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Conflitos do Século XX
O Século XX foi um século permeado por guerras, em todas as suas décadas, mas as duas guerras mundiais marcaram-no profundamente.
O período entreguerras
As décadas de 1920 e 1930 foram marcadas pelas tentativas de reestruturação dos países europeus afetados pela
devastação da guerra. O mais afetado deles, a Alemanha, viu seu império ser desmanchado e o regime republicano
conhecido como República de Weimar ser instalado.
A situação política e econômica dos alemães estava tão caótica nesse período que muitos movimentos políticos radicais
ganharam adesão popular, como o movimento espartaquista – facção comunista da Alemanha –, que tentou um golpe
revolucionário em 1919, e o movimento nacional socialista dos trabalhadores alemães, que fundou o Partido Nacional
Socialista dos Trabalhadores Alemães, que ficaria conhecido como Partido Nazista. Adolf Hitler entrou para esse partido
em 1921, dando um novo formato para ele.
Ao mesmo tempo, a Itália, no início da década de 1920, viu a tomada do poder pelos fascistas, liderados por Benito
Mussolini. A Rússia, que havia sofrido a ação revolucionária bolchevique, incorporou ao seu domínio outras nações
eslavas, criando a União Soviética. Com a morte de Lenin, o primeiro líder soviético, em 1924, Stalin tornou-se o
comandante do império soviético. Todo esse cenário é conhecido em História como o “Período entreguerras”, haja vista
que foi o totalitarismo desenvolvido pelos Estados descritos acima que montou o cenário para a Segunda Guerra
Mundial.
Se as guerras entre o Japão e Rússia e nos Bálcãs introduziram a Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Sino-
Japonesa (iniciada em 1937 e só finalizada em 1945) e a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) foram o prefácio da
Segunda. O segundo conflito entre China e Japão acabou incorporando-se, em 1939, à Segunda Guerra europeia, quando
os japoneses aliaram-se à Alemanha nazista e à Itália fascista. Francisco Franco, general espanhol, por sua vez, comandou
a revolução nacionalista com viés fascista na Espanha, tendo recebido forte auxílio dos nazistas. Quando a Alemanha
invadiu a Polônia em setembro de 1939, o cenário da guerra já estava montado.
Desencadeamento da Segunda Guerra
A Segunda Guerra, como postulam alguns historiadores, foi, de certa forma, uma continuação da Primeira, haja vista
que alguns dos motivos eram similares, como o desejo de expansão imperialista da Alemanha, que, sob o jugo de Hitler,
declarou-se como o III Reich (terceiro império). Porém, a devastação e o morticínio dessa guerra foram inigualáveis, sem
contar as atrocidades que foram cometidas fora da zona de combate, como o holocausto nazista e os gulags soviéticos, já
que tanto nazistas quanto comunistas desejam levar a cabo a construção de um império global, como diz o
historiador Timothy Snider, em seu livro Terras de Sangue – A Europa entre Hitler e Stalin:
“Stalin, não menos que Hitler, falava em eliminações e limpezas. Assim mesmo, o raciocínio stalinista para a eliminação
sempre estava relacionado com a defesa do Estado soviético ou com o avanço do socialismo. No stalinismo, o extermínio
em massa nunca seria mais do que uma bem-sucedida defesa do socialismo, ou um elemento na história do progresso
rumo ao socialismo; nunca a vitória política em si. O stalinismo era um projeto de autocolonização, expandindo-se quando
as circunstâncias o permitissem. A colonização nazista, ao contrário, dependia totalmente da conquista imediata e
absoluta de um novo e vasto império no Leste, que teria impedido o desenvolvimento da Alemanha pré-guerra. Ele
entendia a destruição de dezenas de milhões de civis como pré-requisito para seu empobrecimento. Na prática, os
alemães geralmente matavam pessoas que eram cidadãos soviéticos.”[1]
A União Soviética, que desde 1939 havia firmado um pacto de não agressão com os nazistas, rompeu com estes em 1941,
tornando-se a inimiga do “eixo” na Frente Leste. Nos anos seguintes, os aliados ocidentais articularam-se com a URSS em
prol de combater o inimigo em comum. A entrada dos Estados Unidos na guerra, que ocorreu também em 1941, em
razão do ataque japonês à base naval de Pearl Harbor, fez com que a guerra se acelerasse e que tivesse dois grandes
polos: o continental (europeu) e o do Pacífico (batalhas travadas no Oceano Pacífico, em especial nas ilhas japonesas). A
partir desse evento, houve o início da formação da aliança entre Inglaterra, Estados Unidos e outros países a eles
associados contra as chamadas “Potências do Eixo” (Alemanha, Itália e Japão).
Do dia “D” às bombas atômicas
A articulação dos aliados teve o seu cume no chamado Dia D, isto é, uma gigantesca operação militar realizada em 06 de
junho de 1944 que consistia em um projeto de libertação da Europa a partir do litoral francês. O objetivo dessa operação
era liberar a França, a Holanda, a Bélgica e os demais países da Europa Ocidental ocupados pelos nazistas e chegar até a
Alemanha.
Do lado oriental, os soviéticos fizeram também um processo de avanço sobre o espaço nazista até chegar à Alemanha.
Aos poucos, as forças alemãs foram minguando e, em abril de 1945, foi noticiado o suicídio de Adolf Hitler. Em agosto
desse mesmo ano, a guerra chegou ao fim em solo europeu, mas prosseguiu no Pacífico contra o Japão. Foi nesse país
que foram lançadas as duas bombas atômicas, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, em 06 e 09 de agosto,
respectivamente, por um bombardeiro dos Estados Unidos, provocando a morte instantânea de dezenas de milhares de
pessoas. Após essa catástrofe nuclear, a guerra finalmente chegou ao fim com a rendição do Japão em 02 de setembro
de 1945.
Guerra Fria
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, começaram a aparecer as divergências entre as potências vencedoras em razão
das diferentes visões de mundo e dos diferentes projetos políticos. No mundo ocidental, prevaleceu o modelo da
economia de mercado e do sistema democrático de direito. Na Europa Oriental e em grande parte da Ásia, prevaleceu a
economia estatal planificada, regida pelo sistema comunista.
Houve, portanto, paulatinamente, um delineamento geopolítico entre uma zona de influência encabeçada pelos Estados
Unidos, que abrangia a Europa Ocidental, o continente americano e a Oceania, e uma zona de influência soviética, que se
assenhorava da Europa Oriental e de quase toda a Ásia. No começo dos anos 1950, essas divergências passaram a ficar
explícitas e temerosas com o estouro da Guerra das Coreias – em que havia um núcleo apoiado pelos soviéticos (o norte-
coreano) e outro apoiado pelos ocidentais (o lado Sul da Coreia). Essa atmosfera de rivalidade entre superpotências ficou
conhecida como Guerra Fria, que durou até o fim dos anos 1980.
Conflitos na Ásia e no Oriente Médio
Além da Guerra da Coreia, outras guerras que estouraram na Ásia, como a Guerra do Vietnã, tiveram suas fontes nessas
divergências ideológicas entre ocidentais e soviéticos. Além desses conflitos setoriais com motivações político-
ideológicas, outros também tiveram destaque nos primeiros anos da Guerra Fria. Foi o caso dos Conflitos Árabe-
Israelenses, que tinham motivação político-religiosa.
Esses conflitos começaram após o reconhecimento do Estado de Israel, pela ONU, em 1948. Países de orientação
muçulmana, como Egito, Transjordânia, Iraque, Síria e Líbano, não reconheceram a legitimidade da existência do Estado
de Israel e entraram em guerra contra esse país. Muitos outros conflitos ocorreram, no período da Guerra Fria, na região
do Oriente Médio envolvendo o Estado israelense, como a chamada Guerra do Yom Kippur, ocorrida em outubro de
1973. Muitos outros ocorreram entre os próprios muçulmanos, como a Guerra Irã-Iraque.
A Guerra do Vietnã
Para entender o que foi a Guerra do Vietnã, deve-se saber que, gera da por divergências ideológicas entre os governos vietnamitas do Sul e do Norte, teve a participação de EUA.
A Guerra do Vietnã aconteceu entre 1959 e 1975 e foi um conflito entre os dois governos estabelecidos que lutavam pela
unificação do país sob sua liderança. O conflito no Vietnã iniciou-se poucos anos depois de um primeiro conflito ter se
encerrado: a Guerra da Indochina.
No percurso da Guerra do Vietnã, os Estados Unidos envolveram-se diretamente no conflito e, em 1969, chegaram a
enviar mais de 500 mil soldados ao país asiático. A participação americana e a motivação ideológica do conflito são
consequências das tensões da bipolarização do período da Guerra Fria, no qual as ideologias do comunismo e do
capitalismo disputavam a hegemonia do mundo.
Após anos de guerra, acredita-se que de 1,5 milhão a 3 milhões de pessoas tenham morrido no Vietnã. Além disso, o
conflito ficou marcado por cenas de violência contra civis que chocaram o mundo e pelo uso de armas químicas pelos
Estados Unidos, o que causou grave contaminação do solo e até hoje afeta o país, pois aumentou o número de casos de
doenças como o câncer.
Como começou a Guerra no Vietnã?
A Guerra do Vietnã é consequência direta da Guerra da Indochina. Durante esse conflito, que aconteceu entre 1946 e
1954, vietnamitas (em geral, comunistas) lutaram contra o domínio colonial francês na Indochina Francesa – colônia da
França que agrupava Vietnã, Laos e Camboja. Depois desse guerra, o Vietnã garantiu sua independência em duas
entidades ideologicamente distintas.
A independência vietnamita foi estabelecida durante a Conferência de Genebra, em 1954, na qual foi definido também
que o Vietnã seria dividido em duas nações distintas. O Vietnã do Norte, de orientação comunista, seria governado
por Ho Chi Minh e teria Hanói como capital. Já o Vietnã do Sul seria governado por Bao Dai (substituído
por Ngo Diem Dinh em 1955) e teria Saigon como capital. Cada governo seria apoiado
por União Soviética e Estados Unidos, respectivamente.
Na Conferência de Genebra, definiu-se ainda que o Vietnã seria reunificado a partir de eleições marcadas para 1955, no
entanto, o governo de Diem Dinh rejeitou participar das eleições alegando que não acreditava ser possível conduzir
eleições livres no Norte do Vietnã. Ambos os governos existentes no Vietnã eram caracterizados por violações dos direitos
humanos.
Como a tensão entre os dois governos estava alta, o governo de Ho Chi Minh convocou milhares de guerrilheiros
comunistas no Sul do Vietnã a rebelarem-se contra o governo de Diem Dinh. Assim, inúmeros ataques começaram a
acontecer e levaram ao início da guerra em 1959. O governo do Norte construiu uma série de estradas ligando o norte ao
sul para dar suporte aos guerrilheiros, conhecidos como vietcongues.
Como foi a participação americana no conflito?
O presidente Richard Nixon assinou o cessar-fogo que pôs fim à participação americana na Guerra do Vietnã
Desde a Guerra da Indochina, os Estados Unidos viam com preocupação o crescimento do comunismo na região. Em
razão disso, o governo americano começou a tomar medidas para impedir que isso acontecesse também no Vietnã a
partir de 1949, quando a China tornou-se uma nação comunista. A provável influência dos chineses sobre o Vietnã levou
os Estados Unidos a apoiarem os franceses na Guerra da Indochina.
Com a derrota dos franceses e a divisão do Vietnã, os Estados Unidos passaram a apoiar o governo ditatorial instalado no
Vietnã do Sul. Com o início da guerra em 1959, os norte-americanos começaram a fornecer armamentos e treinamento
militar para os exércitos sul-vietnamitas. Essa siitução persistiu até 1965.
A mudança na postura americana na guerra decorreu de transformações ocorridas na presidência dos Estados Unidos,
aliadas à incapacidade do Vietnã do Sul de conter o avanço comunista. Em 1963, o presidente americano John F. Kennedy
foi assassinado na cidade de Dallas e a presidência americana foi ocupada por Lyndon Johnson.
Com Lyndon Johnson, a atuação dos Estados Unidos na guerra alterou-se, principalmente após
o Incidente do Golfo de Tonquim, usado como pretexto para o país participar diretamente do conflito em 1965. Nesse
incidente, uma embarcação americana chamada USS Maddox foi supostamente atacada duas vezes por um torpedeiro
norte-vietnamita em agosto de 1964.
A participação americana no conflito foi marcada por polêmicas, com as cenas dos combates chocando a opinião pública
americana e mundial. O exército americano foi intensamente criticado por promover massacres contra civis de pequenas
aldeias vietnamitas sob a alegação de abrigarem guerrilheiros comunistas.
Além disso, o uso de napalm e de armas químicas também gerou críticas aos americanos. Esses itens eram a resposta
estratégica dos Estados Unidos para a tática de guerrilha adotada pelos vietcongues. O napalm incendiava grandes
trechos de floresta, e o agente laranja (herbicida) era usado para desfolhar trechos da floresta. O objetivo disso era
impedir que os vietcongues usassem a floresta densa como esconderijo.
Imagens da violência dos combates, como os que aconteceram durante a Ofesiva do Tet (ataques organizados pelos
vietcongues contra algumas cidades no Vietnã do Sul), e o crescimento no número de soldados americanos mortos
levaram a intensos protestos nos Estados Unidos pelo fim da guerra. Esses protestos eram organizados, principalmente,
pelos movimentos de contracultura.
Esses fatores pressionaram o presidente Richard Nixon a negociar um cessar-fogo com o governo do Vietnã do Norte.
Esse acordo foi assinado no dia 27 de janeiro de 1973 e oficializou a saída dos Estados Unidos da Guerra do Vietnã. O
exército americano teve 58 mil soldados mortos nessa guerra.
A saída dos Estados Unidos da guerra intensificou o enfraquecimento do Vietnã do Sul, que, em 1973, era governado por
Nguyen Van Thieu. Com a saída americana, as forças comunistas iniciaram ofensivas que resultaram na conquista da
cidade de Saigon, em 1975, e na derrubada do governo sul-vietnamita. Isso pôs fim ao conflito, e o Vietnã foi unificado e
governado pelos comunistas a partir de 1976.
Helicóptero americano lançando o herbicida agente laranja contra área de floresta no delta do rio Mekong, Vietnã
Guerra do Afeganistão
A Guerra do Afeganistão tem início em 1979. Inicialmente era um conflito entre a URSS e afegãos, e mais tarde, os EUA
se envolvem na contenda.
Nessa guerra, que perdura até os nossos dias, a luta é travada entre os Estados Unidos e aliados, contra o regime talibã.
Contexto Histórico
Os principais países europeus foram praticamente destruídos por ocasião da II Guerra Mundial (1939-1945). Por sua
parte, os EUA saíram da guerra com seu parque industrial ileso, passaram a abastecer o mercado mundial e a ajudar
financeiramente esses países. Desta maneira, se ornaram a maior potência do mundo capitalista.
A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), contudo, tornou-se a segunda maior potência mundial e auxiliava
política e economicamente os países do Leste Europeu.
Igualmente estendia sua influência para alguns países da Ásia como o Afeganistão desde a proclamação da sua república,
em 1978.
Os EUA e a URSS eram adversários desde os anos 50 Este período onde ambos os países travam disputas ideológicas é
conhecido como Guerra Fria.
As duas potências nunca se enfrentaram nos campos de batalha diretamente, mas se combateram em várias partes do
mundo. Neste contexto tem início a Primeira Guerra do Afeganistão.
URSS apoia os primeiros, pois considerava o país dentro da sua zona de influência.
Por isso, mantém e apoia o presidente afegão Babrak Karmal (1929-1996) e, em dezembro de 1979, invade o Afeganistão,
dando início à Primeira Guerra do Afeganistão.
O objetivo era solidificar a influência soviética que vinha se deteriorando e pretendia pacificar o Afeganistão por causa da
rebeldia dos grupos guerrilheiros mujahidins, na sequência das revoltas contra o regime comunista. Assim, o confronto é
também conhecido como "Invasão Soviética do Afeganistão".
Os EUA, por sua vez, tomou partido da guerra e passaram a auxiliar economicamente a oposição. Os americanos se aliam
à China e a países muçulmanos, como o Paquistão e a Arábia Saudita.
A URSS ocupou as principais cidades e as bases militares do Afeganistão e essa ação ia revoltando cada vez mais os
rebeldes.
Foi um confronto sangrento de dez anos, no qual os EUA propiciaram o crescimento militar de certos grupos afegãos
contrários ao comunismo. Posteriormente, os antigos aliados se voltariam contra os americanos, na altura em que o
Afeganistão passou a ser governado pelo regime Talibã.
As relações dos EUA com o Afeganistão se viram abaladas com o sequestro e morte do embaixador americano no
Afeganistão.
Também as já difíceis conversas com a União Soviética foram prejudicadas uma vez que os EUA os acusaram de terem
sido responsáveis pelo acontecimento.
Sem condições de sustentar o conflito, em maio de 1988, Mikhail Gorbachev dá ordens para os soldados começarem a
abandonar o território. No conflito, a URSS perdeu 15 mil pessoas.
Soldado afegão entrega uma bandeira a um soviético em maio de 1988 por ocasião da retirada do Exército de Cabul
As décadas seguintes serão marcadas por guerras civis e intervenções internacionais na região, dentre as quais,
destacamos:
Guerra do Golfo (1990-1991)
Guerra do Iraque (2003-2011)
Segunda Guerra do Afeganistão (2001 – presente)
Os atentados de 11 de setembro de 2001, nos EUA, deram início à Segunda Guerra do Afeganistão. Foram executados
pela Al-Qaeda a mando de Osama bin Laden com o apoio do regime talibã.
Nessa altura era presidente dos EUA George W. Bush. Um dos alvos do atentado foi justamente o símbolo do poder
econômico do país – o edifício World Trade Center, conhecido como as torres gêmeas.
Os EUA iniciaram os ataques ao Afeganistão no dia 7 de outubro de 2001, com o apoio da OTAN, mas contrários à
vontade da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo era encontrar Osama bin Laden, seus apoiantes e acabar
com o acampamento de formação de terrorista instalado no Afeganistão, bem como o regime talibã.
Somente em 20 de dezembro do mesmo ano, o Conselho de Segurança da ONU autorizou, por unanimidade, uma missão
militar no Afeganistão. Esta deveria durar apenas seis meses e proteger os civis dos ataques dos talibãs.
Declararam o seu apoio aos EUA o Reino Unido, o Canadá, a França, a Austrália e a Alemanha.
Batalhas, bombardeios, revolta, destruição e milhares de mortos marcam este conflito. Em maio de 2011, Osama bin
Laden foi morto por soldados americanos.
Em 2012 é assinado um acordo estratégico entre os presidentes dos EUA e do Afeganistão, respectivamente, Barack
Obama e Hamid Karzai.
O acordo trata de um plano de segurança que, entre outros, visa a retirada das tropas americanas. No entanto, as nações
não chegaram a um consenso em algumas partes do acordo, tal como concessão da imunidade para os soldados
americanos.
Em junho de 2011, os EUA começaram a retirar suas tropas do Afeganistão, o que se esperava que terminasse em 2016.
Consequências da Guerra
A Guerra do Afeganistão continua até os dias de hoje.
Desde então, a ONU tem feito grandes esforços em busca da paz. O trabalho da ONU consiste em tentar erradicar o
terrorismo e fornecer ajuda humanitária aos afegãos.
Atualmente, grande parte da população morre de fome ou por falta de cuidados médicos, pois a infraestrutura do país
ainda não foi reconstruída.
Para além da miséria do povo afegão, esta guerra teve como consequência milhares de mortes, problemas psicológicos
dos militares e bilhões gastos em armamento.
Guerra do Golfo
A Guerra do Golfo foi iniciada em 1990 quando o Iraque, liderado por Saddam Hussein, invadiu o Kuwait, o que gerou uma reação internacional coordenada pelos EUA em 1991
A Guerra do Golfo foi um conflito em que uma ação do governo iraquiano gerou uma reação internacional. De maneira
direta, a Guerra do Golfo foi um conflito travado entre o Iraque e tropas internacionais, lideradas pelos Estados Unidos,
em represália à invasão do Kuwait pelo Iraque em agosto de 1990.
Durante a Guerra do Golfo, as tropas iraquianas invadiram o Kuwait e conquistaram o país em questão de poucas horas,
forçando a família real kuwaitiana a fugir do país. A partir de janeiro, a reação internacional iniciou-se, com uma sucessão
de ataques aéreos. Em fevereiro, ocorreu uma ação militar terrestre orquestrada pelos Estados Unidos a partir de suas
tropas posicionadas na Arábia Saudita.
Causas da Guerra do Golfo
Para entendermos as causas do conflito, é preciso retornar à década de 1980 e entender um acontecimento marcante
para a região naquele período: a Guerra Irã-Iraque (1980-1988). Essa guerra foi resultado de um esforço internacional
que utilizou o Iraque para enfraquecer o Irã e conter o avanço da Revolução Islâmica, que havia acontecido naquele país
em 1979.
A contenção do Irã era algo extremamente importante para Estados Unidos, Arábia Saudita e Kuwait, assim, os iraquianos
contaram com o apoio dessas três nações na guerra. No caso de sauditas e kuwaitianos, esse apoio ocorreu a partir de
empréstimos financeiros para que o Iraque pudesse financiar os gastos com o conflito. O apoio internacional recebido
pelo Iraque foi fundamental e impediu que fossem derrotados pelos iranianos. Essa guerra terminou em um empate.
Depois da guerra, a economia iraquiana precisava recuperar-se, o que aconteceria a partir da venda do principal produto
econômico do país: o petróleo. Para que isso acontecesse, o Iraque dependia de que o barril do petróleo fosse vendido a
um valor elevado, mas, em 1990, o petróleo era vendido a 21 dólares, um valor considerado baixo pelo governo
iraquiano.
Essa situação agravou-se consideravelmente. No meio do ano de 1990, o valor do barril caiu para 11 dólares. Isso irritava
o governo iraquiano, que acusava o governo kuwaitiano de extrair petróleo acima das cotas estabelecidas
pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), o que se refletia diretamente no valor do barril. Nessa
questão do petróleo, o governo iraquiano também acusou o Kuwait de extrair petróleo em poços localizados próximo da
fronteira entre os dois países.
Além dessa questão do petróleo, outro fator, também de ordem econômica, desagradava profundamente a Saddam
Hussein, o ditador do Iraque: o fato de que o Kuwait estava cobrando os empréstimos realizados durante a guerra contra
o Irã. Saddam reclamava que o esforço do Iraque também havia beneficiado os interesses kuwaitianos e, por isso, era
inaceitável cobrar a devolução dos valores.
A soma desses fatores criou uma relação ruim entre as duas nações. Saddam Hussein passou a defender um “direito
histórico” dos iraquianos sobre a região do Kuwait e argumentava que o país vizinho deveria ser a 19ª província iraquiana.
Essa situação levou à agressão iraquiana e, no dia 2 de agosto de 1990, o Kuwait foi oficialmente invadido.
Reação internacional após a invasão do Kuwait
A reação internacional após o Kuwait ter sido invadido pelo Iraque foi imediata e, no mesmo dia, o Conselho de
Segurança da ONU pronunciou-se. Aqui, é importante esclarecer que a invasão do Kuwait ocorreu porque Saddam
Hussein contava com a neutralidade dos Estados Unidos (o que não aconteceu).
O que Saddam Hussein não considerou foi:
Os EUA jamais aceitariam que o Iraque controlasse sozinho grande parte das reservas de petróleo do Oriente Médio;
Os EUA não permitiriam o fortalecimento do Iraque, pois isso colocava em risco a soberania da Arábia Saudita, que era
exatamente o maior aliado árabe dos EUA no Oriente Médio.
Assim, a resposta internacional foi emitida a partir da Resolução 660 do Conselho de Segurança da ONU. Nessa resolução,
a ONU condenava a invasão do Kuwait e exigia que as tropas iraquianas se retirassem imediatamente da nação vizinha.
Essa resolução também demandava que Iraque e Kuwait juntassem-se imediatamente para negociar suas diferenças e
encerrar os desentendimentos.
Como o exército iraquiano permaneceu ocupando o Kuwait, os Estados Unidos começaram a liderar o desembarque de
tropas na Arábia Saudita. Isso aconteceu para evitar que os iraquianos cogitassem invadir o território dos sauditas.
Tempos depois, o Conselho de Segurança da ONU emitiu uma nova resolução.
A Resolução 678 foi emitida em 29 de novembro de 1990. Nessa resolução, a ONU estipulava uma data final para a
retirada das tropas iraquianas. Essa data final servia como um ultimato e foi fixada no dia 15 de janeiro de 1991. Essa
resolução demandava do Iraque o cumprimento integral do que havia sido estabelecido na Resolução 660, bem como em
outras resoluções emitidas (661, 662, 664, 665, 666, 667, 669, 670 e 677).
Como o Iraque manteve-se intransigente, os Estados Unidos optaram por reagir depois que o prazo fixado expirou. Assim,
em 17 de janeiro de 1991, foram iniciados ataques aéreos dos Estados Unidos contra posições dominadas pelo Iraque.
Foram 42 dias de ataques maciços em que os americanos atacaram a infraestrutura de comunicação, locais de
armazenamento de armamentos, infraestrutura antiaérea etc.
A fase dos ataques aéreos foi seguida de uma campanha militar em que tropas internacionais (formadas,
majoritariamente, por americanos) atacaram as tropas iraquianas por terra a partir de 24 de fevereiro de 1991. As tropas
atacaram a partir da Arábia Saudita e eram lideradas por Norman Schwarzkopf, general do exército americano.
A ação militar dos americanos estendeu-se por 100 horas e, nesse período, impôs sua força sobre os iraquianos,
forçando-os a abandonar o Kuwait. Em 28 de fevereiro, as últimas tropas do Iraque saíram do Kuwait, e os EUA
encerraram o ataque militar contra os iraquianos e a guerra.
Muitos membros do governo americano imaginavam que a ofensiva americana continuaria até a derrubada de Saddam
Hussein, mas isso não aconteceu. A derrubada do ditador iraquiano só aconteceu doze anos depois em uma nova guerra
motivada por outras questões. Estima-se que na Guerra do Golfo algo em torno de 30 mil pessoas, a grande maioria de
soldados iraquianos, tenham morrido.
Aeronaves americanas monitorando poços de petróleo no Kuwait incendiados por iraquianos na guerra
Migrações e Refugiados
Migrações e Refugiados
População de refugiados no mundo
O número de refugiados no mundo aumenta a cada ano. Os principais problemas estão relacionados com conflitos
políticos e situações de guerrilhas.
Um dos principais problemas, em termos populacionais e a nível global, é a questão dos refugiados. O conceito de
refugiado foi regulado pela Organização das Nações Unidas por meio da Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto
dos Refugiados, realizada em 1951 e adotada em 1954.
Segundo a ONU, na convenção em questão, para ser considerada refugiada, a pessoa precisa declarar que se sente
perseguida pelo Estado de sua nacionalidade por razões de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas;
que se ausentou de seu país em virtude desses termos ou que não consegue a proteção do poder público pelas mesmas
razões.
No entanto, é válido ressaltar que uma pessoa deixa de ser considerada refugiada se as condições de perseguição ou temor
reverterem-se ou se tornarem injustificadas em função de mudanças políticas ou se, voluntariamente, o refugiado voltar
para o país ao qual pertence a sua nacionalidade para fins de residência. Aqueles refugiados que adquirem uma nova
nacionalidade, gozando da proteção desta, também não poderão ser mais considerados oficialmente como tais.
Existem vários tipos de refugiados no mundo, alguns por condições de perseguição política, outros pela existência de
conflitos armados e guerrilhas, além daqueles que sofrem com a fome, discriminação racial, social ou religiosa e até os
refugiados ambientais, entre muitos outros tipos.
Os dados divulgados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) revelam um drama crescente:
em razão dos conflitos nacionais existentes em várias partes do mundo, o número de refugiados vem aumentando
exponencialmente. Em 2014, esse número chegou a incríveis 59,5 milhões de pessoas, cerca de 22 milhões a mais em
comparação com a década anterior. Outro dado alarmante é que mais da metade desses refugiados é menor de idade.
Os principais conflitos atuais que elevam o número de refugiados estão na África e na Ásia, destacando-se, nessa última, o
Oriente Médio. Entre esses conflitos, podemos enumerar:
África – oito conflitos: Costa do Marfim, República Centro-Africana, Líbia, Mali, norte da Nigéria, República
Democrática do Congo, Sudão do Sul e Burundi;
Oriente Médio – quatro conflitos: Síria, Iraque, Afeganistão e Iêmen;
Europa – um conflito: Ucrânia;
Ásia – três conflitos: Quirguistão, Mianmar e Paquistão.
Refugiados sírios deslocando-se para fora do país na fronteira com a Turquia em 2011*
É importante ressaltar que praticamente todos os países produzem refugiados todos os anos. Os casos acima enumerados
são os principais deles e estão relacionados com conflitos que geram muitas vítimas e uma série de impactos sociais diretos
e indiretos. Por isso, essas áreas são as que geram mais preocupação não só pela evasão da população, mas também pela
série de violações aos direitos humanos que lá ocorrem.
Uma característica marcante da questão dos refugiados no mundo é o fato de a maioria deles – cerca de 86% – deslocar-se
em direção aos países emergentes do sul, e não para a Europa e para os Estados Unidos, principais destinos migratórios da
atualidade. A razão para isso é a maior permissividade que os países menos desenvolvidos possuem e, também, o elevado
protecionismo dos países desenvolvidos, principalmente na União Europeia, que impõe pesadas medidas de restrições
a imigrantes ilegais e também a refugiados.
O Brasil recebe um alto número de refugiados, um valor que atingiu 7,7 mil pessoas em 2015, segundo o Conare (Comitê
Nacional para Refugiados). Desse total, avalia-se que 25% são mulheres e, em termos de nacionalidade, a maior parte é
composta por sírios, com cerca de 23% do total, em razão do conflito entre as forças rebeldes e o ditador Bashar Al-Assad
no país. Além disso, destacam-se também os colombianos, os angolanos, os haitianos e os congoleses. Em termos
constitucionais, o Governo Federal deve cuidar para receber e resolver os problemas relativos às questões de refugiados no
Brasil, principalmente no âmbito da legalização.
A questão dos refugiados no mundo ganha contornos dramáticos, pois, além dos problemas severos que abrangem as suas
áreas de origem, ainda existem os problemas que esses migrantes encontram nos locais para onde se deslocam. Entre esses
problemas, destacam-se as diferenças culturais, as dificuldades com idiomas, a busca por emprego e, principalmente, a
xenofobia (aversão a estrangeiros) praticada pela população residente das áreas de destino.
A guerra civil na Síria já é considerada um dos maiores desastres humanitários dos últimos anos. Esse conflito travado
desde 2011 não tem previsão para acabar.
A Guerra Civil da Síria é um conflito que se estende desde 2011 entre vários grupos armados. O Observatório Sírio de
Direitos Humanos já estimou como consequência do conflito mais de 470 mil mortos e mais de 11 milhões de refugiados
sírios, dos quais 4,9 milhões migraram para fora do país. O conflito começou como consequência da repressão do governo
sírio contra os protestos populares durante a Primavera Árabe e hoje tomou proporções de sectarismo religioso.
Causas do conflito
A Síria é governada pela família al-Assad desde a década de 1970 de maneira ditatorial. Bashar al-Assad só assumiu o
país em 2000, após a morte de seu pai, Hafez al-Assad. O governo de Bashar sofreu inúmeras críticas pela corrupção e
pela falta de liberdade política. Essas críticas tomaram novas proporções com a Primavera Árabe.
A Primavera Árabe aconteceu quando a população de inúmeros países árabes manifestou-se exigindo democracia e
melhores condições de vida em seus países. Os protestos iniciaram-se no final de 2010, na Tunísia, e espalharam-se por
outros países, como Líbia e Egito. Na Síria, os protestos iniciaram-se em março de 2011, na cidade de Deraa, no sul da
Síria. A resposta do governo sírio foi violenta, o que motivou novas rebeliões em diferentes partes da Síria, como na
capital, Damasco, e Aleppo, a maior cidade da Síria.
À medida que a repressão do governo contra os protestos populares aumentava, formaram-se grupos de resistência. Esses
grupos logo se transformaram em milícias armadas, que partiram ao ataque na tentativa de expulsar as tropas de Assad de
suas regiões e derrubar o governo sírio. Esses exércitos rebeldes foram inicialmente formados por civis e militares
desertores.
Crescimento da guerra civil
A ONU e a Liga Árabe movimentaram-se para buscar saídas diplomáticas ao conflito, entretanto, os cessar-fogos
negociados nunca foram respeitados. Assim, a escalada da violência na Síria tomou proporções de guerra civil.
A principal força rebelde é o Exército Livre da Síria, que surgiu em julho de 2011. Esse grupo possui
características seculares (não está sujeito a nenhuma ordem religiosa) e, portanto, é considerado um grupo rebelde
moderado. A oposição rebelde, entretanto, passou a contar com grupos extremistas de tendência jihadista, como
o Jabhat Fateh al-Sham, anteriormente conhecida como Frente Al-Nusra.
A partir de 2013, o Estado Islâmico, antigo braço armado iraquiano da Al-Qaeda, aproveitou-se da instabilidade da Síria e
aderiu a grupos rebeldes de jihadistas sunitas. Entretanto, como o Estado Islâmico cresceu rapidamente, ele se
autoproclamou um Califado em territórios na Síria e no Iraque. O califado é uma espécie de reino baseado na lei islâmica,
a sharia. A guerra que havia começado por razões políticas tomou proporções religiosas.
Outras frentes de guerra surgiram com pequenos grupos rebeldes, principalmente de tendências fundamentalistas. Outro
grupo de destaque foi os curdos, que se mobilizaram ao conflito a partir de 2014, quando o Estado Islâmico passou a
perseguir a minoria curda da Síria. As tropas curdas atualmente mantêm o controle das regiões ao norte da Síria, na região
chamada de Rojava.
Com a guerra sendo travada entre diferentes grupos, o conflito espalhou-se por diversas frentes. Assim, mudanças e
movimentações das tropas acontecem a todo momento na Síria.
Mobilização estrangeira
A guerra civil na Síria tomou as grandes proporções atuais, principalmente, em razão da interferência estrangeira no país.
Diversos países envolveram-se direta ou indiretamente no conflito, financiando determinados grupos.
O governo sírio possui o apoio da Rússia e do Irã, que enviam, além de armas e dinheiro, tropas. O Exército Livre da Síria
e o Exército curdo recebem o apoio dos Estados Unidos. Além disso, a Turquia também financia o Exército Livre da
Síria, mas luta abertamente contra o Exército curdo (os curdos são uma minoria perseguida na Turquia). Outros países que
atuam no conflito são Arábia Saudita, Reino Unido, França etc.
Recentemente, em virtude do ataque americano contra a base aérea do governo sírio na cidade de Homs, as relações entre
Rússia e Estados Unidos ficaram abaladas. A Rússia e o Irã manifestaram sua insatisfação ao ataque feito pelos Estados
Unidos ao governo sírio (aliado russo).
Os Estados Unidos realizaram essa intervenção porque atribuem a Bashar al-Assad o ataque químico que aconteceu em
abril de 2017 contra a cidade de Khan Sheikhoun. As armas químicas usadas em Khan Sheikhoun resultaram em 86
mortes pelo altamente tóxico gás sarin.
Conclusão
Não há previsão de quando a guerra civil síria chegará ao fim. Em virtude da alta complexidade dos grupos que lutam entre
si e da alta interferência estrangeira na região, o conflito segue sendo alimentado. Além disso, a existência do Estado
Islâmico deu uma nova dimensão ao conflito.
A guerra que se estende por seis anos e já resultou em 470 mil mortes gerou uma crise internacional de refugiados. Estima-
se que mais de 11 milhões de sírios sejam refugiados e que aproximadamente 5 milhões estejam fora do país. Após seis
anos de conflito, a população civil é quem mais sofre, principalmente as crianças.
Atribuem-se crimes de guerra a todas as partes do conflito, como genocídios de civis, além de dois ataques com armas
químicas. A guerra resultou na destruição de grande parte do acervo histórico existente no país, principalmente pela ação
do Estado Islâmico.
A questão da Ucrânia
0. A Ucrânia
A Ucrânia é o segundo maior país da Europa, que se destaca por um Índice de Desenvolvimento Alto.
Bandeira da Ucrânia
Segundo maior país do continente europeu, atrás somente da Rússia, a Ucrânia, cujo nome na língua eslava significa
“Fronteira”, limita-se ao sul com a Moldávia, a sudoeste com a Romênia, Hungria e Eslováquia, a oeste com a Polônia, a
noroeste com a Bielorrússia, a nordeste com a Rússia, além de ser banhada ao sul pelo Mar Negro.
A Ucrânia foi um dos principais países da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Em 1920, seu
território passou a ser controlado pelos comunistas que, aproveitando a fertilidade do solo ucraniano (“terra negra”),
desenvolveram grandes plantações de cereais. A independência nacional foi proclamada em 16 de julho de 1990, sendo
aprovada no dia 24 de agosto do mesmo ano. Desde então, a nação passou a integrar a Comunidade dos Estados
Independentes (CEI) – grupo formado pela Rússia e as antigas repúblicas soviéticas.
Com a desagregação da União Soviética, a economia ucraniana sofreu grande declínio, pois a Rússia, principal
importadora dos seus produtos agrícolas (beterraba, trigo, batata, milho, soja, etc.) e responsável pela aplicação de
recursos financeiros no setor industrial, também teve a economia extremamente afetada, refletindo diretamente nas
relações comerciais entre as duas nações. Desde 1990, a Ucrânia, visando alavancar o setor econômico, tem
proporcionado incentivos para a entrada de capitais estrangeiros, atraindo filiais de empresas transnacionais. Outro
destaque são as grandes reservas de carvão, ferro e manganês.
A população nacional apresenta grande diversidade cultural. Na porção leste do país, próxima à Rússia, os habitantes são
seguidores do cristianismo ortodoxo, ligado ao patriarcado russo. A população do oeste ucraniano, por sua vez, é
majoritariamente católica grega, aceitando a supremacia do Papa. Também existem movimentos separatistas, sobretudo
na península da Crimeia, na qual a maioria da população é de origem russa.
O país ficou mundialmente conhecido após o acidente nuclear na usina de Chernobyl (em abril de 1986), que é
considerado a maior catástrofe com material radioativo da história. Esse desastre provocou a morte de milhares de
pessoas, além do desenvolvimento de cânceres após décadas do ocorrido. Por volta de 135 mil habitantes tiveram que
abandonar a região onde estava instalada a usina.
2. A importância da Crimeia
A importância estratégica da Crimeia está na sua localização e posição geográfica, além de oferecer vantagens
econômicas e comerciais.
A Crimeia é uma província semiautônoma da Ucrânia localizada na região sul do país, em uma península situada às
margens do Mar Negro. Trata-se de uma zona que, apesar de fazer parte do território ucraniano, ainda possui fortes
relações étnicas e políticas com a Rússia, sendo um dos principais entraves entre os dois países em âmbito diplomático.
O principal valor estratégico da Crimeia é, sem dúvida, a sua posição geográfica. A região representa uma saída
importante para o Mar Negro, que é o único porto de águas quentes da Rússia. Isso significa que essa zona possui
relevância tanto em nível comercial quanto no plano militar para os russos, por facilitar a movimentação de cargas e por
garantir o controle do canal que liga esse mar ao Mar de Arzov, conforme podemos observar no mapa a seguir:
3. Questão da Crimeia
As tensões na Crimeia envolvem as transformações políticas na Ucrânia e os interesses de União Europeia, Estados Unidos
e Rússia.
Mas as sucessivas dominações estrangeiras, começadas com a tomada de Jerusalém (587 a.C.) por Nabucodonosor, rei da
Babilônia, deram início a um progressivo processo de diáspora (dispersão) da população judaica, embora sua grande
maioria ainda permanecesse na Palestina.
As duas rebeliões dos judeus contra o domínio romano (em 66-70 e 133-135 d.C.) tiveram resultados desastrosos. Ao
debelar a primeira revolta, o general (mais tarde imperador) Tito arrasou o Templo de Jerusalém, do qual restou apenas o
Muro das Lamentações. E o imperador Adriano, ao sufocar a segunda, intensificou a diáspora e proibiu os judeus de viver
em Jerusalém. A partir de então, os israelitas espalharam-se pelo Império Romano; alguns grupos emigraram para a
Mesopotâmia e outros pontos do Oriente Médio, fora do poder de Roma.
A partir de então, a Palestina passou a ser habitada por populações helenísticas romanizadas; e, em 395, quando da divisão
do Império Romano, tornou-se uma província do Império Romano do Oriente (ou Império Bizantino).
Em 638, a região foi conquistada pelos árabes, no contexto da expansão do islamismo, e passou a fazer parte do mundo
árabe, embora sua situação política oscilasse ao sabor das constantes lutas entre governos muçulmanos rivais. Chegou até
mesmo a constituir um Estado cristão fundado pelos cruzados (1099-1187). Finalmente, de 1517 a 1918, a Palestina foi
incorporada ao imenso Império Otomano (ou Império Turco). Deve-se, a propósito, lembrar que os turcos, e embora
muçulmanos, não pertencem à etnia árabe.
Em 1896, o escritor austríaco de origem judaica Theodor Herzl fundou o Movimento Sionista, que pregava a criação de um
Estado judeu na antiga pátria dos hebreus.
Esse projeto, aprovado em um congresso israelita reunido em Genebra, teve ampla ressonância junto à comunidade judaica
internacional e foi apoiado sobretudo pelo governo britânico (apoio oficializado em 1917, em plena Primeira Guerra
Mundial, pela Declaração Balfour).
No início do século XX, já existiam na região pequenas comunidades israelitas, vivendo em meio à população
predominantemente árabe. A partir de então, novos núcleos começaram a ser instalados, geralmente mediante compra de
terras aos árabes palestinos.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a Turquia lutou ao lado da Alemanha e, derrotada, viu-se privada de todas as suas
possessões no mundo árabe. A Palestina passou então a ser administrada pela Grã-Bretanha, mediante mandato concedido
pela Liga das Nações.
Depois de 1918, a imigração de judeus para a Palestina ganhou impulso, o que começou a gerar inquietação no seio da
população árabe. A crescente hostilidade desta última levou os colonos judeus a criar uma organização paramilitar – a
Haganah – a princípio voltada para a autodefesa e mais tarde também para operações de ataque contra os árabes.
Apesar do conteúdo da Declaração Balfour, favorável à criação de um Estado judeu, a Grã-Bretanha tentou frear o
movimento imigratório para não descontentar os Estados muçulmanos do Oriente Médio, com quem mantinha proveitosas
relações econômicas; mas viu-se confrontada pela pressão mundial da coletividade israelita e, dentro da própria Palestina,
pela ação de organizações terroristas.
Após a Segunda Guerra Mundial, o fluxo de imigrantes judeus tornou-se irresistível. Em 1947, a Assembléia Geral da
ONU decidiu dividir a Palestina em dois Estados independentes: um judeu e outro palestino. Mas tanto os palestinos como
os Estados árabes vizinhos recusaram-se a acatar a partilha proposta pela ONU.
Em 14 de maio de 1948, foi proclamado o Estado de Israel, que se viu imediatamente atacado pelo Egito, Arábia Saudita,
Jordânia, Iraque, Síria e Líbano (1ª Guerra Árabe-Israelense). Os árabes foram derrotados e Israel passou a controlar 75%
do território palestino. A partir daí, iniciou-se o êxodo dos palestinos para os países vizinhos. Atualmente, esses refugiados
somam cerca de 3 milhões.
Os 25% restantes da Palestina, correspondentes à Faixa de Gaza e à Cisjordânia, ficaram sob ocupação respectivamente do
Egito e da Jordânia. Note-se que a Cisjordânia incluía a parte oriental de Jerusalém, onde fica a Cidade Velha, de grande
importância histórica e religiosa.
Damos a seguir a cronologia dos principais acontecimentos subsequentes
1947 – A ONU aprova a partilha da Palestina em dois Estados – um judeu e outro árabe. Essa resolução é rejeitada pela
Liga dos Estados Árabes.
1948 – Os Judeus proclamam o Estado de Israel, provocando a reação dos países árabes. Primeira Guerra Árabe-Israelense.
Vitória de Israel sobre o Egito, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano e ampliação do território israelense em relação ao que fora
estipulado pela ONU. Centenas de milhares de palestinos são expulsos para os países vizinhos. Como territórios palestinos
restaram a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, ocupadas respectivamente por tropas egípcias e jordanianas.
1956 – Guerra entre Israel e o Egito. Embora vitoriosos militarmente, os israelenses retiraram-se da Faixa de Gaza e da
parte da Península do Sinai que haviam ocupado.
1964 – Criação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cuja pretensão inicial era destruir Israel e criar um
Estado Árabe Palestino. Utilizando táticas terroristas e sofrendo pesadas retaliações israelenses, a OLP não alcançou seu
objetivo e, com o decorrer do tempo, passou a admitir implicitamente a existência de Israel.
1967 – Guerra dos Seis Dias. Atacando fulminantemente em três frentes, os israelenses ocupam a Faixa de Gaza e a
Cisjordânia (territórios habitados pelos palestinos) e tomam a Península do Sinai ao Egito, bem como as Colinas de Golan à
Síria.
1970 – “Setembro Negro”. Desejando pôr fim às retaliações israelenses contra a Jordânia, de onde provinha a quase
totalidade das incursões palestinas contra Israel, o rei Hussein ordena que suas tropas ataquem os refugiados palestinos.
Centenas deles são massacrados e a maioria dos sobreviventes se transfere para o Líbano.
1973 – Guerra do Yom Kippur (“Dia do Perdão”). Aproveitando o feriado religioso judaico, Egito e Síria atacam Israel; são
porém derrotados e os israelenses conservam em seu poder os territórios ocupados em 1967. Para pressionar os países
ocidentais, no sentido de diminuir seu apoio a Israel, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) provoca
uma forte elevação nos preços do petróleo.
1977 – Pela primeira vez, desde a fundação de Israel, uma coalizão conservadora (o Bloco Likud) obtém maioria parla
mentar. O novo primeiro-ministro, Menachem Begin, inicia o assentamento de colonos judeus nos territórios ocupados em
1967.
1979 – Acordo de Camp David. O Egito é o primeiro país árabe a reconhecer o Estado de Israel. Este, em contrapartida,
devolve a Península do Sinai ao Egito (cláusula cumprida somente em 1982). Em 1981, militares egípcios contrários à paz
com Israel assassinam o presidente Anwar Sadat.
1982 – Israel invade o Líbano (então em plena guerra civil entre cristãos e muçulmanos) e consegue expulsar a OLP do
território libanês. Os israelenses chegam a ocupar Beirute,
capital do Líbano. Ocorrem massacres de refugiados palestinos pelas milícias cristãs libanesas, com a conivência dos
israelenses.
1985 – As tropas israelenses recuam para o sul do Líbano, onde mantêm uma “zona de segurança” com pouco mais de 10
km de largura. Para combater a ocupação israelense, forma-se o Hezbollah (“Partido de Deus”), organização xiita libanesa
apoiada pelo governo islâmico fundamentalista do Irã.
1987 – Começa em Gaza (e se estende à Cisjordânia) a Intifada (“Revolta Popular”) dos palestinos contra a ocupação
israelense. Basicamente, a Intifada consiste em manisfestações diárias da população civil, que arremessa pedras contra os
soldados israelenses. Estes frequentemente revidam a bala, provocando mortes e prejudicando a imagem de Israel junto à
opinião internacional. Resoluções da ONU a favor dos palestinos são sistematicamente ignoradas pelo governo israelense
ou vetadas pelos Estados Unidos. A Intifada termina em 1992.
1993 – Com a mediação do presidente norte-americano Bill Clinton, Yasser Arafat, líder da OLP, e Yitzhak Rabin,
primeiro-ministro de Israel, firmam em Washington um acordo prevendo a criação de uma Autoridade Nacional Palestina,
com autonomia administrativa e policial em alguns pontos do território palestino. Prevê-se também a progressiva retirada
das forças israelenses de Gaza e da Cisjordânia. Em troca, a OLP reconhece o direito de Israel à existência e renuncia
formalmente ao terrorismo. Mas duas organizações extremistas palestinas (Hamas e Jihad Islâmica) opõem-se aos termos
do acordo, assim como os judeus ultranacionalistas.
1994 – Arafat retorna à Palestina, depois de 27 anos de exílio, como chefe da Autoridade Nacional Palestina (eleições
realizadas em 1996 o confirmam como presidente) e se instala em Jericó. Sua jurisdição abrange algumas localidades da
Cisjordânia e a Faixa de Gaza – embora nesta última 4 000 colonos judeus permaneçam sob administração e proteção
militar israelenses. O mesmo ocorre com os assentamentos na Cisjordânia. Na cidade de Hebron (120 000 habitantes
palestinos), por exemplo, 600 colonos vivem com o apoio de tropas de Israel. Nesse mesmo ano, a Jordânia é o segundo
país árabe a assinar um tratado de paz com os israelenses.
1995 – Acordo entre Israel e a OLP para conceder autonomia (mas não soberania) a toda a Palestina, em prazo ainda
indeterminado. Em 4 de novembro, Rabin é assassinado por um extremista judeu.
1996 – É eleito primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, do Partido Likud (antes denominado Bloco Liked), que paralisa a
retirada das tropas de ocupação dos territórios palestinos e intensifica os assentamentos de colonos judeus em Gaza, na
Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, em meio à população predominantemente árabe. O processo de pacificação da região
entra em compasso de espera, ao mesmo tempo em que recrudescem os atentados terroristas palestinos. Em Israel, o
primeiro-ministro (chefe do governo) é eleito pelo voto direto dos cidadãos.
1999 – Ehud Barak, do Partido Trabalhista (ao qual também pertencia Yitzhak Rabin), é eleito primeiro-ministro e retoma
as negociações com Arafat, mas sem que se produzam resultados práticos.
2000 – Israel retira-se da “zona de segurança” no sul do Líbano. Enfraquecido politicamente, devido à falta de progresso no
camiho da paz, e também devido às ações terroristas palestinas (não obstante as represálias israelenses), Barak renuncia ao
cargo de primeiro-ministro. São convocadas novas eleições, nas quais ele se reapresenta como candidato. Mas o vencedor é
o general da reserva Ariel Sharon, do Partido Likud, implacável inimigo dos palestinos. Pouco antes das eleições, começa
nos territórios ocupados uma nova Intifada.
2001 – Agrava-se o ciclo de violência: manifestações contra a ocupação israelense, atentados suicidas palestinos e graves
retaliações israelenses. Nesse contexto, Yasser Arafat, já septuagenário, parece incapaz de manter a autoridade sobre seus
compatriotas ou de restabelecer algum tipo de diálogo com Israel, cujo governo por sua vez mantém uma inflexível posição
de força.
Balanço Atual
Até agora, Israel desocupou apenas sete cidades da Cisjordânia (uma oitava foi desocupada parcialmente),
correspondentes a 3% do território cisjordaniano; deste, 24% encontram-se sob controle misto israelense-palestino e 74%
permanecem inteiramente ocupados. Em termos demográficos, 29% dos palestinos estão sob a jurisdição exclusiva da
Autoridade Palestina. Quanto à Faixa de Gaza, cuja importância é consideravelmente menor, nela permanecem apenas as
tropas israelenses que protegem os colonos judeus ali estabelecidos.
Os grandes obstáculos para a implementação do acordo firmado entre Yitzhak Rabin e Yasser Arafat são:
a) A oposição das facções extremistas, tanto palestinas como isralelenses.
b) A posição militarista e intransigente do governo Sharon.
c) O estatuto de Jerusalém Oriental, que os palestinos almejam transformar em sua capital mas que já foi incorporada
oficialmente ao território israelense, dentro do conceito de que a cidade de Jerusalém “é a capital de Israel, una e
indivisível”.
d) O problema dos 150 000 colonos existentes em Gaza e na Cisjordânia e que se recusam a deixar seus assentamentos.
e) A disputa pelos recursos hídricos do Rio Jordão, pois parte de seu curso (na fronteira entre a Jordânia e a Cisjordânia)
ficaria fora do controle de Israel.
f) O território palestino simplesmente não tem como absorver os quase 3 milhões de refugiados que habitavam terras do
atual Estado de Israel e que continuam a viver, na maior parte, em precários campos de refugiados espalhados pelo mundo
árabe – notadamente no Líbano.
A “Cidade Velha”
A disputada “Cidade Velha”, dentro de Jerusalém Oriental, conta com locais sagrados de três religiões. Os principais são: o
Muro das Lamentações, reverenciado pelos judeus como o único remanescente do grandioso Templo de Jerusalém; a
Mesquita da Rocha (foto acima), erigida sobre um rochedo de onde, segundo a tradição islâmica, a alma de Maomé
ascendeu ao Paraíso; por último, a Igreja do Santo Sepulcro, construída sobre o lugar onde Cristo teria sido sepultado e, de
acordo com a crença cristã, ressuscitou no terceiro dia.
A crise hídrica
Falta de manejo adequado e uso sustentável dos recursos naturais contribuem para a escassez de água no Brasil e no
mundo. Por isso, garantir o acesso à água de qualidade para toda a população brasileira é um dos principais desafios do
poder público, visto que esse bem natural é um dos que mais dá sinais de que não subsistirá às mudanças climáticas e às
intervenções humanas no meio ambiente.
Em diversas regiões do mundo, já é possível perceber diferentes impactos, como desaparecimento de rios e nascentes,
escassez e poluição das águas. Por isso, é fundamental que a sociedade mude o seu comportamento e a sua relação com
os recursos naturais.
Neste artigo, vamos abordar as principais causas para a escassez de água e algumas soluções para evitar a crise
hídrica.
Dados sobre a escassez de água
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que 2,2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à
água potável. Nos países em desenvolvimento, esse problema está relacionado a 80% das doenças e mortes.
No século XX, o consumo de água aumentou em 6 vezes — o dobro do crescimento da população mundial. Ao todo, 26
países enfrentam escassez crônica de água e a previsão é de que em 2025 o problema afete 52 países e 3,5 bilhões de
pessoas.
É importante entender que a água doce disponível no planeta tem uma distribuição desigual. O Brasil, por exemplo,
detém 12% da água doce mundial, mas enfrenta desafios no que se refere à disponibilidade do recurso. A discrepância
geográfica e populacional da água no país é um dos grandes problemas: a Região Hidrográfica Amazônica comporta 74%
da disponibilidade de água e é habitada por apenas 5% dos brasileiros.
Ou seja, a água nem sempre está localizada próxima à população que necessita desse recurso para sua sobrevivência. De
acordo com Marcia Greco, “existem populações concentradas, por exemplo, na bacia do PCJ (Piracicaba, Capivari e
Jundiaí), no estado de São Paulo. Em 2014, tivemos uma crise hídrica que atingiu essa região fortemente”.
Marcia também reforça que as causas mais comuns para a crise hídrica, tanto no mundo quanto no Brasil, são:
desperdício de água;
diminuição do nível de chuvas;
aumento do consumo de água devido ao crescimento populacional, industrial e da agricultura.
Além disso, nosso planeta é composto, em sua maioria, por água do mar. Apesar do grande volume e da possibilidade
de dessalinização da água – um modelo que inclusive já é implementado no Brasil desde 2004. No entanto, apesar do
grande potencial dessa prática, o problema da crise hídrica é muito complexo e exige uma série de medidas para ser
contornado.
1. Crise hídrica no mundo
A ONU reconhece o acesso à água e ao saneamento básico como um direito universal. A meta é que os países membros
trabalhem para que todas as pessoas tenham acesso a esse direito até 2030. No entanto, a demanda crescente por água
pode afetar a produção de alimentos e gerar conflitos.
A agropecuária é a maior consumidora de água atualmente, responsável por 69% da retirada anual de água no mundo.
As residências particulares respondem por 12% e a indústria (incluindo a geração de energia), por 19%.
De acordo com as estimativas, 31 países passam por estresse hídrico entre 25% e 70%. Outros 22 países estão em situação
grave de estresse hídrico, ou seja, acima dos 70%. Isso significa que essas nações fazem uso intenso do recurso, com
grandes impactos na sustentabilidade.
Segundo a ONU, as principais razões para a falta de acesso à água são:
urbanização;
crescimento populacional;
desigualdade social;
pobreza;
falta de acesso à educação e ao trabalho.
a) Países que já sofrem com a escassez de água
Os países árabes são os que mais enfrentam estresse hídrico. Além do crescimento populacional e das mudanças climáticas,
a região sofre com conflitos e violência em países menos desenvolvidos, como Sudão, Somália e Iêmen.
Na Ásia, 29 países foram categorizados como não seguros em relação ao acesso à água. Os motivos para isso são a
baixa disponibilidade de água e o uso excessivo de águas subterrâneas. Altos níveis de poluição hídrica agravam a situação,
com águas residuais sem tratamento lançadas em corpos d’água superficiais.
Na Europa, 57 milhões de pessoas não têm acesso à água encanada em casa. O problema é maior em países do Leste
europeu. No Caribe e na América Latina, apenas 22% da população têm acesso ao saneamento básico de qualidade.
Apenas 24% da população da África Subsaariana têm acesso a bons serviços de água potável.
2. Crise hídrica no Brasil
O Brasil tem a maior reserva de água superficial do mundo, vastos reservatórios de água subterrânea, como o Aquífero
Guarani, e duas das maiores áreas úmidas: a Bacia Amazônica e o Pantanal Mato-Grossense. No entanto, essa
abundância de água não garante a segurança hídrica do país.
a) Histórico
A crise hídrica que aconteceu em 2015 na região Sudeste do Brasil teve início em abril de 2012, conforme mostram
imagens de satélites. Desde então, a parte mais populosa do país perdeu 56 trilhões de litros de água por ano.
A situação na região Nordeste também é grave. No mesmo período, a perda foi de 49 trilhões de litros de água por ano.
Os dados obtidos pelas imagens foram analisados com o objetivo de quantificar a perda de água no Brasil.
As análises mostram que a maioria dos meses entre 2012 e 2015 foram mais secos do que a média histórica no Leste do
país. As informações foram retiradas do satélite Grace (sigla em inglês para Experimento de Recuperação de Gravidade e
Clima), que investiga mudanças no campo gravitacional terrestre desde 2012.
As mudanças acontecem basicamente por variações no volume de água na Terra, movimentação de grandes massas e gelo e
por fenômenos naturais, como terremotos.
b) Regiões mais afetadas
O Brasil tem 917 municípios em crise hídrica, ou seja, que estão em situação de emergência por estiagem ou seca. A
maioria das cidades está no Nordeste do país, porém, o problema não acontece somente nessa região.
Do total de municípios afetados, é possível identificar:
211 na Bahia;
196 na Paraíba;
153 no Rio Grande do Norte;
123 em Pernambuco;
94 no Ceará;
40 em Minas Gerais;
38 em Alagoas;
18 no Rio de Janeiro;
17 no Rio Grande do Sul;
além de registros em outros estados.
Por esse motivo, o governo brasileiro busca formas de revitalizar o Rio São Francisco e fazer a integração entre bacias de
diferentes regiões do país, além de investir em saneamento básico para a população.
c) Principais causas
Especialistas afirmam que um dos principais motivos para a escassez de água no Brasil é o uso inadequado do solo.
No Centro-Oeste, por exemplo, estão concentrados os rios e as nascentes mais importantes do país, devido a sua
localização no Planalto Central.
A região é conhecida como berço das águas e tem como bioma o Cerrado. Essa vegetação ocupa mais de 20% do
território e é uma das principais áreas de expansão da agropecuária, atividade que utiliza cerca de 70% da água
consumida no país.
O avanço da fronteira agrícola causa diversas consequências para o Cerrado. Hoje, a região já tem quase metade da sua área
totalmente devastada. O resultado da ausência de vegetação nativa para proteger o solo já é percebido especialmente na
redução da vazão dos rios e na escassez de água para o abastecimento humano.
d) Como o país está combatendo a escassez de água?
A crise hídrica no Brasil é assunto constante nas comissões de Desenvolvimento Sustentável e Desenvolvimento Urbano
e de Meio Ambiente, além dos comitês especiais, externos e de frentes parlamentares. Vários projetos de lei estão em
análise e buscam formas de economizar água.
A reutilização da água de menor qualidade para rega de jardins e descargas está entre as propostas analisadas, assim como
o reaproveitamento da água desprezada por aparelhos de ar-condicionado.
Outra solução para a escassez de água, principalmente quando a previsão de chuvas está abaixo da média, é a construção de
infraestrutura hídrica. Isso significa mais barragens e reservatórios, depósitos com maior capacidade de acumular água e
obras de interligação dos tanques com os centros de consumo de água.
Em alguns casos, as ações podem envolver obras de interligação de bacias e de sistemas de transporte de água. Também
existem projetos governamentais para o tratamento do esgoto sanitário para criar água de reúso, que pode ser empregada
principalmente na agricultura e na indústria, que são os setores que mais consomem esse recurso natural.
e) Impactos do desperdício de água
Em 2016, o Brasil desperdiçou 38% da água potável nos sistemas de distribuição, o que equivale a quase 7 mil piscinas
olímpicas a cada dia. A perda financeira no ano chegou a mais de R$ 10 bilhões.
O desperdício de água, tanto doméstico quanto industrial, prejudica o abastecimento em todos os setores. Um dos impactos
é a dificuldade para os sistemas de produção agropecuária. A escassez de água também pode prejudicar o turismo de uma
região, resultando em impactos econômicos.
Além disso, o desperdício traz consequências para o meio ambiente, já que um elevado nível de perda acarreta na
necessidade de captação e produção superiores ao volume que as pessoas normalmente precisam.
Com relação ao que é possível fazer no curto prazo para mitigar as crises hídricas, Marcia afirma que existem muitas
possibilidades. Além do uso racional, a gestora cita a utilização da água de reúso. Para isso, é necessário tratar os esgotos
domésticos para fornecer água para a indústria e deixar a utilização de água fresca para a população.
“Além disso, é possível coletar e reutilizar água da chuva, conservar as bacias hídricas (nascentes de água e rios) e pensar
em técnicas de irrigação mais eficientes”, afirma a profissional.
No entanto, além da falta de legislação, o preconceito pode dificultar o aproveitamento da água de reúso no país. Embora
tenha um importante impacto na economia, muitas pessoas não acreditam que a solução seja útil.
Vale lembrar que a água de reúso é considerada tão limpa quanto as águas dos rios antes do tratamento. Apesar disso, o alto
investimento dificulta a implementação da solução em curto e médio prazo no Brasil.
3. Soluções adotadas pelos países para combater a escassez de água
A maior parte da água doce do mundo está congelada nos polos e nas montanhas. Por isso, apenas uma pequena parte
do recurso está disponível nos mananciais, como lagos, rios e lençóis subterrâneos, para o uso humano. Conheça algumas
soluções usadas em diferentes países para combater a escassez de água no mundo.
Austrália
A Austrália passou uma importante adaptação com o objetivo de evitar a escassez de água. O período de seca mais rigoroso
ocorreu entre 1997 e 2009. Entre 2013 e 2014, o país passou por diversos recordes de temperatura.
A solução foi fazer um grande investimento em infraestrutura, evitando vazamentos e economizando água. A técnica
utilizada foi a que muitos países aplicam em seu sistema: o tratamento e reúso da água.
O projeto encaminha as águas residuais que saem das residências para os reservatórios. Então, elas são tratadas e retornam
para as casas, já adequadas para recebê-las em um encanamento especial.
Essa água é utilizada na lavagem de roupas, limpeza do chão e outras atividades. Assim, é possível economizar água
potável, sem coletar mais recursos da natureza.
China
A China sofreu com a ameaça de seca na região Nordeste do país. Para resolver o problema, foi desenvolvido um plano
integrado de ações. Duas medidas principais foram tomadas. A primeira se refere à implementação de cisternas e
reservatórios em todo o país.
A segunda ação é um projeto de selos de eficiência hídrica para mictórios, vasos sanitários, torneiras e pias —
parecido com o selo de eficiência energética brasileiro. Dessa forma, o consumidor pode optar por equipamentos mais
econômicos, que além de serem mais sustentáveis, também reduzem a conta de água.
Estados Unidos
O estado da Califórnia também passou por muitas secas, devido a sua densidade populacional e as características
geográficas da região. Algumas ações para solucionar esse problema visam a economia individual de água.
Também houve mudanças no paisagismo, com substituição das plantas que exigem aumento do consumo em centros
comerciais, campos de golfe e casas. A água reciclada também é represada e utilizada para irrigação e descargas sanitárias.
Japão
Desde 1955, o Japão — país pequeno e superpopuloso — passa por cenários de seca. Por isso, foi desenvolvido
um manual geral contra a seca, que apresenta medidas para prevenir o fenômeno, além de educar a população com ações
a serem tomadas em momentos de estiagem.
No entanto, a grande mudança no Japão é comportamental. As campanhas massivas fazem com que as pessoas
entendam o problema e economizem água de fato. Como o país é muito eficiente, o desperdício por infraestrutura é
mínimo. Toneiras, pias e vasos sanitários são altamente tecnológicos, o que ajuda na economia, com sistemas avançados de
reúso e reaproveitamento da água.
Israel
Israel é um país de clima árido. Para enfrentar essa situação, o governo regulamenta leis para o uso da água, com sistemas
de economia. Assim como no Japão, a tecnologia também tem papel fundamental para o controle do desperdício.
Técnicas exclusivas permitem obter água até de geadas. O tratamento e reúso das águas também é altamente eficiente. O
esgoto coletado e tratado é reutilizado para a agricultura, especialmente na parte Sul do país.
Israel também tem um controle rígido de perdas e cinco centros de dessalinização, que coletam água do Mar Mediterrâneo
e fazem o abastecimento para consumo doméstico. Essa forma de obter água potável já é usada há mais de 80 anos em
Curaçao.
Cingapura
Toda a população da pequena ilha de Cingapura recebe água potável. Além disso, todo o esgoto é tratado e reutilizado. Por
isso, o país é um dos mais eficientes em reaproveitamento de água do mundo.
Tudo isso só é possível graças aos investimentos em infraestrutura. Com isso, é possível coletar a água, evitar
vazamentos, realizar campanhas de conscientização e construir usinas de dessalinização.
O país ainda importa água da Malásia por meio de dutos — uma operação complicada e cara. Cingapura também tem um
programa que incentiva o consumo de produtos com maior eficiência hídrica.
Aruba
A fonte principal de água da ilha de Aruba, no Caribe, é o mar. Apesar de ter um território pequeno, com área de 178,9
km², o país tem a segunda maior usina de dessalinização do mundo, inaugurada em 2000.
Apesar de caro, esse método permite que a água de Aruba seja reconhecida por sua qualidade, podendo ser bebida
diretamente da torneira.
4. Principais ações dentro de casa para evitar a escassez de água
Economizar água nas tarefas do dia a dia é fundamental para evitar que o abastecimento seja comprometido. Para isso, veja
as dicas a seguir.
Reduzir o tempo dos banhos
Quando não adotamos hábitos diários de consumo consciente para reduzir o desperdício, o chuveiro representa um dos
maiores vilões do consumo de energia elétrica em casa. Ele também pode representar um enorme gasto de água.
Tomar banhos curtos é uma das principais ações para economizar água em casa. Reduzir o tempo embaixo do chuveiro em
1 minuto pode fazer você economizar 6 litros de água por dia, o que representa uma economia de 180 litros por mês.
Além disso, é importante evitar deixar o chuveiro aberto enquanto se ensaboa. Ligar o equipamento apenas quando for se
enxaguar representa uma economia ainda maior ao final do mês.
Outro ponto básico é manter a torneira sempre fechada enquanto faz a sua rotina de higiene, como lavar as mãos, o rosto e
escovar os dentes.
Economizar água na lavagem de louças
Primeiro, faça uma limpeza prévia da louça, retirando o excesso de alimento com uma esponja seca. Não se esqueça de usar
um ralinho de pia para que a sujeira não desça para a rede de esgoto. Depois, umedeça um pouco todos os itens antes de
ensaboar e comece a lavar aqueles menos gordurosos.
Parta para as louças mais sujas, até ensaboar tudo o que está na pia. No enxágue, a sequência é a mesma. Aproveite essa
água para deixar as panelas de molho e facilitar a remoção dos alimentos e da gordura.
Outra dica é usar água quente para diluir a gordura. Isso faz com que seja necessário usar menos detergente e,
consequentemente, menos água durante a lavagem.
Reutilizar a água das máquinas de lavar roupas
Um ciclo completo de lavagem utiliza, em média, 90 litros de água, podendo chegar a 200 litros em alguns casos. O
sabão em pó e amaciante usados tornam a água da máquina especialmente útil para algumas tarefas domésticas, como para
lavar pisos ou dar a descarga.
Também é possível reutilizar a água do segundo enxágue para colocar outras peças de molho. Se for necessário armazenar
a água por mais de dois dias, é recomendado adicionar pastilhas de cloro, pois os micro-organismos presentes na água
podem causar mau cheiro.
Coletar e usar a água da chuva
Quem mora em casa, pode coletar e usar a água da chuva. A coleta e o armazenamento para uso doméstico podem ser feitos
em cisternas, que é um sistema de baixo custo para o aproveitamento da água da chuva.
Essa água não é considerada potável para o consumo humano, pois pode conter partículas de poeira e fuligem, além de
compostos tóxicos, como sulfato, amônio e nitrato. No entanto, ela pode ser utilizada em diversas tarefas domésticas, como
para lavar o carro ou regar o jardim.
Verificar instalações hidráulicas
Vazamentos nem sempre significam grandes buracos no cano que podem ser percebidos facilmente. Mesmo quando se
tratam de pequenas falhas, o desperdício de água pode ser grande. Como não é fácil detectar o problema, é importante ter
atenção a qualquer alteração no consumo das contas para fazer um comparativo.
É possível encontrar problemas em:
vasos sanitários;
conectores que ligam torneiras internas e externas;
canos em paredes e próximos ao cavalete de água.
Os recursos hídricos são utilizados nos mais diversos setores, como na produção agrícola, criação de animais e geração de
energia. A escassez de água já é uma realidade em diversos países. Nesse cenário, os avanços científicos e tecnológicos
são fundamentais para evitar o agravamento da situação, assim como mudanças éticas.
Terrorismo
Terrorismo são atos violentos cometidos por pessoas ou grupos a fim de causar medo e danos materiais a um Estado ou
uma população.
O termo surgiu durante a Revolução Francesa, a fim de designar as facções mais radicais do processo revolucionário, entre
1793-1794.
Esta definição voltaria após a Segunda Guerra Mundial, para nomear grupos separatistas ou de esquerda que usavam da
violência para reivindicar seus direitos de emancipação.
Terrorismo no Mundo
A definição de ato terrorista depende de cada país, pois não há consenso no Direito Internacional sobre o que é terrorismo.
A Enciclopédia Britânica o estabelece como:
"Uso sistemático de violência para criar um clima de medo generalizado numa população e dessa forma atingir um
determinado objetivo político. O terrorismo tem sido praticado por organizações políticas tanto de direita quanto de
esquerda, por nacionalistas e grupos religiosos, e por instituições do Estado como Forças Armadas e policiais."
Apesar da falta de consenso, alguns elementos parecem ser comuns nos atos terroristas do século XX e XXI.
O primeiro é que ele é realizado por pessoas com baixa tolerância a indivíduos que não estão de acordo com determinada
ideologia.
De igual maneira, o terrorismo procura causar atos violentos espetaculares e que chamem muita atenção. Por isso, o alvo
escolhido deve causar grande quantidade de vítimas ou ser num lugar que renderá horas de programas e reportagens
televisivas.
Os Estados Unidos seguem a Doutrina Bush para definir quais atos recebem a classificação de terroristas.
Veja também: O que é Ideologia?
Atentados Terroristas
O atentado de 11 de setembro de 2001, na cidade de Nova Iorque, contra as Torres Gêmeas e o Pentágono, foi considerado
um marco para definição de terrorismo como o entendemos atualmente.
O grupo terrorista Al-Qaeda atacou os Estados Unidos com aviões civis no dia 11 de setembro de 2001
Da mesma forma, podemos citar os ataques:
11 de março de 2004 (Madrid): explosões quase simultâneas ocorreram em algumas estações de trens da capital
espanhola. Cerca de 190 pessoas morreram e 2000 ficaram feridas.
01 de setembro de 2004 (Rússia): esse ataque aconteceu na cidade Beslan e ficou conhecido como "Massacre de Beslan".
Cerca de 1200 reféns foram mantidos dentro de uma escola durante três dias. Cerca de 330 pessoas morreram, entre adultos
e crianças.
07 de julho de 2005 (Londres): explosões aconteceram em diversos pontos da cidade, nas estações de metrô. Cerca de 50
pessoas morreram e 700 ficaram feridas.
29 de março de 2010 (Moscou): 39 mortos e quase 40 feridos foi o saldo das explosões ocorridas em Moscou, na Rússia,
por terroristas chechenos.
13 de novembro de 2015 (Paris): em vários pontos da capital francesa, como a casa de shows Bataclan ou perto do
Estádio da França, aconteceram explosões e tiroteios a civis. 137 pessoas morreram e mais de 400 ficaram feridas.
17 de agosto de 2017 (Barcelona): uma furgoneta atropelou vários pedestres na cidade de Barcelona. Igualmente, nas
cidades de Alcanar e Cambrils se produziram explosões. Este atentado deixou 16 mortos e mais de uma centena de feridos.
21 de abril de 2019 (Sri Lanka): no domingo de Páscoa foram contabilizadas várias explosões provocadas por ataques
suicidas a cristãos em particular e turistas no geral. Foi um dos ataques mais sangrentos da história com 258 mortos e cerca
de 500 feridos.
Veja também: Ataques de 11 de Setembro: resumo e consequências
*Jihadistas: A expressão “jihadista” vem do termo “jihad”, que significa “esforço”, em árabe, e, originariamente, indicava
a ascese, o esforço ou guerra espiritual para se tornar uma pessoa virtuosa. Com a ascensão do fundamentalismo
islâmico, esse termo passou a ser identificado com a “guerra santa contra os infiéis”, isto é, uma guerra contra todos que
não partilham da fé islâmica.
** Créditos da imagem: Shutterstock e Valentina Petrov
*** Sharia: A sharia, ou lei islâmica, é um conjunto de prescrições jurídicas sobre a conduta das pessoas que se baseia em
interpretações do Corão. Os grupos jihadistas frequentemente fazem interpretações deturpadas dessas prescrições para
cometerem atrocidades, como escravização sexual de mulheres, enforcamento de homossexuais e degolação e
crucificação de cristãos.
União Europeia e Brexit
0. União Europeia
A União Europeia, atualmente composta por 28 países, é uma das principais forças políticas e econômicas do período após
a Guerra Fria.
O Brasil se relaciona fortemente com as questões de política externa de outros países considerados seus parceiros. A
relação brasileira com a Grécia não é uma exceção. O Brasil hoje mantém uma embaixada localizada na capital Atenas, e a
Grécia, por sua vez, mantém uma Embaixada em Brasília e dois consulados gerais em São Paulo e no Rio de Janeiro. Por
isso, tendo em vista essa relação amigável entre os países, devemos estar próximos aos assuntos que sejam do interesse
dos nossos parceiros. Mas para compreender melhor essa relação, primeiro temos de entender os envolvidos na crise
econômica na Grécia. Vamos lá?
O QUE É O FMI?
O FMI, da sigla em português, é o Fundo Monetário Internacional. Trata-se de uma organização internacional criada em
1944 com o objetivo de ajudar na reconstrução econômica no período pós-guerras mundiais e promover cooperação
econômica e monetária entre os países. Embora o FMI tenha suas ações pautadas nos princípios de cooperação, ajuda e
assistência internacionais, os empréstimos disponíveis são um recurso utilizado em último caso pelos países.
Isso se deve principalmente porque as negociações de empréstimos são feitas apenas mediante a adoção de uma “Carta
de Intenções” que contém o que ficou conhecido como condicionalidades, isto é, condições tratadas no acordo do
empréstimo que não somente estabelecem os termos da negociação, mas também auxiliam o país que pede o
empréstimo a se recuperar da crise, sendo assim capazes de quitar a dívida com o FMI. A Carta, portanto, é responsável
por estabelecer que o país responsável por tomar o empréstimo deva seguir à risca todas as condicionalidades previstas.
Essa é uma forma de garantir que o Fundo não seja prejudicado na negociação e não seja ressarcido do valor emprestado.
Leia também: como é a relação do FMI com o Brasil?
A GRÉCIA NA UNIÃO EUROPEIA
A Grécia é um dos 28 Estados-membros da União Europeia e é também pertencente à Zona do Euro. Tem como capital e
maior cidade Atenas, com 4 milhões de habitantes. O país inteiro tem quase 11 milhões, sua língua oficial é o grego e sua
adesão à UE aconteceu no dia 1º de janeiro de 1981.
Segundo informações do site da União Europeia, em 2015, os principais setores da economia grega foram o comércio
atacadista e varejista e os serviços de transportes, hospedagem e restaurantes (25,4 %), a administração pública,
a defesa, a educação, a saúde e os serviços sociais (21,0 %) e o imobiliário (17,2 %). A Grécia exporta principalmente óleos
de petróleo, medicamentos e azeite para países como a Itália, a Eslovênia e a Alemanha; e suas importações provêm
sobretudo da Alemanha, da Itália e da Rússia.
Ainda segundo informações da União Europeia, atualmente, o total da despesa da União Europeia na Grécia é de 6,2
bilhões de euros (aproximadamente 22 bilhões de reais), e o total da contribuição da Grécia para o orçamento da UE é de
1,2 bilhões de euros (aproximadamente 4 bilhões de reais). Hoje, claramente, a relação que a Grécia estabelece com a UE
é deficitária e essencial para o país que possui um PIB médio de 194,5 bilhões de dólares, segundo dados de 2016. Essa
contribuição orçamentária da UE tem sido fundamental para ajudar nas despesas do país.
Aspectos econômicos
Considerada economicamente subdesenvolvida, a América Latina caracteriza-se por ser grande exportadora de produtos
agrícolas e minerais para os países desenvolvidos. O setor primário, portanto, é muito importante para a economia de seus
países e emprega parcela significativa da população regional.
Extrativismo mineral: alguns dos maiores produtores mundiais de determinados minerais são latinoamericanos. Isso
ocorre, por exemplo, com o petróleo (com Venezuela, México e, agora, o Brasil, por conta da camada pré-sal), o ferro
(Chile e Brasil são primeiro e o segundo maiores produtores mundiais), o manganês (Brasil é o segundo maior produtor
mundial), o estanho (Bolívia), a prata (México e Peru) e a platina (Colômbia).
Agropecuária: na América Latina, o setor é marcado por grande concentração de terras, que gera diversos conflitos
fundiários especialmente no México, no Brasil e na Bolívia. Em geral, a agricultura e a pecuária tradicional (culturas
extensivas, com técnicas primitivas e sem seleção de plantel) fornecem alimentos para as populações urbanas e rurais.
Quando moderna e mecanizada, a produção agropecuária regional está muito vinculada ao capital externo e destina-se,
sobretudo, à exportação.
Indústria: Brasil, Argentina e México possuem parques industriais expressivos, com indústria de base e de tecnologias de
ponta, mas são exceções. A maior parte dos países latinoamericanos detém apenas indústrias tradicionais têxteis,
alimentícias e de beneficiamento de matérias-primas para exportação.
Fique atento
Recentes tensões da região apareceram com destaque nos noticiários nacionais e internacionais. Alguns exemplos são:
– Reativamento da 4ª Frota Naval americana, encarregada de patrulhar o Atlântico Sul e mantê-lo como zona de influência
exclusiva norte-americana;
– Aumento de tensões entre Colômbia e Venezuela por conta do ataque colombiano às Farc (Forças Armadas
Revolucionarias da Colômbia) no Equador e ao acordo militar que permite aos EUA construir bases militares na Colômbia;
– Modernização do arsenal militar da Venezuela;
– Organismos multinacionais como a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e a Alba (Aliança Bolivariana para as
Américas) são tentativas de integrar e unir os países latinoamericanos aliados às ideologias dessas organizações.
– Surgimento do bolivarianismo como ideologia da América Latina principalmente na Venezuela e na Bolívia em
contraposição ao neoliberalismo.
Como pode cair no vestibular?
Em 2009, houve grandes acontecimentos na América Latina: tensões envolvendo Venezuela e Colômbia, movimento
separatista em Santa Cruz, na Bolívia, e crise política em Honduras (com grande destaque internacional para a atuação do
Brasil no caso). Vale a pena procurar se informar sobre esses e outros eventos atuais da região.
Crises econômicas do Século XXI
0. Crises Econômicas
Crise econômica, recessão, depressão, desemprego, PIB. Você com certeza já teve dúvidas sobre esses conceitos tão
comuns quando se fala em economia, não é mesmo? Mas afinal, o que é uma crise na economia? Por que de tempos em
tempos ouvimos falar sobre isso? O Politize! preparou esse texto para te explicar de uma maneira simples esses temas
que parecem tão complicados.
A Grande Depressão causou pobreza geral nos Estados Unidos e em diversos países do mundo. Aqui, família
desempregada, vivendo em condições miseráveis, em Elm Grove, Oklahoma, Estados Unidos.
Foto: Domínio Público
CRISE ECONÔMICA, ISSO É NORMAL?
Antes de mais nada, precisamos explicar que a economia é cíclica – apesar de apresentar períodos de certa estabilidade.
Isso significa que, em alguns momentos há crescimento e em outros há queda da atividade econômica, o que é
um padrão normal do sistema capitalista. Ou seja, de tempos em tempos passaremos por crises, isso é inevitável. O que
pode variar são as razões que levam às crises, os setores da economia que serão mais afetados e a intensidade delas, é
claro. Em geral, grandes crises afetam de alguma forma todos os países do sistema capitalista, pois as economias são
dependentes entre si.
Manifestação em solidariedade ao povo chileno nas ruas de Barcelona em 2019. Foto: Tomo Carbajo/Fotovimiento/Fotos Públicas.
Tudo começou em 6 de outubro de 2019, quando o governo anunciou um aumento de 30 pesos nas passagens do
transporte público. Primeiro, foram os estudantes que tomaram as ruas em protestos que se espalharam por várias
cidades. Com a adesão de outros participantes, o movimento tomou corpo e as manifestações se tornaram mais
agressivas, deixando um saldo de mais de 20 mortos e 9 mil pessoas presas nos primeiros 30 dias de protestos.
Mas tudo isso só por causa do aumento das passagens?
“No es por 30 pesos, es por 30 años”
A frase acima foi recorrente nas manifestações e mostra o espírito da população. Mas o que causou esse
descontentamento geral nas últimas 3 décadas?
Para entendermos, vamos voltar um pouco na história chilena.
Em 1970, quando assumiu a presidência do Chile, Salvador Allende tinha um plano de desenvolvimento para o país que
visava reduzir as diferenças sociais. Para isso, deu continuidade a reformas agrárias iniciadas por seu antecessor Eduardo
Montalva, estatizou bancos e algumas indústrias, como a de mineração, têxtil e alimentícia.
De fato, o país cresceu. De 1970 para 1971 houve um aumento de 12% na produção industrial, (o maior em 20 anos),
novos empregos foram gerados e os salários aumentaram. Porém o rápido crescimento ocasionou graves desequilíbrios
nas finanças chilenas: o país se endividou ao comprar empresas privadas, e os gastos públicos também aumentaram,
especialmente devido aos salários dos trabalhadores que eram dessas empresas e passaram a ser funcionários públicos
por causa das estatizações.
Além do aumento de gastos, ocorreu nesse período também um aumento de salários. Com maior poder aquisitivo, a
população foi às compras e isso elevou a inflação, que foi de 22% em 1971 para 162% um ano depois.
O governo começou a controlar preços e as empresas reduziram o fornecimento de mercadorias. Dessa forma,
começaram a faltar produtos no comércio. A população estava descontente, e a economia, fora de controle.
A crise na Argentina tem sido um assunto recorrente na mídia nacional e internacional e diversas são as notícias sobre as
oscilações econômicas do país. Mas você sabe o que tem afetado a economia argentina e quais os fatores dessa crise?
Vamos entender neste post!
CONTEXTO DA CRISE NA ARGENTINA
A Argentina está atravessando uma intensa crise econômica que já dura aproximadamente 30 anos. Essa situação
impulsionou, principalmente nos últimos anos, a desvalorização do peso argentino, uma alta taxa de inflação e pedidos
de ajuda do país ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
A crise teve origem na década de 1990, quando se iniciou o histórico déficit fiscal no país – ou seja, os gastos do governo
eram maiores que a arrecadação. Isso significa que o dinheiro recebido pelo governo a partir dos impostos não era
suficiente para custear as despesas de administração e dos investimentos do governo.
Para amenizar a situação, foram emitidos títulos da dívida pública, que são, basicamente, como empréstimos que a
população faz ao governo para financiar a dívida. As pessoas que compram esses títulos estão fazendo uma espécie de
investimento no governo para que ele possa arrecadar recursos e pagar suas contas. Em datas determinadas, as pessoas
resgatam o dinheiro que investiram nesse título com o objetivo de obter lucros, pois o valor pode ter aumentado (ou não)
devido principalmente às taxas de juros – ou seja, esse investimento também apresenta o risco de não haver retorno total
do valor.
A crise na Argentina recentemente…
Em 2013, a economia argentina entrou em um período de estagnação, apresentando um crescimento econômico muito
lento que, aliado à altas taxas de desemprego, agravou cada vez mais a crise fiscal, pois os gastos do governo se
mantiveram mais altos que a arrecadação. Em outras palavras, essa estagnação, em conjunto com o desemprego, fazem
com que as pessoas consumam menos – ou porque elas não têm dinheiro ou porque preferem guardá-lo devido às
expectativas de inflação. Isso gera uma menor movimentação da economia e, portanto, uma menor arrecadação do
governo, o que intensifica a crise fiscal.
Outro agravante da crise é o fato de que, historicamente, a Argentina possui uma baixa reserva de dólares, o que faz com
que a moeda nacional (o peso argentino) se torne muito suscetível à desvalorização. Isso porque se o valor do dólar
aumenta muito, o governo não possui uma quantidade de moeda suficiente para fornecer aos compradores de dólares e,
por isso, deve obter mais moeda para estabelecer a equivalência do aumento, gastando mais dinheiro.
Além disso, como o país tem passado por uma estiagem – período longo sem chuvas – e nos últimos anos, o setor
agrícola apresentou queda em sua produção. Como boa parte das exportações da Argentina são do setor agrícola, há
uma dependência da economia nesse setor. Assim, quando a exportação de produtos agrícolas cai, a entrada de dólares
no país diminuiu em grande medida.
Em 2015, o presidente Mauricio Macri assumiu o governo e, desde então, tem aplicado um plano de ajuste fiscal
baseado nos cortes de gastos como uma tentativa de reduzir a dívida pública e alcançar um superávit primário. Para
compreender os cortes que o governo argentino tem realizado com o objetivo de combater a crise, precisamos entender
no que consiste um ajuste fiscal.
AJUSTE FISCAL: ENXUGANDO AS CONTAS DO GOVERNO
Esse termo tão presente no dia-a-dia dos jornais é mais simples do que parece e diz muito à respeito a situação da
Argentina. Ajuste fiscal é, basicamente, o corte de gastos do governo e o aumento de tributação, mas, normalmente, o
segundo é menos utilizado nesta fórmula por ser impopular.
O governo argentino realizou o ajuste fiscal por meio do corte de subsídios, como o auxílio na energia elétrica, gás e
transporte público, da criação de imposto direto sobre exportações e do corte de verbas ministeriais. O objetivo de Macri
com essas medidas é reduzir a participação do Estado na economia, de forma a reduzir os gastos do governo e o déficit
fiscal. Com esse dinheiro economizado, o governo visa a pagar a dívida pública argentina, freando seu crescimento ano
após ano.
TAXA DE JUROS: EFEITO DOMINÓ
A taxa de juros corresponde ao lucro que se recebe por emprestar dinheiro ou que se paga por tomá-lo emprestado. A
maioria das pessoas está habituada com esse termo quando se trata da relação entre pessoas e bancos, mas também é
possível que ocorra entre o Estado e pessoas. Como assim? Bom, aqui vai um exemplo para explicar:
Quando o governo precisa de dinheiro para pagar suas contas, uma de suas opções, como já explicamos, é colocar à
venda Títulos da Dívida Pública. Eles são papéis emitidos pelo Banco Central garantindo que, em um tempo determinado,
aquele título vai valer o que foi pago com o acréscimo de um percentual – esse percentual é a taxa de juros.
A taxa de juros do país depende de dois fatores: da taxa de juros que está em vigor nos Estados Unidos (já que o dólar é
a moeda de referência) e do chamado “risco país”, baseado em um ranking feito por agências especializadas, que mede o
risco que aquele país possui em não pagar sua dívida, ou seja, de “dar o calote”. No caso argentino, a dívida pública já é
tão grande que as agências de risco temem que o governo não consiga mais pagar, o que aumenta em muito o “risco
país” – aumentando, assim, os juros que o governo precisa pagar a quem detém o título da dívida. Afinal, para o
comprador, só compensa adquirir o título e se expor a um risco de não receber seu dinheiro de volta, se a “recompensa”
(o juro) for alta.
Essa instabilidade econômica causa descrença na capacidade do governo de pagar a sua dívida, fazendo com que os
investidores internacionais vendam seus títulos da dívida argentina, com medo de não receberem o valor que lhes é
devido. Esse movimento é chamado de “fuga de capitais”, o que diminui mais ainda a disposição de dinheiro para o
governo argentino poder fazer sua economia voltar a funcionar.
Para evitar essa “fuga de capitais”, o Banco Central Argentino, elevou a taxa de juros para 60%. Para você ter uma
referência, nos EUA, a mesma taxa é de 1,75%, e no Brasil, mesmo com uma crise econômica, é de 6,5%. A lógica é de
que, com um “prêmio” tão alto, valeria a pena para os investidores correr o risco do calote. Porém, essa medida foi
pouca efetiva, pois a desvalorização do Peso continuou a crescer, apontando que a saída de capitais se manteve.
Por outro lado, esse aumento da taxa de juros gera recessão na atividade industrial e econômica do país, pois, como
dissemos, essa mesma taxa é usada como base para se tomar empréstimos e, portanto, fica inviável para os industriais
realizarem investimentos. Então, por exemplo, se o industrial desejar investir em seu maquinário, e para isso precisa
pegar um empréstimo, ele deixará de fazê-lo, pois os juros tão altos aumentarão muito o custo desse investimento.
Sem investimentos, a economia não cresce, o que tem como consequência mais desemprego e diminuição da renda da
população, que acaba consumindo menos. Assim, agrava-se a crise do país como um todo. Esse é o efeito dominó!
ALTA DA INFLAÇÃO NA ARGENTINA
A inflação é um percentual que mede o aumento geral de preços numa economia e é um importante fator de
intensificação da crise econômica, pois com o aumento dos preços, há uma queda no consumo, que é, por sua vez, um
importante gerador de emprego e renda.
Existem muitos fatores que podem gerar inflação em um país – no caso argentino, são dois os mais relevantes: a fuga de
capitais e a pouca oferta de produtos no mercado interno. A baixa disponibilidade de produtos no mercado faz com que
os preços subam, pois eles passam a ser mais procurados – e quanto mais desejados, maior o preço – gerando um
aumento da inflação. Além disso, frente à instabilidade econômica, muitos investidores e produtores passam a retirar
suas empresas e fábricas de um país, fazendo com que o dinheiro saia do país. Esse fenômeno é conhecido como fuga de
capitais, e faz com que muitos produtos e serviços deixem de existir, contribuindo também para que os preços do
comércio e do mercado financeiro tornem-se mais altos.
Conforme falamos, o Estado pode tomar empréstimos da sociedade, podendo ser agentes nacionais e internacionais Em
primeiro lugar porque, com a fuga de capitais e a baixa reserva de dólares, o peso argentino fica desvalorizado, elevando
o preço dos produtos importados, o que gera inflação. Isso ocorre porque se um produto possui algum insumo de origem
estrangeira, por exemplo, ele vai precisar de um maior investimento para ser fabricado, já que a moeda argentina está
desvalorizada e o dólar mais caro, elevando o preço final do produto e agravando ainda mais a inflação e o consumo.
Como consequência, o investimento no país diminui porque a produção torna-se muito mais cara e não há expectativas
de aumento do consumo, fazendo com que o desemprego cresça e intensifique a crise.
É bem verdade, contudo, que quase todas as moedas de países em desenvolvimento têm sofrido uma pressão de
desvalorização em relação ao dólar, por conta do aumento da taxa de juros dos EUA, que tem atraído muitos investidores
em busca da segurança de pagamento que os títulos americanos possuem.
Em segundo lugar, a baixa oferta de produtos no mercado interno está entrelaçada aos motivos que já citamos. Com o
aumento do preço do dólar na Argentina, vale mais a pena para o industrial vender seus produtos no exterior, em dólar,
que no mercado interno, pois com a mesma quantidade de dólares recebidos, ele poderá obter mais Pesos Argentinos.
Ou seja, as indústrias argentinas começaram a exportar mais e vender menos dentro do país. Assim, pela Lei da Oferta e
Demanda, o preço dos produtos no mercado interno aumenta, pois há menos produtos em oferta, mas a demanda é a
mesma.
A ATUAÇÃO DO FMI NA CRISE ARGENTINA
Economistas afirmam que o governo argentino deve estabelecer medidas que estabilizem o câmbio do país para que
possam, posteriormente, recuperar a credibilidade argentina no cenário econômico internacional. A queda do peso
argentino em relação ao dólar foi a maior entre todos os países emergentes desde o início deste ano. Diante de todos
esses problemas econômicos e sociais, a Argentina decidiu pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional – FMI.
Em junho de 2018, o país recebeu do FMI 50 bilhões de dólares em um acordo de financiamento com duração de 36
meses. Apesar de aparentemente essa ser uma boa notícia, o acordo gerou diversas manifestações contrárias por parte
da população pelo país. Isso aconteceu pois quando um acordo com o FMI é firmado, a instituição exige que certas
políticas sejam adotadas para que o país em crise volte a ter uma estabilidade econômica e recupere a credibilidade no
mercado internacional.
Porém, essas políticas são medidas de austeridade para reduzir o déficit fiscal do país, ou seja, medidas que possuem
objetivo de reduzir gastos públicos e, como geralmente impactam em áreas sociais, como na educação, saúde e
previdência, geram descontentamento por parte da população.
Com a alta da inflação, o poder de compra da população argentina já havia diminuído, trazendo um índice alto de
pobreza para o país. Acrescentando ainda as novas políticas adotadas, indicadas pelo FMI, a população se encontra em
um novo estado de vulnerabilidade social, com o acesso à serviços básicos de direito sofrendo cortes de gastos.
ELEIÇÕES ARGENTINAS 2019
Em 2019, ocorrem as eleições presidenciais na Argentina – realizadas em duas etapas, as primárias e as eleições gerais.
Assim, no dia 11 de agosto do mesmo ano, já ocorreram as Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO) – em
que os principais candidatos foram Alberto Fernández e Mauricio Macri.
Mas o que isso significa? A PASO é considerada uma modalidade única do planeta, criada em 2009, obriga todo o
eleitorado do país a ir às urnas para escolher, entre os pré-candidatos, quais serão os candidatos à eleição presidencial.
Como todos são obrigados a votar, é considerada como um “mega ensaio” do primeiro turno das eleições gerais. Assim,
enquanto aqueles candidatos que possuem menos de 1,5% de votos em nível nacional são descartados da eleição geral,
as primárias argentinas também sinalizam à sociedade e – principalmente – ao mercado quem são os favoritos ao cargo.
O peronista Fernández derrotou Macri nas primárias com 47,4% dos votos, tornando-se o favorito à presidência. O
candidato já declarou que considera o FMI como corresponsável pelo desastre econômico argentino. Assim, caso ganhe,
já se espera que não siga o plano de emergência lançado em 2019 pelo presidente Macri – o presidente decidiu por adiar
o pagamento da dívida externa e renegociar termos com o FMI. Assim, em 28 de agosto, a Argentina
declarou reperfilamento da dívida, o que para muitos especialistas é apenas outro termo para moratória.
Para além disso, no início de setembro, também foi determinado pelo Banco Central que as entidades financeiras devem
pedir autorização antes de remeter dólares ao exterior. O objetivo principal das medidas é impedir que as reservas
internacionais deixem o país e, assim, estabilizar o mercado monetário e financeiro do país.
No dia 27 de outubro está marcado às eleições gerais. Como você pode ver, o cenário econômico argentino ainda é de
grande incerteza e, dependendo do resultado da eleição, um novo plano econômico pode entrar em vigor no país.
Também há a recessão brasileira atual, além disso, com o Coronavirus, o mundo caminha para uma nova recessão.
Crise na Venezuela
Você provavelmente já ouviu falar da crise na Venezuela, certo? O tema é amplamente discutido no Brasil, principalmente
por tratar-se de um país vizinho, e que tem provocado forte fluxo de refugiados. Além disso, o governo socialista do atual
presidente Nicolás Maduro é alvo de críticas recorrentes na mídia brasileira.
Mas você sabe como começou a crise na Venezuela? Bom, para entender suas origens é preciso fazer uma retrospectiva
histórica, já que os acontecimentos recentes se somam aos acontecimentos históricos para construir a realidade atual do
país. Além disso, as características relacionadas à riqueza natural do território venezuelano e ao sistema de
governo também são bastantes importantes. Neste post, vamos entender de que forma todos esses aspectos influenciaram na
atual crise na Venezuela.
GEOGRAFIA DA VENEZUELA
A República Bolivariana da Venezuela é um país da América do Sul, que faz fronteira com o Mar do Caribe, com a
Colômbia, com o Brasil e com a Guiana. O país se situa em um território conhecido por suas grandes reservas petrolíferas,
sendo que o petróleo e suas variações representam cerca de 96% das exportações do país, levando os governos
venezuelanos, historicamente, a utilizarem o mesmo como foco das políticas econômicas.
Crise na Venezuela – Mapa
RETROSPECTIVA HISTÓRICA
Podemos olhar a partir do governo de Juan Vicente Gómez (1908-1935), quando as reservas de petróleo começaram a ser
exploradas, consolidando o Estado Nacional Venezuelano como o principal exportador mundial de petróleo para os
EUA, o que fez com que o país desenvolvesse uma forte dependência com o mercado estadunidense.
A Venezuela se beneficiava do aumento do preço do barril, como por exemplo na década de 70, quando as Crises do
Petróleo foram responsáveis por grandes aumentos no preço dessa commodity, já que a oferta do mesmo estava
diminuindo, gerando prosperidade para o país durante a presidência de Carlos Andrés Pérez, de 1974 a 1979.
Posteriormente, após o estabelecimento dessa dependência, durante o segundo governo de Pérez, de 1989 a 1993,
ocorreram novas crises relacionadas ao petróleo, porém, dessa vez, eram decorrentes da alta oferta do produto, que acabou
por levar a uma queda acentuada dos preços dos barris. O então presidente anuncia uma série de ajustes de caráter liberal –
inclusive um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) -, que resultaram em um aumento dos preços dos
combustíveis e das passagens.
Insatisfeito, o povo foi às ruas no movimento conhecido como “Caracazo”, o qual aconteceu em fevereiro de 1989 e deu
respaldo para uma tentativa de golpe. Nesta tentativa, participou Hugo Chávez, que foi preso. Quando foi solto, concorreu
às eleições presidenciais e foi eleito em 1998.
Leia mais: Política na Venezuela
Governo de Hugo Chávez
Hugo Chavéz ocupou o cargo de presidente da Venezuela durante 14 anos, eleito por 3 mandatos seguidos, e governou
o país com base em ideais diferentes dos governos passados, mas ainda assim o petróleo era o principal produto de
exportação venezuelano. É importante ressaltar que Chávez tem um perfil presidencial diferente de seus antecessores, já
que era soldado, bolivariano, socialista e anti-imperialista.
Durante os anos em que Chávez esteve na presidência dividiu opiniões fervorosamente, já que suas decisões políticas
muitas vezes foram consideradas autoritárias, extremistas, nacionalistas e populistas.
Apesar da manutenção de Chávez como presidente, havia grupos de oposição na própria população venezuelana. Isso
pode ser visto pela tentativa de golpe de Estado que sofreu em 2002, quando a crise na Venezuela era política. Ele tentou
neutralizar a ação dessa oposição silenciando parte da imprensa e perseguindo pessoas contrárias ao seu governo.
O ex-presidente venezuelano manteve a economia e as exportações do país com base no petróleo, não diversificando os
setores significativos de exportação de produtos. E, por isso, enquanto os preços dos barris de petróleo estavam em alta,
a Venezuela conseguiu lucrar muito com a exportação deste produto.
Mas o que fez o governo chavista para se tornar ao mesmo tempo tão popular e impopular? A resposta dessa questão está
nas medidas de grande impacto que Chávez tomou nos seu governo. Durante os anos que esteve como
presidente, nacionalizou setores estratégicos (reservas de petróleos, telecomunicações, eletricidade, etc.), de grande
importância para a Venezuela. Ao fazer tudo isso, acabou por contrariar e afastar investimentos internacionais no país.
Além disso, sua posição de aproximação à Cuba, com Fidel Castro, e afastamento dos EUA, não era bem vista por grande
parte da sociedade internacional.
Por outro lado, Chávez teve parte do apoio popular, principalmente, pelos projetos desenvolvidos nas áreas da saúde e
educação. E, sua imagem, para os venezuelanos que o defendiam, estava para além de um presidente, muitos o viam como
um familiar ou ícone.
Leia mais: O que é socialismo?
TRANSIÇÃO DE CHÁVEZ PARA MADURO
Em meados de 2011, Chávez faz um anúncio na televisão afirmando que estava com câncer, tendo que fazer diversas
operações e portanto precisando se ausentar no governo. O então Ministro das Relações Exteriores, que seria seu vice na
candidatura de Chávez do ano seguinte, Nicolás Maduro, passou a ganhar destaque, tendo que ser o representante oficial do
governo em múltiplas ocasiões.
Em 2012, houve uma nova eleição para escolher o futuro presidente do país. Chávez teria como principal adversário o
então governador do estado de Miranda, Henrique Capriles. Essa foi a eleição mais disputada da “Era Chávez”, decorrente
do início da crise econômica que estava surgindo no país. Mesmo assim, Hugo Chávez é escolhido pelos venezuelanos para
continuar seu mandato por mais 6 anos.
No entanto, dois meses após ser empossado para o seu quarto mandato seguido, Chávez morre, tendo assim que ser feita
uma nova eleição. Maduro é escolhido como o candidato para seguir o legado chavista, enquanto Capriles é novamente o
candidato da oposição. A eleição novamente é disputadíssima, mas Maduro se elege por uma pequena diferença.
Crise na Venezuela – Chavez
A CRISE NA VENEZUELA
Como já explicamos, durante décadas, a política econômica voltada para a exportação de petróleo obteve
sucesso, principalmente nos anos em que o preço do barril estava em alta. O governo de Chávez aproveitou a massiva
entrada de dólares no país para promover a importação de todos os bens que eram consumidos no país, além de
financiar programas de cunho social, despreocupando-se com o desenvolvimento agrícola e industrial do país.
No entanto, desde meados de 2014, já no governo de Nicolás Maduro, o preço dos barris começou a cair gradualmente.
Essa queda pode ser explicada por alguns fatores como a recusa por parte da Arábia Saudita (principal produtora de
petróleo do mundo) e outros países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de diminuirem suas
produções para manter os preços, além de uma demanda menor do que a esperada da Europa e da Ásia e o aumento
da produção de xisto (rocha metamórfica) pelos EUA, viabilizando a produção de petróleo de xisto e gerando uma
alternativa às importações advindas da Venezuela.
Com isso, além de não receber tanto dinheiro como recebia antes (quando os preços estavam em alta), a produção
venezuelana desacelerou porque a PDVSA, empresa estatal de petróleos de Venezuela, sofria com infraestrutura
precária, devido a já mencionada falta de investimentos no setor industrial e aos escândalos de corrupção. Além
disso, no governo Chávez foi criada a Petrocaribe, que consistia em uma aliança entre a Venezuela e os países do Caribe,
com o objetivo das ilhas caribenhas comprarem o petróleo venezuelano por meio pagamentos diferenciais (abaixo do preço
de mercado).
Essa queda na produção acentuou o baixo incentivo que as indústrias possuíam de se desenvolverem, e estimulou o setor
privado a importar cada vez mais. Tomando como base a dependência dos produtos importados, somado a o
decréscimo das exportações, começou a faltar produtos essenciais nos supermercados, levando ao desabastecimento.
O governo, então, adquiriu dívidas públicas, porque começou a depender muito dessas importações, gastando muito
dinheiro. Por isso, a solução encontrada foi imprimir mais dinheiro, para que fosse possível cobrir os desfalques das
contas públicas. Porém, ao se imprimir mais dinheiro, a oferta da moeda acaba se tornando maior que a demanda, o que faz
com que o preço do dinheiro em si caia, sendo necessário mais dinheiro para comprar as mesmas coisas. Em outras
palavras, essa solução fez com que a inflação, ou seja, o aumento dos preços, ficasse alta.
Com o objetivo de manter o valor da moeda local (bolívar), o governo criou uma política cambial para controlar a
compra de dólares pela população e obrigou os comerciantes a venderem seus produtos abaixo do preço de custo para
que se controlasse artificialmente a inflação, levando inúmeros estabelecimentos a falência. Somada a essa
hiperinflação, o governo ainda tinha que expandir seus gastos para garantir a manutenção dos programas sociais.
Existe até hoje, na política, uma crise na Venezuela muito forte, que coloca de um lado os chavistas e do outro os
opositores do governo, e essa oposição é fortemente marcada pela presença das forças armadas. Em 2014, protestos
populares tomaram conta das ruas em oposição ao governo de Maduro, que repreendeu fortemente a população.
RELAÇÃO COM OS ESTADOS UNIDOS E EMBARGO ECONÔMICO
Não há como explicar a crise na Venezuela sem falar das sanções econômicas impostas ao país pelos Estados Unidos.
O relacionamento entre os dois países é bastante controverso: eles exercem oposição aberta um ao outro, por serem rivais
ideológicos. A Venezuela segue princípios bolivarianos anti-imperialistas, e se opõe ao modelo de capitalismo adotado
pelos Estados Unidos. Os Estados Unidos, por sua vez, é contrário ao governo socialista venezuelano, que faz frente a seu
poderio. Mas isso não significa que os dois países não tenham relação alguma. A Venezuela possui a maior reserva de
petróleo do mundo, e os Estados Unidos são o maior consumidor desse recurso: esse é o elo de ligação entre os rivais.
Conforme mencionamos anteriormente, os Estados Unidos são o maior importador do petróleo venezuelano, o que faz com
que a economia do país seja altamente dependente da entrada de dólares vindos dos Estados Unidos. Essa é a delicada
situação da Venezuela: sua economia depende de seu rival, pois é com a entrada de dólares que a Venezuela recebe dos
Estados Unidos pelo petróleo que o país consegue importar a maioria do que consome.
Com a morte de Hugo Chávez, em 2013, o país passou a enfrentar uma crise política e um aumento da oposição
internacional. A rivalidade com os Estados Unidos se intensificou, e o país começou a aplicar fortes sanções econômicas à
Venezuela.
De acordo com um estudo do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (CELAG), as sanções impostas pelos
Estados Unidos entre 2013 e 2017 causaram à Venezuela um prejuízo de 350 bilhões de dólares e o fechamento 3
milhões de postos de trabalhos (24% da população ativa do país). Com a eleição de Donald Trump, as sanções ganharam
ainda mais força: foram impostos bloqueios de medicamentos e alimentos, que afetaram: 9 milhões de dólares em
medicamentos para diálise, 29 milhões de dólares em alimentos, 300 mil doses de insulina, medicamentos para tratamento
da malária, entre outros.
Assim, é evidente que o bloqueio econômico realizado pelos Estados Unidos é um fator fundamental na crise humanitária
que atinge a população venezuelana.
2019: DOIS PRESIDENTES E O AGRAVAMENTO DA CRISE
Em Janeiro de 2019, a autoproclamação do líder do Parlamento venezuelano como Presidente Interino levou à uma enorme
escalada da crise na Venezuela.
Agora, o país vive um contexto ainda mais complexo: possui dois presidentes reconhecidos internacionalmente, cada um
apoiado por diferentes países. Juan Guaidó, o presidente autoproclamado, é fortemente apoiado pelos Estados Unidos, que
pressionam cada vez mais pela queda do governo de Maduro.
Para ficar por dentro de toda a conjuntura atual da Crise da Venezuela e os acontecimentos mais recentes, acompanhe
nosso outro post sobre a Crise da Venezuela.
LINHA DO TEMPO DA CRISE NA VENEZUELA
Muita coisa de uma vez, né? Então vamos recapitular os acontecimentos que levaram à crise na Venezuela:
2012 – Uma nova eleição presidencial. Com câncer, Chávez permanece um bom tempo fazendo tratamento em Cuba, não
participando diretamente de sua campanha. A oposição consegue se fortalecer, levando à eleição mais disputada da era
Chávez. No entanto, o então presidente consegue se manter no poder.
2013 – No dia 5 de março, Nicolás Maduro anuncia a morte de Hugo Chávez. Uma nova eleição é marcada, sendo Maduro
o candidato de continuação do Governo Chávez. Por uma pequena diferença, Maduro vence e consegue se manter no
poder.
2014 – Com a inflação no país aumentando gradualmente, além de um crescimento na criminalidade, milhares de pessoas
vão protestar nas ruas, gerando depredações de prédios públicos e mortes de manifestantes.
2015 – Ocorre a eleição parlamentar no país, na qual a oposição consegue a maioria da Assembleia Nacional. A crise da
Venezuela (econômica e política) se agrava ainda mais com a queda do preço do barril de petróleo.
2016 – A inflação cresce mais com o passar dos meses, junto com a pobreza e os índices de criminalidade. A falta de
alimentos, de produtos higiênicos e de energia começa a se alastrar pelo país.
2017 – A Venezuela é suspensa do Mercosul pela Cláusula Democrática, após a instalação de uma Assembleia
Constituinte composta apenas por aliados de Maduro. Novos protestos deixam mais de 100 mortos.
2018 – Uma nova eleição à presidência ocorre, porém sem a participação da oposição, a qual alega que o próprio governo
estava comprando votos por meio da distribuição de benefícios. A crise migratória de venezuelanos se agrava, chegando a
milhões espalhados pelo continente americano.
2019 – Nicolás Maduro e Juan Guaidó tomam posse paralelamente como presidentes da Venezuela. O primeiro eleito pelo
Tribunal Supremo de Justiça e o segundo pela Assembleia Nacional.
Saúde e Problemas ambientais
Problemas Ambientais e Aquecimento Global são temas contemporâneos de muita importância, e podem aparecer
nas questões de Biologia, Química, Física, Geografia, História, e como temas transversais e na Redação também. Se
liga aqui no resumo e no simulado.
O tema do Aquecimento Global do Planeta Terra a partir das interferências do homem tem a sua origem na época
da Revolução Industrial, inicialmente na Inglaterra, no século XVIII. O domínio do homem sobre a energia produzida nas
máquinas a vapor gerou um ciclo de uso intensivo da queima do carvão como fonte de alimentação
Depois vieram os motores a combustão interna, movidos pela queima do petróleo (na forma de seus derivados mais
comuns: óleo diesel, gasolina, e querosene), gerando o “Efeito Estufa” na atmosfera. Junto com a queima destes
combustíveis fósseis contribuem ainda para o Aquecimento Global o desmatamento de florestas e a queima de vegetações.
O Aquecimento global, portanto, está relacionado às consequências para o ambiente que desencadearam nos últimos
séculos o aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra.
Os registros científicos dos últimos 140 anos mostra que o Planeta Terra vem num processo contínuo de aquecimento da
temperatura na superfície dos continentes e dos oceanos. Desde 1880 a temperatura já subiu 1 grau centígrado. O ciclo de
2014 a 2018 registrou a maior temperatura média de todos os tempos.
O Efeito Estufa e o Aquecimento Global
Há uma constatação pelas medições da NASA, a Agência Espacial Norte Americana, de que o ano de 2016 foi o mais
quente dos últimos seculos, e de que o ano de 2018 esteve com temperatura elevada, mantendo a rota de Aquecimento
Global.
Os da NASA apontam através de evidências pela medição de gases que geram o efeito estufa de que o mesmo ocorre
principalmente pela ação do homem neste processo, gerando o Efeito Estufa. Todo o planeta está de olho nas Mudanças
Climáticas.
Confira com o professor Carrieri, do canal Curso Enem Gratuito, uma aula com foco nas Mudanças Climáticas e no
Aquecimento Global:
O aquecimento global, nesta direção apresentada no vídeo pelo professor Carrieri, seria uma consequência direta de ações e
processos determinados pelos humanos, tais como a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento, a produção de
diversos gases que no conjunto ‘blindam’ a Terra.
Uma das consequências desta blindagem que estes gases provocam é impedir que o Planeta Terra devolva para o espaço
uma parte do calor recebido do Sol. Assim, uma parte do calor não se dissipa como antigamente, e o sistema ‘esquenta’.
Veja na imagem abaixo um esquema do Efeito Estufa, que é o nome deste fenômeno que leva ao Aquecimento Global.
Observe como as Queimadas, a queima de combustíveis fósseis ou renováveis, e os gases de queimas industriais ou mesmo
um simples aerosol de clorofluorcarbono contribuem para “O Efeito Estufa”.
Se este aumento se deve de maneira preponderante a causas naturais ou antrópicas (provocadas pelo homem) ainda há
controvérsias. Porem, as evidências coletadas pelos cientistas, meteorologistas e climatólogos convergem para considerar
que a ação humana realmente está influenciando na ocorrência do fenômeno.
As perspectivas não são nada otimistas. Conferências globais tentam definir o papel de cada país na redução de atividades
que contribuem fortemente para o aquecimento do planeta, e sem chegar a acordos objetivos em profundidade.
Os presidentes das maiores potências mundiais discutem se adotam ou não o limite de aquecimento global de 1 (um) ou
(dois) graus na temperatura do planeta no século XXI. Mas, para a Terra, ninguém perguntou ainda.
As temperaturas globais podem aumentar entre 1,1 e 6,4 °C, entre 1990 e 2100, segundo modelos climáticos do IPCC. No
ano de 2016 o Planeta registrou as maiores temperaturas médias desde o ano de 1880, quando teve início a coleta de dados.
Em 2017 a temperatura média foi 0,9 Graus Célsius mais alta do que a média registrada nos anos de 1951 a 1980. Olhando
apenas para o número da diferença no aumento da temperatura podemos imaginar que “seria pouco, menos de um grau”.
Sob o tema “economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”, o desafio proposto à
comunidade internacional é o de pensar um novo modelo de desenvolvimento que seja ambientalmente responsável, socialmente
justo e economicamente viável. Assim, a “economia verde” deve ser uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável. O Brasil
propõe-se a facilitar as discussões, uma vez que o debate sobre o tema encontra-se em estágio inicial.
Sob o tema da estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável, insere-se a discussão sobre a necessidade de
fortalecimento do multilateralismo como instrumento legítimo para solução dos problemas globais. Busca-se aumentar a
coerência na atuação das instituições internacionais relacionadas aos pilares social, ambiental e econômico do
desenvolvimento.
Governos Trump e Bolsonaro
Fatos importantes sobre Donald Trump e pilares de seu governo
Há sempre um espacinho para os EUA nos vestibulares, no ENEM e até em concursos públicos brasileiros
Donald Trump, como você já deve saber, é o atual presidente dos Estados Unidos, considerado a maior potência
mundial. Por conta disso, os holofotes do planeta inteiro se voltam para o líder do país e a tudo que ocorre dentro e fora da
Casa Branca.
As políticas de estado, externas, de imigração, decisões econômicas e de saúde, em meio ao coronavírus, de Donald Trump,
chamam a atenção. Algumas por serem bem controvérsias.
Mas qualquer que seja o presidente, há sempre um espacinho para os EUA nos vestibulares, no ENEM e até em concursos
públicos brasileiros. Para ajudar você no estudo das atualidades, selecionamos informações sobre a “era Trump” a seguir.
Era Donald Trump
Eleito em novembro de 2016, Donald John Trump é o 45° presidente da história dos Estados Unidos da América pelo
partido republicano. Ele busca sua reeleição nas eleições que ocorrerão em 2020.
Quem é Donald Trump?
Donald Trump nasceu em junho de 1946, em Nova Iorque, em uma família de imigrantes. Seu pai era descendentes de
alemães e sua mãe era escocesa.
Trump cursou Economia na Universidade da Pensilvânia. Nos anos 70 assume a direção da Trump Organization e torna-se
um dos empresários de maior sucesso nos EUA.
Políticas de Donald Trump
Donald Trump é considerado um político de direita e nos olhares da mídia um “populista”. Dentre várias políticas de
Donald Trump algumas merecem mais atenção.
Políticas de imigração
Donald Trump é sempre polêmico ao tocar no assunto. Politicamente, reduziu fundos que ajudavam ao menos 80 mil
imigrantes jovens.
Além disso, ele restringiu a imigração de muçulmanos ao país. No entanto, a Suprema Corte Americana interviu e a
proibição se dá somente para imigrantes dos seguintes países: Síria, Irã, Iêmen, Somália e Sudão.
Donald Trump ainda queria construir um muro na fronteira com o México para barrar a entrada de estrangeiros ilegais nos
EUA. Tal medida foi reprovada pelo Congresso Americano.
Coreia do Norte
Donald Trump teve problemas diplomáticos com a Coreia do Norte, chefiada pelo ditador Kim Jong-un. A Coreia do Norte
realizava testes com mísseis, com potencial de atingir os EUA. A partir disso, ameaças e insultos foram disparados por
Trump em redes sociais e na mídia.
O mundo previu um choque entre as nações, entretanto Donald Trump e Kim Jong-Un reuniram-se em Singapura em 2018
e a Coreia do Norte não seguiu com os testes nucleares na época.
Além disso, Donald Trump foi o primeiro presidente americano a pisar em solo norte coreano. Foi em 2019 em uma
reunião entre os governantes. As negociações seguem estagnadas.
Cuba
Quando Barack Obama foi presidente dos EUA, os americanos tiveram aproximação com Cuba e restabeleceram relações
diplomáticas, revisando acordo e excluindo os cubanos da lista de terroristas norte americana.
Porém, o governo Trump está revendo acordos com Cuba e com isso é possível a volta de Cuba à lista de patrocinadores do
terrorismo.
Além disso, os EUA restringem viagens para Cuba além da realização de negócios.
Rússia
A relação entre as nações ficaram estremecidas após saírem notícias de possível intervenção russa na eleição americana.
As acusações estão baseadas em divulgações de Fakenews contra a candidata Hillary Clinton.
Oriente Médio
Algumas das medidas mais conhecidas de Trump foram criar sanções econômicas ao Irã e romper o pacto nuclear que
mantinha com o país do Oriente Médio.
Trump x Venezuela
Donald Trump, não reconhece Nicolás Maduro como presidente da Venezuela. Além disso, decretou sanções econômicas
ao país. A Venezuela enfrenta uma crise econômica, política e social severa.
Trump e o Brasil
Trump mantém uma certa proximidade com o então presidente do Brasil Jair Bolsonaro. Porém, recentemente criticou as
relações comerciais entre os dois países.
Fez críticas aos processos burocráticos brasileiros, e comentou que os EUA saem perdendo em acordos que têm com o
Brasil. Trump também fez ressalvas na maneira como o governo brasileiro tem enfrentado a pandemia da Covid-19.
Pandemia do novo Coronavírus
O EUA foi o país mais afetado pela pandemia até então com milhões de casos e milhares de mortos. Além disso, o país
conta com mais de 40 milhões de desempregados.
Trump cancelou financiamentos a OMS e diversas vezes subestimou o vírus.
Internet, Redes sociais e Fake News
1. Inclusão digital no Brasil: em que estágio desse processo estamos?
Foto: Pexels.
A pandemia de Covid-19 trouxe, além da crise sanitária, problemas econômicos e políticos. Setores da sociedade se veem
empurrados para o mundo digital como forma de gerar renda, obter informações e até mesmo estudar. Não estar na
internet pode significar, cada vez mais, estar excluído do século XXI.
Esse texto visa entender como esse processo, denominado de inclusão digital, acontece no Brasil e quais os caminhos
para que a internet de qualidade seja mais acessível.
O que é inclusão digital?
Esse é um daqueles conceitos que cada um pode ter uma ideia diferente. Em regra, pensamos nessa inclusão como “levar
acesso à internet” às pessoas. Mas que tipo de acesso? Por quais aparelhos? Quão limitado e qual a qualidade desse
acesso? Quando podemos falar que alguém está incluído digitalmente?
Para entender a questão, observemos a análise da cientista política e professora da USP Marta Arretche. Considerando
pesquisas da área, ela analisa dois tipos de usuários na internet:
Cidadãos de primeira classe: esses são os que conseguem usar a internet de forma ilimitada, realizando atividades
complexas, como produção de textos
Cidadãos de segunda classe: esses são os que têm acesso limitado, usando, principalmente, celulares e acessando redes
sociais.
Geralmente, políticos e mercados, ao falarem de inclusão digital, não fazem essa divisão entre as classes. De fato, se
olharmos o Brasil dessa forma, como um todo, nosso país possui um índice de inclusão digital bem acima da média
mundial. Mas se considerarmos que os ”cidadãos de primeira classe” são os que conseguem benefícios reais com o
acesso – como oportunidades de emprego, educação e consumo de conteúdos de qualidade -, teremos que fazer essa
separação.
Neste texto, consideraremos que estar digitalmente incluído é ter o acesso ilimitado e com qualidade.
Qual a importância do acesso à internet no século XXI?
Mesmo antes da pandemia de Covid-19, as atividades feitas offline e online já estavam começando a se confundir. Isso
porque estamos cada vez mais na Era da Informação, na qual a tecnologia se torna fundamental para as relações entre
pessoas, mercados e governos.
Assim, governos podem se digitalizar, se modernizar e tornar seus serviços mais eficientes; setores educacionais podem
oferecer educação à distância; mercados podem produzir em regime de home office; e a sociedade, como um todo, vai
aprendendo um novo tipo de interação, que vai se tornando essencial.
Contudo, não só de conquistas vive esse momento histórico. O escritor Yuval Noah Harari, autor da famosa obra Sapiens:
Uma Breve História da Humanidade, reflete, no seu livro ‘’21 Lições para o Século 21’’, que a internet e outros avanços
tecnológicos, que se prometiam uma ferramenta de eliminação de barreiras entre países e classes, podem estar
ampliando o abismo da desigualdade:
‘’Na verdade, o século XXI poderia criar a sociedade mais desigual na história. Embora a globalização e a internet
representem pontes sobre as lacunas que existem entre os países, elas ameaçam aumentar a brecha entre as classes, e,
bem quando o gênero humano parece prestes a alcançar unificação global, a espécie em si mesma pode se dividir em
diferentes castas biológicas.’’
Para Harari, é tamanha a diferença competitiva dos que possuem acesso à informação, que pode ser possível o
surgimento de castas entre humanos. Estar excluído da internet, no século XXI, é estar excluído da sociedade. Ou, no
mínimo, ter acesso precário ao mundo de hoje.
Além disso, podemos ver óbvias consequências da exclusão digital em três grandes áreas essenciais: democracia,
educação e PIB.
Inclusão digital e democracia
O acesso à informação é uma das bases da democracia. A invenção e disseminação da imprensa no século XV,
por Johannes Guttenberg, foi essencial para a Revolução Científica, período em que historiadores apontam como marco
para estabelecer nossas bases – culturais, sociais, políticas – modernas. E isso há mais de 500 anos atrás!
Desde então, outros movimentos, como o Iluminismo e o Liberalismo foram consolidando o papel informativo como um
pilar democrático, um direito humano. Afinal, só com informação podemos saber qual a melhor forma de nos
organizar politicamente: quem votar, como fiscalizar, e por aí vai.
Não por acaso, é um direito colocado na nossa Constituição (assim como a liberdade de expressão e de imprensa). A
mídia, maior responsável por levar a informação, é considerada um quarto poder informal, na democracia.
A popularização da internet, e, principalmente, das redes sociais, trouxe outra coisa fantástica: as pessoas não precisam
mais nem da invenção de Guttenberg para se informar: podem ter acesso à conteúdos em tempo real e compartilhar com
qualquer pessoa. Se antes o poder da televisão ou da mídia poderiam influenciar politicamente, hoje não há tanta
certeza.
Segundo o pesquisador Maurício Moura da IDEA Big Data, existem três mudanças principais:
1. Dinâmica: a formação de opinião é muito acelerada, mudando constantemente, já que tem potencial de entrega
instantâneo
2. Algoritmos das redes sociais: a organização plataformas acaba gerando ”bolhas sociais” – grupos nas redes em que só
os que têm opiniões parecidas dialogam.
3. Acesso por celular: o acesso é feito pelos telefones móveis
Mas a falta de intermediários para levar informação e o acesso por aparelhos móveis também têm problemas. Os filtros
de qualidade, para se levar a informação, estão mais fracos, já que o acesso digital depende de capacitação e ferramentas
para filtrar o que é confiável.
Como dito acima, a expansão digital ocorre principalmente pelos celulares, com usuários acessando recursos
limitados. Um relatório da consultoria McKinsey & Company analisou um estudo da Google que mostrou que o padrão de
acesso brasileiro é:
aplicativos de mensagens: 83%
redes sociais: 56%
leitura de notícias e mecanismos de busca: 54%
Juntando essas informações, podemos encontrar um cenário perigoso. Especialistas apontam que o fenômeno pode
deixar os brasileiros mais vulneráveis às Fake News. Isso acontece por três motivos principais.
Primeiro, há os consumidores dessas informações, que, apesar de terem acesso às redes sociais, possuem um plano de
dados limitado para acessar alguma checagem de informações, ficando suscetível a manipulação.
Segundo, na era da informação, há empresas especializadas em coletar e analisar dados de comportamento das pessoas,
gerando informações precisas sobre qual a melhor forma de influenciá-los.
(A Netflix fez um documentário sobre isso, explicando o escândalo da Cambridge Analytica – empresa que usou dados de
usuários do Facebook para fins eleitorais)
Terceiro, existem potenciais ações orquestradas, como uso de robôs e disparos em massa, para disseminar essas
informações e influenciar a opinião pública.
Por isso, o professor Lucas Belli coloca a questão da inclusão digital como essencial para a democracia:
‘’é essencial, para limitar os riscos de manipulação eleitoral, evitar a concentração de dados pessoais nas mãos de um
número exíguo de entidades dominantes.’’
Inclusão digital e educação
Apesar de especialistas apontarem desafios muito mais básicos, como dificuldade de ler e escrever, a falta de um ensino
com habilidades digitais está adquirindo mais peso. Até porque a tecnologia pode ser uma ferramenta para melhorarmos
nossos números atuais.
O relatório da OCDE mostra os resultados do PISA, principal forma de avaliação o ensino mundial. Um emblemático é:
2/3 dos estudantes brasileiros não sabem o básico de matemática, por exemplo
De acordo com o relatório, há uma associação entre o nível socioeconômico e o desempenho na matéria. Com relação à
outras competências analisadas, como leitura e ciências, o país está estagnado.
Outra forma importante de mensuração é olhar para os jovens que estão saindo da escola. Se olharmos para números de
evasão escolar, veremos que não estamos progredindo na qualidade da educação, empurrando milhões de jovens para o
mercado de trabalho despreparados.
Outro ponto a se considerar é o quão limitado é o acesso que essas pessoas têm. De fato, há uma grande expansão do
acesso por celulares. O relatório da Banco Mundial faz uma constatação interessante:
‘’É mais provável que os domicílios mais pobres tenham acesso à telefones celulares do que a sanitários ou água potável.’’
No entanto, como já dito, o celular não possui as mesmas funcionalidades que um computador. Fazer trabalhos da escola
ou se especializar para uma vaga de emprego são atividades que exigem certo grau de complexidade, demandando um
computador e uso ilimitado de dados.
Portanto, quando analisamos dados da inclusão digital no Brasil, precisamos ter em mente algumas premissas:
As pessoas precisam ter acesso a um computador e banda larga para realizar tarefas complexas
Há imensas diferenças regionais e sociais que fazem com que não dê para pensar em apenas um Brasil. Temos que olhar
para os diferentes ‘’brasis’’.
Com isso em mente, podemos passar a traçar desafios para garantir a inclusão seja quantitativa e qualitativa. Ou seja, que
cada vez mais pessoas possam ter acesso à conexão de qualidade na internet.
Os desafios para a inclusão digital no Brasil
Os desafios se tornam complexos exatamente pelas inúmeras realidades dentro do país. Políticas públicas pensadas para
uma cidade podem ser bem diferentes dependendo da região do país.
É possível exemplificar no setor de educação. Vamos imaginar 3 tipos diferentes de estudantes:
José, que mora na zona rural de uma cidade no interior do Pará. Na cidade de José, quase não tem sinal de internet. Isso
ocorre porque o município não tem uma infraestrutura de energia adequada. Na maior parte da cidade sequer existe
energia elétrica.
Gustavo, residente da cidade no interior da Bahia. Gustavo até tem uma rede disponível na sua cidade, mas não pode
arcar com os custos do pacote de banda larga. Para realizar as atividades escolares, precisa se contentar com seu celular.
Mas tem enormes dificuldades para realizar os trabalhos e fazer pesquisas.
Paulo, morador da periferia da região metropolitana de São Paulo, possui uma rede disponível, mas nem sempre ela
funciona. Além disso, não há ninguém para ensiná-lo sobre como aproveitar as oportunidades de acesso à internet.
Essas três histórias sintetizam os maiores problemas encontrados no Brasil:
Infraestrutura: muitos lugares têm problemas para ter uma rede adequada de internet
Custo desproporcional: o custo dos pacotes ou equipamentos é muito elevado
Falta de treinamento: parte significativa dos estudantes – e professores – não tem conhecimento para o acesso
Os problemas acima têm sido constantes desde o começo no século XXI. As políticas públicas nacionais foram precisas em
diagnosticar esses problemas, mas os desafios para implementar as soluções ainda persistem.
Como o setor público agiu para sanar essas barreiras, o que deu certo e o que precisa melhorar? Analisar essas questões
nos dará pistas de qual seria uma política pública eficientes para as próximas décadas.
O que já foi feito no Brasil?
Por serem as principais, focaremos nas políticas de iniciativas dos governos federais, ao longo dos anos. No final do século
XX, e começo do século XXI já tinham esforços governamentais para criar uma governança para o desenvolvimento da
internet. Com a avanço da sociedade, medidas mais consolidadas foram ganhando espaço.
Alguns marcos, baseados neste documento do TCU e no podcast Café da Manhã da Folha foram:
Governo Collor (1990 – 1992)
No Governo Collor surgiu a primeira lei de incentivo à era da informação. A Lei da Informática, com isenções fiscais para
incentivar empresas brasileiras a produzir tecnologias.
Governos Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2002)
É possível que muitos se lembrem do primeiro computador ‘’Windows 95’’, sistema operacional da Microsoft. Também é
de 1995 uma das principais medidas do Poder Público para desenvolver a internet no Brasil: O Comitê Gestor Internet,
organização formada por diferentes setores da sociedade.
Em uma nota do Governo Federal, já se sabia a relevância do tema:
‘’O Governo considera de importância estratégica para o país tornar a Internet disponível a toda a Sociedade, com vistas à
inserção do Brasil na Era da Informação.’’
Além disso, começava os primeiros esforços para trazer a internet para espaços públicos, como os
chamados Telecentros (que foram repetidos em gestões posteriores).
Começava a ter de fato uma governança, com setores responsáveis para implementar medidas de inclusão digital no
Brasil.
Governos Lula e Dilma (2003 – 2016)
Já no final do Governo Lula e início do Governo Dilma, os primeiros projetos de universalização apareceram. O principal
foi o Programa Nacional de Banda Larga, tanto financeiramente quanto em sua extensão.
Programa Nacional de Banda Larga
Na época, já se sabia dos principais problemas atuais. Alguns projetos de inclusão já eram testados e as estratégias
pareciam ir na direção certa: reduzir o preço da banda larga, aumentar a cobertura da rede e otimizar a
velocidade. Concretamente, o plano propunha, dentre outras coisas, a criação de uma Rede Nacional, incentivos fiscais e
financiamento da produção tecnológica.
O plano, segundo relatórios de avaliações, não foi adequadamente executado, não batendo as metas e sendo substituído
por outro: o Programa Banda Larga para Todos, já no final do Governo Dilma. Esse programa queria promover a inclusão
de 90% dos brasileiros. Com a crise que se seguiu, foi colocado na gaveta.
Vale notar que, com a Copa e as Olimpíadas, um outro projeto para levar a rede móvel para diferentes locais do Brasil
foi elogiado por algumas organizações internacionais, merecendo certo destaque.
Governo Temer (2016 – 2018)
No Governo Temer, foi feito um estudo que avançou no diagnóstico do problema. O relatório ‘’Transformações Digitais’’ ,
feito com parcerias do Governo com setores da sociedade, inova em apresentar ações estratégicas para a implementação
da inclusão digital. Desse estudo resultou o programa Internet para todos, para levar conexão aos municípios mais
afastados do Brasil.
O projeto sofreu com entraves burocráticos, e não é possível mostrar resultados práticos. Na gestão posterior, seria
remodelado.
Governo Bolsonaro (2019 – atualmente ) :
No Governo Bolsonaro, um marco foi a sanção da Lei das Telecomunicações, que muda o regime de contratação das
empresas, exigindo como contrapartida investimentos em acesso à internet.
Além disso, o ministro do Ministério das Comunicações, recriado em 2020, coloca a inclusão digital como prioridade. Uma
das ações previstas é a implementação da rede 5G, uma tecnologia que promete qualidade e potência para o acesso à
internet. A pandemia de Covid-19, no entanto, atrapalhou a execução do projeto.
O que falta fazer
Todos os governos analisados até aqui souberam apontar direções e fazer diagnósticos sobre a situação. A execução das
políticas, no entanto, parecem ser um problema.
Na realidade, falta uma política contínua para a inclusão digital. O relatório do TCU de 2015 é emblemático em apontar
que essa política precisa, principalmente, ser feita com uma efetiva gestão e integração entre o Poder Público.
Segundo o documento:
‘’ não é possível identificar, para o caso brasileiro, uma política pública única e integrada, sendo que os diversos
programas de inclusão identificados coexistem de forma independente e desarticulada.’’
Em relação a execução das políticas, há:
‘’ fragilidades relevantes relacionadas às metas e aos prazos estabelecidos, aos indicadores utilizados e à definição dos
responsáveis’’.
Com os desafios e as políticas apresentados, fica a óbvia reflexão: como seria uma política pública ideal de inclusão
digital?
Como superar essa barreira
Até agora, vimos a importância de se ter uma população usando plenamente tecnologias. Passamos também pelos
desafios de um projeto que cubra todo o país. A boa notícia é que a mesma política já foi feita em outros países, afinal: a
demanda por uso de internet é global. Portanto, vale a pena conhecer o que dá certo.
Inclusão digital no mundo
O mundo ainda tem um grande desafio: a ONU previa 46% do mundo sem conexão à internet. Mas a pandemia de Covid-
19 mostrou que esse número pode ser bem maior.
O relatório da União Internacional de Telecomunicações é útil para sabermos quais países nos inspirar. A métrica usada é
o IDI (assim como o IDH mede o desenvolvimento dos países, o Índice de Desenvolvimento de TIC mede uma série de
parâmetros para analisar a inclusão digital).
Ao explicar o sucesso dos primeiros colocados, como a Dinamarca e a Coreia do Sul, o documento cita como motivos,
além da renda, mercados livres e com concorrência, assim como uma população treinada para usar as tecnologias.
Vale notar que o ranking de inclusão possui um arranjo bem semelhante ao ranking de nações com melhores resultados
no PISA, programa de avaliação da educação mundial.
Como podemos melhorar: 10 boas práticas
Considerando que a inclusão é uma questão global, podemos melhorar olhando pra iniciativas aqui no Brasil e também no
mundo. Abaixo, algumas iniciativas interessantes que poderiam ser úteis para gestores implementarem.
Para traçar as iniciativas, foram usados, principalmente, relatório de governos, como o Estratégia Brasileira para o
transformação Digital; de organizações civis, como o Movimento Brasil Digital; e da consultoria McKinsey & Company.
1) Expansão da tecnologia de fibra ótica
Documentado no relatório do movimento ”Mapa do Buraco”, está o projeto de cinturões digitais no Ceará, conectando o
estado através de cabos de fibra ótica. A confiança na ferramenta é tanta que um técnico da cidade de Sobral, disse que
“essa é a única opção que pode ser chamada de investimento quanto à ampliação e melhoria da conectividade’’.
Muitos países também têm empregado a estratégia, e ela tem se mostrado efetiva. Um exemplo é a Índia, que teve a
experiência em 2015.
2) Legislação mais flexível
Modelos alternativos no ordenamento jurídico podem dar flexibilidade para gestores municipais e incentivar o setor de
telecomunicações.
A Inglaterra fez isso recentemente, incentivando a indústria. Aliás, muitos outros estudos apostam na reforma
tributária para tornar o empreendedorismo mais atraente para empresas da área.
3) Políticas de incentivo fiscais
Políticas que oferecem vantagens para empresas têm gerado resultados positivos em vários estados. É o caso de Minas
Gerais, Ceará e Amazonas.
Fonte: Estratégia brasileira para a transformação digital.
4) Redes Comunitárias
As redes comunitárias chegaram ao Brasil no final do século XX, com os Telecentros, gerando efeitos positivos.
Lucas Belli, professor da FVG, confirma a eficácia de medidas desse tipo. Ele cita a região de Osana, na Catalunha, que
obteve resultados bem significativos com a medida, inclusive para a economia da região.
5) Criação de mecanismos de continuidade
As políticas públicas de conectividade precisam se tornar políticas de Estado. Para isso, pode-se criar certos mecanismos,
como simplificação de processos e parcerias. A Alemanha e a Suécia têm feito políticas nessa linha bem interessantes.
6) Capacitação
Principalmente voltada para o setor educacional, políticas voltadas para a educação continuada tendem a ter efeitos
positivos.
O relatório da McKinsey & Company propõe que a capacitação seja feita priorizando habilidades mais simples e de maior
impacto, como procurar e consumir conteúdos de qualidade. Assim, pode ser usado para desenvolver conhecimento e
gerar renda.
7) Foco na zona Rural
Experiências mundiais mostram que o foco em regiões mais afastadas geram resultados. No Canadá, ocorreu um plano
específico para levar banda larga às áreas rurais. Junto com o plano, foram feitas várias medidas para baratear os custos,
como mudanças nos pacotes. Também é o caso de demais nações desenvolvidas, como Alemanha e Suécia.
8) Doações
Nada impede que nós, como indivíduos, sejamos parte da solução.
Na Inglaterra existe uma campanha para que empresas doem aparelhos e tecnologias para que mais pessoas possam ter
acesso à rede.
No Brasil, há algumas iniciativas para que a população doe aparelhos eletrônicos que não mais usam, para que pessoas de
baixa renda possam utilizar em atividades online.
9) Parceria com empresas
A iniciativa Google Station, com promovendo parcerias entre a multinacional, outras empresas e governos, promete levar
acesso para países em desenvolvimento. Inicialmente adotada na índia, a tecnologia chegou no Brasil em 2016. No
entanto, desafios técnicos e de infraestrutura levaram a empresa a cancelar o projeto.
Nada impede que parcerias com projetos semelhantes aceitem o desafio de superar tais barreiras no futuro.
10) Parceria entre países e blocos
O Brasil já se aproximou da União Europeia para o desenvolvimento da rede 5G. Países também podem se tornar
parceiros nesse projeto, já que muitos deles tiveram desafios similares em seus territórios.
Conclusão
Se você chegou ao final desse texto, tem uma grande chance de ter uma internet com qualidade para acessar conteúdos.
É interessante fazer um exercício de reflexão: ”como estaria minha vida hoje sem a internet?’‘. Provavelmente, seria
completamente diferente, porque estar longe dessa conexão é estar à margem da sociedade.
Isso nos força a pensar que o acesso à internet é um direito fundamental. E, assim como outros direitos, há dificuldades
de universalização. Mas as experiências globais nos mostram que fazer essa inclusão agora pode ser vital para um país
menos desigual e mais desenvolvido.
Atualmente, vivemos uma exacerbação do narcisismo devido ao surgimento das redes sociais, pois são os meios mais
utilizados para divulgação de nossa própria imagem.
As redes sociais chegaram com o propósito de fazer os usuários mostrarem sua intimidade, suas experiências, forma de
vida, padrão social, consumismo, dentre muitas outras coisas. São um meio que os indivíduos encontraram para se
agrupar de acordo com suas preferências e afinidades, sem barreiras geográficas, podendo conectar-se com pessoas de
diversas partes do mundo, mudando completamente a forma de nos comunicarmos por proporcionar rapidez.
Já é um hábito ter em mãos tantas oportunidades de expor a vida e, juntamente com as redes sociais estão os
smartphones, tablets e computadores, que surgiram para complementar, quase como uma extensão de nosso corpo.
De acordo com McLuhan, qualquer extensão afeta todo o complexo psíquico e social. Há grande dificuldade de
concentração na realidade, já que o mundo virtual se faz presente em praticamente tudo.
Segundo Mariana Parizotto (2012), um smartphone reúne exatamente aquilo que é exigido de indivíduos modernos:
mobilidade, rapidez e funcionalidade. Já o coach Silvio Selestino (2012) diz “Não preciso esperar chegar em casa ou no
escritório para responder e-mails. Consigo navegar na internet e ler o que preciso de qualquer lugar, tenho uma agenda à
mão, fácil de acessar e modificar”. Ou seja, a facilidade que há atualmente em comunicar, procurar informações e expor a
privacidade é muito grande.
Todas as tecnologias existentes hoje, faz com que a população viva de uma maneira muito diferente da qual vivia-se há 10
anos. Para saber sobre a vida de algum famoso, por exemplo, o único meio era a televisão ou o rádio. Hoje, nesse quesito,
a internet é muito mais eficiente.
Como podemos encarar essas mudanças? Será que tudo isso está nos fazendo tão bem quanto parece? Vivemos em
constante alteração. Auto divulgamos nossas imagens e não precisamos que mais ninguém faça isso por nós. Sabemos
que aquilo que é íntimo tende a ficar oculto (e deveria), mas, paradoxalmente, é o que atrai o olhar do outro se
pensarmos que nossa vida é exposta em apenas um clique, mostrando o que estamos fazendo em nosso dia-dia.
Segundo (FEUERBACH, apud DEBORD, 1997, p.13): “Sem dúvida o nosso tempo prefere a imagem à coisa, a cópia ao
original, a representação à realidade, a aparência ao ser.” Isso faz com que os usuários se tornem egoístas. Porém,
estamos fadados ao mundo da imagem.
A tecnologia, juntamente com as mídias sociais mudaram não somente a forma de nos comunicarmos mas também a
forma com que as empresas divulgam seus produtos e fazem publicidade. Algum tempo atrás, ao fazer publicidade e até
mesmo marketing pessoal, pensava-se apenas em mídias impressas, televisão e outdoors. Precisávamos contar com a
ajuda de alguém.
De acordo com Sant’Iago (2012), no Brasil, a presença de empresas em redes sociais ainda é vista como novidade.
Segundo Resina de Oliveira (2009), a forma de comunicação deve ser reinventada, já que a nova era é a da interatividade,
com comunicação direta entre clientes e empresas, pois os membros das redes sociais querem conversar e interagir com
pessoas e não com marcas.
“Tornando-se cada vez mais idêntico a si mesmo, e aproximando-se o máximo possível da monotonia imóvel, o espaço
livre da mercadoria é a cada instante modificado e reconstruído. Esta sociedade que suprime a distância geográfica,
amplia a distância interior, na forma de uma separação espetacular.” (Guy Debord, Pág 109).
A partir desta frase podemos concluir que a sociedade atual se enquadra perfeitamente no Espetáculo de Guy Debord,
onde a distância não mais existe, sendo suprida pela tecnologia que aproxima os indivíduos onde quer que estejam. É um
lugar onde podemos nos encontrar, nos relacionar, compartilhar gostos e experiências e conhecer pessoas parecidas
conosco. Agora que já são parte de nossas vidas, torna-se difícil, ou praticamente impossível, conviver sem suas
facilidades.
Foto: Pexels
As eleições de 2018 estão sobrecarregadas com as mais distintas expectativas. Para analistas e formuladores de políticas
públicas, uma das maiores preocupações em relação às campanhas eleitorais está relacionada à elaboração de possíveis
estratégias para combater as fake news nas eleições.
O Brasil fornece o cenário perfeito para que a guerra informativa tome conta do debate político. Não apenas pela
forte polarização ideológica, mas também pela ampla utilização de redes sociais pelos brasileiros com acesso à internet.
As redes sociais se tornaram um terreno fértil para fomentar a polarização dos discursos por meio do impulsionamento
de notícias falsas e da utilização de algoritmos. Estes, por sua vez, nos dão a sensação de viver em uma “bolha”, em que
todos os nossos contatos pensam de forma parecida com a nossa. Sendo assim, o que se pode fazer para combater
as fake news nas eleições?
FAKE NEWS E A GUERRA INFORMATIVA NO MUNDO
As fake news se tornaram uma das ferramentas de influência política mais utilizadas nas guerras informativas ao redor do
mundo. Dentre os exemplos mais conhecidos de influência das fake news nas eleções, estão as que levaram Donald
Trump à presidência dos Estados Unidos e o plebiscito sobre o Brexit, que levou o Reino Unido à saída da União Europeia.
Em 2017, o Facebook admitiu que a empresa Internet Research Agency – conhecida por usar contas falsas para publicar
comentários favoráveis ao governo Putin em redes sociais – comprou mais de US$ 100 mil em anúncios políticos na
plataforma durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos. Durante as investigações, executivos de empresas como
Google e Facebook, se comprometeram a divulgar quem paga por anúncios nas plataformas. O caso diz respeito
à acusação, do Departamento de Justiça dos EUA, de 13 russos e 3 empresas russas de se passarem por cidadãos
estadunidenses em redes sociais para apoiar a campanha de Donald Trump. Além disso, prejudicaram a campanha de
Hillary Clinton, por meio de ações como a compra de anúncios políticos em nome de pessoas e entidades dos Estados
Unidos, o envio de comunicados à imprensa estadunidense sobre manifestações pró-Trump e o recrutamento pago de
manifestantes e eleitores.
Em 2018, a Alemanha se tornou um dos primeiros países com legislação para combater discursos de ódio e fake news.
A França está considerando fazer o mesmo. Segundo a lei, as redes sociais possuem 24h após o recebimento de uma
queixa para excluir estes conteúdos. O prazo se estende para sete dias quando o caso for mais complexo. Além disso, as
empresas são obrigadas a produzir um relatório anual sobre as postagens excluídas e seus motivos. As críticas à nova
legislação alemã estão ligadas à opção do governo alemão em deixar para as empresas – em vez de tramitações judiciais –
a tarefa de barrar usuários e excluir conteúdos. Este ponto dificultaria a exposição dos motivos pelos quais postagens
individuais foram excluídas. Além de abrir espaço para que postagens sejam excluídas de forma arbitrária e sem que as
autoridades fiquem sabendo.
No Brasil, o Marco Civil da Internet determina que as redes sociais (e outros provedores de serviços) não são responsáveis
pelos os conteúdos publicados nestas plataformas. Segundo ele, cabe à rede social remover ou não conteúdos (caso não
estejam nos termos de uso, por exemplo).
FAKE NEWS E A GUERRA INFORMATIVA NO BRASIL
No Brasil, o contexto de grande polarização política é promissor para a utilização de notícias falsas e outras armadilhas
digitais. Como armadilhas digitais, podemos citar as fake news e também outros mecanismos de proliferação da
desinformação, como os perfis-robôs (bots). Até mesmo as chamadas junk news – ou “notícias enviesadas” – , que são
notícias desatualizadas e/ou descontextualizadas, que confundem quem lê.
As fake news nas eleições estão presentes, pelo menos, desde as eleições de 2014. Elas foram decisivas em processos
mais recentes, como o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Segundo a Diretoria de Análise de Políticas Públicas
da Fundação Getúlio Vargas (DAPP/FGV), perfis falsos chegaram a gerar mais de 10% do debate político durante as
eleições de 2014. O mesmo estudo aponta que estes perfis representaram quase 20% das interações no Twitter entre os
eleitores de Aécio Neves. Após Dilma vencer, boatos sugeriam fraudes nas urnas eletrônicas. Estes boatos foram
utilizados como justificativa pelo PSDB para pedir recontagem de votos. Fraude que a própria auditoria do partido
desmentiu.
Uma novidade da reforma eleitoral para as eleições 2018 é investir em postagens impulsionadas em redes sociais, como o
Facebook. Candidatos poderão pagar para refinar seus discursos e distribuir material de campanha para públicos
específicos. Tornando o discurso o mais atraente possível para cada público-alvo. Isso permitirá que os candidatos
consigam dizer para determinado público exatamente o que ele quiser ouvir. Para Pablo Ortellado, professor da
Universidade de São Paulo (USP), as fake news são sintoma da polarização política do país e a perspectiva de possibilidade
de financiamento desta polarização durante o período eleitoral de 2018 é preocupante.
O QUE VEM SENDO FEITO NO BRASIL PARA COMBATER AS FAKE NEWS
Em 2017, o então presidente do TSE, Gilmar Mendes, instituiu um Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições. Este
conselho visa estudar soluções para a disseminação de informações falsas e é composto por integrantes do:
Ministério da Justiça;
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC);
Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br);
Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
Exército;
Sociedade civil, como representantes da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da SaferNet.
Outro presidente do TSE que também trouxe propostas foi Luiz Fux. Ele criou um Grupo de Trabalho junto ao governo
executivo e órgãos de inteligência para propor um projeto de lei específico que lide com notícias falsas. Segundo Luiz Fux,
haverá possibilidade de cassação de mandato e anulação das eleições caso seja comprovado que um candidato tenha sido
eleito com influência de notícias falsas. Dentre os participantes deste Grupo de Trabalho, estão:
Polícia Federal;
Exército, através do seu Centro de Defesa Cibernética;
Abin;
Ministério da Defesa;
Ministério Público Federal;
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
O TSE é responsável pela parte jurídica dos mecanismos de combate a notícias falsas. Ele estabelece previsões de
punição e interpretação dos conteúdos compartilhados. Já o Ministério da Defesa, a Abin e o Exército se encarregam da
parte tecnológica. Verificando a vulnerabilidade de sistemas de informação e rastreamento de perfis-robôs.
Em entrevista à Carta Capital, o chefe da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado da PF defendeu a
necessidade de criação de uma legislação mais moderna e alertou que, “em último caso”, se não houver uma nova
legislação até o início do período eleitoral, haveria possibilidade de utilizar a Lei de Segurança Nacional (criada no final da
ditadura militar) para lidar com as fake news. Tal declaração pode ser vista com apreensão, tendo em vista a origem
autoritária e antidemocrática desta lei.
Além da Justiça Eleitoral na preparação para as eleições, diversos Projetos de Lei tramitam no Congresso. Alguns com o
intuito de criminalizar a criação e divulgação de fake news nas eleições. Outros defendendo a obrigação das redes sociais
de deletarem mensagens falsas, além de prever a aplicação de multas pesadas. Dentre estes, estão:
PL 473/2017, do senador Ciro Nogueira (PP-PI),
PL 6812/2017, do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR),
PL 8592/2017, do deputado Jorge Côrte Real (PTB-PE),
PL 9554/2018, do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS),
PL 9533/2018, do deputado Francisco Floriano (DEM-RJ).
Todos de teor semelhante, os projetos diferem em relação à duração da pena de detenção, entre outros detalhes.
Atualmente, não existe uma lei específica que puna a criação de boatos no Brasil. Porém, essa prática poderia ser
enquadrada como crime contra a honra, sendo eles calúnia, injúria ou difamação. Isto, dependendo do conteúdo da
notícia. Segundo o Código Penal, as penas variam entre detenção de 1 mês a detenção de 2 anos, além de multa.
Em entrevista para o G1, o advogado, ex-integrante do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional e
professor das universidades de Princeton, Oxford, Columbia, UERJ e MIT Media Lab, Ronaldo Lemos, defende que a
legislação eleitoral brasileira atual já seria suficiente para combater fake news nas eleições. O especialista coloca que a
legislação brasileira já consiste em “uma das mais restritivas entre os países democráticos”. Com amplos poderes para
remover conteúdos online. O que pode ser visto com preocupação devido ao histórico recente do país em relação à
censura.
A LINHA TÊNUE ENTRE MONITORAMENTO E CENSURA
Diversos especialistas e organizações veem com apreensão as iniciativas estatais e tantos órgãos de segurança agindo
contra as fake news. Não sendo especificadas formas de atuação, tais iniciativas podem ser utilizadas como pretexto para
censura e restrição às liberdades individuais. Para que o combate às fakes news nas eleições seja efetivo, suas premissas
devem ser expostas de maneira transparente.
No âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), foi assinada uma Declaração Conjunta sobre Liberdade de
Expressão e Notícias Falsas (Fake News), Desinformação e Propaganda. Segundo o documento, a desinformação afeta
a democracia, corroendo a credibilidade da imprensa e interferindo no direito à informação. Entretanto, governos que
apresentarem medidas de combate à desinformação devem fazê-lo de forma a não promover a censura. Além de visar à
manutenção de valores democráticos.
Para Francisco Brito Cruz, diretor do Internetlab e pesquisador da USP, a tentativa de criminalização da prática aparece
como problemática. Isto porque poderia se tornar um mecanismo de controle de discurso. O especialista vê com
apreensão a participação da PF nesse âmbito. Além disso, problematiza a tentativa de delegar à Justiça Criminal a tarefa
de definir o que é verdade. Isto por causa do acesso não democratizado ao Poder Judiciário no Brasil. Ainda, especialistas
como Janaína Spode, da Casa de Cultura de Porto Alegre, apontam para o risco destas punições se transformarem em
uma perseguição contra determinados segmentos políticos, especialmente se amparadas por leis que foram aprovadas às
pressas.
O QUE PODEMOS FAZER PARA COMBATER PARA EVITAR A DISSEMINAÇÃO DA DESINFORMAÇÃO?
A atuação das mídias, da Justiça Eleitoral e de instituições será essencial para o combate às fake news nas eleições. Existe
a possibilidade das fake news nas eleições serem um sintoma da polarização política e da guerra ideológica do país.
Entretanto, para tal possibilidade, medidas de transparência devem ser acompanhadas de campanhas de conscientização
crítica dos usuários das redes sociais. A solução sugerida é de educação política dos usuários e da população.
Sabemos que, hoje em dia, existem páginas criadas com o intuito exclusivo de compartilhar informações ilegítimas, textos
de caráter sensacionalista, conspiratório e de opinião disfarçados de matérias jornalísticas, bem como de fotos
manipuladas e vídeos editados. Além disso, elas contam com redes de perfis-robôs que ampliam sua circulação e geram
uma sensação de relevância. Sendo assim, como saber se o que você está compartilhando é uma notícia legítima?
A melhor maneira de combater as fake news nas eleições é saber identificá-las. Para isso, conta-se não apenas com o
senso crítico, tendo em mente que os algoritmos das redes sociais funcionam de maneira a mascarar informações
contraditórias, mas com uma lista de passos de checagem, como esta do Aos Fatos. Além disso, preste atenção nos
resultados de pesquisas que já foram feitas em relação às fake news, por exemplo:
1) Foi comprovado que aplicativos de mensagens criptografados, tais como o WhatsApp, apresentam as condições ideais
de disseminação de desinformação, pois dificultam o mapeamento e a verificação das informações enviadas. Na dúvida,
evite compartilhar “correntes” ou mensagens cuja fonte foi omitida ou não verificada.
2) No Twitter, o papel dos perfis-robôs é central. Entretanto, com a mudança na legislação eleitoral que permite o
impulsionamento de postagens no Facebook, há quem acredite que a influência destes perfis tenda a diminuir. De
qualquer forma, sempre verifique os links e a informação que você está compartilhando.
3) Evite compartilhar notícias de sites polarizados que não são transparentes, que postam em anonimato ou veiculem
discursos de ódio. Aliás, pesquisas demonstraram que a polarização que leva ao compartilhamento irresponsável de fake
news é mais intensa entre pessoas na faixa dos 40 aos 60 anos, com grau de escolaridade superior e bom nível de renda.
Se você conhece alguém com esse perfil que frequentemente compartilhe matérias sensacionalistas, tente ensinar a esta
pessoa como identificar notícias falsas. 4) Preste atenção nos candidatos que apresentam seus planos de governo da
maneira mais transparente possível. Além disso, siga páginas de agências de checagem de fatos (fact-checking)! A Agência
Lupa e a Aos Fatos são ótimos exemplos de plataformas que checam o nível de veracidade e distorção não somente de
notícias falsas, mas das informações presentes em discursos de políticos e candidatos.
4) Utilize ferramentas que já estão disponíveis online que auxiliam na identificação de desinformação, como o Eleições
sem Fake, desenvolvido pelo Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
ou o Monitor do Debate Político no Meio Digital, que produz relatórios de análises sobre centenas de veículos de
comunicação e páginas no Facebook.
CONCLUSÃO
A desinformação é um fenômeno que vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões sobre política no mundo
inteiro, especialmente quando questionamos seus possíveis impactos na democracia. No Brasil, em plena véspera de
eleições, a possível influência de fake news nas eleições traz preocupações para candidatos, eleitores, analistas,
formuladores de políticas públicas e tomadores de decisão.
Entretanto, foram apresentados diversos esforços em nível institucional para combater as fake news nas eleições, muitos
dos quais podem ser problematizados quando contextualizados em relação às políticas repressivas de censura utilizadas
no regime autoritário que marcou o passado recente do país. Contudo, especialistas das mais diversas áreas concordam
que, independente das medidas institucionais que venham a ser empregadas, a conscientização do público através da
educação política é essencial para barrar a disseminação de informações falsas.
Para tanto, foram expostas várias maneiras de identificar armadilhas digitais para poder discernir o que é conteúdo falso.
Outra estratégia extremamente eficaz de impedir o compartilhamento de notícias falsas consiste no diálogo com
familiares, amigos e conhecidos, explicando o que é desinformação, para que fins ela é utilizada e como identificá-la.
4. A Pós Verdade
Pós-verdade foi eleita a palavra do ano em 2016 pelo Dicionário Oxford. De acordo com o Dicionário Oxford, pós-
verdade é: um substantivo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em
moldar a opinião pública do que apelos à emoção e crenças pessoais”.
A explicação da palavra pós-verdade de acordo com o Oxford é de que o composto do prefixo “pós” não se refere apenas
ao tempo seguinte a alguma situação ou evento – como pós-guerra, por exemplo –, mas sim a “pertencer a um momento
em que o conceito específico se tornou irrelevante ou não é mais importante”. Neste caso, a verdade. Portanto, pós-
verdade se refere ao momento em que a verdade já não é mais importante como já foi.
Para o jornalista Matthew D’ancona, autor do livro “Pós verdade: a nova guerra contra os fatos em tempos de fake
news”, o ano de 2016 marcou o início da “era da pós verdade”, ou seja, o início de um período em que os fatos são cada
vez mais desvalorizados, enquanto que paixões e crenças ganham força.
O termo pós-verdade já existe desde a última década, mas as avaliações do Dicionário Oxford perceberam um pico de uso
da palavra exatamente no ano de 2016, no contexto do referendo de saída do Reino Unido da União Europeia – o Brexit –
e das eleições estadunidenses. Além disso, é bastante usado com o termo política depois, então, pós-verdade política.
Durante esses dois grandes eventos políticos, a pós verdade ganhou força através da massiva propagação de fake news
na internet (afinal, as campanhas do Brexit e de Trump foram altamente digitalizadas, favorecendo a propagação de
notícias falsas).
Qual o real impacto das notícias falsas na política?
Conforme mencionado, dois acontecimentos que tiveram relevância internacional em 2016 foram o Brexit – saída do
Reino Unido da União Europeia – e as eleições presidenciais estadunidenses. Além de serem os principais motivos do
crescente uso da palavra pós-verdade, também foram onde o próprio fenômeno das notícias falsas foi muito
intenso. Mas porque?
Bom, isso ocorreu especialmente em função da alta digitalização dessas campanhas políticas. A campanha pelo Brexit,
bem como a campanha de Trump, foram desenvolvidas com foco em internet e redes sociais. A estrutura desse ambiente
digital é essencialmente favorável à propagação de notícias falsas. A principal razão para isso é que na internet é possível
realizar campanhas personalizadas: Ou seja, enviar anúncios diferentes para cada pessoa, de acordo com o perfil de
personalidade dos usuários. O impacto disso é o que veremos a seguir.
O caso da eleição dos Estados Unidos
Em 2016, 33 das 50 notícias falsas mais disseminadas no Facebook eram sobre a política nos Estados Unidos, muitas delas
envolvendo as eleições e os candidatos à presidência. Durante a campanha presidencial, notícias falsas foram espalhadas
sobre os dois candidatos: o republicano Donald Trump – depois eleito – e a democrata Hillary Clinton. No monitoramento
de 115 notícias falsas pró-Trump e 41 pró-Hillary, os economistas Hunt Allcott e Matthew Gentzkow concluíram que as
postagens pró-Trump foram compartilhadas 30 milhões de vezes, enquanto as pró-Hillary 8 milhões.
Sobre Trump, a “notícia” de que o Papa Francisco havia apoiado sua candidatura e lançado um memorando a respeito
foi a segunda maior notícia falsa sobre política mais republicada, comentada e a qual as pessoas reagiram no Facebook
em 2016. Outra notícia falsa, diretamente relacionada com Trump, afirmava que ele oferecia uma passagem de ida à
África e ao México para quem queria sair dos Estados Unidos – a postagem obteve 802 mil interações no Facebook.
Quanto à Hillary Clinton, uma notícia falsa com alta interação no Facebook – 567 mil – foi de que um agente do FBI (órgão
de investigação federal) que trabalhava no caso do vazamento de e-mails da candidata foi supostamente achado morto
por causa de um possível suicídio.
O site PolitiFact, de checagem de informações e ganhador do Prêmio Pulitzer, 69% das declarações de Trump são
‘predominantemente falsas’, ‘falsas’ ou ‘mentirosas’. Quando pensamos que trata-se do Presidente da maior potência
mundial, é possível imaginar que isso tenha consequências em todo o mundo.