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Entre 1914 e 1918, países dos cinco continentes se envolveram em uma guerra que matou mais de 8 milhões
de pessoas. Era a Primeira Guerra Mundial.
A PAZ ARMADA: No final do século XIX e início do século XX, a partilha de territórios da Ásia e da África
entre alguns países europeus e o acelerado processo de industrialização do continente europeu
estabeleceram um novo equilíbrio de forças. Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, Império Austro-Húngaro
e Itália projetaram-se como as maiores potências do continente devido ao declínio do Império Turco
Otomano.
Para assegurar-se de que não haveria ameaças mútuas, as grandes potências europeias passaram a
modernizar e fortalecer seus exércitos: instituíram o serviço militar obrigatório, fortificaram suas fronteiras e
investiram em armas cada vez mais sofisticadas. Além disso, buscaram formar alianças a fim de se
fortalecerem ainda mais. Em 1882, a Alemanha, o Império Austro-Húngaro e a Itália formaram a Tríplice
Aliança. Em resposta, em 1907, a Inglaterra, a França e a Rússia se uniram por meio da Tríplice Entente.
Embora evitassem o confronto direto, vigorava entre as potências europeias uma paz tensa e instável. Por
isso, esse período ficou conhecido como o da paz armada.
O forte nacionalismo dos povos europeus instigava a rivalidade entre as nações. Os franceses, por exemplo,
nunca se resignaram ao fato de ter perdido a região da Alsácia-Lorena para os alemães no fim da Guerra
Franco-Prussiana (1870). Os alemães e os italianos, por sua vez, passaram pelo processo de unificação
territorial tardiamente e, por isso, ficaram insatisfeitos com a parte que lhes coube dos territórios da África e
da Ásia.
Nos Bálcãs viviam povos de diversas etnias e culturas, como gregos, eslavos, sérvios, croatas, turcos e
búlgaros, que estavam sob o domínio do Império Turco Otomano desde o século XV, aproximadamente.
Ainda no século XIX, eles começaram a se mobilizar pela emancipação. Os primeiros a obter êxito foram os
gregos, cuja independência foi conquistada em 1821. Em 1878, Sérvia, Montenegro e Romênia também
conquistaram sua autonomia política, apoiados pelos russos, que buscavam aumentar sua influência
naquele território.
Em 1908, a Bósnia-Herzegovina foi formalmente anexada ao Império Austro-Húngaro. A medida reacendeu
o nacionalismo dos povos da península. Os sérvios – interessados no território – foram os principais
opositores da anexação.
BRUTALIDADE SEM PRECEDENTES: O conflito durou quatro anos, envolveu muitas nações e foi marcado
por uma brutalidade sem precedentes. Além de armamentos já conhecidos, como morteiros, granadas,
canhões e metralhadoras, pela primeira vez utilizaram-se armas químicas, submarinos e lança-chamas. Pela
primeira vez, aviões foram empregados para bombardear tropas em terra.
As rivalidades entre as nações foram acirradas também pelas campanhas publicitárias, muitas delas
mentirosas, criadas nos dois lados das frentes de batalha.
Cartazes e pôsteres procuravam retratar o inimigo como “selvagem” ou “bárbaro” e estimulavam o
nacionalismo e a xenofobia (ódio aos estrangeiros) da população.
No início, o conflito caracterizou-se pela chamada guerra de movimento: as tropas procuravam se mobilizar
rapidamente em campo aberto, com o propósito de conquistar territórios. A tática, porém, revelou-se
infrutífera: os avanços territoriais eram pequenos e as perdas humanas eram muito grandes.
Os chefes militares adotaram, então, a guerra de posições ou de trincheiras. Utilizada durante quase todo
o conflito, essa tática consiste em abrir valas estreitas, profundas e de grande extensão – protegidas por
rolos de arame farpado – no terreno. Nelas, os combatentes mantinham fogo permanente contra o inimigo,
mas se defrontavam com novas adversidades: lama, frio, ratos, doenças, etc.
Dois fatos foram cruciais para o fim da guerra. Um deles foi a entrada dos Estados Unidos, em abril de 1917,
ao lado dos países da Entente – chamados genericamente de aliados. O outro ocorreu em março de 1918,
quando o governo da Rússia decidiu sair da guerra.
Os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha graças a um anúncio feito pelo imperador Guilherme II,
que afirmou que iniciaria uma guerra total com submarinos, ameaçando inclusive afundar sem aviso prévio
os navios neutros a caminho dos portos britânicos. Com a entrada dos estadunidenses, os aliados tiveram
êxito devido ao grande número de soldados enviados pelo presidente Woodrow Wilson, o que obrigou os
adversários a recuar.
Em 30 de outubro de 1918, o governo turco otomano se rendeu; pouco depois, em 3 de novembro, foi a vez
do governo austro-húngaro firmar sua rendição; no dia 11 de novembro, finalmente, os alemães também se
renderam, reconhecendo a derrota.
A Primeira Guerra Mundial chegou ao fim depois de ter provocado, segundo estimativas, a morte de oito
milhões de pessoas, além da invalidez de outras 20 milhões. O número de órfãos, desempregados e
desabrigados também chegou aos milhões.
ACORDOS DE PAZ: Ao fim dos combates, iniciaram-se os acordos diplomáticos que definiram o novo mapa
europeu e os termos da paz mundial. O mais conhecido deles foi o Tratado de Versalhes, firmado em junho
de 1919.
Em seu conjunto, os acordos de paz alteraram substancialmente a configuração geopolítica da Europa
naquele momento:
• A Alemanha foi o país que sofreu o maior número de sanções (punições). O país foi obrigado a devolver
os territórios da Alsácia-Lorena à França, perdeu suas colônias, e suas forças armadas sofreram importantes
restrições: não poderiam ultrapassar mais de 100 mil homens nem ter armamentos estratégicos, como
canhões e submarinos, por exemplo. Além disso, o governo alemão teve que assumir uma dívida
indenizatória milionária com os países vencedores.
• O Império Austro-Húngaro desintegrou-se, dando origem a três novos países: Áustria, Hungria e
Tchecoslováquia.
• O Império Turco Otomano também desapareceu e deu origem à Turquia. Seu território foi desmembrado
e boa parte dele passou para o controle de franceses e ingleses.
• Por proposta do presidente estadunidense Woodrow Wilson, em 1920 foi criada a Liga das Nações,
associação de vários países com sede em Genebra, na Suíça, destinada a garantir a paz e a segurança
mundial.
Em termos econômicos, a guerra deixou a Alemanha arrasada e trouxe vantagens importantes para os
Estados Unidos. Enquanto se mantiveram neutros, os estadunidenses obtiveram lucros enormes com a
venda de armas e alimentos aos governos dos países envolvidos no conflito. Ao mesmo tempo, fizeram
vultosos (grandiosos) empréstimos aos governos da França e da Inglaterra.
Assim, ao terminar a guerra, os Estados Unidos haviam se transformado na maior potência econômica do
mundo, passando a ocupar o posto que até então pertencera à Inglaterra.
Fonte: História: passado e presente. Gislane Azevedo, Reinaldo Seriacopi. 1ª Edição. São Paulo: Ática.
ATIVIDADES
1.“O campo de batalha é terrível. Há um cheiro de azedo, I- A Primeira Guerra Mundial tem suas motivações ligadas
pesado e penetrante de cadáveres. Homens que foram às disputas nacionalistas e imperialistas articuladas à
mortos no último outubro estão meio afundados no pântano política de alianças das grandes potências da época;
e nos campos de nabos em crescimento. As pernas de um II- A entrada da Rússia na guerra, logo após a Revolução
soldado inglês, ainda envoltas em polainas, irrompem de Russa, foi decisiva para o desfecho favorável aos países
uma trincheira, o corpo está empilhado com outros; um da Tríplice Entente;
III- Não houve participação brasileira na Primeira Guerra,
soldado apoia o seu rifle sobre eles. Um pequeno veio de
pois a organização do país como República, imprescindível
água corre através da trincheira, e todo mundo usa a água
para a formação de tropas militares, ainda era muito
para beber e se lavar; é a única água disponível. Ninguém recente;
se importa com o inglês pálido que apodrece alguns passos IV- A Revolução Científico-Tecnológica do século XIX
adiante”. influenciou diretamente o conflito, tanto pelas disputas
BINDING, Rudolf Georg. Um fatalista na guerra. In: MARQUES, imperialistas como pelo uso, nas batalhas, de recursos
Adhemar et alii. História contemporânea através de textos. 11. ed. São
Paulo: Contexto, 2005. p. 119.
como granadas, tanques, aviões e armas químicas.