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RECIFE
2021
HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: O breve século XXI. São Paulo: Companhia das
Letras, 1995.
TÓPICO 1, COMENTÁRIO:
Existe um termo que Lênin utiliza em suas Teses de abril que acho muito interessante:
a definição da Primeira Guerra como a “guerra mundial imperialista”. 1 Lênin afirma que as
potências capitalistas faziam a guerra para assumir a supremacia econômica do mundo,
partilhar territórios de nações mais frágeis e para salvaguardar um “capitalismo agonizante”.
Não pretendo entrar nos méritos dessa afirmação, todavia, pelo menos em parte ela parece
casar com o que Hobsbawn fala, ao afirmar que a Guerra não tinha caráter ideológico, mas
sim econômico. Por mais que possamos considerar as ideias capitalistas como de caráter sim
ideológico, não vamos adentrar esse debate, mas sim apenas focar na questão econômica que,
ideológica ou não, ocorreu. Esse parece ser o fio condutor da argumentação de Hobsbawn, ou
seja, os países só entraram numa guerra de “tudo ou nada” porque buscavam atingir objetivos
econômicos ilimitados.
A afirmação de que na Era dos Impérios política e economia haviam se fundido denota
isso tudo. A rivalidade política internacional levou, por exemplo, a Alemanha a desejar um
status político global, como tinham os britânicos, ou os franceses a desejar superar sua
inferioridade demográfica e econômica frente à Alemanha. A guerra, assim, era incólume e
significaria vitória total ou derrota esmagadora. Por isso mesmo a Alemanha sofreu tanto
depois de sua derrota na guerra: na visão dos franceses, por exemplo, os germânicos fora do
jogo político-econômico era exatamente o objetivo. Ou seja, era a vitória total para a França e
o extremo oposto para a Alemanha.
Toda essa luta de interesses e esses milhões de mortes obviamente colocaram fim a
parte da ideia de progresso que existia. Ora, como poderia a humanidade estar progredindo
depois de tantos massacres? Isso surpreende, pois Hobsbawn afirma que a ideia
neocolonialista de “levar a civilização”, o “progresso”, para os “países atrasados” ainda
continuou mesmo após o fim da Primeira Guerra. Enfim, a Primeira Guerra escancarou os
objetivos econômicos das potências e destruiu parte das ilusões de progresso da humanidade,
destroçou diversas nações no Ocidente e Oriente, assim como instigou revoluções em diversos
espaços. Era a “Era do massacre” e os sonhos de paz pareciam impossíveis frente aos
interesses megalomaníacos.
1
ENGELS, Friederich; LÊNIN, Vladimir Ilitch; MARX, Karl. Manifesto Comunista/Teses de Abril. São Paulo:
Boitempo, 2017. P.75.
TÓPICO 2, RESUMO: Esse tópico é destinado a Segunda Guerra Mundial.
Hobsbawn começa afirmando que, diferentemente da Primeira Guerra, a Segunda teve
motivadores muito mais claros: alemães, japoneses e italianos. Segundo ele, os Estados
carregados na luta contra essas três nações não queriam a guerra, e dessa forma “duas
palavras” poderiam resumir o que causou a guerra: Adolf Hitler.
A situação do mundo pós-Primeira Guerra era instável, e o fim da paz já esperado. Por
causa da derrota na Primeira Guerra e do Tratado de Versalhes, a Alemanha, por exemplo,
tinha muitas razões para buscar a guerra. Os japoneses estavam insatisfeitos, assim como os
italianos, que desejavam um controle imperial. Japão e Alemanha buscavam isso: territórios
que os ajudassem a ter recursos na luta pela economia moderna. A guerra começara
meramente europeia, mas os erros de cálculo militar de Hitler e dos japoneses os levaram a
uma guerra que envolveu os EUA, potência decisiva na Primeira Guerra.
A Alemanha buscou uma rápida investida, e de roldão subjugou Noruega, Dinamarca,
Países Baixos, Bélgica e França. A guerra tornava-se, assim entre alemães e britânicos,
todavia os italianos também acabaram descendo para a guerra junto aos germânicos. A
Alemanha também partiu para invadir a URSS, buscando território, recursos e mão de obra
escrava, mas subestimou as forças soviéticas. Já o Japão queria formar um império na Ásia
que os EUA não desejava permitir. Era a entrada os estadunidenses na guerra. Hobsbawn
pontua: “não havia como o Japão vencer essa guerra” e de fato foram destroçados com os
ataques nucleares de Hiroshima e Nagasaki.
O erro de por os EUA na guerra não foi apenas japonês: mesmo cansados pela guerra
contra os soviéticos, Hitler declarou gratuitamente guerra contra os EUA. Hobsbawn afirma
que, diferente da Primeira Guerra, a Segunda era de caráter ideológico, ou seja, os que
guerreavam contra a Alemanha julgavam ser uma luta de vida ou morte contra os interesses
nazistas. O destino da vitória alemã seria escravização e guerra, tendo em vista o que os
alemães fizera, por exemplo, com os judeus nos campos de extermínio.
TÓPICO 3, RESUMO: Neste tópico o autor trata acerca das questões administrativas
da guerra. Ele diz que as guerras mundiais movimentaram as populações inteiras dos seus
países, o que exigia também um movimento de igual totalidade na economia. Ele afirma que
antes do século XX as guerras que movimentavam toda uma sociedade nacional eram
excepcionais, mas a partir dele se tornam uma constante maior. Ele diz que as guerras a partir
de 1914 se tornam “guerras de massa” em todos os sentidos, tanto em material humano,
quanto econômico e bélico. Ou seja, a guerra passou então a movimentar sociedades em sua
totalidade, não mais partes dela.
Por causa desse uso massivo de materiais, toda a indústria teve que se mover em torno
disso, como foi o exemplo da indústria bélica, para as armas, e a indústria de roupa, para os
fardamentos. Ele resume: “a guerra em massa exigia produção em massa”. A guerra, assim,
exigia organização e administração para que os objetivos fossem alcançados. Muitas
indústrias bélicas tinham que produzir mensalmente milhões de armamentos, por exemplo,
mas como pagar tudo isso? Os governantes buscavam a vitória de toda forma e se esqueciam
que ela tinha um custo, tanto financeiro, quanto de vidas. Assim ele passa a teorizar acerca de
erros e acertos de diversas economias na guerra, ponto importante, tendo em vista que as
nações combatentes tendiam a ser, pelo menos suas lideranças de aliança, as potências
econômicas mundiais.
Hobsbawn também se detém acerca da evolução tecnológica da guerra. O quanto as
duas guerras mundiais adiantaram o avanço da tecnologia? Para o autor elas tiveram impacto
preponderante, tendo me vista que as nações em paz dificilmente despenderiam de tantos
meios econômicos para alavancar as tecnologias. Inventar e produzir novos armamentos, por
exemplo, se tornara algo essencial para vencer a guerra. A bomba atômica, por exemplo,
segundo ele não teria se desenvolvido no século XX caso não tivesse existido o medo de que
os alemães se lançassem de forma pioneira nos armamentos nucleares.
Ele termina refletindo se a guerra trouxe crescimento econômico ou não. Em certo
sentido, ele diz, evidentemente que não, pois foram gastos muitos meios produtivos, assim
como boa parte das populações das nações foram dizimadas. Aliás, enquanto os países se
lançavam em uma corrida armamentista seus povos padeciam de fome. Um caso excepcional
foi os EUA, que aproveitou as duas guerras para alcançar um patamar econômico jamais visto
e se colocar como a maior potência econômica da época. Além de estarem longe dos pontos
geográficos de conflito armado, eles eram os principais fornecedores de armamento para a
guerra. Então, ao passo que os países da Europa se destruíam, humana e territorialmente, os
EUA crescia economicamente e se distanciava das outras potências.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- ENGELS, Friederich; LÊNIN, Vladimir Ilitch; MARX, Karl. Manifesto
Comunista/Teses de Abril. São Paulo: Boitempo, 2017.
- HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: O breve século XXI. São Paulo: Companhia
das Letras, 1995.