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Serviço militar
Lealdade Reino de Itália
Serviço/ramo Exército italiano
Anos de serviço 1914 – 1918
1922 – 1945
Local de nascimento de Mussolini,
em Dovia de Predappio, Forlì em Graduação Primeiro Marechal do Império
Emília-Romanha, Itália. Hoje em dia, Condecorações OSMM, GCTE
a casa é utilizada como um museu.
Nascimento e família
Benito Mussolini nasceu em Dovia di Predappio, uma pequena cidade da província de Forlì na região da
Emilia-Romagna que em tempos fascistas seria chamada de “município do Duce" e Forlì de "cidade do
Duce", em 1883. Seus pais eram o ferreiro e ativista anarquista Alessandro Mussolini[12] e sua mãe era
Rosa Mussolini (nascida Maltoni), que era professora e católica devota.[13] O nome "Benito Amilcare
Andrea" foi decidido por seu pai, que estava ansioso para prestar homenagem à memória de Benito Juárez,
líder revolucionário e ex-presidente do México, enquanto seus outros nomes, Amilcare e Andrea, eram dos
socialistas italianos Amilcare Cipriani e Andrea Costa,[14] o último fundador do Partido Socialista
Revolucionário da Romagna. Benito era o mais velho de seus dois irmãos, seguido por Arnaldo e depois,
Edvige.
Educação e adolescência
Com a ajuda de sua mãe, ele continuou os estudos na Escola Real Secular de Homens Carducci em
Forlimpopoli, onde obteve em setembro de 1898 a licença técnica inferior. A partir de outubro daquele ano,
devido a um confronto com outro aluno, foi obrigado a frequentar como externo (apenas em 1901 foi
readmitido como internato).[20] Em Forlimpopoli, também pela influência de seu pai (que foi um
revolucionário socialista que idolatrava figuras de nacionalistas italianos com tendências humanistas do
século XIX, como Carlo Pisacane, Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi[21] e anarquistas como Carlo
Cafiero e Mikhail Bakunin),[22] Mussolini aproximou-se do socialismo militante e ficou conhecido pelos
comícios noturnos e em 1900 ingressou no Partido Socialista Italiano.[23]
Primeira militância
Em 1903, foi preso pela polícia bernense pela sua defesa de uma greve geral violenta; passou duas semanas
preso, foi deportado à Itália, liberto lá, e retornou à Suíça. Em 1904, após ter sido encarcerado novamente
em Lausanne, por falsificação de documentos, retornou à Itália, tirando proveito de uma anistia por
deserção a qual ele havia sido condenado in absentia.[29] Foi protegido por alguns socialistas e anarquistas
do cantão do Ticino, incluindo Giacinto Menotti Serrati e Angélica Balabanoff, com quem iniciou uma
relação amorosa. Na Suíça, Mussolini colaborou com revistas locais de inspiração socialista e enviou
correspondência ao jornal milanês l'Avanguardia socialista. Além disso, publicaria um soneto ao
revolucionário francês François Babeuf no qual escreveria: "Babeuf ainda sorri, o futuro em que sua Ideia
se tornará realidade passou diante de seus olhos moribundos".[30] Mussolini desenvolveria uma atitude
anticlerical e se declarou ateu.[2] Ele desafiaria Deus para provar sua existência e considerou Jesus como
ignorante e louco, consideraria a religião uma forma de doença mental que merecia tratamento psiquiátrico
e acusou o cristianismo de promover resignação e covardia.[31] Mussolini publicaria seu primeiro livro, um
tratado ateísta intitulado Homem e Divindade: Deus Não Existe no qual proclamava: "Fiel, o Anticristo
nasceu".[32]
Jornalista político
Em novembro de 1907, Mussolini obteve a habilitação para lecionar a língua francesa e em março de 1908
foi designado professor de francês no Colégio Cívico de Oneglia, na Ligúria, onde também lecionou
italiano, história e geografia.[42] Em Oneglia conseguiu seu primeiro endereço em um jornal, o semanário
socialista La Lima. Em seus artigos, o novo diretor atacou as instituições políticas e religiosas, acusando o
governo de Giovanni Giolitti e a Igreja de defender os interesses do capitalismo contra o proletariado. Para
evitar problemas ele assinou com o pseudônimo "Vero Eretico". O jornal despertou grande interesse e
Mussolini entendeu que o jornalismo eversivo poderia ser uma ferramenta política.[43]
De volta a Predappio, ele assumiu a greve dos camponeses. Em 18 de julho de 1908, ele foi preso por
ameaçar um líder de organizações patronais. Ele foi condenado a três meses de prisão, mas em 30 de julho
foi libertado sob fiança.[44] Em setembro do mesmo ano, ele foi novamente preso por dez dias por realizar
um comício não autorizado em Meldola.
Em novembro mudou-se para Forlì, onde viveu em um quarto alugado, junto com seu pai viúvo, que
entretanto abriu o restaurante Il bersagliere com sua companheira Anna Lombardi. Nesse período,
Mussolini publicou o artigo La filosofia della forza em Pagine libere (revista do sindicalismo revolucionário
publicada em Lugano e dirigida por Angelo Oliviero Olivetti), no qual se referia ao pensamento de
Nietzsche. Em 6 de fevereiro de 1909, Mussolini deixou a Itália mais uma vez, desta vez para assumir o
cargo de secretário do partido trabalhista da cidade de Trento, que na época estava sob o controle do
Império Austro-Húngaro, mas onde o idioma predominante era o italiano. Também trabalhou para o partido
socialista local, e editou seu jornal L'Avvenire del Lavoratore (O Futuro do Trabalhador, em tradução
livre). No dia 7 de março daquele ano, ele se tornou o protagonista de um breve confronto jornalístico com
Alcide De Gasperi, diretor do jornal católico Il Trentino.
Em 10 de setembro de 1909, Mussolini foi preso em Rovereto sob a acusação, da qual foi posteriormente
absolvido, de divulgar jornais apreendidos e incitar à violência contra o Império Habsburgo. No dia 26,
entretanto, ele foi expulso da Áustria e retornou a Forlì.[45] Os eventos em Trentino, entretanto, deram a
Mussolini considerável notoriedade na Itália, empurraram-no mais para a ação política e marcaram o início
da transição de uma perspectiva socialista e internacionalista para posições marcadamente nacionalistas.
Nesse mesmo ano, Mussolini conheceu Ida Dalser em Trento ou em Milão (não há informação correta
sobre o local). Os dois começaram um relacionamento e, posteriormente, ela empenhou suas jóias e vendeu
seu salão de beleza para ajudar Mussolini, que era então um jornalista de esquerda, estabelecer seu próprio
jornal. Há relatos que eles teriam se casado em 1914, fato jamais comprovado, e em 1915 nasceu seu filho,
Benito Albino Mussolini. Ele reconheceu legalmente seu filho em 11 de janeiro de 1916, a conselho de
Margherita Sarfatti.[46] Com a sua posterior ascensão política a informação sobre seu primeiro casamento
foi suprimida, e tanto sua primeira esposa, Ida Dalser, como seu filho foram posteriormente perseguidos e
enviados para o hospício, onde viriam a morrer.[47][48]
Em Forlì
A partir de janeiro de 1910, tornou-se secretário da Federação Socialista de Forlì e dirigiu seu jornal oficial
L'idea socialista, um semanário de quatro páginas (rebatizado de Lotta di classe (A Luta de Classes, em
tradução livre) pelo próprio Mussolini). O jornal Lotta di Classe teria uma postura editorial anticristã.[49]
Em 17 de janeiro, Mussolini começou a morar com Rachele Guidi, sua futura esposa, em um apartamento
mobiliado na Via Merenda nº 1. Ele também começou a colaborar com a revista socialista Soffitta. Durante
esses anos de Forlì, decidiu também ter aulas de violino com o maestro Archimede Montanelli.[50] Entre as
obras preferidas de Mussolini estão: La Follia di Corelli, sonatas de Beethoven, composições de Veracini,
Vivaldi, Bach, Granados, Fauré e Ranzato.[51]
Durante este período, escreveu vários ensaios sobre a literatura alemã, algumas histórias, e um romance:
L'amante del Cardinale: Claudia Particella, romanzo storico (A Amante do Cardeal, tradução livre). Este
romance foi co-escrito com Santi Corvaja, e publicado como um livro de série no jornal de Trento Il
Popolo. Ele foi lançado de 20 de janeiro a 11 de maio de 1910.[52] O romance foi amargamente
anticlerical, e anos depois, foi retirado de circulação, somente após Mussolini dar trégua ao Vaticano.[12]
Como representante da federação Forlì, Mussolini participou do XI Congresso Socialista de Milão (1910).
Em 11 de abril de 1911, a seção socialista de Forlì liderada por Mussolini votou pela autonomia do Partido
Socialista Italiano. Em maio do mesmo ano, a prestigiosa revista literária La Voce, editada por Giuseppe
Prezzolini, publicou seu ensaio Il Trentino veduto da un Socialista (O Trentino visto por um Socialista, em
tradução livre),[53] composto pelas notas escritas por Mussolini durante 1909.[54]
Em Forlì, Mussolini conheceu Pietro Nenni, então secretário da nova Câmara do Trabalho Republicana,
nascida após a divisão entre republicanos e socialistas. No início os dois, apesar de vizinhos, eram
adversários, depois tornaram-se amigos. Em setembro de 1911, junto com Pietro Nenni, participou de uma
manifestação, liderada pelos socialistas, contra a Guerra Ítalo-Turca na Líbia. Ele amargamente denunciou a
estratégia, que classificou como "guerra imperialista", da Itália de capturar a capital da Líbia, Tripoli, uma
ação que lhe valeu um período de cinco meses na prisão.[55] Naquela época, propondo o internacionalismo
proletário, Mussolini declarava: “A bandeira nacional é para nós um pano para plantar em um monturo”.[56]
Após sua libertação, em um banquete de boas-vindas, Olindo Vernocchi declarou: "A partir de hoje você,
Benito, não é apenas o representante dos socialistas da Romagna, mas Il Duce de todos os socialistas
revolucionários da Itália".[57] Mais tarde, em 1912, Mussolini, junto com Angelica Balabanoff,[56] ajudou a
expulsar do partido socialista dois 'revisionistas' que apoiaram a guerra, Ivanoe Bonomi e Leonida
Bissolati. A acusação foi: "uma ofensa gravíssima ao espírito da doutrina e à tradição socialista".[58] Lenin,
escrevendo no jornal Pravda, registrou sua aprovação: "O partido do proletariado socialista italiano tomou o
caminho certo ao remover os sindicalistas de direita e reformistas de suas fileiras".[59] Em seguida,
Mussolini se juntou à liderança nacional do partido e mais tarde colaborou com Folla, o jornal de Paolo
Valera, assinando-se sob o pseudônimo de "L'homme qui cherche".
Diretor do Avanti!
Mussolini cortejou a anarquista Leda Rafanelli. As cartas que Mussolini lhe enviou foram recolhidas por
Rafanelli no livro Uma mulher e Mussolini.[63] Segundo Nichollas Ferrel, Mussolini teria numerosas
amantes entre suas simpatizantes.[64] Mussolini foi descrito como uma pessoa obcecada com sexo. A sua
forma de ter relações sexuais tem sido descrita como sendo equivalente a uma violação. As mulheres foram
seleccionadas de entre as suas admiradoras que lhe enviaram cartas.[65] Quinto Navarra, seu mordomo,
contou um total de 7665 mulheres com as quais Mussolini teve relações sexuais.[66]
Nas eleições políticas de 1913 (o primeiro turno ocorreu em 26 de outubro) Mussolini concorreu, no
colégio de Forlì, como candidato socialista à Câmara dos Deputados, mas foi derrotado por Giuseppe
Gaudenzi, um republicano (tradicionalmente, os republicanos eram muito fortes em Forlì). No mês seguinte
(novembro de 1913) fundou seu próprio jornal,[67] Utopia. Rivista Quindicinale del Socialismo
Rivoluzionario Italiano,[68] que dirigiu até a eclosão da Primeira Guerra Mundial e sobre o qual pôde
exprimir todas as suas opiniões, mesmo as contrárias à linha oficial do Partido Socialista Italiano. O
objetivo da revista era elaborar "uma revisão do socialismo em um sentido revolucionário" necessária após
o "fracasso do reformismo político" e a "crise dos sistemas filosóficos positivistas". Nela, Mussolini
desenvolveria uma concepção de socialismo revolucionário baseada nas ideias de Marx, Nietzsche, Pareto
e Sorel juntamente com o idealismo, o pragmatismo e o voluntarismo.[68] Mussolini sentia que o socialismo
havia vacilado, em face do determinismo marxista e do reformismo social-democrata, e acreditava que as
ideias de Nietzsche fortaleceriam o socialismo. Dois dos colaboradores da Utopia seriam fundadores do
Partido Comunista Italiano e outro ajudaria a fundar o Partido Comunista Alemão.[69]
Nesse mesmo ano, publicou Giovanni Hus, il veridico (Jan Hus, verdadeiro profeta, em tradução livre),
uma biografia política e histórica sobre a vida e missão do reformista eclesiástico tcheco Jan Hus, e seus
seguidores militantes, os hussitas. No XIV congresso do Partido Socialista em Ancona em 26, 27 e 28 de
abril de 1914, ele apresentou uma moção com Giovanni Zibordi, a qual foi aceita, na qual era estabelecido
que a filiação à maçonaria seria incompatível para um socialista.[70] No Congresso de Ancona, Mussolini
também alcançou grande sucesso pessoal, com uma moção de aplausos pelo sucesso de circulação e vendas
do jornal do Partido, que foi pago pessoalmente pelos parlamentares.[71] Em 9 de junho foi eleito vereador
municipal de Milão.
Semana Vermelha
Mussolini foi o protagonista da campanha política e da imprensa de apoio à onda revolucionária da Semana
Vermelha, um levante popular espontâneo após o assassinato de três manifestantes contra as Companhias
Disciplinares do Exército, ocorrido em Ancona em 7 de junho de 1914.[72] Mussolini incitou as massas
populares no jornal socialista Avanti!:[73]
Proletários da Itália! Aceite nosso grito: W a greve geral. Nas cidades e no campo, a
resposta à provocação virá de forma espontânea. Não antecipamos acontecimentos, nem
nos sentimos autorizados a traçar seu curso, mas certamente, sejam eles quais forem,
teremos o dever de apoiá-los. Esperamos que com sua ação os trabalhadores italianos
possam dizer que realmente é hora de acabar com isso.
Depois que oradores reformistas de todos os partidos tentaram conter os tumultos, dizendo que não era uma
revolução, mas apenas um protesto contra o massacre que ocorreu em Ancona. Mussolini interveio
exaltando a revolta:[73]
A greve geral foi de 1870 até hoje o movimento mais grave que abalou a terceira Itália …
Não foi um ataque defensivo, mas ofensivo. A greve teve um caráter agressivo. Multidões
que antes nem mesmo ousavam entrar em contato com as autoridades policiais, desta vez
foram capazes de resistir e lutar com um ímpeto inesperado. Aqui e ali, a multidão
chocante se reunia em torno das barricadas sustentadas pelos repetidores de uma frase de
Engels, numa pressa que revelava preocupações oblíquas, senão medos, relegados ao
rebaixamento do quadragésimo oitavo romance. Aqui e ali, sempre para denotar a
tendência do movimento, as lojas dos armeiros foram atacadas; aqui e ali queimaram-se
fogos e não se impuseram como nas primeiras revoltas no sul, aqui e ali igrejas foram
invadidas …
Com seus artigos, Mussolini forçou a Confederação Geral do Trabalho a declarar uma greve geral. Porém,
a Confederação Geral do Trabalho declarou encerrada a greve após 48 horas, convidando os trabalhadores
a retomarem suas atividades. Isso frustrou as intenções insurrecionais de Mussolini, que no Avanti! Em 12
de junho de 1914, acusou os dirigentes sindicais de traição, referindo-se também ao componente reformista
do Partido Socialista Italiano, acusando: “A Confederação do Trabalho, ao terminar a greve, traiu o
movimento revolucionário”.[74]
Mussolini e Filippo Corridoni foram presos durante uma manifestação e brutalmente espancados pela
polícia. O fracasso da luta na Semana Vermelha cria nele e em Corridoni um certo pessimismo e uma
reflexão sobre o papel do sindicato e do partido socialista.[73] Mussolini chamou a Semana Vermelha de
sua "maior conquista e decepção" durante sua gestão no Partido Socialista Italiano, considerando a greve
como um pináculo da luta de classes radical, mas também um fracasso abismal.[75] Embora Mussolini
saudasse a Semana Vermelha como o início do fim do capitalismo na Itália, ficou claro para muitos dentro
do movimento trabalhista e socialista que rebelião, greves gerais e "mitos" revolucionários não constituíam
revolução.[75] Diante do fracasso, Mussolini argumentou que o setor industrial da Itália não estava maduro
o suficiente e não tinha uma burguesia moderna totalmente desenvolvida, nem um movimento proletário
moderno.[76]
Num artigo de agosto de 1914, Mussolini escreveu: “Abaixo a guerra. Permanecemos neutros”. Margherita
Sarfatti, que defendia a intervenção, convence Mussolini a mudar sua posição neutra.[46] Além disso, para
Mussolini, os socialistas alemães haviam traído a Segunda Internacional, já que eles que levantaram "a
bandeira da Internacional Socialista foram os primeiros a jogá-la na lama" após seu apoio à entrada da
Alemanha na guerra. Com isso, Mussolini vislumbrou o surgimento de uma nova Internacional. Mussolini
também foi influenciado pelos sentimentos nacionalistas italianos anti-austríacos, acreditando que a guerra
oferecia aos italianos na Áustria-Hungria a oportunidade de se libertarem do domínio dos Habsburgo. Ele
decidiu declarar seu apoio à guerra apelando para a necessidade dos socialistas de derrubar as monarquias
Hohenzollern e Habsburgo na Alemanha e Áustria-Hungria, que, segundo ele, constantemente suprimiram
o socialismo.[83] Mussolini denunciou as Potências Centrais como poderes reacionários, argumentando que
a queda das monarquias Hohenzollern e Habsburgo e a repressão da Turquia "reacionária" criariam
condições benéficas para a classe trabalhadora. Enquanto apoiava os poderes da Entente, Mussolini
afirmava que a natureza conservadora da Rússia czarista causaria a mobilização necessária para que a
guerra minasse o autoritarismo reacionário e a guerra levaria a Rússia à revolução social. Por outro lado, a
guerra, para Mussolini, completaria o processo do Risorgimiento unindo os italianos na Áustria-Hungria à
Itália e permitindo que o povo italiano fosse um membro participante da nação italiana.[84]
Conforme o apoio de Mussolini à intervenção se solidificou, ele entrou em conflito com socialistas que se
opunham à guerra. Ele atacou os oponentes da guerra e afirmou que os proletários que apoiavam o
pacifismo estavam em desacordo com os proletários que se juntaram à crescente vanguarda intervencionista
que estava preparando a Itália para uma guerra revolucionária. Começou a criticar o Partido Socialista
Italiano e o próprio socialismo por não terem reconhecido os problemas nacionais que levaram à eclosão da
guerra.[85]
No dia 5 de outubro, seria lançado o manifesto Fascio rivoluzionario d'azione internazionalista, em defesa
da participação da Itália na Primeira Guerra Mundial e elaborado por revolucionários intervencionistas e
sindicalistas.[86] Este manifesto teria sua aplicação política no Fascio d'azione rivoluzionaria que Mussolini
fundou em 1915. Em 18 de outubro, Mussolini publicou no Avanti! um extenso artigo intitulado "Da
neutralidade absoluta à neutralidade ativa e operante", no qual apelava aos socialistas sobre o perigo que a
neutralidade representaria para o partido, ou seja, a condenação do isolamento político. Segundo Mussolini,
as organizações socialistas deveriam ter apoiado a guerra entre as nações, com a consequente distribuição
de armas ao povo, e depois transformado em uma revolução armada contra o poder burguês.[87] A nova
linha não foi aceita pelo partido e em dois dias Mussolini pediu demissão do jornal. Graças à ajuda de
Filippo Naldi, grupos industriais (como a empresa de armamento Ansaldo)[88] e socialistas franceses
ligados à guerra;[89] Mussolini rapidamente conseguiu fundar seu próprio jornal: Il Popolo d'Italia, cujo
primeiro número saiu em 15 de novembro. Em 24 de novembro ele diria:[90]
Meu destino está selado e parece que você quer praticar o ato com alguma solenidade …
se você acha que eu não sou digno de servir entre vocês … por favor, me expulsem, mas
eu tenho o direito de exigir uma acusação completa … O socialismo é algo que tem suas
raízes no sangue. O que me separa agora não é uma questão pequena, é uma grande
questão que divide o socialismo como um todo … O tempo dirá quem estava certo e quem
estava errado nesta questão formidável que nunca foi apresentada ao socialismo,
simplesmente porque nunca houve uma conflagração como a atual na história da
humanidade, em que milhões e milhões de proletários se enfrentam… Não pense que,
tirando meu cartão de mim, você vai proibir minha fé socialista, me impedir de continuar a
trabalhar pela causa do socialismo e da revolução.
Em 29 de novembro, Mussolini foi expulso do Partido Socialista Italiano por "indignidade política e
moral". Gritou para seus acusadores:[56]
Vocês acham que podem me expulsar, mas verão que voltarei. Sou e continuarei sendo um
socialista e minhas convicções nunca mudarão. Elas se erguem sobre meus próprios ossos.
Durante esta época, tornou-se importante o suficiente para a polícia italiana preparar um relatório; os
seguintes excertos são de um relatório policial preparado pelo inspetor geral de Segurança Pública em
Milão, G. Gasti.
Começo do fascismo
Falo de socialista para socialista: como socialista, porque ninguém neste período histórico
dinâmico e agitado pode reivindicar a posse da verdade absoluta … Existem diferentes
mentalidades e de fato existem reformistas pela guerra e reformistas contra a guerra,
existem revolucionários pela guerra e revolucionários contra a guerra, sindicalistas pela
guerra e sindicalistas contra a guerra. Nenhum partido conseguiu escapar a esta divisão que
repete as suas origens na mentalidade diferente com que os homens enfrentam os
problemas de uma determinada época histórica. E as mentalidades são estas, são duas: a
mentalidade dogmática, fixa, eterna, imóvel. Uma verdade foi dita em 1848 e deve
permanecer a verdade por todos os séculos. Esses homens que se agarram a esta rocha da
verdade e a ela permanecem apegados até o dia do naufrágio, às vezes sabem se salvar
pelos caminhos ambíguos da retirada … e há outros homens que não conseguem esconder
a realidade porque a realidade existe. … Agora nós, depois de termos superado a crise que
vinha de querer permanecer fiéis ao que nos parecia verdades absolutas, em certo momento
vimos que a realidade subjugava essas verdades … A nação não desapareceu.
Costumávamos acreditar que o conceito era totalmente desprovido de substância. Em vez
disso, vemos a nação emergir como uma realidade palpitante diante de nós! … A classe
não pode destruir a nação. A classe se revela como um conjunto de interesses, mas a nação
é uma história de sentimentos, tradições, língua, cultura e linhagem. A classe pode se tornar
parte integrante da nação, mas uma não pode ofuscar a outra. E então, se isso for verdade,
muitas outras verdades serão apresentadas mais tarde, quando esses eventos tiverem
terminado seu curso. Devemos examinar a questão de um ponto de vista socialista e
nacional.
Mussolini estava tão familiarizado com a literatura marxista que em seus escritos citou não apenas obras
conhecidas de Karl Marx, mas também obras relativamente obscuras.[94] Embora Mussolini se definisse
como um marxista e descrevesse Marx como "o maior de todos os teóricos do socialismo",[95] ele não era
um marxista ortodoxo, mas um marxista que enfatizou a importância do significado da revolução realizada
pela ação violenta,[96] sendo considerado um "marxista herege".[97] Mussolini continuou a promover a
necessidade de uma elite de vanguarda revolucionária para liderar a sociedade. Ele já não defendia uma
vanguarda proletária, mas uma vanguarda liderada por pessoas dinâmicas e revolucionárias de qualquer
classe social.[98] Embora denunciasse o marxismo ortodoxo e o conflito de classes, ele sustentava na época
que era um socialista nacionalista e um defensor do legado dos socialistas nacionalistas na história da Itália.
Sobre o Partido Socialista Italiano, ele afirmou que seu fracasso como membro do partido em revitalizá-lo e
transformá-lo para reconhecer a realidade contemporânea revelou a desesperança do marxismo ortodoxo
como obsoleto e um fracasso.[99] Outros socialistas italianos pró-intervencionistas, como Filippo Corridoni
e Sergio Panunzio, também denunciaram o marxismo clássico em favor da intervenção.[100]
Em 25 de dezembro casou-se civilmente, em Treviglio, com Rachele Guidi com quem teve uma filha,
Edda, nascida em 1910. Com Rachele ele teria outra filha (Anna María) e três filhos (Vittorio, Bruno e
Romano). Dez anos depois, Mussolini se casaria com Rachele em uma cerimônia religiosa.[107]
A experiência militar de Mussolini é narrada em sua obra Diario di Guerra.[60] No total, narrou cerca de
nove meses na ativa. Durante este período, ele contraiu febre paratifoide.[109]
Segundo o historiador Peter Martland, de Cambridge, nessa época, o jornal de Mussolini era pago pela
inteligência britânica para fazer propaganda favorável à guerra, de modo que a Itália permanecesse
engajada no conflito. Há evidências de pagamentos semanais no valor de 100 libras feitos pelo MI5 a
Mussolini, em 1917.[114]
Raça não trai raça … O bolchevismo está sendo defendido pela plutocracia internacional.
Essa é a verdade.
Também afirmou que 80% dos líderes soviéticos eram judeus.[119] Algumas semanas depois, ele
afirmaria:[120]
Biênio Vermelho
Entre março e junho, os futuristas de Filippo Tommaso Marinetti (que dirigia um programa político
anticlerical, socialista e nacionalista) tornaram-se o principal componente do Fascio milanês e fizeram sentir
sua influência ideológica, embora Mussolini dissesse:[125]
Somos, antes de tudo, libertários, ou seja, pessoas que amam a liberdade de todos, até dos
adversários… Faremos todo o possível para evitar a censura e preservar a liberdade de
pensamento da expressão, que constitui uma das maiores conquistas e expressões da
civilização humana.
O conflito entre socialistas e intervencionistas eclodiu violentamente em Milão em 15 de abril de 1919 após
um dia de combates que culminou no assalto à sede da Avanti! entre manifestantes do Partido Socialista
Italiano e contra-manifestantes futuristas, arditi e os primeiros elementos fascistas.[126] Mussolini ficou de
lado, acreditando que seus homens ainda não estavam prontos para travar uma "batalha de rua", embora
defendesse o fato consumado.[127] Ele então começou a recrutar um exército de arditi pronto para realizar
ataques frontais e transportou uma grande quantidade de material de guerra para o quartel-general do Il
Popolo d'Italia, para evitar um possível "contra-ataque vermelho".[128]
Em junho, Mussolini aliou-se ao governo de Francesco Saverio Nitti; para os fascistas, o novo presidente
do conselho era o representante daquela velha classe política que eles tentavam suplantar.[129] Da fraqueza
do executivo Mussolini quis tirar a força para fazer uma revolução[130] e, durante o verão, seu nome foi
associado a tramas destinadas a dar um golpe.
Em 6 de junho de 1919, foi publicado oficialmente o Manifesto dei Fasci italiani di combattimento,
comumente conhecido como Manifesto Fascista, onde foram apresentadas propostas de reforma política e
social em sentido progressista,[131] abordando temas nacionalistas, sindicalistas e de direitos das
mulheres.[132][133]
Em 11 de setembro, Gabriele d'Annunzio informou Mussolini sobre sua ida a Fiume para realizar o que
viria a ser conhecido como a Impresa di Fiume,[134] evento que pretendia proclamar a anexação da cidade
de Fiume à Itália.[135] No dia seguinte, Mussolini promoveu fora da sede do Il Popolo d'Italia uma
assinatura em favor da Impresa di Fiume. O governo italiano rejeitaria as ações realizadas por d’Annunzio e
enviaria o general Pietro Badoglio para reprimir os rebeldes. A cidade seria bloqueada e d’Annunzio
acusaria o governo de Nitti de “deixar crianças e mulheres famintas”, enquanto convidava todos os seus
aliados a arrecadar fundos. Em 16 de setembro, d’Annunzio enviaria uma carta a Mussolini acusando-o de
covardia por não lhe dar apoio financeiro. A carta seria publicada no Il Popolo d'Italia em 20 de setembro
censurando as partes polêmicas.[136] Mussolini rapidamente lançou uma campanha para financiar
d’Annunzio levantando quase três milhões de liras. Em 7 de outubro, Mussolini se reuniria com
d’Annunzio. D'Annunzio queria que o povo se rebelasse e marchasse sobre Roma para quebrar o sistema
que considerava desatualizado. Mussolini, sabendo que d'Annunzio poderia convencer o povo a levá-lo ao
poder, convenceu-o de que deveria esperar porque ainda não era o momento de fazer tal ação.[46]
Em 9 de outubro, o Primeiro Congresso Fascista foi realizado em Florença, onde foi decidido concorrer às
próximas eleições políticas sem aderir a nenhuma aliança. Os fascistas, liderados por Mussolini,
propuseram um programa "decididamente esquerdista" e anticlerical, exigindo impostos mais altos sobre as
heranças e ganhos de capital, a derrubada da monarquia,[137] a anexação da Dalmácia, confisco de
propriedade eclesiástica e participação na gestão industrial.[138] Ele também propôs uma aliança eleitoral
com os socialistas e outros partidos de esquerda, mas foi ignorado por preocupações de que isso seria um
obstáculo para os eleitores. Durante as eleições, Mussolini fez campanha com o objetivo de "superar os
socialistas no socialismo".[139] Mussolini e seu partido fracassaram miseravelmente contra os socialistas
que obtiveram quarenta vezes mais votos, escolha tão triste que mesmo em Predappio, cidade natal de
Mussolini, ninguém votou nele.[137] Com o fracasso sofrido, ele descobriu que esta estratégia tinha pouco
apelo e não tinha futuro.[138] Em uma simulação de procissão fúnebre após as eleições, membros do
Partido Socialista Italiano carregaram um caixão com o nome de Mussolini e o desfilaram na frente de seu
apartamento para simbolizar o fim de sua carreira política.[140] Em 18 de novembro, Mussolini foi detido
por várias horas por posse de armas e explosivos; Ele foi libertado graças à intervenção do senador liberal
Luigi Albertini.[141]
Nos dias 24 e 25 de maio de 1920, Mussolini participou do Segundo Congresso Fascista, realizado na
Ópera de Milão, que passou a ser financiado por industriais.[142] Em 7 de setembro em Cremona,
Mussolini diria:[143]
No início da década de 1920, Mussolini declarou que o fascismo nunca levantaria uma "questão judaica" e
em um artigo que escreveu ele afirmou: "A Itália não sabe sobre anti-semitismo e acreditamos que nunca
saberá", e detalhou, "esperemos que os judeus italianos permanecem sensatos o suficiente para não dar
origem ao anti-semitismo no único país onde ele nunca existiu".[120] Em várias ocasiões, Mussolini falou
positivamente sobre os judeus e o movimento sionista,[146] embora após a tomada do poder na Itália pelo
Partido Nacional Fascista, houvesse um pouco de desconfiança.[147]
Em janeiro de 1921, a minoria comunista deixou o Partido Socialista Italiano para fundar o Partido
Comunista da Itália; isso alarmou Mussolini porque os socialistas, passando para posições mais moderadas,
poderiam ter sido solicitados por Giolitti para a colaboração do governo, excluindo assim os fascistas das
principais arenas políticas. Em 2 de abril, após ter marchado com uma camisa negra para os funerais das
vítimas do ataque terrorista anarquista no Teatro Diana, Mussolini aceitou o pedido de Gliolitti para
ingressar no "Bloco Nacional"[148] junto com o Partido Social-democrata Italiano, a Associação
Nacionalista Italiana e o Partido Liberal Italiano.
Nas eleições gerais da Itália em 15 de maio de 1921, os fascistas conquistaram 35 cadeiras no parlamento
italiano, incluindo Mussolini. Durante seu discurso de posse como deputado fascista recém-eleito em 21 de
junho de 1921, Mussolini exclamou:[149][150]
Não me importo, senhoras e senhores, começar meu discurso na cadeira da extrema direita
… Passo agora para examinar a posição do fascismo em relação aos diferentes partidos.
Começo com o Partido Comunista … Quando a soma total da riqueza mundial é muito
pequena, a primeira ideia que vem aos homens é colocar tudo junto para que todos tenham
um pouco. Mas esta é apenas a primeira fase do comunismo, a fase do consumo. Depois
vem a fase de produção, que é muito mais difícil … aquele formidável artista (não o
legislador) que responde pelo nome de Vladimir Ulianov Lenin, quando teve que dar
forma ao material humano, percebeu que era muito mais difícil do que bronze ou mármore.
Eu conheço os comunistas. Eu os conheço porque muitos deles são meus filhos, quer dizer,
claro, espiritualmente … Enquanto os comunistas falarem da ditadura do proletariado, uma
federação de repúblicas mais ou menos federativas, os sovietes e tais absurdos … só pode
haver uma luta entre eles e nós … Não estou aqui para superestimar a importância do
movimento sindical … Ouça, afinal, o que vou dizer … Não nos oporemos e, em vez
disso, votaremos a favor de todas as medidas e disposições destinadas a melhorar a nossa
legislação social. Nem mesmo nos oporemos a experimentos de cooperativismo. Mas digo-
lhes imediatamente que nos oporemos com todas as nossas forças às tentativas de
socialização, nacionalização, coletivização! Estamos fartos de socialismo de estado! …
Não só isso, mas afirmamos, e com base na literatura socialista recente que não se deve
repudiar, que a verdadeira história do capitalismo começa agora, porque o capitalismo não
é apenas um sistema de opressão … Tão verdadeiro é isso que Lenin, depois de instituir os
conselhos de fábrica, ele os aboliu …; É bem verdade que, depois de nacionalizar o
comércio, ele reintroduziu o regime de liberdade; e … depois de ter reprimido … a
burguesia, hoje ele a reúne, porque sem o capitalismo e seu sistema técnico de produção, a
Rússia jamais poderia se levantar.
Após seus sucessos eleitorais, Mussolini tentou reverter a violência do Squadrismo, equipes paramilitares
de ação armada que visavam intimidar e reprimir violentamente os adversários políticos, dizendo a seus
seguidores que os fascistas deveriam ser expurgados e que muita gente havia aderido a seu partido para
aproveitar sua "onda de sucesso".[151] Em um discurso na Câmara, Mussolini defendeu três grandes forças
de colaboração para facilitar um destino melhor para a Itália: o socialismo de autoaperfeiçoamento, o
Popolari e o fascismo.[152] As tentativas de parar a violência incluíram o Pacto de Pacificação com o
Partido Socialista Italiano e outros líderes sindicais socialistas.[153] Essa estratégia foi abandonada depois
que delegados do Terceiro Congresso Fascista se opuseram a tal arranjo, sendo mais favorável à promoção
do nacionalismo.
Devido aos resultados desastrosos das eleições de novembro de 1919, Mussolini contemplou uma mudança
de nome para seu partido. Em 1921, Mussolini defendeu um plano para mudar o nome do Partido
Revolucionário Fascista e do Fasci Italiani di Combattimento para "Partido Trabalhista Fascista" ou
"Partido Trabalhista Nacional" no Terceiro Congresso Fascista em Roma (7 a 10 de novembro de 1921),
em um esforço para manter seu apoio ao sindicalismo.[154] Mussolini imaginou um partido político mais
bem-sucedido se fosse baseado em uma coalizão fascista de sindicatos trabalhistas.[155] Esta aliança com os
socialistas e os trabalhadores foi descrita como uma espécie de "governo de coalizão nacionalista-
esquerdista", mas se opôs tanto aos membros fascistas mais conservadores quanto ao Partido Liberal
Italiano de Giovanni Giolitti, que já havia decidido incluir o fascistas em seu "Bloco Nacional".[156] Nesse
sentido, Mussolini diria:[157]
Mussolini, sob pressão da maioria dos líderes squadristi presentes no Terceiro Congresso Fascista, que
estavam determinados a inibir o poder dos socialistas revolucionários e dos sindicatos, para manter sua
posição de líder indiscutível do partido, concordou em fazer vários acordos conciliatórios, incluindo o
mudança do nome do partido para Partido Nacional Fascista.[158]
Em 1º de janeiro de 1922, Mussolini fundou a revista Gerarchia, da qual colabora Margherita Sarfatti, mas
já no mês de agosto anterior se apressou em criar uma escola de cultura fascista que tinha a tarefa de expor
a doutrina.[159]
O jornalista britânico George Slocombe, que entrevistou Mussolini na conferência de Cannes de 1922,
relatou que “Lenin foi o único contemporâneo por quem ele expressou respeito”.[56] Em 1937, Mussolini
diria sobre Lenin:[117]
Fala-se constantemente do meu ódio por Lenin. Nada pior. Nenhum homem inteligente
pode odiar as figuras mais representativas de seu tempo. Você pode admirar um inimigo,
mesmo quando está lutando contra ele. Nesse caso, "admirar" sig
não cometer seus próprios erros".
Muitos estavam convencidos de que o diálogo com Mussolini agora se tornara inevitável: Giovanni
Amendola e Vittorio Emanuele Orlando teorizaram uma coalizão governamental que incluía também os
fascistas[160] e Nitti, que aguardavam a presidência do Conselho, agora considerada uma aliança com
Mussolini da melhor forma para minar seu adversário Giolitti.[161] Em um discurso, Mussolini
proclamaria:[162]
Fatos importantes
Em 25 de novembro, Mussolini obteve da Câmara plenos poderes nas áreas fiscal e administrativa[171] até
31 de dezembro de 1923, para "restaurar a ordem". Em 15 de dezembro de 1922, o Grande Conselho do
Fascismo foi estabelecido. Em 14 de janeiro de 1923, as camisas negras foi institucionalizada com a criação
da Milizia Volontaria per la Sicurezza Nazionale.
Mussolini participou do Congresso Feminista de Roma de 1922
fazendo um discurso favorável à participação política ativa das
mulheres. Recebido pelas sufragistas Margherita Ancona e Alice
Schiavoni Bosio, participou do IX Congresso da Federação
Internacional Pró-Sufrágio, realizado em 1923, prometendo conceder o
voto administrativo às mulheres italianas. Mussolini destacou a atitude
serena das sufragistas italianas e nesse mesmo ano foi apresentado o
projeto de lei que previa a concessão do voto administrativo limitado às
heroínas do país, às mães ou viúvas dos mortos na guerra, às mulheres
ricas ou instruídas. Em 1925, entrou em vigor uma lei que reconhecia
pela primeira vez as eleitoras italianas na esfera administrativa, porém,
em 1926, essa lei perdeu efeito porque o prefeito foi substituído pelo
podestà que, junto com os conselheiros, era eleito pelo governo e não
pelo povo.[172]
Mussolini na capa da revista
No final de fevereiro e início de maio de 1923, Mussolini, de acordo Time, 6 de agosto de 1923
com um relatório do Serviço Secreto britânico de Inteligência, reuniu-
se com um grupo revolucionário indiano. Mussolini daria seu apoio
para liberar a Índia do domínio britânico.[173] Para ele, a Itália
deveria dominar o Mediterrâneo e destruir o Império Britânico e os
franceses.[174] O conceito de nações burguesas e nações proletárias
desenvolveu-se dentro da doutrina fascista. Mussolini considerava
que as nações burguesas ou plutocráticas, como a Grã-Bretanha,
oprimiam as nações proletárias, como a Itália, e que as nações
proletárias deveriam lutar contra as nações burguesas.[175]
Mussolini na inauguração do
Mussolini estava presente quando o movimento artístico
Congresso Feminista de Roma
"Novecento" foi oficialmente lançado, em 1923. Embora Mussolini
tenha repreendido Margherita Sarfatti por usar seu nome e o nome
do fascismo para promover o Novecento, os artistas apoiaram o regime fascista e seu trabalho foi associado
ao departamento de propaganda.[176] Mussolini tinha uma posição ambivalente sobre o estilo de arte,
embora em 1934 ele defendesse a arquitetura modernista da crítica nazista e soviética porque, para ele, o
modernismo era "racional e funcional".[177]
Em 9 de junho, após ter conseguido, com ameaças, a renúncia de um de seus principais antagonistas
parlamentares, o sacerdote católico Luigi Sturzo, e a divisão do Partido Popular Italiano com seu discurso
de 15 de julho, apresentou à Câmara a lei Acerbo, em matéria eleitoral, por este aprovado em 21 de julho e
13 de novembro pelo Senado,[178] posteriormente passou a ser lei de 18 de novembro de 1923[179]
transformando a Itália em um único eleitorado nacional. Também em julho, graças ao apoio britânico, o
domínio italiano do Dodecaneso, ocupado desde 1912, foi reconhecido na conferência de Lausanne.
Em 27 de agosto, ocorreu o massacre de Giannina: foi massacrada a expedição militar de Tellini, com a
missão de delimitar a fronteira entre a Grécia e a Albânia. Mussolini enviou um ultimato à Grécia para
exigir reparações, desculpas e homenagens aos mortos e, após a recusa parcial do governo grego, ordenou
que a marinha italiana ocupasse Corfu.[180] Com esta ação, o novo primeiro-ministro quis mostrar que
queria seguir uma política externa forte e obteve, graças à Liga das Nações, as reparações necessárias (após
a saída da ilha ocupada). Duas semanas antes do incidente em Corfu, Mussolini prometeu aos nacionalistas
indianos que lhes daria apoio financeiro.[181] Depois do Putsch de Munique, liderado por Hitler, Mussolini
se referiu a eles como "bufões".[182]
Em 19 de dezembro, ele presidiu a assinatura do acordo entre a Confederação Geral da Indústria Italiana
(Confindustria) e a Confederação das Corporações Fascistas, o chamado Pacto do Palazzo Chigi,[183]
(mais tarde, em 1925, o Pacto do Palazzo Vidoni seria feito) pelo qual se buscou "harmonia entre os
diferentes elementos de produção", afirmando:[184]
Em 30 de dezembro de 1923, foi instituída a criação dos Órgãos Municipais de Assistência com a missão
de “coordenar todas as atividades, públicas e privadas, destinadas a ajudar os pobres, provendo, se
necessário, seu atendimento, ou promovendo, quando possível, educação, instrução e introdução às
profissões, artes e ofícios”.[185]
Em 22 de janeiro de 1924, o Tratado de Roma foi assinado entre a Itália e a Iugoslávia, com o qual Fiume
seria anexada à Itália em 22 de fevereiro. A partir da marcha sobre Roma, o governo italiano estabeleceu
relações diplomáticas com a União Soviética, que melhoraram em fevereiro de 1923, alcançando o
reconhecimento da União Soviética[186] e a estipulação de um tratado de comércio e navegação em 7 de
fevereiro de 1924.[187] Um acordo com o Reino Unido permitiu que a Itália adquirisse Oltregiuba, uma
região do Quênia anexada à Somália italiana. Em 24 de março, ocorreu a primeira tentativa de retransmitir
um discurso político.
Por superstições, Mussolini ordenou a remoção do Palazzo Chigi de uma múmia que ele havia recebido
como um presente devido à Maldição dos Faraós.[188]
Em 1921, Mussolini argumentou que a política econômica fascista era liberal,[189] promovendo essas
políticas como “objetivos imediatos”.[190] Mussolini, tendo testemunhado o fracasso econômico do
bolchevismo com o comunismo de guerra e a implementação da Nova Política Econômica de Lenin,
considerou que a economia de livre mercado ainda tinha alguma relevância e, portanto, uma política
econômica que maximizasse e sofisticasse a produtividade material da nação deveria ser implementada
porque o capitalismo ainda não havia esgotado sua "função histórica"[191] e estava vivo.[192] A introdução
da Nova Política Econômica fez com que os sindicalistas italianos se afastassem do marxismo ortodoxo,
determinados a revisá-lo. Eles argumentaram que os bolcheviques não haviam acatado o aviso de Friedrich
Engels sobre os perigos de tentar estabelecer uma revolução em um ambiente economicamente
atrasado.[193] Mussolini havia concluído em 1917 que o marxismo ortodoxo era amplamente irrelevante
para os revolucionários das nações industrialmente atrasadas.[194] Ele defendeu que se a burguesia não
pudesse cumprir suas obrigações históricas, então a tarefa seria relegada às massas populares e à vanguarda
da elite que orientaria o processo, o que exigiria um compromisso colaboracionista de classe que ele
descreveu como "um regime saudável e honesto de classes produtivas", em oposição à luta de classes.[195]
Os intelectuais sindicalistas concluíram que uma revolução social bem-sucedida exigia o apoio de
revolucionários "sem classe" na ausência de uma indústria madura desenvolvida pela burguesia.
Sindicalistas, nacionalistas e futuristas italianos argumentaram que esses revolucionários seriam fascistas,
não marxistas. Para eles, o fascismo era "o socialismo das 'nações proletárias'".[193]
Nas mãos de Alberto De Stefani, um economista liberal que aderiu ao Partido Nacional Fascista e foi o
responsável pela economia italiana de 1922 a 1925, uma profunda reforma foi realizada no sistema
tributário italiano, embora essas reformas tivessem sido estabelecido por seu antecessor Filippo Meda.[196]
De Stefani aproveitou os poderes concedidos pelo regime para promulgar essas reformas que haviam sido
bloqueadas pelo parlamento.[197] Sob De Stefani, foi aplicada uma política de privatização de empresas de
grande porte.[198] No entanto, no início de 1923, os industriais ficaram alarmados com os ataques verbais
dos sindicalistas fascistas contra o capitalismo, levando alguns a considerar se seria sensato aliar-se aos
comunistas para lutar contra os fascistas.[199]
Tendo herdado uma situação económica difícil, foi implementada uma política de liberalização da economia
e redução de despesas,[200] além de modificar algumas leis para fortalecer os mecanismos produtivos e
aliviar o trabalho das administrações públicas, correio e caminhos-de-ferro. Entre 1922 e 1926 houve um
período de rápida expansão econômica, especialmente no setor industrial. A produção manufatureira
cresceu 10% ao ano, contribuindo para uma forte expansão das exportações. Naqueles anos, o gasto
público passou de 35% para 13% do PIB. Os desempregados passaram de 600 000 em 1921 para 100 000
em 1926. Em 1925, o papel-moeda começou a ser destruído para conter a inflação. No total, 320 milhões
de liras foram incineradas. No mesmo ano, lançaria uma medida que visava acabar com a especulação no
mercado de ações. Durante esse período a prosperidade aumentou, mas isso foi acompanhado de
inflação.[201]
Embora os resultados da política tenham sido positivos, sua posição no governo se deteriorou devido à
oposição de vários grupos, como os fascistas mais radicais que o viam como pró-industrial e
excessivamente liberal, os latifundiários do sul e os grupos familiares do norte. De Stefani foi substituído
por Giuseppe Volpi.[202] De Stefani mais tarde tornou-se crítico do regime e em 1943 votou a favor do
mandado de prisão de Mussolini, refugiando-se posteriormente em um convento.[203]
Eleições de 1924
As eleições terminaram com uma vitória contundente para a Lista Nacional, obtendo 64,9% a nível
nacional. A derrota da oposição levou a imprensa contra o fascismo a um forte ataque à violência e
ilegalidades cometidas pelos fascistas.[206] Poucos jornais reconheceram a vitória eleitoral.
No dia 30 de maio, os abusos, as violências e as fraudes perpetradas pelos fascistas durante a campanha
eleitoral e durante a votação foram denunciados pelo deputado socialista Giacomo Matteotti a quem pediu a
anulação das eleições. A intervenção desencadeou uma sessão acalorada na qual Matteotti foi interrompido
várias vezes. Em 10 de junho de 1924, Matteotti foi sequestrado por esquadrões fascistas e assassinado.
Essa ação causou uma crise momentânea. Mussolini não foi acusado no julgamento, que resultou na
sentença de seis anos para três militantes fascistas (Amerigo Dumini, Albino Volpi e Amleto Poveromo)
que, segundo a sentença, agiram por iniciativa própria. A responsabilidade de Mussolini como instigador do
assassinato de Matteotti foi questionada por Renzo de Felice, que o considerava o mais prejudicado na
política e pessoalmente por aquele crime na época.[207] O estresse dos acontecimentos levou Mussolini aos
primeiros sintomas de uma úlcera duodenal que o acompanhou pelo resto da vida.[208]
No dia 26 de junho aconteceria a Secessão do Aventino, ato de protesto realizado por opositores do
governo contra Mussolini. O outono de 1924 foi repleto de tensões para Mussolini: alguns fascistas se
distanciaram dele, e muitos pediram sua renúncia, para que o "fascismo" pudesse "se recuperar das
responsabilidades dos poderes supremos".[209] À medida que a situação se tornava cada vez mais tensa,
surgiram rumores de que Mussolini estava considerando um golpe para resolver o problema - uma tese que
o historiador De Felice negou.[210] Em 31 de dezembro, Mussolini se reuniu com o Conselho de Ministros.
Espalharam-se rumores de que Mussolini renunciaria e seria substituído. No entanto, em 3 de janeiro de
1925, ele faria um discurso onde falaria sobre a morte de Matteotti e estabeleceria uma nova direção para
seu governo.[211] Mussolini aproveita a crise provocada pela morte de Matteotti para instaurar a censura à
imprensa, que havia iniciado uma campanha exigindo a renúncia de Mussolini ao cargo de Primeiro-
Ministro, e iniciar o caminho para a ditadura.[212]
Itália Fascista
Em 21 de junho, foi realizado o quarto e último congresso do Partido Nacional Fascista, onde Mussolini
convida os camisas negras a abandonar definitivamente a violência.[213] No entanto, os trágicos
acontecimentos de Giovanni Amendola e Piero Gobetti no início de 1926 provaram que eles ainda estavam
ativos.
Uma lei aprovada em 24 de dezembro de 1925 mudou o título formal de Mussolini de “Presidente do
Conselho de Ministros” para “Chefe do Governo”, esta lei transformou o governo de Mussolini em uma
ditadura legal de fato, embora o processo tenha começado no dia 3 de janeiro do mesmo ano.[214]
Em 7 de abril de 1926, Mussolini sobreviveu a uma primeira tentativa de assassinato de Violet Gibson.[215]
Em 31 de janeiro de 1926, Anteo Zamboni, de 15 anos, tentou atirar em Mussolini em Bolonha. Zamboni
foi linchado.[216] Todos os outros partidos foram proibidos após a tentativa de assassinato de Zamboni,
embora a Itália fosse um estado de partido único desde 1925. Nesse mesmo ano, uma lei eleitoral aboliu as
eleições parlamentares.
Como responsável pela economia da Itália, de 1925 a 1928, Giuseppe Volpi negociou com sucesso o
pagamento da dívida da Itália na Primeira Guerra Mundial com os Estados Unidos[217] e o Reino
Unido,[218] fixando também o valor da lira ao valor do ouro e implementou políticas de livre comércio.[219]
Porém, ao ganhar mais poder, Mussolini orientou sua política econômica em favor da intervenção
governamental, substituindo o livre comércio pelo protecionismo.[201] Enquanto o Programa do Partido
Nacional Fascista de 1921 previa a redução do Estado a suas
funções essenciais,[190] em 1925, Mussolini expressou a
necessidade de agrupar todas as forças da nação na unidade
geral de um único Estado que representasse a "vontade
totalitária" coletiva do fascismo.[220]
Em 20 de janeiro de 1926, entrou em vigor a lei de imprensa, que previa que os jornais só pudessem ser
dirigidos, escritos e impressos se tivessem conselheiro reconhecido pelo Procurador-Geral do Tribunal de
Justiça. Em 3 de abril de 1926, a greve foi proibida e ficou estabelecido que apenas sindicatos "legalmente
reconhecidos" poderiam assinar acordos coletivos. Para os atentados perpetrados ou organizados em
detrimento das figuras mais importantes do Estado, foi instituído o confinamento policial e a pena de morte
e instituído o Tribunal Especial de Defesa do Estado.[225] No dia 30 de dezembro, os fasces foram
declarados símbolos do estado.
Estabelecendo que:
Enfatizando então:
O estado fascista propõe:
3) Seguro contra doenças profissionais e tuberculose, como passagem para o seguro geral
contra todas as doenças;
Como o século passado viu a economia capitalista, o século atual verá a economia
corporativa … Capital e trabalho devem estar em pé de igualdade e a igualdade de direitos
e deveres deve ser dada a ambos.
Para lidar com a máfia, Mussolini nomeou Cesare Mori para o Senado e lhe deu o controle da cidade de
Palermo com o objetivo de erradicar a máfia a qualquer custo. Mussolini, em telegrama, escreveu a
Mori:[229]
Sua Excelência tem carta branca; A autoridade do Estado deve absolutamente, repito
absolutamente, ser restabelecida na Sicília. Se as leis ainda em vigor o impedirem, não será
um problema, pois iremos redigir novas leis.
Por meio de tortura e intimidação, conseguiu reduzir a criminalidade e forçou vários mafiosos a fugir
(especialmente para os Estados Unidos). Com o tempo, a pressão do Estado e a corrupção garantiu uma
tênue paz entre o regime fascista e a máfia siciliana.[8] Durante o regime de Mussolini, a Máfia acabaria
perdendo muito poder e influência no sul da Itália, com os índices de assassinato e crimes em geral caindo
consideravelmente, especialmente na Sicília.[230] No sul, muitos dos movimentos anti-fascistas tinham
ligações com a máfia.[231]
Em 1927, Mussolini foi rebatizado por um padre católico romano. Em 5 de junho de 1927, falando no
Senado, Mussolini afirmou a linha do revisionismo na política externa, declarando que os tratados
estipulados após a Primeira Guerra Mundial ainda eram válidos, mas não deviam ser considerados eternos e
imutáveis. Em 1928, o Grande Conselho do Fascismo foi institucionalizado como o órgão constitucional
supremo do Estado. Em 1929, as eleições gerais seriam realizadas na Itália na forma de um referendo.
Mussolini considerou a possibilidade de um grupo de oposição moderada como um contraponto tolerado,
mas os socialistas moderados recusaram este pedido.[169] Na época, o país era um estado de partido único
com o Partido Nacional Fascista como o único partido legalmente autorizado.
Em 1929, necessitando de apoio dos católicos, pôs fim à Questão Romana (conflito entre os papas e o
Estado italiano) assinando o Tratado de Latrão com o cardeal Pietro Gasparri. Por esse tratado, firmou-se
um acordo pelo qual a soberania do Estado do Vaticano foi reconhecida, o Sumo Pontífice recebia
indemnização monetária pelas perdas territoriais, o ensino religioso era obrigatório nas escolas italianas, o
catolicismo virava a religião oficial da Itália e se proibia a admissão em
cargos públicos dos sacerdotes que abandonassem a batina. O Papa Pio XI
elogiou Mussolini, e o jornal católico oficial declarou que "a Itália tem
devolvido Deus e Deus à Itália".[232] Após essa conciliação, Mussolini
afirmou que a Igreja estava subordinada ao Estado, e "se referiu ao
catolicismo como, na origem, uma seita menor que se espalhou para além
da Palestina apenas porque se inseriu na organização do Império
Romano".[233] Após a concordata, Mussolini "confiscou mais tópicos de
jornais católicos nos próximos três meses do que nos sete anos
anteriores".[233] Mussolini teria chegado perto de ser excomungado da
Igreja Católica na época.[233] A 19 de abril daquele ano foi agraciado com
a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e
Mérito de Portugal.[234] Internamente, Mussolini buscou retirar a Itália da
recessão econômica e modernizar a nação. Era um período turbulento na
Europa pós-primeira grande guerra, com o medo do comunismo por parte
Benito Mussolini, a cavalo,
das elites políticas e os desejos das classes trabalhadoras, resultando em um
falando com soldados do
caos social.[235] Nesse mesmo ano, Mussolini ordenou ao seu Estado-
exército italiano.
Maior do Exército que começasse a planejar a agressão contra a França e a
Iugoslávia.[181]
Em 1930, Arnaldo Mussolini, sob o patrocínio de seu irmão Benito Mussolini, fundou a Escola de
Misticismo Fascista.[236] Esta escola, que esteve ativa até 1943, visava forjar novos líderes fascistas sob o
estudo de intelectuais fascistas que se propunham a reavivar a alma do mais verdadeiro fascismo, a dos
primeiros anos do movimento, para dá-la às novas gerações.[237] Esta ação produziria conflitos com a
Igreja Católica. Em meados de 1931, o regime fascista começou a reprimir a organização Ação Católica.
No mesmo ano, a encíclica papal Non abbiamo bisogno denunciou a "idolatria pagã do Estado".[238] Este
documento provocou novas restrições, com os fascistas ultra-católicos expurgados do Partido, os estudantes
foram forçados a se juntar a organizações fascistas, e grupos de jovens católicos e organizações de
trabalhadores foram agredidos fisicamente.[239] Foram proclamadas leis de tolerância religiosa a favor de
protestantes e judeus que enfureciam os líderes católicos. Em 1932 foi alcançado um acordo pelo qual a
Ação Católica foi dissolvida em unidades separadas e as demais organizações católicas teriam liberdade
restrita principalmente às atividades religiosas.[239] Mussolini reconciliou-se publicamente com o Papa Pio
XI naquele mesmo ano, mas "teve o cuidado de excluir dos jornais qualquer fotografia sua ajoelhada ou
demonstrando deferência ao Papa".[233] Ele queria persuadir os católicos de que "o fascismo era católico e
ele próprio um crente que passava parte de cada dia em oração …".[233] O Papa Pio XI saudou Mussolini
como "o Homem da Providência".[240] Apesar dos esforços de Mussolini em parecer piedoso, por ordem
de seu partido, os pronomes que se referiam a ele "tinham que ser escritos em maiúscula como aqueles que
se referem a Deus".[233] Por outro lado, em uma conversa com Emil Ludwig, Mussolini descreveu o anti-
semitismo como um "vício alemão" e declarou que "não havia 'nenhuma questão judaica' na Itália e não
poderia ser em um país com uma política saudável".[241] Em 1934, em um livro sobre a filosofia de
Mussolini, foi especificado que o fascismo se baseava em "princípios fundamentalmente pagãos".[242] Os
fascistas criaram o culto de seus "mártires" caídos, como Ines Donati.[239]
Em 1931, a convite de Mussolini, Mahatma Gandhi visitaria a Itália onde assistiria a um desfile de jovens
fascistas. Mussolini saudaria Gandhi como um "gênio e um santo" admirando sua capacidade de desafiar o
Império Britânico.[243] Dois anos depois, Mussolini receberia de Sigmund Freud um livro que escrevera
com Albert Einstein[244] e colaboraria na produção do documentário Mussolini Speaks, realizado pela
Columbia Pictures.[245][246]
Em 1932 terminaria a chamada Pacificação da Líbia, um longo e
sangrento conflito que começou em 1923 durante a colonização
italiana da Líbia, quando o principal líder dos senussis Omar al-
Mukhtar foi capturado e executado.[247] Naquela guerra, houve
crimes de guerra cometidos pelos italianos que incluíram o uso
de armas químicas, a execução de combatentes que se renderam
e o massacre de civis[248] enquanto os senussis eram acusados
de torturar e mutilar italianos capturados e recusar-se a fazer
Mussolini na Líbia
prisioneiros.[249] Mais tarde, em 1937, os muçulmanos da Líbia
deram a Mussolini a "Espada do Islã", enquanto a propaganda
fascista o declarava o "Protetor do Islã".[250]
Eles me ofereceram … esta espada, símbolo de força e justiça … A Itália fascista visa
garantir paz, justiça e bem-estar, respeito pelas leis do Profeta às populações muçulmanas
da Líbia e da Etiópia, além de mostrar sua simpatia pelo Islã e pelos muçulmanos em todo
o mundo.[251]
Em 1930, Mussolini apoiou movimentos políticos na Alemanha que podiam competir contra os nazistas e
eram mais parecidos com o fascismo italiano: o Partido Popular Nacional Alemão, os antigos combatentes
do Stahlhem e alguns grupos Freikorps. Mas a ascensão da hegemonia nazista tornou todos esses esforços
fúteis.[254] Depois que Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha, em 1933, ameaçando os interesses
italianos na Áustria e na bacia do Danúbio, Mussolini propôs o Pacto de Quatro Potências com a Grã-
Bretanha, França e Alemanha como um meio de garantir a segurança internacional,[255] embora tivesse
elogiado a ascensão de Hitler ao poder enquanto tinha dado algum apoio financeiro ao Partido Nacional-
Socialista dos Trabalhadores Alemães (mais conhecido como Partido Nazista) e treinamento aos homens da
SA.[256] Em agosto de 1933, Mussolini emitiu uma garantia da independência austríaca e trocaria "cartas
secretas" com Engelbert Dollfuss, político austríaco que serviu como Chanceler da Áustria, sobre maneiras
de garantir a independência da Áustria em face das reivindicações de Adolf Hitler de unificação com a
Alemanha. Mussolini se encontraria com Hitler em Veneza em junho de 1934, onde falariam sobre a
Áustria. Mussolini diria:[257]
Hitler é simplesmente um tolo confuso. Sua cabeça está cheia de rótulos filosóficos e
políticos totalmente incoerentes. Brincou de bobo, com suas ridículas disputas eleitorais,
para apoderar-se legalmente das rédeas do poder. Ou ele é revolucionário ou não é. Somos
dinâmicos e o Signor Hitler é apenas um tagarela.
A independência da Áustria, pela qual caiu, é um princípio que foi e será defendido pela
Itália com ainda mais vigor.
Mais tarde, ele substituiu na praça principal de Bolzano a estátua de Walther von der Vogelweide, um
trovador germânico, pela de Druso, um general romano que conquistou parte da Alemanha. Dollfuss era o
principal aliado de Mussolini.[259] A tentativa dos nazistas austríacos de tomar o poder falhou. Anos depois,
tendo a Itália como aliada, Hitler anexaria a Áustria.[260] Mussolini promoveria, em 1935, junto com o
Primeiro-Ministro britânico Ramsay MacDonald, a Conferência de Stresa com o objetivo de reafirmar o
Tratado de Locarno e resistir a qualquer tentativa futura da Alemanha de alterar o Tratado de Versalhes.
Este tratado seria quebrado após a invasão da Abissínia pela Itália.[261]
Após o assassinato de Dollfuss, Mussolini rejeitou muito do racialismo e anti-semitismo defendido por
Hitler e, em vez disso, enfatizou a "italianização" das partes do Império Italiano que ele desejava
construir.[262] Ele afirmou que as ideias de eugenia e o conceito racialmente carregado de uma nação ariana
não eram possíveis.[262] Mussolini rejeitou a ideia de uma raça superior como "absurda, estúpida e
idiota".[263] Ao discutir o decreto nazista de que o povo alemão deveria portar um passaporte com afiliação
racial ariana ou judaica marcada nele, em 1934, Mussolini se perguntou como eles designariam a adesão à
"raça germânica":[264]
Mas que raça? Existe uma raça alemã? Ela já existiu? Ela existe? Realidade, mito ou
engano dos teóricos? Bem, respondemos, não existe uma raça germânica…Nós repetimos.
Não existe. Nós não dizemos. Cientistas dizem isso. Hitler diz isso.
Em um discurso proferido em Bari em 1934, Mussolini diria referindo-se aos alemães e à ideologia
nazista:[265][266]
Trinta séculos de história nos permitem olhar com devoção suprema para certas doutrinas
que são pregadas além dos Alpes pelos descendentes dos analfabetos quando Roma teve
César, Virgílio e Augusto.
Mussolini viu a Copa do Mundo de 1934, a ser realizada na Itália, como uma poderosa ferramenta de
propaganda. Na final, os italianos enfrentaram os checoslovacos. Mussolini, na noite anterior ao jogo,
aproximou-se deles dizendo: "se os checos jogarem limpo, jogaremos limpo. Isso é o mais importante, mas
se quiserem jogar sujo, os italianos têm de jogar mais sujo".[267] Na próxima edição da Copa do Mundo,
realizada na França em 1938, Mussolini queria que sua equipe ganhasse para que os rumores de supostas
compras de árbitros fossem descartados. Antes da final, Mussolini enviou um telegrama desejando
felicidades a sua equipe, embora se espalhem rumores de que o telegrama dizia: "Vencer ou morrer".[268] A
seleção italiana venceu o húngaro e o presidente francês, Albert Lebrun, ficou encarregado de entregar a
taça ao capitão Giuseppe Meazza. Ao chegar à Itália, Mussolini entregou aos jogadores de futebol um
prêmio de 8 000 liras.[269]
Inauguraria uma estátua a Simón Bolívar em abril de 1934.[270] Mussolini considerava que Bolívar
"contribuiu com um trabalho verdadeiramente revolucionário e criativo para lançar as bases da América
Latina de hoje" [271] (ver: Fascismo na América do Sul). Em 1935, Mussolini foi nomeado duas vezes ao
Prêmio Nobel da Paz, a primeira nomeação feita pelos professores da Faculdade de Direito da
Universidade de Giessen e a segunda feita por Gilbert Gidel.[272] Em 1936, Mussolini ordenaria a retirada
do pedestal da estátua do imperador romano Nero.[273]
O corporativismo fascista
Para Mussolini, o capitalismo não devia ser confundido com a burguesia, pois o capitalismo era "um modo
de produção específico".[276] Entretanto, para Mussolini, o "espírito burguês" era uma ameaça ao regime
fascista, proclamando o princípio da "revolução contínua" contra esta ameaça.[277] Mussolini expressaria
que o capitalismo passou por diferentes fases, estas fases eram: capitalismo heróico (que se tinha
desenvolvido entre 1830 - 1870), capitalismo estático (1870 - 1914) e supercapitalismo ou capitalismo
decadente.[278] A última etapa do capitalismo, o supercapitalismo, foi caracterizada pela "utopia do
consumo ilimitado", a uniformização dos seres humanos e pela conversão das empresas em fenômeno
social, deixando de ser fenômeno econômico. Naquele momento, as empresas capitalistas "achando-se em
dificuldades, atira-se nos braços do Estado; é o momento em que se torna cada vez mais necessária a
intervenção do Estado".[276] As empresas, portanto, ao apelarem "ao capital de todos" deixam "o seu
carácter privado" e tornam-se "um facto público ou, se quiserem, social".[279] Mussolini pensava no
sistema socialista marxista em termos de supercapitalismo de estado e identificaria quatro tipos de
intervenção estatal: liberal, comunista, norte-americano e fascista.[279] Vendo o New Deal do presidente
dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, Mussolini consideraria aquele programa uma cópia das
políticas econômicas fascistas.[280]
O corporativismo, como pensava Mussolini, foi gradualmente implantado na Itália, especialmente a partir
de 1925. Mussolini considerou que o liberalismo político havia sido superado em 1923 com a criação do
Grande Conselho Fascista,[276] enquanto o liberalismo econômico em 1933. Para ele, o corporativismo
representa uma nova "fase da civilização" após a queda do capitalismo, passando de uma economia
baseada "no lucro individual" para uma centrada no "interesse coletivo", onde um dos seus aspectos seria
alcançar a " justiça social mais elevada".[281] Além disso, Mussolini previu que o corporativismo, diante da
crise geral do capitalismo, era a opção mais viável que outros países poderiam aplicar.[276] Mussolini
iniciou esforços para expandir a doutrina fascista. Em 1933, Mussolini coordenou a criação do Comitati
d'Azione per l'Universalità di Roma (CAUR),[282] onde foi estabelecida a base de uma Internacional
Fascista semelhante à Internacional Comunista.[254]
Quem ainda fala em economia liberal me faz rir, rir ou chorar, ambos ao mesmo tempo.
Mas três quartos da economia industrial e agrícola italiana estão nas mãos do Estado. E se
eu me atrever a introduzir o capitalismo de estado ou o socialismo de estado na Itália, que é
o reverso da medalha, terei as condições subjetivas e objetivas necessárias para fazê-lo.
Em 1935 instituiu controle de preços para tentar combater a inflação. Seu projeto visava transformar o país
auto-suficiente, através de medidas como protecionismo comercial.[287] Os discursos e disposições sobre a
implementação do corporativismo seriam coletados no livro O Estado Corporativo.
Como eu disse em Milão em outubro de 1934, o regime fascista não pretende nacionalizar
ou, pior ainda, tornar funcional toda a economia da nação; só precisa ser controlado e
disciplinado por meio de corporações… as corporações são órgãos do estado, mas não
apenas órgãos burocráticos do estado… Quanto à grande indústria que trabalha direta ou
indiretamente para a defesa da nação e formou seu capital com subscrição de ações, e a
outra indústria que se desenvolveu para se tornar capitalista ou supercapitalista, que levanta
problemas que não são mais de natureza econômica mas social, ela se constituirá em
grandes unidades correspondentes às chamadas indústrias-chave e adquirirá um caráter
especial na órbita do Estado… Essas indústrias - por causa de seu caráter e volume e por
causa de sua importância decisiva para fins de guerra - vão além dos limites da economia
privada para entrar no campo da economia estatal e para-estatal. A produção que fornecem
tem um único comprador: o Estado… O fascismo nunca pensou em reduzir tudo ao mais
alto denominador comum do estado; isto é, ao transformar toda a economia da nação em
um “monopólio estatal”: as corporações regulam e o Estado não o resume senão no setor
que lhe interessa… Nesta economia com aspectos necessariamente variados… os
trabalhadores tornam-se - com igualdade de direitos e deveres - empregados da empresa,
bem como provedores de capital ou gerentes técnicos…
Em setembro de 1937, Mussolini fez uma visita oficial à Alemanha, onde encontrou um longo desfile de
tropas, artilharia e equipamento militar. Essas demonstrações de força foram obviamente convocadas para
impressionar o líder italiano, e funcionou.[256] Em 29 de setembro de 1937, Mussolini anunciou que o
fascismo e o nacional-socialismo tinham muitos pontos em comum: uma rejeição do materialismo histórico
e um compromisso com a eficácia de uma vontade determinada, corajosa e tenaz, e falou das necessidades
de independência econômica e da correspondente preparação militar de ambos os regimes.[292] Em
novembro, Mussolini indicaria que a Itália Fascista não mais obstruiria as tentativas alemãs de anexar a
Áustria ao Reich.[293]
Embora Mussolini inicialmente expressasse sua desaprovação da política racista expressa pelos
nazistas,[256] a partir de 1938, ao mesmo tempo que a aliança com a Alemanha, o regime fascista introduziu
o Manifesto da Raça e promulgou uma série de decretos, todos eles conhecidos como leis raciais fascistas,
que introduziram disposições segregacionistas contra os judeus italianos e os súditos de cor do Império.[294]
Estas foram lidas pela primeira vez em 18 de setembro de 1938 em Trieste por Mussolini da sacada da
Câmara Municipal por ocasião de sua visita à cidade. Mesmo após a introdução das leis raciais fascistas,
Mussolini continuou a fazer declarações contraditórias sobre raça,[146] chegando a declarar em 1938 que
era racista desde 1921. Mussolini, através do uso do trabalho de Julius Evola, tentaria reduzir a distância
ideológica entre o fascismo e o nazismo,[295] pois acreditava que não havia outra escolha senão seguir a
Alemanha no que ele esperava que fosse um conflito de curta duração. A partir de tais circunstâncias, era
essencial reduzir a distância ideológica entre os dois regimes,[296] embora ele não tivesse intenção de
permitir que as teorias raciais nazistas encontrassem um lugar dentro da doutrina fascista.[297] Muitos altos
funcionários do governo disseram aos representantes judeus que o anti-semitismo na Itália fascista acabaria
em breve.[146] Hitler ficou desapontado com a falta de anti-semitismo de Mussolini,[298] assim como
Joseph Goebbels, que afirmou que "Mussolini parece não ter reconhecido a questão judaica". O teórico
racial nazista Alfred Rosenberg criticou a Itália Fascista por sua falta do que ele definiu como um
verdadeiro conceito de 'raça' e 'judaísmo', enquanto o virulentamente racista Julius Streicher, escrevendo
para o jornal não oficial de propaganda nazista Der Stürmer, considerou Mussolini um fantoche judeu e
lacaio.[299] O anti-semitismo era impopular entre os partidários fascistas; uma vez, quando um estudioso
fascista protestou a Mussolini sobre o tratamento dos judeus, Mussolini disse:[300]
Concordo totalmente com você. Não acredito em nada na estúpida teoria anti-semita. Estou
perseguindo minha política inteiramente por razões políticas.
Em 1938, Mussolini começou a reavaliar seu anticlericalismo. Ele às vezes se referia a si mesmo como um
"descrente absoluto", e uma vez disse a seu gabinete que "o Islã talvez fosse uma religião mais eficaz do
que o Cristianismo" e que "o Papado era um tumor maligno no corpo da Itália e precisava ser 'extirpado de
uma vez por todas', porque não havia lugar em Roma para o Papa assim como para ele".[301] Após a
anexação da Áustria à Alemanha, Mussolini pediu ao Papa Pio XI que excomungasse Hitler.[302] Por outro
lado, Mussolini consideraria Josef Stalin um "criptofascista".[280] Mussolini receberia de Stalin as
instruções para as cerimônias do "Dia de Maio".[303]
De 1937 a 1939, Mussolini abertamente encorajou os italianos a promover uma atitude anti-burguesa,[304]
fazendo com que os italianos enviassem caricaturas anti-burguesas para serem publicadas em jornais.[305]
Em 1938, Mussolini intensificou uma campanha de relações públicas contra a burguesia italiana, acusando-
a de preferir o lucro privado à vitória nacional.[306] Mussolini identifica o burguês como inimigo número
um da revolução fascista, concluindo, em um discurso, que o “espírito burguês … deve ser isolado e
destruído”.[307]
Entre 1936 e 1939, Mussolini enviou vários destacamentos para se juntar aos falangistas de Francisco
Franco, a quem considerava um "idiota",[308] durante a Guerra Civil Espanhola e enviou fundos para o
líder árabe Mohammad Amin al-Husayni e seus aliados durante a Revolta Árabe na Palestina contra a Grã-
Bretanha.[309] Mussolini estaria presente no Acordo de Munique, onde seria decidida a transferência dos
territórios da Checoslováquia para a Alemanha. Hitler diria:[310]
Meu bom amigo Benito Mussolini me pediu para atrasar as ordens de marcha do exército
alemão por vinte e quatro horas e eu aceitei. Claro, isso não foi uma concessão, já que a
data da invasão foi marcada para 1º de outubro de 1938.
Um acordo foi alcançado em 29 de setembro e, por volta de 1h30 de 30 de setembro de 1938,[311] Adolf
Hitler, Neville Chamberlain, Benito Mussolini e Édouard Daladier assinaram o Acordo de Munique. Além
de seu italiano nativo, Mussolini falava inglês, francês com sotaque, mas fluente, e alemão questionável
(seu orgulho significava que ele não usava um intérprete alemão). Isso foi notável na Conferência de
Munique, já que nenhum outro líder nacional falava outra coisa senão sua língua materna; Mussolini foi
descrito como efetivamente o "intérprete principal" da Conferência.[312]
Ações pré-guerra
No final dos anos 1930, a obsessão de Mussolini com a demografia o levou a concluir que a Grã-Bretanha
e a França haviam acabado como potências, e que a Alemanha e a Itália estavam destinadas a governar a
Europa, pelo menos por causa de sua força demográfica.[313] Mussolini afirmou sua crença de que o
declínio nas taxas de natalidade na França foi "absolutamente horrível" e que o Império Britânico estava
condenado porque um quarto da população britânica tinha mais de 50 anos.[313] Como tal, Mussolini
acreditava que uma aliança com a Alemanha era preferível um alinhamento com a Grã-Bretanha e a França,
já que era melhor aliar-se aos fortes do que aos fracos.[313] Mussolini via as relações internacionais como
uma luta social darwiniana entre nações "viris" com altas taxas de
natalidade que estavam destinadas a destruir nações "decadentes"
com baixas taxas de natalidade. Mussolini acreditava que a França
era uma nação "fraca e velha" e ele não tinha interesse em uma
aliança com a França.[314]
Em janeiro de 1939, o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain visitou Roma, durante a qual a
visita de Mussolini soube que embora a Grã-Bretanha desejasse melhores relações com a Itália, e estivesse
disposta a fazer concessões, não cortaria todos os laços com a França. para o bem de uma relação anglo-
italiana melhorada.[318] Com isso, Mussolini ficou mais interessado na oferta alemã de uma aliança militar,
que havia sido feita pela primeira vez em maio de 1938.[318] Em fevereiro de 1939, Mussolini fez um
discurso para o Grande Conselho Fascista, durante que proclamava sua crença de que o poder de um
Estado é "proporcional à sua posição marítima" e que a Itália era "prisioneira no Mediterrâneo e quanto
mais populosa e poderosa a Itália se torna, mais sofrerá sua prisão. As grades desta prisão são Córsega,
Tunísia, Malta, Chipre: as sentinelas nesta prisão são Gibraltar e Suez".[319]
Em 21 de março de 1939, durante uma reunião do Grande Conselho Fascista, Italo Balbo acusou Mussolini
de "lamber as botas de Hitler", criticou a política externa pró-alemã do Duce por levar a Itália ao desastre e
observou que a "abertura A Grã-Bretanha" ainda existia e não era inevitável que a Itália tivesse que se aliar
à Alemanha.[320] Em abril de 1939, Mussolini ordenou a invasão italiana da Albânia. A Itália derrotou a
Albânia em apenas cinco dias, forçando o Rei Zog a fugir e estabelecendo um período de Albânia sob a
Itália.
O acordo do Eixo de 1936 com a Alemanha foi reforçado com a assinatura do Pacto de Aço em 22 de maio
de 1939, que uniu a Itália fascista e a Alemanha nazista em uma aliança militar total.[321] Essa aliança, à
qual o Japão se juntaria, levaria o mundo à Segunda Guerra Mundial. Hitler sugeriu a Mussolini que ele
invadisse a Iugoslávia.[322] A oferta era tentadora, embora naquela época uma guerra fosse um desastre
para a Itália devido à sua parca situação de armas. Quando a Segunda Guerra Mundial começou, a Itália
não estava envolvida no conflito.[322] Mussolini pensaria em fazer uma campanha na imprensa "para
explicar aos italianos que o bolchevismo (estava) morto e (tinha) dado lugar a uma espécie de fascismo
eslavo", mas foi dissuadido por Galeazzo Ciano.[322] No entanto, quando os nazistas prenderam 183
professores da Universidade Jaguelônica em Cracóvia, Polônia, em 6 de novembro de 1939, Mussolini
interveio pessoalmente, conseguindo a libertação de 101 poloneses.[323] Em 4 de dezembro de 1939,
Galeazzo Ciano escreveu que:[324]
O Duce acaba de saber de um relatório sobre as atrocidades cometidas pelos nazistas na
Polônia. Ele recomendou que eu encaminhasse as informações contidas naquele relatório
aos jornais aliados. O mundo precisa saber desses fatos.
Guerra declarada
Quando a guerra terminar, na revolução social mundial que seguirá uma distribuição mais
justa das riquezas da terra, será necessário levar em conta os sacrifícios e a disciplina
mantidos pelos trabalhadores italianos. A revolução fascista dará mais um passo decisivo
para encurtar as distâncias sociais.
Mussolini disse ao Conselho de Ministros em 5 de julho que sua única preocupação era que a Alemanha
pudesse derrotar a União Soviética antes que os italianos chegassem.[328] No inverno de 1941, Mussolini
falou de um programa de socialização onde os trabalhadores faziam parte do governo fascista que
considerava realizá-lo depois de vencer a guerra.[329]
Depois do ataque japonês a Pearl Harbor, ele declarou guerra aos Estados Unidos em 11 de dezembro de
1941. Uma evidência sobre a resposta de Mussolini ao ataque a Pearl Harbor vem do diário de seu ministro
das Relações Exteriores, Galeazzo Ciano:[330]
Uma ligação noturna de Ribbentrop. Ele está muito feliz com o ataque japonês aos Estados
Unidos. Ele está tão feliz com isso que estou feliz com ele, embora não tenha certeza dos
benefícios finais do que aconteceu. Uma coisa agora é certa, que os Estados Unidos
entrarão no conflito e que o conflito será tão longo que ele será capaz de realizar todas as
suas forças potenciais. Esta manhã eu disse ao Rei que ficou satisfeito com o evento. Ele
acabou admitindo que, no longo prazo, pode estar certo. Mussolini também estava feliz.
Há muito que favorece um esclarecimento definitivo das relações EUA-Eixo.
Mussolini iria lutar contra os Aliados e, após várias e quase consecutivas derrotas, apesar do apoio militar
alemão e sobretudo depois do desembarque aliado na Sicília, caiu em desgraça, embora nessa fase ele
estivesse considerando realizar a socialização da economia.[331] Estava ciente de que a Itália não estava
preparada para uma longa guerra, mas escolheu permanecer no conflito a fim de não abandonar os
territórios ocupados e as ambições imperialistas fascistas.[322]
Mussolini se encontraria com o embaixador japonês, Shinrokurō Hidaka, que havia esperado três semanas
por uma audiência de cortesia. Hidaka ouviu Mussolini solicitar que o primeiro-ministro japonês, general
Hideki Tōjō, contatasse Hitler e o convencesse a chegar a um acordo com Stalin,[332] caso contrário, a
Itália seria vista saindo da aliança. Mussolini seria derrubado e preso em 25 de julho de 1943, sendo
substituído por Pietro Badoglio.[333] Naquela época, o descontentamento com Mussolini era tão intenso
que, quando a notícia de sua queda foi anunciada no rádio, não houve resistência de qualquer espécie. As
pessoas se alegraram porque acreditavam que o fim de Mussolini também significava o fim da guerra.[334]
Depois da queda do poder em 1943, Mussolini começou a falar "mais sobre Deus e as obrigações da
consciência", embora "ainda tivesse pouco uso dos sacerdotes e dos sacramentos da Igreja".[335] Ele
também começou a traçar paralelos entre ele e Jesus Cristo.[335] A viúva de Mussolini, Rachele, afirmou
que seu marido permaneceu "basicamente irreligioso até os últimos anos de sua vida".[1]
Foi libertado pelos pára-quedistas SS alemães do hotel/prisão no Gran Sasso em 12 de setembro de 1943
em ação de resgate chamada de Operação Carvalho liderada por Otto Skorzeny, conhecida como
Operação Eiche (Carvalho).[336] O resgate salvou Mussolini de ser entregue aos Aliados de acordo com o
armistício.[337]
O Estado que queremos estabelecer será nacional e social no sentido mais amplo da
palavra: isto é, será fascista no sentido de nossas origens. Enquanto esperamos que o
movimento se desenvolva até que se torne irresistível, nossos postulados são os seguintes:
1. Pegar em armas com a Alemanha, Japão e outros aliados: só o sangue pode apagar uma
página tão vergonhosa da história do país;
3. Eliminar os traidores e em particular aqueles que, até às 21h30 do dia 25 de julho, foram
militantes, por vezes durante vários anos, nas fileiras do partido e passaram para as fileiras
do inimigo;
A República Social Italiana (RSI) foi proclamada em 23 de setembro, com Mussolini como chefe de estado
e primeiro-ministro.[343][344] O RSI reivindicou Roma como sua capital, mas a capital de fato tornou-se a
pequena cidade de Salò no Lago Garda, a meio caminho entre Milão e Veneza, onde Mussolini residia.[345]
No dia 27 de outubro, Mussolini anunciou "a preparação da Grande Assembleia Constituinte, que lançará
as bases sólidas da República Social Italiana". Mussolini, junto com Nicola Bombacci e outros apoiadores,
com base nas ideias de Ugo Spirito,[346] Ivanovyč Nestor Machno, no socialismo fabiano e no
distribucionismo geseliano, prepararia o Manifesto de Verona que foi aprovado em 14 de novembro de
1943. O preâmbulo indica a "continuação da guerra junto com a Alemanha e o Japão até a vitória
final".[347] O Manifesto de Verona declarou os que pertenciam à "raça hebraica" como estrangeiros e,
durante a guerra, como inimigos, também foi estabelecido que:[348]
Além de:
E:
- Dentro da economia nacional, tudo o que, pelas suas dimensões ou funções, ultrapasse os
limites particulares para entrar na esfera do interesse nacional, recai na intervenção do
Estado. Os serviços públicos e, consequentemente, a produção de guerra, devem ser
administrados pelo Estado por meio de entidades paraestatais.
Mussolini concebeu a República Social Italiana como uma "Itália sem Mussolini" que "a restauração
monárquica e capitalista" não poderia reverter devido ao processo de socialização da economia que
pretendia legar "uma economia socializada à Itália do pós-guerra".[349] Mussolini afirmou que nunca
abandonou suas influências socialistas e que nos anos 1939-1940 planejou a nacionalização da propriedade
privada e que a guerra o induziu a adiá-la.[350] O processo de socialização seria visto com preocupação
pelos industriais,[351] tanto italianos quanto alemães, e considerado uma farsa por parte dos
trabalhadores.[352] A implementação total do processo de socialização estava prevista para 25 de abril de
1945, porém, após derrotar o fascismo, os membros do Comitê de Libertação Nacional cancelariam o
projeto,[353] embora cerca de 6000 empresas já tenham sido socializadas,[354] como a FIAT.[355]
A República Social Italiana se tornaria um protetorado da Alemanha nazista. A caça aos judeus começaria
em território italiano, sendo recompensada com dinheiro.[356] Até setembro de 1943, a Alemanha não fez
nenhuma tentativa séria de forçar Mussolini e a Itália Fascista a entregar os judeus italianos. No entanto,
eles ficaram irritados com a recusa da Itália em prender e deportar sua população judaica, sentindo que isso
encorajava outros países aliados às potências do Eixo a recusarem também. Em dezembro de 1943,
Mussolini fez uma confissão ao jornalista e político Bruno Spampanato, indicando que lamentava o
"Manifesto da Raça":[357]
O Manifesto Racial poderia ter sido evitado. Foi a abstrusão científica de alguns
professores e jornalistas, um ensaio alemão meticuloso traduzido para o italiano ruim. Está
longe do que eu disse, escrevi e assinei sobre o assunto. Sugiro que consulte as edições
antigas do Il Popolo d'Italia. Por esse motivo, estou longe de aceitar o mito de Rosenberg
Mussolini se opôs a qualquer redução territorial do estado italiano e disse a seus associados:[358]
Não estou aqui para abrir mão de nem mesmo um metro quadrado de território estadual.
Voltaremos à guerra por isso. E vamos nos rebelar contra qualquer um por isso. Onde a
bandeira italiana estava hasteada, a bandeira italiana retornará. E onde não foi baixado,
agora que estou aqui, ninguém vai baixá-lo. Eu disse essas coisas ao Führer.
Em uma reunião realizada em 1º de abril, Mussolini diria a Ottavio Dinale que, em uma de suas reuniões
com Hitler, Hitler lhe confessou que havia lido Nietzsche e Schopenhauer, além de ter lido em
profundidade livros de escritores ocultistas. Hitler tentaria fazê-lo acreditar que estava mística e
cientificamente "convencido de que estava possuído não por um demônio, mas por um espírito de mitologia
ariana pré-histórica".[362] Para Mussolini, Hitler havia aprendido com as ciências ocultas como enganar seu
povo e o mundo, e compreendeu "a sensação estranha e inexplicável que seus discursos sempre me davam,
que se caracterizavam por um tom profético que não podia deixar de surpreender seus ouvintes".[362]
Mussolini estava convencido de que as afirmações rituais e o discurso simbólico serviam um propósito útil
na promoção de fins políticos,[363] uma vez que, anteriormente, tinha declarado que "se por 'misticismo' se
entende a capacidade de apreender verdades independentemente da inteligência, eu seria o primeiro a
declarar a minha oposição".[364] Em uma reunião posterior, Mussolini explicaria a Dinale que acreditava
que os Estados Unidos não interviriam na guerra porque ele havia acreditado na promessa do presidente
Roosevelt às mães americanas de que seus filhos não seriam sacrificados em batalha.[362]
Em 21 de abril, Hitler convoca Mussolini para uma reunião. Mussolini, que estava deprimido e cansado do
curso que a guerra havia tomado, assiste. Na reunião, Hitler diz a Mussolini que cientistas alemães estão
preparando armas que mudarão o cenário da guerra. Quando Mussolini pediu a Hitler que lhe desse mais
detalhes, Hitler lhe disse para ter confiança no que seus homens estavam preparando. Então Mussolini,
ansioso para saber sobre o que eram essas "armas secretas", convocou o jornalista Luigi Romersa para
conduzir uma investigação.[212] Ao mesmo tempo, Mussolini começaria a falar de uma "arma secreta"
italiana conhecida como o "raio da morte" que Guglielmo Marconi, o inventor do rádio, havia inventado
nos anos 30. Em outubro de 1944, Mussolini receberia o relatório de Romersa, e desse relatório, em
dezembro de 1944, ele declarou a existência de armas secretas que iriam restabelecer "o equilíbrio de
poder" perdido nos últimos meses.[365]
Quando ocorreu o atentado de 20 de julho a Hitler, Mussolini, momentos antes, estava viajando em seu
trem. O trem de Mussolini havia parado nos trilhos antes de entrar na floresta porque temia-se um ataque
aéreo. Alguns conspiradores abordaram Mussolini dizendo que Hitler os estava enviando. Porém,
Mussolini disse-lhes "quando tenho um plano acabo-o, não o mudo pela metade" e recusou-se a segui-los.
Os conspiradores queriam que Mussolini estivesse lá quando a bomba explodisse.[212] Horas depois,
Mussolini se reuniria com Hitler.[366] Mussolini e Hitler se encontraram 17 vezes entre 1934 e 1944.[367]
As reuniões consistiram em longos monólogos de Hitler com Mussolini incapaz de se expressar
adequadamente. Em uma reunião em 1942, Hitler falou por uma hora e 40 minutos enquanto Mussolini
olhava para o relógio e o general Alfred Jodl adormecia.[256] Segundo Romersa, apesar de Hitler professar
uma amizade sincera com Mussolini, Mussolini não retribuiu com a mesma intensidade.[212]
Em uma entrevista de janeiro de 1945 por Madeleine Mollier, alguns meses antes de ser capturado e
executado por antifascistas italianos, ele afirmou enfaticamente: "Há sete anos eu era uma pessoa
interessante. Agora, sou pouco mais que um cadáver". Ele continuou:[361]
Sim senhora, terminei. Minha estrela caiu. Eu não tenho mais luta. Trabalho e tento, mas
sei que tudo não passa de uma farsa … Espero o fim da tragédia e, estranhamente
desligada de tudo, não me sinto mais ator. Sinto que sou o último dos espectadores.
Morte
O seu corpo e o de Clara Petacci ficaram expostos à execração pública, pendurados pelos pés, na Piazza
Loreto em Milão. Quando as autoridades norte-americanas chegaram, os corpos foram baixados e
entregues no necrotério.[369] Uma autópsia foi realizada no Instituto de Medicina Legal de Milão. O
cérebro de Mussolini foi amostrado e enviado aos Estados Unidos para análise. A intenção era testar a
hipótese de que a sífilis havia causado sua "loucura", mas nada veio da análise e nenhuma evidência de
sífilis foi encontrada em seu corpo.[367]
Ninguém que seja um verdadeiro italiano, seja qual for sua fé política, se desesperará no
futuro. Os recursos do nosso povo são imensos… Depois da derrota, eles me cobrirão
furiosamente com saliva, mas depois serei purificado com veneração. Então sorrirei,
porque meu povo estará em paz consigo mesmo… Os trabalhadores são infinitamente
superiores a todos os falsos profetas que afirmam representá-los… Por isso fui e sou
socialista! A alegação de inconsistência é infundada. Minha conduta sempre foi correta no
sentido de olhar a substância das coisas e não a forma… Como a evolução da sociedade
refutou muitas das profecias de Marx, o verdadeiro socialismo retrocedeu do possível para
o provável… O único socialismo que pode ser implementado socialisticamente é o
corporativismo, ponto de confluência, equilíbrio e justiça de interesses em relação ao
interesse coletivo… Vinte anos de fascismo, ninguém será capaz de apagá-los da história
da Itália. Não tenho ilusões sobre meu destino. Eles não vão me julgar, porque sabem que
se fosse acusado eu me tornaria um acusador público. Eles provavelmente vão me matar e
depois dizer que cometi suicídio por remorso. Aqueles que temem a morte nunca viveram,
e eu vivi muito. A vida é apenas uma seção de conjunção entre duas eternidades: o passado
e o futuro. Enquanto minha estrela brilhasse, eu era o suficiente para todos; Agora que
acabou, nem tudo seria o suficiente para mim. Irei para onde o destino me quiser, porque
fiz o que o destino mandou…
As últimas horas de vida de Mussolini foram vasculhadas por um tribunal do júri de Pádua, em maio de
1957. Mas o processo não esclareceu as circunstâncias da morte. Até hoje não se sabe, de fato, quem
disparou os tiros mortais. Michele Moretti, último sobrevivente do grupo de antifascistas que matou o
ditador, morreu em 1995, aos 86 anos em Como (norte da Itália). Moretti, que na época da guerrilha usava
o codinome "Pietro", levou para o túmulo o segredo sobre quem realmente disparou contra Mussolini e sua
amante. Alguns historiadores italianos afirmam que o próprio Moretti matou os dois. Para outros, o autor
dos disparos, feitos com a metralhadora de "Pietro", foi outro partigiano, chamado Walter Audisio. O
pesquisador Renzo de Felice suspeita que o serviço secreto britânico tenha tramado a captura junto com os
partigiani.[374] Afirma-se que a unidade de operações secretas da Grã-Bretanha na época, o Special
Operations Executive (SOE), foi responsável pela morte de Mussolini para encobrir e recuperar
correspondências comprometedoras entre Mussolini e Winston Churchill. Esta teoria gerou controvérsia.
Em 1994, Bruno Lonati, um ex-partigiano, publicou um livro no qual afirmava ter atirado em Mussolini e
que estava acompanhado por um oficial do exército britânico chamado "John".[375][376] O jornalista Peter
Trompkins alegou que "John" era o agente Robert Maccarrone. Lonati diria que:[377]
Petacci estava sentada na cama e Mussolini estava em pé. John me levou para fora e disse
que suas ordens eram para eliminar ambos, porque Petacci conhecia muitas coisas. Eu
disse que não conseguiria atirar em Petacci, então John disse que o faria. Ele foi bastante
claro de que Mussolini tinha que ser executado por um italiano.
Decendentes
Sobreviveram a Mussolini: sua esposa, Rachele Mussolini, dois
filhos, Vittorio e Romano Mussolini, e as filhas Edda, a viúva do
Conde Ciano, e Anna Maria. Um terceiro filho, Bruno, faleceu em
um acidente aéreo enquanto voava em um bombardeiro P108 em
uma missão de teste, em 7 de agosto de 1941.[378] Seu filho mais
velho, Benito Albino Mussolini, de seu casamento com Ida Dalser,
recebeu ordens para que parasse de declarar que Mussolini era seu
pai e em 1935 foi internado à força em um asilo, em Milão, onde
foi assassinado em 26 de agosto de 1942, após repetidos coma
Mussolini com sua familia
induzidos por injeções.[48] A irmã da atriz Sophia Loren, Anna
Maria Scicolone, foi casada com Romano Mussolini, filho de
Mussolini. A neta de Mussolini, Alessandra Mussolini, era membro do Parlamento Europeu pelo partido
Alternativa Sociale e membro da Câmara dos Deputados pelo partido O Povo da Liberdade. Alessandra
Mussolini, em dezembro de 2020, deixou a política.[379]
Ver também
Partido Comunista Italiano Avanti! (jornal)
A doutrina do fascismo
Rachele Guidi Utopia (revista)
Fascismo
Ida Dalser Il Popolo d'Italia
Giovanni Gentile
Alberto De Stefani Grande Itália
Ugo Spirito
Giuseppe Volpi Ines Donati
Oswald Spengler
Carta de Carnaro Squadrismo
Nicola Bombacci
Carta do Trabalho Marcha sobre Roma
Jane Soames
Carta de Verona Itália Fascista
Clara Petacci
Programa de San República Social Italiana
Margherita Sarfatti Sepolcro Queda do fascismo
Engelbert Dollfuss Manifesto Fascista Socialização (economia)
Luigi Sturzo Manifesto da Raça Corporação proprietária
Partido Socialista Italiano
Prussianismo e Pacificação da Líbia
Partido Revolucionário Socialismo
Fascista Batalhas econômicas
Colaboração de classes italianas
Partido Nacional Fascista
Corporativismo Operação Carvalho
Partido Republicano
Coluna Capitolina Morte de Benito Mussolini
Fascista
Colosso de Nero
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Ligações externas
Discursos da Revolução (http://www.nazi-lauck-nsdapao.com/por-mussolini-01.zip)
«Homem e Divindade: Deus Não Existe» (https://web.archive.org/web/20191111030625/htt
ps://fascismoblog.wordpress.com/2016/07/24/deus-nao-existe/)
«O Estado Corporativo» (https://web.archive.org/web/20200221002107/http://www.ebooksbr
asil.org/eLibris/corporativo.html)
Minha Autobiografia
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