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História da Idade Contemporânea

Tema 3 – De 1914 ao final do Século XX


Causas da I Guerra Mundial

Nas trincheiras
da Grande Guerra

Universidade Aberta – Ano letivo 2021/2022


O «Curto Século XX»
A Grande Guerra marca o fim do «longo século XIX» e o início do «curto século XX».

A revolução
russa de 1917
está na origem
da União
Soviética, cujo
colapso, em
1991, marca o
fim do «curto
século XX.»
De um mundo eurocêntrico a um
mundo global
Do lado esquerdo: álbum de 1930 de Tintin, que
reflete o olhar colonialista europeu sobre África .

Em 1914, a Europa era o centro da


«civilização ocidental», do poder, da
riqueza, da ciência.
O século XX foi marcado pela Em cima: Através das Oliveiras
afirmação do poder dos Estados (1994) de Abbas Kiarostami. Um
Unidos e da União Soviética, a olhar sobre o Irão devedor do
emergência da China, os movimentos neorrealismo italiano.
de descolonização.
A História da Europa é a História de
uma parte cada vez menor do
mundo.
A Grande Guerra em sociedades
habituadas à paz
A Grande Guerra envolveu todas as grandes potências da época
(Reino Unido, França, Alemanha, Áustria-Hungria, Rússia) e quase
todos os Estados europeus, exceto Espanha, Suécia, Dinamarca,
Noruega e Suíça.

Desde 1815 nenhuma guerra envolvera todas as potências


europeias. Durante quase um século os conflitos militares entre
potências europeias tinham ocorrido nas colónias, na periferia
europeia (como a guerra da Crimeia), ou tinham sido de curta
duração, como a guerra franco-prussiana (1870-1871).

Bruxelas durante a I Guerra Mundial. Fonte:


https://www.meisterdrucke.pt/impressoes-artisticas-sofisticadas/Guillaume-
Delisle/1085810/Bruxelas-durante-a-Primeira-Guerra-Mundial.-Bruxelas-durante-a-
Primeira-Guerra-Mundial..html
As origens da Grande Guerra:
pontos de viragem
- O estabelecimento de uma aliança defensiva entre a França
e a Rússia para contrabalançar a Tríplice Aliança
(Alemanha, Áustria-Hungria e Itália);
- a decisão alemã no final da década de 1890 de iniciar uma
competição naval com a Grã-Bretanha;
- a decisão da Grã-Bretanha de estabelecer um
entendimento com a França e, posteriormente, com a
Rússia;
- a primeira crise de Marrocos (1905-1906), que em vez de
ter o efeito pretendido pela Alemanha de dividir a Grã-
Bretanha e a França fortaleceu os laços entre ambas;
Fonte: https://minionupucmg.wordpress.com/2017/07/31/as- - a crise na Bósnia, em 1908, a segunda crise de Marrocos,
aliancas-da-grande-guerra-parte-i-a-triplice-entente/ em 1911, e os conflitos nos Balcãs, em 1912-1913, que
alimentaram ressentimentos e suspeitas.
As Origens da Grande Guerra:
O sistema de alianças
É importante sublinhar que o sistema de alianças era suficientemente
flexível para permitir suspender o apoio militar e diplomático, com o
intuito de fomentar a restrição do aliado, em particular quando não
havia interesses comuns em jogo, como foi frequentemente o caso.

Até 1912-1913, a Alemanha retém o seu apoio à Áustria-Hungria nos


Balcãs e aconselha precaução.

Era possível romper alianças e mudar de aliados, como fez a Itália que,
perante o início da guerra, decidiu permanecer neutra e em 1915
entrou na guerra contra as potências centrais.
Fonte da imagem: https://minionupucmg.wordpress.com/2017/06/30/um-ilustre-
antecedente-da-grande-guerra-a-questao-dos-balcas/
A Tríplice Aliança

Em 1872, Bismarck (na foto ao lado), formou a Liga dos Três Imperadores
(alemão, austro-húngaro e russo), conseguindo separar a Rússia da França.
Em 1883, o sistema de tratados alemão foi reforçado com a conclusão da Tríplice
Aliança com a Itália e a Áustria-Hungria.
Cinco anos depois foi assinado entre a Alemanha e a Rússia um Tratado de
Resseguro secreto.

A política de Bismarck em relação aos Balcãs foi promover uma divisão de


influências entre a Áustria-Hungria e a Rússia, ficando a primeira com a região
ocidental e a segunda com a oriental. O objetivo último de Bismarck (conciliar os
interesses russos e austro-húngaro), pelo qual lutou até à sua saída do governo
em 1890, mostrou-se inalcançável.
Weltpolitik

Após a Lei da Marinha de 1898 a Alemanha aumenta substancialmente o seu


poder naval.

Procurando um «lugar ao sol» (expressão do chanceler Bernhard von Bülow), a


Alemanha inicia uma «política mundial» ou Weltpolitik, interferindo, por exemplo,
na Guerra Bóer ou na Revolta dos Boxers.

O Almirante Alfred von Tirpitz declara que «Para a Alemanha o inimigo naval mais
perigoso no presente é a Inglaterra».
A formação da Entente Cordiale
Em abril de 1904, a Inglaterra e a França assinaram os
acordos conhecidos como entente cordiale, resolvendo as
disputas coloniais entre os dois países relativas a Marrocos e
ao Egito. A França aceitava a soberania britânica no Egito e o
Reino Unido transferia Marrocos para a influência francesa. A
França garantia que a rota marítima britânica para o
Mediterrâneo continuava segura.
Embora os acordos não contivessem nenhuma cláusula de
política geral, a amizade entre o Reino Unido e a França
alterava o equilíbrio de poder na Europa.
A aliança da França com o Reino Unido e a Rússia fortaleceu
a posição francesa face à Alemanha.
Fonte da imagem: https://branchcollective.org/?ps_articles=kristi-n-
embry-the-entente-cordiale-between-england-and-france-8-april-
1904
O plano de Schlieffen
A convenção militar franco-russa ratificada em finais de 1893, início de 1894, colocava a
Alemanha perante o cenário de ter de travar uma guerra em duas frentes: a francesa e a
russa.
O novo chefe do Estado-Maior do Exército alemão (1891-1905), conde Alfred von
Schlieffen, elaborou o plano militar que ficou conhecido pelo seu apelido.
A ideia era lançar primeiro uma ofensiva contra a França e derrotá-la em seis semanas e
depois a Alemanha virar para Leste e concentrar todos os seus recursos na frente oriental
e derrotar a Rússia.
A concretização deste plano pressupunha transpor a Bélgica, desrespeitando a sua
neutralidade, para conseguir alcançar Paris e apanhar o exército francês pela sua
retaguarda nas suas fortalezas ao longo da fronteira e que nem a Bélgica, nem nenhuma
potência reagiria a esse desrespeito; ao mesmo tempo, que previa que a Rússia
demoraria pelo menos seis semanas a mobilizar.
Conde Alfred von Schlieffen. Fonte da imagem: https://jlfuentecilla.wordpress.com/2014/09/09/drama-en-el-
marne-ii-reforzad-el-flanco-derecho/
A corrida aos armamentos

Os conflitos nos Balcãs (1912-1913) aceleraram a corrida aos armamentos, com a


Alemanha, a França e a Rússia a aumentarem o número de homens mobilizados em
tempo de paz, aumentando consideravelmente a dimensão dos seus exércitos.

A sucessão de crises desde 1905, como as crises marroquinas, a crise da Bósnia-


Herzegovina, os conflitos nos Balcãs, junto com a corrida aos armamentos, através da
aprovação de leis militares, que prolongam a duração do serviço militar, aumentam as
tensões e rivalidades entre as potências, as quais reforçam o seu armamento e
investem na construção de novos arsenais.
O desejo de guerra
A guerra era não só considera inevitável por generais e almirantes, mas
também idealizada por escritores e jovens estudantes.

Horace Vachell (1861-1955) no seu romance O Monte (1905), fantasiava sobre


«Morrer jovem, limpo, fervoroso».

O escritor conservador católico Hilaire Belloc (na imagem) desabafou por


escrito: «Como anseio pela Grande Guerra!» Profetizava acerca da guerra:
«Varrerá a Europa como uma vassoura».

Uma «psicologia de guerra» expandiu-se entre as elites intelectuais e políticas


europeias.

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