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CHURCHILL
E
TRÊS AMERICANOS EM LONDRES
Tradução
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida
— por qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc. — nem
apropriada ou estocada em sistema de banco de dados sem a expressa autorização da editora.
Texto xado conforme as regras do novo Acordo Ortográ co da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)
Editor responsável: Carla Fortino Assistente editorial: Sarah Czapski Simoni Tradução: Joubert de Oliveira Brízida Revisão: Ana Maria
Barbosa Capa: Rafael Nobre / Babilonia Cultura Editorial Foto da capa: Roger Viollet / Getty Images
4ª capa: Library of Congress, Prints and Photographs Division [LC-USZ62-111193]
1ª edição, 2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Olson, Lynne
Churchill e três americanos em Londres / Lynne Olson; tradução Joubert de Oliveira Brízida. — São Paulo : Globo, 2013
1. Churchill, Winston, 1874-1965 2. Estados Unidos — Relações internacionais — Grã-Bretanha 3. Estados Unidos — Relações
militares — Grã-Bretanha 4. Grã-Bretanha — Relações internacionais — Estados Unidos 5. Grã-Bretanha — Relações militares — Estados
Unidos 6. Guerra Mundial, 1939-1945 — Estados Unidos 7. Guerra Mundial, 1939-1945 — Grã-Bretanha — História diplomática 9.
Harriman, W. Averell, 1891-1986 10. Murrow, Edward, R., 1908-1965 11. Winant, John G., 1889-1947
13-01208 CDD: 940.54012
Índices para catálogo sistemático: 1.. Estados Unidos e Grã-Bretanha : Relações internacionais : Guerra Mundial, 1939-1945 : História
diplomática 940.54012
2..Grã-Bretanha e Estados Unidos : Relações internacionais : Guerra Mundial, 1939-1945 : História diplomática 940.54012
Direitos de edição em língua portuguesa
adquiridos por Editora Globo S.A
Av. Jaguaré, 1485 – 05346-902 – São Paulo, SP
www.globolivros.com.br
Dedicado a Stan e Carly, com amor.
Epígrafes
Nos anos vindouros, os homens falarão sobre esta guerra e dirão, “Eu fui
soldado,” “Eu fui marinheiro,” ou “Eu fui aviador.” Outros dirão com
igual orgulho: “Eu fui um cidadão de Londres.”
Eric Sevareid, outubro de 1940
Não há outro lugar em que eu quisesse estar agora que não na Inglaterra.
John Gilbert Winant, março de 1941
Se estivermos juntos, nada é impossível.
Se estivermos divididos, tudo falhará.
Winston Churchill, setembro de 1943
Foi uma guerra terrível, mas se você tivesse a idade adequada e estivesse
no lugar certo... foi espetacular.
Pamela Churchill Harriman
Sumário
Capa
Folha de Rosto
Créditos
Dedicatória
Epígrafes
Agradecimentos
Prólogo
1. Não há outro lugar em que eu quisesse estar agora
2. Você é o melhor repórter da Europa
3. A oportunidade de toda uma vida
4. Ele ganha con ança conosco ao redor
5. Membros da família
6. Mr Harriman goza de toda a minha con ança
7. Quero entrar nela com vocês – desde o começo
8. Pearl Harbor atacada?
9. Criando a aliança
10. Um inglês falou em Grosvenor Square
11. Ele nunca nos abandonará
12. Combatemos os názis ou dormimos com eles?
13. Os aliados esquecidos
14. Um manto de privilégios
15. Piloto de caça – ontem, hoje e sempre
16. Cruzar o oceano não faz de ninguém um herói
17. Vocês nos verão alinhados com os russos
18. Será que o diabo dessa coisa vai funcionar?
19. Crise na aliança
20. Finis
21. Sempre me sentirei um londrino
22. Sem ele, todos perdemos um amigo
Caderno de Fotos
Notas
Bibliogra a
Índice
Agradecimentos
Minhas primeiras expressões de agradecimento têm de ir para o
falecido Edward R. Murrow porque, não fosse ele, eu não teria escrito este livro,
nem os dois precedentes. Todos os três tratam, de maneiras diversas, da
Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial. É um assunto que me fascinou
desde que meu marido, Stan Cloud, e eu começamos nossa pesquisa para The
Murrow Boys, um livro que escrevemos há mais de uma década sobre Murrow e
os correspondentes que ele contratou para criar a CBS Notícias. Os oito anos
que Murrow passou na Inglaterra, a maioria deles durante a guerra, foram os
mais grati cantes de sua vida. Suas brilhantes reportagens sobre o país e seu povo
não apenas granjearam-lhe reputação internacional como também zeram dele
um protagonista-chave na formatação e sustentação da aliança de tempo de
guerra com a Inglaterra.
Portanto, quando decidi escrever um livro sobre essa aliança e sobre os
homens que a forjaram e mantiveram viva, nada mais natural que selecionasse
Murrow como um dos três principais personagens da história. As dezenas de
entrevistas que Stan e eu tivemos com Janet, a viúva de Murrow; os rapazes de
Murrow sobreviventes; e tantos outros que trabalharam cerradamente com ele,
acrescentaram muita coisa para este volume. Também contribuiu a pesquisa
adicional que z nos documentos de Edward R. Murrow e Janet Brewster
Murrow existentes no Mount Holyoke College – uma coleção que inclui novo
conjunto de cartas e diários dos Murrows, oferecido à faculdade pelo lho Casey.
Eu gostaria de agradecer a Patricia Albright, bibliotecária responsável pelos
arquivos do Mount Holyoke, pela generosa ajuda.
Agradeço também à Divisão de Manuscritos da Biblioteca do Congresso,
cujo edifício guarda os documentos de Averell e Pamela Harriman. Tenho
especial débito de gratidão com o Dr. John E. Haynes, especialista da biblioteca
em políticas e governos do século XX, por proporcionar-me acesso aos
documentos de Pamela Harriman, agora em processo de abertura para os
pesquisadores, os quais lançaram nova luz sobre o relacionamento dela com
Harriman e Murrow. De particular interesse são as transcrições de uma série de
longas, francas e provocadoras entrevistas que ela deu ao seu biógrafo,
Christopher Ogden. Sou grata a Chris e a Rudy Abramson, biógrafo de
Harriman, por seus perspicazes comentários sobre os dois Harrimans.
Pesquisar a vida de John Gilbert Winant, o terceiro personagem importante
do livro, foi um prazer e um desa o especial. Esse tímido ex-embaixador e
governador de New Hampshire é, em grande parte, gura desconhecida nos
Estados Unidos de hoje; um dos objetivos principais do livro foi mostrar quão
importante foi seu trabalho para o sucesso da parceria anglo-americana. O par de
semanas que passei nos arquivo da Biblioteca Franklin D. Roosevelt, fazendo
pesquisa nos documentos de Winant, foi imensamente profícuo, em boa parte
por causa do conhecimento enciclopédico e da irrestrita ajuda de Bob Clark,
arquivista-chefe da biblioteca, e de sua equipe.
Também apreciei a gentileza e generosidade de William Gardner, secretário
de estado de New Hampshire, que gastou considerável tempo de sua apertada
agenda para rastrear fontes que conheciam Winant ou possuíam informações
sobre ele. Bill Gardner, que sabe melhor a história de New Hampshire do que
qualquer outra pessoa que jamais conheci, passou um dia inteiro do outono de
2008 apresentando-me vasta variedade de fontes e levando-me para um giro por
Concord, capital do estado, enquanto me dava sua própria avaliação de Winant e
de sua complexa personalidade. Através de Bill, fui apresentada Dean Dexter,
um ex-legislador de New Hampshire e devotado amigo de Winant, que me
presenteou com a gravação de reveladoras entrevistas que fez com Abbie Rollins
Caverly, outrora assistente de Winant. A Bill, Dean, Bert Whittemore e outros
em New Hampshire, que me ajudaram a melhor conhecer Winant, meus
agradecimentos. Sou igualmente grata a Rivington Winant por partilhar comigo
as lembranças de seu pai e pela afável hospitalidade que ele e a esposa, Joan, me
proporcionaram em Manhattan e Oyster Bay, em Nova York.
Muito obrigada também a Edwina Sandys, Ru Rauch, John Mather, Phyllis
Bennett, Ray Belles, Larry DeWitt, Nancy Altman, Susanne Belovari, Paul
Medlicott, Kirstin Downey, ao reverendo W. Jameson Parker e a Pat e Cassie
Furgurson.
Trabalhar neste livro foi uma experiência feliz, graças em grande parte ao
fato de ter Susanna Porter como minha editora. O entusiasmo de Susanna pelo
livro, seu apoio e encorajamento o tempo todo, e sua e ciente e perceptiva edição
foram o clímax de uma colaboração maravilhosa. Gail Ross, minha agente e
amiga de longa data, é um fenômeno na sua capacidade de casar autores com os
editores certos; ela demonstrou de novo por que é uma das melhores no ofício.
Meus mais profundos agradecimento e apreço a minha lha, Carly, e a meu
marido, Stan, que é o melhor editor e escritor que conheço. Devo-lhe mais do que
posso expressar.
Prólogo
Numa noite gelada do início de 1947, um americano alto,
À
À medida que a situação inglesa se agravava, o preço da assistência
americana se tornava mais oneroso. Desde novembro de 1939, quando Roosevelt
persuadira um Congresso relutante a emendar a Lei da Neutralidade, que bania
vendas de armas dos EUA para países em guerra, fora permitido à Inglaterra
adquirir armas e equipamentos americanos. Porém, segundo os termos da
emenda, o material tinha de ser pago em dólares à vista, e os compradores
deveriam transportar as compras em seus próprios navios.
No ano que se seguiu, pesadas aquisições de armamento haviam drenado a
maior parte dos dólares e das reservas de ouro da Inglaterra. Para continuar com
os embarques de material, o Tesouro inglês foi forçado a pedir emprestado ouro
das reservas do governo belga no exílio em Londres. Tão séria se tornou a
situação do ouro que o ministro das Finanças sugeriu ao Gabinete que
considerasse a requisição de anéis de casamentos e outras joias daquele metal
precioso da população inglesa. Churchill aconselhou o adiamento da medida.
Essa ideia radical, disse ele, só deveria ser adotada “se quisermos [13] assumir
algum ato extremo para envergonhar os americanos.”
O primeiro-ministro e outros funcionários ingleses alertaram repetidas vezes
ao governo Roosevelt que o país estava cando sem dólares, mas a administração
dos EUA recusava-se a acreditar. O Presidente, o secretário do Tesouro Henry
Morgenthau e o secretário de Estado Cordell Hull estavam convencidos de que
as riquezas do Império Britânico eram praticamente ilimitadas. Se os ingleses
precisassem de mais dinheiro, poderiam simplesmente liquidar alguns de seus
investimentos nas Américas do Norte e do Sul. Morgenthau em especial
pressionou os ingleses a vender a investidores americanos algumas valiosas
empresas como a Shell Oil, a American Viscose, a Lever Brothers e a Pneus
Dunlop. Quando o governo britânico protestou que tais vendas
(presumivelmente a preços de liquidação) seriam um desastre para a economia de
pós-guerra do país, Morgenthau retrucou que não era tempo para preocupações
dessa natureza.
Tendo contado com muitos aliados em sua longa e colorida história, a
Inglaterra fora bastante hábil em usá-los em prol de seus próprios objetivos e
interesses. Agora, no entanto, a poderosa potência imperial se via forçada a
submeter-se a uma ex-colônia, que havia se transformado em seu mais formidável
concorrente comercial. A humilhação se tornava mais amarga porque os ingleses
percebiam a determinação americana em tirar proveito econômico de seus
infortúnios.
O governo dos EUA não ofereceu desculpa alguma. Para que os ingleses
recebessem qualquer auxílio, Roosevelt e seus assessores acreditavam, o povo
americano precisava estar convencido que seu próprio país estava levando
vantagem em toda negociação. “Buscamos evitar todos os riscos, todos os perigos,
mas queremos a garantia de todos os lucros,” disse o senador isolacionista
William Borah.
O governo sentiu-se obrigado a assegurar ao povo americano que não
permitiria que os ardilosos e maquinadores ingleses atraíssem os Estados Unidos
para outra guerra europeia. Na verdade, Roosevelt partilhava dessa opinião sobre
os ingleses, tendo declarado certa vez a um auxiliar: “Quando se senta em torno
de uma mesa com um inglês, ele normalmente consegue 80 por cento da
negociação e ca-se com o que sobrar.” A imagem que o governo fazia de si
próprio de esperto negociador ianque provocou uma resposta emocional em larga
parcela da população. Quando Herbert Agar, editor do Louisville Courier-
Journal, vencedor do Prêmio Pulitzer e contumaz intervencionista, disse a seus
colegas de redação que a América estava conseguindo da Inglaterra “bem mais
[14] do que merecia,” cou consternado ao notar os companheiros “se mostrarem
felizes em vez de preocupados.”
Assim, enquanto o mundo se deparava com a maior crise de sua
história, suas duas mais poderosas democracias, ligadas por língua e legado
comuns, e por delidade à liberdade individual, estavam divididas por um
preconceito e uma falta de entendimento que se ampliaram para um cisma desde
a quase-aliança da Primeira Guerra Mundial. Seus famosos e egocêntricos
líderes, enquanto isso, suspeitavam um do outro ao ponto do antagonismo.
Winston Churchill e Franklin Roosevelt haviam se visto pela primeira vez
num jantar o cial em Londres, quando a Grande Guerra caminhava para o m.
Então secretário-adjunto da Marinha, Roosevelt, com trinta e seis anos, integrava
uma comissão na capital inglesa num giro de avaliação da situação europeia.
Embora charmoso e bem-humorado, ele não chamava muita atenção naquele
estágio inicial de sua carreira governamental. Para um de seus colegas em
Washington, “Roosevelt era atraente e amistoso, mas não um peso-pesado.” De
acordo com o ex-secretário da Guerra Henry Stimson (que, mais de trinta anos
depois, seria nomeado para a mesma função no gabinete de Roosevelt), ele era
“um moço inexperiente e irreverente.” Imperturbável com críticas dessa
natureza, Roosevelt sempre procurou ser “a alegria da festa” e “jamais cedeu de
bom grado os holofotes para ninguém.”
Porém, na noite de 29 de julho de 1918, os holofotes no jantar do Gray's Inn
se dirigiram para um homem também acostumado a ser o centro das atenções e
cujo ego era, antes de mais nada, ainda maior que o de Roosevelt. Aos quarenta e
três anos, Winston Churchill já desempenhara cinco funções de destaque no
Gabinete inglês no curso de seus agitados dezoito anos de carreira parlamentar.
Então ministro do Material Bélico, ele estava preocupado naquela noite com
uma série de greves nas fábricas que ameaçavam interromper o esforço de guerra
inglês. Churchill não teve interesse algum por — ou tempo para — um arrogante
rapaz funcionário americano chamado Franklin Roosevelt — e, aparentemente,
deixou o fato por demais evidente.
Passados vinte anos daquele jantar, FDR ainda não tinha engolido o que
considerava uma descortesia de Churchill. “Sempre desgostei [15] dele, desde o
tempo em que fui à Inglaterra em 1918,” disse o Presidente a Joseph Kennedy,
em 1939. “Ele agiu como um pedante no jantar a que compareci, comportando-
se como um lord, acima de todos nós.” Nos anos posteriores, Churchill não era
capaz de se lembrar do encontro com Roosevelt, o que irritava a este ainda mais.
Quando Churchill tentou agendar uma reunião com FDR durante uma
viagem à América em 1929, o recém-eleito governador de Nova York esnobou-o.
Ao longo dos anos 1930, Roosevelt, como muitos na terra natal de Churchill, o
considerava um victoriano idoso e ultrapassado. Ao irromper a Segunda Guerra
Mundial e o Presidente começar uma correspondência com Churchill, que fora
alçado de morto político ao cargo de Primeiro Lord do Almirantado, FDR disse a
Kennedy que só o zera porque “há uma forte possibilidade de ele se tornar
primeiro-ministro, e quero marcar posição desde já.”
Quando Churchill, de fato, assumiu o cargo, Kennedy, que o detestava,
reforçou a já desfavorável impressão de Roosevelt com seguidas a rmações de
que o primeiro-ministro era antiamericano e contra FDR. Outra suposição de
Kennedy — que Churchill tentava atrair os Estados Unidos para a guerra
somente para preservar o Império Britânico — revigorou a antiga suspeita do
Presidente quanto ao imperialismo inglês. Para Roosevelt, o embaixador
descreveu Churchill como um homem “sempre bebericando de uma garrafa de
uísque,” ponto de vista também compartido pelo subsecretário de Estado Sumner
Welles, que tachava Churchill de “beberrão crônico” e “homem de terceira ou
quarta categoria.” Roosevelt, aparentemente, aceitava essa visão de Churchill
como uma pessoa seriamente apegada à bebida; quando informado de sua
ascensão ao nº 10 de Downing Street, o Presidente pilheriou que “supunha ser
Churchill o melhor homem de que a Inglaterra dispunha, embora estivesse
bêbado a metade do tempo.”
De sua parte, Churchill esgotou a paciência com o que considerava repetidas
tentativas de Roosevelt e da América de tirar vantagem da situação
desesperadora em que se encontrava a Inglaterra, apropriando-se de seus
recursos nanceiros e militares. “Não camos com coisa alguma dos Estados
Unidos que não tenhamos pago,” disse ele, indignado, ao seu secretário do
Exterior, Lord Halifax, em dezembro de 1940, “e aquilo com que camos não
teve papel essencial em nossa resistência.”
Ele ainda remoia uma sugestão anterior de FDR para que a Inglaterra
concordasse em enviar sua Marinha para o Canadá na eventualidade de uma
invasão alemã. Pouco depois de o primeiro-ministro receber essa proposta, um
auxiliar o encontrou “arqueado numa atitude [16] de raiva tensa, como uma fera
acuada pronta para dar o bote.” Na sua resposta “a esses malditos ianques,”
Churchill insistiu em dizer que “nunca concordaria com o menor compromisso
de nossa liberdade de ação e não toleraria um anúncio derrotista desses.”
Como tinha feito muitas vezes antes, e frequentemente o faria no futuro,
Lord Halifax convenceu Churchill a moderar o linguajar do cabograma.
Segundo Halifax e o Foreign O ce, a Inglaterra não tinha alternativa senão ser
generosa com a América nas negociações em curso para ajuda. Churchill, que
discordava veementemente, queria negociação dura. Ele queria diminuir o
número de bases inglesas em troca dos contratorpedeiros americanos e se opunha
à proposta de compartilhar tecnologias avançadas militar e industrial com a
América, declarando: “Não estou com pressa de passar nossos segredos até que
os EUA estejam bem mais perto da guerra do que agora.” Entretanto, capitulou
nos dois aspectos. Além das bases, a Inglaterra repassou aos militares dos Estados
Unidos dados de projetos de foguetes, de aparelhos de pontaria para a artilharia e
dos novos motores Merlin; planos embrionários para o motor a jato e a bomba
atômica; e protótipos de um sistema-radar su cientemente pequeno para ser
montado em aviões. Diversos desses avanços desempenhariam papel crucial no
esforço futuro dos aliados.
Pelo m de dezembro de 1940, Roosevelt, com grande estardalhaço,
anunciou um novo plano de ajuda à Inglaterra. Envolvido pelos temores a
respeito da sobrevivência de seu país, Churchill não tinha como saber o enorme
impacto que a proposta, na verdade, provocaria na Inglaterra e na guerra. Tudo
que sabia era que, antes, o Presidente zera vastas e vagas promessas, e que
pouca coisa resultara delas.
Ele estava certo em pensar assim porque, até então, a abordagem de FDR,
para a a ição da Inglaterra, tinha sido cautelosa e vacilante. Porém, no m de
dezembro, o Presidente percebeu que a Grã-Bretanha estava cando de fato sem
dinheiro e que a América tinha que fazer bem mais para evitar a derrota do
último país que ainda resistia a Hitler. Em resposta a uma longa, eloquente e
desesperada carta de Churchill, ele desvendou um novo plano inovador que
permitiria ao governo emprestar e arrendar equipamento bélico a qualquer nação
que o Presidente considerasse vital para a defesa dos Estados Unidos. O
programa Lend-Lease, declarou FDR, transformaria a América no “arsenal da
democracia.”
Na Câmara dos Comuns, Churchill quali cou o Lend-Lease como “a mais
[palavra inventada por ele] unsordid [17] ação na história de qualquer país,” mas,
privadamente, não cou muito impressionado. Em vez de expressar sua
satisfação para Roosevelt, escreveu uma nota impetuosa, questionando detalhes
do plano e ressaltando que ele demoraria alguns meses para ser efetivo, mesmo
que aprovado pelo Congresso. No meio-tempo, como poderia seu país
nanceiramente pressionado pagar pelo armamento que precisava com urgência
naquele momento? Abalada com a virulência da minuta de Churchill, a
embaixada britânica em Washington instou para que ele a abrandasse e
oferecesse inequívocos agradecimentos a Roosevelt pela nova oferta de
assistência. O primeiro-ministro, relutantemente, concordou com uma expressão
de reconhecimento, mas conservou o ceticismo e a ansiedade. “Lembre-se, Sr
Presidente,” escreveu, “não sabemos o que o senhor tem em mente, ou
exatamente o que os Estados Unidos irão fazer, e estamos lutando por nossas
vidas.”
No despontar de 1941, a apreensão de Churchill a respeito do precário
futuro de seu país e seu ressentimento com os Estados Unidos por não estarem
fazendo mais para ajudar eram compartilhados por crescente número de seus
concidadãos. Quando os ingleses foram perguntados numa pesquisa de opinião
pública que países não integrantes do Eixo gozavam da maior consideração, os
Estados Unidos apareceram em último lugar. “A percentagem de crítica
desfavorável em relação à América — nossa amiga — iguala-se à da Itália — nossa
inimiga,” concluíram os analistas da pesquisa.
Foi durante esse período crescentemente intoxicado que Joseph Kennedy
nalmente apresentou sua demissão do cargo de embaixador dos Estados Unidos
na Inglaterra. Kennedy contribuíra decisivamente para o alargamento do fosso
entre os dois países e entre seus líderes. Seu sucessor teria agora a tarefa
extremamente difícil de tentar diminuir o distanciamento.
Para assumir o problemático cargo, o Presidente recorreu a um ex-governador
na região da Nova Inglaterra, tímido e com grande di culdade de expressão
verbal, um homem que já havia sido considerado provável sucessor do próprio
Roosevelt.
Nos anos 1920 e início dos 30 , John Gilbert Winant despertara a
atenção nacional como o mais jovem e mais progressista governador do país.
Todavia, em 1936, essa ascendente estrela republicana, com aspirações
presidenciais, jogara por terra seu futuro político ao atacar o GOP [Grand Old
Party — o Partido Republicano] por suas contundentes críticas ao New Deal.
Perplexo com o autossacrifício idealista de Winant, Roosevelt, cuja própria
devoção aos ideais jamais vencera seus instintos pela sobrevivência política,
chamou-o “o utópico John [18].”
Como o Presidente, Winant provinha de antiga e bem relacionada família de
Nova York, com antepassados holandeses. Filho de um corretor imobiliário, ele
cresceu no Upper East Side de Manhattan, estudante medíocre, mas ávido leitor
que se encantava com os romances de Charles Dickens e as biogra as de seu
herói de toda a vida, Abraham Lincoln. Seus pais, que tinham um casamento
“extremamente infeliz” e se divorciaram mais tarde, eram mesquinhos nas
demonstrações de amor e afeição por ele e por seus três irmãos, disse certa vez à
sua secretária. O pai de Winant, relatou um amigo, “sempre lhe dissera que fosse
visto, e não ouvido.”
Com doze anos, o menino sensível e amante de livros foi enviado para a St.
Paul's, exclusiva escola secundária aninhada no sopé dos Montes Brancos de
New Hampshire, nas cercanias de Concord, capital do estado. Foi o momento
de nitivo na vida de Winant. Ele adorava a escola e, ainda mais, amava as matas
e as ondulantes colinas de New Hampshire; como estudante, caminhava por
horas nos montes Bow que dominavam St. Paul's. Muitos anos depois, diria a um
repórter “que os montes signi cavam mais para ele do que qualquer outro lugar
do mundo. Lá, sentia-se em casa.”
Tendo como modelo as escolas públicas inglesas como Eton, St. Paul's
tentava inculcar em seus alunos, a maioria vinda de famílias ricas de Nova York,
Boston e Filadél a, a importância do serviço público. “Nossa função não é tentar
nos adequarmos ao mundo a uente e próspero que nos cerca, e sim, através de
suas crianças, modi cá-lo,” declarava o Dr Samuel Drury, reitor de St. Paul's.
Enquanto a maior parte dos estudantes não tinha a intenção de virar as costas
para “o mundo rico e próspero,” Winant desenvolvia um entusiasmo pela
reforma social que iria perdurar por toda a sua vida.
Durante seus anos em St. Paul's, ele se tornou um dos principais líderes
estudantes, demonstrando um recém-descoberto talento para persuadir e
galvanizar colegas. Poucos anos mais tarde, após se afastar de Princeton, em
função do baixo rendimento acadêmico, ele retornou à escola para ensinar
História Americana. Determinado a instilar consciência social em seus
estudantes, Winant foi, nas palavras de Tom Matthews, um de seus alunos,
“professor incrivelmente inspirador, transmitindo a convicção ardente de que os
Estados Unidos eram um país maravilhoso, a experiência mais gloriosamente
esperançosa que o homem jamais zera.” Durante as noites, os estudantes
apinhavam seu pequeno quarto, atulhado de livros, para continuar os debates
iniciados na sala de aula sobre Lincoln, Je erson e outras guras do panteão de
heróis de Winant. “Como a maioria [19] dos meninos de St. Paul's da minha
geração, eu admirava John Gilbert Winant ao ponto da idolatria,” disse
Matthews que, trinta anos mais tarde, se tornaria editor-chefe da revista Time.
No dia seguinte à entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial,
Winant parou de ensinar e pagou de seu bolso a viagem à França onde se tornou
piloto do incipiente corpo de aviação dos EUA. Suas habilidades como aviador
eram um tanto instáveis, como ele reconheceu depois para os amigos Ed e Janet
Murrow; no ar, até que “tudo ia bem,” mas precisava de “muita sorte” para
decolar e pousar. “Parece que ele quebrou um bom número de aviões,” escreveu
Janet Murrow a seus pais. “De fato, é surpreendente que ainda esteja vivo.”
Foi, de fato, surpreendente, já que Winant possuía uma coragem indomável
que o fazia se apresentar como voluntário para missões de observação sobre as
linhas inimigas, que outros consideravam suicidas. Quando ele pousou após uma
de tais missões, uma das asas de seu avião tinha sido rasgada por shrapnel, a
capota do motor estava toda perfurada e parte da hélice faltava. Tendo se alistado
como soldado raso, Winant terminou a guerra como capitão no comando de um
esquadrão de observação nas proximidades de Verdun.
Logo depois de retornar para casa, Winant casou-se com Constance Russell,
uma rica moça da sociedade cujo avô fora presidente do National City Bank de
Nova York (hoje Citibank). Muitos dos amigos e conhecidos do casal achavam
que o par era desencontrado: ela não tinha qualquer interesse por política,
história e reforma social — as principais preocupações do marido — e preferia
fazer compras, dar festas, ir ao teatro e passar muito tempo em locais como
Southampton e Bar Harbor. “Era um daqueles matrimônios da alta sociedade em
que, acredito, os dois não passavam muitos momentos juntos,” lembrou Abbie
Rollins Caverly, cujo pai se tornara um dos amigos mais próximos e aliado
político de Winant. “Os dois tinham pouca coisa em comum. Ele cava acordado
à noite meditando sobre como poderia melhorar as coisas. Ela adorava oferecer
recepções.”
Passada a guerra, Winant fez ele mesmo algum dinheiro com investimentos
em poços de petróleo no Texas. O casal se instalou para uma vida de luxo em
apartamento na Park Avenue, limusine com motorista, mordomo e criadas, iate e
um haras com cavalos árabes. Ao mesmo tempo, contudo, ele não abriu mão de
seu amor por New Hampshire ou por seu crescente interesse pelo serviço
público, que o levaram a uma rápida passagem pela assembleia legislativa de
New Hampshire antes de partir para a França.
Em 1919, os Winants compraram uma grande casa branca em estilo colonial
na capital Concord, a uns quatrocentos metros de St. Paul's. De sua biblioteca
com muitos volumes alinhados, um retrato de Thomas Je erson pintado por
Gilbert Stuart e primeiras edições de Dickens e John Ruskin, Winant podia
vislumbrar seu local favorito no mundo, os montes Bow recobertos de pinheiros.
Enquanto sua esposa gastava a maior parte do tempo em Nova York, ele fez da
casa em Concord sua base eleitoral e, em 1920, foi eleito para o senado estadual.
A gradual transformação do tímido e gaguejante jovem idealista no político
bem-sucedido causou surpresa por si mesma. O fato de a mudança ter ocorrido
em um estado rural e altamente conservador como New Hampshire foi
marcante. No Senado, Winant se tornou líder da minúscula ala liberal do GOP,
apresentando legislação para limitar em quarenta e oito horas a semana de
trabalho de mulheres e crianças, regulamentar os padrões do trabalho e abolir a
pena capital. A maioria de seus colegas de legislatura vinha das áreas rurais, com
pequeno conhecimento das — ou interesse nas — lamentáveis condições de vida
e de trabalho nas fábricas de têxteis e outras indústrias de New Hampshire.
Apesar de seus colegas rejeitarem a agenda legislativa de Winant, este se recusou
a desistir daquilo que a maioria das pessoas via como sua quixotesca busca pela
reforma.
Em 1924, com trinta e cinco anos, Winant anunciou sua decisão de
concorrer ao cargo de governador, deixando uma cópia de seu anúncio no
escritório do jornal de maior circulação no estado, o Manchester Union-Leader.
Frank Knox, o dono do jornal, considerado nome quase certo do Partido
Republicano para a corrida pelo governo do estado, enterrou a notícia em meras
quatro linhas nas páginas internas. A candidatura de Winant, na opinião da
velha guarda republicana, era motivo de riso. Quem aquele nova-iorquino liberal
pensava que era? Os eleitores de New Hampshire nunca o aceitariam — um
arrivista rico, um intelectual e um péssimo orador a ser rejeitado.
Sem dúvida, eles estavam certos quanto à sua capacidade para discursar.
Alto e pensativo, seu per l lembrando um Lincoln re nado, ele se punha tenso
ante as plateias da campanha, seu rosto no com aparência compenetrada e os
cabelos tão desalinhados quanto o terno da Brooks Brothers, as grossas
sobrancelhas despencando sobre os olhos cinzentos encovados e penetrantes.
Com as mãos abrindo e fechando, ele lutava para achar a palavra ou frase certa
para expressar o que queria dizer. Por vezes, gastava minutos até encontrá-las,
resultando em pausas agonizantes tanto para os circunstantes nervosos que o
ouviam quanto para o próprio Winant. “Gente da plateia [21] queria ajudá-lo
gritando a palavra que ele buscava,” disse um residente em New Hampshire.
Depois de um dos discursos de Winant, uma mulher murmurou para a sua
companhia: “É uma coisa terrível. Um rapaz tão gentil — e tão traumatizado de
guerra.”
Entretanto, o curioso foi que sua maneira de falar aos trancos ajudou-o a
angariar apoio no curso de suas viagens pelo estado. Reservados e taciturnos por
natureza, os eleitores de New Hampshire viram nele um contraste bem-vindo
com os políticos loquazes que normalmente encontravam. Apesar de
desajeitados, os pronunciamentos de Winant eram carregados de calor humano e
sinceridade — e despertavam em seus ouvintes um senso de con ança. A plateia
“começava sentindo pena de Winant,” reportou o New York Times. “Terminava
de pé nos corredores, dando vivas ao orador.”
Nas primárias, Winant enfrentou a oposição da máquina republicana estatal,
assim como da maioria dos jornais e dos interesses dos negócios de New
Hampshire. Mesmo assim, derrotou confortavelmente Knox e, depois, esmagou o
candidato democrata nas eleições gerais. Aliás, depois de perder para Winant,
Frank Knox se tornou proprietário e editor do Chicago Daily News e secretário
da Marinha no governo Roosevelt Como chefe do executivo de New Hampshire,
Winant foi homem bem à frente do seu tempo, dedicando-se por completo à
justiça econômica e à mudança social, que se equiparavam ou eram até melhores
que os instintos reformistas de Franklin Roosevelt, e de longe ultrapassavam os
da maioria de seus outros colegas governadores em todo o país. Ele gostava de
dizer que aprendera republicanismo com seu herói Abraham Lincoln, o qual,
Winant declarou, dava mais valor aos direitos humanos do que aos de
propriedade. Durante a Depressão, o governador conseguiu pressionar
vitoriosamente pela criação de novos e radicais programas de bem-estar estatal
que acabaram formatando o New Deal, inclusive uma expansão das obras
públicas, ajuda para os idosos, auxílio emergencial para as mulheres e crianças
dependentes e uma lei de salário mínimo. Winant conseguiu in ltrar um
repórter do Concord Daily Monitor numa reunião do Conselho Executivo,
poderoso órgão do governo que agia como um veri cador das ações do
governador e cujos encontros vinham sendo sempre fechados. No dia seguinte, o
jornalista escreveu uma reportagem de primeira página sobre as deliberações do
conselho e, a partir de então, as reuniões passaram a ser abertas ao público.
Winant também reorganizou e modernizou a máquina administrativa do
estado e conseguiu aprovar leis concernentes à reforma bancária, restrições à
in uência das ferrovias e à expansão do poder da comissão do serviço público
estatal para regular as companhias prestadoras de serviços. “Tanto as ferrovias
[22] quanto as fornecedoras de energia têm de se submeter ao interesse público,”
disse ele aos legisladores de New Hampshire. O New York Herald Tribune diria
mais tarde que Winant “conseguiu introduzir mais legislação progressista do que
New Hampshire jamais conheceu.”
Sem surpreender, as ferrovias, as prestadoras de serviços, as fábricas de
têxteis e outros interesses especiais no estado se mostraram hostis a virtualmente
todas as iniciativas do governador. O mesmo ocorreu com os conservadores
empedernidos de seu próprio partido. Mas a sua popularidade era enorme com
os eleitores, que o elegeram para três mandatos, fato sem precedentes no estado.
“Não entendo Winant e nunca o entendi,” observou um político de New
Hampshire. “Mas tiro meu chapéu para ele. Ele sabe ganhar eleições.”
(Ironicamente, sua reeleição por imensa maioria de votos em 1932 proporcionou
ao presidente Herbert Hoover, seu rival ideológico, uma quantidade de votos
proporcionais que lhe garantiu uma estreita vitória em New Hampshire, um dos
somente cinco estados em que o desa ante democrata à presidência, Franklin
Roosevelt, não venceu Hoover.) Estava patente que muito da popularidade de
Winant como governador se devia à sua profunda identi cação com as pessoas e
a compaixão que dedicava aos necessitados. Anos mais tarde, Dean Dexter, que
já fora legislador em New Hampshire, o compararia aos personagens idealistas
que o ator James Stewart desempenhou em Mr Smith Goes to Washington (A
Mulher Faz o Homem) e noutros lmes. Para Winant, “toda política pública era
pessoal,” observou um historiador. “Era a respeito de gente, por vezes pessoas
especí cas, e do efeito da política sobre elas.” A porta de seu escritório estava
sempre aberta para quem quisesse vê-lo; na maioria dos dias, os corredores do
palácio do governador cavam apinhados de gente querendo alguns minutos do
tempo do chefe do executivo. Não era raro Winant fazer uso de seu próprio
dinheiro para pagar uma conta de médico, cobrir uma despesa de educação ou
ajudar a dar partida num pequeno negócio de um empobrecido residente no
estado ou um companheiro veterano da Primeira Guerra Mundial que solicitasse
sua ajuda. Durante a Depressão, ele instruiu a polícia de Concord para que
alojasse os sem-teto nas cadeias da cidade, os alimentasse de manhã e enviasse a
conta para ele. Ao caminhar para o trabalho, tirava dinheiro da carteira para dar
aos desempregados que se recostavam, pegando sol, nas paredes de granito do
palácio governamental. Winant, disse um amigo, “pratica o mandamento cristão
[23] 'Dê seus bens para alimentar os pobres' com mais fervor do que qualquer
pessoa que jamais conheci.”
Quando deixou o cargo em 1935, os princípios e ideais de Winant haviam
sido endossados pela maior parte dos legisladores do estado, independentemente
do partido. Cerca de três décadas mais tarde, Robert Bingham, consultor
legislativo de Winant, a rmaria: “Sempre que se desejava mensurar a e cácia de
um governador, comparavam-no com a dos três mandatos de Winant.” Em 2008,
William Gardner, que por muito tempo foi secretário de estado em New
Hampshire, lembrou quão impressionado cara após assumir a função ao
constatar a intensidade com que os residentes do estado “reverenciavam e
amavam” Winant. “As pessoas ainda falam sobre ele quando vou até lá. Ele era
especial. De todos os governadores que tivemos, ele, de fato, signi cava alguma
coisa para o povo e de uma maneira muito especial.”
De Washington, o presidente Roosevelt monitorava com
considerável interesse o sucesso de Winant em New Hampshire. Visivelmente
parecidos em sua devoção à reforma social, os dois tinham trabalhado em
conjunto como governadores. Winant apoiara decisivamente desde o início o
New Deal de Roosevelt, e New Hampshire era em geral o primeiro estado a
implementar os muitos e novos programa de assistência social que Roosevelt
introduziu nos seus primeiros anos de governo. Pelo outono de 1933, Winant
empregou fundos do New Deal para deslanchar doze dos mais importantes
projetos de obras públicas e distribuir toneladas de alimentos aos desvalidos de
New Hampshire.
O presidente, que “adorava sgar brilhantes e promissores republicanos a m
de cooptá-los,” já tinha recrutado a ajuda de Winant como assessor não o cial
para o trabalho e outras questões. Em 1934, ele nomeou o governador para
che ar um conselho especial de sindicância que ajudou a dar m a uma nociva
greve do sindicato unido dos trabalhadores têxteis.
Como Roosevelt bem sabia, Winant despontava cada vez mais como o
homem que encabeçaria a cédula republicana nas eleições de 1936. Depois do
fracasso do GOP em 1932, estava claro que o partido precisava de uma
“transfusão de sangue novo [24]”; como uma das mais fulgurantes estrelas do
partido, Winant era visto como possível indicado para concorrer à Presidência.
Um de seus patrocinadores era o afamado editor de jornal do Kansas,
William Allen White, que o elogiava como “a liderança republicana no
horizonte.” O comentarista Walter Winchell declarou num programa de rádio
que Winant era cultivado pelo New York Herald Tribune, in uente jornal pró-
republicano, para ser o próximo candidato do GOP. As revistas Time e Collier's
reportaram que ele tinha boas chances de indicação, e o Boston Evening
Transcript publicou em manchete de primeira página: “Winant caminha para o
topo da lista de presidenciáveis.” De acordo com a revista American, o
governador de New Hampshire “capturou o imaginário do país. (...) Ele é rico.
Não consegue discursar. Mas quer fazer alguma coisa pelo povo. E faz.” Cartas
começaram a uir para Concord, vindas de toda a nação, instando Winand a
concorrer. “O senhor, pessoalmente, conta com a estima e o apreço deste
departamento em maior dose do que qualquer outro funcionário público, seja do
Partido Democrático, seja fora dele,” escreveu um empregado da Agência
Federal de Auxílio Emergencial. Até Raymond Moley, elemento-chave do brain
trust, o círculo de boas cabeças do New Deal de Roosevelt, embarcou na
caravana de Winant, a rmando que “trocaria de bom grado cinquenta
deputados, vinte senadores, seis embaixadores e alguns membros do ministério
por um governador Winant.”
A explosão da popularidade de Winant, todavia, estava fadada ao colapso.
Mesmo que se apresentasse como candidato no partido em 1936, é provável que
os problemas de dicção o teriam prejudicado seriamente. Mas esse não era o
ponto em discussão porque Winant, como apoiador do New Deal, jamais
disputaria contra Roosevelt. Ele decidira pôr suas ambições presidenciais de
lado, pelo menos até que o atual detentor do cargo deixasse a função.
Roosevelt, supostamente, não estava muito seguro disso. No m de 1934, ele
nomeou Winant como primeiro representante americano na Organização
Internacional do Trabalho (OIT), agência patrocinada pela Liga das Nações e
sediada em Genebra. Alguns encararam a nomeação como trama maquiavélica
para retirar Winant do cenário político. Entre os que pensavam assim estava
Frances Perkins, a descontraída ministra do Trabalho do Presidente, que era
admiradora de Winant. Certo dia, no Escritório Oval, Perkins perguntou ao
Presidente, à queima-roupa, se essa era mesmo a intenção dele. “Não, não [25],
eu não tinha isso em mente,” protestou FDR. “Winant é um bom homem para a
função.” Ao relembrar o fato, Perkins disse que, depois, o Presidente abaixou a
cabeça e cou olhando xamente para sua escrivaninha.
Qualquer que fosse o raciocínio de Roosevelt para oferecer-lhe o cargo,
Winant, absolutamente crente de que os Estados Unidos precisavam quebrar a
concha de seu isolacionismo, não teve a menor dúvida em assumir a missão. A
despeito de sua emergência como potência econômica líder do mundo após a
Primeira Guerra Mundial, os EUA hesitavam em aceitar qualquer das
responsabilidades inerentes à sua nova e dominante posição internacional. “A
maioria dos americanos,” observou a revista Time, “ainda encara a diplomacia
internacional com toda a repugnância de uma dama victoriana a considera sexo.”
O país recusara liar-se à Liga das Nações e, quando a depressão mundial se fez
sentir, no início dos anos 1930, insistira para que os aliados do tempo da guerra
pagassem a totalidade de seus débitos para com os Estados Unidos. Ao mesmo
tempo, o país aumentara suas tarifas, tornando impossível o pagamento dos
débitos e ajudara a empurrar a Europa para um declínio econômico maior ainda.
“Desde a guerra, nossa atitude é que não necessitamos de amigos, e que a opinião
pública mundial não tem importância,” Franklin Roosevelt, que a seguir seria
eleito governador de Nova York, escreveu numa edição de 1928 da revista
Foreign A airs. Segundo o historiador Warren Kimball, “os americanos
mergulhavam e saíam da cena europeia ao seu bel-prazer,” querendo “liderar
pelo exemplo distante, em vez de o fazerem pelo cometimento ativo.”
Na América, rmou-se a crença de que o país fora puxado para a Primeira
Guerra Mundial pela propaganda inglesa e pelos banqueiros dos EUA e
compradores de armas, que agiram em prol da Inglaterra. Enquanto uma nova
guerra pairava sobre a Europa, o Congresso, crescentemente isolacionista, na
tentativa de proteger os Estados Unidos de futuros con itos, aprovou as Leis da
Neutralidade e proibiu empréstimos e investimentos para países em guerra.
Explicitando o estado de espírito nacional, Ernest Hemingway escreveu em
1935: “Do caldo infernal que ferve na Europa, não temos necessidade de beber.
(...) Fomos muito tolos ao nos deixarmos sugar uma vez para uma guerra europeia,
e nunca mais deveremos ser chupados de novo.”
A OIT foi o único produto da Liga das Nações ao qual os Estados Unidos
iriam se liar. Antigo defensor da missão da agência de melhorar os salários e as
condições de trabalho dos operários de todo o mundo, Winant mudou-se para
Genebra para assumir o cargo. Sua estada no QG da OIT, todavia, foi breve. Ao
m de apenas cinco meses, por recomendação de Frances Perkins, Roosevelt o
convocou de volta a Washington para assumir uma das mais importantes funções
no governo: chairman da nova Câmara da Seguridade Social.
Em agosto de 1935, malgrado a feroz oposição republicana, o
Congresso aprovou a Lei da Seguridade Social, a mais abrangente peça de
legislação social jamais promulgada nos Estados Unidos e a mais marcante
conquista do New Deal. Ao tornar disponível o seguro-desemprego e os
benefícios aos idosos para todos os americanos que se quali cassem, a lei
rede niu e ampliou consideravelmente a responsabilidade do governo para com
seus cidadãos. Ela foi tão revolucionária que o governo temeu que fosse sabotada
por seus muitos críticos antes mesmo de se tornar efetiva. Em função da
ferocidade da oposição do GOP, Roosevelt insistiu para que um proeminente
republicano liberal — Winant — che asse o conselho de Seguridade Social que
administraria a nova lei.
Pelo ano e meio seguinte, Winant e seus companheiros conselheiros
trabalharam incansavelmente para criar e promover um novo programa sem
paralelo. Com um Senado atrasando propositalmente a votação de seu
orçamento, a Câmara funcionou com escassos recursos nanceiros em diversos
dos meses iniciais, ocupando por favor instalações do novo prédio do
Departamento do Trabalho e operando com uma equipe que era apenas a coluna
vertebral da necessária, assim mesmo com membros emprestados de outras
repartições do governo. Durante o New Deal, muitas agências governamentais
eram verdadeiros cadinhos de energia e experimentações, mas nenhuma utuava
tanto à beira do caos quanto os improvisados escritórios da Seguridade Social,
onde “homens entravam [26] e saíam correndo sem cessar, e praguejavam contra
a lentidão dos elevadores.”
Bem no centro desse frenesi se posicionava Winant, que dirigia ele mesmo
em Washington como o zera em Concord, e desfrutava de poucas horas de sono
a cada noite em sua mansão alugada em Georgetown. “Ele não tinha noção
alguma de tempo, de refeições ou de sono, ou de qualquer coisa referente à sua
própria conservação da resistência,” lembrou um auxiliar. “Trabalhava na hora
das refeições e nem se lembrava que nada comera.”
No cômputo geral, Winant era um péssimo administrador, o desespero de
sua equipe e de outros membros da Câmara por sua ine ciência e seus atrasos.
Sua mesa vivia com pilhas de documentos por assinar, a sala contígua ao
escritório repleta de pessoas esperando para vê-lo. Seu sistema de arquivo
consistia em en ar os papéis importantes nos bolsos. Porém, mesmo seus mais
severos críticos admitiam que ele era um líder extraordinário, um visionário com
a capacidade de despertar inspiração. “Ele foi, sem a menor [27] sombra de
dúvida, um dos maiores personagens da vida pública americana durante os
últimos vinte anos,” declarou Frank Bane, primeiro diretor executivo da
Seguridade Social. “Poucas pessoas deixaram tão signi cativa impressão de como
deveria ser um executivo como o governador Winant.”
Como face pública da Seguridade Social, Winant tornou-se gura bastante
familiar em Capitol Hill e em todo o país, fazendo repetidas viagens ao interior
para ilustrar seus concidadãos americanos sobre o novo programa. Sob sua
liderança, a Câmara de Seguridade Social, apesar da falta de recursos e da
equipe minúscula, criou em pouco mais de um ano uma organização de âmbito
nacional, com 12 escritórios regionais e 108 agências na ponta da linha, e,
durante esse período, desembolsou mais de 215 milhões de dólares em benefícios
para os idosos de trinta e seis estados. Todo o trabalho importante para criação do
sistema de Seguridade Social como hoje existe foi feito sob a che a de Winant.
Apesar disso, o GOP e grande parte da comunidade de negócios da nação
tinham a intenção de liquidar a Seguridade Social. Esperando convencer Alf
Landon, o progressista governador de Kansas e indicado republicano para a
corrida presidencial de 1936, a apoiá-lo, Winant supriu-o com informação
con dencial a respeito do programa. Mas Landon perdera o controle de sua
campanha eleitoral para os rematados conservadores do partido e, no nal de
setembro de 1936, ele fez um vigoroso ataque contra a Seguridade Social,
prometendo acabar com ela se eleito.
Sentindo-se traído, Winant decidiu que não poderia mais car calado;
pediria demissão da Câmara da Seguridade Social e abriria o verbo contra
Landon. Seus colegas de conselho e outros assessores zeram o máximo de
esforços para dissuadi-lo de cometer aquilo que consideravam suicídio político.
Repudiar o GOP, argumentavam eles, signi caria o m de sua carreira política e
de qualquer esperança de ocupar o cargo mais elevado de todos. Até o Presidente
tentou convencê-lo. Mas Winant permaneceu irredutível. Depois de pedir
demissão, ziguezagueou pelo país fazendo discursos e falando no rádio em apoio
à Seguridade Social.
Na última semana da campanha, o Comitê Republicano Nacional distribuiu
aos empregados milhões de pan etos, parecendo um boletim o cial do governo,
que foram en ados nos envelopes de pagamento dos trabalhadores. Os pan etos
alertavam que um futuro Congresso iria desviar os recursos da Seguridade Social
para outros propósitos e anunciava que os trabalhadores poderiam esperar uma
redução de um por cento nos salários — o custo de sua contribuição para a
Seguridade Social — a menos que agissem contra Roosevelt no dia da eleição.
Winant cou tão ofendido com essa sujeira de última hora que fez um
pronunciamento para toda a nação dois dias antes da eleição, atacando a
iniciativa republicana como “política rasteira [28]” e apoiando a reeleição do
presidente Roosevelt.
Seu apoio ao Presidente foi a gota d'água para o GOP e pôs m a qualquer
chance de ele concorrer à Presidência como candidato republicano. Porém a
atitude provou, como um amigo lhe escreveu, que “pelo menos um homem nos
altos escalões possuía convicções genuínas e coragem para defendê-las a
qualquer custo. (...) Entendo que muitos irão considerar o que você fez um ato
idealista sem esperança e o cobrirão de ridículo. Mas idealismo é um atributo do
qual este mundo desordenado precisa desesperadamente.”
O presidente, aparentemente, concordava. Após sua vitória esmagadora,
enviou Winant de volta à OIT em Genebra; o ex-governador de New
Hampshire tornou-se diretor da organização. Com a guerra ameaçando eclodir,
Winant também serviu como um emissário de FDR para a Europa, despachando
frequentes relatórios para a Casa Branca sobre suas viagens e encontrando-se
com líderes do continente europeu. “Mais do que qualquer outro americano que
conheço na vida pública, ele entende as forças sociais e as mudanças que vêm
sendo efetivadas na última década, tanto em casa como na Europa,” escreveu em
seu diário William Shirer, correspondente em Berlim da CBS, após um almoço
com Winant. Shirer acrescentou: “Creio que ele daria um bom presidente para
suceder Roosevelt em 1944, se este último conseguir seu terceiro mandato.”
Quando os názis ocuparam a Tchecoslováquia em março de 1939, Winant
viajou para Praga num gesto de simpatia e solidariedade para com os tchecos. Ele
estava na França durante a Blitzkrieg de Hitler de 1940, deixando Paris poucas
horas antes de as tropas alemãs entrarem na cidade. Depois da queda da França,
Roosevelt pediu-lhe que checasse o estado de espírito da Inglaterra, o único país
que restava de pé contra a Alemanha. Após um rápido giro pela ilha durante a
Batalha da Inglaterra, ele respondeu que o moral público era imbatível: “Eles
aguentarão [29] qualquer bombardeio que vier.” Ernest Bevin, o ministro inglês
do Trabalho, diria mais tarde que Winant foi o único americano com quem se
encontrou naquele período “que me transmitiu a sensação de que alguma pessoa
no mundo ainda tinha fé na Inglaterra.” Percebendo a crítica escassez inglesa em
armas e suprimentos, Winant instou o Presidente a enviar ajuda com a maior
brevidade possível: a guerra da Inglaterra, disse ele, era a guerra dos EUA.
Tratava-se de um assessoramento que contradizia diretamente os cabogramas e
cartas que Roosevelt recebia de Joseph Kennedy.
Em seguida à renúncia de Kennedy como embaixador, Roosevelt não se
apressou (gastou tempo demasiado, segundo muitos de seus assistentes) para
nomear um sucessor. Ele queria alguém que fosse simpático à Inglaterra, que
pudesse ganhar a con ança de Churchill e de outras guras do governo, e os
persuadisse a serem pacientes enquanto o Presidente fazia o possível para
encaminhar corretamente a causa deles. Ao mesmo tempo, FDR, com um olho
no futuro, desejava que o novo enviado estabelecesse vínculos fortes com o
Partido Trabalhista, pois achava que o partido assumiria a liderança do país
durante ou depois da guerra. Felix Frankfurter, Frances Perkins e outros new
dealers de destaque disseram a Roosevelt que só existia um homem com per l tão
diversi cado e complexo: John Gilbert Winant.
No m de janeiro de 1941, poucos dias depois de seu terceiro discurso de
posse, Roosevelt convocou Winant a Washington. Durante o encontro no
Escritório Oval, o Presidente perguntou ao diretor da OIT sobre os líderes
europeus que tinha conhecido e sobre as condições da Inglaterra e dos países
ocupados pelos alemães. Não houve menção ao cargo de embaixador. Tanto com
Winant como com outros auxiliares, o amor infantil de Roosevelt pelo sigilo e um
incompreensível senso de diversão faziam-no esconder notícias a respeito de
nomeações. Ele deixaria que Winant tivesse conhecimento de sua nova função,
como outros já haviam tomado conhecimento das suas, através da imprensa.
Poucos dias mais tarde, os principais jornais do país publicaram que FDR
estava mandando o nome de Winant ao Senado para ser referendado como
embaixador na Corte de St. James. Decorridas três semanas, ele estava a caminho
de Londres.
Na Inglaterra, a notícia da indicação de Winant foi saudada
com satisfação. Qualquer outra pessoa que não Joseph Kennedy sem dúvida teria
recebido afetuosa acolhida, mas a reação à nomeação de Winant foi
particularmente jubilosa. “Não haveria outro nome [30] que pudesse ser mais
bem-aceito,” escreveu o News Chronicle. O Manchester Guardian declarou: “Ele
é um americano pelo qual o inglês sente imediata simpatia, e poucos americanos
têm tão calorosa admiração e consideração por este país e seu povo quanto ele.”
O Times de Londres registrou: “Há algo de cavaleiro errante nele, já que acredita
em seus princípios com quase romântica paixão.”
Em função do trabalho desenvolvido na OIT, sublinharam os jornais
ingleses, Winant já conhecia muito bem diversos membros de proa do governo
Churchill, inclusive Bevin e o novo ministro do Exterior Anthony Eden. Os
jornais prosseguiram realçando as dramáticas diferenças entre Winant e
Kennedy tanto em personalidade quanto em aparência. “Muitas vezes no
passado pensava-se que (...) os embaixadores americanos, enquanto gozavam a
liberdade nas melhores casas de campo, pouco conheciam da verdadeira
Inglaterra,” ressaltou explicitamente o Star. “Mas a excelente compleição
metálica e forte da personalidade de Winant fará com que ele se lance em
horizontes mais amplos. (...) Hoje ele travará contato com os ingleses comuns e
seu coração estará com eles.”
Quando o trem de Winant encostou na estação londrina de Paddington, após
seu encontro com o rei George VI, o embaixador estava feliz com a amistosa
recepção do monarca e da imprensa inglesa. Mas seu primeiro encontro com a
mais hercúlea gura da Inglaterra estava por acontecer. Como Winston
Churchill, ainda angustiado com o ncar americano de pés, reagiria ao novo
enviado dos EUA?
Dois dias depois, quando Churchill o convidou para jantar nas reforçadas
salas de guerra em Whitehall, Winant teve a resposta. Sem demonstrar qualquer
vestígio do buldogue belicoso que o tornara famoso, o primeiro-ministro estava
obviamente com um astral conciliador. Ao longo de toda a refeição, ele e Winant
discutiram o último problema que infernizava as relações anglo-americanas: a
relutância inglesa em completar sua parte do acordo contratorpedeiros por bases,
anunciado quase seis meses antes. Embora a Inglaterra tivesse recebido os
destróieres, seu governo ainda não tinha formalmente concordado com uma das
cláusulas do quid pro quo — o arrendamento de bases nas colônias inglesas do
Caribe. Ressentimentos com o acordo provocados em Whitehall, na Câmara dos
Comuns e nas próprias colônias tinham sido fortes demais.
Churchill garantiu a Winant que resolveria o impasse. No dia seguinte, ele
convocou uma reunião de diversos ministros do Gabinete em Downing Street,
com Winant presente como observador. Enquanto os outros debatiam a questão
— “aquela gura encorpada [31] levemente inclinada para a frente” —
caminhava para lá e para cá na sala totalmente absorto com seus próprios
pensamentos, sem dar a mínima para os demais presentes. De súbito, quando a
discussão já se prolongava por alguns minutos, o primeiro-ministro descartou
todas as objeções como imateriais e sobrepujou as preocupações expressas por
seus assistentes militares. Na opinião de Churchill era muito mais importante
esticar a política americana de neutralidade até ela quebrar do que “manter nosso
orgulho e preservar a dignidade de umas poucas pequenas ilhas.” Não tardou
para a comissão de negociação Inglaterra-Estados Unidos dar sua aprovação nal
ao acordo.
Duas semanas após sua chegada à Inglaterra , Winant, com a
cabeça ligeiramente baixa, percorreu cautelosamente seu caminho através do
apinhado salão de baile do Savoy Hotel, seguindo Churchill e o conde de Derby
até a mesa principal. A ocasião era um almoço de gala em homenagem a Winant,
patrocinado pela Pilgrim Society, uma organização que objetivava o
estreitamento das relações anglo-americanas. Sentada ante o embaixador,
Churchill e Lord Derby, que presidia a organização, estava a elite do mundo
inglês governamental e dos negócios — virtualmente todo o Gabinete, assim
como os militares das mais altas patentes, industriais de destaque e donos e
editores de jornais.
Quase ao m do almoço, Churchill levantou-se e, virando-se para o
embaixador, não deixou dúvida na mente de ninguém que tencionava fazer de
Winant um aliado no seu galanteio à América. “Mr Winant,” ele retumbou, suas
palavras levadas à nação pela BBC, “o senhor chegou a nós num memorável
ponto de in exão da história do mundo. Rejubilamo-nos por tê-lo entre nós
nesses dias de tempestades e privações porque no senhor temos um amigo e el
camarada que 'nos reportará e a nossa causa da maneira correta.'”
Na conclusão de seu discurso, o primeiro-ministro declarou: “O senhor,
Embaixador, partilha do nosso objetivo. O senhor compartilhará dos nossos
perigos. O senhor compartilhará nossos interesses. Compartilhará dos nossos
segredos. E chegará o dia em que o Império Britânico e os Estados Unidos
compartilharão (...) na coroa da vitória.” A plateia irrompeu em aplausos e,
enquanto se sentava, o “lord da linguagem [32],” como um jornalista chamava
Churchill, sabia que havia conseguido mais uma vez. “Cada palavra foi
carregada de signi cado, cada frase, uma expressão de fé e coragem,” escreveu o
Sunday Times. “Na ocasião, ele não poderia ter se saído melhor.”
Agora era a vez de Winant responder. Ele levantou-se, segurando as folhas
de seu discurso, e olhou em volta para a plateia, trocando o peso do corpo de um
pé para o outro, “bem parecido com o menino que iria ler suas primeiras linhas
escritas numa festa,” de acordo com um observador. Houve uma longa pausa.
Então calmamente, porém um tanto hesitante, ele começou a falar. Diferente de
Churchill, Winant “não era um orador,” como o Daily Herald disse no dia
seguinte. “Leu, e não muito bem, cada palavra que estava escrita, sem tirar os
olhos do papel. Mas suas palavras foram mais do que simples oratória. Foram
uma declaração de fé.”
A América, disse Winant, foi nalmente sacudida de sua letargia e “entrou
em ação. Com seus recursos e mão de obra, ela proporcionará as ferramentas —
os navios, aviões, canhões, munições e alimentos — para todos aqueles aqui e em
outros lugares que defendem com suas vidas fronteiras livres.” Contudo, embora
penhorasse o suporte da América à Inglaterra, ele deixou claro que não tinha
vindo para elogiar seu próprio país pela lenta ajuda. Estava ali para pagar tributo
à determinação e à coragem da Inglaterra e de seus cidadãos. “Nos dias de hoje, é
honra e destino do povo inglês guarnecer a cabeça de ponte das esperanças da
humanidade. É vosso privilégio resistir aos impiedosos e poderosos ditadores que
pretendem destruir as lições de dois mil anos de história. O destino vos
encarregou de lhes dizerem: 'Por aqui não passarão.'”
Nesse ponto, Winant parou e passeou o olhar pelo salão. Com a voz
crescendo de tom, ele declarou: “Os anos perdidos já se foram. A estrada à frente
é penosa. Um novo espírito se instalou. Os povos livres estão de novo cooperando
para ganhar um mundo livre, e nenhuma tirania irá frustrar suas esperanças.” Os
aliados, a rmou, “com a ajuda de Deus construirão uma cidadela de liberdade
tão robustecida que a força nunca mais tentará sua destruição.”
A reação da audiência ao apaixonado, ainda que algo truncado,
pronunciamento do embaixador espelhou a das multidões em New Hampshire
durante sua primeira campanha para governador: começou com um sentimento
de piedade por ele e terminou com estupenda ovação. Como os cidadãos do seu
estado, os britânicos presentes ao almoço pareceram ver no reservado e
desajeitado Winant um espírito aparentado e demonstraram tal sentimento com
aplausos e vivas intensos.
No dia seguinte, os jornais ingleses da mesma forma não pouparam
entusiasmo. Empregando “linguagem de grandeza simples [33],” publicou o
Evening Standard, Winant “conseguira um feito que poucos oradores podem
igualar: falou depois de Mr Churchill com total sucesso.” O Daily Mirror
estampou em grande manchete de primeira página: “O ENVIADO
DOS EUA FALA PARA VOCÊ — O POVO
INGLÊS!” Um colunista do Star escreveu: “Quase todos com quem falei
esta manhã perguntaram-me: 'Você ouviu a transmissão do discurso de Winant
pelo rádio?' Ouvi — e quei sensibilizado.”
Segundo o Sunday Times, “foi um extraordinário triunfo.”
2
Membros da Família
No fim de semana do forte ataque aéreo a Londres de 10 de
maio, Winston e Clementine Churchill eram convidados de Ronald e Nancy
Tree em Ditchley, sua propriedade campestre próxima a Oxford. Sete meses
antes, os Trees haviam sugerido que, sempre que houvesse lua cheia nos ns de
semana, Churchill fosse para Ditchley em vez de Chequers, de vez que a casa de
campo o cial do primeiro-ministro — uma mansão elisabetana fria e
desconfortável por causa dos ventos encanados — era considerada alvo
preferencial na eventualidade de uma incursão inimiga. Churchill, que adorava a
opulência de Ditchley, não se fez de rogado, levando para a propriedade de Tree
todo o seu grupo treze vezes nos dois anos seguintes.
Os membros do círculo mais chegado ao primeiro-ministro passavam o m de
semana gozando da pródiga hospitalidade de Tree. Entre eles estava Averell
Harriman, ao qual Clementine Churchill pediu um favor no mínimo estranho. A
lha Mary dos Churchills, então com dezoito anos, havia recentemente
espantado os pais com a notícia de seu namoro sério e promessa de noivado com
o lho de vinte e oito anos e herdeiro do conde de Bessborough, que ela havia
conhecido pouco tempo antes. Clementine nada tinha contra o rapaz, disse a
Harriman, mas estava certa de que Mary não o amava, além de ser muito jovem
para saber o que estava fazendo e “simplesmente cara [107] deslumbrada com o
entusiasmo.”
Mary recusara os pedidos da mãe para que reconsiderasse o compromisso.
Quando Clementine solicitou a Winston que falasse com a lha, ele concordou,
porém, assoberbado que estava com a condução da guerra, nunca encontrava
tempo para a conversa. Desesperada, Clementine recorreu a Harriman. Ele
tinha duas lhas, disse ela. Sabia como as mocinhas agiam. Faria ele o favor de
tentar convencer Mary?
A solicitação era, vista de diversos ângulos, peculiar. Sobretudo revelava
como, em poucas semanas, Harriman — e também Winant — tinha se tornado
não apenas uma gura-chave para o governo do primeiro-ministro como também
um membro de facto da família Churchill. Desde a chegada à Inglaterra, um ou
os dois americanos tinham passado todos os ns de semana com o primeiro-
ministro e sua família em Chequers ou Ditchley.
Para desânimo de Clementine, Churchill resistira à sua opinião de que os
ns de semana no campo deveriam ser calmos e repousantes, tréguas para as
loucuras de tempo de guerra em Londres. Ele jamais conseguiu ver vantagem em
separar o trabalho da vida familiar e, nos anos entreguerras, recepcionara um
uxo incessante de visitantes políticos e militares em Chartwell, a casa de campo
que os Churchills possuíam em Kent. Durante a guerra, seus ns de semana de
retiro abundavam de generais, almirantes, marechais do ar, ministros do
Gabinete, líderes governamentais estrangeiros e um salpico de integrantes da
família. Por vezes, existiam até três turnos de convidados: alguns apenas para o
almoço, outros para o jantar e outros ainda para todo o m de semana.
Com Churchill em casa, a vida em Chequers e Ditchley estava sempre perto
do caos. Segundo seus seguranças pessoais, a vida com o primeiro-ministro “era
menos agendada [108] do que incêndio orestal e menos pací ca do que um
furacão.” Secretárias se agitavam por todos os lados, telefones tilintavam
irritantemente; carros o ciais, checados pelas sentinelas militares, entravam e
saíam; mensageiros chegavam e partiam com seus malotes regulamentares.
Quando não envolvidos em conferências ultrassecretas, os convidados jogavam
tênis e croquet, ou como fazia Sir Charles Portal, chefe do Estado-Maior da Força
Aérea, relaxava retirando ervas daninhas dos jardins de Ditchley. No centro da
ação, o primeiro-ministro a baforar seu charuto, quando não estava comandando
as reuniões, entretinha os convivas durante o almoço e o jantar. Churchill
“adorava uma plateia às refeições,” escreveu seu biógrafo Roy Jenkins. “Ele não
era sempre tão bom em conversas a dois, mas com uma mesa podia ser brilhante.
E seu brilho divertia e inspirava os convivas, porém também dava um impulso
essencial a seu próprio moral e entusiasmo.”
Harriman e Winant, além de fazerem parte do círculo o cial, foram atraídos
para a vida dos Churchills e lhos de uma maneira não desfrutada por outros
visitantes. Ambos se tornaram amigos íntimos do primeiro-ministro e de sua
família, convidados, como sublinhou John Colville, “tanto pelo prazer da
companhia quanto pelo trabalho a realizar.”
Ainda assim, a ideia de aconselhar Mary Churchill sobre seu caso amoroso
decerto pareceu, ao menos inicialmente, um desa o um tanto assustador para
Harriman. Suas duas lhas haviam sido criadas pela mãe, que se divorciou dele
quando elas eram muito jovens; ele passara muito pouco tempo com as meninas
enquanto cresciam. A maioria de suas recentes experiências com mocinhas tinha
sido como amante, e não como tio conselheiro. Não obstante, concordou,
corajosamente, em fazer como Clementine pedira. Pegando Mary de lado para
uma conversa de coração aberto, ouviu pacientemente enquanto a moça expunha
seu lado da história e, depois, falou para ela sobre as incertezas da guerra e os
perigos de se tomar uma decisão apressada a respeito de um passo tão vital e
transformador da vida como o casamento. A própria Mary já vinha sendo
assaltada por dúvidas a respeito de seu noivado e, após a conversa com Harriman,
decidiu adiá-lo; pouco mais tarde, o relacionamento terminou por completo.
“Gostaria de agradecer [109] sinceramente sua simpatia e ajuda,” escreveu a
moça a Harriman logo depois. “Achei muito gentil de sua parte — quando você é
tão ocupado e tem tantos compromissos importantes para o seu tempo — ouvir
com tamanha paciência um recital de minhas tolices e dores do coração! Você me
ajudou bastante — e fez com que eu me tomasse com maior seriedade — o que foi
excelente!”
Para Harriman, o fato de Clementine Churchill o ter selecionado para a
função de padre confessor de Mary, não importa quão desconfortável tivesse sido
na ocasião, foi uma fonte de tremenda satisfação. Seu acesso íntimo aos
Churchills abrandou boa dose da ferroada que havia sentido com sua exclusão
por tanto tempo da equipe do New Deal de Roosevelt. Apesar de o círculo
fechado ao qual fora admitido ser o do primeiro-ministro inglês, e não o do
presidente americano, ele estava agora sob a luz dos holofotes, justamente como
sempre ansiou.
No seu galanteio a Churchill e família, Harriman dedicou as mesmas energia
e determinação que devotou ao polo e a outros de seus entusiasmos. Quando
chegou a Londres para o desempenho de sua missão, ele presenteou Clementine
com um pequeno saco de tangerinas que conseguira em Lisboa. A expressão de
deleite dela fez com que ele percebesse quão severamente as restrições às
importações de alimentos haviam afetado até o lar do primeiro-ministro. A partir
de então, Harriman, homem conhecido por sua parcimônia, passou a ser o Papai
Noel para os Churchills, oferecendo-lhes itens que havia muito tempo tinham
sumido das lojas inglesas — presunto defumado da Virgínia, frutas frescas,
lenços, meias femininas, charutos Havana.
Além de favorecer a inclinação de Churchill por amigos ricos e luxo,
Harriman estava disponível toda a vez que o primeiro-ministro precisasse
conversar, independentemente do lugar e da hora. Muitas vezes já era quase
meia-noite quando ele recebia uma chamada telefônica de Downing Street 10 ou
do estúdio de Churchill em Chequers solicitando sua presença para algumas
mãos de “bezique,” um complicado jogo de cartas que era uma das maneiras
favoritas de relaxamento do primeiro-ministro. Enquanto jogavam até duas ou
três da madrugada, Churchill, fascinado que era pelo amealhar e perda de
grandes fortunas, regalava seu endinheirado companheiro com histórias de como
havia perdido grande quantia de dinheiro na quebra de Wall Street em 1929. A
despeito de tal desastre, ele fantasiava para Harriman sobre “a maravilhosa vida
[110] que um especulador deveria levar.” O primeiro-ministro também usava
Harriman como caixa de ressonância para seus pensamentos sobre os últimos
acontecimentos na guerra e as relações anglo-americanas. Era um exercício útil
para os dois, com Harriman discernindo o que se passava pela mente de
Churchill, e Churchill obtendo as opiniões de Harriman sobre ações e reações de
Roosevelt e seu governo.
Contudo, intrigante foi o fato de Harriman, obcecado e ambicioso como era,
decidir pôr em risco a privilegiada posição que detinha com Churchill e família,
logo depois de a ter conseguido, ao começar um caso amoroso com Pamela
Churchill, a nora de vinte e um anos do primeiro-ministro.
Os dois se conheceram num almoço em Chequers, no m de maio de
1941, menos de duas semanas após a chegada a Londres do representante
americano do Lend-Lease. Como Harriman, a Pamela de cabelo castanho-
avermelhado e olhos azuis tinha uma predileção por cultivar homens importantes
e fascinação pelo poder político. Segundo todos os relatos, ela cou
imediatamente cativada por aquele empresário, quase trinta anos mais velho, que
era, segundo informação de uma amiga, “o americano mais poderoso em
Londres.” Durante o almoço, Harriman procurou extrair dela informações sobre
Churchill e sobre o barão da imprensa Lord Beaverbrook, velho amigo e
conselheiro do primeiro-ministro e um dos mais in uentes e controversos
homens da Inglaterra. Harriman, ela disse mais tarde, “era um caipira da
América. Não sabia coisa alguma” sobre o cenário político no Reino Unido de
então. Mas também se recordou de como a ela pareceu “maravilhosamente
vistoso” — “muito atlético, bronzeado e saudável.” Olhando rmemente
Harriman com a intensidade de um feixe de laser, Pamela deslanchou aquilo que
seus amigos quali cavam como “dança do acasalamento,” fazendo perguntas,
ouvindo, extasiada, seus comentários e sorrindo abertamente a qualquer tentativa
dele de gracejo.
Ela havia conquistado o sogro com a mesma maneira amável de ertar e,
quando o fez, tornou-se uma de suas companhias favoritas. Com o marido
Randolph no Oriente Médio e o lho de seis meses, Winston, aos cuidados de
uma babá na casa de campo, ela passava a maior parte do tempo em Downing
Street 10 e em Chequers, jogando cartas com Churchill, ouvindo suas histórias e
confortando-o sempre que o via preocupado e deprimido.
Na realidade, virtualmente desde o início de seu casamento, Pamela tinha
bem melhor relação com Winston e Clementine do que com o marido, então com
vinte e sete anos. Filha de Lord Digby, empobrecido aristocrata de Dorset, ela
conhecera Randolph Churchill poucos dias antes de a guerra começar. Temerosa
de car “aprisionada em Dorset [111] pelo resto da vida,” ela se desesperava,
disse mais tarde, por “novos horizontes e desa os. (...) Eu queria experimentar o
que existisse para ser experimentado.” Randolph propôs casamento na noite
seguinte ao primeiro encontro, e o matrimônio teve lugar duas semanas depois.
Para ambos, a união foi “tão fria e calculista como uma negociação empresarial,”
escreveu Sally Bedell Smith, uma das biógrafas de Pamela. “Ele queria um
herdeiro, e ela desejava nome e posição.” Os dois conseguiram o que almejavam,
porém, sem surpresas, a relação foi um desastre emocional desde o começo.
Mimado e estragado pelo pai, Randolph era muito falante e talentoso
escritor, que podia ser charmoso e jovial quando estava disposto. Na maior parte
das vezes, no entanto, era um pedante desagradável, dado à bebida, ao jogo e à
caça às mulheres, fontes constantes de vergonha para os pais. Randolph, disse
Mary Churchill, “podia ser bastante assustador — muito barulhento e estourado.
Se estivesse num daqueles dias, era capaz de discutir até com uma cadeira.” Bem
mais cáustico na sua avaliação de Randolph, John Colville escreveu em seu
diário: “Uma das mais condenáveis pessoas que jamais conheci; ruidoso,
impertinente, choramingão e ostensivamente desagradável. (...) Na mesa de
refeições, raramente demonstrava afabilidade pelo pai, que o adorava.” Em
fevereiro de 1941, para grande alívio de Pamela, o regimento de Randolph foi
transferido para o Egito, e ela, por m, se sentiu livre para desfrutar do furor
erótico que tomou conta da Londres do tempo de guerra.
O ditado “Viva hoje, porque amanhã podemos estar mortos” podia ser lugar-
comum das guerras, mas sem dúvida ecoou pela capital inglesa em 1941 — nos
hotéis, nightclubs, pubs e palácios, salas da situação e quartos de dormir. “Um
difundido galanteio [112] pairava no ar, um sentimento de que ninguém é de
ninguém,” observou um escritor inglês. “Espalhou-se pelo país a noção de que,
em Londres, todos estavam apaixonados.” O fatalismo romântico e a vaidade
foram intoxicantes para muitos americanos que se depararam com tais
liberalidades durante a guerra. Para eles, como para muitos ingleses e exilados
europeus, que passaram determinado período na capital, a moralidade
convencional foi deixada de lado por algum tempo. “As barreiras normais para se
ter um caso amoroso com alguém foram jogadas para o alto,” lembrou o chefe da
CBS William Paley, que passou diversos meses em Londres durante a guerra.
“Se a coisa parecia boa, você se sentia bem, ora, nada a lamentar.”
Somando-se a essa desinibida atmosfera havia o novo e excitante senso de
liberdade e independência experimentado pelas jovens mulheres inglesas.
Crescidas numa sociedade na qual poucas mulheres trabalhavam fora ou
frequentavam a universidade, elas esperavam continuar recatadamente em
segundo plano, demandando pouco mais do que a satisfação de servirem aos
maridos e criarem os lhos. Essa previsível e moderada existência foi, contudo,
abalada quando a Inglaterra declarou guerra à Alemanha. Centenas de milhares
de mulheres, até mesmo debutantes como Pamela, que mal sabia fritar um ovo, se
alistaram para trabalhar nas indústrias de defesa ou foram recrutadas para o
Serviço Auxiliar Feminino da Força Aérea (Women's Auxiliary Air Force —
WAAF) e para outras unidades militares. Como uma ex-debutante lembrou: “Foi
a liberação, sentime livre.” As mulheres começaram a usar calças compridas.
Apareciam em público sem meias femininas. Fumavam, bebiam e faziam sexo
extramarital — com mais frequência, menos escrúpulos e menor remorso que
suas mães e avós. As poucas mulheres americanas na capital foram infectadas por
similar senso de liberdade. “Londres foi o Jardim do Éden para as mulheres
naqueles dias,” lembrou a correspondente da revista Time & Life, Mary Welsh,
“com uma serpente dependurada em cada árvore ou poste de iluminação,
oferecendo presentes tentadores, companhia e afeto excitante, se bem que
temporário.”
Pamela Churchill se pôs na vanguarda desse antecipado movimento de
liberação feminina, conseguindo um emprego no Ministério dos Suprimentos e
um quarto no Dorchester Hotel. Anos depois, ela se lembrou de ter pensado
enquanto caminhava por um dos corredores do hotel, “Aqui estou eu [113], com
vinte anos de idade, totalmente livre [e] curiosa por saber quem vai entrar na
minha vida.” Quando conheceu Averell Harriman, imediatamente decidiu que
era ele. Foi uma conquista espetacularmente fácil. Harriman já era hedonista
bem antes de chegar a Londres, e nem precisou da mentalidade de carpe diem,
que imperava na cidade, para se convencer de que deveria se divertir. Nos anos
1920, ele tivera uma longa ligação amorosa com Teddy Gerard, atriz e cantora de
nightclubs que se apresentara no Ziegfeld Follies. E houve muitas outras
mulheres com o passar dos anos; pouco antes de partir para Londres, ele
mergulhara num a air com a bailarina Vera Zorina, então casada com George
Balanchine.
Seu caso com Pamela provavelmente começou em meio ao devastador raid
da Luftwa e sobre Londres, ocorrido em 16 de abril, pouco mais de duas
semanas após se conhecerem. Os dois eram convidados de um jantar no
Dorchester em homenagem a Adele Astaire Cavendish, irmã de Fred Astaire e
esposa de Lord Charles Cavendish, lho do nono duque de Devonshire.
Enquanto Gil Winant perambulava naquela noite pelas ruas do oeste de
Londres e Ed Murrow testemunhava a destruição de seu escritório e a de seu pub
favorito, Harriman e seus companheiros de jantar assistiam aos incêndios de um
dos quartos do oitavo andar do Dorchester e depois se recolheram à
comparativamente mais segura suíte de Harriman no térreo.
Quando os outros foram embora, Pamela, aparentemente, cou na suíte. Bem
cedo na manhã seguinte, John Colville viu Harriman e a nora de seu chefe
caminhando de braços dados pelo Horse Guards Parade e examinando a
devastação da noite anterior. Mais tarde naquele mesmo dia, Harriman escreveu
à esposa. “Na noite passada a Blitz foi real — talvez a mais ampla de toda a
guerra. (...) Bombas caíram por todos os lados. Desnecessário dizer que meu sono
foi intermitente.” Ele incluiu detalhes das conversas ocorridas no jantar e listou
os nomes dos presentes, com uma notável exceção — Pamela Churchill.
Inicialmente, pelo menos, o casal escondeu ao máximo o relacionamento.
Eram mutuamente circunspectos e “agiam como se amigos fossem” quando na
companhia de outros, disse um conhecido. Não obstante, as pessoas começaram a
notar — e falar. Duncan Sandys, marido de Diana, lha mais velha de Churchill,
“interceptou olhares e sentiu vibrações” entre os dois, e correu o boato que
Harriman fora visto, bem tarde em determinada noite, caminhando na ponta dos
pés pelo vestíbulo de Chequers.
Entre os que deduziram a verdade estava Lord Beaverbrook, que encorajou a
ligação desde o começo. Proprietário de três importantes jornais diários, Max
Beaverbrook fora ostensivo defensor do apaziguamento com Hitler até maio de
1940. Todavia, quando a Inglaterra passou a ser diretamente ameaçada pela
Alemanha, ele se empenhou pelo esforço de guerra com a mesma energia que,
antes, a ele se opusera.
Clementine Churchill odiava Beaverbrook, chamando-o de “micróbio [114]”
e “demônio engarrafado” e implorando ao marido que não privasse muito de sua
companhia. “Alguns julgavam que ele era o diabo personi cado,” lembrou Drew
Middleton, então correspondente em Londres da Associated Press. “Eu o achava
amoral e friamente calculista. Era um homem de grande energia, insensível
brutalidade mental, paixão pelo mexerico (muitas vezes parecia só pelo prazer da
intriga) e uma vasta generosidade.” Certa vez, quando Bill Paley foi convidado
para jantar na residência de Beaverbrook, Ed Murrow o alertou que o magnata
da imprensa “tinha particular prazer em extrair informação indiscreta de seus
convidados enchendo-os de bebida.”
Beaverbrook — que, como ministro dos Suprimentos de Churchill, era
encarregado da maior parte da produção inglesa de guerra — era especialmente
bem conhecido por sua prodigalidade para amplo círculo de mulheres amigas,
inclusive Pamela, para quem ele se tornou uma espécie de benfeitor. Dava-lhe
conselhos, emprestava-lhe dinheiro para saldar as dívidas de jogo de Randolph e
hospedava seu lho bebê e a babá em Cherkley, propriedade no campo que
possuía em Surrey. Tendo plena consciência de quanto a Inglaterra precisava da
ajuda americana e quão importante Harriman era para que tal auxílio fosse
conseguido, Beaverbrook defendeu o romance de Pamela com o americano.
Como Churchill, o titã da imprensa estava determinado a arrastar os Estados
Unidos para a guerra, e acreditava piamente que a ligação entre Harriman e
Pamela poderia ser usada como ferramenta em tal esforço. Um homem que
equiparava a informação ao poder, ansiava fervorosamente descobrir mais sobre o
que os americanos pensavam e planejavam — algo que poderia fazer, pensava,
com a ajuda de Pamela. Não tardou para que os amantes fossem convidados com
frequência a Cherkley, e a nora do primeiro-ministro se transformou num canal
paralelo para Beaverbrook para conhecimento do que se passava em Grosvenor
Square. “Ela transmitia tudo o que sabia sobre todos para Beaverbrook,” disse o
jornalista americano Tex McCrary. O caso amoroso também trazia benefícios
para Harriman. “Era muito valioso [115] para ele (...) ter alguém tão perto do
poder inglês,” disse mais tarde Pamela. “Fazia uma enorme diferença.”
Na tentativa de esconder sua relação, Harriman e Pamela foram muito
ajudados pela chegada, em junho, da lha dele, Kathleen, de vinte e três anos de
idade, que viera para fazer companhia ao pai por alguns meses. Recentemente
formada pelo Bennington College, ela conseguira, com a ajuda de Harriman, um
emprego temporário no birô de Londres do Serviço de Notícias Internacionais de
William Randolph Hearst. Sem saber inicialmente do a air, Kathleen fez
amizade íntima com Pamela, e quando os Harrimans se mudaram para uma suíte
maior no Dorchester, Pamela foi morar com eles. Mais tarde naquele verão, as
duas jovens, com o dinheiro de Harriman, alugaram uma pequena casa de campo
em Surrey para os ns de semana. Ele as visitava com frequência.
Como era perspicaz, não demorou muito para que Kathleen descobrisse o
que acontecia entre o pai e sua nova melhor amiga. Tendo crescido num meio
so sticado e mundano onde casos extraconjugais como aquele eram comuns, ela
manteve o segredo. Também não era muito chegada à madrasta e parecia
considerar Harriman mais um amigo generoso do que pai. Desvendado o
romance, ela decidiu permanecer em Londres inde nidamente para manter um
olho no pai e servir de camu agem.
Nada obstante, a despeito do esforço de todos, a relação, no m, tornou-se
amplamente conhecida tanto em Londres quanto em Washington. Harry
Hopkins repassou as novas para o presidente Roosevelt, o qual, segundo
Hopkins, “divertiu-se muito com a notícia.” O próprio Hopkins cou um pouco
inquieto, “temendo histórias de que o enviado do Presidente estragava o
casamento do lho do primeiro-ministro,” disse Pamela mais tarde ao historiador
Arthur Schlesinger Jr.
Pamela e Harriman sabiam que estavam brincando com fogo. O a air,
observou ela, “poderia ter dado errado,” provocando um escândalo que teria sido
prejudicial para todos os envolvidos. Até hoje não cou claro se Winston e
Clementine Churchill sabiam do que se passava sob seu próprio teto em
Chequers nas semanas e meses após o início do relacionamento. De acordo com a
lha do meio, Sarah, os Churchills e lhos valorizavam demais a privacidade
pessoal. “Não fazemos perguntas de um ou de outro e não nos metemos em
assuntos alheios,” disse Sarah Churchill. “Respeitamos apaixonadamente a
privacidade de nossas vidas e a de outras pessoas.”
Ao mesmo tempo, é difícil acreditar que nenhum dos Churchills suspeitasse
bem antes daquilo que ocorria. Para Clementine, que tinha uma relação
angustiada com o lho impertinente, o conhecimento do romance não teria sido
difícil de aceitar. Mas Churchill, que amava o lho apesar de seus maus modos,
as notícias sobre a in delidade certamente seriam recebidas como um rude
choque. No entanto, quaisquer que fossem seus sentimentos, ele precisava de
Harriman e dos americanos, e não tinha a intenção de deixar que questões
pessoais interferissem no interesse nacional. Além do mais, Pamela havia
provado ser útil canal entre ele e Harriman, repassando aos dois homens
informações e percepções que colhera junto a um e outro.
Pamela, de sua parte, estava convicta de que os Churchills tinham plena
consciência do caso. Contudo, a rmou que jamais foi questionada por nenhum
dos dois. A certa altura da guerra, Churchill comentou casualmente com ela:
“Sabe, [116] andam dizendo um monte de coisas sobre Averell em relação a
você.” Ela replicou: “Bem, muitas pessoas não têm o que fazer em tempo de
guerra e passam a fofocar,” “Concordo plenamente,” disse Churchill — e nunca
mais tocou no assunto.
Enquanto Harriman se envolvia com , Gil Winant
Pamela
Criando a Aliança
Na manhã seguinte ao ataque de Pearl Harbor, Churchill
despertou de um sono profundo e anunciou que planejava partir de imediato
para Washington. Anthony Eden, hesitante, disse-lhe que os americanos talvez
não quisessem vê-lo tão de imediato. E estava certo. Quando Roosevelt foi
informado sobre a planejada viagem do primeiro-ministro, aconselhou Lord
Halifax, então embaixador inglês em Washington, que seria melhor esperar um
pouco. Mas Churchill não estava disposto a aceitar retardo nehum. “Parecia uma
criança [162] na sua impaciência para se encontrar com o Presidente,” lembrou
Lord Moran. “Falava sobre a importância de cada minuto.” Quatro dias após os
Estados Unidos entrarem na guerra, o primeiro-ministro e seus assessores
militares estavam a caminho da capital americana para criar a aliança que ele
perseguira por tanto tempo.
A bordo do encouraçado Duke of York, o líder inglês deu ao seu médico a
impressão de ter rejuvenescido décadas em relação a poucos dias antes. “O
Winston com quem eu convivia em Londres me assustava,” registrou Moran em
seu diário. “E agora, parece que só no decorrer de uma noite — um homem mais
moço ocupou seu lugar. (...) O cansaço e o torpor desapareceram de sua
sionomia. Está alegre e falador, por vezes até travesso.”
Após aportarem em Hampton Road, na Virgínia, em 22 de dezembro,
Churchill e seus auxiliares voaram para Washington. Os Estados Unidos
estavam em guerra havia duas semanas. O Congresso, por solicitação de
Roosevelt, declarara guerra ao Japão em 8 de dezembro; três dias mais tarde,
Alemanha e Estados Unidos declaram guerra um ao outro. Porém, se as luzes
amejantes da capital fossem indício de alguma coisa naquela noite, o con ito
estava claramente muito remoto para a maioria dos americanos, tanto psicológica
quanto geogra camente. Pressionando como crianças o rosto contra as janelas do
avião, os membros da comitiva de Churchill, acostumados à escuridão sombria
das noites londrinas de tempo de guerra, maravilhavam-se com o esplendor
abaixo deles. Para John Martin, chefe dos secretários particulares do primeiro-
ministro, foi “uma das mais belas vistas [163] que jamais presenciei.” Para outro
dos auxiliares de Churchill, Washington, “com sua miríade de anúncios
luminosos dançantes parecia uma cidade de conto de fadas.”
A mesma cordialidade, a mesma centelha estavam presentes nas boas-vindas
proporcionadas a Churchill por Roosevelt, o qual, vencido pelo senso de
urgência do primeiro-ministro, fora recebê-lo no National Airport. O presidente
levou-o de carro para a Casa Branca e o alojou no primeiro piso da residência, no
m do corredor do próprio quarto de FDR. “Aqui estamos como uma grande
família, na maior intimidade e informalidade,” escreveu Churchill, radiante, para
Clement Attlee, seu vice-primeiro-ministro.
A Casa Branca de Roosevelt era caracterizada pelo que Churchill chamou
de “calma majestosa,” mas como residência temporária do primeiro-ministro
pareceu mergulhada num redemoinho. A exemplo do que acontecia em
Chequers e Ditchley, secretárias se agitavam por todos os lados, e mensageiros,
portando caixas vermelhas de despachos, passavam pelos diversos cômodos.
Churchill e Roosevelt entravam e saíam à vontade dos quartos de um e do outro,
e estudavam mapas da situação que o primeiro-ministro mandara prender com
tachas no Monroe Room. Churchill passou o Natal com os Roosevelts,
participou dos coquetéis que antecederam as refeições, partilhou-as em sua
maioria com o Presidente e, para grande desgosto de Eleanor Roosevelt, manteve
quase todas as noites seu marido acordado até altas horas, bebericando brandy,
fumando charutos e conversando sem parar sobre tudo que lhes vinha à cabeça.
Contudo, pelo menos em um aspecto, o líder inglês não exercitava sua rotina
de sempre: não dominava as conversas nem fazia uma corte com os comensais
durante as refeições, como era seu hábito em casa. Em algumas das reuniões
futuras, as duas fortes personalidades iriam parecer “um par de mestres de
cerimônias dispostos a não deixar que a cena de um fosse roubada pelo outro,”
observou Mike Reilly, agente do serviço secreto. “Estar com eles era como sentar
entre dois leões que rugiam ao mesmo tempo,” lembrou Mary Churchill Soames.
Ainda assim, como no decorrer da reunião de Placentia Bay, o primeiro-ministro
adulou Roosevelt. Churchill “se mostrou sempre pleno de histórias,” como
observou uma amiga de Mrs Roosevelt, “porém, às refeições, independentemente
de quão distante ele estivesse sentado do Presidente, tentava conversar só com
FDR. Todo o uxo da conversa do primeiro-ministro era dirigido a Roosevelt.”
Lord Moran anotou em seu diário: “Pode-se quase sentir [164] a importância que
ele confere à possibilidade de aproximar-se do Presidente, e, como advogado
daquela boa causa, ele se tornou exemplo de comedimento e autodisciplina.” À
noite, “julgando-se um Sir Walter Raleigh, que esticou sua capa diante dos pés
da rainha Elizabeth,” Churchill insistia em empurrar a cadeira de rodas de FDR
da sala de estar até o elevador, como “sinal de respeito.”
Em suas conversas, para alívio do primeiro-ministro, ele não notou indício
algum da cautela e indecisão do Roosevelt pré-Pearl Harbor. A rmeza e o ânimo
de FDR em travar a luta “com tudo que tivermos” re etia os do povo americano,
o qual, nas palavras de Robert Sherwood, “jogou fora, pronta, rápida e até
agradecidamente, o isolacionismo — se bem que, talvez, não de maneira
de nitiva.” Ainda mais importante aos olhos do primeiro-ministro, o Presidente
declarou que a derrota da Alemanha deveria ser o objetivo principal dos aliados.
Os dois líderes concordaram que um destacamento avançado de forças
americanas deveria ser imediatamente despachado para a Inglaterra — duas
unidades do Exército para defender a Irlanda do Norte, e diversos esquadrões de
bombardeiros para começar ataques à Alemanha a partir de bases inglesas.
Roosevelt e Churchill também tomaram uma decisão sem precedentes: pôr
suas forças sob um comando uni cado. Em cada teatro de operações, um único
comandante exerceria autoridade sobre todos os soldados, marinheiros e
aviadores ingleses e americanos, enquanto um Comitê Combinado de Chefes de
Estado-Maior caria sediado em Washington para coordenar a estratégia anglo-
americana. Além disso, agências conjuntas dos dois países seriam criadas para
controlar material bélico, transporte marítimo, matérias-primas, alimentos e
produção. Foi, declararia George Marshall mais tarde, “a mais completa
uni cação de esforço militar jamais alcançada por duas nações aliadas.”
Sem dúvida, verdade. Mas conseguir essa “completa uni cação do esforço
militar” foi uma luta gigantesca, eivada de fricções, que iria persistir até o m da
guerra. Em sua história relativamente curta, os Estados Unidos, a rigor, jamais
tinham sido autênticos aliados de qualquer outra nação. Durante a Primeira
Guerra Mundial, o presidente Wilson quali cara seu país como “Potência
Associada” e não como “Aliada”; em campanha, o general John Pershing,
comandante da Força Expedicionária Americana, mantivera sua tropa como
entidade separada e sob seu comando. Os ingleses, por outro lado, já haviam
experimentado uma série de alianças com outras nações ao longo dos séculos,
muitas, se não a maioria, conduzidas com frustrações e antipatias recíprocas.
Para alguns americanos, parecia que os ingleses, com seus ares superiores,
ainda os viam como colonos malcomportados, e não como povo independente e
igual. Era muito desagradável serem tratados como adolescentes ignorantes, que
precisariam ser rebocados por mentores inteligentes e conhecedores de tudo, a
m de que aprendessem as verdades do mundo. Sir Ronald Lindsay, embaixador
inglês nos Estados Unidos em meados dos anos 1930, demonstrara essa
condescendência quando escreveu ao Foreign O ce em 1937: “Os Estados
Unidos [165] permanecem extraordinariamente jovens e sensíveis. Fazem
lembrar uma senhora recém-ingressada na sociedade, muito suscetível à menor
deferência de um homem mais velho” — querendo, evidentemente, se referir à
Inglaterra. Churchill costumava usar analogias semelhantes, com frequência
comparando os Estados Unidos a uma moça volúvel que poderia ser manejada à
vontade para a maneira correta de pensar através da cortesia e da sedução As
divisões entre os dois países vieram quase imediatamente à tona durante
Aos sessenta e sete anos de idade, Churchill estava muito longe dos anos de
jovem ministro liberal do Gabinete, quando emergiu por breve período como
reformador social. Junto com David Lloyd George, ele fora a mola propulsora
para a introdução de reformas importantes no bem-estar social da Inglaterra
pouco depois da virada do século, inclusive providências para reduzir a pobreza e
o desemprego. Diferente de Lloyd George, no entanto, Churchill não era — e
nunca seria — um radical social. Suas visões da sociedade tendiam a ser
extremamente paternalistas, tal e qual um “velho e benevolente latifundiário
tory,” disse o trabalhista Herbert Morrison, “que faz o que pode por sua gente —
desde que ela seja boa e obediente, e saiba, exata e lealmente, qual o lugar dela e
o dele.”
Como Clementine Churchill con denciou certa vez a Lord Moran, o
primeiro-ministro não sabia praticamente nada a respeito de como viviam os
ingleses comuns — e não tinha o menor interesse em corrigir tal de ciência. “Ele
nunca andou de ônibus,” disse Clementine, “e só uma vez de metrô. Foi durante
a Greve Geral (1926) quando eu o larguei na estação de South Kensington.
Depois do trajeto, ele cou rodando que nem peru sem saber como sair da
estação e teve que ser, no nal, resgatado.” Com alguma veemência, acrescentou:
“Winston é egoísta. (...) Vê você, ele teve sempre a capacidade e a força para levar
a vida exatamente como gostaria.”
Ainda assim, a despeito do enorme abismo que existia entre ele e a maioria
de seus concidadãos, Churchill teve habilidade su ciente para estabelecer uma
ligação quase mística com eles no que tange ao combate na guerra. Mesmo antes
de se tornar primeiro-ministro, já havia inspirado o povo inglês com sua
determinação de lutar contra o inimigo até o m, fosse qual fosse o custo. Como
Primeiro Lord do Almirantado, de setembro de 1939 a maio de 1940, despontara
como a gura mais popular da nação. “Em Mr Churchill,” [197] escreveu o
editor Kingsley Martin, “vimos um homem de ação, que (...) fez-nos lembrar que,
não importava o que fôssemos ou pensássemos que fôssemos, havíamos nascido e
sido criados ingleses, e ingleses teríamos então que viver ou morrer.”
Como Martin deu a entender, Churchill e o povo inglês partilhavam muitas
das mesmas qualidades — determinação inabalável, coragem, energia e
combatividade. Quando viajaram com o primeiro-ministro durante a Blitz,
Winant e Averell Harriman testemunharam a grande a nidade que ele tinha
com seus compatriotas, que se aglomeravam à sua volta aonde fosse. Três anos
depois, no dia da Vitória na Europa (V-E Day), Churchill assomaria em uma das
sacadas de Whitehall e declararia para o mar delirante de gente reunida de pé à
sua frente. “Essa é a vossa vitória.” Como uma só voz, a resposta vinha
retumbante: “Não, é sua.”
Porém, quando se tratava de política social, não havia quase conexão entre
Churchill e seu povo — fato que se evidenciou com a reação do primeiro-ministro
e seu governo à publicação do Relatório Beveridge, no m de 1942. Levando o
nome de seu autor principal, Sir William Beveridge, o relatório propunha a
criação de uma rede de seguridade social para assegurar um padrão mínimo de
vida para todos os britânicos, que abarcava bolsa de família, um serviço nacional
de saúde e uma política de pleno emprego.
O povo cou muito entusiasmado com o relatório, que foi descrito como uma
Carta Magna social e se tornou de imediato um campeão de vendas. Os
londrinos permaneciam horas nas las “para comprar o pesado tijolo sobre
economia, que custava dois shillings, como se fosse maná não racionado caído do
céu,” escreveu Mollie Panter-Downes na New Yorker. Pelo restante da guerra, as
reformas propostas no Relatório Beveridge dominaram o debate político na Grã-
Bretanha. Enquanto muitos membros do Partido Trabalhista demandavam que o
governo começasse logo as discussões sobre a maneira de implementar aquele
plano social para o futuro, Churchill e a maioria dos tories resistiam a tais ideias.
O primeiro-ministro via o relatório como inoportuno desvio das atenções do
esforço de guerra, e suas propostas, como demasiadamente onerosas para uma
Inglaterra, que estava economicamente frágil, assumir antes que a guerra
terminasse. Da sua perspectiva, o autor do documento, ex-diretor da London
School of Economics, não passava de “um parlapatão [198], um sonhador.”
Outros funcionários do governo zeram de tudo para ignorar o relatório,
recusando-se a debatê-lo ou dar-lhe qualquer publicidade o cial.
Ardente defensor dos objetivos do Plano Beveridge , Gil
Winant cou decepcionado com a reação hostil de Churchill à noção de
reformas sociais no pós-guerra. Como Murrow, o embaixador tinha ligação
estreita com Beveridge e com muitos outros proeminentes intelectuais e
escritores de esquerda na Inglaterra, inclusive Harold Laski, H.G. Wells, R.H.
Tawney e John Maynard Keynes. Winant passara muitas noites na cozinha do
porão na casa de Keynes, em Bloomsbury; por seu lado, oferecera pequenos
jantares a Keynes, Laski e outros no seu apartamento em Grosvenor Square,
onde discussões de longo alcance tinham lugar a respeito do planejamento do
mundo pós-guerra, discussões madrugada adentro.
Por décadas, o foco principal de Winant vinha sendo a justiça social e o
esforço por criar uma vida melhor para os trabalhadores, homens e mulheres, de
todo o mundo. “Quando a guerra for vencida pela democracia, precisamos estar
preparados para ganhar a paz,” disse ele no dia que foi nomeado embaixador na
Inglaterra. Poucos meses antes, ele conversara com William Shirer sobre suas
ideias para a reconstrução pós-guerra da Europa e para a formulação de uma
economia de paz “sem as mazelas, o vasto desemprego, de ação e depressão, que
se seguiram à última guerra.” Num programa da BBC, declarou: “Existe uma
profunda conscientização de que a paz e a justiça social devem andar de braços
dados.” Desde que chegou à Inglaterra, os pronunciamentos de Winant e suas
conversas em particular eram centradas na necessidade de persuadir as nações do
mundo “a se concentrarem em coisas que unem a humanidade, e não naquelas
que a dividem.”
Roosevelt o enviara à Inglaterra precisamente em razão de suas relações com
os políticos e intelectuais de esquerda, os quais, acreditava o Presidente,
assumiriam a liderança do país durante ou imediatamente após o con ito. Porém,
no desempenho das funções de embaixador, ele se tornara também amigo pessoal
de Churchill. Recusando-se a desistir de modi car as noções que o primeiro-
ministro tinha a respeito de reformas sociais, Winant, ocasionalmente, tentou
atraí-lo para a direção correta. Numa oportunidade em que Churchill, em
reunião de empregadores e representantes de empregados, elogiou os membros
dos sindicatos por abrirem mão de certos direitos durante a guerra, o embaixador,
falando no mesmo encontro, diplomaticamente encorajou o líder inglês a dedicar
mais consideração às necessidades dos trabalhadores. Combater o inimigo, disse
ele, “requer não apenas [199] capacidade, trabalho duro e equipamentos, mas
também um entendimento que mostre sensibilidade à devotada lealdade do
povo.”
Em 6 de junho de 1942 , o embaixador dos Estados Unidos já olhava
pela janela do trem para a desolada e desanimadora paisagem dos distritos
ingleses produtores de carvão do nordeste da Inglaterra. Ele aceitara a solicitação
de ajuda de Clement Attlee para pôr m à greve dos mineiros, e os dois estavam,
então, a caminho de Durham, onde líderes de sindicatos e mais de quatrocentos
delegados, representando milhares de trabalhadores em greve, os esperavam.
Quando ele e Attlee entraram no sombrio salão do sindicato, Winant foi
recepcionado com muito entusiasmo pelos mineiros. Imediatamente, começou
seu pronunciamento que, sem mencionar greves, assemelhou a batalha contra o
fascismo com a luta pela democracia social. Os mineiros e outros operários, disse,
estavam na linha de frente como os soldados em campanha, e com a mesma
responsabilidade pelo prosseguimento do combate. “Vocês, que sofreram tão
profundamente nos longos anos da Depressão, sabem que temos que nos
envolver com uma grande ofensiva social se quisermos vencer a guerra por
completo. Não se trata de uma tarefa militar de curto prazo. Precisamos decidir
solenemente que, na nossa ordem social futura, não toleraremos os males
econômicos que germinaram a pobreza e a guerra.” Então, numa arguta e sutil
admoestação ao governo britânico, Winant acrescentou: “Isso não é alguma coisa
que deva ser colocada na prateleira durante o con ito armado. Isso é parte da
guerra.”
Foi um dos mais brilhantes discursos de Winant. Sua habitual hesitação no
início, as longas pausas e o tropeço nas palavras, sumiram por completo quando
ele ofereceu, com intensidade apaixonada, sua visão para um novo mundo pós-
guerra. Inclinados para a frente em suas cadeiras, os mineiros não perdiam uma
só palavra.
“O que queremos não é complicado,” a rmou o embaixador. “Temos
su ciente conhecimento técnico e capacidade de organização. (...) E temos
su ciente coragem. É mister que coloquemos tudo isso em prática. Quando a
guerra acabar, a impulsão por tanques tem de se transformar numa impulsão por
habitações. A impulsão por alimentos, para evitar que o inimigo nos leve à
inanição, tem de se tornar uma impulsão por empregos, para fazer com que o
desejo de liberdade se torne uma realidade palpável. (...) Da mesma forma que os
povos das democracias se encontram hoje unidos por um objetivo comum, nós
estamos comprometidos com um objetivo comum para o amanhã. Estamos
comprometidos com a criação da democracia popular.”
Os olhos de Winant passearam pela audiência. “Temos sempre que
lembrar,” disse o embaixador, “que são as coisas do espírito que no m
prevalecem. Que a preocupação com as pessoas faz sentido. Que onde não existe
visão ampla, o povo perece. Que esperança e fé são importantes, e que sem
caridade não existe nada de bom. Que, ao ousarmos viver perigosamente,
estamos aprendendo a viver com generosidade. E que, por acreditarmos na
bondade inerente ao homem, podemos atender à conclamação de seu primeiro-
ministro e 'nos lançarmos à frente no desconhecido com crescente con ança.'”
Quando Winant terminou, houve um longo silêncio, seguido de uma
explosão de aplausos e o troar de brados de “Hear, hear!” (Apoiado, apoiado). Pela
hora e meia seguinte, os mineiros crivaram o embaixador de perguntas sobre a
América, a guerra e a situação mundial. Depois, ele foi engolido por exaltado
aglomerado de mineiros que queriam apertar-lhe a mão e agradecer sua vinda.
“Achamos, [200] Sir,” exclamou o tesoureiro do sindicato, “que o senhor é um
grande sujeito.” Poucas horas depois, os mineiros em greve de Durham votaram
pela volta ao trabalho, como também o zeram os mineiros de Lancashire e
Yorkshire.
“WINANT FALA, GREVE TERMINA” estampou em
grande manchete o Daily Express do dia seguinte. Lamentando o atraso do
governo inglês na de nição do mundo do pós-guerra, o Daily Herald comparou o
discurso de Winant com o de Lincoln pronunciado em Gettysburg, na sua
exortação por “uma nova e maior emancipação mundial.” O Herald instou para
que as palavras do embaixador “fossem xadas na memória, repetidas nas escolas
e pregadas em todas as igrejas.” O Manchester Guardian, nesse ínterim, exaltou
as observações de Winant como “um dos maiores discursos da guerra.”
Todavia, apesar de a eloquência do embaixador ter ajudado a resolver a greve
dos mineiros, a questão maior dos objetivos do con ito armado — quais eram as
razões para se travar a guerra? — permaneceu uma contenda. Poucos meses
depois da greve, tal questão estaria no seio de uma terrível controvérsia sobre a
Operação Torch, o assalto anglo-americano ao norte da África. Winant e Murrow
seriam novamente envolvidos, porém, dessa vez, em lados opostos. Murrow iria
desa ar ostensivamente sua rede de radiodifusão e o governo dos EUA,
enquanto Winant seria compelido a defender uma política que, no âmbito
privado, acreditava ser tragicamente equivocada.
12
“Combatemos os Názis ou
Dormimos Com Eles?”
O general escolhido para comandar a invasão da África do Norte
cou alarmado com a nova missão. Dwight Eisenhower fora enviado à Inglaterra
para supervisionar a organização das forças americanas naquele país e, pensava
ele, para preparar um desembarque dos aliados na França. Esse fora o esquema
que formulara como chefe do planejamento de guerra em Washington e sobre o
qual ele e George Marshall vinham trabalhando os sete meses anteriores. Porém,
para insatisfação dos dois generais, Winston Churchill convencera Roosevelt em
julho de que o assalto inicial anglo-americano deveria ter lugar no norte da
África, mais tarde naquele mesmo ano. Na opinião de Eisenhower, o dia em que
Roosevelt concordou com Churchill foi “o mais negro [202] da história.”
In exíveis quanto ao fato de os aliados não possuírem os meios para desa ar
Hitler no Continente, os ingleses argumentaram que um desembarque na
periferia da África, na verdade, abriria o caminho para um bem-sucedido ataque
nal contra a Europa. Após o estabelecimento do controle no norte francês da
África, os aliados progrediriam para o leste na direção da retaguarda de Rommel
e seu Afrika Korps, enquanto o VIII Exército britânico atacaria os alemães a
partir do leste. Como os ingleses viam a situação, a expulsão das forças alemãs da
região não apenas salvaria o Egito e o Canal de Suez como também reabriria o
Mediterrâneo para os navios de suprimentos e de transporte de tropas dos
aliados, que eram então obrigados a navegar milhares de milhas para chegarem ao
Oriente Médio e à Índia. Na avaliação de Alan Brooke, uma vitória no norte da
África liberaria pelo menos um milhão de toneladas de transporte marítimo para
emprego numa operação ofensiva de larga escala no Continente.
Roosevelt, no entanto, foi menos convencido pela argumentação do
transporte marítimo do que pelo fato de as tropas americanas poderem,
nalmente, entrar em ação contra os alemães. Em resposta à incessante exigência
de Stalin por uma Segunda Frente, o Presidente tinha prometido, em maio, ao
ministro do Exterior soviético, que os aliados esperavam abrir tal frente mais
tarde naquele ano. FDR percebia também o crescente desassossego do povo
americano que, depois de Pearl Harbor, considerava o Japão, e não a Alemanha,
o principal inimigo do país. A menos que as forças dos EUA fossem enviadas
com rapidez ao teatro de operações europeu, as pressões do Congresso e do povo
poderiam levar a um maciço desvio dos recursos americanos para a luta contra o
Japão. “Apenas com grande esforço [203] intelectual,” Henry Stimson escreveu a
Churchill, o povo americano fora “convencido de que a Alemanha era seu mais
perigoso inimigo e deveria ser combatida antes do Japão.”
Em troca pela sua aquiescência à operação no norte da África, Roosevelt
insistiu que lhe fosse consentido estabelecer a maioria de suas diretrizes.
Sobretudo, disse ele, a operação terá de ser predominantemente americana, com
um comandante americano, para amenizar a resistência das forças da França de
Vichy na África Norte. Quando a França capitulara para a Alemanha, em junho
de 1940, o governo francês, sob seu novo presidente, marechal Philippe Pétain,
recebera autorização de Hitler para se instalar em Vichy, uma cidade no centro
da França. Os franceses, disse FDR a Churchill, muito provavelmente resistiram
menos às tropas dos EUA que às inglesas, que haviam destruído, dois anos antes,
a maior parte da esquadra francesa no porto argelino de Oran, e apoiavam
Charles de Gaulle, o general rebelde que escapara para Londres a m de
congregar os franceses contra Vichy e contra o Reich.
Ao contrário dos ingleses, os americanos haviam mantido relações
diplomáticas com o governo de Vichy, que tinha permissão dos alemães para
manter o controle sobre o norte francês da África e sobre as outras possessões
coloniais do país, assim como sobre sua esquadra. O governo Roosevelt suportou
severas críticas em casa por suas ligações com Vichy, que tinha colaborado com os
názis e imposto um regime autoritário na região que controlava no sul da França.
Os funcionários de Vichy haviam instituído políticas repressivas contra os judeus
bem antes de receberam ordens alemãs para fazê-lo e, mais tarde, ajudaram os
názis a arrebanhar judeus com a nalidade de deportá-los para campos de
concentração ou de extermínio. Na ocasião em que eram contratados, os policiais
de Vichy tinham que fazer o seguinte juramento: “Juro lutar contra a
democracia, contra a insurreição gaullista e contra a lepra judaica.” Não
obstante, Roosevelt acreditava que, a despeito de todos os seus pecados, era
importante manter uma boa relação com os líderes de Vichy, os quais, esperava
FDR, manteriam o norte francês da África e a esquadra longe da mão dos názis e,
talvez em determinada oportunidade, passassem para o lado dos aliados.
Ao mesmo tempo, o Presidente desenvolveu grande aversão pelo arrogante e
difícil de Gaulle, embora não o conhecesse pessoalmente. Outra condição dos
Estados Unidos para a Torch foi a exclusão do general e de seus Franceses Livres
da operação. Além disso, Roosevelt determinou que de Gaulle não recebesse
qualquer informação prévia sobre os desembarques “não importa quão [204]
irritado ou irritante ele possa car.” Tendo vencido a batalha do assalto ao norte
da África, Churchill se mostrou mais do que satisfeito por concordar com os
termos de Roosevelt. “Considero-me seu tenente,” telegrafou ao Presidente.
“Essa é uma empreitada americana na qual somos seus meros coadjuvantes.”
Era, entretanto, uma empreitada que Eisenhower considerava, em todos os
escalões, um pesadelo. Ele e seus subordinados tinham apenas uns poucos meses
para planejar um dos mais audaciosos desembarques anfíbios da história, pois
envolveria duas forças de assalto trazidas dos Estados Unidos e da Inglaterra para
as praias de um continente “onde nenhuma campanha militar de vulto fora
travada por séculos.” Como assessor militar de Churchill, Pug Ismay observou
em suas memórias que qualquer operação anfíbia era um feito extremamente
difícil. Requeria “pessoal altamente treinado, grande variedade de
equipamentos, detalhado conhecimento dos pontos de desembarque, acuradas
informações sobre as possibilidades e dispositivos do inimigo e, talvez se
sobrepondo a tudo isso, meticulosos planejamento e preparação.” Podia-se dizer
que a Torch não satisfazia a nenhuma dessas condições.
Eisenhower e seus subordinados se preocupavam com o aprestamento para a
batalha das tropas americanas do assalto, a maioria das quais recebera pouco ou
nenhum treinamento de combate. De fato, alguns não tinham aprendido a
carregar, apontar ou atirar com um fuzil até que já estavam embarcados nos
navios que os transportavam para o norte da África. O comando americano
também se mostrava apreensivo com os poucos armamentos, suprimentos e
navios disponíveis para uma empresa de tal vulto. “Ainda vivíamos uma situação
de escassez,” escreveu Eisenhower mais tarde. “Não havia de coisa alguma o que
se conhece por plenitude.” E, até poucas semanas antes do deslanchar da invasão,
ainda se argumentava furiosamente sobre os locais em que os desembarques
iriam se realizar.
Os ingleses queriam tocar o litoral o mais a leste possível, de modo que as
tropas pudessem se deslocar rapidamente para a Tunísia, objetivo principal da
Torch, a m de impedir o desembarque de forças adicionais alemãs e assumir o
controle de Túnis e Bizerta, os dois principais portos de águas profundas do país.
Segundo o cenário esperado pelos ingleses, Rommel ver-se-ia então encurralado
entre as forças da Torch e as do VIII Exército inglês. Eisenhower apoiava o plano
dos ingleses, mas foi contrariado por Marshall e seus assessores, receosos de que,
por desembarcarem tão a leste, os aliados é que poderiam cair em cilada —
atacados na retaguarda por tropas alemãs que avançassem através da neutra
Espanha. Os o ciais americanos dos altos escalões insistiam que as forças de
assalto tinham que desembarcar em Casablanca, na costa atlântica do Marrocos,
cerca de mil e quinhentos quilômetros a oeste de Túnis. Embora Churchill
achasse que Marshall estava sendo demasiadamente cauteloso (como pensava
também Eisenhower), o líder inglês mais uma vez aquiesceu. A solução nal foi
de meio-termo. As forças dos aliados desembarcariam em três locais muito
separados entre si: Casablanca, no Marrocos, e Argel e Oran, na Argélia. Argel, o
local mais próximo de Túnis, estava ainda a mais de setecentos quilômetros de
distância do objetivo principal da operação.
A missão dada a Eisenhower naquele verão sobrecarregaria o
mais sobre-humano dos comandantes. Além de organizar aquilo que James
MacGregor descreveria mais tarde como “missão bizarra [205], eivada de
dúvidas e imprevisível,” ele teria ainda que inventar um comando uni cado para
as duas forças nacionais da Torch. Como tal estrutura de organização jamais
existira na história militar, Eisenhower não contava com manuais para seguir ou
precedentes que copiar. Seus amigos do Exército diziam-lhe que se tratava de
missão impossível. Ele e a Torch estavam fadados ao fracasso, a rmavam, e não
tinham dúvidas sobre quem seria o bode expiatório da inevitável derrota. “Fui
saturado,” escreveu mais tarde o general, “com histórias de fracassos aliados,
começando com os gregos, quinhentos anos antes de Cristo, e percorrendo os
séculos até chegar nas amargas discussões que envolveram as recriminações
mútuas franco-britânicas de 1940.”
De sua parte, os ingleses, que haviam se oposto ao conceito de comando
uni cado desde o início, estavam mais do que insatisfeitos por verem um
desconhecido general americano, sem experiência de combate, prestes a liderar
seus homens em campanha. Alan Brooke não tinha Eisenhower em grande
conta, tal como não tinha Marshall, e a relação entre os dois permaneceu glacial
até o m da guerra. Apesar de ser indulgente ao atribuir ao americano
“maravilhoso charme [206]” e “maior dose de sorte do que a maioria de nós
recebe na vida,” Brooke não tinha quase nada de bom a dizer sobre a capacitação
de Eisenhower como comandante, chegando a a rmar certa vez que ele “tinha
apenas a mais vaga concepção sobre a guerra.” Um almirante inglês, que serviu
sob as ordens de Eisenhower, o descreveu durante aquele período como
“totalmente sincero, direto e bastante modesto,” porém “não muito seguro de si
mesmo.”
No entanto, apesar de Eisenhower poder ter sido hesitante e inseguro em
muitos aspectos, jamais vacilou nas suas demandas por uma completa integração
no esforço de guerra anglo-americano. Segundo Mark Perry, biógrafo de
Eisenhower e Marshall, nenhum outro general da geração do primeiro, inglês ou
americano, possuía “um entendimento comparável da importância de se forjar e
manter tal coalizão.” Quando os ingleses argumentaram que seus comandantes
em campanha deveriam ter o direito de apelar ao Ministério da Guerra caso
discordassem de alguma de suas ordens, o comandante da Torch declarou que tal
desbordamento violaria o acordo anglo-americano sobre comando uni cado. Ele
negociou um meio-termo: os comandantes ingleses que questionassem uma
ordem teriam que consultá-lo primeiro antes de tomarem qualquer decisão
ulterior. “Essa foi a fórmula de Eisenhower, que teria consequências bem mais
importantes do que aquelas que seu autor pudesse ter na ocasião em que a
expressou,” observou Wallace Carroll. “Todos os que atuassem em seu teatro de
operações, fossem civis ou militares, ingleses ou americanos, teriam que abrir
mão de lealdades antigas e se submeter à autoridade do comandante do teatro.”
O canteiro onde Eisenhower plantou as sementes da unidade
anglo-americana estava situado na Norfolk House, um prédio neogeorgiano de
pedras e tijolos, a poucas casas da residência de Nancy Astor, na elegante St.
James's Square. Designada como Quartel-General das Forças Aliadas para a
Torch, a Norfolk House era, na cabeça de alguns, uma localização um tanto de
mau agouro para o primeiro comando combinado da aliança. Pouco mais de
duzentos anos antes, George III nascera na Norfolk House original, uma mansão
que pertencia ao duque de York, no mesmo local.
Eisenhower não dava a menor importância a George III. Insistia para que os
americanos e ingleses de sua equipe botassem de lado as antigas divisões entre os
dois países e agissem como se “pertencessem a uma só nação.” Era, como ele
próprio reconheceu, uma ordem mais fácil de dar que de cumprir. Em função do
pouco contato que tiveram no período entre as guerras mundiais, os militares dos
Estados Unidos e da Inglaterra quase nada conheciam sobre a maneira como uns
e outros operavam. Na oportunidade em que o general Frederick Morgan foi
designado para servir no comando de Eisenhower, no outono de 1942, recebeu
um documento do QG aliado que leu espantado. Morgan lembrou que “não
entendeu uma só palavra” [207] no papel em que xava os olhos. “Ali estava um
amontoado de palavras que, indubitavelmente, estavam escritas em inglês, mas
que para mim não faziam o menor sentido, e vi-me obrigado a apelar para uma
tradução especializada no linguajar militar americano.”
No começo, houve também discussões, mal-entendidos e embates pessoais —
tantos, de fato, que Eisenhower assemelhou as primeiras brigas na relação entre
as duas nacionalidades de sua equipe como “o encontro de um buldogue com um
gatão.” Alguns americanos tinham antipatia pela ideia toda da Torch,
“supostamente a considerando,” nas palavras de Eisenhower, “um plano inglês
para o qual os americanos tinham sido arrastados pelos pés.” Embora, em
particular, concordasse com essa ideia, o comandante alertou seus compatriotas
que, se não pusessem todas as energias a serviço da operação e não aprendessem
a se dar bem com os equivalentes ingleses, seriam todos enviados de volta para a
América. Com o tempo, sua determinação de buldogue deu frutos: os americanos
de seu Estado-Maior admitiram, como disse seu assistente pessoal Harry
Butcher, que “os ingleses não eram realmente demônios de casaco vermelho,” e
os ingleses concederam que os americanos podiam ter, ocasionalmente, uma boa
ideia ou duas.
Mas muitos comandantes de campanha, ingleses ou americanos,
discordavam. Dois dos melhores amigos de Eisenhower — Mark Clark, seu vice e
chefe do planejamento da Torch, e George Patton, comandante de uma das
forças tarefas da invasão — eram ambos violentamente anglófobos. Patton, que
chegara a Londres no verão de 1942 para receber as diretrizes de sua missão,
resmungou no seu diário: “Está bastante claro que a maioria dos o ciais
americanos aqui é pró-britânica, até Ike. (...) Eu não sou, repito, não sou pró-
britânico.”
Apesar de Eisenhower manter em público uma atitude descansada e o
proverbial sorriso fácil, os mais próximos sabiam do enorme preço, emocional e
físico, que os preparativos para a Torch lhe estavam cobrando. Seria mesmo
possível, matutava ele, “invadir um país neutro para criar um amigo,” como
Roosevelt achava? Fumando até quatro maços de Camels por dia, ele se mostrava
irritadiço e deprimido — “um pacote de três estrelas de tensão nervosa,” disse
Kay Summersby. Um americano de seu Estado-Maior anotou: “Ele envelheceu
[208] dez anos.” Embora exausto, Eisenhower era incapaz de pegar no sono à
noite. Levantava-se e cava olhando pela janela a escuridão lá fora, absorto com
as ansiedades e temores que não revelava a ninguém.
Em 4 de novembro de 1942, o VIII Exército inglês, comandado
pelo general Bernard Law Montgomery, esmagou as forças de Rommel em El
Alamein, expulsando-as do Egito e empurrando-as para o oeste numa fuga
precipitada. Foi a primeira vitória importante dos ingleses sobre os alemães na
guerra, que deu nova vida e vigor a Churchill e seu acossado governo, assim
como ao país.
Quatro dias depois, cerca de trinta e três mil soldados americanos e ingleses
desembarcaram nas praias do norte da África. Desde os primeiros estágios da
Operação Torch, a inexperiência tanto do Estado-Maior quanto da tropa
patenteou-se gritantemente. Em Casablanca, mais da metade das barcaças de
desembarque e blindados leves afundou ou não funcionou corretamente na
arrebentação. Muitos soldados não tinham ideia do que fazer depois de porem os
pés na praia. O general Lucian Truscott, comandante das forças de desembarque
numa região ao norte de Casablanca, lembrou que “os homens vagavam sem
destino, totalmente perdidos (...) xingando uns aos outros.”
Nada, inclusive a reação francesa aos desembarques, saiu como planejado. A
convicção de Roosevelt de que as tropas francesas recepcionariam
amigavelmente os invasores americanos se baseara em grande parte na
inteligência de uma rede de espiões amadores dos EUA sediada na norte da
África mesmo antes de os Estados Unidos entrarem na guerra. Mediante um
acordo secreto com Vichy, de março de 1941, Roosevelt desbloqueara os ativos
franceses na América em troca da permissão para que doze vice-cônsules
americanos — isto é, agentes de informações — se estabelecessem em toda aquela
região. Os doze não eram operadores pro ssionais — entre eles havia um
fabricante de vinhos e um vendedor da Coca-Cola — e a inteligência militar
alemã, que sabia tudo sobre os pretensos doze espiões, concluiu: “Só podemos
nos congratular pela seleção de tal grupo de agentes, que não nos dará trabalho
algum.”
Os vice-cônsules garantiram à Casa Branca que o exército francês ofereceria
apenas resistência simbólica às tropas americanas. Por seu turno, aos soldados foi
assegurado que os franceses os receberiam “com bandas de música [209].” Na
realidade, os franceses combateram bravamente em todos os locais de
desembarque, com a resistência mais impetuosa dirigida exatamente contra a
força só de americanos que desembarcou em Casablanca. Um major reportou
depois para o Departamento da Guerra que “tanto os o ciais quanto as praças
caram absolutamente estupefatos quando sentiram o primeiro gosto da
batalha.” Lucian Truscott escreveu: “Até onde eu podia divisar ao longo da praia,
o caos imperava.” Na opinião de um enfurecido Patton, os americanos jamais
teriam conseguido chegar às praias se estivessem enfrentando alemães, e não
franceses.
Para piorar as coisas, os militares franceses rejeitaram aceitar o homem
escolhido pelo governo Roosevelt para fazer a paz no norte da África e se tornar o
novo líder da região. O general Henri Giraud, que fora capturado pelos alemães
em 1940, antes de a França capitular, tinha escapado recentemente de uma
fortaleza-prisão na Alemanha e conseguira chegar a Vichy. Considerando
Giraud uma alternativa tanto para de Gaulle quanto para Pétain, funcionários
dos EUA o persuadiram a cooperar com a invasão e o levaram sigilosamente de
submarino da França para Gibraltar. Uma vez lá, no entanto, Giraud insistiu em
assumir o comando de toda a operação. Quando um atônito Eisenhower recusou
sua exigência, o general francês não aceitou acompanhar o primeiro escalão da
invasão. Sempre esperançosos, os aliados anunciaram pelo rádio para o norte da
África que Giraud assumiria em breve a liderança das forças francesas de lá. O
anúncio, como Eisenhower relembrou, “não causou efeito algum” sobre os
franceses; ao contrário, foi “completamente ignorado.” A rejeição francesa a
Giraud, reconheceu o comandante da Torch, foi “terrível golpe em nossas
expectativas.” Num cabograma a Roosevelt, observou que a situação no norte da
África “nem remotamente se assemelha aos nossos cálculos prévios.”
Àquela altura, o único objetivo de Eisenhower era pôr um m no banho de
sangue e lançar suas tropas na direção da Tunísia. Quem quer que o ajudasse a
atingir esse propósito receberia seu apoio, mesmo que o suposto salvador — como
aconteceu — fosse um dos mais desavergonhados colaboradores dos názis em
Vichy. Esse homem foi o almirante Jean Darlan, comandante das forças armadas
de Vichy e braço direito de Pétain, que, na ocasião dos desembarques, estava na
Argélia visitando seu lho gravemente enfermo. Amigo de Pierre Laval, a quem
sucedeu como vice de Pétain, Darlan era o mais odiado de todos os funcionários
de Vichy. Ele havia entregue a Indochina aos japoneses, permitido a perseguição
dos judeus franceses, ordenado a prisão em massa de oponentes em Vichy e
suprido as tropas de Rommel com alimentos, caminhões e combustíveis. Ao
tempo dos desembarques, Darlan, um ardente anglófobo, ordenara que as tropas
francesas atirassem contra as forças dos aliados.
No entanto, para o apolítico Eisenhower, que pouco sabia das questões
internas francesas e tinha pequeno entendimento do trauma nacional que a igia
o país, as transgressões reportadas sobre Darlan não pareciam relevantes. Ele
ofereceu ao almirante um acordo: em troca do arranjo de um cessar-fogo: os
aliados o nomeariam alto-comissário, ou governador do norte da África. De
início, Darlan relutou, ora concordando com o plano, ora o renegando. Só depois
que soube que os alemães haviam ocupado a França de Vichy em 11 de
novembro, ele ordenou um armistício. Com isso, a guerra no norte da África
nalmente cessou.
Para grande parte do restante do mundo, todavia, as transgressões de Darlan
eram muito graves. O acordo de Eisenhower, com o qual Roosevelt concordou e
Churchill relutantemente anuiu, foi recebido com uma tempestade de protestos
por todo o globo, mas em especial nos Estados Unidos e na Inglaterra. “Para as
duas nações [210], Darlan é um vilão pronto e acabado,” reconheceu Eisenhower
para seu Estado-Maior.
Quanto aos críticos, o acordo traía um cinismo que minava a posição moral
soberba dos líderes dos aliados, em especial Roosevelt. “A América fez
declarações com tão lindas palavras, a América proclamou princípios tão
maravilhosos, e agora, à primeira tentação, a América, ao que tudo indica, deixou
os princípios de lado e chegou ao entendimento com um dos mais desprezíveis
lacaios de Hitler no exterior,” observou Wallace Carroll. Como a rmou o
historiador militar Rick Atkinson cerca de sessenta anos mais tarde, “um exército
imaturo e desajeitado chegou ao norte da África com pouca noção sobre como
agir na qualidade de potência mundial.”
As primeiras ações de Darlan como alto-comissário só zeram aumentar a
raiva de seus críticos. Ele rati cou as leis antissemitas no norte da África;
aprisionou adeptos de de Gaulle e outros oponentes de Vichy; renomeou
funcionários de Vichy que haviam sido demitidos nos dias iniciais do assalto; e
ordenou interferências nas transmissões da BBC. Declarando que “não
chegamos aqui para nos imiscuirmos em negócios dos outros,” Eisenhower
recusou se envolver com o que considerava preocupações internas. Um irado
Charles Collingwood, o correspondente da CBS que cobria a Torch de Argel,
escreveu aos pais a respeito do papel da América na ascensão de Darlan ao
poder: “Perpetuamos e apoiamos [211] tacitamente um regime que é versão
razoavelmente acurada daquilo que estamos combatendo. Nossa desculpa é que
não devemos interferir na política francesa. Fico imaginando se entrarmos na
Alemanha e dissermos que não podemos interferir na política alemã.”
Na Argélia, alguns críticos americanos das ações de Darlan zeram mais do
que apenas reclamar. Os o ciais que trabalhavam na seção de Guerra Psicológica
do QG de Eisenhower providenciaram esconderijos para os adeptos de de
Gaulle que fugiam da polícia de Vichy e chegaram mesmo a embarcar alguns
deles como clandestinos em navios dos aliados que rumariam para a Inglaterra.
Um ou dois dos mais audaciosos americanos usavam miniaturas da Cruz de
Lorena, o símbolo Francês Livre, na lapela. Sua seção de Guerra Psicológica,
declarou mais tarde Eisenhower, deu-lhe mais trabalho do que todos os alemães
na África.
Em Londres, Churchill, apreensivo, alertou Roosevelt que a nomeação de
Darlan havia provocado intensa reação na Inglaterra. “Não podemos fazer vista
grossa para os sérios danos políticos que podem ter enodoado nossa causa (...) pelo
sentimento de que estamos dispostos a fazer acordos com os 'Quislings' locais,”
disse ele. Mollie Panter-Downes observou no The New Yorker que muitos
londrinos tinham equiparado o acordo com Darlan com a conciliação de Neville
Chamberlain com Hitler. Os ingleses “estão convencidos,” escreveu Panter-
Downes, “de que o apaziguamento com um homem de Vichy ou um homem de
Munique exalam o mesmo mau cheiro, sejam quais forem as denominações
dadas a esses compromissos.” Da embaixada americana em Londres, Wallace
Carroll escreveu a Roosevelt e a seus superiores na Agência de Informação de
Guerra declarando que a “lua de mel acabou” na Inglaterra. “A partir de agora,
teremos que batalhar muito para manter o respeito e a con ança do povo inglês.”
O próprio Churchill cou entre a cruz e a caldeirinha com o dilema
moralidade versus conveniência. Mesmo que seu governo não tivesse sido
consultado previamente sobre o acordo com Darlan, tanto ele quanto Roosevelt
haviam dado autorização a Eisenhower para empregar quaisquer expedientes a
m de conquistar a cooperação francesa no norte da África. O primeiro-ministro
com frequência se referia a Darlan como “vira-casaca” e “traidor,” porém, pouco
antes de a invasão começar, declarou: “Por mais que o odeie, eu engatinharia por
uma milha se, por fazê-lo, pudesse conseguir que ele trouxesse aquela esquadra
para se incorporar às forças dos aliados.” Mas Darlan jamais teria condições de
dar ordens à armada — ela foi propositadamente posta a pique pelos próprios
franceses depois que os alemães ocuparam o sul da França controlado por Vichy
— e o retardado cessar-fogo por ele declarado não evitou a onda de tropas alemãs
que inundou a Tunísia. Em suma, exceto pela cessação das hostilidades, o acordo
não atingiu qualquer dos objetivos previstos pelos aliados quando o zeram.
O acordo — e o indireto papel de Churchill nele desempenhado — foi tão
desconfortável para o primeiro-ministro que ele se recusou a dar uma explicação
na Câmara dos Comuns sobre a negociação, a menos que fosse em sessão secreta.
Na época em que essa sessão foi realizada, Churchill assumiu uma posição
neutra, apoiando Roosevelt e Eisenhower em prol da unidade aliada, mas
ressaltando que o acordo fora negociado apenas pelos americanos. “Desde 1776
[212], não temos condições de interferir na política dos Estados Unidos,” disse
ele. “Nem militar nem politicamente, estamos controlando de maneira direta o
curso dos acontecimentos.”
Enquanto isso, nos Estados Unidos, consagrados colunistas de jornais e
comentaristas do rádio condenavam o acordo, como também membros do próprio
ministério de Roosevelt. Henry Morgenthau, por exemplo, denunciou Darlan
como traidor que tinha vendido milhares de seus concidadãos para a escravidão e
disse a Roosevelt que a situação no norte da África era “coisa que a ige minha
alma.” Na companhia de Felix Frankfurter, Morgenthau instou o Presidente a
esclarecer a política americana em relação ao norte da África e a Darlan.
Preocupado com a chuva de críticas, o Presidente, se bem que ressentido, fez o
que o secretário do Tesouro solicitou. Num pronunciamento, declarou que o
acordo com Darlan foi necessário para salvar vidas e também o quali cou como
“um expediente temporário, apenas justi cado pelo estresse da batalha.”
O ímpeto para os temores e inquietações de Morgenthau foi
desencadeado por uma incendiária transmissão de Ed Murrow pouco depois de o
acordo com Darlan se tornar público. Perplexo com o papel principal que seu
país desempenhara no caso, o mais in uente radiojornalista nos Estados Unidos
pôs por terra todos os argumentos da objetividade. “Que diachos signi ca isso
tudo?” — explodiu para um amigo. “Combatemos os názis ou dormimos com
eles?” Num programa ouvido por Morgenthau, Murrow listou todos os pecados
de Darlan. Quando um o cial alemão foi morto em Nantes, Darlan entregou
trinta franceses como reféns aos názis, todos fuzilados. Depois de assumir o
poder no norte da África, ele enviou refugiados políticos europeus de volta aos
seus respectivos países ocupados pelos alemães. Seria esse, perguntou Murrow, o
tipo de aliado que queríamos para nossa luta contra os názis? Caso o acordo
tenha sido feito ou não por conveniência, “não há nada na posição [213]
estratégica dos aliados que indique que estamos tão fortes ou tão fracos que
podemos ignorar os princípios pelos quais esta guerra está sendo travada.”
Depois de escutar a matéria de Murrow, Morghentau entregou transcrições dela
a Henry Stimson e ao próprio Roosevelt.
Ocorreu que tal emissão esteve longe de ser o único programa de Murrow
sobre o assunto. De todos os jornalistas críticos do acordo com Darlan, ele foi
comprovadamente o mais vocal; repetidas vezes se posicionou como ostensivo
desa ador da política do governo. “Trata-se de uma matéria de princípios
elevados, na qual carregamos um inescapável peso moral,” disse aos seus
ouvintes. “Seja para aonde for que as forças americanas se dirijam, levam com
elas alimentos, dinheiro e poder, e os 'Quislings' logo correm para nosso lado, se
permitirmos.”
O governo Roosevelt cou surpreso e irritado com as reportagens
investigativas de um homem que o Presidente considerava aliado, um
radiojornalista em quem FDR con ara na noite de Pearl Harbor e que, certa vez,
tentara até contratar. Quanto Murrow retornou depois à América para uma
curta visita alguns meses, foi convocado ao Departamento de Estado, onde um
encolerizado Cordell Hull disse-lhe poucas e boas por, supostamente, minar o
esforço de guerra. “Ele, em momento algum, levantou a voz (...) fez qualquer
gesto, mas todas as suas palavras cortavam e ferroavam,” confessou Murrow
abalado a um amigo.
Sua veemência em relação a Darlan trouxe-lhe mais crítica pública do que
jamais recebeu. Patrocinadores da CBS e parte de sua audiência reclamaram,
como também o fez Paul White, o editor-chefe de notícias da rede sediado em
Nova York. “Você está pondo em risco sua boa reputação ao parecer um
constante crítico da América,” telegrafou White para Murrow. “Não é incomum
ouvir-se agora a piada 'Ed Murrow está cando mais inglês do que os ingleses.'”
No m de novembro, a International Silver, patrocinadora do programa semanal
de análises de Murrow, cancelou o contrato, cortando pela metade sua renda. (A
companhia, no entanto, evidentemente pensou duas vezes ao ejetar um dos mais
populares repórteres de radionoticiários e renovou o patrocínio um mês depois.)
Durante todo o tumulto, Murrow permaneceu irredutível. Para um ouvinte que
criticou suas reportagens sobre Darlan como antiamericanas e “de nitivamente
perigosas,” ele escreveu: “Acredito que todos os governos podem cometer erros,
exatamente como todos os locutores.” Em carta a um amigo, declarou: “Os
acontecimentos no norte da África [214] são dolorosos para quem quer que
tenha esperança de um mundo decente pós-guerra.” A outro amigo, Murrow
declarou: “Os ingleses receiam que a América venha a fazer o que a Inglaterra
fez no século XIX. (...) Nossa política, como demonstrada no norte da África,
parece um tipo de imperialismo amador.” Ele confessou se sentir cada vez mais
distante de sua terra. “Talvez eu tenha cado afastado de casa muito tempo, mas
cada vez mais me convenço de que os valores daqui, independentemente dos
motivos, são diferentes dos nossos valores.”
Como Murrow, Gil Winant acreditava que o governo cometera um erro
monumental ao pôr Darlan no poder. Certa noite, num coquetel em sua
homenagem, ele passou a maior parte do tempo con nado num canto,
conversando com Murrow e um radiojornalista da BBC, e lamentando o que
tinha ocorrido. Concordava com Churchill e Anthony Eden que o governo
Roosevelt deveria se compenetrar da rejeição com que o acordo de Darlan fora
recebido na Inglaterra.
Porém, como representante do governo dos Estados Unidos, Winant se sentia
também obrigado a defender a posição americana em público e procurar apoio
para essa posição entre os críticos funcionários ingleses, muitos dos quais seus
amigos pessoais. Por dois anos, o embaixador vinha conclamando a classe
trabalhadora inglesa a intensi car a luta contra o názismo; agora, era forçado a
dar suporte a um acordo com relevante colaborador názi. Profundamente
incomodado, mesmo assim ele continuou repetindo como papagaio a linha de
raciocínio do governo. Num jantar oferecido pelo embaixador, Harold Nicolson
ouviu-o a rmar a seus cépticos convidados que as vantagens militares do acordo
com Darlan sobrepujavam suas de ciências morais. “Darlan estava lá quase por
acaso... e percebeu-se que ele poderia ser útil,” Nicolson citou essas palavras de
Winant. “Isso signi cava poupar uma in nidade de tempo e cinquenta mil vidas
americanas... Valeu a pena.” Meditando sobre o jantar, Nicolson registrou em
seu diário: “Winant é pessoa tão esplêndida que quase nos convenceu com sua
advocacia do mal.”
Apesar de a Casa Branca ter sido fortemente criticada por seu apoio
ao acordo Darlan, foi Eisenhower quem aguentou o maior peso dos ataques.
“Não importa que vitórias alcance, Ike jamais sobreviverá a esse acordo,” disse
Harry Hopkins ao escritor John Gunther. Na opinião de Gunther, a observação
era absolutamente injusta. Eisenhower, escreveu ele mais tarde, “estava
totalmente despreparado para questões políticas, e só queria progredir o mais
rapidamente possível e salvar vidas americanas.” A responsabilidade nal,
acreditava Gunther, recaía sobre Roosevelt.
A controvérsia foi nalmente resolvida na véspera do Natal de 1942 quando
um monarquista francês, de vinte e quatro anos, irrompeu pelo QG de Darlan,
em Argel, e disparou dois tiros contra ele. Darlan morreu poucas horas depois;
após ser considerado culpado durante um julgamento militar secreto, o assassino
foi executado por um pelotão de fuzilamento em 26 de dezembro. (Houve — e
ainda há — suspeitas de que os serviços secretos americano e inglês estavam
envolvidos com a morte do almirante, mas nada jamais foi de nitivamente
provado.) Embora Darlan tivesse saído de cena, Eisenhower continuou enredado
na política francesa e em suas intrigas. Henri Giraud, nomeado para substituir
Darlan, deu continuidade à política do antecessor de perseguição aos judeus e
aos oponentes de Vichy no norte da África. “Giraud não foi [215] de ajuda
alguma,” escreveu Eisenhower mais tarde. “Ele odiava a política, não apenas as
tortuosidades e jogadas inerentes a ela, mas também todas as tarefas necessárias à
criação de um sistema de governo democrático e em ordem.”
Assoberbado com os problemas franceses, Eisenhower ainda teve de
enfrentar uma série de novas complicações quando as tropas aliadas, con antes
de que varreriam o norte da África de inimigos em semanas, talvez em dias,
avançaram na direção da Tunísia. Grandes surpresas esperavam. Enquanto os
aliados progrediam vagarosamente para leste, Hitler, tendo declarado que “o
norte da África (...) tem de ser mantido a qualquer custo,” despachara dezenas de
milhares de soldados para a Tunísia. Apressadamente treinadas e mal equipadas,
nem as forças americanas nem as inglesas eram páreo para as tropas veteranas, a
blindagem e a artilharia superiores, e o poder aéreo que encontraram nas
primeiras escaramuças com o inimigo.
Naqueles meses iniciais do combate, desorganizados comandantes aliados
discutiam entre si e cometiam repetidos erros táticos. Suas forças estavam muito
dispersas no terreno, com pequena profundidade e pouca coesão entre
americanos e ingleses, e até mesmo entre unidades de cada país. Cautelosos e
hesitantes, os o ciais não conseguiam concentrar suas tropas para ataques em
massa. “O exército alemão combate melhor do que agora combatemos,” concluiu
um relatório do Departamento da Guerra dos EUA. “O inimigo é encarado como
time visitante. (...) Tanto os o ciais quanto as praças estão psicologicamente
despreparados para a guerra.” Com sua ofensiva emperrada, as forças dos aliados
se prepararam para um longo cerco.
Em fevereiro de 1943, as tropas de Rommel, em retirada para oeste após a
derrota em El Alamein, passaram ao ataque. Investiram sobre o passo Kasserine,
uma passagem nas montanhas na direção de Túnis, e in igiram pesadas perdas às
imaturas e indisciplinadas forças americanas do 2º Corpo, que tentavam
defender o passo. Foi a primeira batalha importante em que tropas americanas
tomaram parte, e resultou num desastre militar marcado por de cientes táticas e
de che a por parte do comando dos EUA. Sobre Kasserine, Harry Butcher
anotou melancolicamente em seu diário: “Os arrogantes [216] e 'metidos'
americanos foram hoje humilhados em uma das maiores derrotas de nossa
história.”
Se bem que os ingleses tivessem poucas razões para se orgulhar desde que as
hostilidades começaram, suas tropas e comandantes despejaram desdém sobre os
americanos após Kasserine. Cantaram uma paródia de “Como era verde meu
vale: “How green was my ally” (Como era verde meu aliado), e alguns chegaram a
chamar os ianques de “nossos italianos.” A respeito dos americanos, o general
inglês John Crocker escreveu à esposa: “No que concerne à pro ssão militar,
acredite-me, os ingleses não têm nada a aprender com eles.” Dizendo o mesmo —
e um pouco mais — aos correspondentes americanos e ingleses, Crocker jogou a
culpa por uma batalha fracassada, mais tarde naquela primavera, totalmente
sobre os ombros das forças americanas. Depois da declaração à imprensa de
Crocker, a revista Time disse que a batalha fora uma “vergonha” para os EUA e
“permitiu uma clamorosa comparação entre os soldados americanos e ingleses.”
A maior parte da censura inglesa foi dirigida a Eisenhower que, entretido
com disputas políticas, deixou de impor sua autoridade e de se mostrar à altura
de suas responsabilidades como comandante em campanha. “Eisenhower, como
general, é um caso perdido!” registrou Alan Brooke, num acesso de raiva, em seu
diário. “Ele submerge na política e negligencia suas obrigações militares, em
parte, lamento dizer, porque pouco conhece, se é que sabe alguma coisa, de
assuntos militares.” Mesmo ressentido com as críticas, Eisenhower não
discordava delas. “A melhor maneira de descrever nossas operações até agora,”
escreveu a um amigo, “é dizendo que elas violaram todos os princípios
conhecidos da guerra, entraram em con ito com todos os processos logísticos e
operacionais ensinados nos manuais de campanha, e serão completamente
condenadas (...) em todas as salas de aula das escolas de altos estudos militares
durante os próximos vinte e cinco anos.”
Quando os chefes militares americanos e ingleses se reuniram com Churchill
e Roosevelt em Casablanca, em janeiro de 1943, Brooke arquitetou um plano
para promover Eisenhower a um posto não operacional e pôr um general inglês,
Harold Alexander, no comando direto das forças terrestres em campanha na
Tunísia. Alexander fora superior de Montgomery na batalha de El Alamein e
supervisionara a progressão do VIII Exército para o oeste em perseguição a
Rommel. Como esse Exército se preparava para fazer a junção com as forças da
Torch, a ocasião era propícia, na opinião de Brooke, para que Alexander
assumisse o comando de todas as tropas. Como ele mais tarde observou,
“estávamos alçando [217] Eisenhower para a estratosfera e para o ar rarefeito de
um Comando Supremo (...) enquanto inseríamos sob sua autoridade um de nossos
comandantes para (...) restabelecer a necessária impulsão e coordenação, que tão
seriamente faltavam.” Alexander, como depois se viu, era tão crítico a respeito
dos ianques como qualquer de seus conterrâneos. Escreveu a Brooke dizendo que
os americanos eram “frágeis, verdes, e muito mal treinados” e “carecem da
vontade de combater” — um ponto de vista que sustentou pelo resto da guerra,
mesmo quando batalhas posteriores o desmentiram.
De sua parte, os comandantes americanos em campanha, a maioria dos quais
já era antibritânica antes da Torch, recebia com amargura aquilo que,
corretamente, consideravam atitude superior e desdenhosa de seus
correspondentes ingleses. Achavam que Montgomery e o suave e imperturbável
Alexander tinham permitido que grandes efetivos do Afrika Korps lhes
escapassem por entre os dedos em El Alamein; o erro do VIII Exército em não
empreender uma perseguição com todo o vigor às tropas de Rommel ensejara aos
alemães a oportunidade de atacar os americanos em Kasserine.
“Como ele detesta os ingleses,” outro general americano disse de George
Patton, quando este assumiu o comando do 2º Corpo após a debacle de
Kasserine. Mark Clark, o altivo vice de Eisenhower, sedento de publicidade,
havia enfurecido praticamente todos os o ciais ingleses no QG dos aliados com
suas “mesquinhas e insultuosas” farpas anglófobas. Quando Clark, que se
deliciava em citar o aforismo de Napoleão “É melhor combater um aliado do que
ser um deles,” desceu um escalão para se tornar general em campanha, houve
alegria generalizada no quartel-general aliado.
Com a crescente hostilidade anglo-americana, Eisenhower, além de ter que
lidar com os outros problemas, foi obrigado a despender consideráveis tempo e
energia tentando apaziguar seus comandantes. “Nos seus atuais [218] esforços
para melhorar as relações entre americanos e ingleses,” escreveu Harry Butcher,
“vejo Ike algo parecido com um bombeiro, postado no topo de uma torre de
observação, esquadrinhando a oresta à procura de fumaça ou fogo.” A despeito
dos sucessivos arrufos entre seus lugar-tenentes, Eisenhower persistia em sua
crença de que a vitória só poderia ser alcançada se americanos e ingleses
trabalhassem unidos em equipe. “Uma das constantes fontes de perigos para nós
nesta guerra,” escreveu a um amigo, “é a tentação de considerarmos nosso
principal inimigo o parceiro com o qual deveríamos trabalhar para derrotar o
verdadeiro adversário.” Num encontro com Alexander e Patton, Eisenhower
declarou que não se via “como um americano, e sim como aliado.” Disse a seus
subordinados que tinham de cumprir qualquer ordem recebida “sem mesmo uma
parada para pensar de onde ela vinha, de fonte americana ou inglesa.”
Seus apelos por harmonia e cooperação, entretanto, não lhe valeram elogios
de seus subordinados americanos. Clark, Patton e Omar Bradley,
subcomandante do 2º Corpo, censuravam Eisenhower por acharem que ele
favorecia os britânicos. Queixando-se de que “Ike é mais inglês que os ingleses,”
Patton o acusou de “estar muito próximo de um Benedict Arnold” [general que
passou para o lado inglês na Guerra da Independência] e acrescentou que “os
britânicos estão nos tomando por bestalhões.” Cansado dos comentários
recíprocos incessantes e ferinos, um o cial americano do Estado-Maior de
Eisenhower registrou em seu diário: “Meu Deus, como eu gostaria que
esquecêssemos nossos egos por um instante!”
Não obstante, enquanto continuavam as queixas mútuas, o pêndulo da
campanha no norte da África começou a se inclinar em favor dos aliados. Sob o
estilo particularmente duro de disciplina exercitado por Patton, os integrantes do
2º Corpo começaram a aprender como combater, assim como os do I Exército
dos EUA. A respeito do pracinha médio no norte da África, Ernie Pyle observou:
“Seu espírito combativo despertou. Lutava por sua vida, e matar para ele passou
a ser pro ssão. (...) Decididamente, ele estava em guerra.” Ao mesmo tempo, com
a mobilização industrial americana a pleno vapor, os suprimentos e armamentos
inundaram a região. Só em um mês, 24 mil viaturas, um milhão de toneladas de
cargas e cerca de 84 mil reforços desembarcaram no norte da África. “O exército
americano não resolve os problemas,” disse um o cial inglês, “ele soterra os
problemas.”
No começo da primavera de 1943, as tropas alemãs na Tunísia começaram a
se ver cada vez mais encurraladas entre as forças da Torch e o VIII Exército.
Dessa vez, as brigas entre comandantes americanos e ingleses foram a respeito de
quem teria as glórias pela iminente vitória. Quando Patton, colérico, soube que
Alexander planejava fazer o ataque nal em grande parte com seus próprios
ingleses, alertou o general inglês que, se o exército americano “parecesse
desempenhar [219] um papel secundário, as repercussões poderiam ser muito
desagradáveis.” Até George Marshall entrou na disputa, chamando a atenção de
Eisenhower para “a marcante queda de prestígio das tropas americanas” e
instando-o a tomar providências para que as forças dos EUA tivessem papel
importante na concretização da vitória. E foi o que aconteceu.
Em 7 de maio, Túnis caiu nas mãos dos aliados e, cinco dias depois, as
hostilidades cessaram na região. Inglaterra e América haviam conquistado seu
primeiro grande prêmio — o Oriente Médio e a África do Norte — e marcado um
ponto de in exão crucial na guerra. O momentum dos alemães aparentemente
irresistíveis estava nalmente terminado: apenas poucos meses antes de sua
derrota na Tunísia, eles haviam sido esmagados pelos russos em Stalingrado.
Graças aos Aliados Ocidentais, “um continente fora resgatado,” escreveu
Churchill em suas memórias. “Em Londres, houve, pela primeira vez na guerra,
uma genuína elevação do moral.” Hitler perdera para sempre a iniciativa
estratégica.
Apesar de os russos nunca reconhecerem, o triunfo anglo-americano tornou
possível a vitória em Stalingrado. Mais de 150 mil soldados alemães e centenas
de bombardeiros foram retirados do combate contra os russos para lutarem contra
os aliados no norte da África. Pode não ter sido a Segunda Frente que Stalin
queria, mas o desvio de forças inquestionavelmente o ajudou no esforço bem-
sucedido da ofensiva contra o Reich.
A operação no norte da África também salvou os Estados Unidos e a
Inglaterra do desastre que certamente teria ocorrido se tivessem feito um grande
e prematuro desembarque na França, como queriam os americanos. O
historiador Eric Larrabee observou que o norte da África “proporcionou uma
oportunidade para que as de ciências aparecessem e para que o dom do combate
e do comando surgisse. Decorreriam anos para que Marshall, Eisenhower e
outros americanos admitissem que a oposição inglesa a um desembarque
precipitado na França tinha razão. “Alan Brooke, malgrado todo o seu nariz
empinado, estava essencialmente certo,” registrou Mark Perry. “A travessia do
Canal àquela altura teria sido uma operação suicida.”
Embora tivessem perdido o primeiro round , os chefes militares
americanos permaneceram comprometidos com seu plano de cruzar o Canal.
Uma vez varrido de inimigos o norte da África, acreditavam, os Aliados
Ocidentais deveriam dar início aos preparativos para a invasão da França. Os
ingleses discordaram. Na Conferência de Casablanca, onde seria decidida a
ofensiva anglo-americana seguinte, a batalha sobre estratégia foi novamente
retomada.
Antes de a conferência começar, Roosevelt alertou seus assessores que “os
ingleses têm um plano [220] e vão se aferrar a ele.” O Presidente estava certo.
Tendo resolvido de antemão, em Londres, suas diferenças de pontos de vista,
Churchill e os altos comandantes militares se apresentaram em Casablanca como
uma frente compacta, insistindo na continuação de sua estratégia periférica para
enfraquecer a Alemanha antes que fosse desferido o golpe nal. Depois do norte
da África, eles queriam atacar através do Mediterrâneo — desembarcando na
Sicília, forçando a Itália a sair da guerra e, assim esperavam os ingleses,
persuadindo a Turquia a entrar na guerra ao lado dos aliados.
O fato de a Inglaterra ainda responder pela maioria dos combates adicionou
peso à sua argumentação. A despeito do contínuo aumento do esforço americano
no início de 1943, três vezes mais tropas inglesas haviam lutado nas campanhas
combinadas da Tunísia, e os britânicos tinham experimentado muito mais baixas
— 38 mil mortos, feridos e desaparecidos, comparados com os 19 mil dos Estados
Unidos. Mas o que realmente fez com que a argumentação inglesa prevalecesse
foi a organização superior e a preparação para a abordagem de suas propostas.
Apoiados por um sem-número de mapas e grá cos, eles trabalharam duro em
todos os detalhes. Sempre que uma estatística era solicitada, lá estava um dos
membros da equipe inglesa vinda de Londres com uma indefectível e precisa
pasta de couro contendo o pedido. Como Roosevelt previra, a lógica e o
argumento britânicos eram irrefutáveis e incansáveis, pareciam “água mole em
pedra dura.” Depois da conferência, o general Tom Handy, sucessor de
Eisenhower como chefe da Divisão de Planejamento em Washington, observou a
respeito dos ingleses: “Uma coisa que eles entendiam — sobretudo o primeiro-
ministro — era o princípio do objetivo. Nós os manobrávamos para determinada
direção e eles logo conseguiam guiar a discussão para o caminho que desejavam.
(...) Nossa gente cava sempre em desvantagem.”
militares dos EUA tiveram que enfrentar, foram muitos e variados, indo de uma
epidemia de acidentes de trânsito pelo fato de os americanos dirigirem
normalmente na contramão, à destruição de grandes extensões do interior inglês
para a construção de pistas de pouso e campos de instrução americanos. Na East
Anglia, equipes de trabalho dos Estados Unidos puseram abaixo cercas vivas,
árvores e cabanas com teto de palha com séculos de existência, e acabaram com
centenas de milhares de acres de excelente terra agricultável para construir seu
mosaico de bases aéreas. Ao ver, em determinado dia, um fazendeiro enxotar um
agrimensor militar americano de sua plantação de beterrabas, Robert Arbib,
engenheiro do Exército, sentiu uma pontada de tristeza e perda. Formado por
Yale e ambientalista amador, Arbib bem sabia que, independentemente de
quanto o fazendeiro lutasse, seu “legado e obra-prima” em breve estaria soterrado
sob uma camada de vinte e cinco centímetros de concreto. “A guerra [299],”
escreveu Arbib mais tarde, “arruinou o monumento daquele homem — o
monumento de sua família — da mesma forma que, decerto, arruinou
monumentos de arquitetos e artesãos da cantaria quando explodiram belas
igrejas de Londres.” Mas Arbib, que anos depois da guerra se tornaria diretor da
National Audubon Society, reconheceu que a maioria de seus colegas
engenheiros de construção não compartilhava seu sentimento de conservação da
natureza: eles “viam tudo aquilo como tarefa a ser cumprida, e o faziam sem o
menor remorso.”
Em Devon, no litoral sudoeste da Inglaterra, houve temor semelhante
quando o governo britânico, no m de 1943, ordenou a evacuação de diversos
vilarejos e cidades da costa, em conjunto com cerca de quinhentas granjas, a m
de que as forças americanas pudessem usar a região para treinamentos de
operações anfíbias visando o Dia-D. Como observou um escritor, “as
indenizações foram [300] mínimas, as reclamações, infrutíferas.” Sem os
exercícios, argumentaram os militares dos EUA, a invasão da França fracassaria;
líderes militares pressionaram Churchill e o Gabinete para que autorizassem as
evacuações. Quando o plano foi anunciado, o Cônsul americano em Plymouth
reportou consideráveis críticas aos “métodos autocráticos e não democráticos”
usados para retirar cerca de 2.700 pessoas de seus lares e de seus meios de
sustento por um prazo inde nido.
Ao deixarem seus locais de culto religioso, vigários anglicanos da área
xaram um alerta de seus bispos nas portas da frente de suas igrejas evacuadas.
Endereçado a “nossos aliados dos Estados Unidos,” parte do alerta dizia: “Esta
igreja está aqui de pé por algumas centenas de anos. Em torno dela, cresceu uma
comunidade que tem vivido nessas residências e cultivado essas terras desde que
a igreja existe. Esta igreja e o cemitério em seu entorno no qual repousam seus
entes queridos; essas casas e esses campos são tão caros aos que foram evacuados
quanto as casas e os túmulos que vocês, nossos aliados, deixaram em seu país. Por
conseguinte, eles esperam retornar um dia, como vocês esperam voltar aos seus, e
encontrá-los à espera para lhes dar boas-vindas.”
Obviamente, essas evacuações e destruições de propriedades britânicas nada
concorreram para aproximar os americanos dos ingleses, tampouco ajudaram as
tentativas de Winant e Eisenhower para promover um maior entendimento
mútuo. Para complicar ainda mais essa tarefa, havia uma falta de interesse por
parte dos GIs em conhecer melhor seus an triões ingleses. Antes de embarcar
para a Inglaterra uma considerável quantidade de militares americanos jamais
saíra de seus estados natais, muito menos do país. Muitos eram originários de
famílias de imigrantes alemães e irlandeses tradicionalmente hostis aos ingleses.
Em sua maior parte, os GIs só queriam o m da guerra e uma rápida viagem de
volta para casa. “Eles não desejaram vir, de modo que seus corações — não é
mesmo? — não estavam conosco na hora da necessidade,” a rmou uma mulher
inglesa que trabalhava no clube da Cruz Vermelha Americana. Sublinhando a
diferença de raciocínio entre os dois países, Harold Nicolson observou que “para
nós [301], a cooperação anglo-americana signi cava segurança, [mas] para eles
indicava perigo.”
Para agravar o problema, a maioria dos ingleses só se encontrava com os
americanos quando os GIs estavam de licença. Com o intuito de aliviarem as
condições rigorosas da vida no Exército e a monotonia dos in ndáveis exercícios,
os soldados invadiam pubs, falavam alto, se embebedavam, conquistavam moças
e, nas palavras da antropologista Margaret Mead, agiam “como se fossem donos
do mundo.” Maurice Gorham, executivo da BBC, a rmou, “Nunca vimos um
soldado americano fazendo qualquer coisa.” Quando Gorham viajou para a
França depois do Dia-D e viu “como os americanos se comportavam quando em
missão, minha vontade foi de levar um punhado deles de volta a Londres e dizer
para as pessoas em Piccadilly: 'Vejam, estes são americanos também.'”
Gorham acreditava, tal qual Winant e Eisenhower, que os pracinhas na Grã-
Bretanha viviam muito isolados dos ingleses. Seus acampamentos e bases eram
oásis americanos, com jornais, programas de rádio e lmes próprios — e pouca
comunicação com o mundo lá fora ou interesse por ele. Tal mentalidade era
fomentada por alguns comandantes americanos que raciocinavam da seguinte
forma: “Esses homens são combatentes. Estão sendo condicionados para a luta
armada. Não têm que saber se estão na Inglaterra ou na Nova Inglaterra; isso não
faz diferença para eles.” Como resultado de sua exposição a esse “ambiente
escrupulosamente americano,” disse Gorham, os GIs “não tinham nada em
comum” com os ingleses. “Não comeram a mesma comida, não leram as mesmas
notícias, nem escutaram os mesmos programas de rádio. Não houve
denominador comum.”
Para substancial número de soldados americanos, repletos de energia
esfuziante e reprimida, a Inglaterra não passava de um país pequeno, atrasado e
batido, em condições primitivas de sobrevivência, com cidadãos inamistosos,
cerveja fraca e morna, e uma abordagem passiva e indolente para a vida. “A
reação comum de muitos americanos em relação ao povo inglês era: 'Se eles
pudessem esquecer esse diabo de chá com bolinhos na parte da tarde,
despertassem e se pusessem em movimento, nós não teríamos que travar esta
guerra por eles,'” lembrou um GI.
Alguns militares americanos não eram tão contidos ao vocalizarem suas
opiniões desfavoráveis a respeito do país e seus habitantes. Certo dia, dois
policiais militares americanos de serviço no lado externo do Quartel-General do
Exército, em Londres, foram abordados por uma jovem e bonita moça trajando o
uniforme do Serviço Auxiliar Territorial (ATS), ramo feminino do Exército
inglês. Depois de conversarem um pouco, ela perguntou-lhes se gostavam da
Inglaterra. “Eu acho o país legal [302],” respondeu polidamente um dos MPs,
mas o outro explodiu, “Olhe aqui madame, eles deveriam cortar as cordas de
todos esses balões [de barragem] e deixar este lugar f.d.p. afundar.” Encarando os
PMs com um “olhar incisivo de reprovação” a jovem moça fez meia-volta e se
retirou. Um guarda civil aproximou-se rapidamente. “Vocês sabem quem é ela?”
perguntou. “É a princesa Elizabeth. Ela está no Exército.” Anos mais tarde, o MP
que havia respondido delicadamente declarou: “Fiquei tão encabulado que não
soube o que dizer. Nunca mais esquecerei aquele olhar longo e duro” dirigido a
ele e ao seu boquirroto compatriota pela futura rainha da Inglaterra.
Ao passo que a princesa Elizabeth jamais tornou pública qualquer
desaprovação que pudesse ter sentido em relação aos americanos, muitos de seus
concidadãos foram consideravelmente mais francos. Para os ingleses, que haviam
perdido tanta coisa durante a guerra, seus insolentes e mordazes aliados dos EUA
pareciam crianças ricas, mimadas, arrogantes e prepotentes. Os soldados
americanos, sentiam os britânicos, não tinham respeito nem admiração por sua
história e instituições, e, como realçou Eisenhower, nenhuma noção dos
sacrifícios que o país havia feito para barrar Hitler e salvar a democracia.
O fosso entre as duas nacionalidades foi deliciosamente ilustrado num
encontro de tempo de guerra entre Harold Nicolson e um grupo de GIs em visita
ao Parlamento. Espirituoso e gregário habitué do White's e de outros clubes
londrinos, Nicolson era — além de parlamentar, romancista, biógrafo e ex-
diplomata — marido da escritora e frequentadora do Grupo Bloomsbury, Vita
Sackville-West. Formado pelo Balliol College de Oxford, ele sempre se
considerou superior aos demais, mas especialmente aos americanos. Não causou
admiração, portanto, sua reação desanimada quando lhe foi solicitado que
servisse de guia para um grupo de soldados americanos em visita ao Parlamento.
“Desengonçados, chegaram eles,” escreveu Nicolson naquela noite para seus
dois lhos, “mastigando chicletes, conscientes de sua inferioridade em
treinamento, equipamento, criação, cultura, experiência e história, e totalmente
determinados a não se mostrarem de modo algum interessados ou
impressionados.” Na Câmara dos Lordes, Nicolson e seus americanos entediados
se encontraram com outro grupo de soldados dos EUA guiados por nada menos
do que Sir John Simon, Lord Chancellor e ex-ministro do Exterior, que fora um
dos mais ardorosos defensores da política do apaziguamento dos anos 1930. O
pomposo e orgulhoso Simon passou a ilustrar os dois grupos — “cinquenta rostos
insossos, com as maxilas trabalhando freneticamente os chicletes” — sobre os
procedimentos da Câmara dos Comuns e da Câmara dos Lordes. “Agora,” disse
Simon, “venham ao meu gabinete rapazes — ou devo chamá-los 'doughboys'? —
que vou mostrar-lhes o Grande Selo [Seal] .” Nicolson descreveu a cena que se
seguiu: Ao longo dos corredores seguiu se arrastando a procissão apática,
esperando encontrar um grande animal todo molhado como aqueles que viam
com frequência no aquário de São Francisco. Mas nada disso. Só lhes foram
mostrados dois cilindros de aço com padrões gravados. E então o homem pegou
um bastão metálico pesado (the mace) para que os soldados vissem. “Tenho agora
que pedir licença a vocês, meus amigos, porque até um Lord Chancellor, por
vezes, precisa trabalhar. Harold, poderia você conduzir nossos amigos até a
saída?” Harold o fez. Caminhando lentamente, passamos pelo Saguão Principal.
Para minha surpresa e agrado, um dos “doughboys” parou de repente de mascar,
colou sua pequena bola de chiclete na bochecha com um ágil movimento de
língua, e resmungou: “Diga prá nós, moço, quem era aquele cara?
Convictos de que um contato pessoal mais aprofundado poderia
amenizar o poder dos estereótipos e aumentar a aproximação entre os soldados e
os ingleses, Winant e Eisenhower, apoiados por Anthony Eden e pelo Foreign
O ce, promoveram com grande intensidade um programa encorajando os GIs a
visitarem lares ingleses. Eisenhower achava, escreveu Harry Butcher, que “se um
soldado americano [303] tivesse a oportunidade de passar, digamos, um m de
semana na casa de família inglesa (...) poderia surgir um grau muito maior de
amizade e companheirismo do que se permanecessem distantes.” A ideia fora
sugerida pelo Serviço Voluntário Feminino (WVS) de Lady Reading, cujos
membros haviam proporcionado os únicos atos de hospitalidade aos recém-
chegados GIs nos primeiros dias da aliança anglo-americana, recebendo-os nos
portos britânicos com sanduíches e chá. Ao propor as visitas às residências, Lady
Reading disse às mulheres do WVS: “Essa é uma oportunidade maravilhosa de
conhecermos as pessoas com as quais nosso destino está agora de nitivamente
vinculado.” Acolhendo o conselho de Winant que os americanos não deveriam
agravar as di culdades experimentadas pelos ingleses, Eisenhower recomendou
que, quando os soldados visitassem famílias britânicas, deveriam levar com eles
artigos alimentícios difíceis de serem encontrados no país, tais como carne,
gorduras e doces.
A ideia das visitas às casas, no entanto, deparou logo com obstáculos. Muitos
comandantes militares dos EUA se opuseram a ela, preferindo que seus soldados
tivessem o mínimo contato possível com os cidadãos locais. Numa carta aos pais,
Janet Murrow escreveu que diversos amigos ingleses dela, que estavam ansiosos
por receber americanos, foram rechaçados pelas autoridades militares dos EUA e
caram “surpresos, ressentidos [304] e totalmente desnorteados.” Acrescentou:
“Muitas, muitas oportunidades de fazer amizades estão sendo perdidas — e não é
por culpa dos ingleses.”
Porém o oponente mais acirrado de uma interação maior entre os cidadãos
dos dois povos foi a Cruz Vermelha Americana, que o Exército encarregou de
proporcionar bem-estar aos GIs na Inglaterra, quando afastados de suas bases. A
Cruz Vermelha operava dezenas de clubes para as tropas americanas em todo o
país, inclusive o famoso Rainbow Corner, em Piccadilly Circus, que oferecia
diversos bares servindo hambúrgueres e Coca-Colas, banhos quentes, máquinas
de iperama, tocadores automáticos de discos, serviço de engraxates e mesas de
sinuca. Os clubes da Cruz Vermelha tinham a intenção de ser ilhas tipicamente
americanas suprindo os saudosos GIs com uma parafernália de confortos e
amenidades que eles tinham em casa e não podiam ser encontrados em lugar
algum da Inglaterra. Na realidade, se a Cruz Vermelha tivesse cumprido a
missão ao seu jeito, ela e os clubes que geria se isolariam completamente da
Inglaterra e seu povo.
Infelizmente para a organização, os ingleses tinham grande participação nos
clubes: o governo britânico havia pago sua aquisição, renovação e equipamento, e
as mulheres inglesas, a maioria integrantes do WVS, constituíam a maior parte
das equipes que trabalhavam nos clubes. Os administradores da Cruz Vermelha
não tinham muito o que fazer a esse respeito — não havia quantidade su ciente
de mulheres americanas na Inglaterra para atender os clubes — mas insistiram
que os membros do WVS trocassem seus uniformes característicos e usassem o
vestuário da Cruz Vermelha dos Estados Unidos caso quisessem continuar
trabalhando num ambiente projetado para ser totalmente americano. “Os
homens que frequentam as instalações que gerenciamos têm o direito de entrar
em contato só com americanos,” declarou um funcionário da Cruz Vermelha.
Não foi de surpreender que Lady Reading e suas colaboradoras caram
furiosas. A chefe do WVS reclamou diretamente com Eisenhower, que
simpatizou com o pleito, mas não conseguiu modi car a posição da Cruz
Vermelha. “As mulheres inglesas [305] (...) acham com toda a razão que ganharam
o direito de envergar [seus uniformes] através do serviço que prestaram nas
blitzes, e isso é uma verdade,” considerou Harry Butcher no seu diário. “Se a
situação fosse ao contrário, o que fariam as mulheres americanas? Vocês sabem
muito bem.”
A Cruz Vermelha Americana isolava ainda mais os GIs por ela servidos,
impondo uma proibição parcial de ingleses e militares de outras nacionalidades
frequentarem os clubes. (Soldados não americanos podiam entrar apenas se um
GI o convidasse para uma refeição. Mas não lhes era permitido usar qualquer
outra das instalações dos clubes.) Enquanto ainda servia no WAAF, Mary Lee
Settle foi convidada a se retirar do Rainbow Corner durante uma de suas
licenças em Londres. Não fazia diferença se ela era americana, a supervisora da
Cruz Vermelha disse a Settle; usava uniforme inglês, e o Rainbow Corner era um
lugar só para soldados americanos. Settle lançou um olhar raivoso para a mulher.
“Está bem,” disse ela. “E se você, num dia desses, quiser participar da guerra, eu
lhe emprestarei meu uniforme.” Saiu pisando duro e jamais colocou de novo os
pés naquele lugar.
Numa carta que chegou às mãos de George Marshall, Anthony Eden
acusava a Cruz Vermelha Americana de construir barreiras, e não pontes, para a
relação entre os soldados americanos e os cidadãos ingleses, acrescentando que a
organização “desencoraja deliberadamente qualquer iniciativa de camaradagem
britânica.” James Warburg, chefe do departamento de propaganda no estrangeiro
da Agência de Informação de Guerra, concordava. “O maior perigo para as
relações anglo-americanas resultantes da presença de tropas dos EUA na
Inglaterra,” disse Warburg a Eisenhower, “parece ser o [desejo] de algumas de
nossas agências governamentais e privadas (...) erigirem uma pequena América
dentro das Ilhas Britânicas.
Roosevelt e Marshall, todavia, não se arrependeram de suprirem os GIs,
numa Inglaterra cheia de problemas, com o máximo de confortos e conveniências
que pudessem. Era importante, acreditavam, manter o mais elevado possível o
moral daqueles cidadãos-soldados, a maioria deles convocados, enquanto se
preparavam para o combate. Nos dois últimos anos do con ito, volumoso espaço
nos navios de transporte, já escasso para acomodar necessidades da guerra, foi
reservado para bens como carne, frutas e vegetais frescos, café, ovos e cigarros
para consumo dos militares americanos na Inglaterra. Quando funcionários
ingleses instaram o presidente dos EUA a deixar que seu país suprisse as tropas
americanas com alimentos, Roosevelt replicou abruptamente: “Os soldados
americanos [306] não sobreviveriam às rações britânicas.” Quaisquer tentativas
de rebaixar o relativamente alto padrão de vida dos GIs, disse Marshall a uma
autoridade inglesa, resultaria “em milhares de mães escrevendo para seus
congressistas a m de se queixarem de que as autoridades do Exército americano
não estavam tratando adequadamente seus lhos.”
Apesar de Eisenhower concordar com seus superiores quanto à manutenção
do moral elevado da tropa, ele lamentava o fato de que a maioria dos soldados sob
seu comando, enquanto demandava direitos e privilégios da cidadania
americana, tinha pouco conhecimento das responsabilidades consequentes de tal
cidadania e interesse por cumpri-las. “As diferenças entre a democracia e o
totalitarismo eram, para eles, problemas acadêmicos que não lhes diziam
respeito,” escreveu Eisenhower. “Os soldados pareciam não entender as razões
pelas quais o con ito entre os dois sistemas era preocupação da América.” Havia,
acrescentou o general, “uma desanimadora falta de entendimento por parte de
nossos soldados a respeito das causas fundamentais da guerra.”
Um jovem sargento do Exército chamado Forrest Pogue, que anos mais tarde
escreveria uma elogiada biogra a de Marshall, fez eco para as inquietações de
Eisenhower. Durante a guerra, observou Pogue, ele com frequência conversava
com os colegas sobre “a falta de entusiasmo do soldado americano e sobre o fato
de que ele raramente sabia pelo que lutava. Alguns de [meus amigos]
argumentavam que jamais existira motivo para que eles estivessem lá, que tudo o
que os EUA precisavam era de uma Marinha forte. Cheguei a duvidar que seria
possível fazer aquela gente entender o porquê de nossa luta, a menos que
fôssemos invadidos.”
No verão de 1942, Gil Winant escreveu uma carta a Roosevelt
solicitando que alguma coisa fosse feita para minimizar a vasta diferença entre os
vencimentos dos militares americanos e ingleses. Entre as sugestões do
embaixador estava uma campanha para encorajar os GIs a comprar títulos do
Tesouro americano, altamente rentáveis, que pudessem ser resgatados tão logo
deixassem o serviço ativo. FDR rejeitou as ideias de Winant, declarando que
“não existia uma solução simples e totalmente satisfatória” para os problemas
criados pelos salários e condições de vida comparativamente altos dos
americanos.
Problemas, por certo, existiam. Como Winant temia, as rações superiores dos
GIs, os garbosos uniformes, maiores vencimentos e acesso a uma pletora de
artigos de consumo causavam ressentimento e hostilidade entre muitos ingleses,
em particular entre os soldados, que invejavam a popularidade dos gastadores
americanos entre as moças inglesas. “Eles podem ter [307] a aparência de um
Quasímodo,” observou um soldado inglês, “porque não faz a mínima diferença,
desde que sejam americanos.” Outro “Tommy” declarou: “Os ianques foram a
coisa mais prazerosa que jamais aconteceu para o mulherio inglês. Eles têm tudo
— dinheiro em particular, glamour, ousadia, cigarros, chocolate, meias de náilon,
jipes...”
Quando chegaram à Inglaterra, os soldados americanos receberam um
pequeno jornal com a palavra WELCOME em grandes letras na primeira
página. Abaixo, estava a mensagem: “Aonde vocês forem neste país, estarão entre
amigos. Nossos combatentes os veem como camaradas e irmãos em armas.”
Contudo, como observou um ex-GI, “Alguns daqueles irmãos acabaram nos
braços de namoradas e até de esposas dos [militares ingleses]. (...) Acho que os
Tommies têm boas razões para o rancor.”
Frequentes brigas nos bares entre soldados americanos e ingleses estavam
entre os problemas que Winant e os militares dos EUA tiveram que administrar.
Outro foi a alastrada epidemia de doenças venéreas que grassou entre os GIs no
m de 1943 e em 1944. Aproximadamente 30 por cento dessas enfermidades
foram contraídas em Londres, onde exércitos de prostitutas, equipadas com
lanternas no blackout, exerciam sua pro ssão em Piccadilly Circus, Leicester
Square, e outros locais populares frequentados pelos GIs. “Na escuridão da
Londres de 1944, qualquer vão na entrada dos prédios era um ninho de amor,”
lembrou um policial militar americano.
Muitas garotas inglesas de família foram alertadas pelos pais e por outros que
os americanos “eram selvagens, promíscuos e uma ameaça para qualquer mulher
com menos de 70 anos” e que nenhuma moça de boa criação jamais deveria ser
vista com eles. Ainda assim, quando elas conheceram melhor os americanos,
descobriram que, apesar de insolentes e namoradores, um bom número de
ianques não era constituído pelos lascivos ogros que lhes haviam sido descritos.
“Existia um núcleo sólido de apreciadores da bebida e mulherengos,” observou
uma mulher que fora mocinha durante a guerra. Ela acrescentou, no entanto,
que a maioria dos americanos que conheceu a tratou com cortesia e respeito — e,
ao mesmo tempo, injetou humor e alegria num ambiente sabidamente
desprovido dos dois.
E essa não foi, em absoluto, uma opinião isolada. Embora a fanfarronice e a
determinação em buscar divertimento afetassem os nervos de muitos ingleses,
outros viam na alegria de viver dos americanos um bem-vindo antídoto para a
pesada austeridade e a cinzenta monotonia na Inglaterra do tempo de guerra.
“Tão bons quanto um tônico [308] revigorante,” um inglês quali cou os
americanos. Uma jovem de Liverpool assegurou: “A chegada dos GIs
seguramente foi um acontecimento que nossa desmazelada, triste e velha cidade
precisava.” Uma mulher, que trabalhou num clube de militares americanos
durante a guerra, declarou que entrar no clube “era como penetrar noutro
mundo. A guerra, o racionamento e os cupons eram todos esquecidos.” Quando
saía cada noite após o trabalho, “eu encontrava o blackout, voltava à realidade,
deixando para trás a cordialidade e a amizade da América.”
Enquanto a questão dos GIs e o sexo provava ser grande dor de
cabeça para as autoridades inglesas e americanas, a da raça era ainda mais
explosiva. As forças armadas americanas eram rigidamente segregacionistas, e
mais de 100 mil soldados negros dos EUA na Inglaterra eram mantidos tão
separados quanto possível de seus companheiros brancos, tanto no trabalho
quanto nas licenças. Pubs, salões de dança e clubes de algumas cidades eram
designados somente para negros ou para brancos. Noutros locais, um elaborado
sistema de rodízio foi criado para permitir que negros e brancos fossem à cidade
em noites diferentes.
A Inglaterra, que então tinha poucos negros dentro de suas fronteiras, não
era um país segregacionista, e seus cidadãos, muitos dos quais jamais haviam
visto uma pessoa não branca, caram chocados com a política americana — e o
gritante racismo que a caracterizava. Como Eisenhower explicou a seus
superiores em Washington: “Para a maioria do povo inglês, inclusive as garotas
das pequenas vilas do interior — mesmo para aquelas de educação re nada — o
soldado negro era apenas um homem como outro qualquer.” Os chefes militares
dos EUA não encaravam os fatos dessa maneira. Tendo inicialmente resistido à
inclusão de negros no Exército, eles foram forçados por Roosevelt a aceitar uma
quota de 10 por cento de soldados de cor em cada teatro de operações, a maior
parte dos quais era designada para funções subalternas não combatentes, tais
como descascar batatas, limpar banheiros e cavar trincheiras. Na cabeça dos
ingleses, tais marginalização e discriminação eram particularmente
incongruentes da parte de um aliado que reivindicava lutar pela liberdade e
democracia para todos os homens.
Os ingleses cavam em especial pasmos com a intensa hostilidade e desprezo
que alguns GIs brancos, muitos deles do Sul segregacionista, demonstravam em
relação aos seus colegas negros. Recusavam-se a entrar em pubs que servissem
aos americanos negros, tentavam expulsar os negros dos pubs e salões de dança,
evitavam dançar com moças inglesas que haviam dançado com negros e
quebravam copos e taças nos quais negros tinham bebido. Quando um aviador
inglês convidou um soldado negro a sentar-se numa das cabines de um trem
apinhado que ia de Cardi para York, um GI branco exclamou, “Saia daí [309],
seu begro nojento!” O Tommy declarou mais tarde ter dito ao americano “para se
calar, e ele partiu para cima de mim, acertando-me um soco nos dentes.” Um
operário numa fábrica de aviões em Blackpool lembrou-se: “Fui testemunha
ocular de soldados americanos literalmente chutando — chutando mesmo —
soldados de cor para fora das calçadas e gritando, 'seus negros porcos e
fedorentos,' 'escória preta' e 'pretos atrevidos.'”
O governo inglês, vendo-se no meio de explosiva controvérsia entre seu
próprio povo e seu mais crucial aliado, tentou contemporizar. O cialmente, os
líderes governamentais procuraram se distanciar da política de segregação dos
EUA, declarando que a Inglaterra não aprovava a “discriminação com respeito ao
tratamento de soldados de cor” e que “não poderia haver restrições em
instalações.” O ciosamente, entretanto, apoiava a política, ordenando que os
militares britânicos instruíssem suas tropas, particularmente aquelas do ramo
feminino, para que não se relacionassem socialmente com americanos negros. “É
aconselhável,” concluiu o Gabinete de Guerra, “que as pessoas deste país evitem
amizades muito íntimas com militares americanos negros.” Brendan Bracken,
ministro da Informação de Churchill, escreveu: “A política americana de
segregação é a melhor contribuição prática para evitar distúrbios. Vamos apoiá-la
de todas as maneiras.”
Contudo, os militares negros eram muito populares com o povo inglês, que os
via como pessoas polidas, de fala suave e discretas — ou seja, muito parecidas
com os próprios britânicos. “A opinião [310] consensual,” observou George
Orwell, “parece ser que os únicos soldados americanos com modos decentes são
os negros.” Outro inglês comentou: “Não ligo muito para os ianques, mas ligo
menos ainda para os sujeitos brancos que eles trouxeram.” Uma substancial
percentagem de ingleses, surpresos com a cumplicidade de seu governo em uma
política que considerava imoral, resistiu a qualquer tentativa de tratar os GIs
negros como seres humanos inferiores. “A opinião tem sido expressa em muitas
regiões,” ressaltou um relatório do Ministério da Informação, “de que não
devemos permitir que os pontos de vista americanos sobre esse assunto sejam
impostos neste país.”
Quando a ordem para se manterem socialmente distantes dos americanos
negros foi lida para uma esquadra de desativação de bombas do Exército Inglês,
seus membros reagiram com assobios e zombarias sarcásticas. “Isso tem cheiro de
Hitlerismo,” a rmou um dos integrantes da esquadra. “'Igualzinho a Hitler e os
judeus' foi nossa reação à ordem.” Pubs passaram a expor avisos em suas portas
dizendo: “Somente para pessoas inglesas e americanos de cor.” Em alguns
ônibus, os motoristas diziam aos negros para não cederem seus lugares aos
brancos porque “eles estavam agora na Inglaterra.” Quando um GI negro, com
base em provas extremamente frágeis, foi julgado culpado por estupro e
sentenciado à morte, houve um grande clamor público no país. Pressionado por
cartas de protesto e chamadas telefônicas, Eisenhower ordenou uma investigação
do caso, que julgou insu cientes as provas apresentadas. O soldado foi
inocentado e retornou ao serviço ativo.
A questão racial tornou-se mais aguda quando GIs brancos humilharam ou
atacaram negros que eram cidadãos de nações da Commonwealth Britânica.
Num dos casos, Learie Constantine, afamado jogador de críquete das Índias
Ocidentais, foi convidado a deixar um hotel depois que diversos o ciais
americanos hóspedes ameaçaram cancelar suas reservas caso ele não fosse
afastado. Em outro exemplo, um sargento negro das Índias Ocidentais e da RAF
foi espancado por dois americanos por dançar com uma branca. “Os nacionais
britânicos negros estão, com razão, possessos,” admitiu um comandante do
Exército. “Soldados americanos os têm xingado (...) obrigado a sair das calçadas, a
deixar locais de refeições e até mesmo a se afastarem de suas esposas brancas.”
Mais esclarecido do que a maioria dos líderes militares americanos quanto à
questão racial, Eisenhower tentou acabar com tais ataques. Também proibiu que
os comandantes dos EUA restringissem a aproximação dos soldados negros com
os civis ingleses e ordenou que os GIs negros não fossem tratados diferentemente
dos brancos. “Os soldados de cor,” disse a jornalistas americanos, “têm que
receber tudo de bom” que é proporcionado aos seus colegas brancos. No entanto,
da mesma maneira que ocorria nos Estados Unidos, a igualdade, quando
acompanhada pela segregação e pelo arraigado racismo, acabou sendo impossível
de conseguir. A despeito das diretrizes de Eisenhower, muitos comandantes
locais zeram vistas grossas para todos os exemplos de discriminação, dentro e
fora de suas bases.
De um modo geral, poucos americanos na Inglaterra de tempo de guerra
saíram-se bem com respeito ao tratamento dispensado aos negros por seu país. Ed
Murrow, por exemplo, ofereceu uma tortuosa semidefesa de uma instituição
indefensável — a escravidão — durante um debate sobre o livro Uncle Tom's
Cabin (A Cabana do Pai Tomás), na BBC. Ostensivo liberal na maioria das
questões sociais, Murrow crescera com pais pobres do sul dos Estados Unidos,
cujas famílias tinham laços estreitos com a Confederação; um de seus avôs
combatera no Exército Confederado. Apesar de reconhecer que o sistema
escravagista produzira “abusos [311],” Murrow insistiu que os escravos eram
“geralmente bem tratados” e argumentou que “a escravidão americana era, como
um todo, uma instituição civilizada e humana, comparada com as práticas atuais
dos alemães” — argumentação totalmente equivocada, como o locutor da CBS
sabia muito bem.
Claramente confuso a respeito da questão racial, Murrow, ao mesmo tempo,
não se opunha em deixar seus ouvintes americanos saberem como os soldados
negros se ressentiam dos maus-tratos in igidos por seus colegas brancos. Durante
a produção de uma série dramática da CBS, intitulada An American in England,
Joseph Julian, um dos atores, gravou entrevista com um cabo negro do Exército,
que deixou claro o quanto preferia a companhia dos ingleses à de seus
compatriotas. “É verdade, sabe, eles bebem com você, falam com você. Não há
diferenças com eles. Eu gostaria de car aqui depois da guerra, mas os Estados
Unidos ainda são a minha casa, e há aquele sentimento de voltar para nossa casa,
por piores que sejam as coisas por lá.”
Julian pediu a Norman Corwin, criador, autor e produtor da série, para
incluir a entrevista num dos episódios. Percebendo que ela poderia suscitar
problemas em seu país, Corwin concordou, mas disse que a decisão nal cabia a
Murrow. Quando lhe mostraram o diálogo, Murrow deu um soco na palma da
própria mão e exclamou: “Vamos incluí-lo! Vamos abrir uma pequena ferida em
nosso país!” O programa seguinte da série divulgou as observações do cabo.
De sua parte, Gil Winant, preocupado com as perspectivas de problemas,
expressara antes algumas reservas a Roosevelt, quanto à conveniência de se
enviar GIs negros para a Inglaterra. Contudo, uma vez tomada a decisão, o
embaixador trabalhou duro, em todas as suas esferas de atuação, para abrandar as
resultantes rixas e tensões entre americanos e ingleses e entre pracinhas brancos
e negros. Por iniciativa da embaixada dos EUA, foi criada a Câmara de Ligação
Inglaterra-Estados Unidos, um comitê conjunto anglo-americano para investigar
e tentar resolver as questões entre o povo inglês e as tropas americanas. Winant
convocou Janet Murrow para ser a representante-chefe dos EUA no comitê; por
diversos meses, ela viajou por todo o Reino Unido, reportando os embates entre
soldados americanos negros e brancos e outros exemplos de fricção local.
Winant também persuadiu Roland Hayes, famoso tenor negro americano, a
permanecer na Inglaterra, após sua turnê de concertos, e conversar com os GIs
negros sobre o tratamento dispensado pelo Exército. O relatório de Hayes,
revelando discriminação generalizada, foi enviado a Eleanor Roosevelt, que o
repassou ao Pentágono. O relatório, por seu turno, também foi levado às mãos do
general Jacob Devers, chefe do Teatro de Operações Europeu do Exército em
1943, que se apressou em negar aquelas acusações. Depois que Walter White,
secretário-executivo da National Association por the Advancement of Colored
People (Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor), fez uma
viagem à Inglaterra, no início de 1944, a m de averiguar como os soldados
negros eram tratados, ele reportou a Mrs Rossevelt que havia testemunhado
“grande infelicidade” entre os homens com quem conversara. Ao mesmo tempo,
White não poupou elogios aos esforços de Eisenhower e Winant para suavizar a
situação dos negros, apesar de tais esforços resultarem inadequados.
Não há dúvida de que os maus-tratos experimentados pelos
soldados negros, foram, aos olhos dos ingleses e a bem da verdade, uma nódoa no
bom nome dos militares americanos e dos próprios EUA. Como publicou a
revista Time: “Os soldados negros da América [312], polidos, de falar suave e
corretamente uniformizados, foram uma surpresa, um prazer e uma feliz
oportunidade para que [os ingleses] esnobassem o sentimento de superioridade
moral nos EUA.” Ainda assim, apesar dos problemas criados pela raça e
malgrado todas as tensões causadas pela esmagadora presença americana na
Inglaterra, merece citação o fato de que, no cômputo geral, essa dramática
confrontação entre dois países e duas culturas acabasse deslizando sobre rolimãs,
como, de fato, aconteceu.
No começo da primavera de 1944, Sir Basil Liddell Hart, destacado
comentarista e estrategista militar inglês, viajou pela Inglaterra para medir a
temperatura das relações anglo-americanas. Embora observasse diversos
exemplos de comportamento abrasivo tanto de soldados americanos quanto de
ingleses, ele concluiu que não podia “se lembrar de qualquer [313] outro caso na
história onde as relações entre ocupantes amistosos e um país invadido fossem
tão boas.” Um relatório do Ministério da Informação de meados de 1944
registrou “um crescente sentimento cordial em relação às tropas dos EUA” no
país, que foi atribuído ao fato de que “o povo estava conhecendo melhor os
americanos.”
A coexistência relativamente harmoniosa entre soldados dos EUA e civis
ingleses, numa ocasião de grandes tensão e pressão, deveu-se bastante ao trabalho
de Eisenhower, Eden e de outros funcionários americanos e ingleses que
pavimentaram e amaciaram o caminho. Porém, na perspectiva de alguns, a parte
do leão desse crédito pertence a Winant. Segundo The Nation, foi Winant, “com
sua rmeza e bom-senso,” quem encontrou solução para a maioria dos
“problemas, alguns dos quais assumiram o status de verdadeiras crises,” causadas
pela “presença na Inglaterra de um gigantesco exército.” O jornal dos GIs, Stars
and Stripes, realçou o papel do embaixador como mediador anglo-americano
quando publicou uma caricatura mostrando um soldado americano, afetado pela
bebida e cercado por irados frequentadores de um pub depois de criar confusão,
fazendo uma chamada telefônica. O texto indicando sua fala, dizia: “Mr Winant,
por favor! Mr John G. Winant...”
Quando Bernard Bellush, um GI de Nova York de licença em 1944, visitou
Londres, virtualmente todos os ingleses que conheceu expressaram sua
admiração por Winant e pela maneira como “aquele gentil e corajoso enviado
havia fortalecido o desejo e a determinação deles em combater Hitler.” Graças à
afeição por Winant, acrescentou Bellush, os ingleses com quem conversou deram
o melhor de si para “fazer com que pracinhas como eu se sentissem em casa.”
Sempre que podia largar seu trabalho por uma hora ou duas, Winant gostava
de ir para as ruas de Londres a m de conversar com os GIs e aquilatar como iam
suas vidas na Inglaterra — “nada de ares presunçosos, de atitudes autoritárias, de
chave de galão, apenas um cara legal,” nas palavras de um soldado. Algumas
vezes, o embaixador emprestava dinheiro para seus jovens conterrâneos, ou
pagava uma bebida num pub próximo. Ocasionalmente, como o zera com seus
amigos de universidades da Ivy League, nos estágios iniciais da guerra, convidava
alguns dos GIs ao seu escritório para continuar a conversa, enquanto outros
visitantes, com audiências agendadas, esperavam impacientemente na antessala.
Os pracinhas que não podiam encontrar um quarto em hotel ou clube da Cruz
Vermelha eram convidados a passar a noite no chão de seu apartamento.
Winant instava os americanos que conhecia a escrever para ele relatando
como ia a vida, e muitos o zeram. Entre seus correspondentes estava um jovem
o cial da OSS chamado Stewart Alsop, que mais tarde se tornaria destacado
colunista e escritor, o qual disse a Winant que se apaixonara por uma moça
inglesa e queria casar-se com ela. No entanto, os pais da garota tinham dúvidas a
respeito do matrimônio, e Alsop, que era primo distante de Eleanor Roosevelt,
pediu ao embaixador que entrasse em contato com eles e intercedesse
favoravelmente quanto ao seu caráter e o histórico de sua família. Winant, que
conhecera Alsop através de Mrs Roosevelt, anuiu, a permissão foi dada, e o par
logo se casou.
Nos seus encontros com jovens americanos, Winant invariavelmente os
encorajava a conhecer melhor os ingleses. Enquanto muitos GIs deixaram o país
sem tal conhecimento, milhares de outros criaram vínculos estreitos com civis
britânicos. Para alguns, isso começou com encontros regulares nos pubs locais,
onde logo os americanos passaram a conhecer os frequentadores habituais.
Escrevendo sobre o pub no qual gostava de ir em Watford, uma cidade em
Hertfordshire, Robert Arbib observou: “Não era preciso muito tempo [314] no
Unicorn para que você fosse considerado da família, chamando a dona de Dora e
o barman de Jimmy, enquanto lhe chamavam de 'meu ianque (...) e, no m, de
'Bob' ou 'meu caro.' Fazendo amizade com muitas pessoas da cidade que
conheceu no pub, Arbib relatou: “Fiz refeições na mesa delas, dormi nos sofás de
suas salas de estar, fui a festas e bailes com elas (...) e sentime completamente em
casa.”
Americanos que serviram por longos períodos no mesmo lugar, como os
aviadores da 8ª Força Aérea, tiveram excelente oportunidade de conhecer e fazer
amizades sólidas com os residentes dos vilarejos e cidades próximos das bases.
Uma mulher que morava num vilarejo de East Anglia nas proximidades de uma
base aérea da USAAF lembrou-se: “Por volta de 1943, os GIs faziam parte de
nossa comunidade. Sabíamos os pre xos de seus aviões. Conhecíamos as
tripulações que voavam e as que faziam sua manutenção.” Quando as aeronaves
retornavam à tarde das missões de bombardeio, “ouvíamos o roncar de seus
motores e parávamos as brincadeiras ou tarefas,” rezando para que todos os
ianques tivessem retornado.
Outros americanos, no meio-tempo, zeram amizades duradouras com
famílias britânicas, que os convidavam para jantares dominicais ou celebrações
de feriados, ou mesmo lhes ofereciam acomodações permanentes. Entre eles
estava o tenente Dick Winters, paraquedista da 101ª Divisão Aeroterrestre.
Pouco depois de Winters chegar para a instrução num aquartelamento próximo
ao vilarejo de Aldbourne, no Wiltshire, um casal de idosos, cujo lho da RAF
tinha recentemente falecido em ação, convidou-o para tomar chá. Ele aceitou e,
após mais visitas, o casal perguntou se ele gostaria de car morando na sua
residência. Recebida a permissão dos superiores, o tenente se tornou, para todos
os efeitos um lho adotivo. “Eles me adotaram [315] e zeram-me membro da
família,” disse Winters, cuja carreira vitoriosa na Europa foi mais tarde destacada
no livro de Stephen Ambrose — e minissérie da HBO de mesmo título — Band of
Brothers (Irmãos de Guerra). “Eu encontrara um lar longe de casa. (...) Isso me
ajudou no preparo mental para aquilo que eu estava prestes a enfrentar.”
Tal fato também foi aparentemente verdade para muitos outros GIs. Quando
as autoridades militares dos EUA examinaram a correspondência que os
soldados americanos enviaram da Normandia para a retaguarda, em julho de
1944, descobriram que mais de um quarto das cartas eram endereçadas para
residências inglesas.
17
Crise na Aliança
Enquanto Paris fervia de felicidade com sua libertação, os
residentes de outra capital europeia ocupada estavam em plena luta pela sua.
Três semanas antes de os aliados entrarem em Paris, cerca de 25 mil membros do
movimento clandestino polonês desencadearam um levante em Varsóvia contra
seus ocupantes názis. A rebelião coincidiu com uma ofensiva em massa na
direção oeste das forças soviéticas que, tendo empurrado os alemães para fora da
Rússia ocidental, avançavam através da Polônia como vasta onda veloz. O
Exército Vermelho se aproximava de Varsóvia quando os poloneses iniciaram sua
sublevação; na verdade, alguns dias antes, transmissões soviéticas faziam
apaixonados apelos aos residentes da capital polonesa para que se juntassem às
forças soviéticas em combate. Os alemães contra-atacaram violentamente os
poloneses, carreando poderosos reforços para lá e bombardeando Varsóvia dia e
noite com artilharia e aviões. Desesperadamente inferiores em efetivos, os
clandestinos apelaram pela ajuda de Londres e Moscou. Enquanto Churchill
instava os líderes militares ingleses a socorrerem os insurgentes poloneses com o
“máximo esforço,” Stalin os denunciava como aventureiros e não ordenou
qualquer ajuda do Exército Vermelho, então estacionado nas cercanias de
Varsóvia.
Em Moscou, Averell Harriman implorou aos soviéticos que reconsiderassem
sua recusa em dar ajuda, declarando que era “do interesse [360] da causa [dos
aliados] e da humanidade” ajudar os poloneses. O embaixador escreveu a Harry
Hopkins: “Chegou a hora de deixarmos claro o que esperamos deles como preço
de nossa boa vontade. A menos que nos oponhamos rmemente, tudo indica que
a União Soviética se transformará num incômodo mundial sempre que seus
interesses estiverem envolvidos.” Tratava-se de notável mudança de opinião de
um homem que outrora advogara suporte incondicional aos soviéticos, dissera
que todos os problemas com eles poderiam ser resolvidos através “de franca
relação pessoal” e a rmara que “Stalin podia ser administrado.”
Numa variedade de formas, os onze meses no desempenho das funções de
embaixador dos Estados Unidos na União Soviética tinham sido um exercício de
humilhações. Suas antigas previsões sobre a natureza precária e difícil da missão
do embaixador haviam se provado corretas: ele fora deixado de lado em Moscou
por Roosevelt e Hopkins, da mesma maneira que Gil Winant em Londres. Logo
que chegou à capital soviética, Harriman queixou-se a Hopkins de que ninguém
em Washington lhe dizia coisa alguma e que ele se encontrava “na
desconfortável posição [361] de depender do ministério russo do Exterior para
ter informações tais como as últimas decisões tomadas por [meu] próprio
governo.”
Como seus antecessores em Moscou, ele também era em grande parte
ignorado por Stalin e pelo resto do governo soviético — uma situação torturante
para Harriman que, como emissário pessoal de Roosevelt junto aos soviéticos nos
primeiros estágios da guerra, estava acostumado a ter livre acesso ao Kremlin e
era tratado com certa deferência e respeito. Soberbo e distante, ele não
impressionou — pelo menos inicialmente — os moços especialistas em Rússia que
trabalhavam na embaixada dos EUA, todos estudiosos da língua russa e da
história e ideologia soviéticas. Os jovens diplomatas admiravam a dedicação de
Harriman ao serviço público e sua enorme capacidade para o trabalho duro, mas
menosprezavam sua falta de interesse pelos meandros da diplomacia. ''Ele só
queria trabalhar nos níveis mais elevados,” disse George Kennan, o qual, como
ministro-conselheiro, era o braço direito do embaixador. “Julgava que podia
aprender mais coisas importantes numa audiência com Stalin do que o resto de
nós em meses de estudos laboriosos das publicações soviéticas.” Charles Bohlen
observou: “Não posso dizer que alguma vez achei que ele entendesse por
completo a natureza do sistema soviético. A leitura de livros ideológicos não era o
seu forte.”
Não obstante, quanto mais Harriman vivia em Moscou, mais percebia que a
visão de Roosevelt de uma parceria política genuína entre os Estados Unidos e a
União Soviética não passava de fantasia. Ele viu, em primeira mão, quão
descon ados os russos eram de seus aliados ocidentais, recusando fornecer-lhes
as mais elementares informações sobre seu esforço de guerra. Descobriu
igualmente que os soviéticos usavam equipamentos do Lend-Lease com
propósitos civis ou os escondiam para emprego depois que a guerra tivesse
terminado. O embaixador começou a insistir com Roosevelt e sua administração
para que analisassem com mais atenção as solicitações russas do Lend-Lease e
exigissem mais cooperação militar. “Eles são durões e esperam que também
sejamos,” declarou Harriman. Sua recomendação, no entanto, foi quase
completamente ignorada.
Para sua posição cada vez mais in exível com os soviéticos, Harriman foi
bastante in uenciado por Kennan que, na opinião de Harrison Salisbury,
“conhecia melhor os russos [362] do que qualquer pessoa de minha geração.”
Depois de chegar a Moscou em junho de 1944, Kennan, que já havia servido lá
no início dos anos 1930, sublinhou para o embaixador que “meus pontos de vista
para a política com a União Soviética não são exatamente iguais às do nosso
governo.” Ocorreu então que a perspectiva de Kennan tornou-se rapidamente a
de Harriman. Sobre Kennan, Harriman diria mais tarde: “Usei-o em todas as
ocasiões que pude e consultei-o sobre todos os assuntos.”
Segundo Salisbury, correspondente em Moscou para o New York Times nos
dois últimos anos da guerra, Kennan foi um dos fatores principais para a
emergência pós-guerra de Harriman como um dos “Sábios” da política externa
dos EUA. “Muita coisa seria dita mais tarde por Harriman e outros sobre seus
excelentes julgamentos e táticas no trato com os soviéticos,” escreveu Salisbury.
“Ele cou conhecido como o homem que formou opinião própria quando outros
não o zeram.” Mas foi só quando Kennan chegou a Moscou, asseverou
Salisbury, que “notei alguma percepção extraordinária em Harriman. (...) Após a
chegada de Kennan, Harriman demonstrou ser bom aluno. Ele cresceu com os
anos.”
Tanto Harriman quanto Keenan passaram a considerar a Polônia “paradigma
do comportamento soviético no mundo pós-guerra, o primeiro teste da atitude de
Stalin em relação aos seus vizinhos mais fracos.” Como os dois viam, os soviéticos
haviam fracassado miseravelmente no teste. Na sua recusa de ajuda aos
poloneses, disse Keenan, o governo de Stalin estava enviando sua mensagem para
o Oeste: “Queremos ter a Polônia de porteira fechada. Não damos a mínima por
esses combatentes clandestinos polacos. (...) É indiferente para nós o que vocês
pensem sobre tudo isso. Doravante, vocês não terão papel algum nas questões da
Polônia, e já é tempo de que entendam isso.”
Harriman, juntamente com Winant em Londres, instou Roosevelt para que
pressionasse Stalin a, pelo menos, permitir o uso dos campos de pouso soviéticos
pelos bombardeiros aliados que realizavam missões de longo alcance de auxílio
aos poloneses. Churchill era também favorável à ideia, declarando que, se o líder
soviético rejeitasse a solicitação, os bombardeiros deveriam assim mesmo pousar
sem permissão nos aeródromos soviéticos. Roosevelt, no entanto, não desejou um
confronto com Stalin, o qual, uma vez evidente que o levante polonês estava
fadado ao insucesso, permitiu o uso dos campos de pouso soviéticos para apenas
uma missão de socorro dos EUA. Depois de aguentar os alemães por sessenta
dias, os clandestinos poloneses nalmente capitularam em 2 de outubro. Cerca
de 250 mil residentes de Varsóvia — aproximadamente um quarto de sua
população — foram mortos na sublevação. Os que sobreviveram receberam
ordem para deixar a cidade, que então passou a ser sistematicamente incendiada
e dinamitada até car quase toda em ruínas.
A sorte dos poloneses de Varsóvia permaneceu por décadas seguintes na
mente de Harriman. Quando o neto de Churchill certa vez perguntou-lhe como
os aliados ocidentais tinham permitido a destruição da capital polonesa, o rosto
de Harriman cou pálido. Sem pronunciar uma palavra, ele “deu meia-volta
[363],” disse o jovem Winston Churchill, “e foi embora.”
Com a crescente preocupação no Ocidente sobre as ambições
pós-guerra de Stalin, e com os exércitos aliados fechando sobre a Alemanha a
partir do leste e do oeste, Winant começou cada vez mais a se inquietar com a
falha dos aliados de não tomarem decisões rmes em relação à divisão e à
ocupação do Reich. Numa carta a Roosevelt, o embaixador observou que ele e
outros membros da Comissão Assessora Europeia tinham dado passos largos para
formatar acordos referentes a termos de rendição e a zonas de ocupação. Tendo
percebido o rápido progresso para leste das forças anglo-americanas, até os russos
haviam chegado à conclusão de que um plano geral que delineasse a política de
ocupação dos aliados era uma necessidade. Se tal plano não estivesse nalizado
antes que a guerra acabasse, alertou Winant, “seguir-se-ia (...) a rivalidade pelo
controle da Alemanha.”
Contudo, a questão do destino da Alemanha se tornou ainda mais turva em
setembro de 1944, quando Roosevelt e Churchill, reunidos em Quebec,
aprovaram um plano abrangente do secretário do Tesouro, Henry Morgenthau,
para a destruição da indústria germânica e a transformação do país num estado
agrário. Como Roosevelt, Churchill dera pouca atenção séria ao tratamento pós-
guerra da Alemanha; ele disse a Lord Moran em Quebec que “haverá sobra de
tempo para apreciarmos o assunto quando ganharmos a guerra.”
A maioria dos altos funcionários americanos e ingleses, inclusive os
assessores mais próximos dos dois líderes, cou horrorizada com a ideia de
Morgenthau, declarando que uma Alemanha pastoral prejudicaria sobremaneira
a recuperação econômica pós-guerra da Europa e criaria um vácuo de poder no
meio do continente. Tão furioso que quase não podia falar, Anthony Eden
berrou para Churchill: “Vocês não podem fazer isso! [364]” Referindo-se a
Roosevelt, Cordell Hull exclamou: “Em nome de Cristo, o que deu no homem?”
Aferroados pela veemência de seus lugares-tenentes, tanto Roosevelt quanto
Churchill recuaram de sua aprovação do plano, com o Presidente dizendo a
Henry Stimson que não tinha lembrança de tê-lo aprovado. Dali por diante,
Roosevelt deixou claro que não estava interessado em assinar nenhuma política
de longo alcance sobre a ocupação da Alemanha antes do m da guerra. “Não
gosto de fazer planos detalhados para um país que ainda não ocupamos,”
escreveu ele a Hull. “Devemos realçar o fato de que a Comissão Assessora
Europeia é 'Assessora' e que eu e você não somos reféns de seus conselhos.”
Em resposta à tática de postergação do governo, o normalmente calmo
Winant disparou telegramas para Roosevelt e para outros administradores que
espantaram por seu vigor e, nas palavras de um historiador, “puseram em risco
seu prestígio como embaixador.” Os interesses americanos,” declarou Winant,
foram deixado numa “ agrante desvantagem” em função da atitude dilatória do
governo dos EUA na aprovação de planos para o tratamento pós-guerra da
Alemanha. “Não creio,” acrescentou, “que qualquer conferência ou comissão
criada pelos governos com um propósito sério tenha recebido menos apoio do
governo do que a Comissão Assessora Europeia.” E reiterou que falava,
primordialmente, sobre seu próprio governo.
A falta de uma política clara para a Alemanha foi apenas um dos
muitos problemas que assaltaram a aliança ocidental quando a guerra caminhou
para seus meses nais. Com a vitória militar se aproximando, as relações entre os
comandantes americanos e ingleses em campanha — nunca satisfatórias —
mergulharam para seu estado mais baixo na guerra. As rivalidades, suspeitas e
lutas internas que haviam marcado a campanha no norte da África, tornaram-se
consideravelmente mais ferozes nos campos de batalha europeus.
Quando as forças inglesas e canadenses, sob o comando de Montgomery, se
mostraram lentas para romper as cabeças de praia em seus respectivos setores, os
chefes militares e a imprensa americanos espalharam a ideia de que Montgomery
deixava os combates mais duros para as tropas dos EUA. A odiosa comparação
entre o sucesso da progressão americana e a lentidão das forças de Montgomery
foi uma pílula demasiado amarga para os ingleses engolirem. “Temos ouvido
[365] que os ingleses não estão fazendo coisa alguma e que os americanos têm
carregado o peso da guerra!!” — fumegou Alan Brooke em seu diário. “Estou
mortalmente cansado com todas essas mesquinharias da humanidade! Será que
um dia aprenderemos 'a amar nossos aliados como amamos a nós mesmos'???
Duvido!” No meio-tempo, Churchill queixava-se à esposa: “As únicas vezes em
que reclamo dos americanos são quando eles se recusam a nos oferecer uma
parcela justa de oportunidades de glória.”
Atormentado com os comandantes americanos e ingleses exigindo
prioridades para suas operações, Eisenhower era o único que não parecia afetado
pela febre do nacionalismo. Sua ênfase no consenso, no meio-termo e no trabalho
de equipe era ridicularizada pelos generais dos dois países, que repetidamente
desa avam sua autoridade. Pareciam não dar valor às enormes responsabilidades
e aos problemas enfrentados por Eisenhower ao che ar uma gigantesca coalizão
militar com milhões de soldados, aviadores e marinheiros de pelo menos oito
países.
O próprio chefe de Eisenhower, o general Marshall, aparentava não estar
imune ao nacionalismo. Irritado com as histórias publicadas pelos jornais ingleses
que pintavam Eisenhower apenas como líder de fachada e diziam que os o ciais
ingleses dos altos escalões eram os que na realidade conduziam o assalto da
Overlord, Marshall ordenou que Eisenhower assumisse o comando operacional
direto da campanha das forças terrestres. Até aquele ponto, Eisenhower atuara
como Comandante Supremo, e tinha comandantes separados, subordinados a
ele, para as operações em terra, mar e ar. Como a Inglaterra possuía efetivos
maiores no terreno no Dia-D, Montgomery fora nomeado chefe da campanha
terrestre dos aliados. Porém, em agosto de 1944, bem mais da metade dos
soldados que combatiam na França eram americanos. A maior parte dos
armamentos e dos suprimentos também vinha dos Estados Unidos, da mesma
forma que os navios e os aviões. Era tempo, considerou Marshall, de frisar o
domínio da América, não importava o quanto Churchill, Brooke e o restante dos
ingleses pudessem protestar.
E protestaram. Quando foi anunciado que Eisenhower estava assumindo as
tropas terrestres dos aliados, e que Montgomery passava a ter, portanto, o mesmo
status que o general Omar Bradley, o comandante americano em campanha de
mais alto posto, a imprensa inglesa e o povo receberam a notícia como “um tapa
na cara nacional.” Graças à sua vitória em El Alamein, no m de 1942,
Montgomery se tornara a mais popular gura militar inglesa, e seus compatriotas
caram irados com o rebaixamento. Num ato de pura esnobação contra os
americanos, Churchill promoveu Montgomery a marechal de campo — posto
equivalente ao general de cinco estrelas — o que signi cou que o inglês tornou-se
mais antigo do que qualquer outro comandante dos EUA em campanha. Foi
então o momento de os americanos carem furiosos. “Montgomery é um general
de terceira categoria [366] e jamais fez alguma coisa ou ganhou qualquer batalha
que outro general não pudesse ter vencido tão bem ou melhor,” explodiu
Bradley.
Atingido por ter de abrir mão do elevado comando das tropas terrestres,
Montgomery nunca aceitou completamente a troca e continuou desa ando a
autoridade de Eisenhower. Em particular, questionou a estratégia de Ike de um
avanço aliado na Alemanha em frente ampla e dando assim aos exércitos dos
vários países uma chance de se destacarem. Montgomery insistiu que uma
vigorosa arremetida para nordeste executada pelas forças inglesas e apoiada pelas
americanas teria bem melhor probabilidade de penetrar nas linhas alemãs e de
levar a guerra ao m. Por mais que antipatizasse com o irritadiço e autoritário
marechal, Eisenhower entendia e se identi cava com os ressentimentos ingleses,
com a profunda a ição que sentiam ao notarem a velocidade com que perdiam
poder e controle. Era importante, achava Ike, aplacar Monty o quanto possível.
O general americano concordou com um meio-termo. Montgomery tomaria a
direção nordeste, para a Antuérpia, um porto-chave belga, com o I Exército dos
EUA dando apoio ao seu avanço. Entrementes, as forças de Bradley
continuariam sua progressão mais ao sul, na direção da Linha Siegfried, um
sistema de casamatas e obstáculos para blindados ao longo da fronteira alemã.
Infelizmente para George Patton, o plano implicou um alto temporário para o
avanço direto de seu III Exército na direção leste; uma grande parte da gasolina e
de outros suprimentos que iriam para o exército de Patton foi desviada para o
esforço de Montgomery . Não é de admirar que Patton casse possesso. Mais de
um ano antes, na Sicília, ele declarara: “Os EUA têm que vencer, não como
aliado, mas como vencedor.” Um funcionário da Cruz Vermelha, adido ao seu
comando, observou mais tarde: “Havia uma inacreditável arrogância, demasiado
autoritarismo, até mesmo em relação ao seu superior, o Comandante Supremo
aliado.” No seu diário, Patton registrou com desgosto: “Ike está com pés e mãos
atados pelos ingleses, e não sabe disso. Pobre tolo.”
De início, a estratégia bifurcada de Eisenhower pareceu dar certo. No
começo de setembro, a 11ª Divisão Blindada inglesa deslocou-se rapidamente
pela Bélgica e tomou Antuérpia, com suas cruciais instalações portuárias
intactas. Saboreando o triunfo, as forças de Montgomery falharam em não varrer
as unidades germânicas do estuário de sessenta quilômetros que liga Antuérpia
ao mar. As tropas germânicas lá desdobradas receberam reforços de imediato, e
foram necessários outros dois meses para que as forças aliadas controlassem o
estuário e abrissem o porto para suprimentos e tropas dos aliados. Um dos
equívocos mais sérios da guerra na Europa, a atrapalhada conquista de
Antuérpia teve papel signi cativo no fracasso do avanço aliado na Alemanha e
na possibilidade de terminar a guerra em 1944.
Na ocasião, entretanto, poucos integrantes do alto-comando aliado, se é que
houve algum, perceberam a gravidade da situação. A derrota relâmpago das
forças alemãs que operavam na França e na Bélgica produziu um otimismo
exuberante no QG do SHAEF — um sentimento de vitória estava ao alcance,
tentador, e poderia ser materializado pelo Natal. Com isso em mente,
Montgomery desvendou uma nova proposta que, segundo ele, permitiria que
suas forças atravessassem o Reno “numa investida poderosa [367] e decisiva ao
coração da Alemanha.” Chamada Operação Market Garden, ela envolvia
paraquedistas americanos, ingleses e poloneses para conquistarem uma série de
pontes e canais que cruzavam a Holanda e para estabelecerem cabeças de ponte
para as tropas aliadas que avançavam. A última ponte a ser conquistada pela 1ª
Divisão Aeroterrestre inglesa atravessava o Reno na cidade holandesa de
Arnhem.
Desconsiderando alertas de diversos assessores de que se subestimava a força
das tropas alemãs e de que a proposta continha graves falhas, Montgomery
persuadiu Eisenhower a autorizar a operação. A avaliação dos críticos da Market
Garden estava certa: a missão, mal planejada, foi desastradamente executada, e a
resistência alemã se mostrou selvagem e invencível. A despeito da extraordinária
coragem demonstrada pelos paraquedistas aliados, milhares dos quais foram
mortos ou feridos, o inimigo manteve a ponte de Arnhem.
Devido em não pequena dose ao duplo asco de Arnhem e Antuérpia, a
Alemanha permaneceu inexpugnável a oeste no outono e no inverno, e a guerra
no Front Ocidental caiu num impasse. Reforçando suas defesas, os alemães
aferraram-se ao terreno e mantiveram a linha de elevações cobertas de arvoredos
que separam sua terra da Bélgica e de Luxemburgo. “Entre nosso front e o Reno,”
observou Bradley, “um inimigo determinado mantinha cada metro de terreno e
não iria ceder com facilidade. A cada dia, o tempo se tornava mais frio e nossos
soldados enfrentavam maiores di culdades. Estávamos atolados numa medonha
guerra de atrito.”
Entre os generais aliados, acelerou-se o con ito do apontar dedos e
mencionar nomes. Os americanos atacavam Montgomery e os ingleses pelos
fracassos em Antuérpia e Arnhem. Montgomery, que insistia em ser autorizado a
prosseguir na sua campanha de avanço único, acusava Eisenhower de provocar o
impasse militar e enviava mensagem atrás de mensagem aos seus superiores em
Londres tendo o comandante do SHAEF como alvo principal de suas críticas.
Patton e Bradley, por sua vez, vituperavam contra Eisenhower por não ter
encurtado as rédeas de Montgomery. O próprio chefe do Estado-Maior de Ike, o
general Walter Bedell Smith, participou do jogo de acusações, observando sobre
seu chefe para um amigo: “Falta-lhe [368] rmeza para tratar Montgomery como
deve.”
Apanhado no meio, Eisenhower lutou para manter a autoridade sobre seus
generais brigões, recusando-se a concordar com qualquer outra das apostas de
Montgomery e teimando em sua própria estratégia de frente ampla. Com a
mente sob uma tensão excepcional e sicamente exausto, ele reclamou que não
existia uma só parte de seu corpo que não doesse. O mesmo poderia ser dito sobre
sua relação com seus comandantes prima-donas.
Em 16 de dezembro de 1941 , a pausa entre os aliados e a Alemanha foi
quebrada com o desfechar da maior e mais selvagem batalha no Front Ocidental.
Numa última tentativa desesperada para retomar a ofensiva, tropas alemãs
irromperam da Floresta das Ardenas, na Bélgica, e lançaram um ataque de
surpresa contra as forças americanas. Sem ser detectado de antemão pela
Inteligência dos aliados, o maciço assalto penetrou através das defesas
americanas, criando um bolsão na longa linha de frente aliada e ameaçando a
recém-libertada Antuérpia. Em resposta, Eisenhower ordenou reforços no ponto
do rompimento e despachou a 101ª Divisão Aeroterrestre para proteger
Bastogne, cidade belga, importante entroncamento rodoviário e objetivo-chave
para os alemães. Quando Bastogne foi cercada pelos alemães, as forças de Patton
correram em seu socorro e, com o apoio do poder aéreo aliado, acabaram com o
sítio no dia seguinte ao Natal. Montgomery, pressionado fortemente por
Eisenhower para que atacasse pelo norte com as tropas americanas e inglesas,
nalmente o fez em 3 de janeiro. Ficou claro que os germânicos tinham perdido
sua última e arriscada aposta. Quatro dias mais tarde, a Batalha do Bolsão estava
terminada.
No lado dos aliados, as tropas americanas haviam suportado o maior peso da
luta (mais de dez mil mortos e de quarenta mil feridos) e tinham sido em grande
parte responsáveis pela vitória naquela batalha. Todavia, em 7 de janeiro,
Montgomery deu a entender numa entrevista coletiva que ele havia sido “o
salvador dos americanos [369],” nas palavras do exasperado Eisenhower.
Malgrado o fato de uma só divisão inglesa ter participado do combate, a imprensa
britânica abraçou a versão, a rmando que as tropas do país, lideradas por
Montgomery, tinham salvado os americanos da derrota.
“MONTGOMERY IMPEDE A DERROCADA!” foi o
título de um noticioso cinematográ co inglês. Segundo o general americano
Joseph L. Collins, a entrevista coletiva de Montgomery “irritou tanto Bradley e
Patton, e muitos de nós que havíamos combatido na frente norte do Bolsão, que
maculou demais aquilo que foi, na realidade, um grande esforço cooperativo
aliado, terrestre e aéreo.” Bradley acrescentou: “Ela prejudicou mais a unidade
anglo-americana do que qualquer coisa de que possa me lembrar.”
Entrementes, os superiores de Montgomery em Londres insistiam que
Eisenhower havia falhado como comandante das forças terrestres e que o plano
de Montgomery para uma única arremetida sobre Berlim deveria agora ser
adotado no lugar da estratégia de larga frente de Ike. Num ácido encontro
ocorrido pouco antes da Conferência de Yalta de fevereiro de 1945, chefes
militares ingleses e americanos quase chegaram às vias de fato quanto à maneira
de conduzir a campanha nal da guerra. A sessão, lembrava Marshall, foi
“terrível.” No momento em que Marshall declarou que Eisenhower se demitiria
se o plano inglês fosse adotado e Roosevelt deu mostras de que apoiava a
estratégia dos EUA, o alto-comando britânico, com relutância, admitiu a derrota.
Nos anos futuros, Eisenhower seria alvo de muitas críticas de historiadores
por não ter conseguido manter seus generais na linha, assim como por numerosos
erros estratégicos e táticos na guerra europeia. No entanto, como Max Hastings
ressaltou, “permanece impossível imaginar qualquer outro fazendo melhor
trabalho que Eisenhower. Em vez de focalizar suas limitações, que de fato eram
reais, o que interessa é que ele manteve a aliança funcionando.” Na opinião de
Hastings, “o comportamento de Eisenhower nos momentos de tensão anglo-
americana e a extraordinária generosidade de espírito em relação aos seus difíceis
subordinados demonstraram sua grandeza como Comandante Supremo.”
Nas semanas que precederam , as relações entre a Casa
Yalta
“Finis”
Na noite de 11 de abril de 1945 , Ed Murrow estava alegre como
havia muito tempo não se sentia. Finalmente sacudira os arreios de Londres e se
encontrava com as tropas de George Patton no interior da Alemanha. O Reich de
Hitler entrava em colapso, a guerra caminhava rapidamente para um m. E
Murrow, que amava jogar pôquer, mas nunca fora muito bafejado pela sorte,
acabara de ganhar milhares de dólares numa “ruidosa” noitada com alguns dos
outros correspondentes que cobriam o III Exército de Patton.
Na manhã seguinte, ele abarrotou uma pochete com os ganhos do pôquer e
seguiu com as tropas dos EUA na direção da cidade de Weimar, Passando por
granjeiros bem alimentados que amanhavam seus campos, os americanos
chegaram a uma elevação alguns quilômetros distante da cidade. No seu topo
estava instalado um campo de concentração cercado de arame farpado, cujos
guardas alemães haviam fugido três dias antes. O nome do campo era
Buchenwald.
Quando Murrow e os outros americanos passaram pelo portão principal, o
radialista sentiu como se tivesse recebido violento soco no abdome que lhe tirara
a respiração. Dezenas de homens emaciados, a maioria não mais do que
esqueletos fantasmagóricos, os cercaram. “Homens e meninos [380] estendiam
os braços para tocar em mim,” disse Murrow numa transmissão poucos dias mais
tarde. “Eles vestiam restos e trapos de uniformes. A morte já havia deixado em
alguns sua marca indelével, mas sorriam com os olhos.” Chocado, Murrow
reconheceu diversos daqueles homens de encontros antes da guerra, inclusive
um ex-prefeito de Praga, um renomado professor de Varsóvia, um doutor de
Viena. Enquanto Murrow permanecia, atônito, de pé, um homem caiu morto
bem à frente dele. “Dois outros, que deviam ter mais de sessenta anos, rastejavam
para a latrina. Eu vi isso — porém não vou descrever mais nada.” O
radiorrepórter anotou tudo o que os prisioneiros lhe disseram: seis mil homens
mortos em março, duzentos “no dia que chegamos lá — as pessoas no lado de
fora tão bem nutridas.”
Quando diversos dos internos o acompanharam num giro pelo campo, ele
achou, disse depois, que ia vomitar. Num pequeno pátio, encontrou “duas leiras
[381] de cadáveres como se fossem toras de lenha cortada. Todos muito magros e
muito brancos. Alguns com terríveis marcas pelos corpos. (...) Tentei contá-los da
melhor maneira possível e cheguei à soma de mais de quinhentos mortos
en leirados em duas bem organizadas pilhas.” Mais de uma vez, durante as
poucas horas que passou em Buchenwald, Murrow não pôde conter as lágrimas.
Pegou todo o dinheiro que tinha na pochete e o distribuiu pelos cativos do
campo.
Apesar de, tecnicamente, Buchenwald não ser um campo de extermínio,
mais de cinquenta mil de seus internos morreram durante a guerra, a maior parte
de fome e doenças. Os genuínos campos názis da morte, a maioria na Polônia,
foram libertados pelas tropas soviéticas, mais ou menos ao mesmo tempo que
Buchenwald. Em períodos anteriores da guerra, Murrow e sua equipe da CBS,
acompanhados por outras organizações americanas e inglesas de notícias, haviam
levado à atenção pública diversas reportagens sobre carni cinas názis em massa
de judeus em tais campos de extermínio. Contudo, com o prosseguimento da
guerra, os jornalistas dos países aliados zeram poucas coberturas sobre a
continuada perseguição de judeus e de outros inimigos do Reich. Para as
agências ocidentais de notícias, o Holocausto não foi uma história importante de
tempo de guerra; não se conhecia sua total extensão até que a luta terminou. Por
inquestionável falta de provas para esses assassinatos maciços, era virtualmente
impossível para os que viviam em países democráticos captar a escala e a
selvageria das tentativas germânicas de varrer a população judaica da Europa.
Por certo, os governos dos EUA e da Inglaterra, que tinham acesso a mais
informações sobre o Holocausto do que seus cidadãos, pouco zeram para tornar
públicas as atrocidades ou para tomar medidas efetivas tendentes a salvar os
judeus. Alguns funcionários dos altos escalões dos dois países, inclusive Gil
Winant e Henry Morgenthau, acionaram seus líderes para que zessem mais,
mas os resultados foram esparsos. Insistindo que a única maneira de ajudar os
judeus era ganhar a guerra, o governo Roosevelt não aceitou fazer pressão para
uma mudança nas restritivas leis americanas de imigração, de modo que mais
judeus pudessem ingressar no país. Em 1944, Roosevelt criou o Conselho de
Refugiados de Guerra para facilitar o resgate de judeus das nações ocupadas,
mas a providência de última hora, como ressaltaram alguns historiadores, foi de
pequeno alcance e chegou muito tarde.
Após retornar a Londres, vindo de Buchenwald, Murrow resolveu abrir os
olhos de sua audiência para a bestialidade que acabara de testemunhar. “Ele
queria que o mundo [382] soubesse a respeito do que tinha visto,” disse o
radialista Geo rey Bridson, da BBC, amigo de Murrow. Objetivava atingir,
declarou Bridson, “o ouvinte sonhador que pensava, 'Oh, bem, isso está muito
longe e, realmente, não tem nada a ver conosco.' Pois Ed estava louco para dar-lhe
também um belo soco no estômago.”
Três dias depois de deixar a Alemanha, Murrow sentou-se diante do
microfone e, numa voz embargada pela raiva, descreveu o que havia visto no
campo — os cadáveres empilhados, os esqueletos vivos, as câmaras de torturas, as
pilhas de sapatos, de cabelo, de dentes de ouro. No m de sua transmissão,
Murrow disse sem rodeios. “Rogo para que creiam no que eu disse sobre
Buchenwald. Reportei o que vi e ouvi, mas só em parte. Não tenho palavras para
relatar o resto. (...) Caso eu tenha ofendido alguns dos ouvintes com este relato
bastante brando de Buchenwald — não me desculpo nem a pau.” Bridson, que
estava no estúdio durante a transmissão, disse que Murrow “tremia de raiva
quando desligou o microfone.”
Muitas pessoas acharam que foi o melhor programa que ele jamais
transmitiu, mas Murrow discordou. Achou que não zera justiça aos horrores
que presenciara. “Um sapato, dois sapatos, uma dúzia de sapatos, vá lá,” disse ele.
“Mas como descrever diversos milhares de sapatos.”
Em 12 de abril de 1945, dia em que Murrow visitou Buchenwald,
Franklin D. Roosevelt faleceu de derrame cerebral em Warm Springs, na
Georgia. A notícia de sua morte provocou ondas de choque e pesar no mundo
inteiro, mas poucos sentiram tanto quanto Gil Winant. Convalescendo de forte
gripe, o embaixador cou atordoado quando tomou conhecimento do
falecimento no meio da noite, e permaneceu literalmente prostrado por horas.
A despeito das frustrações causadas por algumas políticas de FDR e do
ocasional tratamento indiferente que o Presidente lhe dispensou, Winant jamais
vacilou no apoio e no afeto pelo líder que fora seu amigo e aliado próximo por
mais de uma década. “Sou homem de Roosevelt,” disse certa vez. “Se Roosevelt
quer que eu faça determinada coisa, eu faço. Aí está meu futuro político.” Num
telegrama ao Presidente, alguns anos antes, Winant dissera simplesmente:
“Graças a Deus por você.” Noutro, a rmara: “Sempre penso a seu respeito e
sinto muitas saudades suas.” Poucos meses antes, Winant vagara pelos
antiquários de Londres à procura de um presente de Natal que achasse
apropriado para Roosevelt e, nalmente, enviara-lhe uma bengala que George
Washington dera de presente a Jerome Bonaparte, irmão mais novo de Napoleão.
De seu lado, Roosevelt frequentemente expressou admiração e afeição pelo
tímido idealista que sacri cara sua carreira política por ele e pelo New Deal. Em
diversas ocasiões, FDR falou sobre a indicação de Winant para posições de realce
no ministério, inclusive secretário de Estado. Em 1944, chegou a considerar a
escolha do embaixador como companheiro de chapa para a vice-presidência,
insinuando o nome de Winant para alguns de seus auxiliares mais próximos
como Henry Morgenthau e Harold Ickes. Ao mencionar a possibilidade de
candidatura de Winant numa reunião com assessores, FDR frisou que o
embaixador “podia fazer [383] o discurso mais desencontrado e, quando
terminasse, dar a impressão de ser Abraham Lincoln.” Mas ninguém, exceto
Roosevelt, se entusiasmou com a ideia, e o presidente escolheu Harry Truman.
Como Winant, Winston Churchill cou abismado com a notícia da morte de
FDR; ela o atingiu, disse mais tarde, como um golpe físico. Às três da manhã de
13 de abril, ele convocou Walter Thompson, o principal segurança pessoal, ao
seu estúdio, onde, como relembrou Thompson, falou sobre Roosevelt —
“chorando, lembrando fatos passados, sorrindo, repassando dias, anos;
recordando-se de conversas; desejando ter feito isso ou aquilo (...) concordando,
discordando, revivendo.” A Thompson, Churchill declarou: “Ele foi um grande
amigo de nós todos. Nos deu ajuda inestimável. (...) Sem ele, e os americanos por
trás dele, decerto seríamos esmagados.”
O povo inglês partilhou a tristeza de seu primeiro-ministro. A maioria pouco
sabia dos con itos que enervavam a aliança anglo-americana; para eles, Roosevelt
era simplesmente o salvador da nação. “Este país,” publicou o Daily Telegraph,
“tem com ele um débito que nunca poderá pagar, pelo seu entendimento, ajuda e
con ança nas horas mais sombrias.” No dia seguinte ao do falecimento de FDR,
as bandeiras inglesas foram hasteadas a meio-pau, o Rei e sua corte decretaram
sete dias de luto, e a região normalmente agitada em torno de Piccadilly Circus
cou “tão quieta quanto uma rua de subúrbio.” Os londrinos “permaneceram de
pé nas ruas, olhando incredulamente as primeiras manchetes dos jornais e
pacientemente nas las à espera de novas edições,” registrou Mollie Panter-
Downes para The New Yorker. Um integrante do Exército lembrou-se de ter sido
“parado na rua por pelo menos uma dúzia de pessoas para me expressarem
pêsames, como se [o Presidente] fosse um membro de minha família.” O escritor
C.P. Snow observou: “Não me lembro [384] de ter visto antes Londres tão
comovida por um acontecimento. Até minha velha senhoria chorou. O metrô
cou repleto de gente lacrimosa — bem mais, estou seguro, que se Winston
tivesse morrido.”
Em 18 de abril, mais de três mil pessoas, inclusive o casal real inglês e
diversos monarcas europeus exilados, apinharam a Catedral de St. Paul para um
serviço religioso em memória de Roosevelt, enquanto milhares ouviam-no do
lado de fora. Winant, que acompanhou um contristado Churchill, leu um trecho
da Bíblia extraído do Livro da Revelação. Mais tarde naquele mesmo dia,
Churchill declararia na Câmara dos Comuns que Roosevelt “foi o maior amigo
americano que jamais conhecemos e o maior defensor da liberdade, que, como
ninguém mais, trouxe conforto e ajuda do Novo Mundo para o Velho.”
A reação de Churchill à morte do Presidente foi, no entanto, mais complexa
do que revela seu eloquente panegírico. Não há dúvida de que ele cou
profundamente entristecido, mas a tristeza engal nhou-se com a raiva e o
ressentimento que ele ainda sentia sobre o que considerava o desprezo que FDR
dispensara a ele e a seu país no último ano e meio. No dia seguinte ao do
falecimento de Roosevelt, o primeiro-ministro começou a hesitar sobre a questão
de voar ou não para Washington a m de presenciar o sepultamento do
Presidente. Lord Halifax telegrafou-lhe dizendo que Harry Hopkins achava que
ele deveria ir, que sua visita teria “tremenda repercussão para o bem.” O sucessor
de FDR, Harry Truman, também instou pela viagem, a rmando ao primeiro-
ministro “que caria muito honrado com a oportunidade” de conhecê-lo.
Apesar de tudo, no m, Churchill decidiu não ir, desculpando-se por ter
muito trabalho a fazer em Londres. A decisão intrigou muitos de seus auxiliares,
que realçaram o fato de o primeiro-ministro nunca ter vacilado em viajar para
Washington quando achou necessário, Como escreveu Max Hastings: “É difícil
não interpretar a ausência do primeiro-ministro no funeral de Roosevelt como
um re exo do afastamento ocorrido entre ele e o Presidente, que de fato se
agravou nos últimos meses de vida de Roosevelt.” A decisão de Churchill poderia
também ser explicada por Roosevelt jamais tê-lo visitado em Londres, malgrado
os repetidos convites. Além do mais, o inglês fora sempre o suplicante, o que
sempre se esforçava para concretizar as reuniões anglo-americanas. Agora,
Churchill aparentemente julgava que os papéis deveriam se inverter. “Creio que
seria uma boa coisa a vinda do presidente Truman à Inglaterra,” escreveu o
primeiro-ministro ao Rei.
Porém Truman jamais visitou Londres enquanto Churchill foi primeiro-
ministro.
A primavera de 1945 veio plena de acontecimentos; a descoberta da
verdadeira amplitude do Holocausto, a morte de Roosevelt e a queda das grandes
e pequenas cidades alemãs, uma atrás da outra, como frutos a caírem no colo dos
aliados. No m de abril, os exércitos aliados progrediam celeremente Alemanha
adentro: os americanos e ingleses do oeste, os russos do leste. Em 25 de abril,
unidades das vanguardas dos EUA e da URSS encontraram-se no rio Elba, como
Eisenhower planejara. Em 30 de abril, Hitler suicidou-se, com as tropas
soviéticas a menos de quilômetro e meio de seu bunker. Em 7 de maio, a guerra
na Europa terminou. Às 2h41 da daquela madrugada, o general Alfred Jodl,
chefe de operações das forças armadas alemãs assinou a declaração formal da
rendição de seu país no QG do SHAEF, à época instalado numa pequena e
maltratada escola, com paredes de tijolo aparente, na cidade francesa de Reims.
“Com esta assinatura [385],” Jodl disse ao general Walter Bedell Smith, “o povo
alemão e as forças germânicas estão, para o melhor ou o pior, entregues nas mãos
dos vitoriosos.”
No dia seguinte, em Londres, centenas de milhares de pessoas tomaram as
ruas do entorno de Piccadilly Circus, de Trafalgar Square, do Parlamento e de
Whitehall, assim como os parques em volta do Buckingham Palace, esperando o
anúncio o cial do m das hostilidades na Europa. Era um belo dia de primavera,
e multidões alegres e exuberantes desfrutavam do sol acolhedor. Pareceu,
observou um londrino, que a cidade “fora tomada por um enorme piquenique de
família.” Mães enfeitavam os cabelos de seus bebês com tas vermelhas, azuis e
brancas, e os cachorros exibiam gravatinhas nas mesmas cores. Soldados
beijavam as moças sorridentes que passeavam. Um GI, com o rosto coberto de
manchas vermelhas de batom, exclamava para as mulheres que com ele
cruzavam: “Você não quer colaborar com minha coleção?” Em Piccadilly,
marinheiros formaram um “trenzinho” que logo se alongou com a participação
dos circunstantes. Os sinos das igrejas repicavam. No Tâmisa, rebocadores
acionavam suas trombetas em comemoração.
Transmitindo ao vivo de uma van no centro de Londres, Ed Murrow
descrevia para os ouvintes a visão de milhares de pessoas deixando suas casas,
apartamentos e escritórios para se juntarem à festa. Ele era um dos poucos
americanos na cidade que estivera lá desde o início da guerra e a acompanhara
até o m. Até certo ponto, talvez falasse sobre si mesmo quando frisou na sua
transmissão que, a despeito do júbilo, bom número de londrinos não se inclinava
por muitas celebrações naquele dia. “Suas lembranças [386],” disse ele, “têm que
estar repletas de imagens de amigos que morreram nas ruas ou nos campos de
batalha. Seis anos constituem muito tempo. Observei que as pessoas têm pouco a
dizer. Não há palavras.”
Naquela noite, Murrow voltou à sua vizinhança de Regent's Park para
retomar suas próprias memórias da guerra. Numa das esquinas, observou, seu
melhor amigo, o editor da BBC Alan Wells, havia sido morto. Ao passar por um
grande tanque d'água, lembrou-se “quase com um susto, que ali existia um pub
atingido por uma bomba de mil quilos, onde trinta pessoas morreram.” Murrow
admitiu que estava tendo di culdade para se acostumar à ideia de paz.
“Tentando entender o que ocorreu, a cabeça se refugia no passado. A guerra que
se foi parece mais real que a paz que chegou.”
Para Gil Winant, a guerra ainda não tinha acabado. Ele passou
calmamente com os amigos o “V-E Day” falando de reminiscências sobre
Roosevelt e sobre o que aquele dia signi cara para ele — porém, durante a maior
parte do tempo, pensava sobre o destino do lho mais velho. Um mês antes de a
guerra terminar, o embaixador recebera a notícia de que John Winant Jr. e outros
prisioneiros de guerra VIPs, mantidos como reféns pelos alemães, tinham sido
removidos de Colditz pela Gestapo poucas horas antes de as tropas americanas
liberarem a prisão. O que Winant não sabia era que, com a Alemanha
mergulhando no caos, o chefe das SS, Heinrich Himmler, ordenara que os reféns
aliados fossem levados à Floresta Negra e fuzilados. “Enquanto todo o povo
alemão chora,” declarou Himmler, “a família real inglesa não deve rir.”
Mas o general designado para supervisionar as execuções ganhou tempo,
sabendo muito bem o que os vitoriosos aliados fariam com ele se cumprisse a
missão. Quando o alto-comando alemão escalou outro o cial para executar a
tarefa, o general entrou em contato com autoridades suíças, as quais conseguiram
transferir os prisioneiros de guerra para um posto de comando americano na
Áustria. Dois dias após o Dia da Vitória na Europa, Gil Winant recebeu a
chamada que tanto esperara e que temia jamais receber: John estava salvo e a
caminho de Londres. Ao saber da notícia, Lord Beaverbrook escreveu ao
embaixador: “O fato de sua ansiedade a respeito dele ter sido varrida na hora do
triunfo para o qual o senhor tanto contribuiu, será causa de enorme alegria entre
todos os seus amigos neste país. E isso signi ca todo o povo inglês.”
Entrementes, para Winston Churchill , o “V-E Day,” foi um
momento agridoce. Grandes multidões o saudaram alegremente enquanto
passava de carro na direção do Buckigham Palace e, depois, do Parlamento, para
anunciar a rendição alemã. Ele se regozijava com a vitória, porém mais tarde
naquele dia, num discurso pelo rádio, difundido para todo o Reino Unido, aludiu
ao destino da Polônia e de outros países dominados pelos soviéticos, ao dizer:
“No continente europeu [387], ainda temos que nos assegurar de que os simples
e honrosos princípios pelos quais entramos na guerra não sejam postos de lado (...)
e de que as palavras 'liberdade,' 'democracia' e 'libertação' não sejam distorcidas
de seu real signi cado.”
Quatro dias mais tarde, num telegrama à esposa, Churchill reconheceu seu
profundo desapontamento em face da “política venenosa e das mortais
rivalidades internacionais” tão evidentes no triunfo dos aliados. O idealismo dos
anos iniciais do con ito, com suas esperanças e sonhos de maior liberdade, justiça
e igualdade no mundo se dissolveu num reboliço de tratativas e mal-entendidos
de tempos de guerra. Imediatamente à frente viriam os infernos nucleares de
Hiroshima e Nagasaki, a rendição do Japão e o início da Guerra Fria.
Em Reims, Dwight D. Eisenhower celebrou o “V-E Day” oferecendo
um almoço a vinte e cinco altos o ciais americanos e ingleses da equipe de seu
SHAEF, a maioria dos quais havia criado fortes vínculos entre si no ano e meio
passado. Foi uma ocasião festiva e de alto espírito — pelo menos até o m.
“Quando [ela] caminhava para o término e os participantes começavam a se
despedir, de repente o grupo de generais se deu conta de que não tinha mais
emprego,” lembrou um dos presentes. “O companheirismo de dias e meses se
fora. E a impressão era de que comparecíamos ao nosso próprio funeral. (...)
Saímos tomados de tristeza, e o general Eisenhower se despedia de nós com
lágrimas nos olhos.”
Um mês depois, os cidadãos de Londres renderam tributo a Eisenhower por
seu inestimável papel na condução das forças aliadas à vitória. Em pomposa
cerimônia no Guildhall dani cado por bombas, o general americano recebeu a
“Honorary Freedom of the City of London,” honraria que remonta a tempos
medievais e é a mais elevada que a cidade pode conceder. Praticamente todas as
guras notáveis de Londres estavam presentes — líderes do Parlamento,
destacados empresários e juristas, as mais altas patentes militares inglesas,
membros do Gabinete e Winston Churchill. Uma a uma, elas des laram pelo
corredor do Grande Salão do Guildhall, para serem recepcionadas pelo prefeito
e os sheri s em trajes de gala. Quase ao m da la caminhava Gil Winant.
“Houve aplausos [388] de diversas intensidades para os outros,” notou um
funcionário americano, mas quando o nome de Winant foi anunciado, “as salvas
de palmas foram estrondosas, ultrapassadas apenas pelas dedicadas ao primeiro-
ministro e ao próprio Eisenhower.”
No calor da vitória, a antiga hostilidade dos militares ingleses em relação a
Eisenhower pareceu desaparecer. Até Alan Brooke se tornou um admirador —
ao menos naquele dia. “Ike fez um discurso maravilhoso e impressionou toda a
audiência do Guildhall,” registrou Brooke em seu diário. “Ele depois fez um
pronunciamento igualmente bom, mas de tipo diferente, do lado de fora da
Mansion House, para então proferir um discurso de primeira classe no almoço da
Mansion House. Eu nunca percebera que Ike era tão grande homem até que vi
seu desempenho de hoje!”
Na Inglaterra, contudo, o contentamento pela vitória
rapidamente desvaneceu. Pouco depois do “V-E Day,” o Partido Trabalhista
anunciou que estava saindo do governo Churchill de coalizão, levando o
primeiro-ministro a convocar eleições gerais, que não ocorriam desde 1935. A
maioria esperava que Churchill e o Partido Conservador vencessem, mas
Winant não estava nessa maioria. Meses antes da votação, o embaixador disse ao
médico particular do primeiro-ministro que “estava preocupado com Churchill,
pois se envolvera tanto com a guerra que perdera o contato com o sentimento
vigente no país.” Quando os votos foram apurados em 26 de julho, a previsão do
embaixador estava correta. O líder, tão inspirador em tempo de guerra, foi
afastado do poder pelos eleitores cansados e fartos de guerra, que preferiram o
Partido Trabalhista para administrar a debilitada economia do país e transformar
sua sociedade. “Embora [o povo inglês] seja grato a Churchill pela vitória,”
escreveu Pamela Churchill a Averell Harriman, “não quer ser sentimental a
respeito.”
Radicalizado pela guerra, o povo britânico esperava — e exigia — que os
enormes sacrifícios feitos nos seis anos passados fossem recompensados com
signi cativas reformas sociais e econômicas no pós-guerra. Churchill se mostrara
perplexo com tais exigências. Durante a campanha pela reeleição, “ele
ridiculariza os tolos que querem reconstruir o mundo,” observou Lord Moran,
“no entanto, por trás da bravata, creio que ele não tem muita certeza sobre o que
diz. Sente-se de volta aos anos 1930, sozinho no mundo, falando uma língua
estranha.” Física e emocionalmente exausto, Churchill conversou com Moran
sobre o que chamou “essa maldita eleição [389],” dizendo: “Não tenho agora
mensagem para [o povo].” E acrescentou melancolicamente :“Sinto-me muito
sozinho sem uma guerra.” Apesar disso, esperava ganhar. A derrota dos
conservadores por grande margem — “débacle total,” segundo John Colville — foi
um choque não só para o primeiro-ministro e seus compatriotas, como para o
resto do mundo. O New York Times disse: “Foi uma das mais impressionantes
surpresas eleitorais na história da democracia.”
Churchill cou arrasado com a derrota. Pug Ismay, que o visitou logo depois
que os resultados foram anunciados, disse que ele lhe pareceu “mortalmente
ferido.” Golpeado pela inesperada queda, Churchill disse a Ismay: “Não tenho
um carro, nem lugar para viver.” Em questão de horas, sua vida virara de cabeça
para baixo. “Todo o foco do poder, da ação e das notícias,” observou Mary
Churchill, “fora transferido (com a velocidade do relâmpago, como sempre
acontece) para o novo primeiro-ministro” — Clement Attlee. No nº 10 de
Downing Street, a “Sala da Situação se encontrava deserta, o Gabinete Privativo,
vazio; não havia telegramas o ciais.”
Poucos dias depois de ser apeado do poder, Churchill passou um último m
de semana em Chequers, cenário de tantas reuniões agitadas do tempo da guerra.
Ele e Clementine convidaram poucas pessoas para acompanhá-los — os lhos,
alguns assessores mais próximos e Winant. O embaixador e Churchill haviam
experimentado di culdades na relação dos últimos quatro anos, em especial nos
meses nais da guerra, quando o governo dos EUA mostrou a força de seus
músculos como parceiro dominante da aliança. Porém tudo aquilo era agora
história passada, e os Churchills deixaram claro que ainda consideravam o
embaixador da família.
Durante o triste m de semana, Winant e os outros zeram o possível para
levantar o moral do desconsolado ex-primeiro-ministro. “Não era tanto a perda
do poder que ele sentia, mas a súbita falta do que fazer,” observou mais tarde
Sarah Churchill. “Seis anos no exercício dos mais extremados esforços mentais e
físicos e, de repente, nada.” Ele sentia falta, sobretudo, das caixas vermelhas de
despachos repletas de documentos urgentes, que chegavam diversas vezes ao dia
em Downing Street. De acordo com Sarah Churchill, “elas foram parte
integrante de sua vida.”
Na noite que antecedeu a partida de Chequers, Winant, Sarah e os outros
convidados assinaram o “Livro de Visitantes” da mansão. Para Churchill, tratava-
se de ritual importante. Certa vez, Eisenhower deixou Chequers sem assinar o
livro, e o mordomo do primeiro-ministro correu atrás dele, declarando
solenemente: “Sir, o senhor se esqueceu [390] do livro.” O tom de voz do
empregado deixava patente que “ele achava inconcebível meu esquecimento,”
escreveu Eisenhower. Na noite nal, o último assinar foi Churchill. Ele apôs seu
nome e então acrescentou abaixo da assinatura: “Finis.”
21
Murrow, que se gabava de sua falta de sentimentalismo, não pôde conter as
lágrimas. Anos mais tarde, disse a Malcolm Muggeridge numa entrevista de
televisão que, de todos os prêmios e honrarias que recebera no decurso de sua
carreira, o microfone presenteado pela BBC era “o único troféu que sempre
mantive comigo” e ao qual “dou maior valor do que a qualquer outra coisa que
possuo.”
Um mês depois da partida de Murrow , Gil Winant também deixou
a Inglaterra. Truman por m o nomeara representante americano no Conselho
Econômico e Social das Nações Unidas, uma agência cujo objetivo era promover
a cooperação e o desenvolvimento econômico e social internacional. Não era o
cargo que almejava, mas lhe dava a oportunidade de trabalhar para restaurar os
países destroçados pela guerra na Europa e em outros continentes. Em março de
1946, ele renunciou às funções de embaixador, e Averell Harriman foi indicado
para assumir o seu posto.
Tão afetuosa quanto fora a despedida de Murrow, as demonstrações de
carinho e gratidão por Winant foram excepcionais. Apesar da desalentadora
situação de seu país, o povo inglês não perdera de vista o fato de que, graças em
grande parte ao embaixador dos Estados Unidos, a aliança anglo-americana se
mantivera rme e unida para alcançar a vitória na guerra. Tais laços jamais
existiram antes — e, com grande possibilidade, nunca mais se repetiriam. Winant
recebeu inúmeras provas da estima e gratidão da Inglaterra, inclusive títulos
honorí cos de Oxford e Cambridge, os quais, em suas citações, distinguiam-no
como “amigo chegado, con ável e querido.” Associando-se a tal sentimento, o
primeiro-ministro Clement Attlee declarou que o embaixador dos EUA sempre
“teve em grande medida o amor da população deste país.”
Sobre Winant, o New Statesman publicou: “Quase todos [402] neste país
sabem seu nome e o respeitam como um grande americano e um dos melhores
amigos que a nação jamais teve.” O embaixador era, observou o Daily Express, “a
personi cação da parcela mais bela do caráter americano.” O Daily Herald
relembrou como Winant “chegou até nós em 1941, quando perigo indizível nos
rondava. Viveu conosco, sofreu conosco e trabalhou conosco. Sua fé em nós
contribuiu decisivamente para elevar nosso moral, e seu trabalho como
embaixador foi bem-sucedido, num período vital, na obtenção de enormes
reforços para nossos recursos rapidamente minguantes. (...) Ele mergulhou até o
pescoço em nossa luta.” A revista inglesa Punch, famosa por suas farpas satíricas,
contrariou seu estilo e publicou uma caricatura intitulada “Um Amigo de
Verdade.” O desenho mostrava um vendedor cockney de ores entregando um
buquê para Winant e dizendo: “Até breve, sir. O senhor nos ajudou em tempos
difíceis e não o esqueceremos.”
Quando soube da partida de Winant, um professor de direito em Oxford lhe
disse: “Não creio que seja possível para o senhor imaginar a posição que
conquistou para si mesmo na história anglo-americana.” John Martin, ex-chefe
dos secretários particulares de Winston Churchill, escreveu ao embaixador:
“Aqueles de nós que trabalharam no nº 10 tiveram a oportunidade de conhecer
que amigo querido de nosso país o senhor foi e o quanto daquele maravilhoso
trabalho de equipe entre as duas nações se deve ao senhor.” O gerente “durão” do
Savoy Hotel asseverou a um jornalista americano: “Quando ele partir,
perderemos o melhor americano que jamais tivemos em Londres.” Num bilhete
para Winant, Herbert Agar, que substituíra Wallace Carroll como chefe da
Agência de Informação de Guerra, declarou: “Meu motorista e todas as
secretárias e faxineiras inglesas vieram a mim pedindo que eu lhe dissesse como
estão desolados com sua partida. (...) Eles acham ótimo que pessoas importantes
tenham manifestado apreço pelo senhor, porém eles, de funções mais humildes,
também o querem fazer. Espero que o senhor assim entenda a amplitude desse
sentimento. Quanto a mim, não há palavras para expressar o que sinto. Os anos
de trabalho para o senhor foram os mais grati cantes de minha vida.”
As “pessoas importantes,” enquanto isso, revelavam o senso de perda numa
série de jantares de despedida que começou com o de gala na Mansion House de
Londres, no qual tanto Attlee quanto o líder da Oposição, Winston Churchill,
discursaram — “uma honraria singular,” nas palavras usadas pelo Daily
Telegraph. Os jornalistas que cobriram o evento, bem como outros que se
seguiram, caram impressionados com a profundidade do sentimento que orador
atrás de orador expressaram sobre o enviado dos EUA. “A reserva que
normalmente [403] cerca os pronunciamentos o ciais britânicos nunca foi tão
completamente esquecida como ao apresentar o governo britânico suas
despedidas a Mr Winant,” escreveu um jornalista inglês. Segundo o The New
York Times, os elogios a Winant foram “in nitamente maiores que uma coleção
de frases de efeito numa cerimônia formal. Na profunda emoção contida
naquelas despedidas podia-se sentir que, para os ingleses, Mr Winant fora um
grande embaixador, muito grande.”
É
“É na adversidade que conhecemos os verdadeiros amigos — e assim foi com
John Gilbert Winant,” disse o prefeito de Londres. Lord Derby observou: “Na
minha longa existência, não me lembro de outro homem que tenha prestado tão
signi cativo serviço para seu país e o nosso.” Sir Archibald Clark Kerr, prestes a
assumir novo posto diplomático como embaixador inglês em Washington, disse
sobre Winant: “Pretendo tomá-lo como meu modelo.” Churchill, que nunca
disfarçou seus sentimentos, manifestou-se com maior emoção que a usual
quando declarou: “Eu diria, sem um só momento de hesitação, que ninguém
jamais cumpriu missão tão monumental quanto Mr Winant. Ninguém chegou
tão perto do coração da Inglaterra. Também ninguém, enquanto defendia da
maneira mais correta os interesses e direitos do seu próprio país, fazia-nos sentir
que era um autêntico, el e inabalável amigo.” Virando-se para Winant, o ex-
primeiro-ministro disse: “Ele é um amigo da Inglaterra. É mais: é um amigo da
justiça, da liberdade e da verdade. Ele foi uma inspiração.”
Entretanto, ninguém demonstrou maior tristeza com a partida de Winant do
que Anthony Eden. Com a voz embargada, o ex-ministro do Exterior disse num
concorrido jantar na Lancaster House: “Nem os senhores, nem eu, tampouco os
historiadores seremos capazes de estimar, em seu verdadeiro valor, a contribuição
que Mr Winant deu para a unidade e para a vitória dos aliados.” Com os olhos
marejados, Eden levantou uma taça brindando o homem que considerava um de
seus amigos mais próximos. “Não há outro personagem que não John Gilbert
Winant com quem eu preferiria ter trabalhado naqueles tempos difíceis,
exigentes e sofridos. Homem nenhum mais correto e justo jamais caminhou
nesta terra.”
Na sua calma resposta, Winant disse que os cinco anos que vivera em
Londres tinham sido “anos duros e sombrios, mas eu não gostaria de tê-los
passado em outro lugar. (...) É muito difícil para mim dizer adeus. Nunca me senti
um estranho nesta terra. Compartilhamos muita coisa. Tivemos ideais e
esperanças comuns, assim como reveses, e as vitórias foram vossas e nossas
juntos. Sempre me sentirei um londrino.” Passando o olhar sobre a multidão
diante de si, ele terminou o discurso com versos de um poema de Rudyard
Kipling: I have eaten your bread and salt,
I have drunk your water and wine,
The deaths ye have died I have watched beside, The lives ye lent me were
mine.
[Comi do teu pão e do teu sal,
foram minhas .]
Quando o embaixador voltou a se sentar naquela noite, Anthony Eden não
foi o único que lutou para conter as lágrimas.
[*]A Inglaterra pagou a última parcela do empréstimo em dezembro de 2006, sessenta anos depois de
tomado.
22
Ed Murrow moço, de camisa surrada e calças jeans que usava como madeireiro, seu trabalho de
verão quando estudante secundário e na faculdade. Anos mais tarde, em Londres, ele diria aos
amigos que "havia satisfação naquela vida" e que "nunca mais sentiu aquela satisfação."
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Ed Murrow com a esposa, Janet, pouco depois do casamento em 1934.
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Ed Murrow no centro de Londres, em 1941.
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Pelos trinta anos de idade, Harriman passou a maior parte de seu tempo procurando negócios por
toda a Europa, inclusive uma concessão de manganês na nova União Soviética e siderúrgicas e uma
usina elétrica na Polônia.
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Harriman e sua esposa, Marie, desfrutando a noite no Stork Club em Nova York.
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Harriman nas pistas de Sun Valley, Idaho, que ele transformou em estação de esqui de primeira no
fim dos anos 1930.
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George VI recebe John Gilbert Winant, novo embaixador americano na Inglaterra, na estação de
Windsor, em março de 1941. O gesto sem precedentes do monarca sair do palácio para receber um
recém-chegado enviado estrangeiro realçou a importância que a Inglaterra dava à ajuda dos Estados
Unidos para a luta contra Hitler e os alemães.
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Moças do Serviço Auxiliar Territorial, o ramo feminino do Exército inglês, guarnecem um canhão
antiaéreo em Londres, durante a guerra.
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Trabalho dos bombeiros para apagar incêndio causado por bombardeio aéreo alemão no centro de
Londres, durante a Blitz do fim dos anos 1940.
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Pamela Churchill passeia com o filho Winston numa rua de Londres, em 1942. No ano anterior, a
nora de Churchill começou um romance com Averell Harriman. Quando este foi nomeado
embaixador na União Soviética, em 1943, ela se envolveu com Ed Murrow. Cerca de trinta anos mais
tarde, Pamela casou-se com Harriman.
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Sarah Churchill, a filha preferida do primeiro-ministro, foi a pacificadora da família. Ela e John
Gilbert Winant tiveram intenso romance na guerra.
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Integrantes do Esquadrão Eagle, unidade constituída apenas por americanos, que desafiaram as leis
de neutralidade de seu país para combater com a RAF, antes que os Estados Unidos entrassem na
guerra.
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Parecendo satisfeito por estar no centro da ação, Averell Harriman senta-se entre Winston Churchill e
o chefe russo Iosef Stalin, em Moscou, em agosto de 1942. Harriman "cavou" um convite para o
encontro Churchill-Stalin, uma das muitas cúpulas a que ele compareceria durante a guerra.
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Duas moças do serviço militar britânico descarregam fuzis Winchester recém-chegados dos Estados
Unidos como parte do Lend-Lease com a Inglaterra.
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John Gilbert Winant e sua esposa, Constance (junto ao embaixador), recebem o general Dwight D.
Eisenhower e o almirante Harold Stark, os dois chefes militares dos EUA de maior patente em
Londres, em recepção na residência oficial do embaixador, no dia 4 de julho de 1942.
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Winant com Winston Churchill e Joseph Davies, ex-embaixador americano na União Soviética, em
Chequers, residência de verão do primeiro-ministro. Winant e Harriman passaram muitos fins de
semana com os Churchills.
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Militares americanos compram bens não à venda para os ingleses, num reembolsável militar em
Londres. As forças americanas na Inglaterra tinham padrão de vida melhor do que a maioria dos
cidadãos britânicos.
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Tommy Hitchcock, de dezoito anos, em uniforme de aviador francês. Hitchcock, que integrou a
Lafayette Escadrille durante a Primeira Guerra Mundial e foi o americano mais jovem a ganhar o
distintivo de piloto na guerra, derrubou dois aviões alemães antes de ser também abatido.
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Amplamente considerado o melhor jogador de polo do mundo, Hitchcock ajudou a tornar o esporte
um dos mais assistidos nos Estados Unidos nos anos 1920 e 1930.
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Graças a Gil Winant, Hitchcock foi adido militar na embaixada americana em Londres, onde
desempenhou papel crucial na adoção pelos Estados Unidos do P-51B Mustang, o avião de combate
que tornou possível o Dia-D.
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Um Mustang em voo de teste na Califórnia. Depois da guerra, um oficial do alto escalão da Força
Aérea admitiu que o avião surgiu na luta contra a Alemanha "exatamente na hora da salvação, nem
mais nem menos."
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Num terno momento na guerra, militar americano compra uma rosa de florista no Piccadilly Circus e
a prende no casaco da namorada.
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Ed Murrow, com o indefectível cigarro, prepara o noticiário no birô da CBS em Londres.
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Roosevelt e Churchill encontram-se com o líder chinês Chiang Kai-shek na Conferência do Cairo,
em novembro de 1943. Também presentes: Gil Winant (atrás de Roosevelt), Averell Harriman (atrás
de Madame Chiang Kai-shek) e o assistente presidencial Harry Hopkins (na extrema direita).
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Donas de casa de um subúrbio de Londres dão chá e alimentos, em junho de 1944, a tropas
americanas a caminho do sul da Inglaterra e da Normandia.
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O general Eisenhower entre suas bête-noires inglesas: o general Alan Brooke, (esquerda) e o general
Montgomery (direita). Menosprezando a capacitação militar do americano, os dois sempre criticavam
suas ordens.
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Stalin, Roosevelt e Churchill na Conferência de Yalta, em fevereiro de 1945. Harriman atrás de Stalin
e Roosevelt. De pé, Sarah Churchill, como ajudante de ordens do pai, e o ministro do Exterior
Anthony Eden.
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O general Eisenhower recebe a Freedom of the City of London, honraria que remonta aos dias
medievais, numa trabalhada cerimônia em junho de 1945, pouco depois da vitória dos aliados na
Europa.
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Jubilosos jovens militares americanos celebram o "V-E Day," Vitória na Europa 8 de maio de 1945 ,
com residentes londrinos no Piccadilly Circus.
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Ed e Janet Murrow, com o filho Casey, poucos anos após a guerra.
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Notas
PRÓLOGO
1 “nos convenceu”: carta de remetente não identi cado, álbum de recortes de John Gilbert
Winant, de posse de Rivington Winant 2 “Estávamos”: Alex Danchev e Daniel Todman, eds.,
War Diaries, 1939–1945: Field Marshal Lord Alanbrooke (Londres: Weidenfeld & Nicolson,
2001), p. 248. “Houve muitas”: John G. Winant, A Letter from Grosvenor Square: An Account of
a Stewardship (Boston: Houghton Mifflin, 1947), p. 3. “Houve um homem”: Times (Londres),
24 de abril de 1946. “transmitira para toda”: carta de Wallace Carroll para o Washington Post,
sem data, documentos de Winant, FDRL
3 “prima-donas”: Robert E. Sherwood, Roosevelt and Hopkins: An Intimate History (Nova
York: Harper and Brothers, 1948), p. 236
4 “Os ingleses chegaram”: Carlo D’Este, Eisenhower: A Soldier’s Life (Nova York: Henry
Holt, 2002), p. 337
5 “Não foi Mr Winant”: “British Mourn Winant,” New York Times, 5 de novembro de
1947. “Em blackout”: Donald L. Miller, Masters of the Air: America’s Bomber Boys Who
Fought the Air War Against Nazi Germany (Nova York: Simon & Schuster, 2006), p. 137
6 “Esta é uma vitória americana”: Peter Clarke, The Last Thousand Days of the British
Empire: Churchill, Roosevelt, and the Birth of the Pax Americana (Nova York: Bloomsbury,
2008), p. 103. “eles precisavam conhecer”: Norman Longmate, The G.I.’s: The Americans in
Britain, 1942–1945 (Nova York: Scribner, 1975), p. 376.
7 “concentração nas coisas”: Star, 3 de fevereiro de 1941. “se aprendesse a viver
amistosamente”: Bernard Bellush, He Walked Alone: A Biography of John Gilbert Winant
(Haia: Mouton, 1968), p. 216
CAPÍTULO 1
8 “Muito prazer”: Sunday Times, 2 de março de 1941, documentos de Winant, FDRL
9 “guerras eram ruins”: James Reston, Deadline: A Memoir (Nova York: Random House,
1991), p. 68. “Não é maravilhoso”: Michael R. Beschloss, Kennedy and Roosevelt: The Uneasy
Alliance (Nova York: W. W. Norton, 1980), p. 177. “a Inglaterra acabou”: Bellush, p. 155.
“sou mil por cento pelo apaziguamento”: Reston, p. 73. “devotar meus esforços”:
Beschloss,p. 230. “uma das maiores e mais difíceis”: “Winant Esteemed by British Chiefs,”
New York Times, 7 de fevereiro de 1941
10 “Estou muito feliz”: Times (Londres), March 3, 1941, documentos de Winant, FDRL.
“um incidente signi cativo”: Ibid. “não era apenas extrema”: John Keegan, “Churchill's
Strategy,” em Robert Blake e William Roger Louis, eds., Churchill (Nova York: W. W. Norton,
1993), p. 331. “desanimadoras”: John Colville, The Fringes of Power: 10 Downing Street
Diaries, 1939-1945 (Nova York: W. W. Norton, 1985), p. 358
11 “neste momento a Inglaterra”: Joseph P. Lash, Roosevelt and Churchill, 1939-1941: The
Partnership That Saved the West (Nova York: W. W. Norton, 1976), p. 292. “O experiente
político”: Ibid., p. 143. “Para que a Inglaterra sobreviva”: Warren F. Kimball, “The Most
Unsordid Act”: Lend-Lease, 1939-1941 (Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1969), p. 70
12 “Isso está cheirando”: Colville, Fringes of Power, p. 223. “Achei que”: Herbert Agar,
The Darkest Year: Britain Alone, June 1940-June 1941 (Garden City, N.Y.: Doubleday, 1973), p.
143. “Até agora só”: Lash, Roosevelt and Churchill, p. 251
13 “se quisermos”: Martin Gilbert, Winston S. Churchill, Vol. 6, Finest Hour, 1939-1941
(Boston: Houghton Mifflin, 1983), p. 745. “Buscamos”: Christopher Hitchens, Blood, Class and
Nostalgia: Anglo-American Ironies (Nova York: Farrar, Straus & Giroux, 1990), p. 202. “Quando
se senta”: David Reynolds, The Creation of the Anglo-American Alliance, 1937-1941 (Chapel
Hill: University of North Carolina Press, 1982), p. 25
14 “bem mais”: Agar, p. 153. “atraente e amistoso”: Joseph P. Lash, Eleanor and Franklin
(Nova York: W. W. Norton, 1971), p. 200. “um moço inexperiente”: John Gunther, Roosevelt
in Retrospect (Nova York: Harper & Brothers, 1950), p. 242. “a alegria da festa”: Lash, Eleanor
and Franklin, p. 221
15 “Sempre desgostei”: Beschloss, p. 200. “há uma forte”: Ibid. “sempre bebericando”:
Reston, p. 70. “beberrão crônico”: Jon Meacham, Franklin and Winston: An Intimate Portrait
of an Epic Friendship (Nova York: Random House, 2003), p. 51. “supunha ser Churchill”: David
Dimbleby e David Reynolds, An Ocean Apart: The Relationship Between Britain and America in
the Twentieth Century (Nova York: Random House, 1988), p. 136. “Não camos com coisa
alguma”: David Reynolds, In Command of History: Churchill Fighting and Writing the Second
World War (Londres: Penguin/ Allen Lane, 2004), p. 200
16 “arqueado numa atitude”: Andrew Roberts, “The Holy Fox”: The Life of Lord Halifax
(Londres: Phoenix, 1997), p. 256. “a esses malditos ianques”: Meacham, p. 54. “Não estou
com pressa”: Gilbert, Finest Hour, p. 672
17 “a mais unsordid”: Warren F. Kimball, Forged in War: Roosevelt, Churchill and the
Second World War (Nova York: William Morrow, 1997), p. 74. “Lembre-se, Sr Presidente”:
Ibid, p. 976. “A percentagem”: David Reynolds, Rich Relations: The American Occupation of
Britain, 1942-1945 (Londres: Phoenix, 2000), p. 41
18 “utópico John”: Bellush, p. 118. “extremamente infeliz”: entrevista com Eileen Mason,
documentos de Bellush, FDRL. “sempre lhe dissera”: entrevista com Ernest Hopkin,
documentos de Bellush, FDRL. “que os montes signi cavam”: “He Multiplied the Jobs,” New
York Herald Tribune, 25 de setembro de 1932, documentos de Winant, FDRL. “Nossa função”:
Alex Shoumatoff, “A Private School Affair,” Vanity Fair, janeiro de 2006. “professor
incrivelmente”: T. S. Matthews, Name and Address: An Autobiography (Nova York: Simon &
Schuster, 1960), p. 156
19 “Como a maioria”: Ibid, p. 155. “tudo ia bem”: Janet Murrow aos pais, 24 de abril de
1943, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “Era um”: entrevista de Dean Dexter com
Abbie Rollins Caverly 21 “Gente da plateia”: entrevista do autor com Bert Whittemore. “É
uma coisa terrível”: Charles Murphy, “A Boy Who Meddled in Politics,” American, abril de 1933,
documentos de Winant, FDRL. “começava sentindo”: “A New Kind of Envoy to a New Kind
of Britain,” New York Times, 16 de fevereiro de 1941
22 “Tanto as ferrovias”: New York Times, 16 de setembro de 1934, documentos de Winant,
FDRL. “conseguiu introduzir”: New York Herald Tribune, 5 de novembro de 1947. “Não
entendo Winant”: “He Multiplied the Jobs,” New York Herald Tribune, 25 de setembro de 1932,
documentos de Winant, FDRL. “toda política pública”: Larry DeWitt, “John G. Winant,”
Estudo Especial #6, Social Security Historian's Office, Social Security Administration, maio de
1999
23 “pratica o mandamento cristão”: discurso de Lawrence F. Whittemore para a
Assembleia Legislativa de New Hampshire, 25 de julho de 1951. “Sempre que se desejava”:
entrevista com Robert Bingham, documentos de Winant, FDRL. “reverenciavam e amavam”:
entrevista do autor com William Gardner. “adorava sgar”: Gunther, p. 57
24 “transfusão de sangue novo”: recorte sem data de jornal, documentos de Winant,
FDRL. “Winant caminha para”: transcrição do Boston Evening, 27 de setembro de 1934,
documentos de Winant, FDRL. “capturou o”: Charles Murphy, “A Boy Who Meddled in
Politics,” American, abril de 1933, documentos de Winant, FDRL. “O senhor, pessoalmente”:
carta não assinada para Winant, 12 de julho de 1934, documentos de Winant, FDRL. “trocaria
de bom grado”: recorte sem data, documentos de Winant, FDRL
25 “Não, não”: entrevista com Frances Perkins, documentos de Bellush, FDRL. “A maioria
dos americanos”: “The Manager Abroad,” Time, 1º de dezembro de 1947. “Desde a guerra”:
Jean Edward Smith, FDR (Nova York: Random House, 2007), p. 22. “os americanos
mergulhavam”: Kimball, “The Most Unsordid Act,” p. 1. “Do caldo infernal”: David
Reynolds, Rich Relations, p. 8
26 “homens entravam”: New York Times, 14 de fevereiro de 1937. “Ele não tinha noção”:
entrevista com Robert Bass, documentos de Bellush, FDRL
27 “Ele foi, sem a menor”: Larry DeWitt, “John G. Winant,” Estudo Especial #6, Social
Security Historian's Office, Social Security Administration, maio de 1999
28 “política rasteira”: Bellush, p. 131. “pelo menos um homem”: Allan B. MacMurphy
para Winant, 16 de outubro de 1936, documentos de Winant, FDRL. “Mais do que qualquer
outro”: William L. Shirer, Berlin Diary: The Journal of a Foreign Correspondent, 1939-1941
(Nova York: Alfred A. Knopf, 1941), p. 505
29 “Eles aguentarão”: New York Times, 7 de fevereiro de 1941. “que me transmitiu a
sensação”: Times (Londres), 24 de abril de 1946
30 “Não haveria outro nome”: News Chronicle, 7 de fevereiro de 1941, documentos de
Winant, FDRL. “Ele é um americano”: Manchester Guardian, 7 de fevereiro de 1941,
documentos de Winant, FDRL. “Há algo de cavaleiro”: “A Man of Strength and Straightness,”
Times (Londres), 8 de fevereiro de 1941, documentos de Winant, FDRL. “Muitas vezes no
passado”: “Mr. Winant Knows the Plain People,” Star, 7 de fevereiro de 1941, documentos de
Winant, FDRL
31 “aquela gura encorpada”: Winant, A Letter from Grosvenor Square, p. 26. “Mr
Winant”: Washington Post, 18 de março de 1941, documentos de Winant, FDRL
32 “lord da linguagem”: Sunday Times (Londres), 23 de março de 1941, documentos de
Winant, FDRL. “Cada palavra”: Ibid. “bem parecido”: “The Voice of New England,” Star, 19
de março de 1941, documentos de Winant, FDRL. “não era um orador”: “Lincoln Comes to
Town,” Daily Herald, 19 de março de 1941, documentos de Winant, FDR. “entrou em ação”:
John G. Winant, Our Greatest Harvest: Selected Speeches of John G. Winant, 1941-1946
(Londres: Hodder & Stoughton, 1950), p. 7
33 “linguagem de grandeza simples”: “Mr. Winant's Success,” Evening Standard, 19 de
março de 1941, documentos de Winant, FDRL. “O ENVIADO DOS EUA”: Daily Mirror, 19
de março de 1941, documentos de Winant, FDRL. “Quase todos com quem falei”: Star, 19
de março de 1941, documentos de Winant, FDRL. “foi um extraordinário triunfo”: Sunday
Times (Londres), 23 de março de 1941, documentos de Winant, FDRL
CAPÍTULO 2
34 “era a mais magní ca”: Reginald Colby, Mayfair: A Town Within London (Londres:
Country Life, 1966), p. 50. “Um embaixador da”: David McCullough, John Adams (Nova
York: Simon & Schuster, 2001), p. 337. “Eles nos detestam”: Ibid., p. 348. “da civilidade
estudada”: Henry Steele Commager, ed., Britain Through American Eyes (Nova York: McGraw-
Hill, 1974), p. 23. “Nunca tentarei fazer”: Ibid., p. 26
35 “Daqui a alguns anos”: Geoffrey Williamson, Star-Spangled Square: The Saga of “Little
America” in London (Londres: Geoffrey Bles, 1956), p. 47. “Essa gente”: Nathaniel Hawthorne,
The Complete Writings of Nathaniel Hawthorne, Vol. II (Boston: Houghton Mifflin, 1900), p. xx.
“A única maneira segura”: Commager, p. 432
36 “Ele não sabe dançar”: McCullough, p. 349. “pronunciadas tão lentamente”: Daily
Herald, 4 de março de 1941, documentos de Winant, FDRL. “EXCELENTE IMPRESSÃO”:
Washington Evening Star, 3 de março de 1941, documentos de Winant, FDRL. “Nos
primeiros”: News Chronicle, 4 de março de 1941, documentos de Winant, FDRL. “Deixando-
se de lado”: William Stoneman, “Excellent Impression Made by Winant in London,”
Washington Evening Star, 3 de março de 1941, documentos de Winant, FDRL
37 “tem mais in uência”: A. M. Sperber, Murrow: His Life and Times (Nova York:
Freundlich, 1986), p. 131
38 “Você é o melhor”: Nelson Poynter para Murrow, 21 de junho de 1940, documentos de
Murrow, Mount Holyoke. “Você é o homem no ar no 1”: Sperber, p. 188. “elemento
catalisador”: Robert E. Sherwood, Roosevelt and Hopkins: An Intimate History (Nova York:
Harper & Brothers, 1948), p. 236
39 “tratados como deuses de lata”: R. Franklin Smith, Edward R. Murrow: The War
Years (Kalamazoo: New Issues Press, 1978), p. 95. “É bom vê-lo”: Alexander Kendrick, Prime
Time: The Life of Edward R. Murrow (Boston: Little, Brown, 1969), p. 231. “Ainda tenho”:
Sperber, p. 122. “Ed pareceu-me”: Joseph Persico, Edward R. Murrow: An American Original
(Nova York: Dell, 1988), p. 138
40 “de uma forma ou de outra, a Inglaterra”: R. Franklin Smith, p. 101. “Ed tinha
grande”: Sperber, p. 189. “Ambos bastante reservados”: Ibid. “esperava que os
indivíduos”: R. Franklin Smith, p. 145. “Espero que a vida”: Murrow para Charles Siepmann,
6 de maio de 1940, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “Se a luz”: Murrow para William
Boutwell, 22 de julho de 1941, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “Ele se preocupava”:
Sperber, p. 172
41 “um jovem americano”: Persico, Edward R. Murrow, p. 123. “havia certa felicidade”:
Ben Robertson, I Saw England (Nova York: Alfred A. Knopf, 1941), p. 97
42 “a mais ricamente”: Sperber, p. 53. “Se o restante do mundo”: Ibid., p. 120
43 “Deixaram por demais”: Persico, Edward R. Murrow, p. 150. “Partindo-se do
pressuposto”: Lynne Olson, Troublesome Young Men: The Rebels Who Brought Churchill to
Power and Helped Save England (Nova York: Farrar, Straus & Giroux, 2007), p. 119.
“conspiração do silêncio”: Sperber, p. 131
44 “essas pessoas”: Persico, Edward R. Murrow, p. 150. “Elas tinham uma maneira
rápida”: Ibid., p. 119. “É uma bela casa”: diário de Janet Murrow, 13 de julho de 1941,
documentos de Murrow, Mount Holyoke 46 “um lugar agradável”: Asa Briggs, The History of
Broadcasting in the United Kingdom, Vol. 3, The War of Words (Oxford: Oxford University Press,
1970), p. 22. “triste e discreta”: Ibid. “Quero que meus programas”: R. Franklin Smith, p. 8
47 “no verdadeiro”: Ibid., p. 50. “Muito bem, irmãos”: Sperber, p. 138. “um dos mais
importantes neutros”: Tom Hickman, What Did You Do in the War, Auntie? (Londres: BBC
Books, 1995), p. 30
48 “A BBC”: Ibid., p. 205. “Estávamos difundindo”: Sperber, p. 181. “Todos nós
considerávamos”: R. Franklin Smith, p. 51
49 “Até onde posso ver”: Lynne Olson e Stanley Cloud, A Question of Honor: The
Kosciuszko Squadron: Forgotten Heroes of World War II (Nova York: Alfred A. Knopf, 2003), p. 93.
“Todo mundo a zanzar”: Ibid., p. 94. “Nós decidimos”: Janet Murrow para os pais, 13 de
maio de 1940, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “Simplesmente não é possível”:
Janet Murrow para os pais, 11 de junho de 1940, documentos de Murrow, Mount Holyoke.
“contagiante entusiasta”: “Quentin Reynolds Is Dead at 62,” New York Times, 18 de março de
1965
50 “Nunca antes”: Janet Murrow para os pais, 23 de junho de 1940, documentos de Murrow,
Mount Holyoke. “aves de rapina e chacais”: Harry Watt, Don't Look at the Camera (Londres:
Paul Elek, 1974), p. 134. “Aqui jazem”: Stanley Cloud e Lynne Olson, The Murrow Boys:
Pioneers on the Front Lines of Broadcast Journalism (Boston: Houghton Mifflin, 1996), p. 88
51 “Londres está queimando”: Sperber, p. 167. “em constante perigo de vida”: Charles
Ritchie, The Siren Years: A Canadian Diplomat Abroad, 1937-1945 (Toronto: Macmillan, 1974), p.
65. “Vocês não podem fazer isso comigo”: Notas de Eric Sevareid sobre a Blitz, documentos
de Sevareid, LC
52 “Como qualquer pessoa”: Robertson, p. 129. “dos mesmos luxo e brilho”: Ernie
Pyle, Ernie Pyle in England (Nova York: McBride, 1941), pp. 22-23
53 “mensageiro do inferno”: Sperber, p. 172. “muito chocado”: R. Franklin Smith, p.
38. “As palavras não têm”: radiodifusão de Murrow, 14 de setembro de 1940, National
Archives. “Fez tudo de”: R. Franklin Smith, p. 94. “palavra falada”: Ibid., p. 84
54 “que mais pareciam bonecas”: Sperber, p. 173. “o frio e sufocante fog”: radiodifusão
de Murrow, 2 de dezembro de 1940, National Archives. “Eles operam em”: Persico, Edward R.
Murrow, p. 174. “as pessoas comuns”: radiodifusão de Murrow, 18 de agosto de 1940, National
Archives. “heróis anônimos”: Ibid. “Você acha que somos”: Persico, Edward R. Murrow, p.
178. “Era isso que ele”: R. Franklin Smith, p. 100
55 “Vocês estão bem?”: Briggs, p. 295. “Tenho visto coisas”: Sperber, p. 169. “Todos
tinham os olhos vermelhos”: Robertson, p. 126. “Anda-se pelas ruas”: Quentin Reynolds,
A London Diary (Nova York: Random House, 1941), p. 65. “Nesta crise,”: Robertson, p. 131
56 “Chegar a Dublin foi”: Ibid., pp. 182-83. “matronas formais”: Eric Sevareid, Not So
Wild a Dream (Nova York: Atheneum, 1976), p. 176. “estranho americano”: Ibid. “mostraram
para o mundo”: Ibid., p. 166
57 “Eles são extremamente”: Philip Seib, Broadcasts from the Blitz: How Edward R. Murrow
Helped Lead America into War (Washington: Potomac Books, 2006), p. 65. “berrou”: Watt, p.
141. “Sou um repórter neutro”: Nicholas Cull, Selling War: The British Propaganda Campaign
Against American “Neutrality” in World War II (Nova York: Oxford University Press, 1995), p. 103
58 “uma crença”: Watt, p. 142. “A situação no Savoy”: Ibid.“bons meninos”: Cloud e
Olson, p. 58
59 “Ele não ngiu”: R. Franklin Smith, p. 117. “Não desejo usar”: Seib, p. 109. “salvo
no que dizia”: Ibid., p. 127. “mil anos de história”: Ibid., p. 108. “Ele queria”: R. Franklin
Smith, p. 109. “Talvez vocês possam”: radiodifusão de Murrow, 30 de setembro de 1940, NA.
“Murrow e seus colegas”: R. Franklin Smith, p. 107
60 “Todos os abrigos”: Janet Murrow para os pais, 22 de outubro de 1940, documentos de
Murrow, Mount Holyoke. “separavam a alma”: Angus Calder, The People's War: Britain, 1939-
1945 (Nova York: Pantheon, 1969), p. 173. “Parecia um”: Persico, Edward R. Murrow, p. 178.
“Por vezes ele parecia”: Ibid., p. 184. “Ele interioriza”: “This Is Murrow,” Time, 30 de
setembro de 1957. “as janelas”: R. Franklin Smith, p. 101
61 “Vocês não sofrerão”: Kendrick, p. 225
CAPÍTULO 3
63 “malfeitores de grande fortuna”: Christopher Ogden, Life of the Party: The Biography of
Pamela Digby Churchill Hayward Harriman (Boston: Little, Brown, 1994), p. 112. “não era
bom”: Rudy Abramson, Spanning the Century: The Life of W. Averell Harriman (Nova York:
William Morrow, 1992), p. 271. “Boa aparência”: Walter Isaacson e Evan Thomas, The Wise
Men: Six Friends and the World They Made (Nova York: Touchstone, 1986), p. 121
64 “Con dencialmente, Franklin”: Ibid., p. 188. “Estamos querendo”: transcrição do
discurso de Harriman, 14 de fevereiro de 1941, documentos de Harriman, LC. “e recomendar
tudo”: W. Averell Harriman e Elie Abel, Special Envoy to Churchill and Stalin, 1941-1946 (Nova
York: Random House, 1975), p. 19. “foi um pouco nebuloso”: memorando de Harriman, 18
de março de 1941, documentos de Harriman, LC
65 “tão logo”: Abramson, p. 277. “Senhor Presidente”: transcrição de entrevista coletiva de
Roosevelt, 18 de fevereiro de 1941, documentos de Harriman, LC. “uma interminável”:
Abramson, p. 65. “não se divertia”: Sally Bedell Smith, Re ected Glory: The Life of Pamela
Churchill Harriman (Nova York: Simon & Schuster, 1996), p. 79. “precisou de reforço”:
Abramson, p. 16
66 “Mergulhava de cabeça”: Isaacson e Thomas, p. 42. “tentava equiparar”: Abramson, p.
137
67 “Averell é um perseguidor”: E.J. Kahn, “Pro les: Plenipotentiary-1,” New Yorker, 3 de
maio de 1952. “Averell era visto”: Abramson, p. 127. “Em termos intelectuais”: Harriman e
Abel, p. 6
68 “Quem quer que diga”: Abramson, p. 273
69 “Existe um sentimento”: Harriman para Harry Hopkins, 6 de junho de 1940,
documentos de Harriman, LC. “ele gastou mais”: Henry H. Adams, Harry Hopkins: A
Biography (Nova York: Putnam's, 1977), p. 22
70 “Hopkins não se considerava”: Sherwood, p. 159. “Harry jamais teve”: Ibid., p. 29.
“uma língua”: Ibid., p. 80. “atacava de volta”: Adams, p. 52
72 “Ele cava feliz”: Sherwood, p. 6. “com toda a energia”: Adams, p. 152. “estava
sempre pronto”: “Ave and the Magic Mountain,” Time, 14 de novembro de 1955. “Suponho
que Churchill”: Sherwood, p. 232
73 “representante pessoal”: Ibid., p. 247. “aquele homem extraordinário”: Winston S.
Churchill, The Grand Alliance (Boston: Houghton Mifflin, 1950), pp. 20-21. “Churchill é o
governo”: Sherwood, p. 243
74 “A mim pareceu um”: Meacham, p. 84. “Suponho que os senhores”: Adams, p. 207.
“um homem completamente mudado”: Sherwood, p. 268. “Esta ilha precisa”: Ibid., p. 260
75 “Deixe-me carregar”: Adams, p. 199. “talvez tenha alguma coisa”: Abramson, p. 276.
“Aqui em Washington”: James MacGregor Burns, Roosevelt: The Soldier of Freedom (Nova
York: Harcourt Brace Jovanovich, 1970), p. 51. “tudo muito em ordem”: Reston, p. 98. “um
lugar agradável”: Ibid., p. 101. “um parque coberto de folhas e sonhador”: Sevareid, p.
193. “uma cidade”: David Brinkley, Washington Goes to War (Nova York: Alfred A. Knopf,
1988), p. xiv. “É difícil”: Sherwood, p. 161
76 “O programa de produção”: Vincent Sheean para Murrow, 26 de dezembro de 1940,
documentos de Murrow, Mount Holyoe 77 “repelir incursões”: D'Este, p. 259. “Estamos tão
carentes”: memorando de Harriman, 11 de março de 1941, documentos de Harriman, LC.
“Não podemos levar”: Ibid. “ cara perturbado”: James Leutze, ed., The London Journal of
General Raymond E. Lee, 1940-1941 (Boston: Little, Brown, 1971), p. 175
78 “Sem entendimento”: memorando de Harriman, 11 de março de 1941, documentos de
Harriman, LC. “como uma espécie”: Dimbleby e Reynolds, p. 145. “Saí achando”:
memorando de Harriman, 11 de março de 1941, documentos de Harriman , LC
79 “Ele tem pessoalmente”: Harriman para Marie Harriman, 30 de março de 1941,
documentos de Harriman, LC. “Nada lhe será”: Harriman e Abel, p. 22. “por pouco não se
tornou”: John Colville, Footprints in Time: Memories (Londres: Century, 1985), p. 154. “fez
quatro pertinentes”: Ibid.
80 “Logo no início”: Winant, A Letter from Grosvenor Square, p. 68. “Tínhamos uma
incomum”: Ibid., p. 67. “o total respeito e con ança”: Harriman para FDR, 10 de abril de
1941, documentos de Harriman, LC. “um dos piores do mundo”: entrevista com Theodore
Achilles, documentos de Bellush, FDRL
81 “Talvez você gostasse”: Murrow para Chet Williams, 15 de maio de 1941, documentos
de Janet Murrow, Mount Holyoke. “Cada um dos ministros”: Harriman e Abel, p. 23. “Sou
aceito como”: Harriman para o presidente da Union Paci c, 30 de maio de 1941, documentos
de Harriman, LC. “Tenho estado”: Harriman para Marie Harriman, 6 de maio de 1941,
documentos de Harriman, LC. “O nervosismo era muito”: Harriman para Herbert Feis, sem
data, documentos de Harriman, LC
82 “que mais parecia”: Robert Meiklejohn para Mr. Wooley, 21 de maio de 1941,
documentos de Harriman, LC. “aquele refúgio dourado”: Sally Bedell Smith, Re ected Glory,
p. 77. “a moderna Babilônia”: Robert Rhodes James, ed., Chips: The Diaries of Sir Henry
Channon (Londres: Phoenix, 1997), p. 272. “uma fortaleza”: Leutze, ed., p. 61. “Jamais vi”:
Ibid. “Jamais me senti”: Robertson, p. 137
83 “Minha correspondência”: Harriman para Marie Harriman, 30 de março de 1941,
documentos de Harriman, LC. “se assemelhavam”: Gilbert, Finest Hour, p. 972
84 “Até onde posso ver”: Ibid., p. 1040. “Como os ingleses”: Ritchie, p. 100
CAPÍTULO 4
85 “aquele aspecto horrível, cansado”: Philip Ziegler, London at War, 1939-1945 (Nova
York: Alfred A. Knopf, 1995), p. 177
86 “Estou realmente com medo”: Sperber, p. 192. “É o escritório”: diário de Janet
Murrow, 16 de abril de 1941, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “muitos de”: Ibid 87
“Agora que estou aqui”: entrevista com Theodore Achilles, documentos de Bellush, FDRL.
“se baseava em termos humanos”: Ibid.
88 “Não vejo razão”: Janet Murrow para a mãe, 18 de abril de 1941, documentos de
Murrow, Mount Holyoke. “Sua personalidade”: entrevista com Virginia Cowles, documentos
de Bellush, FDRL. “exempli cou para o povo inglês”: entrevista com Sir Arthur Salter,
documentos de Bellush, FDRL
89 “Ele ganha”: Harriman para FDR, 10 de abril de 1941, documentos de Harriman, LC.
“foi uma devastação”: Colville, The Fringes of Power, p. 373
90 “As notícias sobre sua”: Winant para FDR, 10 de abril de 1941, Winant/ arquivos do
Departamento de Estado, National Archives. “Ele passa em revista”: Harriman para FDR, 11
de abril de1941, documentos de Harriman, LC. “Desculpe eu não poder”: Walter Thompson,
Assignment: Churchill (Nova York: Farrar, Straus & Young, 1955), p. 216. “Eles enfrentaram”:
Harriman para FDR, 11 de abril de 1941, documentos de Harriman, LC
91 “que pareceu sublinhar”:Winant, A Letter from Grosvenor Square, p. 48. “Eles têm
muita fé”: Harriman para FDR, 11 de abril de 1941, documentos de Harriman, LC. “que todo
aquele pesar e dor”: Clementine Churchill para Harriman, 15 de abril de 1941, documentos de
Harriman, LC.
“O fedor”: Calder, p. 185
92 “É o espírito”: Harriman para o presidente da Union Paci c, 30 de maio de 1941,
documentos de Harriman, LC. “As mulheres são”: Harriman para Marie Harriman, 17 de abril
de 1941, documentos de Harriman, LC. “O que as mulheres”: Agar, p. 202
93 “magní co corpo”: Norman Longmate, The Home Front: An Anthology of Personal
Experience, 1938-1945 (Londres: Chatto & Windus, 1981), p. 75. “viver um pesadelo”:
Sherwood, p. 276
94 “Não há dúvida de que”: Leutze, ed., p. 243. “Você não vai mais encontrar”:
Vincent Sheean, Between the Thunder and the Sun (Nova York: Random House, 1943), p. 296
95 “está inquieto”: Harold Nicolson, The War Years, 1939-1945 (Nova York: Atheneum,
1967), p. 164. “A fadiga”: Winant, A Letter from Grosvenor Square, p. 39. “Tudo o que o
país”: Nicolson, p. 162. “Um grave dano incidiu”: Sherwood, p. 275
96 “um desastre”: Winston S. Churchill, The Grand Alliance, p. 190. “A evacuação
caminha”: Lash, Roosevelt and Churchill, p. 301. “desalento e perda de con ança”: Ibid., p.
312. “Sinto que”: Gilbert, Finest Hour, p. 1083
97 “Senhor Presidente”: Ibid., p. 1078. “Tudo isso vai ser”: Leutze, ed., p. 244
98 “A situação é”: Lash, Roosevelt and Churchill, p. 298. “Não podemos deixar”: Ibid., p.
304
99 “O Presidente está esperando”: William Bullitt para Harriman, 29 de abril de1941,
documentos de Harriman, LC. “Eu disse a Hopkins”: Lash, Roosevelt and Churchill, p. 321.
“Acho que”: Adams, p. 223. “Só sei que”: Ibid., p. 224. “Alertei-o de que”: Doris Kearns
Goodwin, No Ordinary Time: Franklin and Eleanor Roosevelt: The Home Front in World War II
(Nova York: Simon & Schuster, 1994), p. 24
100 “Que parcela”: Jean Edward Smith, p. 492. “A realidade é que”: História Oral —
Frances Perkins, Columbia University. “O povo como um todo”: Sperber, p. 131. “Por que
você não”: discurso de Belle Roosevelt no Hobart and Smith College, junho de 1945,
documentos de Winant, FDRL
101 “A opinião mundial”: Lash, Roosevelt and Churchill, p. 329. “como tinha de
combater”: Ibid., p. 342. “chocante ver”: Leutze, ed., p. 287. “Existe pensamento
idealista”: Ibid., p. 275
102 “É impossível”: Harriman para William Bullitt, 21 de maio de 1941, documentos de
Harriman, LC. “empregar navios de guerra”: Harriman para Marie Harriman, 6 de maio de
1941, documentos de Harriman, LC. “A força da Inglaterra está”: Harriman para FDR, 10 de
abril de 1941, documentos de Harriman, LC. “muito encorajado”: Gilbert, Finest Hour, p.
1036. “dois homens”: Colville, Footprints in Time, p. 152
103 “O que a América requer”: Ibid.
105 “Como americano”: Winant, A Letter from Grosvenor Square, p. 40.
“Estávamos todos dormindo”: “Winant Indicates He Backs Convoys,” New York Times, 15 de
maio de 1941, documentos de Winant, FDRL. “Nós tornamos”: Ibid.
CAPÍTULO 5
107 “simplesmente cara”: Mary Soames, Clementine Churchill: The Biography of a
Marriage (Boston: Houghton Mifflin, 2002), p. 343
108 “era menos agendada”: Thompson, p. 127. “adorava uma plateia”: Roy Jenkins,
Churchill: A Biography (Nova York: Farrar, Straus & Giroux, 2001), p. 639. “tanto pelo”:
Colville, Footprints in Time, p. 153
109 “Gostaria de agradecer”: Mary Churchill para Harriman, 13 de maio de 1941,
documentos de Harriman, LC
110 “a maravilhosa vida”: memorando de Harriman, 5-9 de maio de 1943, documentos de
Harriman, LC. “o americano mais poderoso”: Sally Bedell Smith, Re ected Glory, p. 86. “era
um caipira da América”: entrevista de Pamela Harriman com Christopher Ogden, documentos
de Pamela Harriman, LC. “maravilhosamente vistoso”: Abramson, p. 312
111 “aprisionada em Dorset”: entrevista de Pamela Harriman com Christopher Ogden,
documentos de Pamela Harriman, LC. “tão fria e calculista”: Sally Bedell Smith, Re ected
Glory, p. 76. “podia ser bastante”: Mary Soames, “Father Always Came First, Second and
Third,” Finest Hour, outono de 2002. “Uma das mais condenáveis”: Colville, The Fringes of
Power, p. 177
112 “Um difundido galanteio”: Ziegler, p. 169. “As barreiras normais”: Sally Bedell
Smith, In All His Glory: The Life of William S. Paley (Nova York: Simon & Schuster, 1990), p.
217. “Foi a libertação”: Olson e Cloud, p. 178. “Londres foi oJardim”: Mary Welsh
Hemingway, How It Was (Nova York: Ballantine, 1976), p. 105
113 “Aqui estou eu”: entrevista de Pamela Harriman com Christopher Ogden, documentos
de Pamela Harriman, LC. “Na noite passada”:Harriman para Marie Harriman, 17 de abril de
1941, documentos de Harriman LC.
“interceptou olhares”: Sally Bedell Smith, Re ected Glory, p. 87
114 “micróbio”: Soames, p. 351. “Alguns julgavam que”: Drew Middleton, Where Has
Last July Gone? (Nova York: Quadrangle, 1973), p. 68. “tinha particular prazer”: Ogden, p.
154. “Ela transmitia tudo”: Ibid., p. 123
115 “Era muito valioso”: entrevista de Pamela Harriman com Christopher Ogden,
documentos de Pamela Harriman, LC. “divertiu-se muito”: Ibid., p. 127. “temendo
histórias”: Arthur M. Schlesinger Jr., Journals, 1952-2000 (Nova York: Penguin, 2007), p. 343.
“poderia ter dado”: entrevista de Pamela Harriman com Christopher Ogden, documentos de
Pamela Harriman, LC. “Não fazemos”: Sarah Churchill, A Thread inthe Tapestry (Londres:
Deutsch, 1967), p. 29
116 “Sabe,”: entrevista de Pamela Harriman com Christopher Ogden, documentos de Pamela
Harriman, LC. “se sentissem”: entrevista com Felix Frankfurter, documentos de Bellush FDRL.
“Um homem de charme”: Mary Soames, Clementine Churchill: The Biography of a Marriage
(Boston: Houghton Mifflin, 2002), p. 390. “idealista gentil”: Colville, The Fringes of Power, p.
773. “Quando Winant entra”: “A New Kind of Envoy to a New Kind of Britain,” New York
Times, 16 de fevereiro de 1941. “Há algo de (.)”: Ethel M. Johnson, “The Mr. Winant I Knew,”
South Atlantic Quarterly, janeiro de 1949, correspondência de Eleanor Roosevelt, FDRL. “ cou
enfeitiçada”: James, ed., p. 297. “um dos homens mais”: Nicolson, p. 186. “o excelente”:
Ibid, p. 198
117 “Outros homens”: Lord Moran, Churchill at War, 1940-45 (Nova York: Carroll & Graf,
2002), p. 151. “Lá estava Winant”: Ibid., p. 152. “uma dessas grandes”: Danchev e Todman,
eds., p. 474. “Winant me refortalece”: entrevista com Theodore Achillesw, documentos de
Winant, FDRL. “O PM”: Moran, p. 152. “gostava dos espertalhões”: Jenkins, p. 188. “mais um
rico homem”: Ogden, p. 119
118 “entendia intuitivamente”: Soames, p. 390. “mais charmosa e divertida”:
Meacham, p. 94. “charmosa, animada”: Janet Murrow para os pais, 7 de dezembro de 1940,
documentos de Murrow, Mount Holyoke. “muito atraente”: Eleanor Roosevelt, This I
Remember (Nova York: Harper, 1949), p. 267. “Sente-se que”: Ibid. “quando casou”: Sally
Bedell Smith, Re ected Glory, p. 67. “egoísta completo”: John Pearson, The Private Lives of
Winston Churchill (Nova York: Touchstone, 1991), p. 216. “De coração”: entrevista de Pamela
Harriman com Christopher Ogden, documentos de Pamela Harriman, LC
119 “Fico facilmente”: Soames, p. 103. “por não desligarem”: Mary Soames, “Father
Always Came First, Second and Third,” Finest Hour, outono de 2002. “ele jamais fez”: Soames,
p. 266. “Um m de semana aqui”: Kathleen Harriman para Mary Fisk, sem data, documentos
de Harriman, LC
120 “ao car em plano secundário”: Kathleen Harriman para Mary Fisk, junho de 1941,
documentos de Harriman, LC. “Isso soa”: Clementine Churchill para Winant, 2 de abril de
1941, documentos de Winant, FDRL
121 “Não deixe que”: Soames, p. 96. “Ela caiu sobre ele”: Ibid., p. 261
122 “uma das pessoas mais solitárias”: entrevista de Dean Dexter com Abbie Rollins
Caverly. “Como crianças”: Soames, p. 268
123 “Em primeiro lugar”: Pearson, p. 126. “que todo o meu tempo”: Soames, p. 266.
“um misto de ternura”: Ibid., p. 267. “uma gura autoritária”: Sarah Churchill, Keep on
Dancing (New York: Coward, McCann & Geoghegan, 1981), p. 67
124 “Apesar de os lhos”: Soames, p. 267. “Todos aqueles egos”: Pearson, p. 221.
“escapar daquelas”: Ibid., p. 233. “Se eu realmente”: Sarah Churchill, A Thread in the
Tapestry, pp. 31-32
125 “Saí daquele teatro”: Ibid., p. 51. “teve bom desempenho”: Colville, The Fringes of
Power, pp. 200-201. “comum como a sujeira”: Pearson, p. 265. “dirigiu-se a mim”: Sarah
Churchill, Keep on Dancing, p. 67
126 “uma criatura mágica”: Edwina Sandys, “A Tribute to Sarah Churchill,” Daily Mail, 25
de setembro de 1982. “Mais do que qualquer outra”: Lynda Lee Potter, Daily Mail, 25 de
setembro de 1982. “Sarah é uma pessoa”: Kathleen Harriman para Mary Fisk, 7 de julho de
1941, documentos de Harriman, LC. “cortina de ferro”: Danchev e Todman, eds., p. 474
CAPÍTULO 6
127 “Isso é pior do que”: “Winant Returns; Silent on Mission,” New York Times, 31 de
maio de 1941. “Não há dúvida,”: Anne O'Hare McCormick, “The Usual Intermission for Peace
Feelers,” New York Times, 7 de junho de 1941, documentos de Winant, FDRL. “alta autoridade
de Washington”: Daily Mail, 2 de junho de 1941, documentos de Winant, FDRL. “quase uma
muralha chinesa”: memorando de Harriman para FDR, 10 de abril de 1941, documentos de
Harriman, LC
128 “Estamos anunciando”: Burns, p. 119. “Estamos iludindo”: William Whitney para
Harriman, 25 de agosto de 1941, documentos de Harrimans, LC
129 “A entrega dos suprimentos”: Adams, p. 226. “quase como um chamamento”:
Lash, Roosevelt and Churchill, p. 326. “tomado como um compromisso”: Sherwood, p. 298.
“paralisado entre”: Dean Acheson, Present at the Creation: My Years in the State Department
(Nova York: W. W. Norton, 1969), p. 3. “com todos os nervos”: Leutze, ed., p. 388. “Winant
pediu-me”: Nina Davis Howland, “Ambassador John Gilbert Winant: Friend of Embattled
Britain, 1941-1946,” tese de doutorado, University of Maryland, 1983, p. 108. “Não podemos
esperar”: Daily Telegraph, 19 de junho de 1941, documentos de Winant, FDRL
130 “Se Munique”: Longmate, The G.I.'s, p. 12. “mandato excelente”: Harriman e Abel, p.
19. “Laddie não era”: Nelson W. Aldrich Jr., Tommy Hitchcock: An American Hero (Nova York:
Fleet Street, 1984), p. 208. “estamos trabalhando”: Harriman para FDR, 7 de maio de 1941,
documentos de Harriman, LC
131 “interferir em todos”: Leutze, ed., p. 359. “Mr. Harriman goza”: Harriman e Abel,
p. 63. “Não creio que”: Kathleen Harriman para Mary Fisk, junho de 1941, documentos de
Harriman, LC
132 “Fiz grande”: Ogden, p. 130. “Achei-o absolutamente”: Pearson, p. 303. “Ele
de nitivamente”: Ogden, p. 131. “um senso de tranquilidade”: Harriman para Churchill, 1º
de julho de 1941, documentos de Harriman LC. “'Mr. Harrimané muito persistente”: Howard
Bird para Harriman, 1º de julho de 1941, documentos de Harriman, LC
133 “os inimigos mortais”: Olson e Cloud, p. 218
134 “provavelmente jamais”: Thompson, p. 224. “Ele estava rmemente”: Lash,
Roosevelt and Churchill, p. 391. “manter esses dois”: Sherwood, p. 236. “Finalmente nos”:
Goodwin, p. 265. “Ele gosta de mim”: Lash, Roosevelt and Churchill, p. 391. “Papa esquecera
completamente”: Meacham, p. 109
135 “dominando qualquer”: Elliott Roosevelt, As He Saw It (Nova York: Duell, Sloan &
Pearce, 1946), p. 28. “uma intimidade fácil”: Sherwood, p. 363. “tomassem conta dele”:
Thompson, p. 238. “tinha quebrado o gelo”: Eleanor Roosevelt, p. 226. “Senti uma
afeição”: Meacham, p. 108. “Eu preferiria”: Jean Edward Smith, p. 502. “O senhor tem de”:
Elliott Roosevelt, p. 29
136 “que buscaria um”: Lash, Roosevelt and Churchill, p. 402. “O presidente”: Gilbert,
Finest Hour, p. 1177. “A inundação é imensa”: Leutze, ed., p. 383. “Não sei o que”:
Sherwood, p. 373
138 “dar, dar e dar”: Isaacson e Thomas, p. 212. “suspeita que pudesse”: Harriman e
Abel, p. 92
139 “Ninguém pode negar”: Lord Ismay, The Memoirs of Lord Ismay (Nova York: Viking,
1960), p. 231
CAPÍTULO 7
140 “morrera para que a Inglaterra”: “All Britain Honors Independence Day,” New York
Times, 5 de julho de1941, documentos de Winant papers, FDRL. “protótipo do moço
dourado”: Alex Kershaw, The Few: The American “Knights of the Air” Who Risked Everything to
Fight in the Battle of Britain (Nova York: Da Capo, 2006), p. 60. “quero entrar nela”: Ibid., p. 58
141 “Eram arrogantes”: Cap John R. McCrary e Cap. David Scherman, First of the Many: A
Journal of Action with the Men of the Eighth Air Force (Londres: Robson, 1944), p. 210.
“Inacreditável quão”: Kershaw, p. 66. “Ele não tinha”: New York Times, 5 de julho de 1941,
documentos de Winant, FDRL
142 “Nossos lares”: Mrs Anthony Billingham, America's First Two Years: The Story of
American Volunteers in Britain, 1939-1941 (Londres: John Murray, 1942), pp. 59-60. “poderia
resultar”: Kershaw, p. 55
143 “Os alemães”: “Americans 'Capture' Headquarters of a British Brigade in War Games,”
New York Times, 22 de julho de1940. “porem em risco”: Watt, p. 157
144 “encontrarem louras lindas”: James Saxon Childers, War Eagles: The Story of the Eagle
Squadron (Nova York: D. Appleton-Century, 1943), p. 17. “Achei que aquela”: Kershaw, p. 62.
“Numa avassaladora raiva”: James A. Goodson, Tumult in the Clouds (Nova York: St. Martin's,
1993), p. 25
145 “americanos típicos”: Kershaw, p. 83. “a guerra não poderia”: Philip D. Caine,
Eagles of the RAF (Washington: National Defense University Press, 1991), p. 30
146 “Esse pessoal”: Kershaw, pp. 160-61. “Eles estão sempre nos dizendo”: Caine, p.
105. “Parecia que nunca”: Ibid., p. 217. “Mais uma vez (...)”: Kershaw, p. 214. “bando
maluco de caubóis”: Ibid.,p. 205
147 “Suas aventuras”: Caine, p. 148. “Olhem aqui, esses caras”: Kershaw, p. 216. “Ele
foi, sem a menor”: Caine, p 218. “Lutar lado a lado”: Kershaw, p. 62. “O que ele está
fazendo?”: Caine, p. 105
148 “Eles foram sabotadores”: Kershaw, p. 204
149 “polidamente mandou”: Watt, p. 155. “quatro semanas”: Ibid. “Longe de”: Bosley
Crowther, “Eagle Squadron,” New York Times, 3 de julho de 1942. “Sabe você”: Childers, p. 15
150 “um o cial com uniforme”: “Winant Lauds R.A.F. at Eagle Luncheon,” New York
Times, 20 de novembro de 1941
151 “motoristas de caminhões”: Robertson, p. 71. “sorriram e pilheriaram”: Ibid., p.
72
152 “meu contato com a vida”:Winant para Dr. Brister, 1º de julho de 1943, documentos
de Winant, FDRL. “o grupo mais nobre”: Winant para
destinatário desconhecido, 1º de novembro de 1946, documentos de Winant, FDRL
CAPÍTULO 8
153 “Deixar este país”: Murrow para Winant, 10 de novembro de 1941, documentos de
Winant, FDRL. “Estou convencido”: Murrow para Chet Williams, 15 de maio de 1941,
documentos de Murrow, Mount Holyoke. “mimar os nipônicos”: Adams, p. 255
154 “não zera praticamente”: Danchev e Todman, eds., p. 205
155 “Naquela crise pendente”: Burns, p. 148. “Nada é mais perigoso”: Lash, Roosevelt
and Churchill, p. 427. “Se em algum tempo”: Murrow para Winant, 10 de novembro de 1941,
documentos de Winant, FDRL. “Por onde ando”: Sperber, p. 188
156 “Edward R. Murrow”: Paley, p. 143. “período de grande barulheira”: Gunther, p.
300. “Ele caminhava”: Persico, Edward R. Murrow, p. 196. “empregava grande parte”:
Murrow para Harold Laski, 6 de dezembro de 1941, documentos de Murrow, Mount Holyoke
157 “É difícil explicar”: R. Franklin Smith, p. 81. “Quase todos os americanos”: Paley, p.
143. “estupefato com tudo aquilo”: Sperber, p. 204. “ao longo das margens”: Kendrick, p.
238. “Você incendiou”: Cloud e Olson, p. 143. “Os senhores (...) que hoje se reúnem”:
telegrama de FDR para William Paley, 2 de dezembro de 1941, Arquivos Pessoais do Presidente,
FDRL
158 “Isto signi ca guerra”: Adams, p. 257. “Você acha que”: Winant, A Letter from
Grosvenor Square, p. 197
159 “Os japoneses zeram”: Harriman e Abel, p. 113. “Vamos declarar guerra”:Winant,
A Letter from Grosvenor Square, p. 199. “Senhor Presidente”:Winston S. Churchill, The Grand
Alliance, p. 538. “exaltação”: David Reynolds, In Command of History, p. 264. “chegaram a
ensaiar”: Howland, p. 149. “Eles não se lamuriaram”:Winston S. Churchill, The Grand
Alliance, p. 538
160 “Ainda temos”: Seib, p. 156. “Ele estava noutro”: História Oral — Frances Perkins,
Columbia University. “Vocês não são capazes”: Gunther, p. 324
161 “Destruídos no solo”: Burns, p. 165. “a ideia parecia”: Sperber, p. 207. “O que você
pensou”: Cloud e Olson, p. 145
CAPÍTULO 9
162 “Parecia uma criança”: Moran, p. 10. “O Winston com quem eu convivia”: Ibid.,
p. 8
163 “uma das mais belas vistas”: Sir John Martin, Downing Street: The War Years (Londres:
Bloomsbury, 1991), p. 69. “com sua miríade”: Gerald Pawle, The War and Colonel Warden
(Nova York: Alfred A. Knopf, 1963), p. 138. “Aqui estamos”: Goodwin, p. 305. “calma
majestosa”: Martin Gilbert, Winston S. Churchill, Vol. 7, Road to Victory 1941-1945 (Boston:
Houghton Mifflin, 1986), p. 43. “um par de”: Meacham, p. 5. “Estar com eles”: Ibid. “se
mostrou sempre pleno”: Ibid., p. 157
164 “Pode-se quase sentir”: Moran, p. 21. “julgando-se um Sir Walter Raleigh”:
Winston S. Churchill, The Grand Alliance, p. 558. “jogou fora ”: Sherwood, p. 437. “a mais
completa”: Dimbleby e Reynolds, p. 152
165 “Os Estados Unidos”: David Reynolds, The Creation of the Anglo-American Alliance, p.
11. “Nunca vi”: Mark Perry, Partners in Command: George Marshall and Dwight Eisenhower in
War and Peace (Nova York: Penguin, 2007), p. 54. “ caram apinhados”: Brinkley, p. 91
166 “Jamais tinha visto”: Alex Danchev, “Very Special Relationship: Field Marshal Sir John
Dill and General George Marshall,” ensaio da Marshall Foundation, 1984. “Não posso
entender”: Danchev e Todman, eds., p. 216
167 “Como é típico”: Sir Frederick Morgan, Overture to Overlord (Garden City,
N.Y.:Doubleday, 1950), p. 25. “Poder-se-ia até”: Danchev e Todman, eds., p. 275. “Vínhamos
sofrendo”: Sir Frederick Morgan, p. 26
168 “Para Marshall”: Stanley Weintraub, 15 Stars: Eisenhower, MacArthur, Marshall: Three
Generals Who Saved the American Century (Nova York: Free Press, 2007), p. 33. “demasiado”:
Perry, p. 50. “Nem mesmo o Presidente”: D'Este, p. 259
169 “um grande homem”: Danchev e Todman, eds., p. 247. “Foi quase consenso”:
Arthur Bryant, The Turn of the Tide (Garden City, Nova York: Doubleday, 1957), p. 6. “Percebi
que”: Danchev e Todman, eds., p. 249
170 “Demasiadamente convencido”: Ibid., p. 246. “Em muitos aspectos”: Ibid., p. 249.
“apesar de ser”: Sherwood, p. 523. “Durante toda a”: Calder, p. 265. “Parecemos perder”:
Gilbert, Road to Victory, p. 68. “o maior desastre”: Sherwood, p. 501
171 “Derrota é uma coisa”: Winston S. Churchill, The Hinge of Fate (Boston: Houghton
Mifflin, 1950), p. 383. “Ouve-se (.) gente”: Mollie Panter-Downes, London War Notes, 1939-
1945 (Nova York: Farrar, Straus & Giroux, 1971), p. 205. “Durante todo o meu tempo”:
Thompson, p. 263
172 “muito baixo-astral”: Soames, p. 415. “o massacre”: Sherwood, p. 498. “Terrível”:
Moran, p. 38. “Simplesmente não podemos”: Nicolson, p. 196
173 “malicioso prazer”: Juliet Gardiner, “Overpaid, Oversexed, and Over Here”: The
American GI in World War II Britain (Nova York: Canopy, 1992), p. 32. “os americanos
deveriam”: Ibid., p. 33. “causou uma”: Ritchie, pp. 127-28. “Falando em termos gerais”:
David Reynolds, Rich Relations, p. 38. “As sementes da discórdia”: Rick Atkinson, An Army at
Dawn: The War in North Africa, 1942-1943 (Nova York: Henry Holt, 2002), p. 478.
“Provavelmente, nem um só”: Longmate, The G.I.'s, p. 2
174 “Recebi tantos”: David Reynolds, Rich Relations, p. 36. “mistura de escravos”:
Longmate, The G.I.'s, p. 27. “Você é do”: Robert S. Arbib, Here We Are Together: The Notebook of
an American Soldier in Britain (Londres: Right Book Club, 1947), p. 79“Espero que vocês
ajudem”: Times (Londres), 22 de julho de 1941, documentos de Winant, FDRL. “queria que o
povo inglês”: Wallace Carroll, Persuade or Perish (Boston: Houghton Mifflin, 1948), p. 134
175 “Concentramo-nos no emprego”: Ibid., p. 135. “os jornais ingleses”: New York
Times, 21 de abril de 1943. “Eu gostaria de passar”: Janet Murrow para os pais, 28 de fevereiro
de 1943, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “um surpreendente novo”: Joseph P. Lash,
From the Diaries of Felix Frankfurter (Nova York: W. W. Norton, 1975), p. 159
176 “um povo opressor”: Ibid., p. 147. “o conhecimento factual”: David Reynolds, Rich
Relations, p. 34. “intenso”: Nicolson, p. 226. “Em termos pessoais”: Murrow para Harry
Hopkins, sem data, documentos de Hopkins, FDRL
177 “Nos conheceremos melhor”: R. Franklin Smith, p. 60. “curso intensivo”: Sperber,
p. 190. “Mais tarde”: Ibid. “a vigorosa crítica”: Ibid. “Franqueza e honestidade”: R.
Franklin Smith, p. 60
CAPÍTULO 10
178 “An Englishman”: David Reynolds, Rich Relations, p. 114. “um ar de quase
frenética”: Kay Summersby Morgan, Past Forgetting: My Love A air with Dwight D. Eisenhower
(Nova York: Simon & Schuster, 1975), p. 45
179 “a visão de”: New York Times Magazine, 1º de novembro de 1942. “Quinta Avenida
em miniatura”: Mrs Robert Henrey, The Incredible City (Londres: J. M. Dent & Sons, 1944), p.
39. “clube de milionários”: Daily Telegraph, 6 de julho de 1942, documentos de Winant,
FDRL. “Não houve alfaiate”: Henrey, The Incredible City, p. 40
180 “Senhores,”: David Reynolds, Rich Relations, p. 95. “É inquestionável”: D'Este, p. 37.
“O que mais ele temia”: Ibid., p. 91. “Faz-me sentir”: Kay Summersby Morgan, p. 44
181 “A despeito de ser”: Ibid., p. 36. “Creio que minha pressão”: Ibid. “A nal de
contas”: Harry Butcher, My Three Years with Eisenhower (Nova York: Simon & Schuster, 1946),
p. 6. “Desde o início”: Ismay, p. 258. “experimentava di culdade”: Butcher, p. 6
182 “pessoalmente”: Ibid., p. 36. “outro dos”: entrevista com Dwight D. Eisenhower,
documentos de Bellush, FDRL. “era então um grande”: New York Herald Tribune, 14 de julho
de 1942, documentos de Winant, FDRL
183 “exercia um misterioso”: Wallace Carroll, carta para o Washington Post, sem data,
documentos de Winant, FDRL. “Todos com quem”: New York Herald Tribune, 14 de julho de
1942, documentos de Winant, FDRL
184 “Muitos de nós”: Acheson, p. 38. “para averiguar se”: New York Herald Tribune, 14 de
julho de 1942, documentos de Winant, FDRL. “Averell enfraqueceu”: Abramson, p. 303
185 “mariposa”: William Standley, Admiral Ambassador to Russia (Chicago: Regnery, 1955),
p. 213. “Vez por outra”: Abramson, p. 340. “Creio que eu poderia”: entrevista de Harriman
com Elie Abel, documentos de Harriman, LC. “Ele não é bom escritor”: Kathleen Harriman
para Mary Fisk, 21 de novembro de 1941, documentos de Harriman, LC
186 “Winant estava muito incomodado”: entrevista de Harriman com Elie Abel,
documentos de Harriman, LC. “Roosevelt sempre tomava”: Gunther, p. 51. “se
encontrassem uma vez”: Howland, p. 272
187 “calamidade política”: Reston, p. 112. “há muito pouca”: entrevista com Eileen
Mason, documentos de Bellush, FDRL. “Você está realizando”: FDR para Winant, 31 de
outubro de 1942, Arquivo da Secretaria do Presidente, FDRL. “Dei a Harriman”: Leutze, ed.,
p. 353
188 “ser cuidadoso”: Abramson, p. 304. “Eu conhecia”: Eleanor Roosevelt, p. 263.
“sentimento de inadequação”: Ibid. “um país que derramara”: Ibid., p. 190
189 “dava pouca atenção”: Ibid., p. 266. “Ele considerava”: entrevista com Jacob Beam,
documentos de Bellush, FDRL. “Ele carregava nos ombros”: entrevista com Theodore
Achilles, documentos de Bellush, FDRL. “Se você arriar”: David Gray para Winant, 24 de
novembro de 1942, Winant/documentos do Departamento de Estado, National Archives. “muito
dedicado”: Anthony Eden, The Reckoning (Boston: Houghton Mifflin, 1965), p. 295. “um dos
melhores que”:Winant, A Letter from Grosvenor Square, p. 64
190 “Falta-me ousadia”: Olson, Troublesome Young Men, p. 99. “Nunca conheci
ninguém”: Winant, A Letter from Grosvenor Square, p. 67
191 “Neste exato momento”: Sarah Churchill, Keep on Dancing, p. 111. “caso de amor”:
Ibid., p. 159
CAPÍTULO 11
192 “Ele possuía inusitado”: entrevista com T.T. Scott, documentos de Bellush, FDRL
193 “Os três pareceram se entender”: Arthur Jenkins, “John Winant: An Englishman's
Estimate,” Christian Science Monitor, 9 de setembro de 1944, documentos de Winant, FDRL.
“Caso se estivesse”: Carroll, p. 134. “era tão essencial”: Juliet Gardiner, Wartime Britain, 1939-
1945 (Londres: Headline, 2004), p. 430. “mais pareciam o trabalho”: Calder, p. 443
194 “Tudo, com exceção”: Jose Harris, “Great Britain: The People's War?,” em David
Reynolds, Warren F. Kimball e A. O. Chubarian, eds., Allies at War: The Soviet, American and
British Experience, 1939-1945 (Nova York: St. Martin's, 1994), p. 238. “tornou-se tão
apertado”: Calder, pp. 323-24
195 “odiar, com o senso”: Sevareid, p. 480. “o que iriam comer”: Ziegler, p. 262. “Essas
Ilhas Britânicas”: Eleanor Roosevelt, p. 274. “Quais são os objetivos”: Kendrick, p. 222.
“Tem de haver”: Sperber, p. 184
196 “Nós conversávamos”: Sevareid, pp. 173-74. “Para Winston”: Moran, p. 139. “velho
e benevolente”: Paul Addison, “Churchill and Social Reform,” em Robert Blake e William
Roger Louis, eds., Churchill (Nova York: W. W. Norton, 1993), p. 77. “Ele nunca andou de
ônibus”: Moran, p. 301
197 “Em Mr. Churchill”: Olson, Troublesome Young Men, p. 264. “Essa é a vossa vitória”:
Olson e Cloud, p. 392. “para comprar o pesado”: Panter-Downes, p. 253
198 “um parlapatão”: Paul Addison, “Churchill and Social Reform,” em Blake e Louis, eds.,
p. 72. “Quando a guerra”: New York Times, 7 de fevereiro de 1941. “sem as mazelas”: Shirer,
p. 505. “Existe uma profunda”: Winant, Our Greatest Harvest, p. 22. “a se concentrarem”:
The Star, 3 de fevereiro de 1941
199 “requer não apenas”: Bellush, p. 183. “Vocês, que sofreram”: Winant, Our Greatest
Harvest, p. 56
200 “Achamos, Sir”: Daily Express, 8 de junho de 1942. “Winant fala”: Ibid. “uma nova e
maior”: Daily Herald, 8 de junho de 1942, documentos de Winant, FDRL. “um dos maiores”:
Manchester Guardian, 8 de junho de, 1942, documentos de Winant, FDRL
CAPÍTULO 12
202 “o mais negro”: Sherwood, p. 648
203 “Apenas com grande esforço”: Mark Stoler, “The United States: the Global Strategy,”
em David Reynolds e outros., eds., Allies at War, p. 67. “Juro lutar”: Antony Beevor e Artemis
Cooper, Paris After the Liberation, 1944-1949 (Nova York: Doubleday, 1994), p. 13
204 “não importa quão”: Sherwood, p. 629. “Considero-me”: Atkinson, p. 27. “onde
nenhuma”: Dwight D. Eisenhower, Crusade in Europe (Garden City, N.Y.: Doubleday, 1948), p.
72. “pessoal altamente treinado”: Ismay, p. 120. “Ainda vivíamos”: Dwight D. Eisenhower,
p. 77
205 “missão bizarra”: Burns, p. 285. “fui saturado”: Dwight D. Eisenhower, p.89
206 “maravilhoso charme”: Bryant, The Turn of the Tide, p. 431. “tinha apenas a mais
vaga”: Ibid. “totalmente sincero”: Atkinson, p. 59. “um entendimento comparável”: Perry,
p. 191. “Essa foi a fórmula”: Carroll, p. 12. “pertencessem a uma só”: Dwight D.
Eisenhower, p. 76
207“não entendeu”: Sir Frederick Morgan, p. 17. “atitude de um”: Dwight D.
Eisenhower, p. 76. “supostamente a considerando”:Ibid., p. 90. “Os ingleses não eram”:
Butcher, p. 239. “Está bastante claro”: David Irving, The War Between the Generals: Inside the
Allied High Command (Nova York: Congdon & Lattes, 1981), p. 55.“invadir um país neutro”:
Dwight D. Eisenhower, p. 88. “um pacote de três estrelas”: Kay Summersby Morgan, p. 47
208 “Ele envelheceu”: Perry, p. 125. “os homens vagavam”: Atkinson, p. 144. “Só
podemos nos”: Joseph Persico, Roosevelt's Secret War: FDR and World War II Espionage (Nova
York: Random House, 2001), p. 210
209 “com bandas de música”: Atkinson, p. 141. “tanto os o ciais quanto”: Ibid., p. 144.
“Até onde eu podia divisar”: Ibid. “não causou efeito algum”: Dwight D. Eisenhower, p.
104. “nem remotamente”: Sherwood, p. 652
210 “Para as duas nações”: Merle Miller, Ike the Soldier: As They Knew Him (Nova York:
Putnam's, 1987), p. 426. “a América fez”: Carroll, pp. 50-51. “um exército imaturo”:
Atkinson, p. 159. “não chegamos aqui”: Ibid., p. 198
211 “Perpetuamos e apoiamos”: Cloud e Olson, p. 161. “Não podemos fazer vista
grossa”: François Kersaudy, Churchill and DeGaulle (Nova York: Atheneum, 1982), p. 224.
“estão convencidos”: Panter-Downes, p. 252. “lua de mel acabou”: Carroll, p. 53. “Por mais
que o odeie”: Dwight D. Eisenhower, p. 105
212 “Desde 1776”: Winston Churchill, The Hinge of Fate, p. 638. “coisa que a ige”: Burns,
p. 297. “um expediente temporário”: Sherwood, p. 653. “Que diachos signi ca”: Milton S.
Eisenhower, The President Is Calling (Garden City, Nova York: Doubleday, 1974), p. 137
213 “não há nada na posição”: Kendrick, p. 254. “Trata-se de uma matéria”: Ibid.
“Ele, em momento algum”: Sperber, p. 223. “Você está pondo em risco”: Paul White para
Murrow, 27 de janeiro de 1943, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “de nitivamente
perigosas”: telegrama para Murrow, 16 de novembro de 1942, documentos de Murrow, Mount
Holyoke. “Acredito que todos”: Murrow para destinatário não identi cado, 18 de novembro de
1942, documentos de Murrow, Mount Holyoke 214 “Os acontecimentos no norte da
África”: Murrow para Ted Church, 22 de janeiro de 1943, documentos de Murrow, Mount
Holyoke. “Os ingleses receiam”: Murrow para Ed Dakin, 6 de janeiro de 1943, documentos de
Murrow, Mount Holyoke. “Darlan estava lá”: Nicolson, p. 263. “Não importa que”:
Gunther, p. 331
215 “Giraud não foi”: Dwight D. Eisenhower, p. 129. “o norte da África”: Atkinson, p.
164. “O exército alemão”: Ibid., p. 261
216 “Os arrogantes”: Butcher, p. 268. “No que concerne à”: Atkinson, p. 471.
“vergonha”: Ibid., p. 477. “Eisenhower, como general”: Danchev e Todman, eds., p. 351. “A
melhor maneira”: Atkinson, p. 246
217 “estávamos alçando”: Danchev e Todman, eds., p. 365. “frágeis, verdes”: Atkinson, p.
377. “Como ele detesta os ingleses”: Irving, p. 15. “mesquinhas e insultuosas”: Perry, p.
174. “É melhor combater”: Ibid.
218 “Nos seus atuais”: Butcher, p. 274. “Uma das constantes”: Merle Miller, p. 459.
“como um americano”: Atkinson, p. 467. “sem mesmo uma”: Ibid. “Ike é mais inglês”:
Ibid. “estar muito próximo” Irving, p. 63. “Meu Deus, como eu gostaria”: Atkinson, p.
523. “Seu espírito combativo”: Ibid., p. 461. “O exército americano”: Ibid., p. 415
219 “parecesse desempenhar”: Ibid., p. 481. “a marcante queda”: Ibid., p. 482. “um
continente”: Winston S. Churchill, The Hinge of Fate, p. 780. “proporcionou uma
oportunidade”: Atkinson, p. 538. “Alan Brooke”: Perry, p. 110
220 “os ingleses têm um plano”: Burns, p. 315. “água mole”: Atkinson, p. 270. “Uma
coisa”: Merle Miller, p. 454
221 “Eles enxameavam”: Atkinson, p. 289. “Nossas ideias”: Bryant, The Turn of the Tide,
p. 459
222 “nenhum militar”: Atkinson, p. 533. “Antes de ele partir”: Ibid. “Um dos
deslumbramentos”: Ibid. “Valha-me Deus”: Ibid., p. 466. “Eisenhower foi
provavelmente”: Merle Miller, p. 372. “Onde ele se destacou”: Danchev e Todman, eds., p.
351
CAPÍTULO 13
224 “Para atravessar o Canal”: Erik Hazelhoff, Soldier of Orange (Londres: Sphere, 1982), p.
42. “todos aqueles heróis”: Eve Curie, Journey Among Warriors (Garden City, N.Y.: Doubleday,
1943), p. 481. “nadar na maré”: Ritchie, p. 59
225 “os ministros recebem”: A.J. Liebling, The Road Back to Paris (Garden City, N.Y.:
Doubleday, 1944), p. 148. “Sem levar em conta”: Erik Hazelhoff, In Pursuit of Life (Phoenix
Mill, Reino Unido: Sutton, 2003), p. 110. “a moçada glamorosa”: Olson e Cloud, p. 169
226 “Quanto às mulheres”: Ibid., p. 178. “A ocupação caíra”: Hazelhoff, Soldier of
Orange, p. 38. “Eu enlouqueceria”: BBC ouvindo avaliação da Tchecoslováquia, setembro de
1941, BBC Archives 227 “É impossível”: Tangye Lean, Voices in the Darkness: The Story of the
European Radio War (Londres: Secker & Warburg, 1943), p. 149. “quase embriagada”: Henrey,
The Incredible City, p. 2. “Se a Polônia”: Olson e Cloud, p. 5
229 “o melhor do mundo”: Christopher M. Andrew, Her Majesty's Secret Service: The
Making of the British Intelligence Community (Nova York: Viking, 1986), p. 448
230 “Os polacos tinham”: Douglas Dodds-Parker, Setting Europe Ablaze (Windlesham,
Surrey: Springwood, 1983), p. 40. “Caso se viva entre”: Anthony Read e David Fisher, Colonel
X: The Secret Life of a Master of Spies (Londres: Hodder & Stoughton, 1984), p. 278
231 “Chegamos a Londres”: William Casey, The Secret War Against Hitler (Nova York:
Berkley, 1989), p. 37. “Lembro-me muito bem”: Ibid., pp. 24-25. “A verdade é que”:
Nelson D. Lankford, OSS Against the Reich: The World War II Diaries of Col. David K. E. Bruce
(Kent, Ohio: Kent State University Press, 1991), p. 125
232 “inestimável valor”: Dwight D. Eisenhower, p. 262
233 “A Inglaterra não solicita”: Olson e Cloud, p. 96. “Devemos vencer juntos”: Ibid.,
p. 90. “O senhor está sozinho”: Kersaudy, p. 83. “líder de todos”: Ibid.
234 “As Nações Unidas”: radiodifusão nacional de FDR, 23 de fevereiro de 1942, FDRL.
“Winston, esquecemos o rei Zog!”: Meacham, p. 164
235 “falava em idealismo”: Arthur M. Schlesinger Jr., “FDR's Internationalism,” em
Cornelis van Minnen e John F. Sears, eds., FDR and His Contemporaries: Foreign Perceptions of an
American President (Nova York: St. Martin's, 1992), p. 15. “não tinham pleitos”: Valentin
Berezhkov, “Stalin and FDR,” em ibid., p.50. “Ele permitia”: Lord Chandos, The Memoirs of
Lord Chandos (Nova York: New American Library, 1963), pp. 296-97. “não podiam viver”:
Ibid., p. 297
236 “Servi-me de água”: Eden, p. 432. “Roosevelt conhecia”: Ibid., p. 433. “uma
espécie de semideus”: Olson e Cloud, p. 241. “Existe um grande temor”: Murrow para Ed
Dakin, 6 de janeiro de 1943, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “Qual será”: Carroll, p.
72. “produzira violentas”: Kersaudy, p. 225
237 “positivamente exagera”: Moran, pp. 97-98. “numa posição horrivelmente”: Ismay,
p. 356. “Aproximar-se”: Jean Lacouture, De Gaulle: The Rebel, 1890-1944 (Nova York: W. W.
Norton, 1990), p. 265
238 “Não sou subordinado”: Ibid., p. 267. “Você pensa”: Kersaudy, p. 138. “O senhor
pode estar certo”: Ibid., p. 210. “É quase a única coisa”: de Gaulle para Pamela Churchill,
sem data, documentos de Pamela Harriman, LC
239 “a França havia fracassado”: Claude Fohlen, “De Gaulle and FDR,” em van
Minnen e Sears, eds., p. 42. “Ele se toma por”: Lacouture, p. 335. “convencido”: Carroll, p.
103. “Roosevelt queria”: Jean Edward Smith, p. 567. “falava sobre o império”: Gunther, p.
54
240 “Entre Giraud e de Gaulle”: Nicolson, p. 294. “vem minando”: Kersaudy, p. 288.
“Sempre que tivermos”: Lacouture, p. 521
241 “esse vaidoso”: Kersaudy, p.275. “não só”: Ibid., p. 279. “em termos de ordens”:
Dwight D. Eisenhower, p. 137. “Pareceu”: Carroll, p. 308
242 “praticados em”: R. Harris Smith, OSS: The Secret History of America's First Central
Intelligence Agency (Berkeley: University of California Press, 1972), p. 31. “em todos os
momentos”: Carroll, p. 106. “diplomata”: Charles de Gaulle, The Complete War Memoirs of
Charles de Gaulle (Nova York: Carroll & Graf, 1998), p. 220. “esplêndido embaixador”: Ibid.,
p. 310. “Quem está salvando”: Carroll, p. 107. “Não creio que”: Ibid., p. 108
243 “estava em maus lençóis”: Howland, p. 268. “Estou chegando ao ponto”: Kersaudy,
p. 291
244 “Queira o senhor ou não”: Olson e Cloud, pp. 220-21. “tinha poder para”: Edward
Raczynski, In Allied London (Londres: Weidenfeld & Nicolson, 1963), p. 155. “A gravidade
crescente”: Olson e Cloud, p. 233. “ir à conferência de paz”: Ibid., p. 250
245 “acharam conveniente”: Max Hastings, Armageddon: The Battle for Germany, 1944-1945
(Nova York: Alfred A. Knopf, 2004), p. 508
CAPÍTULO 14
246 “uma cabeça humana”: Hemingway, p. 109. “Creio que nem elessabem”: Calder, p.
321. “Muitas vezes”: Maureen Waller, London 1945: Life in the Debris of War (Londres: Griffin,
2006), p. 163. “Toda a ilha”: Hemingway, p. 108. “É difícil entender”: Theodora FitzGibbon,
With Love: An Autobiography, 1938-1946(Londres: Pan, 1983), p. 170
247 “cada dia era”: Longmate, The Home Front, p. 160. “Quase não há”: Janet Murrow
para os pais, 16 de maio de 1943, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “Creio que seria
mais fácil”: Edwin R. Hale e John Frayn Turner, The Yanks Are Coming (Nova York:
Hippocrene, 1983), p. 56
248 “Nenhuma guerra”: David Reynolds e outros., eds., Allies at War, p. xvi. “Havia
dinheiro”: Sevareid, p. 214
249 “uma igualdade de sacrifício”: Goodwin, p. 339. “Além da atmosfera”: Tania Long,
“Home-After London,” New York Times, 3 de outubro de 1943
250 “A maioria dos aspectos”: História Oral — Frances Perkins, Columbia University. “O
povo americano”: Sherwood, p. 547. “Seria realmente bom”: Robert Dallek, Franklin D.
Roosevelt and American Foreign Policy, 1932-1945 (Nova York: Oxford University Press, 1979), p.
440. “Os próprios homens”: Goodwin, p. 357. “parecia desligada”: Sevareid, p. 193
251 “menos entendimento”: Brinkley, p. 106. “pessoas in uentes...”: Ibid., p.142. “onde
os modos”: Mary Lee Settle, All the Brave Promises: Memories of Aircraft Woman 2nd Class
214639 (Columbia: University of South Carolina Press, 1995), p. 3. “dá vontade”: Janet Murrow
para os pais, sem data, documentos de Murrow, Mount Holyoke 252 “Fazia muito sentido”:
Harriman para Harry Hopkins, 7 de março de 1942, documentos de Harriman, LC. “comprou
um belo vestido”: Kathleen Harriman para Marie Harriman, 3 de fevereiro de 1942,
documentos de Harriman, LC. “É divertido”: Kathleen Harriman para Marie Harriman, sem
data, documentos de Harriman, LC
253 “Londres era uma”: Arbib, p. 85. “o mais ágil grupo”: Harrison Salisbury, A Journey
for Our Times: AMemoir (Nova York: Harper & Row, 1983), p. 179. “com o sentimento de
que”: Nelson D. Lankford, The Last American Aristocrat: The Biography of David K. E. Bruce
(Boston: Little, Brown, 1996), p. 64
254 “farta autoestima”: Ibid., p. 63. “era um dos poucos”: E.J. Kahn Jr., “Pro les: Man of
Means-I,” New Yorker, 11 de agosto de 1951. “a mais elaborada”: Ibid.
255 “a vida nunca foi”: Sally Bedell Smith, In All His Glory, p. 225. “O cara era
corajoso”: Jan Herman, A Talent for Trouble: William Wyler (Nova York: Putnam's, 1995), p. 255
256 “propaganda do mesmo valor”: Ibid., p. 235. “Eu era favorável”: Ibid., p. 234.
“apenas arranhou”: Ibid., p. 237. “uma escapadapara”: Ibid., p. 278. “irreal, um palco”:
Mary Lee Settle, “London-1944,” The Virginia Quarterly Review, outono de 1987
257 “Éramos jovens”: Settle, All the Brave Promises, p. 1. “Foi meu primeiro contato”:
Ibid., p. 19
258 “manto de privilégios”: Mary Lee Settle, Learning to Fly: A Writer's Memoir (Nova
York: W. W. Norton, 2007), p. 99. “Eu havia experimentado”: Mary Lee Settle, “London-
1944,” The Virginia Quarterly Review, outono de 1987. “um vasinho de porcelana”: Settle,
Learning to Fly, p. 97. “Éramos relativamente”: Abramson, p. 316
259 “Foi uma guerra terrível”: entrevista de Pamela Harriman com Christopher Ogden,
documentos de Pamela Harriman, LC. “O casal foi descoberto”: Sally Bedell Smith, Re ected
Glory, p. 100. “debaixo do próprio teto”: Abramson, p. 316. “Ele usou palavras”: Sally
Bedell Smith, Re ected Glory, p. 106. “que poderia causar”: entrevista de Pamela Harriman
com Christopher Ogden, documentos de Pamela Harriman, LC. “Mantenha seus casos”:
Ogden, p. 146
260 “Ave não podia”: Sally Bedell Smith, Re ected Glory, p. 108. “Meu lho ainda”:
Pamela Churchill para FDR, julho de 1942, documentos de Pamela Harriman, LC. “A menos
que se fosse”: Ogden, p. 173. “podiam escapar da”: Sally Bedell Smith, Re ected Glory, p.
122. “Oh, as informações”: Ibid., p. 145
261 “não querem que”: notas de Sevareid, sem data 1944, documentos de Sevareid, LC. “A
guerra é exatamente”: William Bradford Huie, The Americanization of Emily (Nova York:
Signet, 1959), p. 37. “A aviação”: Kay Summersby Morgan, p. 33. “Era o astral daqueles”:
Sally Bedell Smith, Re ected Glory, p. 115. “Bem, eu nunca vi”: D'Este, p. 489. “A guerra foi
um”: Kay Summersby Morgan, p. 76
262 “Não tínhamos a mesma”: Irving, p. 14. “Na minha vida”: entrevista de Pamela
Harriman com Christopher Ogden, documentos de Pamela Harriman, LC. “perguntava muito
a ela”: Sally Bedell Smith, Re ected Glory, p. 113
263 “Penso em você”: Sir Charles Portal para Pamela Churchill, sem data, documentos de
Pamela Harriman, LC. “Muitas pessoas se”: entrevista de Pamela Harriman com Christopher
Ogden, documentos de Pamela Harriman, LC. “seguiam a política do Presidente”:
Abramson, p. 345. “Uma grande quantidade”: Harriman e Abel, p. 220
264 “Tenho certeza”: Ibid., p. 219. “Aquele foi um dia triste”: entrevista de Pamela
Harriman com Christopher Ogden, documentos de Pamela Harriman, LC. “Durante todos”:
Ibid. “chorei no ombro de Ed”: Ibid. “Acho que ela concluiu”: Sally Bedell Smith, Re ected
Glory, p. 119. “Ed foi nocauteado”: Persico, Edward R. Murrow, p. 217
265 “sua privacidade”: “Edward R. Murrow,” Scribner's, dezembro de 1938. “Ed muito
seco”: Persico, Edward R. Murrow, p. 138. “Não queriam deixar”: entrevista do autor com
Janet Murrow. “Odeio ver Ed”: diário de Janet Murrow, 16 de fevereiro de 1940, documentos de
Murrow, Mount Holyoke. “Sombrio, dia sombrio”: diário de Janet Murrow, 17 de fevereiro de
1941, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “um homem brando, afável”: Persico,
Edward R. Murrow, p. 186. “Sinto mais falta dele”: diário de Janet Murrow, 26 de julho de
1941, documentos de Murrow, Mount Holyoke 266 “Sei que eles tinham”: Sally Bedell Smith,
Re ected Glory, p. 119. “Ed era um poço”: entrevista de Pamela Harriman com Christopher
Ogden, documentos de Pamela Harriman, LC. “Averell”: Ibid. “um fantoche”: entrevista de
Harriman com Elie Abel, documentos de Harriman, LC. “Você foi estragada”: entrevista de
Pamela Harriman com Christopher Ogden, documentos de Pamela Harriman, LC
267 “Ele era totalmente diferente”: Ibid. “Ele amava muito Janet”: Sperber, p. 244
CAPÍTULO 15
268 “em meu panteão”: Andrew Turnbull, ed., The Letters of F. Scott Fitzgerald (Nova York:
Scribner, 1963), p. 49. “empolgando a imaginação”: “Hitchcock Killed in Crash in Britain,”
New York Times, 20 de abril de 1944. “Havia uma espécie”: Sarah Ballard, “Polo Player Tommy
Hitchcock Led a Life of Action from Beginning to End,” Sports Illustrated, 3 de novembro de
1986
269 “A maioria dos cidadãos”: “Centaur,” Time, 1º de maio de 1944. “Por vezes, ele
fazia coisas”: Aldrich, p. 132. “Ele não possuía um só”: Sports Illustrated, 3 de novembro de
1986. “Não houve jogador”: Ibid 270 “Tommy Barban era”: F. Scott Fitzgerald, Tender Is the
Night (Londres: Wordsworth, 1994), p. 167
271 “O polo é estimulante”: New York Times, 20 de abril de 1944. “ele era um piloto de
caça”: Aldrich, p. 125. “Como você pode car sentado”: Ibid., p. 132. “conhecer mais
gente”: Ibid., p. 266
272 “Há uma coisa”: Donald L. Miller, p. 5
274 “Simplesmente fechamos”: Ibid., p. 42. “o importante (.) era”: Salisbury, p. 197.
“peões”: Donald L. Miller, p. 106
275 “Parecia”: Ibid., p. 48
276 “como atividade dinâmica”: Salisbury, p. 195. “como um dos melhores”: Andy
Rooney, My War (Nova York: Times Books,1995), p. 136
277 “Nos julgávamos”: Donald L. Miller, p. 64. “É o mesmo que dirigir”: McCrary e
Scherman, pp. 38-39. “missões suicidas”: Donald L. Miller, p. 24 “tão grandes”: Ibid., p. 69.
“comunicados grosseiramente”: Ibid, p. 120
278 “Voar na 8ª Força Aérea”: Salisbury, p. 196. “Existem, aparentemente”: Donald L.
Miller, p. 93. “as bases de bombardeiros”: Ibid., p. 127
279 “Com o aprofundamento”: Ibid., p. 124. “Minha mensagem pessoal”: Irving, p. 72
280 “Naqueles dias”: McCrary e Scherman, pp. 227-28. “Desde que cheguei aqui”:
Winant para FDR, 12 de janeiro de 1942, Arquivo da Secretaria do Presidente, FDRL
281 “era a coisa mais pura”: McCrary e Scherman, p. 228. “a aeronave que a 'Má a
dos Bombardeiros'”: Donald L. Miller, p. 253. “produziria o melhor”: Aldrich, p. 275.
“Gerado por pai inglês”: palestra de William R. Emerson, de 1962, no Harmon Memorial,
Academia da Força Aérea dos EUA 282 “Olhe aqui, Tio Tommy”: Aldrich, p. 278. “foi
incansável”: entrevista com Theodore Achilles, documentos de Bellush, FDRL. “Tanto canais
como não”: Aldrich, p. 278
283 “Suas mãos estavam”: James Parton, “Air Force Spoken Here”: General Ira Eaker and the
Command of the Air (Bethesda, Md.: Adler & Adler, 1986), p. 279. “pecou pela quase total”:
Donald L. Miller, p. 183
284 “Começou a parecer”: Parton, p. 277. “tentavam encontrar”: Ibid. p. 186. “a
Verdun da 8ª Força Aérea”: Aldrich, p. 284
285 “fora literalmente”: Donald L. Miller, p. 200. “um golpe catastró co”: Ibid., p. 201.
“a maior concentração”: Ibid., p. 16
286 “profundo senso”: Daily Express, 12 de outubro de 1943, documentos de Winant,
FDRL.
287 “Coube a mim”: Donald L. Miller, p. 252. “sobre a Alemanha”: Paul A. Ludwig,
Mustang: Development of the P-51 Long-Range Escort Fighter (Hersham, Surrey: Classic Publications,
2003), p. 1. “por erro da própria”: Donald L. Miller, p. 254. “A saga do P-51”: Ludwig, p. 2
288 “um dos erros mais”: Donald L. Miller, p. 253. “independentemente do custo”:
Ibid., p. 265. “por Deus, [as tripulações]”: Ibid, p. 266
289 “Coronel”: Ibid., p. 279. “O álccol era”: Ibid. “A guerra de desgaste”: Ibid., p. 276.
“A primeira vez”: Ibid., p. 267
290 “de nossa incapacidade”: Ibid., pp. 291-92. “Se vocês virem”: Ibid., p. 259.
“Tommy Hitchcock”: Aldrich, p. 283. “a tenacidade”: McCrary e Scherman, p. 228. “A vida
em Londres”: Aldrich, p. 276. “Combater num Mustang”: McCrary e Scherman, p. 231
291 “A quantidade de trabalho”: Aldrich, p. 292. “De repente, tive”: Ibid., p. 294.
“Tommy Hitchcock tinha”: Ibid., p. 296
292 “está se saindo”: Ibid., p. 298. “simplesmente mergulhando”: Ibid.
293 “colocou ponto nal”: “Hitchcock Killed in Crash in Britain,” New York Times, 20 de
abril de 1944. “passou cada minuto”: carta de Winant para Margaret Hitchcock, 23 de abril
de1944, documentos de Winant, FDRL
CAPÍTULO 16
294 “A velha Inglaterra: Juliet Gardiner, “Overpaid, Oversexed, and Over Here,” p. 339. “Não
existe”: Irving, p. 8. “na maior base”: Dwight D. Eisenhower, p. 49. “Foi como se o
Atlântico ”: Mrs Robert Henrey, The Siege of London (Londres: J. M. Dent & Sons, 1946), p. 45
296 “tomada — de porteira”: Ziegler, p. 215. “um inglês causaria”: Ernie Pyle, Brave
Men (Nova York: Grosset & Dunlap, 1944), p. 316. “Todos cumprimentavam”: Ibid., p. 317.
“demonstrassem o devido”: Longmate, The G.I.'s, p. 113. “fervilhante e ruidoso”: Arbib, p.
85
297 “um dos lugares mais”: Donald L. Miller, p. 216. “A convivência”: Hale e Turner, p.
152. “viviam inacreditavelmente”: Donald L. Miller, p. 217. “Creio que muitas”: Irving, p.
8. “reação dos GIs”: entrevista de Theodore Achilles, documentos de Bellush, FDRL. “Todo
soldado americano”: Dwight D. Eisenhower, p. 57
298 “Os ingleses o receberão”: Longmate, The G.I.'s, p. 23. “uma extraordinária”:
entrevista com Anthony Eden, documentos de Bellush, FDRL. “Nenhum outro”: Alfred D.
Chandler, ed., The Papers of Dwight David Eisenhower: The War Years, Vol. I (Baltimore: Johns
Hopkins University Press, 1970), pp. 650-51
299 “A guerra”: Arbib, p. 19
300 “as indenizações foram”: David Reynolds, Rich Relations, p. 122. “métodos
autocráticos”: Ibid., p. 126. “nossos aliados”: Daily Express, 15 de dezembro de 1943,
documentos de Winant, FDRL. “Eles não desejaram vir”: Gardiner, “Overpaid, Oversexed, and
Over Here,” p. 32
301 “para nós”: Ibid. “como se fossem donos”: Margaret Mead, “A GI View of Britain,”
New York Times Magazine, 19 de março de 1944. “Nunca vimos”: Ibid., p. 54. “Esses homens
são combatentes”: Ibid. “A reação comum”: Longmate, The G.I.'s, p. 96
302 “Eu acho o país legal”: Hale e Turner, p. 24. “Desengonçados”: Nicolson, p. 275
303 “se um soldado americano”: Butcher, p. 14. “Essa é uma oportunidade”: David
Reynolds, Rich Relations, p. 159
304 “surpresos, ressentidos”: Janet Murrow para os pais, 24 de abril de 1943, documentos
de Murrow, Mount Holyoke. “Os homens que frequentam”: David Reynolds, Rich Relations,
p. 160
305 “As mulheres inglesas”: Butcher, p. 34. “Está bem”: Settle, All the Brave Promises, p.
90. “desencoraja deliberadamente”: David Reynolds, Rich Relations, p. 187. “O maior
perigo”: Ibid., p. 161
306 “Os soldados americanos”: Ibid., p. 148. “em milhares de mães”: Ibid., p. 149. “As
diferenças entre”: Dwight D. Eisenhower, p. 59. “a falta de entusiasmo”: Max Hastings, p.
193. “não existia uma solução”: Roosevelt para Winant, 10 de setembro de 1942, Arquivo da
Secretaria do Presidente, FDRL
307 “Eles podem ter”: Dimbleby e Reynolds, p. 164. “Os ianques”: Donald L. Miller, p.
138. “Aonde vocês forem”: Hale e Turner, p. 40. “Alguns daqueles irmãos”: Ibid. “Na
escuridão”: Ibid., p. 26. “eram selvagens, promíscuos”: Longmate, The G.I.'s, p. 157. “Existia
um núcleo”: Ibid.
308 “Tão bons quanto um tônico”: Ibid., p. 91. “A chegada”: Ibid. “era como
penetrar”: Ibid., p. 242. “Para a maioria do povo”: David Reynolds, Rich Relations, 218
309 “Saia daí”: Dimbleby e Reynolds, p. 163. “Fui testemunha”: Longmate, The G.I.'s,
129. “discriminação com respeito”: David Reynolds, Rich Relations, p. 224. “É
aconselhável”: Ibid., p. 226. “A política americana”: Longmate, The G.I.'s, p. 122. “A opinião
consensual”: David Reynolds, epígrafe de Rich Relations. “Não ligo muito para”: Ibid., p. 303
310 “A opinião”: Ibid., p. 304. “Isso tem cheiro”: Graham Smith, When Jim Crow Met John
Bull: Black American Soldiers in World War II Britain (Nova York: St. Martin's, 1988), p. 61.
“Somente para pessoas inglesas”: Ibid., p. 118. “eles estavam agora na Inglaterra”: Ibid.
“Os nacionais britânicos negros”: David Reynolds, Rich Relations, p. 306. 288 “Os soldados
de cor”: Graham Smith, p. 102
311 “abusos”: Persico, Edward R. Murrow, p. 199. “É verdade, sabe”: Ibid., p. 200. “Vamos
incluí-lo”: Ibid.
312 “Os soldados negros da América”: Graham Smith, p. 127
313 “se lembrar de qualquer”: David Reynolds, Rich Relations, p. 353. “um crescente
sentimento”: Ibid., p. 199. “com sua rmeza”: LaRue Brown, “John G. Winant,” Nation, 15
de novembro de 1947. “Mr. Winant, por favor!”: Stars and Stripes, 22 de julho de 1943.
“aquele gentil”: Bernard Bellush, “After 50 Years, a GI Heeds the Call of London,” Forward,
janeiro de 2001. “nada de ares”: Boston Globe, 5 de novembro de 1947
314 “Não era preciso muito tempo”: Arbib, p. 141. “ z refeições”: Ibid., p. 144. “Por
volta de 1943”: Longmate, The G.I.'s, p. 157
315 “Eles me adotaram”: “Dick Winters' Re ections,” www.wildbillguarnere.com
CAPÍTULO 17
316 “Nos últimos dezoito”: Colville, Footprints in Time, p. 141. “Cada vez mais”:
Dimbleby e Reynolds, p. 166. “Por muitos anos”: Sevareid, p. 484
317 “razões políticas”: Sherwood, p. 669. “Harry está seguro”: Moran, p. 131
318 “cintilante, impessoal”: Arthur Schlesinger Jr., “The Supreme Partnership,” Atlantic,
outubro de 1984. “era realmente incapaz”: Goodwin, p. 306. “um gentleman”: Meacham, p.
315. “todo o meu sistema”: David Reynolds, In Command of History, p. 414. “Qualquer coisa
que representasse”: Gilbert, Road to Victory, p. 89. “entendimento”: Geoffrey Ward, Closest
Companion: The Unknown Story of the Intimate Friendship Between Franklin Roosevelt and Margaret
Suckley (Boston: Houghton Mifflin, 1995), p. 162. “se mostrou à vontade”: Ibid. “adora o
Presidente”: Ibid., p. 230
319 “Roosevelt invejava”: Max Hastings, p. 5. “era propenso a ciúmes”: Meacham, p.
327. “Eles não tinham coisa”: Schlesinger, p. 575. “Cada um usou”: David K. Adams,
“Churchill and FDR: A Marriage of Convenience,” em van Minnen e Sears, eds., p. 32. “Temos
de deixar”: Elliott Roosevelt, pp. 24-25
320 “fez uma observação”: Kimball, Forged in War, p. 193. “De uma coisa”: Kathleen
Burk, Old World, New World: Great Britain and America from the Beginning (Nova York: Atlantic
Monthly Press, 2008), p. 504. “Se ele fosse inglês”: Matthews, p. 245. “que não se tornara”:
Dimbleby e Reynolds, p. 158
321 “Não quero ser grosseiro”: Clarke, p. 166. “A imagem que Roosevelt”: Justus D.
Doenecke e Mark A. Stoler, Debating Franklin D. Roosevelt's Foreign Policies, 1933-1945 (Lanham,
Md.: Rowman & Little eld, 2005), p. 9. “Os banqueiros alemães”: Elliott Roosevelt, p. 24
322 “A antipatia de Roosevelt”: Hitchens, p. 255. “é da mesma forma”: Burk, p. 383.
“atritos e mal-entendidos”: Howland, p. 143
323 “Deve ser lembrado”: Clarke, p. 25. “teríamos aceitado”: Ibid.
324 “Inclino-me por”: Danchev e Todman, eds., p. 466. “Nas fotos de jornais”: Brinkley,
p. 232. “Comecei a achar”: Danchev e Todman, eds., p. 535. “incapacidade para terminar”:
Olson e Cloud, p. 288. “Estou aos poucos”: Danchev e Todman, eds., p. 459
325 “exauridos demais”: Arthur Bryant, Triumph in the West (Garden City, Nova York:
Doubleday, 1959), p. 8. “infestada de doenças”: Ward, p. 250. “Não tenho conhecimento”:
Winant para FDR, 24 de setembro de 1943, Arquivos da Sala da Situação, FDRL
326 “essas coisas não causariam”: Winant para Hopkins, 16 de outubro de 1943, arquivos
de Hopkins, FDRL. “Sei exatamente”: Hopkins para Winant, 25 de outubro de 1943, arquivos
de Hopkins, FDRL. “Grandes famílias”: Burns, p. 405
327 “fazer Stalin”: Olson e Cloud, p. 292. “penetrado em sua natureza”: História Oral
— Frances Perkins, Columbia University. “Não creio que Roosevelt”: Charles E. Bohlen,
Witness to History, 1929-1969 (Nova York: W. W. Norton, 1973), p. 211. “um conhecimento
mais aprofundado”: Ibid, p. 210. “Vocês nos verão”: Moran, p. 160. “se esforçava para
melhorar”: Danchev e Todman, eds., p. 485. “como conduzir”: Abramson, p. 367. “Stalin já
pôs”: Moran, p. 163. “dar a impressão de que”: Olson e Cloud, p. 292. “não apenas
apoiava”: Bohlen, p. 146
328 “deveria ter defendido”: Ibid. “sempre gostou”: Harriman e Abel, p. 191. “Winston
está estranho”: Olson e Cloud, p. 292. “um erro fundamental”: Bohlen, p. 146. “exercício
infantil”: debate com Winston Churchill, Coudert Institute, Palm Beach, Flórida, 28 de março de
2008. “os ganhos imediatos”: Olson e Cloud, p. 295
329 “não se preocupava”: Ibid., p. 306. “Os Estados Unidos”: Valentin Berezhkov, “Stalin
and FDR,” em van Minnen e Sears, eds., p. 47. “não consegue deixar”: Moran, p. 279. “se
tornaram amigos de fato”: Olson e Cloud, p. 298
330 “Gente que conversou”: Kendrick, p. 258. “Parece que as pessoas querem”:
Murrow para Alfred Cohn, 29 de dezembro de 1943, documentos de Murrow, Mount Holyoke.
“vaga e mal de nida”: Kimball, Forged in War, p. 242
331 “cheia de perigos”: Doenecke e Stoler, p. 62. “adiar, evitar”: Ibid., p. 73. “rejeitou
sumariamente”: Olson e Cloud, p. 247
332 “bastante sensível”: David Reynolds, The Creation of the Anglo-American Alliance, pp.
253-54. “é acusado”: Winant para FDR, 4 de fevereiro de 1943, Arquivo da Secretaria do
Presidente, FDRL. “bastante envergonhado”: Howland, p. 318
333 “Tenho me preocupado”: Ibid., p. 326
CAPÍTULO 18
335 “ cou tão engarrafado”: Arbib, p. 202. “na sua maior parte”: Panter-Downs, p. 324.
“viver numa enorme”: Ibid., p. 322. “de ouvido colado”: Arbib, p. 205
336 “como um fazendeiro”: Settle, “London 1944,” The Virginia Quarterly Review, agosto
de 1987. “tornar possível o Dia-D”: Weintraub, p. 217. “incessantes embates”: Sir Frederick
Morgan, p. 41. “jamais houve”: Ibid., p. 49
337 “Todos se divertiram”: Ibid., p. 80. “Pelo amor de Deus”: Ibid., p. 72. “Dessa
forma”: Kay Summersby Morgan, p. 172. “criarampor m”: Longmate, The G.I.'s, p. 290.
“querido e respeitado”: Ibid., p. 116. “pôs-se deliberadamente”: Sir John Wheeler-Bennett,
Special Relationships: America in Peace and War (Londres: Macmillan, 1975), pp. 178-79
338 “consideravam Ike”: Longmate, The G.I.'s, p. 116. “o maior feito”: D'Este, p. 495.
“um desastre”: Sir Frederick Morgan, p. 279. “Juro por Deus”: Irving, p. 81
339 “partirmos para a França”: David Reynolds, Rich Relations, p. 357. “mais como
uma manobra”: Ibid., p. 365. “encarar a guerra”: Ibid. “uns trapos”: Danchev e Todman,
eds., p. 551. “Ele estava nervoso”: Kay Summersby Morgan, p. 182. “Nesta empreitada”:
Irving, p. 94
340 “Concluí que”: Pyle, Brave Men, p. 317. “se a Dog News”: Ibid., p. 318
341 “Tudo que aconteceu”: Sally Bedell Smith, In All His Glory, p. 216. “Acho que você
vai se sentir”: Caroline Moorehead, Gellhorn: ATwentieth-Century Life (Nova York: Henry Holt,
2003), p. 209. “Para mim”: Carlos Baker, Ernest Hemingway: A Life Story (Nova York: Scribner,
1967), pp. 392-93. “Em geral, elas”: Hemingway, p. 133
342 “Céus”: Cloud e Olson, p. 158
343 “Na noite passada”: Edward Bliss Jr., In Search of Light: The Broadcasts of Edward R.
Murrow, 1938-1961 (Nova York: Alfred A. Knopf, 1967), p. 76. “uma das mais admiráveis”: L.
M. Hastings para Murrow, 4 de dezembro de 1943, documentos de Murrow, Mount Holyoke.
“magní ca”: Arthur Christensen para Murrow, 4 de dezembro de 1943, documentos de Murrow,
Mount Holyoke. “Ed era bastante crítico”: entrevista de Pamela Harriman com Christopher
Ogden, documentos de Pamela Harriman, LC. “o amigo mais leal”: Kendrick, p. 262. “Meu
caro Ed”: Brendan Bracken para Murrow, 21 de dezembro de 1943, documentos de Murrow,
Mount Holyoke. “Acho que era um modo”: R. Franklin Smith, p. 45
344 “Era uma espécie de droga”: Ibid., p. 47. “uma ligação com a”: Ibid. “Três ou
quarto vezes em Londres”: Persico, Edward R. Murrow, p. 221. “Para redigir ou falar”:
Murrow para Remsen Bird, 31 de janeiro de 1944, documentos de Murrow, Mount Holyoke.
“fadiga e frustração”: Persico, Edward R. Murrow, p. 222. “Tentei convencê-lo”: Paley, p. 152
345 “Não mais uma terra”: Arbib, pp. 206-7. “Permanecemos de pé”: Longmate, The
G.I.'s, p. 298. “Boa sorte, volte”: Hale e Turner, p. 161. “Meu coração doía”: Longmate, The
G.I.'s, p. 310. “Tudo cou tão”: Gardiner, “Overpaid, Oversexed, and Over Here,” p. 211
346 “pareciam uma gigantesca”: Bliss, p. 81. “Em formação geométrica”: Gardiner,
“Overpaid, Oversexed, and Over Here,” p. 180. “A impressão que tínhamos”: Longmate, The
G.I.'s, p. 307. “Senhoras e senhores”: Gardiner, Wartime Britain, p. 544. “A igreja estava”:
Janet Murrow para os pais, 11 de junho de 1944, documentos de Murrow, Mount Holyoke.
“nossos lhos”: Burns, p. 476. “Salvo pelo barulho”: Pamela Churchill para Averell Harriman,
8 de junho de 1944, documentos de Pamela Harriman, LC
347 “Caminhando pelas ruas”: Kendrick, p. 269. “Havia uma espécie”: William Saroyan,
The Adventures of Wesley Jackson (Nova York: Harcourt, Brace, 1946), p. 258. “Podia-se sentir”:
Panter-Downes, p. 328. “Se eu tivesse que saltar”: Cloud e Olson, p. 204
348 “Nos velhos dias”: Henrey, The Siege of London, p. 72. “O homem que voltava de
noite”: Winston S. Churchill, Triumph and Tragedy (Boston: Houghton Mifflin, 1953), p. 39
349 “impessoais como”: Calder, p. 560. “Agora, vivemos”: Ziegler, p. 292. “A maioria
da gente”: David Reynolds, Rich Relations, p. 402. “Tenho medo”: Irving, p. 180
350 “com vozes a itas”: Dwight D. Eisenhower, p. 260. “Tivemos de aguentar”: Ziegler,
p. 299. “A imensa fadiga”: Panter-Downes, p. 350. “Como todo mundo”:Wheeler-Bennett,
Special Relationships, p. 189. “muito velho”: Danchev e Todman, eds., p. 544
351 “quão cansados”: Janet Murrow para os pais, 22 de junho de 1944, documentos de
Murrow, Mount Holyoke. “Olhe aqui (...)”: Sperber, p. 243. “Londres está deserta”:
Gardiner, Wartime Britain, p. 556
352 “Winston não fala mais”: Moran, pp. 185-86
353 “Winston odiava”: Danchev e Todman, eds., p. 473. “sendo mal empregadas”:
Meacham, p. 294. “Eu gostaria que o senhor”: Winant para FDR, 3 de julho de 1944,
arquivos da Sala da Situação, FDRL
354 “Só existe um nome”: Kersaudy, p. 354. “Nós somos o governo”: Ibid., p. 334. “os
maravilhas de sessenta”: Ibid., p. 332. “A mim parece”: Ibid., p. 331. “sente que os
franceses”: Ibid., p. 333
355 “Uma colisão ostensiva”: Dwight D. Eisenhower, p. 248. “Todos os círculos”: Irving,
p. 135. “estado de excitação”: Beevor e Cooper, p. 28
356 “traição no ápice”: Lacouture, p. 524. “Isso é um pandemônio”: Beevor e Cooper,
pp. 28-29. “escola para moças”: Kersaudy, p. 346. “era um erro fatal”: Ibid., p. 351. “O
primeiro-ministro”: Ibid., p. 352. “nos estágios iniciais”: Dwight D. Eisenhower, p. 248
357 “Os militares de altos postos”: Malcolm Muggeridge, Chronicles of Wasted Time, Vol.
2, The Infernal Grove (Londres: Collins, 1973), p. 212. “advogava uma causa perdida”: Jean
Edward Smith, p. 614. “FDR (...) acredita”: Kersaudy, p. 361. “Ele é maluco”: Ibid.
358 “Como uma relação cordial”: Ibid., p. 370. “A aversão de FDR”: Jean Edward
Smith, p. 616. “atmosfera sonolenta e vazia”: Henrey, The Siege of London, p. 91. “Onde todo
o homem”: Sevareid, p. 477. “a Paris da”: Donald L. Miller, p. 137
359 “esplendor culposo”: Wheeler-Bennett, Special Relationships, p. 186. “familiares,
bem alimentadas”: Kendrick, p. 273. “Talvez o mundo”: Sally Bedell Smith, Re ected Glory,
p. 124
CAPÍTULO 19
360 “do interesse”: Olson e Cloud, p. 333. “Chegou a hora”: Harriman paraHopkins, 10
de setembro de 1944, documentos de Hopkins, FDRL
361 “na desconfortável posição”: Sherwood, p. 756. “Ele só queria trabalhar”:
Abramson, p. 367. “Não posso dizer”: Bohlen, p. 127. “Eles são durões”: Isaacson e Thomas,
p. 232
362 “conhecia melhor os russos”: Salisbury, p. 242. “meus pontos de vista”: Isaacson e
Thomas, p. 227. “Usei-o em todas as”: Ibid., p. 229. “Muita coisa seria”: Salisbury, p. 242.
“paradigma”: Isaacson e Thomas, p. 223. “Queremos ter”: Olson e Cloud, p. 333
363 “deu meia-volta”: debate com Winston Churchill, Coudert Institute, PalmBeach,
Flórida, 28 de março de 2008. “seguir-se-ia...”: Bellush, p. 203. “haverá sobra”: Moran, p. 220
364 “Vocês não podem fazer isso!”: Robert M. Hathaway, Ambiguous Partnership: Britain
and America, 1944-1947 (Nova York: Columbia University Press, 1981), p. 64. “Em nome de
Cristo”: Ibid. “Não gosto de fazer”: Sherwood, p. 819. “puseram em risco”: Howland, p.
374. “ agrante desvantagem”: Ibid.
365 “Temos ouvido”: Danchev e Todman, eds., p. 575. “As únicas vezes”: Meacham, p.
339. “um tapa na cara”: D'Este, p. 599
366 “Montgomery é um general de terceira”: Irving, p. 268. “Havia uma inacreditável
arrogância”: Ibid., p. 392. “Ike está com pés”: Ibid., p. 190
367 “numa investida poderosa”: D'Este, p. 672. “Entre nosso front”: Max Hastings, p.
196
368 “Falta-lhe”: D'Este, p. 602
369 “o salvador dos americanos”: Dwight D. Eisenhower, p. 356. “Montgomery
impede”: Sevareid, p. 485. “irritou tanto”: Irving, p. 375. “Ela prejudicou mais”: Clarke, p.
155. “terrível”: D'Este, p. 676. “permanece impossível”: Max Hastings, “How They Won,”
New York Review of Books, 22 de novembro de 2007. “o comportamento de Eisenhower”:
Merle Miller, p. 587
370 “Algo parecido”: Max Hastings, p. 222. “chantagem pura”: Colville, The Fringes of
Power, p. 528. “poderia ser feita”: Hathaway, p. 83. “Por favor, leve”: FDR para Winant, 24
de novembro de 1944, arquivos da Sala da Situação, FDRL. “que mesmo uma”: Colville, The
Fringes of Power, p. 528. “Você não enviaria”: Hitchens, p. 233
371 “tenho tentado lealmente”: Clarke, p. 113. “realmente irritada”: Colville, The
Fringes of Power, p. 536. “as questões europeias”: Olson e Cloud, p. 363. “O que torna a
crítica”: Clarke, p. 147
372 “Não nos importamos”: Hathaway, p. 103. “há boa razão”: Ibid, p. 104. “Ele parece
não dar”: Sherwood, p. 820. “Fisicamente”: Doenecke e Stoler, p. 86
373 “falar com um amistoso”: Clarke, p. 218. “A bandeja de 'entrada' ”: Colville, The
Fringes of Power, p. 530. “Creio que não aguento”: Danchev e Todman, eds., p. 649. “estava
cansado”: Geoffrey Best, Churchill: A Study in Greatness (Oxford: Oxford University Press,
2001), p. 260. “Tenho de dizer”: Olson e Cloud, p. 365
374 “Era sempre dois a um”: Hathaway, p. 123. “O fato de o Presidente”: Ibid. “Ele
que espere”: Andrew Roberts, Masters and Commanders, p. 554. “Entramos na guerra”: Cecil
King, With Malice Toward None: A War Diary (Londres: Sidgwick & Jackson, 1970), p. 298.
“lutou como um tigre”: Olson e Cloud, p. 365
375 “vindo da América”: Ibid., p. 366. “Jamais poderemos”: Ibid.
376 “poderia chegar”: Bellush, p. 205. “da maior importância”: Thomas M. Campbell e
George C. Herring, eds., The Diaries of Edward R. Stettinius Jr., 1943-1946 (Nova York: New
Viewpoints, 1975), p. 227. “penso que nossa atitude”: Bellush, p. 207
377 “quiseram claramente”: Olson e Cloud, p. 383. “A impressão é que”: notas de
Harriman, sem data,documentos de Pamela Harriman, LC. “o governo soviético”: Isaacson e
Thomas, p. 247. “Não há dúvida”: Olson e Cloud, p. 384
378 “seu sentimento de amargo”: Ibid., p. 386. “minimizar o problema”: Ibid., p. 387
379 “Berlim perdeu”: Max Hastings, p. 421. “A ira de Churchill”: Ibid., p. 423
CAPÍTULO 20
380 “Homens e meninos”: Bliss, p. 91
381 “duas leiras”: Ibid, p. 94
382 “Ele queria que o mundo”: R. Franklin Smith, p. 89. “Rogo para”: radiodifusão de
Murrow, 15 de abril de 1945, National Archives. “Um sapato”: Kendrick, p. 279. “Sou homem
de Roosevelt”: entrevista com Jacob Beam, documentos de Bellush, FDRL. “Graças a Deus”:
Howland, p. 28. “Sempre penso”: Ibid.
383 “podia fazer”: Robert H. Ferrell, Choosing Truman: The Democratic Convention of 1944
(Columbia: University of Missouri Press, 1994), p. 13. “chorando, lembrando”: Thompson, p.
303. “Este país”: Hathaway, pp. 130-31. “tão quieta”: Longmate, The G.I.'s, p. 317.
“permaneceram de pé”: Panter-Downes, p. 368. “parado na rua”: Longmate, The G.I.'s, p.
317
384 “Não me lembro”: Ziegler, p. 310. “foi o maior amigo”: Clarke, p. 259. “tremenda
repercussão”: Jenkins, p. 783. “que caria”: Ibid. “É difícil”: Max Hastings, p. 512. “Creio
que seria”: Meacham, p. 351
385 “Com esta assinatura”: Cloud e Olson, p. 237. “fora tomada”: Panter-Downes, p.
374
386 “Suas lembranças”: Bliss, p. 97. “quase com um susto”: Kendrick, p. 280.
“Enquanto todo o povo”: Henry Chancellor, Colditz: The Untold Story of World War II's Great
Escapes (Nova York: William Morrow, 2001), p. 362. “O fato de sua ansiedade”: Bellush, p.
213
387 “No continente europeu”: Olson e Cloud, p. 392. “política venenosa”: Ibid., p. 393.
“Quando [ela] caminhava”: D'Este, p. 807
388 “Houve aplausos”: LaRue Brown, “John G. Winant,” Nation, 15 de novembro de 1947.
“Ike fez um discurso”: Danchev e Todman, eds., p. 697. “estava preocupado com
Churchill”: Moran, p. 302. “Embora [o povo inglês]”: Pamela Churchill para Averell
Harriman, 27 de julho de 1945, documentos de Pamela Harriman, LC. “ele ridiculariza”:
Moran, p. 308
389 “essa maldita eleição”: Ibid., p. 310. “débacle total”: Pawle, p. 501. “Foi uma das
mais impressionantes”: Hathaway, p. 176. “mortalmente ferido”: Campbell e Herring, eds.,
p. 413. “Todo o foco”: Soames, p. 425. “Não era tanto a perda”: Sarah Churchill, A Thread in
the Tapestry, p. 86
390 “Sir, o senhor se esqueceu”: Dwight D. Eisenhower, p. 242
CAPÍTULO 21
391 “Adeus, Inglaterra”: Longmate, The G.I.'s, p. 325
392 “É difícil entender”:Waller, p. 205. “Temos de conseguir”: Ibid., p. 241
393 “O povo americano”: Hathaway, p. 23. Donald Worby: Dimbleby e Reynolds, p. 175.
“Creio que eles estão”: Waller, p. 347
394 “Demos aos nossos aliados”: Dimbleby e Reynolds, p. 177. “Quem pensar”:
Sherwood, p. 827. “É irritante”: Dimbleby e Reynolds, p. 180. “Munique econômica”: Ibid
395 “O povo americano”: Sherwood, p. 922. “Acredito”: Ibid., p. 921. “imporia grandes
infortúnios”: Howland, p. 448. “Será que alguma nação”: Carroll, p. 142. “teria feito um”:
Penrose, p. 206. “estranho para ele”: Howland, p. 442. “que desejava”: Ibid 396 “não era
idealismo”: Arnold A. Rogow, “Private Illness and Public Policy: TheCases of James Forrestal
and John Winant,” American Journal of Psychiatry, 8 de fevereiro de 1969. “Seus nervos”:
entrevista com Maurine Mulliner, documentos de Bellush, FDRL. “Perdi a última coisa”:
entrevista com Grace Hogarth, documentos de Bellush, FDRL. “Não tenho vida!”: Bellush, p.
215. “Não posso explicar”: Soames, p. 429
397 “tem sido — e é —”: Ibid., p. 380. “Não sei se o amei”: Sarah Churchill, A Thread in
the Tapestry, p. 88. “Gostaria que você”: Ibid., p. 91. “Sarah tem sido”: Soames, p. 433.
“Você não tem noção”: Pearson, p. 338. “gaiola de afetos”: Sarah Churchill, Keep on
Dancing, p. 159. “exaustão física e mental”: Sally Bedell Smith, Re ected Glory, p. 124
398 “Por diversas razões”: Murrow para Janet Murrow, 18 de setembro de 1944,
documentos de Murrow, Mount Holyoke. “Vivo por demais”: Murrow para Janet Murrow, 29
de setembro de 1944, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “Talvez eu tenha”: Murrow
para Janet Murrow, 28 de outubro de 1944, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “Fred
levou-me”: Pamela Churchill para Averell Harriman, 8 de março de 1944, documentos de
Pamela Harriman, Mount Holyoke. “Não conversamos”: Sally Bedell Smith, Re ected Glory, p.
125. “Nunca amei tanto”: Ibid., p. 125. “Casey Ganha”: Ogden, p. 181
399 “Vivemos despreocupadamente”: Kendrick, p. 275. “Somos a única nação”:
Sperber, p. 257. “numa posição incômoda”: Lash, From the Diaries of Felix Frankfurter, p. 256.
“Vosso país”: Bliss, pp. 3-4
400 “São homens como”: Emilie Adams para Murrow, 24 de fevereiro de 1946,
documentos de Murrow, Mount Holyoke. “Por favor, diga”: remetente não identi cado para
Murrow, 24 de fevereiro de 1946, documentos de Murrow, Mount Holyoke. “Quando chegar
em casa”: W.E.C. McIlroy para Murrow, 24 de fevereiro de 1946, documentos de Murrow,
Mount Holyoke 401 “Agora, pela última”: Persico, Edward R. Murrow, p. 242. “este
microfone”: Ibid. “o único troféu”: R. Franklin Smith, p. 75. “amigo chegado”: recorte
nãoidenti cado, 29 de novembro de 1945, documentos de Winant, FDRL. “teve em grande
medida”: Manchester Guardian, sem data, documentos de Winant, FDRL
402 “Quase todos”: New Statesman, 30 de março de 1946, documentos de Winant, FDRL.
“a personi cação”: Daily Express, 25 de março de 1946, documentos de Winant, FDRL.
“chegou até nós”: Daily Herald, 27 de abril de 1946, documentos de Winant, FDRL. “Até
breve, sir”: Punch, 8 de maio de 1946, documentos de Winant, FDRL. “Não creio que seja”:
Arthur L. Goodhart para Winant, 15 de abril de 1946, documentos de Winant, FDRL. “Aqueles
de nós”: John Martin para Winant, 1º de janeiro de 1947, documentos de Winant, FDRL.
“durão”: Barbara Wace para Winant, 22 de abril de 1946, documentos de Winant, FDRL. “Meu
motorista”: Herbert Agar para Winant, 2 de maio de 1946, documentos de Winant, FDRL.
“uma honraria singular”: Daily Telegraph, 26 de abril de 1946, documentos de Winant, FDRL
403 “A reserva que normalmente”: Concord Daily Monitor, 18 de janeiro de 1947,
documentos de Winant, FDRL. “in nitamente maiores”: New York Times, 24 de abril de 1946,
documentos de Winant, FDRL. “É na adversidade”: Daily Telegraph, 26 de abril de 1946,
documentos de Winant, FDRL. “Na minha longa existência”: Daily Telegraph, 21 de maio de
1946, documentos de Winant, FDRL. “Pretendo tomá-lo”: Ibid. “Eu diria, sem um só”:
Daily Telegraph, 26 de abril de 1946, documentos de Winant, FDRL. “Nem os senhores, nem
eu”: News Chronicle, 1º de maio de 1946, documentos de Winant, FDRL. “Homem nenhum
mais correto”: Daily Express, 1º de maio de 1946, documentos de Winant, FDRL. “anos
duros”: recorte não identi cado, 1º de maio de 1941, documentos de Winant, FDRL
CAPÍTULO 22
405 “Estou tão feliz”: Eleanor Roosevelt para Winant, 25 de junho de 1946, documentos de
Winant, FDRL. “Ele ousou ter esperança”: trecho do discurso de Winant, documentos de
Winant, FDRL. “Raramente, se é que houve alguma vez”: Sperber, p. 256
406 “de algo como estados”: Howland, p. 400. “Nenhum dos aliados”: Daniel J. Nelson,
Wartime Origins of the Berlin Dilemma (Tuscaloosa: University of Alabama Press, 1976), p. 163. “a
uma corrida”: Howland, p. 414. “Nunca antes”: Ibid., p. 412. “a organização interaliada
mais bem-sucedida”: Ibid. “signi cativos feitos”: Ibid., p. 311. “Nas nossas reuniões”:
Nelson, p. 23
407 “A máquina”: Sherwood, p. 843. “Ele era uma alma”: Bellush, p. 226.“Nunca em
minha vida”: entrevista com Arthur Coyle, documentos de Bellush, FDRL
408 “uma exaustão profunda”: Mary Lee Settle, “London-1944,” The Virginia Quarterly
Review, outono de 1987. “curiosasensação”: Sevareid, p. 510. “Livre!”: Sarah Churchill, Keep
On Dancing, p. 159
409 “O senhor não quer vê-la”: Bellush, p. 228. “A diferença”: Colville, Footprints in
Time, p. 156
410 “Ficou agora obviamente”: Dimbleby e Reynolds, p. 188. “tão próximos
daindigência”: Abramson, p. 413. “Estão os senhores fazendo”: Louis Fischer, “The Essence
of Gandhism,” Nation, 6 de dezembro de 1947. “para se certi car”: entrevista de Dean Dexter
com Abbie Rollins Caverly 411 “Ao minúsculo vale”: New York Herald Tribune, 5 de novembro
de 1947, documentos de Winant, FDRL. “afetou o povo”: “British Mourn Winant,” New York
Times, 5 de novembro de 1947. “caminhou com a Inglaterra”: Daily Express, sem data,
documentos de Winant, FDRL. “No que ele disse”: New York Herald Tribune, 5 de novembro
de 1947, documentos de Winant, FDRL. “É terrível”: Manchester Guardian, 5 de novembro de
1947.
412 “Será que”: Bellush, p. viii. “uma verdadeira baixa”: Eleanor Roosevelt, coluna “My
Day,” sem data, documentos de Winant, FDRL. “Perdi um de meus amigos”: New York Times,
5 de novembro de 1947. “Ele não poderia ter sido”: entrevista do autor com Rivington
Winant. “a autodestruição”: Thompson, p. 217
413 “Que desperdício!”: Sperber, p. 298. “os meninos de ouro”: Cloud e Olson, p. 244.
“os anos sombrios e gloriosos”: R. Franklin Smith, p. 80
414 “deixara toda a sua”: Ibid., p. 75. “o noticiário, seuhobby”: entrevista com Don
Hewitt. “indivíduo”: Jack Gould, “Edward R. Murrow: 1908-1965,” New York Times, 2 de maio
de 1965
415 “Murrow foi um 'inglês honorário'”: “Britain Mourns a Friend,” New York Times, 28
de abril de 1965. “superdiplomata”: “Ex-Gov. Averell Harriman, Adviser to 4 Presidents, Dies,”
New York Times, 27 de julho de 1986. “desinteressado, distante”: Abramson, p. 409. “sexo
pairava”: Cloud e Olson, p. 197
416 “Ninguém foi tão longe”: Isaacson e Thomas, p. 603. “ele foi o auxiliar”: E.J. Kahn,
“Pro les: Plenipotentiary-1,” New Yorker, 3 de maio de 1952. “reformulação do papel”:
Isaacson e Thomas, p. 407. “Todos têm as suas”: Schlesinger, p. 249. “Estou con ante”: New
York Times, 27 de julho de 1986
417 “Minha querida,”: entrevista de Pamela Harriman com Christopher Ogden, documentos
de Pamela Harriman, LC
418 “Ela serviu”: entrevista com o reverendo J. Parker Jameson 419 “Nenhum outro país”:
Burk, p. 578
420 “Eis uma gente”: Hitchens, p. 302. “A vinda dos americanos”: Longmate, The G.I.'s,
p. 375. “O que quer que aconteça”: Ibid., p. 376. “Acho que entendo”: Ibid. “Amei
Londres”: Pyle, Brave Men, p. 315. “Os anos em Londres”: Middleton, p. 186. “Fico
envergonhado”: Saroyan, p. 238
421 “Cada inglês”: Arbib, pp. 210-11. “Paris morreu”: radiodifusão de Sevareid, 4 de
outubro de 1940, NA
Bibliogra a
MATERIAL DE ARQUIVO
ARQUIVOS ESCRITOS DA BBC, READING, REINO UNIDO