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O período entreguerras não foi um período de paz, mas sim “vinte anos de trégua”

marcados por eclosões de conflitos nacionais e de violências esporádicas, e de grandes


rivalidades que pavimentaram o caminho para a Segunda Guerra Mundial” (p. 43)
- Alemanha foi o participante principal dessas três décadas de “struggle”

Em 1920 's: alguns intelectuais passaram a negar a responsabilidade da eclosão da


Primeira Guerra Mundial à Alemanha e atribuí-la à vingança da França, ao imperialismo da
Rússia e à “duplicity” (duas-caras?) do Reino Unido (p. 43)
- após a Segunda Guerra, esse revisionismo que colocava a Alemanha como vítima
foi questionado por estudiosos que focaram em analisar os objetivos expansionistas
do Segundo Reich Alemão, que planejou deliberadamente obter o controle direto ou
indireto do continente europeu, partes do Oriente Médio e África Central

AULA

Europa no Congresso de Viena (1814-15) após Guerras Napoleônicas:


- 1815: criação da Confederação Germânica após a Convenção de Viena, havendo
uma exclusão proposital da Áustria
- intenção de aproximar os países de língua germânica do ponto de vista econômico
(intenção de integração profunda)

- o processo de intensificação de nacionalismos vai impactar as nações germânicas

A Áustria era vista como a principal potência, em detrimento da Prússia.


- disputa entre Áustria e Prússia por soberania e influência

Bismarck, em razão do seu histórico de cargos diplomáticos em países europeus, se tornou


uma figura de extrema importância para liderar o processo de integração da Alemanha e foi
o representante prussiano na Confederação Germânica. (ganho de experiência)
- embaixador prussiano na França e na Rússia
- eventualmente, é indicado a chanceler prussiano (primeiro-ministro)
- será um projetista da unificação alemã a partir da Prússia

Disputa entre Áustria e Prússia pelo ____ dinamarquês: vitória prussiana e


encaminhamento do projeto de unificação germânica

Dualismo germânico: qualquer processo de unificação germânica encontrava uma disputa


entre dois estados, Prússia e Áustria

1866: Prússia e Áustria (Império Austríaco) entram em guerra po


- vitória prussiana, que mitiga uma das maiores ameaças ao processo de integração
alemão de Bismarck, isto é, o Império Austríaco

A Prússia não era apenas uma potência militar mas uma das principais sedes da Segunda
Revolução Industrial.
Grã-Bretanha apoiava a unificação alemã
França não apoiava a materialização da unificação alemã por estar interessada na
fragmentação da Europa Central
Rússia também não era a favor da unificação, mas Bismarck soube se relacionar com o
país, em uma estratégia “brilhante” de política externa.
Guerra Franco-Prussiana
- figuras políticas: Napoleão III, Guilherme I, Bismarck
- derrota francesa e proclamação do Primeiro Reich
- o império germânico recém-nascido é intimidador, sendo uma potência militar e
industrial

A habilidade de Bismarck, no que tange à diplomacia e à política externa, não foi capaz,
todavia, de evitar a coalizão de oposição contra o Império Alemão Unificado (Grã-Bretanha,
Rússia, Áustria e Itália)

- a França se envolve em conflitos domésticos altamente perturbadores; não é uma


aliada em potencial
- a unificação alemã se deu sob as “ruínas” francesas
- Bismarck organiza o isolamento francês (Sistema de Bismarck)
- Guilherme I e Frederico falecem e proclamam Guilherme II
- Bismarck é demitido do posto de chanceler por estar imerso em abordagens
agressivas e expansionistas para a Alemanha = consequências desastrosas para a
Alemanha

Alemanha pós-Bismarck
- desmantelamento do Sistema de Bismarck
- descumprimento do acordo de não-agressão com a Rússia (para se aproximar da
Grã-Bretanha)
- consequências: aliança Franco-Russa

A não renovação do Tratado de Garantia entre a Alemanha e a Rússia levará à criação da


Entente Franco-Russa.
- a Alemanha tinha a Austro-Hungria como a principal aliada
- primeiro buraco no Sistema de Bismarck
- o governo alemão sofre um baque de vulnerabilidade política e geográfica
- a política expansionista alemã tem interesse de aproximação com a Grã-Bretanha

1890: Grã-Bretanha e Alemanha assinam uma série de acordos, inclusive, distribuindo


territórios coloniais, pois Guilher Segundo e sua equipe acreditavam que o país deveria se
aliar ao país britânico, uma vez que ele era capaz de fazer frente ao projeto de expansão e
hegemonia alemão.
- porém, uma vez que a Grã-Bretanha faz alianças somente quando existe algum
conflito que a ameace para não limitar suas demais possibilidades de aliança, logo,
ela não aceita o pedido de aliança da Alemanha, levando Guilherme Segundo e o
governo alemão a ficarem ressentidos.
- a Alemanha escolhe ameaçar a Grã-Bretanha

Há uma aproximação entre Grã-Bretanha e França


- Alemanha decide testar a aliança e gera a crise de Marrocos
1902: a Grã-Bretanha assina um Tratado de Aliança com o Japão, porque ele não era uma
potência oriental, o tratado não interferiria na dinâmica europeia, mas serviria para impedir o
expansionismo russo por meio do fortalecimento japonês.
- em 1904, Japão ataca a Rússia, porém a França não entra na guerra para auxiliar a
Rússia, porque, caso ela entrasse, a Grã-Bretanha também entraria.
- o Japão se torna a primeira nação não-branca e não-europeia a derrotar a Rússia
- uma vez que a Rússia termina o conflito com “o rabo entre as pernas”, a Grã-
Bretanha encontra nisso uma oportunidade para realizar tratados fronteiriços, como
o do Afeganistão, com a Rússia

1907: formação da Tríplice Entente (Rússia, Grã-Bretanha, e França)


1908: Império Austro-Hungáro anexa a Bósnia-Herzegovina a despeito da indignação da
Rússia (que ainda era uma monarquia absolutista até o início do século XX)

1911-12: a última chance de aliança entre a Grã-Bretanha e a Alemanha de cooperarem


entre si, que falhou, levando à Grande Guerra.

A Alemanha dá carta branca à Áustria e França declara apoio ao país austríaco.


● declaração de guerra da Áustria-Hungria contra a Sérvia, uma vez que esta se
negou a ser anexada ao território austríaco.
● Guilherme Segundo observa as mobilizações russas e exige ao Czar russo uma
desmobilização imediata que, caso não seja feita, levará a Alemanha a declarar
guerra.

Plano Schlieffen (1905): desenvolvido pela Alemanha nos mínimos detalhes para evitar
uma guerra de “duas frentes” com França e Rússia simultaneamente, direcionando a
França como o primeiro alvo a ser conquistado dentro de seis semanas.
● primeira vantagem: Alemanha conseguiria convocar um maior exército e população
armada - Alemanha possuía alistamento obrigatório a jovens adultos + população
francesa se estabilizou no século XIX em detrimento da população russa com 160
milhões.
● segunda vantagem: Alemanha possuía uma indústria bélica de tecnologia de ponta -
a Rússia conseguiria mobilizar 1 milhão de homens a curto e médio prazo,
entretanto, era atrasada em termos organizacionais, de transporte, de armamento e
tecnologia (demorando cerca de seis semanas para transportar soldados para o
território alemão) em detrimento da França que já possuía armamento mais
tecnológico.

Entretanto, o Plano Schlieffen já estava atrasado no sentido de que a Rússia já possuía


uma capacidade mais rápida em convocar os exércitos, bem como a França havia
antecipado os anos de alistamento militar.
- esses erros de planejamento levaram a Alemanha a guerrear com os dois países
simultaneamente

Logo, no início da Grande Guerra, antes de atacar a Rússia, a Alemanha solicitou à Bélgica
liberdade de passagem para atacar a França, uma vez que a fronteira franco-prussiano
havia sido cercada por torres com artilharia pesada, em razão da Guerra Franco-Prussiana.
● a Bélgica não aceitou a passagem visto que possuía uma posição neutra no conflito,
o que levou Guilherme Segundo (Kaiser alemão) a declarar guerra contra o país
belga, invadindo-o.

Devido ao desenvolvimento tecnológico que sucedeu o conflito da Grande Guerra, a


dinâmica do encontro das forças no campo de batalha se modifica, tornando-se mais
extensa e não necessitando da presença de comandantes no conflito físico.
- rifles modernizados com o aumento do alcance e precisão, criação da metralhadora
(200 projéteis por minutos)

Em razão da brutalidade dos conflitos com os avanços bélicos, a pedido das tropas, os
governos europeus idealizam as trincheiras como único meio para proteger, embora não
de forma eficaz de fato, os soldados de balas das armas.
- milhões de europeus jovens adultos morreram durante os mais de quatro anos de
conflito
- as trincheiras levaram a guerra a se tornar “estacionária”, visto que as tropas não se
moviam porque se saíssem das trincheiras eram assassinadas = guerra de desgaste
(esgotamento de recursos militares, morte de milhões de pessoas e não avanço das
tropas)

Para superar esse problema estacionário da “terra de ninguém”, isto é, o território entre as
trincheiras, os países procuraram outros recursos, sobretudo, químicos.
- o gás mostarda foi criado pelos alemães e era capaz de cegar e queimar soldados
- os tanques (veículo móvel blindado) foram criados pelos britânicos e eram capazes
de atravessar os território entre trincheiras a 3-4 km/h

Desenrolar da Primeira Guerra Mundial:

As mulheres entraram, pela primeira vez, massivamente no mercado de trabalho no


ambiente rural e, sobretudo, nas fábricas das cidades para a fabricação de munição, em
razão da convocação massiva dos homens à guerra.
- com o fim da guerra, alguns países (como a Grã-Bretanha) decidiram estender
direitos civis e políticos para mulheres, como a liberdade de trabalho, após lutas
recorrentes de movimentos sufragistas e etc.
- o trabalho infantil era refreado por determinadas legislaçoes de proteçao a crianças,
apesar de haver evidentes exceções logicamente

A Era da Guerra Total (Hobsbawm)

● Era da Catástrofe: período da guerra dos trinta anos do séc. XX - uma grande guerra
em dois atos
○ 1914 inaugura esse período: fim do interlúdio de quase um século sem
guerra entra a maioria das grandes potências europeias
○ guerras anteriores foram mais rápidas e não envolveram mais de duas
grandes potências, à exceção da Guerra da Crimeia (1854-6)

● Primeira Guerra Mundial (PGM) envolveu todas as grandes potências e quase todos
os Estados europeus (exceções: Espanha, Países Baixos, Escandinávia e Suíça)
● PGM: guerra terrestre essencialmente europeia e naval global
○ Segunda Guerra Mundial efetivamente global: quase todos os Estados
independentes do mundo se envolveram (exceções: América Latina
nominalmente e Irlanda, Suécia, Suíça, Portugal, Turquia, Espanha e
Afeganistão), colônias envolvidas no conflito
● Partes do conflito na PGM: Tríplice Entente (França, Grã-Bretanha e Rússia)
acrescida de aliados (Sérvia, Bélgica, Itália, Grécia, Romênia, Portugal, -
nominalmente - Japão e Estados Unidos) X Potências centrais (Alemanha e Áustria-
Hungria) acrescida de aliados (Turquia e Bulgária)
● Alemanha envolvida em uma guerra de duas frentes: Plano Schlieffen era de liquidar
a França rapidamente no ocidente e depois se concentrar no oriente contra a Rússia
● avanço sobre a França através da Bélgica contido dezenas de quilômetros a leste de
Paris

Duas frentes da guerra: a Ocidental (fixa e de trincheiras) e a Oriental (móvel e sem


trincheiras)
● Frente Oriental: a guerra na Frente Oriental termina com a rendição da Rússia: no
início de 1918 a Alemanha fica com muitas terras russas e a Rússia foi obrigada a
pagar indenizações

A guerra também é uma guerra de propaganda, pois cada lado da guerra irá demonizar o
outro lado

1916-7: Alemanha e Áustria-Hungria irão financiar o retorno de Lenin a São Petersburgo


(Petrogrado) na Rússia para criar “caos” no governo russo.
- resultado: o Czar da Rússia decide ele mesmo comandar as tropas, o que se torna
um erro porque ele as direciona de forma errônea

● Frente Ocidental: EUA, mesmo que nominalmente neutros, financiavam e


sustentavam a Tríplice Entente com venda de armas, comida, e demais recursos.
○ Alemanha decide atacar embarcações britânicas no campo naval do Atlântico
em 1917 e ela não ganha nessa frente, porque a dinâmica da guerra se
converteu totalmente com a entrada das tropas estadunidenses

Derrota da principal potência participante da guerra: Alemanha.

11/11/1918 - Alemanha assina o Tratado de Versalhes


- Guilherme II renuncia e declara-se a República de Weimar
- o Tratado de Versalhes ia além dos termos postulados nos 14 Pontos de Wilson e
exigiu condições de pagamentos, etc., muito mais pesadas

Consequências da PGM:
- expansão da máquina de governo, aumento dos aparelhos de censura, intervenção
do Estado na economia para determinar o que e quanto produzir, aumento da
burocracia estatal;
- fusão da política e da economia (interesses econômicos e da grande indústria com
aqueles do próprio Estado) = vínculo da grande indústria com o setor militar estatal
(complexo industrial militar)
- queda dos grandes impérios (alemão, otomano, austríaco, etc), destruição do
patrimônio belga e francês (a guerra não foi travada em território alemão)
- França sai como formalmente vencedora, porém, perdedora de fato.
- EUA foram os grandes vencedores da guerra, pois entraram nela como devedores
líquidos dos países europeus e saíram como credores.

A Primeira Guerra Mundial foi uma guerra total, isto é, mobilizou e integrou “todos” os
setores da cidade em prol do conflito, gerando consequências de destruição e
desenvolvimento neles.
- a guerra possuía objetivos amplos (derrotar o inimigo e fazer o necessário para tal)

KISSINGER, Cap. 9
A Nova Era da Diplomacia
Wilson e o Tratado de Versalhes

- armistício de 11 de novembro de 191 e as esperanças de que "todas as guerras


chegaram ao fim”
- amplitude da guerra e tendência à demonização do inimigo
- termos de paz assumiram um caráter niilista (extremados - tudo ou nada)

Conferência de Paz de Paris: entre os vencedores e a Alemanha que teve uma duração de
seis meses
- França endividada, quebrada, destruída e com milhões de cidadãos mortos,
- duro o suficiente para

Seminário 1

Capítulo 10 - Dilemas dos Vencedores


Diplomacia - Henry Kissinger

1914 - início da PGM


1917 - saída da Rússia e entrada dos EUA
1918 - fim da PGM
● Tríplice Entente sai como vitoriosa
● os 14 Pontos de Woodrow Wilson (idealista)
● Grey e Wilson - Liga das Nações
● visão idealista - ordem mundial harmônica e pacífica
1919 - Tratado de Versalhes e a paz punitiva

Final da guerra: EUA e Reino Unido aumentaram cerca de 15% do PIB, enquanto França e
Alemanha tiveram uma queda cerca de 30%

Por que os vencedores enfrentavam dilemas?


● de que forma garantir a paz e evitar que um novo conflito aconteça
● dificuldade dos países em acordarem a paz
● utopismo estadunidense + paranoia europeia = Tratado de Versalhes
● Alemanha não se reconciliou, França não se tornou segura e EUA se retiraram do
acordo
● o resultado da Primeira Guerra Mundial foi a desordem social, o conflito ideológico e
outra guerra mundial
● “isto não é paz, é um armistício para 20 anos” - Ferdinand Foch

Principais atores envolvidos nesse período


- Reino Unido, França e Estados Unidos da América
- Alemanha e União Soviética
- Itália e Polônia
- “Os Quatro Grandes” (Lloyd George - ministro da Inglaterra, Woodrow Wilson -
presidente dos EUA, Georges C

Aliança x Segurança Coletiva

Aliança
● união por interesses nacionais em comum;
● ameaças específicas;
● adversário especifico em potencial;
● preocupações de segurança

Segurança coletiva:
● não define ameaça em particular;
● reação a qualquer ameaça contra a paz (independente de quem ameace ou contra
quem se ameace)
● prevalece os interesses de todas as nações

“Objetivos nacionais cada vez mais saem de cena, dando lugar ao objetivo comum da
humanidade esclarecida. As opiniões do homem comum, em toda parte, são mais simples e
diretas e mais iguais que as opiniões dos sofisticados homens do mundo, que ainda
alimenta a impressão de estarem no jogo de poder, arriscando altos cacifes” (Woodrow
Wilson)

A ingenuidade da segurança coletiva (crítica de Kissinger)


- não havia comprometimento
- Estados fortes olhavam com desconfiança
- a democracia não progredia, a segurança não aumentava, e o desarmamento nao
ocorria
- Tratados e acordos eram facilmente descartados
- exemplos: Liga das Nações no pós I Guerra Mundial com a Guerra da Manchúria e
ONU durante a Guerra Fria

Tratado de Versalhes (1919)


- Conferência de Paz de Paris
- conceito de segurança coletiva
- marcava o fim da PGM
- punitivo para a Alemanha (perdas territoriais e coloniais, pagamento de indenizações
e imposições militares)
- Art. 231 - “mentira da culpa da guerra”
- Art. 160 - o exército alemão nao devera compreende mais de 7 divisões de infantaria
e três divisões de cavalaria
- União Soviética também nao participou

França, Grã-Bretanha e Alemanha


- França estava desesperada e Alemanha não continuaria fraca para sempre
- França declinava enquanto a Alemanha se fortalecia
- Grã-Bretanha estava desconfiada
- busca de conciliação com a Alemanha
- Kissinger acredita que a política externa inglesa foi desastrosa
- Alemanha contrabalanceava a França

Tratado geral de auxílio mútuo (1923)


- o Conselho designaria o país agressor e a vítima
- EUA e URSS não reconheceram o tratado, Alemanha não foi solicitada a aceitá-lo e
a

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