Você está na página 1de 7

A ERA DOS IMPÉRIOS

Capítulo 13.
DA PAZ À GUERRA

Livro: Eric Hobsbawm


Resumo: Samara Jhowsyllen
Instituto Federal do Maranhão – IFMA
Técnico em Design de Móveis
Disciplina: História III – Turma: 504

RESUMO
A ERA DOS IMPÉRIOS CAP. 13
“Da paz à guerra”

Prof.: Gilmary Façanha


Aluna: Samara Jhowsyllen

São Luís, 01 de abril de 2023


DA PAZ À GUERRA
Ao iniciar o capítulo, o autor cita um movimento das vanguardas europeias, o
futurismo, que é marcado pela publicação do primeiro manifesto futurista, onde
Marinette o autor do manifesto, glorificava guerras e a violência e dizia que a tal era a
única higiene do mundo.
Em agosto de 1914, a figura de um conflito entre potências vinha assombrando e
impregnando a vida dos europeus, a maioria das pessoas deste continente entre 80 e 50
anos viveram uma parte de duas guerras mundiais ou uma parte de uma delas, mesmo as
pessoas nascidas depois desses eventos, conheceram raros anos onde os países não
estavam em guerra e viveram suas vidas com receio de um terceiro conflito mundial vir
à tona.
"à guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas num lapso de tempo
durante o qual o desejo de rivalizar através de batalhas é suficientemente conhecido".
Filósofo Thomas Hobbes.
Como observou Thomas Hobbes, quem pode negar que essa não seja a situação do
mundo desde 1945?
A paz era um estado de vida esperado por todos os europeus. Desde 1815 não houve
sequer uma situação de conflito envolvendo as potências europeias. Desde 1871 não
houve uma nação europeia que ordenou que homens armados atirassem em uma nação
similar. As grandes potências escolhiam alvos fracos e fáceis e não-europeus, é claro,
com a intenção de derrotá-los facilmente, a não ser quando eram pegos de surpresa;
como por exemplo os boers, que deram bastante trabalho aos britânicos e os japoneses
que conquistaram seu lugar entre as grandes nações ao derrotar a Rússia 1904-1905.
Os balcãs eram conhecidos como barril de pólvora da Europa, foi ali que a explosão
global de 1914 se iniciou.
A possibilidade prevista de uma guerra generalizada na Europa fora, preocupava tanto
os governos quanto as administrações e o público mais amplo. No início da década de
1870, a ficção e a futurologia, produziram sobre uma futura guerra na Grã-Bretanha e na
França. Na década de 1880, Friedriech Engels já analisava uma probabilidade de uma
futura guerra, enquanto o filósofo Nietzche saudava a militarização que só crescia na
Europa e previu uma guerra de “diria sim ao animal bárbaro e selvagem que existe entre
nós”. Nessa mesma década a preocupação era tanta que gerou o Congresso Mundial
(Universal) para a Paz, os governos declararam seu compromisso decidido com as
reuniões e conferências em prol da paz. Nos anos de 1900, a guerra ficou visivelmente
mas próxima e logo 10 anos depois podia ser considerada um evento eminente.
E, contudo, seu aparecimento repentino não era realmente esperado. Nem em seus
últimos dias de crise internacional irreversível de julho de 1914, os homens de estados,
dando passos fatais, acreditavam que realmente estivessem dando início a uma guerra
mundial. Aos que se opunham a guerra, não poderiam acreditar que o momento tão
predito por eles chegou. Quase no final de julho, assim que a Áustria declarou guerra á
Sérvia, os líderes do socialismo internacional ainda acharam que aquela situação
poderia ser revertida e que eles poderiam achar uma solução pacíficas juntos. Victor
Adler disse “Eu, pessoalmente, não acredito que haverá uma guerra generalizada”. Nem
aqueles que apertavam os botões da destruição acreditavam, não porque eles não
acreditavam e sim porque era independente da vontade de tais. Aqueles que haviam
construído os mecanismos e que haviam ligado os interruptores estavam vendo com
seus próprios olhos e incrédulos de que suas máquinas estavam em movimentos.
O serviço militar obrigatório agora tornar-se norma em todas as nações de peso, com
exceção da Grã-Bretanha e Estados Unidos, embora nem todos os rapazes se alistassem;
e com o progresso dos movimentos de massa socialistas, as vezes generais e políticos se
sentiam nervosos em pensar em pôr armas nas mãos de proletariados revolucionários.
Para os recrutas comuns, mais familiarizados com o serviço militar, isso era como um
rito de passagem de um garoto para a vida adulta.
Para os governos, o exército não era só as forças para enfrentar inimigos dentro e fora,
mas também uma forma de garantir lealdade entre eles, naturalmente os soldados e as
vezes, os marinheiros desempenhavam suas funções básicas. Podiam ser mobilizados
contra desordens e protestos em momento de perturbações e de crise social. Os
governos em especial, precisavam tomar cuidado com a opinião pública e as opiniões de
seus eleitores, costumavam ter esse tipo de cuidado ao confrontar as tropas com risco de
atirar em seus compatriotas, as consequências políticas de tiros contra civis podiam ser
bem ruins e recusar fazer algo poderiam ser piores. Todavia, as tropas eram mobilizadas
com bastante frequência.
Os britânicos se preparavam para uma participação apenas modesta na guerra terrestre,
embora ficasse cada vez mais evidentes para os generais que faziam os preparativos
para cooperar com os aliados franceses, nos anos que precederam 1914, que exigiria
muito mais deles. Mas, de uma forma geral, foram os civis que previram as terríveis
transformações da guerra, graças aos avanços tecnológicos militar que os generais
demoraram a entender.
Enquanto apenas observadores civis compreendiam o caráter catastrófico da futura
guerra, alguns governos que não entendiam se lançavam entusiasticamente à corrida
para se equipar com armamentos necessários. Uma consequência óbvia foi que os
preparativos para a guerra se tornaram muito mais caros, especialmente porque os
estados, estavam competindo uns com os outros para manter a primeira posição ou ao
menos para não cair para a última. Essa corrida armamentista comentou de maneira
“inocente” no final de 1880. Os gastos militares britânicos permaneceram estáveis
durante 1870 e 1880, mas passou de 32 milhões em 1887 a 44,1milhões de libras
esterlinas em 1898-1899 e mais de 77 milhões em 1913-1914.
Uma consequência de gastos tão elevados foi a necessidade complementar de impostos
mais altos, ou empréstimos inflacionários, ou os dois. O Estado se tornou essencial para
certos setores da indústria, pois os governos constituem a clientela dos armamentos. Os
bens que essas industrias produziam eram determinados pela interminável concorrência
dos governos, eles tinham que zelar para que suas indústrias mantivessem sua
capacidade de produção altamente excedente para tempos de paz.
Assim, de uma forma ou de outra, os estados eram obrigados a garantia a existência de
poderosas indústrias nacionais de armamentos, arcar com boa parte do custo de seu
desenvolvimento técnico e a fazer com que permanecessem rentáveis.
Como moderno “complexo industrial militar” dos EUA, essas concentrações industriais
gigantescas não teriam sido nada sem a corrida armamentista desses governos.
Contudo, a guerra mundial não pode ser explicada como uma conspiração de fabricantes
de armas, mesmo fazendo os técnicos, com certeza, o máximo para convencer generais
e almirantes, mais familiarizados com paradas militares do que com a ciência, de que
tudo estaria perdido se eles não encomendassem o último tipo de arma e navios de
guerra. Não há dúvidas de que o acúmulo desses armamentos que atingiram proporções
enormes nos últimos cinco anos antes de 1914, tornou a situação ainda mais explosiva.

A discussão sobre a primeira Guerra Mundial tem sido contínua desde agosto de 1914.
A medida que as gerações se sucediam, que a polícia ia sendo transformada, o debate
foi ressurgindo. Mal a Europa se afundou nessa catástrofe, as pessoas começaram a se
perguntar o porquê a diplomacia internacional não conseguiu evitá-la. Aqueles que se
opunham à guerra iniciaram imediatamente suas análises. Os aliados vitoriosos criaram
a tese de culpa de guerra, para eles a Alemanha era a culpada, pedra angular do tratado
de Versalhes de 1919 e geradora de vários textos documentários e propagandas
históricas a favor ou contra essa tese. A Segunda Guerra Mundial fez esse debate ser
retomado, e foi revigorado alguns anos depois. As discussões sobre os perigos da paz
mundial, por motivos óbvios nunca cessaram, procuram de uma forma ou de outra
possíveis paralelos entre as origens das guerras mundiais passadas e as que
perspectivamente iriam acontecer.
Assim, as origens da Primeira Guerra eram uma questão de extrema importância.
Nessas circunstâncias, qualquer historiados que tente explicar, por que ocorreu o
primeiro conflito mundial, tende a mergulhar em águas fundas e turbulentas.
As pessoas estavam interessadas em saber de quem era a culpa, que claro, se refere a um
julgamento moral e político. Mas Hobsbawm diz no livro: “Se estamos interessados em
saber por que um século de paz europeia cedeu o lugar a uma época de guerras
mundiais, perguntar de quem foi a culpa é tão fútil quanto perguntar se Guilherme, o
Conquistador, tinha um motivo legal pra invadir a Inglaterra”.
É claro que nas guerras, as responsabilidades muitas vezes podem ser identificadas. Seja
como for, todo mundo sabe que o governo de todos os estados no século XIX, por mais
preocupados com as suas relações públicas, consideraram uma guerra uma contingência
normal da política internacional e eram honestos o bastante para admitir que bem
podiam tomar a iniciativa militar.
Entretanto, é indubitável que nenhum governo de qualquer uma das grandes potências
de antes de 1914 queria uma guerra europeia generalizada, seja mesmo um conflito
militar restrito com outra grande nação europeia. Até as mais graves crises de Marrocos
nem 1906 e 1911, foram controladas.
É óbvio que as nações estavam longe de quererem ser pacíficas, e muito menos
pacifista. Elas se preparavam para uma guerra europeia, mesmo fazendo seus ministros
da Relações Exteriores o máximo para evitar o que eles unanimemente consideravam
uma catástrofe. Ou seja, ao mesmo tempo em que eles estavam atirando, eles estavam
torcendo que alguém intervisse e dissesse que tudo iria se resolver com um certo acordo
para a paz, a questão é que quase todas as potenciais inicialmente envolvidas,
esperavam a mesma coisa: um acordo para tudo se resolver de forma pacífica, sem
envolver a integridade de seus países.
Nos anos 1900, nenhum governo tinham objetivos que, só puderam ser atingidos por
meio da guerra ou da ameaça de uma tal, como tinha Hitler em 1930. Até a Alemanha,
só usou a oportunidade oferecida pela fraqueza e isolamento temporário da França para
fazer avançar as suas reivindicações imperialista sobre Marrocos. Nenhum governo de
potências importantes queria uma guerra de tamanha proporção. O imperador Francisco
José, ao anunciar a guerra a seus triste súditos disse: “ Eu não quis que isso
acontecesse”, mesmo tendo sido seu governo que, de fato, a provocou.
O máximo que se pode afirmar é que, a partir de um certo ponto onde lento escorregar
para o abismo, a guerra pareceu tão inevitável que alguns governos decidiram que a
melhor coisa a se fazer era esperar o momento certo para iniciar seus trabalhos. Sem
dúvida, durante a crise final de 1914, provocada pelo assassinato do arquiduque
Francisco Ferdinando, por um estudante terrorista numa cidade de província Balcãs, a
Áustria sabia que corria o risco de uma guerra mundial ao provocar a Sérvia; e a
Alemanha após decidir dar total apoio à sua aliada só deixou a guerra ainda mais
visível. A Alemanha e o Ministro austríaco seguiam a mesma linha de raciocínio “A
balança está pendendo contra nós, não é melhor guerrear antes que pendesse mais?”.
Apenas nessa linha restrita a pergunta sobre quem é o culpado da guerra começa a fazer
sentido. Mas no verão de 1914, podemos ver que a paz foi anulada por todas as nações,
até mesmo os britânicos, que os alemães tinham certeza de que ficariam neutro no meio
de todo aquele caos.
Portanto descobrir a origem da Primeira Guerra Mundial, não é o mesmo que descobrir
o culpado de tal. Ele repousa na natureza de uma situação internacional em processo de
deterioração progressiva, que escapava cada vez mais ao controle dos governos.
“Gradualmente a Europa foi se dividindo em dois blocos opostos de grandes nações.
Tais blocos, fora de uma guerra, eram novos em si mesmos e derivavam,
essencialmente, do surgimento no cenário europeu de um Império Alemão unificado,
constituído entre 1864 e 1871 por meio da diplomacia e da guerra, às custas dos outros,
e procurava se proteger contra seu principal perdedor, a França, através de alianças em
tempos de paz, que geraram contra-alianças”
Hobsbawm cita no texto a formação da Tríplice Entente e a Tríplice Aliança.
Contudo, não havia diferenças entre as tensões internacionais que levaram à Primeira
Guerra Mundial e as que subjacente ao perigo de uma terceira.
Uma vez era óbvio que a Áustria, envolvida nos turbulentos assuntos dos Balcãs devido
a seus problemas multinacionais e mais do que nunca, depois de ter conquistado a
Bósnia-Herzegovina em 1878.
Embora as relações internacionais tenham ficado mais tensas, era pouco inevitável uma
guerra europeia generalizada., quanto mais não seja porque os problemas que
separavam a França da Alemanha não tinham interesses para a Áustria, e os que
representavam um risco de conflitos entre a Áustria e a Rússia eram insignificantes para
a Alemanha.
A Tríplice Entente foi surpreendentemente tanto para os inimigos como para os aliados
britânicos. A Grã-Bretanha não tinha tradição nem qualquer motivo permanente de
atrito com a Prússia. Por outro lado, a Grã-Bretanha fora antagonista quase automática
as França em quase todas as guerras europeias desde 1688. Mesmo isso não sendo mais
verdade, quanto mais fosse porque a França deixará de ser capaz de dominar o
continente, o atrito entre os dois países era visivelmente crescente, ao menos porque
ambos competiam pelo menos território e influência como nação imperialista.

O desenvolvimento do capitalismo empurrou o mundo inevitavelmente em direção a


uma rivalidade entre os Estados, à expansão imperialista, ao conflito e à guerra, Após
1870, como os historiadores mostraram,
"a passagem do monopólio à concorrência talvez tenha sido o fator isolado mais
importante na preparação da mentalidade propícia ao empreendimento industrial e
comercial europeu. Crescimento econômico também era luta econômica — luta que
servia para separar os fortes dos fracos, para desencorajar alguns e endurecer outros,
para favorecer as nações novas e famintas às custas das antigas. O otimismo em relação
a um futuro de progresso indefinido cedeu o lugar à incerteza e a um sentimento de
agonia, no sentido clássico do termo. Tudo isso, por sua vez, reforçando e sendo
reforçado pelo acirramento das rivalidades políticas, as duas formas de concorrência que
surgiam".
A economia mundial deixara de ser totalmente, um sistema solar girando em torno de
um estrela única, a Grã-Bretanha. Embora as transações financeiras e comerciais do
planeta ainda passassem por Londres, a Grã-Bretanha já não era a “oficina do mundo”,
nem seu principal mercado importador. Ao contrário, o seu declínio relativo era patente.
O capítulo se encerra falando que o fato de a guerra ter sido um momento de
transposição de uma fronteira histórica, teria sido reconhecido como algo mais que uma
conveniência pedagógica? Hobsbawm diz que provavelmente sim, apesar da esperança
muito disseminada numa guerra curta, num retorno previsível à vida normal e à
“normalidade” retrospectiva identificada a 1913, presente em tantas opiniões registradas
até 1914.

“Temos vivido, desde agosto de 1914, no mundo de guerras, levantes e explosões


monstruosas que Nietzsche profeticamente anunciou. É isto que envolve a era anterior a
1914 com a névoa da
nostalgia, uma tênue idade de ouro, de ordem e de paz, de perspectivas não
problemáticas. Tais projeções passadas de bons velhos tempos imaginários pertencem à
história das últimas décadas do século XX, e não das primeiras. Os historiadores dos
dias anteriores ao apagar das luzes não pensavam nelas. Sua preocupação central, que
perpassa este livro, deve ser a de entender e mostrar como a era da paz, da civilização
burguesa confiante e cada vez mais próspera, e dos impérios ocidentais, carregava
inelutavelmente dentro de si o embrião da era da guerra, da revolução e da crise que
marcou seu fim.”
Assim finaliza Hobsbawm.

A Primeira Guerra Mundial, além de 9 milhões de mortos e 30 milhões de feridos,


deixou vários efeitos, como por exemplo: o desenvolvimento de vários armamentos de
guerra; a desintegração dos impérios Otoman e Austro-húngaro; o fortalecimento dos
EUA no cenário político e militar mundial; a criação da liga das nações com o intuito de
promover a paz mundial; geração de crise econômica na Europa em função da
devastação e põe gastos militares elevadíssimos; surgimento de revanchismo na
Alemanha, após as duras penalidades impostas pelo Tratado de Versalhes, o que é uma
das razões para a Segunda Guerra Mundial.

Você também pode gostar