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História

As rivalidades imperialistas e a Primeira


Guerra Mundial

1o Bimestre – Aula 4
Ensino Médio
● As rivalidades imperialistas e a ● Identificar e reconhecer
Primeira Guerra Mundial. fatos que fizeram eclodir a
Primeira Guerra Mundial e
seus desdobramentos.
Em 1918, terminava a Primeira Reflita sobre essas e outras
Guerra Mundial, conflito possíveis questões acerca da
centrado na Europa que deixou Primeira Guerra Mundial. Não
um saldo de nove milhões de deixe de registrar suas
mortos e alterou a ordem política observações.
e econômica vigente.
Mas, afinal, o que você sabe
sobre a Primeira Guerra
Mundial?
O que levou o mundo a se
desentender tanto logo no início
do século XX?
Jornal da USP. Rose Talamone. Soldados búlgaros em
uma trincheira preparando-se para disparar contra um
Todos
Editora falam!
UNESP. Imagem. Kant
avião – Foto: via Wikimedia Comuns / Domínio público.
Assista ao vídeo e realize o que se pede:
a) Registre as dúvidas sobre os conteúdos do
vídeo.
b) Cite dois fatores que ajudam a compreender
a eclosão da Primeira Guerra Mundial.

Cartaz que chama para a


mobilização geral dos exércitos https://www.youtube.com/watch?v=6P89N-WrnLk
franceses. Ref.; Jornal El País
Nacionalismo
As ideologias nacionalistas exaltavam as qualidades do Estado-nação e a
ideia de superioridade em relação aos demais povos. Britânicos e franceses,
por exemplo, acreditavam em uma suposta capacidade civilizadora do
mundo. Os alemães, por sua vez, sonhavam com uma "Grande Alemanha",
apoiada no pangermanismo – ideologia que defendia a anexação dos povos
germânicos espalhados pela Europa Central, como holandeses,
dinamarqueses (de língua alemã), austríacos, entre outros. Os russos
apostavam no pan-eslavismo – a unificação dos povos eslavos dispersos pela
Europa Oriental e pelos territórios do Império Austro-Húngaro (sérvios,
eslovacos, poloneses, tchecos etc.). Mas havia também o pan-eslavismo
sérvio, cuja missão era agrupar os eslavos do sul da Europa: eslovacos,
croatas, búlgaros etc.
Apesar dessas rivalidades, a paz foi assegurada no continente europeu
nas últimas décadas do século XIX, em grande parte, graças aos esforços
do chanceler alemão Otto von Bismarck, que buscou estabelecer uma
ordem internacional favorável ao Império Alemão. Para tanto, ele
procurou evitar confrontos com a Grã-Bretanha, de modo a manter a
neutralidade britânica na porção continental da Europa. Com a França,
as dificuldades eram maiores, em razão do ressentimento dos franceses
após a derrota na Guerra Franco-Prussiana.
O incidente, chamado o “golpe de Agadir”, manteve em estado de tensão,
durante algumas semanas, todas as chancelarias europeias. Parecia que a
guerra franco-alemã estouraria de um momento para outro. A guerra não
estourou naquele momento, mas houve uma intensa atividade diplomática,
uma série de negociações que, entre altos e baixos, continuou até 1912 e
produziu o acordo seguinte: o Marrocos seria um protetorado francês; em
troca, a França concederia à Alemanha colônias na África equatorial. Trata-
se de um ponto considerável de vantagem para a Alemanha, ainda que a
região em que essas colônias foram concedidas ao país não se abrisse para o
Mediterrâneo; pelo contrário, é uma zona bem longe dele, mas, mesmo
assim, foi ali que a Alemanha começou a criar um império colonial seu. À
Espanha, também é concedido um pedaço do Marrocos, e à Itália, é dado
caminho livre para a conquista da Líbia. Ref.: CANFORA, Luciano
É desse modo que, em 1912, produz-se um ato precursor da guerra, um ato
que nós nos acostumamos a considerar uma espécie de passeio patriótico
organizado pelo governo Giolitti, justamente para a conquista da Líbia, cujas
consequências, passados tantos anos, se fazem sentir ainda hoje.
A repartição colonial está plenamente em vigor, portanto, nos anos que
precedem imediatamente a Guerra Mundial: o golpe de Agadir representa
um sinal de alarme, assim como a conquista da Líbia por parte da Itália. A
Líbia encontrava-se sob o controle do Império Otomano: a conquista da Líbia
em 1912 era, portanto, um ataque ao Império Otomano – um outro capítulo
este, um outro antecedente do conflito que está à espreita no tabuleiro
completo.
Ref.: CANFORA, Luciano.
A Grande Guerra (1914-1918)
Em decorrência do assassinato de Francisco Ferdinando, o governo austro-
húngaro declarou guerra aos sérvios em 28 de julho de 1914. Os russos logo
se posicionaram em defesa dos sérvios. Os alemães, solidários aos
austríacos, declararam guerra à Rússia no dia 1o de agosto e, dois dias depois,
à França, colocando em ação o ambicioso Plano Schlieffen: derrotar
rapidamente a França antes que a Rússia pudesse mobilizar suas tropas.
Desse modo, evitariam lutar em duas frentes de batalha. Para alcançar o
território francês, invadiram a Bélgica – país que havia se declarado neutro
no conflito. Alegando a quebra da neutralidade belga, os britânicos
declararam guerra contra a Alemanha, honrando a Tríplice Entente.
Ref.: Vainfas, Ronaldo.
O Sistema Bismarck, como ficou conhecido o modo como o chanceler
alemão conduziu a política externa do Império Alemão, tornou-se ainda mais
evidente quando, em 1879, um pacto com o Império Austro-Húngaro,
contra quaisquer agressões vindas do leste ou do oeste, foi firmado. Com a
adesão da Itália em 1882, formou-se a chamada Tríplice Aliança.
Em 1915, a Itália, até então integrante da Tríplice Aliança, mudou de lado,
seduzida pelas promessas da Grã-Bretanha de concessões territoriais na
costa adriática, sob o domínio do Império Austro-Húngaro, e partes de
colônias alemãs na África. O conflito generalizou-se quando o Império
Turco-Otomano declarou guerra aos seus antigos inimigos russos e aliou-se
aos germânicos. Cada país beligerante contou com o apoio, por vezes
entusiasmado, de suas sociedades.
Ref.: Vainfas, Ronaldo.
O nacionalismo exacerbado e a crença de que o conflito seria curto e
inevitável mobilizaram amplos setores sociais de cada um dos países
envolvidos.
Na Conferência de Berlim, encerrada em 1885, Bismarck também
renunciou a maiores ambições coloniais para não provocar britânicos e
franceses. O sistema do chanceler, contudo, entrou em colapso, após sua
renúncia, em1890. Rejeitando a política de Bismarck, o imperador
Guilherme II lançou a Alemanha em uma política de expansão territorial
(Weltpolitik).
Ref.: Vainfas, Ronaldo.
Em 1894, a França firmou com a Rússia uma entente, isto é, um acordo
que foi confirmado dois anos depois. Ao superar as rivalidades na corrida
colonial, a França também se aproximou da Grã-Bretanha. Esse
entendimento deu origem, em 1907, à Tríplice Entente que incluía a
Rússia. Foi nesta tensa conjuntura política, que marcou o final do século
XIX e o início do século XX na Europa, que se originou a Grande Guerra.
A disputa pela hegemonia política, agravada pelas ideologias
nacionalistas e pelo militarismo, havia se tornado o ponto central para as
potências europeias, divididas em dois blocos rivais: a Tríplice Aliança e a
Tríplice Entente. Qualquer guerra que viesse a eclodir no continente
envolveria um amplo conjunto de nações.
Em castanho, a Tríplice Aliança em
1913. Em verde, a Tríplice Entente.
Curiosidades sobre a Primeira Guerra
Sabemos que a Primeira Guerra
Mundial, que transcorreu de 1914 a
1918, foi um dos eventos mais
terríveis já ocorridos. Seu potencial
destrutivo não teve precedentes.
Uma das estratégias de combate mais
aplicadas durante essa guerra foi a
“guerra de trincheiras” ou “guerra de
posição”. Nas trincheiras, o cotidiano
O posicionamento em trincheiras foi uma
dos soldados era terrivelmente das principais características da Primeira
assustador e insalubre. Guerra.
Todos falam
[...] Estamos tão exaustos que dormimos,
mesmo sob intenso barulho. A melhor O relato do soldado trata de
coisa que poderia acontecer seria os algumas situações-limite
ingleses avançarem e nos fazerem vivenciadas por ele. A partir das
prisioneiros. Ninguém se importa informações dos relatos dos
conosco. Não somos revezados. Os aviões soldados, justifique por que a
lançam projéteis sobre nós. Ninguém mais vida nas trincheiras pode ser
consegue pensar. As rações estão
definida como o “próprio
esgotadas – pão, conservas, biscoitos,
inferno”.
tudo terminou! Não há uma única gota de
água. É o próprio inferno! Referência: Relatos extraídos de:
De uma carta encontrada no bolso de um praça MARQUES, Adhemar; BERUTTI, Flávio;
alemão na Batalha de Somme. FARIA, Ricardo.
Correção
O relato do soldado descreve uma série de
condições adversas e extremamente
desgastantes nas trincheiras durante a Batalha
de Somme. A expressão "próprio inferno" é Soldados nas trincheiras na
utilizada para transmitir a intensidade e a Primeira Guerra Mundial, 1916.
Ref.: Procuradoria Geral da
terrível natureza das experiências vividas República.
pelos soldados.
Em resumo, a combinação de exaustão, isolamento, ameaças
constantes, escassez de recursos e a perda da capacidade de pensar
racionalmente cria um cenário verdadeiramente infernal nas
trincheiras, justificando a expressão usada pelo soldado.
Todos escrevem

1. Como o nacionalismo contribuiu para o sistema de alianças que se


formou antes da Primeira Guerra Mundial?
a) Promovendo o isolacionismo e a não participação em alianças.
b) Fortalecendo as alianças internacionais para promover a paz.
c) Criando rivalidades entre nações e alimentando o militarismo.
d) Incentivando a cooperação econômica global.
e) Estimulando a formação de uma Liga das Nações.
Todos escrevem

2. Qual foi um dos principais impulsionadores do nacionalismo que


contribuiu para as tensões pré-Primeira Guerra Mundial?
a) A ascensão do Império Otomano.
b) A busca por uma aliança pan-asiática.
c) O declínio do movimento pan-africano.
d) O desejo de unificação nacional em alguns países europeus.
e) A promoção da hegemonia cultural chinesa.
Correção
Se você respondeu, na Questão 1, alternativa c) (Criando rivalidades
entre nações e alimentando o militarismo), parabéns!
Justificativa: O nacionalismo desempenhou um papel central na
criação de um ambiente hostil e competitivo, em que as nações
buscavam alianças e expandiam seus exércitos para proteger e
promover seus interesses nacionais. Essa dinâmica, em parte
influenciada pelo nacionalismo, contribuiu diretamente para o
desencadeamento da Primeira Guerra Mundial.
Correção
Se você respondeu, na Questão 2, alternativa d) (O desejo de unificação
nacional em alguns países europeus), parabéns!
Justificativa: Em resumo, o desejo de unificação nacional estava
intrinsecamente ligado à afirmação de identidade, resistência contra
poderes estrangeiros, busca de prestígio internacional e competição
entre as nações europeias. Esses fatores combinados ajudaram a criar
um ambiente tenso e propenso a conflitos, contribuindo para as
tensões pré-Primeira Guerra Mundial.
“100 Anos I Guerra Mundial. O Conflito que mudou o mundo”.
Disponível em:
https://infograficos.estadao.com.br/especiais/100-anos-
primeira-guerra-mundial/. Acesso em: 15 dez. 2023.

“Arqueologia revela segredos das trincheiras da Primeira Guerra


Mundial”. Raios laser e fotografias aéreas estão ajudando a desvendar as
histórias ocultas da Grande Guerra. Disponível em:

https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/202
0/01/arqueologia-revela-segredos-das-trincheiras-da-
primeira-guerra-mundial. Acesso em: 15 dez. 2023.
● Identificamos e compreendemos fatos
que fizeram eclodir a Primeira Guerra
Mundial e seus desdobramentos.
Lemov, Doug. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre: Penso,
2023.
CANFORA, Luciano. 1914. São Paulo: EDUSP, 2014.
MARQUES, Adhemar; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo. História contemporânea através de textos. São
Paulo: Contexto, 2003. pp. 119-120.
Rose Talamone. Jornal da USP. USP Analisa discute consequências da Primeira Guerra Mundial.
Professor e historiador, Gilberto Abreu aborda mudanças trazidas pelo conflito, que completa cem anos
em 2018. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/usp-analisa-discute-consequencias-da-
primeira-guerra-mundial/. Acesso em: 14 dez. 2023.
Vainfas, Ronaldo; Faria, Sheila de Castro; Ferreira, Jorge e Santos, Georgina dos. História 2. Conecte
Live. 3a Edição. São Paulo. Editora Saraiva, 2018.
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – Imagem. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/11/album/1541942101_349984.html#foto_gal_2. Acesso em:
15 dez. 2023.
Slide 4 – Youtube. Vídeo. Primeira Guerra Mundial. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=6P89N-WrnLk . Acesso em: 15 dez. 2023.
Imagem. Jornal El País. Foto de arquivo tomada em 2 de agosto de 1914 e publicada pelo Historial de
Péronne, Museu da Primeira Guerra Mundial. Mostra um cartaz que chama para a mobilização geral
dos exércitos franceses. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/11/album/1541942101_349984.html#foto_gal_2. Acesso
em: 15 dez. 2023.
Slide 11 – Wikipedia. Tríplice Aliança (1882). Imagem. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%ADplice_Alian%C3%A7a_(1882). Acesso em: 15 dez. 2023.
Slide 12 – Mundo Educação. Imagem. Soldados entrincheirados. Disponível em:
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/a-vida-nas-trincheiras-durante-primeira-guerra.htm.
Acesso em: 15 dez. 20213.
Lista de imagens e vídeos
Slide 14 – Procuradoria Geral da República. Imagem. Soldados nas trincheiras na primeira guerra
mundial, 1916. Disponível em: https://linhadotempo.mpf.mp.br/www/linha-do-tempo/1831-2013-
1934/soldados-nas-trincheiras-na-primeira-guerra-mundial-1916/image_view_fullscreen. Acesso em:
15 dez. 2023.

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