma
introduziu muitas reformas concedeu direitos civis aos camponeses ao introduzir a justiça
local e expandir o sistema educacional.
A Quarta Duma, mais conservadora que a anterior, teve que contornar problemas
diversos com o início das revoluções da década de 20 e outros relacionados com a 1ª
guerra mundial após a revolução de outubro de 1917, essas Assembleias foram quase que
ignoradas e durante o governo de Stalin, praticamente desapareceram.

O governo soviético

Os sovietes continuaram a funcionar, o governo provisório tornava-se cada vez


mais impopular. A timidez da política social do novo governo propiciou o avanço dos
bolcheviques. Nesse quadro, a liderança de Lênin cresce.
O líder bolchevista prega a saída da Rússia da guerra, o fortalecimento dos
sovietes e o confisco das grandes propriedades rurais, com a distribuição de terra aos
camponeses afirmando que s eu governo traria pão, paz e terra ao povo.
Os bolcheviques tornaram-se mais numerosos, chegando a 80 mil militantes.
Lenin pregava: "Todo o poder aos sovietes". Sua meta era a adoção da ditadura do
proletariado para realizar a revolução socialista na Rússia e alcançar a paz. Várias
sublevações e protestos atingiram as principais cidades russas. Kerenski estava isolado
entre a direita contra- revolucionária e a esquerda bolchevista.

A Revolução de Outubro de 1917

O governo Kerenski não consegue se manter, isolado das principais facções em luta
da Finlândia, onde se havia exilado, Lênin coordenou os preparativos para aprofundar a
revolução. Os bolcheviques ingressam em massa nos sovietes e Trotsky é eleito
presidente do sovietes de petrogrado. a guarda vermelha, uma milícia popular, foi criada
nas fábricas para ser o braço armado dos bolcheviques.
Lênin entra clandestinamente na Rússia e convence o comando bolcheviques a
encampar a ideia de revolução.
A resistência de Kerenski é debelada e no dia 25 de outubro os bolcheviques
triunfam. Parte da guarnição militar e dos marinheiros da frota do Báltico se juntou aos
guardas vermelhos. Tomam o Palácio de Inverno do czar Kerenski foge da Rússia.
Os bolcheviques, largamente majoritários no Congresso dos Sovietes, tomam o
poder em 7 de novembro de 1917 é criado um Conselho dos Comissários do Povo,
presidido por Lênin. Leon Trotsky assume o Ministério dos negócios Estrangeiros e Josef
Stálin o das Nacionalidades (Interior).
A Revolução Russa é vitoriosa e instala o primeiro Estado socialista do mundo. A
Revolução de Outubro triunfou: os bolcheviques derrubaram o governo de Kerenski e
efetivaram o poder dos sovietes dirigidos pelo partido bolchevista, desde então
denominado de comunista. Como consequência da vitória bolcheviques teve início uma
era de Terror, com o fuzilamento sumário de milhares de pessoas. O czar Nicolau II e sua
família são executados pelos bolcheviques.
O processo revolucionário já não pode mais ser contido, as dissidências são
esmagadas e a ameaça da contrarrevolução afastada o novo governo, presidido por Lênin,
adotou uma série de reformas radicais, baseadas no marxismo e executadas por meio da
ditadura dos sovietes. Os objetivos dos comunistas não eram apenas derrubar o governo
provisório: Procuram criar uma nova sociedade, baseada no socialismo.
Nacionaliza as terras que eram de propriedade da nobreza e da igreja e cede aos
camponeses o direito exclusivo de sua exploração o controle das fábricas é transferido
aos operários, os estabelecimentos industriais são expropriados pelo governo e os bancos
nacionalizados. Moscou passa a ser a capital do país.
A propriedade privada dos meios de produção (terras, minas, fábricas) foi abolida.
Em março de 1918, o governo soviético bolchevique assinou, em separado, finalmente, a
Paz de Brest-Litovsk com a Alemanha. Aceitando perder a Polônia, a Ucrânia, a Finlândia
e os países bálticos.

Consequências da Revolução Russa

Ao tomar o poder, os bolcheviques fizeram inúmeras reformas, entretanto, o sistema


adotado pela revolução não apresentou bons resultados. A fome e a miséria continuavam
atormentando a população russa.
Internamente, os contrarrevolucionários continuam tentando retornar ao poder
auxiliados pelas potências estrangeiras. Principalmente europeias, que tentavam
desestabilizar o regime soviético, considerando-o uma ameaça para a sociedade
capitalista burguesa liberal.
A ameaça de uma vitória dos contrarrevolucionários leva o governo a tomar medidas de
exceção para reduzir a fome e modernizar o país. A indústria recebe estímulos para
aumentar a produção, com a adoção de métodos de racionalização do trabalho.
Técnicos estrangeiros são contratados para auxiliar a recuperação do parque
industrial. O Estado confisca o trigo e torna sua produção monopólio estatal. A terra dos
Kulaks, médios proprietários rurais, é dividida e os camponeses pobres estabelecem
governos locais para reunir o trigo excedente e administrar sua circulação e consumo.
A má vontade da antiga camada dominante; os camponeses que demonstravam
resistência em entregar sua produção ao governo; os trabalhadores e soldados
desanimados diante das dificuldades a população descontente com os problemas de
produção e abastecimento, os operários insurgindo contra o governo e outras rebeliões
internas, fizeram com que Lenin, em 1921, com a Revolução consolidada, instituísse a
NEP (Nova Política Econômica), uma volta ao capitalismo de Estado, como solução para
vencer o impasse econômico. E diz a famosa frase: 'É preciso dar dois passos para atrás
para depois voltar a avançar.
O objetivo é planear a economia e a sociedade. Logo é permitida a criação de
empresas privadas, como a manufatura e o comércio em pequena escala. A liberdade
salarial e a de comércio exterior são retomadas sob a supervisão do Estado. Os
camponeses são obrigados a pagar taxas, em espécie, e são autorizados os empréstimos
externos, como os negociados com a Inglaterra e a Alemanha.
Em 1924 é criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) com a
adoção de nova Constituição. A criação de uma União é a fórmula encontrada pelos
bolcheviques para conseguir manter unidos nacionalidades, etnias e territórios que pouco
tem em comum Segundo a Constituição de 1924, as repúblicas têm autonomia, proposta
que nunca saiu do papel. O poder é mantido por alguns líderes do Comitê Central por
intermédio do Partido Comunista.

A guerra civil

A Transição do governo czarista para o socialista não foi um parto normal. Uma
guerra civil entre os bolcheviques e os brancos, antigos monarquistas, e outros setores
que haviam sido derrotados na Revolução de Outubro teve início. Os kulaks, médios
proprietários, foram acusados de trair a revolução.
O governo central de Moscou enviou brigadas de operários ao campo para apoiar
o movimento camponês contra os kulaks. A execução de kulaks e a morte de militantes
bolcheviques nos conflitos com os exércitos de russos brancos caracterizaram a guerra
civil.
As potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial, alarmadas pelas medidas
tomadas pelo governo soviético, prestaram auxílio militar aos brancos. Forças japonesas,
francesas e inglesas ajudaram os contrarrevolucionários.
Apesar do auxílio estrangeiro, o governo de Lênin triunfou sobre seus inimigos
internos e consolidou a revolução comunista consolidou a revolução comunista no antigo
império dos czares. Politicamente, o novo regime proclamou a nova ordem social na
Constituição de 1918. A Constituição soviética contém uma declaração de direitos do
“povo explorado e trabalhador".
Ascensão de Stalin

Lênin, o fundador do primeiro Estado socialista, morre em 1924 e sua morte deu
a uma violenta luta pelo poder entre Trotsky e Stalin. Os dois, marxistas, tinham
concepções diferentes de política e revolução. Para Trotsky, o sucesso do socialismo na
URSS depende da vitória de revoluções operárias nos países vizinhos. Defendia, portanto,
a revolução mundial permanente.
Stálin, ao contrário, defendia a construção do socialismo apenas na URSS,
deixando de lado a tese da revolução mundial até conseguir a industrialização do país,
com a União Soviética em pé de igualdade com as nações capitalistas. Trótsky é um
intelectual de formação sofisticada, viajado, criador do Exército Vermelho e respeitado
teórico Marxista.
Stálin foi até certo ponto, um revolucionário sem sofisticação, que soube construir
uma máquina política dentro do partido. É duro e brutal, como demonstra nos anos
posteriores. Stálin derrota Trótsky, que é destituído de suas funções, expulso do partido
em 1927 é deportado da União Soviética em 1929. Tempos depois, em 1940 é assassinado
no México.

AULA: 30/11/2022

UNIDADE III – O NOVO IMPERIALISMO (1871-1941)

No início do século XX, a Europa vivia em estágios de conquistas e podendo


vislumbrar o futuro com optimismo. Considerava-se o centro do mundo, alimentando o
sentimento de superioridade e apresentava um modo de vida impecável.
Com uma indústria poderosa capaz de produzir cerca da mentade dos bens
industriais do mundo, com uma capacidade financeira ímpar que lhe permitia investir em
todos os continentes nos diversos sectores e Londres ocupando a categoria de centro
financeiro mundial.
O desenvolvimento comercial notável, baseado na maior frota mundial e com
portos mais movimentados com maior volume de carga já transportada. Associado estava
seu domínio às colonais que explorava económica e políticamente. Ao peso de uma
população com cerca de ¼ da popupalação mundial incluíndo a Rússia.
Ao prestígio e credibilidade de suas universisades que proporcionavam
descobertas científicas com contínuas inovações associado à utilização cada vez mais
generalizada de bens e serviços modernos, como o gás, a electricidade, o telefone, o
automóvel, o cinema, o teatro, os cafés-concertos, a praia e o desporto.
A este período se atribuiu o brilho civilizacional, confiança no futuro eprogresso
sem limites, comumente conhecida como belle époque (1890-1914). De facto a Europa
prosperava no seu tempo.
Já na viragem do século XIX para o século XX, os EUA e o Japão surgiram na
cena mundial fazendo concorrência à Europa e de certa forma, ameaçando o seu domínio.
Os EUA dedivo a abundância de recursos naturais, ao dinamismo da sua burguesia, ao
desenvolvimento rápido da rede de caminhos-de-ferro, apresentavam-se nas vésperas da
1ª Guerra Mundial, como o país mais poderoso no sector industrial.
O Japão com incentivos do Estado na criação de empresas, o recurso tecnológico,
o desenvolvimento dos transportes e uma mão-de-obra abundante e barata, foram alguns
fatores decisivos para o desenvolvimento da indústria.
Por volta de 1890, o país apresentava uma dinâmica na indústria têxtil, no carvão,
ferro e aço, paralelamente sua marinha também crescia, ao vencer a China na Guerra do
Taiwan e derrotar a Rússia, em 1905, o Japão apresentava-se como uma força com que o
Ocidente teria de contar no futuro.

3.1. Novo Imperialismo na África

No último quartel do século XIX, os países industrializados lançaram-se à


conquista de colónias e zonas de influência um pouco por todo mundo, especialemente
nos continentes africano e asiático. Essa época ficou conhecida como colonialismo ou
imperialismo.
O imperialismo foi impulsionado por diversas razões dentre as quais se destacam
as económicas e financeiras, dada a necessidade de matérias-primas, mercados e áreas
para investimento de capitais, as motivações políticas e nacionalistas foram difundidas
pela vontade dos governos europeus buscarem afirmar a sua força e travar a expansão de
seus rivais.
As razões sociais consistiram em oferecer terra e trabalho a uma Europa
superpovoada. As ideológicas, culturais e científicas, levaram a cabo uma missão
civilizadora sobre as populações nativas na África, Ásia e Ámericas,consideradas pelos
europeus como atrasadas e por fim, constatando-se desta forma as questões raciais e
conhecer o interior dos continentes por conquistar.
Até meados do século XIX, o interesse dos europeus por Áffrica resumia-se a
algumas regiões costeiras. Mas as expedições de Livingstone, Stanley e Brazza revelaram
a dimensão de recursos do continente e despertou o interesse das potências industriais da
Europa, podendo lançar-se numa corida desenfreada pelo seu domínio.
Tal corrida gerou muitos choques de interesses. A Conferencia de Berlim (1884-
1885) se propós a buscar soluções com adopção do princípio da ocupação efectiva dos
territórios como forma de garantir sua posse.
O princípio beneficiou as principais potências da época que com recursos
financeiros, políticos e militares apressaram-se a demarcar fronteiras, retalhando
arbitrariamente etnias e culturas homogéneas e ao final do século XIX todo continente
africano estava sob domínio europeu, cabendo à Inglaterra e à França a parte de leão.
O princípio da ocupação efectiva acordado em Berlim, obrigava aos países
assegurar o controlo sobre os territórios que sempre consideravam como seus por direito
histórico.
Diante da realidade, as disputas se intensificaram pelas expedições do continente
africano, cada país podendo ocupar novas zonas que muitas vezes já ocupadas. Este caso
aconteceu em relação a Portugal e a Inglaterra, do qual as ocupações de Angola à
Moçambique incidiam o projecto Mapa Cor-de-Rosa, colidindo com os interesses
bitânicos de ligar o Cairo ao Cabo.
Em consequência, a Inglaterra fez um Ultimato a Portugal (1890) exigindo a
retirada imediata daqueles territórios. Portugal com extrema dependência financeira e a
falta de recursos militares para conter os interesses da Inglaterra, acabou cedendo parte
de seus territórios à potência inglesa. Nos finais do século XIX, a Europa com colônias
nos cinco continentes dominava o mundo.

Questão de fundo
Ainda hoje é comum que muitas pessoas naturalizem os problemas sociais,
econômicos e políticos que se desenvolvem no continente africano. Não raro, observamos
comentários que determinam erroneamente os problemas africanos como o resultado das
ações de um povo habituado ao uso da violência e à desorganização de suas instituições.
Contudo, devemos apontar que tantos problemas têm uma influência direta da experiência
colonial vivida até a metade do século XX.
Durante a colonização da África, notamos que as grandes nações europeias
impuseram formas de organização política que modificaram radicalmente o modo de vida
desse povo. As antigas tradições e experiências históricas construídas ao longo do tempo
eram arbitrariamente ignoradas e substituídas por modelos civilizatórios comprometidos
com a exploração das riquezas desse povo.
Em muitos casos, fronteiras étnicas e culturais eram desconsideradas na
organização desses espaços. Reproduzindo seu ideal de superioridade ao longo do
processo colonial, muitas potências europeias não se limitaram a estabelecer a completa
dominação das etnias africanas.
E certamente o controle da administração colonial era partilhado com o auxílio de
alguns povos considerados superiores naquela região. Dessa forma, a ação colonial
determinava o desenvolvimento de novas rivalidades entre os povos africanos que
habitavam uma mesma região colonizada.
No pós-Segunda Guerra Mundial, o processo de descolonização foi influenciado
pelo fato de importantes nações colonialistas terem lutado em defesa das nações
subjugadas ao totalitarismo. Desse modo, o fim da colonização acabou se transformando
em um tipo de postura política coerente aos ideais de defesa da liberdade e soberania dos
povos. Ainda assim, podemos ver que em algumas regiões, principalmente de colonização
francesa, a descolonização ficou marcada pelo conflito.
Em diversas situações, vemos que o oferecimento da liberdade e da autonomia
não foi suficiente para os antigos territórios colonizados. A dominação desenvolvida ao
longo dos séculos gerou o acirramento de rivalidades étnicas, políticas e religiosas. Ao
mesmo tempo, a longa e extenuante exploração econômica limitou radicalmente a
constituição de alternativas capazes de superar o atraso e a dependência. Sendo assim, as
marcas da colonização não seriam resolvidas em pouco tempo.
Observando tais características e dilemas que marcam o processo de
(des)colonização da África, temos a certeza de que a responsabilidade das grandes
potências é bem mais ampla que o oferecimento benévolo da independência.
Mais do que o simples pagamento de uma dívida, o auxílio das grandes potências
se faz necessário para que esse continente severamente estigmatizado tenha oportunidade
de oferecer para si um futuro cercado por algum tipo de esperança.

AULA: 01/12/2022

3.2. Novo Imperialismo na Ásia.

O Imperialismo na Ásia ocorreu no ao longo do século XIX quando potências


europeias, o Japão e os Estados Unidos ocuparam regiões asiáticas.
A expansão para a Ásia se deveu a fatores econômicos como a garantia de matérias-
primas para as indústrias, mercado para os produtos e ideológicos como civilizar estes
povos.
A ocupação das Índias, nome genérico para as terras descobertas, começaram
durante a chamada Revolução Comercial ocorrida entre os séculos XV e XVII. Desta
maneira, estavam garantidos produtos como as especiarias, porcelanas e toda gama de
mercadorias que não se encontravam na Europa.

Os portugueses foram os primeiros europeus autorizados a constituir portos em


certas regiões da Índia, China e Japão. Mas, com a Revolução Industrial, o cenário
económico europeu mudou. Com o surgimento das fábricas, se produzia mais e se
necessitava mais matérias-primas. Ao mesmo tempo, era preciso menos mão de obra e o
desemprego aumentou.

Assim sendo, as novas nações industrializadas como França e Inglaterra serão as


protagonistas da conquista imperialista aos países asiáticos.

Nesse contexto, Inglaterra, França e Holanda foram ocupando territórios na África


e na Ásia. Mais tarde, o Império Alemão também se lançaria à conquista de regiões por
estes continentes. A Índia foi ocupada gradativamente por ingleses e franceses a partir do
século XVIII. No entanto, os franceses tiveram que renunciar e conquistar mais territórios
nesta região após a Guerra dos Sete Anos.

Assim, as zonas pertencentes à Grã-Bretanha ficaram sob a administração da


Companhia das Índias Orientais, enquanto outras eram gestionadas sob regime de
protetorado. Isto significava que muitos dos governadores locais, os marajás, mantiveram
seu poder, mas a atividade agrícola passou a ser do cultivo de algodão e juta, destinadas
às fábricas inglesas.

Como consequência, os alimentos escassearam e houve fome no campo. Esta


situação, aliada às crescentes medidas discriminatórias impostas pelas autoridades
britânicas, levaram a sublevações como a Revolta dos Cipaios, ocorrida em 1857. Os
indianos foram derrotados dois anos depois e, entre as consequências da revolta, esteve o
endurecimento do poderio inglês.

China

As imposições inglesas à China foram devastadoras. O governo chinês dificultou


as transações comerciais de chá pleiteadas pela Grã-Bretanha, que encontrou no ópio a
solução para a obter mais lucro. A substância, por seus efeitos devastadores, era proibida
na Grã-Bretanha, mas foi vendida à população chinesa.
Em pouco tempo, as pessoas se tornaram dependentes e o governo chinês fez um
apelo aos britânicos que não o comercializassem mais. Tudo isso foi em vão. Como
reação, os chineses queimaram em 1839 ao menos 20 mil caixas de ópio, no porto de
Cantão. Em seguida, resolveram fechá-lo aos britânicos que tomaram esta atitude como
uma agressão e declararam guerra ao país.
O episódio ficou conhecido como Guerra do ópio e teve efeitos catastróficos para
os chineses, obrigados a assinar, em 1842, o Tratado de Nanquim. O tratado determinava
a abertura de cinco portos chineses para os ingleses e a transferência de Hong Kong para
a Grã-Bretanha. O Tratado de Naquim foi o primeiro da série de "tratados desiguais" onde
o Reino Unido tinha muito mais vantagens comerciais que a China.
A França e os Estados Unidos aproveitaram a fragilidade da China para assinarem
tradados comerciais com este país.

Revolta de Taiping

O golpe maior, porém, ocorreu em 1851, na Revolta de Taiping (1851-1864),


motivada por questões religiosas, pela insatisfação dos camponeses com o governo
imperial e com a invasão estrangeira. Os americanos e britânicos apoiaram militarmente
o Imperador a fim de garantir futuras vantagens. Calcula-se que o conflito tenha deixado
20 milhões de mortos entre feridos de guerra, fome e doenças.
A dinastia reinante jamais recuperou o prestígio após o conflito civil e ainda teve
que conceder mais benefícios comerciais às potências europeias. Em 1864, derrotados, os
chineses viram seu território ser retalhado entre Alemanha, Estados Unidos, França, Grã-
Bretanha, Japão e Rússia. Nova derrota ocorreu após a Guerra dos Boxers, um movimento
nacionalista chinês.
Dessa vez, a China foi obrigada a aceitar a política de portas abertas, onde era
obrigada a abrir todos os portos à comercialização de produtos estrangeiros.

AULA: 08/11/2022

3.2. Novo Imperialismo na América


No início do século XIX o governo dos Estados Unidos da América já havia
demonstrado intenção de demarcar as áreas onde pudesse exercer sua influência
econômica. O presidente James Monroe, em 1823 criou a Doutrina Monroe, com o lema
“a América para os americanos”. A intenção era afastar a presença de capitais e produtos
europeus, especialmente ingleses dos países americanos recém independentes. Era o
primeiro passo dos EUA para controlar as nações do continente americano.
O imperialismo foi facilitado pelas condições em que haviam ocorrido os
processos de independência colonial: fragmentação política, poder local nas mãos da
aristocracia e permanência de estruturas típicas da colonização de exploração. No
governo de Theodore Roosevelt, entre 1901 e 1909, a Doutrina prevaleceu.
Um dos exemplos da intervenção imperialista foi o apoio dos EUA na
consolidação da independência de Cuba, com a Emenda Platt na constituição cubana, na
qual dizia o direito dos EUA construírem bases militares no país.
Outro exemplo é na intervenção norte-americana na independência do Panamá em
1901, em troca de apoio político e militar, o governo norte-americano garantiu o controle
sobre a passagem que interliga o Oceano Atlântico e Pacífico.
O governo norte-americano tinha interesse sobre Cuba e Panamá Por causa da
localização estratégica desses países na América Central, são pontos de ligação entre
o norte e o sul do continente americano e passagem do Oceano Atlântico para o Oceano
Pacífico.
A América Latina – com exceção do Caribe e de alguns territórios na América do
Sul – não sofreu com a ocupação territorial imperialista por parte das grandes potências
europeias. O fato dos países latino-americanos ter conquistado a sua independência era
um fator que fazia com que as potências imperialistas utilizassem outras estratégias de
dominação.
Devemos lembrar que por meio da doutrina do Destino Manifesto os Estados
Unidos acreditavam que seu modelo político e social era superior à maioria dos países
absolutistas europeus e que haviam, portanto, sido escolhidos por Deus para libertar,
comandar e ter um papel de destaque no cenário mundial. Tratava-se de uma versão
estadunidense da ideia do fardo do homem branco.
Em sintonia com o Destino Manifesto se desenvolveu nos Estados Unidos a
Doutrina Monroe que defendia a soberania dos países americanos, comumente
apresentada na expressão “América para os americanos”, onde os norte-americanos se
colocavam contra qualquer tentativa de recolonização da América pelos europeus.
Contudo, e tendo em vista o desenvolvimento do imperialismo no século XIX e XX, não
seria enganosa uma ligeira alteração nessa sentença, dando lugar a uma mais exata
definição: América para os norte-americanos.
A Inglaterra procurou atuar em diversos setores da economia dos países latinos,
emprestando dinheiro, exercendo controle de bancos e levando diversos países a um
grande endividamento externo. Com os investimentos as empresas estrangeiras passavam
a controlar boa parte da infraestrutura do país, como ferrovias, serviços de bondes, água,
esgoto, gás, eletricidade, telefonia, etc.
Os Estados Unidos, por sua vez, procurou dominar setores estratégicos da
economia de diversos países, ou seja, setores que moviam a economia desses países.
Assim, controlavam o cobre chileno, o estanho da Bolívia, o petróleo do México e da
Venezuela, o açúcar em Cuba, etc.
Um exemplo do imperialismo norte-americano fica evidente na sua relação com
Cuba. Os norte-americanos, que tinham investimentos na produção de açúcar e tabaco em
Cuba (que era uma possessão espanhola) entraram em atrito com a Espanha e ajudaram
indiretamente Cuba a se livrar dos espanhóis através da Guerra Hipno-Americana, em
1898. A Guerra foi amplamente favorável aos Estados Unidos, que acabaram tomando
Porto Rico e as Filipinas dos espanhóis, estendendo suas garras posteriormente ao Havaí
e as ilhas de Guam.
No caso dos cubanos, contudo, se haviam, por um lado, se livrado dos espanhóis,
por outro, foram obrigados a assinar a Emenda Platt (1901), que dava aos Estados Unidos
o direito de intervir na ilha, além da criação de uma base militar na região, a famosa base
de Guantánamo.
A partir deste momento os americanos passaram a associar a dominação
econômica à intervenção militar. Tal política ficou conhecida como a política do Big Stick
(bastão grosso), tratava-se de expandir o poder e a presença norte-americana pelo mundo.
Observe o relato do general Smedley Butler a respeito dessa política:
(...) ajudei a transformar o México, especialmente Tampico, em lugar seguro
para os interesses petrolíferos americanos, em 1914. Ajudei a fazer de Cuba e
Haiti lugares decentes para que os rapazes do Naional City Bank pudessem
recolher os lucros. Ajudei a purificar a Nicarágua para os interesses de uma casa
bancária internacional dos Irmãos Brown, em 1909-1912. Trouxe a luz à
República Dominicana para os interesses açucareiros norte-americanos em
1916. Ajudei a fazer de Honduras um lugar ‘adequado’ às companhias frutíferas
americanas, em 1903. Na China, em 1927, ajudei a fazer com que a Standard Oil
continuasse a agir sem ser molestada.
Durante todos esses anos eu tinha, como diriam os rapazes do gatilho, uma boa
quadrilha. (...) Voltando os olhos ao passado, acho que poderia dar a Al Capone algumas
sugestões. O melhor que ele podia fazer era operar em três distritos urbanos. Nós, os
fuzileiros, operávamos em três continentes.
O Caribe em especial sofreram com a pressão imperialista dos Estados Unidos na
região. Por se tratarem de países exportadores de produtos primários acabaram nomeadas
de bananas republics. Outro exemplo da interferência dos Estados Unidos na região
ocorreu quando os norte-americanos auxiliaram os panamenhos em sua independência
frente a Colômbia, em 1903. Com a separação do Panamá os Estados Unidos garantiram
a construção do estratégico Canal do Panamá, que ficaria sob o controle dos norte-
americanos até 1999.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Kennedy, Paul. Ascensão e queda das grandes potências: transformação econômicae


conflito militar de 1500 a 2000. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro. 1989.
Disponível em formato digital PDF.

Habsbawm, Eric. J. A era das revoluções: Europa 1789-1848. Tradução de Maria


Tereza Lopes Teixeira e Marcos Penchel. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 2000.

_____ A era dos impérios: 1875-1914. Tradução de Sieni, Maria Campos e Yolanda
Steidel de Toledo. São Paulo. 2003.

Watson, Adam. A evolução da sociedade internacional: Análise histórica


comparada. New York. Routledge. 1992. Disponível em formato digital PDF.

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