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Conflitos do século XX

Conflitos do Século XX
O Século XX foi um século permeado por guerras, em todas as suas décadas, mas as duas guerras mundiais marcaram-no profundamente.     

Primeira Guerra Mundial: o real “início” do século XX


Certos autores dizem que, a despeito do calendário comum, o século XX começou, de fato, em 1914. Essa afirmação
explicita o impacto histórico da Primeira Guerra Mundial.Até 1914, o mundo ainda vivia um eco da “Belle Époque” (Bela
Época), isto é, a fase do progresso e do otimismo vivida na Europa dos grandes Impérios desde o fim da década de 1870.
A “inauguração” do século XX com uma guerra de proporções catastróficas (chamada por muitos de seus
contemporâneos de “apocalíptica”) parecia ser um prenúncio da sucessão de guerras sangrentas que se alastrariam ao
longo do século.
Contudo, antes mesmo de o primeiro conflito mundial acontecer, algumas guerras setoriais estouraram. Duas merecem
destaque: a Guerra Russo-Japonesa(1904-1905) e a Guerra dos Bálcãs(1912-1913). Essas guerras, sobretudo a dos
Bálcãs, delineavam um pouco do que aconteceria em 1914, haja vista que foi na Bósnia (um dos países da Península
Balcânica) que o arquiduque austríaco Francisco Ferdinando foi assassinado. Como sabemos, a sua morte foi tida como o
estopim da guerra.
A grande máquina de guerra da Primeira Guerra Mundial pertencia ao então II Reich (Segundo Império) alemão, que
havia modernizado sua infraestrutura e seu arcabouço militar após a unificação, ocorrida em 1870. O II Reich, comando
por Guilherme II, era uma das nações mais poderosas da época e, assim como outras, tinha pretensões expansionistas. As
dimensões da guerra logo se tornaram evidentes com a quantidade de soldados, armamento, munições, bombas e
veículos utilizados só no primeiro ano. O uso de armas químicas, como gases tóxicos que matavam instantaneamente,
também revelou uma face terrível da guerra.
O Império Alemão, mesmo tendo entrado na guerra com o exército mais moderno, acabou perdendo e sendo obrigado a
se submeter às sanções instituídas pelos seus inimigos, sobretudo pela França, prescritas no Tratado de Versalhes.Vale
ressaltar que uma das consequências diretas da guerra foi a Revolução Bolchevique, levada a cabo na Rússia, em outubro
de 1917. Os revolucionários russos, liderados por Lenin, aproveitaram-se do enfraquecimento que o Império do Czar
Nicolau II sofreu durante a Primeira Guera para empreender a ação revolucionária.

Soldados ingleses entrincheirados durante a Primeira Guerra Mundial

O período entreguerras
As décadas de 1920 e 1930 foram marcadas pelas tentativas de reestruturação dos países europeus afetados pela
devastação da guerra. O mais afetado deles, a Alemanha, viu seu império ser desmanchado e o regime republicano
conhecido como República de Weimar ser instalado.
A situação política e econômica dos alemães estava tão caótica nesse período que muitos movimentos políticos radicais
ganharam adesão popular, como o movimento espartaquista – facção comunista da Alemanha –, que tentou um golpe
revolucionário em 1919, e o movimento nacional socialista dos trabalhadores alemães, que fundou o Partido Nacional
Socialista dos Trabalhadores Alemães, que ficaria conhecido como Partido Nazista. Adolf Hitler entrou para esse partido
em 1921, dando um novo formato para ele.
Ao mesmo tempo, a Itália, no início da década de 1920, viu a tomada do poder pelos fascistas, liderados por Benito
Mussolini. A Rússia, que havia sofrido a ação revolucionária bolchevique, incorporou ao seu domínio outras nações
eslavas, criando a União Soviética. Com a morte de Lenin, o primeiro líder soviético, em 1924, Stalin tornou-se o
comandante do império soviético. Todo esse cenário é conhecido em História como o “Período entreguerras”, haja vista
que foi o totalitarismo desenvolvido pelos Estados descritos acima que montou o cenário para a Segunda Guerra
Mundial.
Se as guerras entre o Japão e Rússia e nos Bálcãs introduziram a Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Sino-
Japonesa (iniciada em 1937 e só finalizada em 1945) e a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) foram o prefácio da
Segunda. O segundo conflito entre China e Japão acabou incorporando-se, em 1939, à Segunda Guerra europeia, quando
os japoneses aliaram-se à Alemanha nazista e à Itália fascista. Francisco Franco, general espanhol, por sua vez, comandou
a revolução nacionalista com viés fascista na Espanha, tendo recebido forte auxílio dos nazistas. Quando a Alemanha
invadiu a Polônia em setembro de 1939, o cenário da guerra já estava montado.
Desencadeamento da Segunda Guerra
A Segunda Guerra, como postulam alguns historiadores, foi, de certa forma, uma continuação da Primeira, haja vista
que alguns dos motivos eram similares, como o desejo de expansão imperialista da Alemanha, que, sob o jugo de Hitler,
declarou-se como o III Reich (terceiro império). Porém, a devastação e o morticínio dessa guerra foram inigualáveis, sem
contar as atrocidades que foram cometidas fora da zona de combate, como o holocausto nazista e os gulags soviéticos, já
que tanto nazistas quanto comunistas desejam levar a cabo a construção de um império global, como diz o
historiador Timothy Snider, em seu livro Terras de Sangue – A Europa entre Hitler e Stalin:
“Stalin, não menos que Hitler, falava em eliminações e limpezas. Assim mesmo, o raciocínio stalinista para a eliminação
sempre estava relacionado com a defesa do Estado soviético ou com o avanço do socialismo. No stalinismo, o extermínio
em massa nunca seria mais do que uma bem-sucedida defesa do socialismo, ou um elemento na história do progresso
rumo ao socialismo; nunca a vitória política em si. O stalinismo era um projeto de autocolonização, expandindo-se quando
as circunstâncias o permitissem. A colonização nazista, ao contrário, dependia totalmente da conquista imediata e
absoluta de um novo e vasto império no Leste, que teria impedido o desenvolvimento da Alemanha pré-guerra. Ele
entendia a destruição de dezenas de milhões de civis como pré-requisito para seu empobrecimento. Na prática, os
alemães geralmente matavam pessoas que eram cidadãos soviéticos.”[1]
A União Soviética, que desde 1939 havia firmado um pacto de não agressão com os nazistas, rompeu com estes em 1941,
tornando-se a inimiga do “eixo” na Frente Leste. Nos anos seguintes, os aliados ocidentais articularam-se com a URSS em
prol de combater o inimigo em comum. A entrada dos Estados Unidos na guerra, que ocorreu também em 1941, em
razão do ataque japonês à base naval de Pearl Harbor, fez com que a guerra se acelerasse e que tivesse dois grandes
polos: o continental (europeu) e o do Pacífico (batalhas travadas no Oceano Pacífico, em especial nas ilhas japonesas). A
partir desse evento, houve o início da formação da aliança entre Inglaterra, Estados Unidos e outros países a eles
associados contra as chamadas “Potências do Eixo” (Alemanha, Itália e Japão).
Do dia “D” às bombas atômicas
A articulação dos aliados teve o seu cume no chamado Dia D, isto é, uma gigantesca operação militar realizada em 06 de
junho de 1944 que consistia em um projeto de libertação da Europa a partir do litoral francês. O objetivo dessa operação
era liberar a França, a Holanda, a Bélgica e os demais países da Europa Ocidental ocupados pelos nazistas e chegar até a
Alemanha.
Do lado oriental, os soviéticos fizeram também um processo de avanço sobre o espaço nazista até chegar à Alemanha.
Aos poucos, as forças alemãs foram minguando e, em abril de 1945, foi noticiado o suicídio de Adolf Hitler. Em agosto
desse mesmo ano, a guerra chegou ao fim em solo europeu, mas prosseguiu no Pacífico contra o Japão. Foi nesse país
que foram lançadas as duas bombas atômicas, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, em 06 e 09 de agosto,
respectivamente, por um bombardeiro dos Estados Unidos, provocando a morte instantânea de dezenas de milhares de
pessoas. Após essa catástrofe nuclear, a guerra finalmente chegou ao fim com a rendição do Japão em 02 de setembro
de 1945.
Guerra Fria
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, começaram a aparecer as divergências entre as potências vencedoras em razão
das diferentes visões de mundo e dos diferentes projetos políticos. No mundo ocidental, prevaleceu o modelo da
economia de mercado e do sistema democrático de direito. Na Europa Oriental e em grande parte da Ásia, prevaleceu a
economia estatal planificada, regida pelo sistema comunista.
Houve, portanto, paulatinamente, um delineamento geopolítico entre uma zona de influência encabeçada pelos Estados
Unidos, que abrangia a Europa Ocidental, o continente americano e a Oceania, e uma zona de influência soviética, que se
assenhorava da Europa Oriental e de quase toda a Ásia. No começo dos anos 1950, essas divergências passaram a ficar
explícitas e temerosas com o estouro da Guerra das Coreias – em que havia um núcleo apoiado pelos soviéticos (o norte-
coreano) e outro apoiado pelos ocidentais (o lado Sul da Coreia). Essa atmosfera de rivalidade entre superpotências ficou
conhecida como Guerra Fria, que durou até o fim dos anos 1980.
Conflitos na Ásia e no Oriente Médio
Além da Guerra da Coreia, outras guerras que estouraram na Ásia, como a Guerra do Vietnã, tiveram suas fontes nessas
divergências ideológicas entre ocidentais e soviéticos. Além desses conflitos setoriais com motivações político-
ideológicas, outros também tiveram destaque nos primeiros anos da Guerra Fria. Foi o caso dos Conflitos Árabe-
Israelenses, que tinham motivação político-religiosa.
Esses conflitos começaram após o reconhecimento do Estado de Israel, pela ONU, em 1948. Países de orientação
muçulmana, como Egito, Transjordânia, Iraque, Síria e Líbano, não reconheceram a legitimidade da existência do Estado
de Israel e entraram em guerra contra esse país. Muitos outros conflitos ocorreram, no período da Guerra Fria, na região
do Oriente Médio envolvendo o Estado israelense, como a chamada Guerra do Yom Kippur, ocorrida em outubro de
1973. Muitos outros ocorreram entre os próprios muçulmanos, como a Guerra Irã-Iraque.

Avião B-52 lançando bombas durante a Guerra do Vietnã


No continente africano, nesse mesmo período de Guerra Fria, houve as guerras pela descolonização. Muitos países que
ainda eram colônias de potências europeias passaram a reivindicar sua independência, como a Argélia, que era colônia da
França. Já no mundo ocidental, os conflitos não tiveram a intensidade vivida nas regiões descritas acima, mas consistiram,
grosso modo, em golpes de Estado, sobretudo na América Latina.
Esses golpes de Estado, ao contrário do que muitos pensam, eram menos coordenados pelo “imperialismo dos EUA” do
que empreendidos por instituições civis-militares altamente nacionalistas e anticomunistas. As justificativas para esses
golpes (como o que houve no Brasil em 1964) tiveram, em suma, o argumento de refrear as possíveis revoluções
comunistas que poderiam entrar em curso, estimuladas e fomentadas pelos cubanos (que haviam feito a sua revolução
em 1959) e pelos soviéticos. Essas tentativas revolucionárias eram coordenadas por focos de guerrilha armada urbana e
rural. A Guerrilha do Araguaia foi um exemplo de guerrilha rural.
Corrida espacial e corrida armamentista
A despeito de toda essa gama de conflitos regionais descritos acima, a Guerra Fria também se caracterizou por outras
formas de “guerra”, além da convencional. A rivalidade estendeu-se para outros domínios, como a guerra
por informação, contrainformação e espionagem, protagonizadas pelas agências secretas americana e
soviética, CIA e KGB, respectivamente; a “corrida armamentista”, na qual as duas superpotências procuravam
desenvolver as melhores tecnologias bélicas e os melhores armamentos, incluindo armas nucleares; e, por fim, a “corrida
espacial”, que consistiu na busca acirrada pelo desenvolvimento de tecnologia aeroespacial, como satélites artificiais e
espaçonaves, com o objetivo de conquistar o espaço fora da atmosfera terrestre. O período de maior tensão da Guerra
Fria ocorreu em outubro de 1962, quando houve a chamada “Crise dos Misseis”, em decorrência da descoberta de uma
base para instalações de ogivas nucleares soviéticas em Cuba.
Situação no fim do século
Com o esfacelamento da URSS, em 1991, a Guerra Fria teve, definitivamente, fim. Todavia, em decorrência desse fim,
novos conflitos setoriais desencadearam-se nos anos 1990, como as guerras na região dos Bálcãs – a Guerra Civil
Iugoslava, por exemplo – e na região do Cáucaso, cujo exemplo mais significativo foi o conflito entre russos e chechenos
na Primeira Guerra da Chechênia. Vale destacar também que foi na última década do século XX que houve a Guerra do
Golfo contra a presença iraquiana (liderada pelo ditador Saddan Hussein) no Kwait. Essa guerra marcou a tentativa de
estabelecimento da hegemonia estadunidense no Oriente Médio.

A Guerra do Vietnã
Para entender o que foi a Guerra do Vietnã, deve-se saber que, gera da por divergências ideológicas entre os governos vietnamitas do Sul e do Norte, teve a participação de EUA.    

A Guerra do Vietnã aconteceu entre 1959 e 1975 e foi um conflito entre os dois governos estabelecidos que lutavam pela
unificação do país sob sua liderança. O conflito no Vietnã iniciou-se poucos anos depois de um primeiro conflito ter se
encerrado: a Guerra da Indochina.
No percurso da Guerra do Vietnã, os Estados Unidos envolveram-se diretamente no conflito e, em 1969, chegaram a
enviar mais de 500 mil soldados ao país asiático. A participação americana e a motivação ideológica do conflito são
consequências das tensões da bipolarização do período da Guerra Fria, no qual as ideologias do comunismo e do
capitalismo disputavam a hegemonia do mundo.
Após anos de guerra, acredita-se que de 1,5 milhão a 3 milhões de pessoas tenham morrido no Vietnã. Além disso, o
conflito ficou marcado por cenas de violência contra civis que chocaram o mundo e pelo uso de armas químicas pelos
Estados Unidos, o que causou grave contaminação do solo e até hoje afeta o país, pois aumentou o número de casos de
doenças como o câncer.
Como começou a Guerra no Vietnã?
A Guerra do Vietnã é consequência direta da Guerra da Indochina. Durante esse conflito, que aconteceu entre 1946 e
1954, vietnamitas (em geral, comunistas) lutaram contra o domínio colonial francês na Indochina Francesa – colônia da
França que agrupava Vietnã, Laos e Camboja. Depois desse guerra, o Vietnã garantiu sua independência em duas
entidades ideologicamente distintas.
A independência vietnamita foi estabelecida durante a Conferência de Genebra, em 1954, na qual foi definido também
que o Vietnã seria dividido em duas nações distintas. O Vietnã do Norte, de orientação comunista, seria governado
por Ho Chi Minh e teria Hanói como capital. Já o Vietnã do Sul seria governado por Bao Dai (substituído
por Ngo Diem Dinh em 1955) e teria Saigon como capital. Cada governo seria apoiado
por União Soviética e Estados Unidos, respectivamente.
Na Conferência de Genebra, definiu-se ainda que o Vietnã seria reunificado a partir de eleições marcadas para 1955, no
entanto, o governo de Diem Dinh rejeitou participar das eleições alegando que não acreditava ser possível conduzir
eleições livres no Norte do Vietnã. Ambos os governos existentes no Vietnã eram caracterizados por violações dos direitos
humanos.
Como a tensão entre os dois governos estava alta, o governo de Ho Chi Minh convocou milhares de guerrilheiros
comunistas no Sul do Vietnã a rebelarem-se contra o governo de Diem Dinh. Assim, inúmeros ataques começaram a
acontecer e levaram ao início da guerra em 1959. O governo do Norte construiu uma série de estradas ligando o norte ao
sul para dar suporte aos guerrilheiros, conhecidos como vietcongues.
Como foi a participação americana no conflito?

O presidente Richard Nixon assinou o cessar-fogo que pôs fim à participação americana na Guerra do Vietnã 

Desde a Guerra da Indochina, os Estados Unidos viam com preocupação o crescimento do comunismo na região. Em
razão disso, o governo americano começou a tomar medidas para impedir que isso acontecesse também no Vietnã a
partir de 1949, quando a China tornou-se uma nação comunista. A provável influência dos chineses sobre o Vietnã levou
os Estados Unidos a apoiarem os franceses na Guerra da Indochina.
Com a derrota dos franceses e a divisão do Vietnã, os Estados Unidos passaram a apoiar o governo ditatorial instalado no
Vietnã do Sul. Com o início da guerra em 1959, os norte-americanos começaram a fornecer armamentos e treinamento
militar para os exércitos sul-vietnamitas. Essa siitução persistiu até 1965.
A mudança na postura americana na guerra decorreu de transformações ocorridas na presidência dos Estados Unidos,
aliadas à incapacidade do Vietnã do Sul de conter o avanço comunista. Em 1963, o presidente americano John F. Kennedy
foi assassinado na cidade de Dallas e a presidência americana foi ocupada por Lyndon Johnson.
Com Lyndon Johnson, a atuação dos Estados Unidos na guerra alterou-se, principalmente após
o Incidente do Golfo de Tonquim, usado como pretexto para o país participar diretamente do conflito em 1965. Nesse
incidente, uma embarcação americana chamada USS Maddox foi supostamente atacada duas vezes por um torpedeiro
norte-vietnamita em agosto de 1964.
A participação americana no conflito foi marcada por polêmicas, com as cenas dos combates chocando a opinião pública
americana e mundial. O exército americano foi intensamente criticado por promover massacres contra civis de pequenas
aldeias vietnamitas sob a alegação de abrigarem guerrilheiros comunistas.
Além disso, o uso de napalm e de armas químicas também gerou críticas aos americanos. Esses itens eram a resposta
estratégica dos Estados Unidos para a tática de guerrilha adotada pelos vietcongues. O napalm incendiava grandes
trechos de floresta, e o agente laranja (herbicida) era usado para desfolhar trechos da floresta. O objetivo disso era
impedir que os vietcongues usassem a floresta densa como esconderijo.
Imagens da violência dos combates, como os que aconteceram durante a Ofesiva do Tet (ataques organizados pelos
vietcongues contra algumas cidades no Vietnã do Sul), e o crescimento no número de soldados americanos mortos
levaram a intensos protestos nos Estados Unidos pelo fim da guerra. Esses protestos eram organizados, principalmente,
pelos movimentos de contracultura.
Esses fatores pressionaram o presidente Richard Nixon a negociar um cessar-fogo com o governo do Vietnã do Norte.
Esse acordo foi assinado no dia 27 de janeiro de 1973 e oficializou a saída dos Estados Unidos da Guerra do Vietnã. O
exército americano teve 58 mil soldados mortos nessa guerra.
A saída dos Estados Unidos da guerra intensificou o enfraquecimento do Vietnã do Sul, que, em 1973, era governado por
Nguyen Van Thieu. Com a saída americana, as forças comunistas iniciaram ofensivas que resultaram na conquista da
cidade de Saigon, em 1975, e na derrubada do governo sul-vietnamita. Isso pôs fim ao conflito, e o Vietnã foi unificado e
governado pelos comunistas a partir de 1976.

Helicóptero americano lançando o herbicida agente laranja contra área de floresta no delta do rio Mekong, Vietnã

Guerra do Afeganistão
A Guerra do Afeganistão tem início em 1979. Inicialmente era um conflito entre a URSS e afegãos, e mais tarde, os EUA
se envolvem na contenda.
Nessa guerra, que perdura até os nossos dias, a luta é travada entre os Estados Unidos e aliados, contra o regime talibã.
Contexto Histórico
Os principais países europeus foram praticamente destruídos por ocasião da II Guerra Mundial (1939-1945). Por sua
parte, os EUA saíram da guerra com seu parque industrial ileso, passaram a abastecer o mercado mundial e a ajudar
financeiramente esses países. Desta maneira, se ornaram a maior potência do mundo capitalista.
A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), contudo, tornou-se a segunda maior potência mundial e auxiliava
política e economicamente os países do Leste Europeu.
Igualmente estendia sua influência para alguns países da Ásia como o Afeganistão desde a proclamação da sua república,
em 1978.
Os EUA e a URSS eram adversários desde os anos 50 Este período onde ambos os países travam disputas ideológicas é
conhecido como Guerra Fria.
As duas potências nunca se enfrentaram nos campos de batalha diretamente, mas se combateram em várias partes do
mundo. Neste contexto tem início a Primeira Guerra do Afeganistão.

Primeira Guerra do Afeganistão (1979 -1989)   

No mapa, a invasão das tropas soviéticas


 Em 1979, começou uma guerra civil entre vários grupos afegãos. Os principais eram aqueles que era aliados ao marxismo-leninismo e aqueles religiosos, que eram contrários a qualquer ideologia estrangeira. A

URSS apoia os primeiros, pois considerava o país dentro da sua zona de influência.    
Por isso, mantém e apoia o presidente afegão Babrak Karmal (1929-1996) e, em dezembro de 1979, invade o Afeganistão,
dando início à Primeira Guerra do Afeganistão.
O objetivo era solidificar a influência soviética que vinha se deteriorando e pretendia pacificar o Afeganistão por causa da
rebeldia dos grupos guerrilheiros mujahidins, na sequência das revoltas contra o regime comunista. Assim, o confronto é
também conhecido como "Invasão Soviética do Afeganistão".
Os EUA, por sua vez, tomou partido da guerra e passaram a auxiliar economicamente a oposição. Os americanos se aliam
à China e a países muçulmanos, como o Paquistão e a Arábia Saudita.
A URSS ocupou as principais cidades e as bases militares do Afeganistão e essa ação ia revoltando cada vez mais os
rebeldes.
Foi um confronto sangrento de dez anos, no qual os EUA propiciaram o crescimento militar de certos grupos afegãos
contrários ao comunismo. Posteriormente, os antigos aliados se voltariam contra os americanos, na altura em que o
Afeganistão passou a ser governado pelo regime Talibã.
As relações dos EUA com o Afeganistão se viram abaladas com o sequestro e morte do embaixador americano no
Afeganistão.
Também as já difíceis conversas com a União Soviética foram prejudicadas uma vez que os EUA os acusaram de terem
sido responsáveis pelo acontecimento.
Sem condições de sustentar o conflito, em maio de 1988, Mikhail Gorbachev dá ordens para os soldados começarem a
abandonar o território. No conflito, a URSS perdeu 15 mil pessoas.

Soldado afegão entrega uma bandeira a um soviético em maio de 1988 por ocasião da retirada do Exército de Cabul

As décadas seguintes serão marcadas por guerras civis e intervenções internacionais na região, dentre as quais,
destacamos:
Guerra do Golfo (1990-1991)
Guerra do Iraque (2003-2011)
Segunda Guerra do Afeganistão (2001 – presente)
Os atentados de 11 de setembro de 2001, nos EUA, deram início à Segunda Guerra do Afeganistão. Foram executados
pela Al-Qaeda a mando de Osama bin Laden com o apoio do regime talibã.
Nessa altura era presidente dos EUA George W. Bush. Um dos alvos do atentado foi justamente o símbolo do poder
econômico do país – o edifício World Trade Center, conhecido como as torres gêmeas.
Os EUA iniciaram os ataques ao Afeganistão no dia 7 de outubro de 2001, com o apoio da OTAN, mas contrários à
vontade da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo era encontrar Osama bin Laden, seus apoiantes e acabar
com o acampamento de formação de terrorista instalado no Afeganistão, bem como o regime talibã.
Somente em 20 de dezembro do mesmo ano, o Conselho de Segurança da ONU autorizou, por unanimidade, uma missão
militar no Afeganistão. Esta deveria durar apenas seis meses e proteger os civis dos ataques dos talibãs.
Declararam o seu apoio aos EUA o Reino Unido, o Canadá, a França, a Austrália e a Alemanha.
Batalhas, bombardeios, revolta, destruição e milhares de mortos marcam este conflito. Em maio de 2011, Osama bin
Laden foi morto por soldados americanos.
Em 2012 é assinado um acordo estratégico entre os presidentes dos EUA e do Afeganistão, respectivamente, Barack
Obama e Hamid Karzai.
O acordo trata de um plano de segurança que, entre outros, visa a retirada das tropas americanas. No entanto, as nações
não chegaram a um consenso em algumas partes do acordo, tal como concessão da imunidade para os soldados
americanos.
Em junho de 2011, os EUA começaram a retirar suas tropas do Afeganistão, o que se esperava que terminasse em 2016.
Consequências da Guerra
A Guerra do Afeganistão continua até os dias de hoje.
Desde então, a ONU tem feito grandes esforços em busca da paz. O trabalho da ONU consiste em tentar erradicar o
terrorismo e fornecer ajuda humanitária aos afegãos.
Atualmente, grande parte da população morre de fome ou por falta de cuidados médicos, pois a infraestrutura do país
ainda não foi reconstruída.
Para além da miséria do povo afegão, esta guerra teve como consequência milhares de mortes, problemas psicológicos
dos militares e bilhões gastos em armamento.
Guerra do Golfo
A Guerra do Golfo foi iniciada em 1990 quando o Iraque, liderado por Saddam Hussein, invadiu o Kuwait, o que gerou uma reação internacional coordenada pelos EUA em 1991

A Guerra do Golfo foi um conflito em que uma ação do governo iraquiano gerou uma reação internacional. De maneira
direta, a Guerra do Golfo foi um conflito travado entre o Iraque e tropas internacionais, lideradas pelos Estados Unidos,
em represália à invasão do Kuwait pelo Iraque em agosto de 1990.
Durante a Guerra do Golfo, as tropas iraquianas invadiram o Kuwait e conquistaram o país em questão de poucas horas,
forçando a família real kuwaitiana a fugir do país. A partir de janeiro, a reação internacional iniciou-se, com uma sucessão
de ataques aéreos. Em fevereiro, ocorreu uma ação militar terrestre orquestrada pelos Estados Unidos a partir de suas
tropas posicionadas na Arábia Saudita.
Causas da Guerra do Golfo
Para entendermos as causas do conflito, é preciso retornar à década de 1980 e entender um acontecimento marcante
para a região naquele período: a Guerra Irã-Iraque (1980-1988). Essa guerra foi resultado de um esforço internacional
que utilizou o Iraque para enfraquecer o Irã e conter o avanço da Revolução Islâmica, que havia acontecido naquele país
em 1979.
A contenção do Irã era algo extremamente importante para Estados Unidos, Arábia Saudita e Kuwait, assim, os iraquianos
contaram com o apoio dessas três nações na guerra. No caso de sauditas e kuwaitianos, esse apoio ocorreu a partir de
empréstimos financeiros para que o Iraque pudesse financiar os gastos com o conflito. O apoio internacional recebido
pelo Iraque foi fundamental e impediu que fossem derrotados pelos iranianos. Essa guerra terminou em um empate.
Depois da guerra, a economia iraquiana precisava recuperar-se, o que aconteceria a partir da venda do principal produto
econômico do país: o petróleo. Para que isso acontecesse, o Iraque dependia de que o barril do petróleo fosse vendido a
um valor elevado, mas, em 1990, o petróleo era vendido a 21 dólares, um valor considerado baixo pelo governo
iraquiano.
Essa situação agravou-se consideravelmente. No meio do ano de 1990, o valor do barril caiu para 11 dólares. Isso irritava
o governo iraquiano, que acusava o governo kuwaitiano de extrair petróleo acima das cotas estabelecidas
pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), o que se refletia diretamente no valor do barril. Nessa
questão do petróleo, o governo iraquiano também acusou o Kuwait de extrair petróleo em poços localizados próximo da
fronteira entre os dois países.
Além dessa questão do petróleo, outro fator, também de ordem econômica, desagradava profundamente a Saddam
Hussein, o ditador do Iraque: o fato de que o Kuwait estava cobrando os empréstimos realizados durante a guerra contra
o Irã. Saddam reclamava que o esforço do Iraque também havia beneficiado os interesses kuwaitianos e, por isso, era
inaceitável cobrar a devolução dos valores.
A soma desses fatores criou uma relação ruim entre as duas nações. Saddam Hussein passou a defender um “direito
histórico” dos iraquianos sobre a região do Kuwait e argumentava que o país vizinho deveria ser a 19ª província iraquiana.
Essa situação levou à agressão iraquiana e, no dia 2 de agosto de 1990, o Kuwait foi oficialmente invadido.
Reação internacional após a invasão do Kuwait
A reação internacional após o Kuwait ter sido invadido pelo Iraque foi imediata e, no mesmo dia, o Conselho de
Segurança da ONU pronunciou-se. Aqui, é importante esclarecer que a invasão do Kuwait ocorreu porque Saddam
Hussein contava com a neutralidade dos Estados Unidos (o que não aconteceu).
O que Saddam Hussein não considerou foi:
Os EUA jamais aceitariam que o Iraque controlasse sozinho grande parte das reservas de petróleo do Oriente Médio;
Os EUA não permitiriam o fortalecimento do Iraque, pois isso colocava em risco a soberania da Arábia Saudita, que era
exatamente o maior aliado árabe dos EUA no Oriente Médio.
Assim, a resposta internacional foi emitida a partir da Resolução 660 do Conselho de Segurança da ONU. Nessa resolução,
a ONU condenava a invasão do Kuwait e exigia que as tropas iraquianas se retirassem imediatamente da nação vizinha.
Essa resolução também demandava que Iraque e Kuwait juntassem-se imediatamente para negociar suas diferenças e
encerrar os desentendimentos.
Como o exército iraquiano permaneceu ocupando o Kuwait, os Estados Unidos começaram a liderar o desembarque de
tropas na Arábia Saudita. Isso aconteceu para evitar que os iraquianos cogitassem invadir o território dos sauditas.
Tempos depois, o Conselho de Segurança da ONU emitiu uma nova resolução.
A Resolução 678 foi emitida em 29 de novembro de 1990. Nessa resolução, a ONU estipulava uma data final para a
retirada das tropas iraquianas. Essa data final servia como um ultimato e foi fixada no dia 15 de janeiro de 1991. Essa
resolução demandava do Iraque o cumprimento integral do que havia sido estabelecido na Resolução 660, bem como em
outras resoluções emitidas (661, 662, 664, 665, 666, 667, 669, 670 e 677).
Como o Iraque manteve-se intransigente, os Estados Unidos optaram por reagir depois que o prazo fixado expirou. Assim,
em 17 de janeiro de 1991, foram iniciados ataques aéreos dos Estados Unidos contra posições dominadas pelo Iraque.
Foram 42 dias de ataques maciços em que os americanos atacaram a infraestrutura de comunicação, locais de
armazenamento de armamentos, infraestrutura antiaérea etc.
A fase dos ataques aéreos foi seguida de uma campanha militar em que tropas internacionais (formadas,
majoritariamente, por americanos) atacaram as tropas iraquianas por terra a partir de 24 de fevereiro de 1991. As tropas
atacaram a partir da Arábia Saudita e eram lideradas por Norman Schwarzkopf, general do exército americano.
A ação militar dos americanos estendeu-se por 100 horas e, nesse período, impôs sua força sobre os iraquianos,
forçando-os a abandonar o Kuwait. Em 28 de fevereiro, as últimas tropas do Iraque saíram do Kuwait, e os EUA
encerraram o ataque militar contra os iraquianos e a guerra.
Muitos membros do governo americano imaginavam que a ofensiva americana continuaria até a derrubada de Saddam
Hussein, mas isso não aconteceu. A derrubada do ditador iraquiano só aconteceu doze anos depois em uma nova guerra
motivada por outras questões. Estima-se que na Guerra do Golfo algo em torno de 30 mil pessoas, a grande maioria de
soldados iraquianos, tenham morrido.

Aeronaves americanas monitorando poços de petróleo no Kuwait incendiados por iraquianos na guerra

Migrações e Refugiados
Migrações e Refugiados
População de refugiados no mundo
    O número de refugiados no mundo aumenta a cada ano. Os principais problemas estão relacionados com conflitos
políticos e situações de guerrilhas.

     
Um dos principais problemas, em termos populacionais e a nível global, é a questão dos refugiados. O conceito de
refugiado foi regulado pela Organização das Nações Unidas por meio da Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto
dos Refugiados, realizada em 1951 e adotada em 1954.
Segundo a ONU, na convenção em questão, para ser considerada refugiada, a pessoa precisa declarar que se sente
perseguida pelo Estado de sua nacionalidade por razões de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas;
que se ausentou de seu país em virtude desses termos ou que não consegue a proteção do poder público pelas mesmas
razões.
No entanto, é válido ressaltar que uma pessoa deixa de ser considerada refugiada se as condições de perseguição ou temor
reverterem-se ou se tornarem injustificadas em função de mudanças políticas ou se, voluntariamente, o refugiado voltar
para o país ao qual pertence a sua nacionalidade para fins de residência. Aqueles refugiados que adquirem uma nova
nacionalidade, gozando da proteção desta, também não poderão ser mais considerados oficialmente como tais.
Existem vários tipos de refugiados no mundo, alguns por condições de perseguição política, outros pela existência de
conflitos armados e guerrilhas, além daqueles que sofrem com a fome, discriminação racial, social ou religiosa e até os
refugiados ambientais, entre muitos outros tipos.
Os dados divulgados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) revelam um drama crescente:
em razão dos conflitos nacionais existentes em várias partes do mundo, o número de refugiados vem aumentando
exponencialmente. Em 2014, esse número chegou a incríveis 59,5 milhões de pessoas, cerca de 22 milhões a mais em
comparação com a década anterior. Outro dado alarmante é que mais da metade desses refugiados é menor de idade.
Os principais conflitos atuais que elevam o número de refugiados estão na África e na Ásia, destacando-se, nessa última, o
Oriente Médio. Entre esses conflitos, podemos enumerar:
África – oito conflitos: Costa do Marfim, República Centro-Africana, Líbia, Mali, norte da Nigéria, República
Democrática do Congo, Sudão do Sul e Burundi;
Oriente Médio – quatro conflitos: Síria, Iraque, Afeganistão e Iêmen;
Europa – um conflito: Ucrânia;
Ásia – três conflitos: Quirguistão, Mianmar e Paquistão.

Refugiados sírios deslocando-se para fora do país na fronteira com a Turquia em 2011*
É importante ressaltar que praticamente todos os países produzem refugiados todos os anos. Os casos acima enumerados
são os principais deles e estão relacionados com conflitos que geram muitas vítimas e uma série de impactos sociais diretos
e indiretos. Por isso, essas áreas são as que geram mais preocupação não só pela evasão da população, mas também pela
série de violações aos direitos humanos que lá ocorrem.
Uma característica marcante da questão dos refugiados no mundo é o fato de a maioria deles – cerca de 86% – deslocar-se
em direção aos países emergentes do sul, e não para a Europa e para os Estados Unidos, principais destinos migratórios da
atualidade. A razão para isso é a maior permissividade que os países menos desenvolvidos possuem e, também, o elevado
protecionismo dos países desenvolvidos, principalmente na União Europeia, que impõe pesadas medidas de restrições
a imigrantes ilegais e também a refugiados.
O Brasil recebe um alto número de refugiados, um valor que atingiu 7,7 mil pessoas em 2015, segundo o Conare (Comitê
Nacional para Refugiados). Desse total, avalia-se que 25% são mulheres e, em termos de nacionalidade, a maior parte é
composta por sírios, com cerca de 23% do total, em razão do conflito entre as forças rebeldes e o ditador Bashar Al-Assad
no país. Além disso, destacam-se também os colombianos, os angolanos, os haitianos e os congoleses. Em termos
constitucionais, o Governo Federal deve cuidar para receber e resolver os problemas relativos às questões de refugiados no
Brasil, principalmente no âmbito da legalização.
A questão dos refugiados no mundo ganha contornos dramáticos, pois, além dos problemas severos que abrangem as suas
áreas de origem, ainda existem os problemas que esses migrantes encontram nos locais para onde se deslocam. Entre esses
problemas, destacam-se as diferenças culturais, as dificuldades com idiomas, a busca por emprego e, principalmente, a
xenofobia (aversão a estrangeiros) praticada pela população residente das áreas de destino.

Crise migratória na Europa


* Crédito da imagem: Alexandre Rotenberg e shutterstock.com

Grupo de refugiados na Estação ferroviária de Budapeste, em setembro de 2015 *


A Europa enfrenta hoje uma crise migratória causada pela propagação de diversos conflitos no norte da África, Oriente
Médio, Europa e Ásia.
A Europa sempre foi um continente de migrantes, pois sempre atraiu muitas pessoas que buscam melhores condições de
vida. A maior parte desses migrantes vem de países do Oriente Médio, Ásia e África, que enfrentam graves problemas
sociais, econômicos e políticos.
Para tentar organizar esse processo migratório, os países europeus desenvolveram ao longo dos anos diversas políticas
migratórias. Nos períodos em que a Europa passava por alguma crise econômica ou política, os países implantavam
medidas restringindo a entrada de migrantes para evitar a concorrência por oportunidades de trabalho e o aumento dos
problemas sociais. Nos períodos em que o desenvolvimento europeu permitia e necessitava de uma quantidade maior de
mão de obra, essas políticas eram mais liberais e permitiam mais a entrada de pessoas de outras regiões no continente.
Causas da crise migratória na Europa
Nos últimos anos, principalmente a partir de 2011, o fluxo migratório para a Europa intensificou-se drasticamente,
causando uma grande crise migratória no continente. Estima-se, de acordo com um levantamento realizado pela ONU,
que apenas no ano de 2014 a Europa tenha recebido cerca de 6,7 milhões de migrantes.
De acordo com a ONU, os mais de 15 conflitos (8 na África, 3 no Oriente Médio, 1 na Europa e 3 na Ásia) existentes no
mundo atualmente têm sido a principal motivação para a crise migratória na Europa. Isso ocorre porque os migrantes, em
sua maioria, são refugiados (pessoas que migram para fugir de conflitos e perseguições políticas, guerras etc.) dessas
regiões de conflito.
Os países de onde mais saem migrantes são a Síria, Afeganistão, Iraque, Líbia e Eritreia. A Síria, com uma guerra civil que
já dura mais de quatro anos e que contabiliza mais de 250 mil mortos, de acordo com dados apresentados pela ONU, possui
o maior grupo de refugiados do mundo. Tanto o Afeganistão quanto o Iraque vivem, desde 2001, em virtude da invasão dos
Estados Unidos, uma grave crise política. Os constantes ataques rebeldes que atingem esses países têm levado diversos
grupos a migrar para outras regiões do mundo. A Líbia e a Eriteia são países africanos que convivem com regimes
opressores e antidemocráticos, além de diversos problemas sociais, o que tem levado grande parte da população a migrar
para outras regiões.
Outra motivação para que esses países apresentem muitos emigrantes é a atuação do Estado Islâmico em seu território. Essa
organização extremista tem aproveitado das guerras civis e da situação de pobreza em que se encontram esses países para
expandir a sua área de domínio. Uma vez que a organização domina uma determinada região, implanta-se um sistema de
governo baseado em uma visão extremista das leis islâmicas.
Consequências da Crise migratória
A maior parte dos migrantes chega à Europa de forma clandestina por meio da navegação em botes no Mar Mediterrâneo.
Como o acesso do continente por terra é controlado, é cada vez mais comum que os migrantes se arrisquem na travessia do
Mar Mediterrâneo, o que causa diversas mortes por afogamento. Estima-se que mais de 2,5 mil pessoas tenham se afogado
em 2014 ao realizar essa travessia.
Como a Europa acaba de atravessar uma crise econômica, os países europeus estão apresentando certa resistência e
dificuldades para aceitar e acomodar os migrantes que chegam em seu país. Por essa razão, cresce a tensão entre os países
que integram a União Europeia para a criação de leis que regulem a chegada dos migrantes. A Grécia, por exemplo, por ser
um país litorâneo, tem alegado que recebe muito mais refugiados do que os demais países da Europa e já está expulsando
migrantes que chegam ao país de forma irregular.
Como muitos europeus estão desempregados, existe uma preocupação de que a chegada desses migrantes aumente a
concorrência pelas oportunidades de emprego e promova o aumento dos problemas sociais. Outra razão para essa
resistência em receber os migrantes diz respeito à situação de alerta que a maior parte dos países europeus vive hoje em
relação ao terrorismo. Acredita-se que, entre os migrantes que chegam ao país, estejam integrantes do Estado
Islâmico infiltrados.
Essas duas preocupações são reais, já que ambas podem acontecer no cenário atual de recuperação econômica e tensões
causadas pela ascensão do Estado Islâmico. Porém, em alguns casos, essas motivações são utilizadas apenas como
justificativa para a intolerância cultural e xenofobia.
Uma pesquisa realizada na Europa, publicada pelo jornal Público, de Portugal, averiguou que metade dos cidadãos
entrevistados é contra a ida de migrantes para os países em que vivem, considerando, inclusive, necessário restringir a
chegada de mais migrantes e limitar os direitos individuais dos refugiados que já se encontram no país. Também cresce o
número de ataques contra pessoas de outras nacionalidades na Europa e aos centros de refugiados.
A situação dos migrantes que chegam à Europa atualmente também preocupa. Como a migração é muito intensa e a maior
parte dos refugiados não tem para onde ir, eles estão sendo acomodados em abrigos temporários que não possuem
condições para receber mais pessoas.
Assim, as leis de migração do continente europeu precisam ser revistas para conseguir organizar a intensa migração que
vem ocorrendo. Além disso, é preciso ter certo controle com relação ao migrante que chega ao país, oferecendo um local
seguro de moradia e oportunidades que garantam a sua sobrevivência e evitem que esse migrante ingresse em atividades
ilícitas. É preciso também criar medidas de prevenção e controle do xenofobismo (intolerância à diversidade cultural),
muito comum na Europa.
Guerra Civil na Síria

Mulher caminhando pela cidade síria de Homs em setembro de 2013 *

A guerra civil na Síria já é considerada um dos maiores desastres humanitários dos últimos anos. Esse conflito travado
desde 2011 não tem previsão para acabar.
A Guerra Civil da Síria é um conflito que se estende desde 2011 entre vários grupos armados. O Observatório Sírio de
Direitos Humanos já estimou como consequência do conflito mais de 470 mil mortos e mais de 11 milhões de refugiados
sírios, dos quais 4,9 milhões migraram para fora do país. O conflito começou como consequência da repressão do governo
sírio contra os protestos populares durante a Primavera Árabe e hoje tomou proporções de sectarismo religioso.
Causas do conflito
A Síria é governada pela família al-Assad desde a década de 1970 de maneira ditatorial. Bashar al-Assad só assumiu o
país em 2000, após a morte de seu pai, Hafez al-Assad. O governo de Bashar sofreu inúmeras críticas pela corrupção e
pela falta de liberdade política. Essas críticas tomaram novas proporções com a Primavera Árabe.
A Primavera Árabe aconteceu quando a população de inúmeros países árabes manifestou-se exigindo democracia e
melhores condições de vida em seus países. Os protestos iniciaram-se no final de 2010, na Tunísia, e espalharam-se por
outros países, como Líbia e Egito. Na Síria, os protestos iniciaram-se em março de 2011, na cidade de Deraa, no sul da
Síria. A resposta do governo sírio foi violenta, o que motivou novas rebeliões em diferentes partes da Síria, como na
capital, Damasco, e Aleppo, a maior cidade da Síria.
À medida que a repressão do governo contra os protestos populares aumentava, formaram-se grupos de resistência. Esses
grupos logo se transformaram em milícias armadas, que partiram ao ataque na tentativa de expulsar as tropas de Assad de
suas regiões e derrubar o governo sírio. Esses exércitos rebeldes foram inicialmente formados por civis e militares
desertores.
Crescimento da guerra civil
A ONU e a Liga Árabe movimentaram-se para buscar saídas diplomáticas ao conflito, entretanto, os cessar-fogos
negociados nunca foram respeitados. Assim, a escalada da violência na Síria tomou proporções de guerra civil.
A principal força rebelde é o Exército Livre da Síria, que surgiu em julho de 2011. Esse grupo possui
características seculares (não está sujeito a nenhuma ordem religiosa) e, portanto, é considerado um grupo rebelde
moderado. A oposição rebelde, entretanto, passou a contar com grupos extremistas de tendência jihadista, como
o Jabhat Fateh al-Sham, anteriormente conhecida como Frente Al-Nusra.
A partir de 2013, o Estado Islâmico, antigo braço armado iraquiano da Al-Qaeda, aproveitou-se da instabilidade da Síria e
aderiu a grupos rebeldes de jihadistas sunitas. Entretanto, como o Estado Islâmico cresceu rapidamente, ele se
autoproclamou um Califado em territórios na Síria e no Iraque. O califado é uma espécie de reino baseado na lei islâmica,
a sharia. A guerra que havia começado por razões políticas tomou proporções religiosas.
Outras frentes de guerra surgiram com pequenos grupos rebeldes, principalmente de tendências fundamentalistas. Outro
grupo de destaque foi os curdos, que se mobilizaram ao conflito a partir de 2014, quando o Estado Islâmico passou a
perseguir a minoria curda da Síria. As tropas curdas atualmente mantêm o controle das regiões ao norte da Síria, na região
chamada de Rojava.
Com a guerra sendo travada entre diferentes grupos, o conflito espalhou-se por diversas frentes. Assim, mudanças e
movimentações das tropas acontecem a todo momento na Síria.
Mobilização estrangeira
A guerra civil na Síria tomou as grandes proporções atuais, principalmente, em razão da interferência estrangeira no país.
Diversos países envolveram-se direta ou indiretamente no conflito, financiando determinados grupos.
O governo sírio possui o apoio da Rússia e do Irã, que enviam, além de armas e dinheiro, tropas. O Exército Livre da Síria
e o Exército curdo recebem o apoio dos Estados Unidos. Além disso, a Turquia também financia o Exército Livre da
Síria, mas luta abertamente contra o Exército curdo (os curdos são uma minoria perseguida na Turquia). Outros países que
atuam no conflito são Arábia Saudita, Reino Unido, França etc.
Recentemente, em virtude do ataque americano contra a base aérea do governo sírio na cidade de Homs, as relações entre
Rússia e Estados Unidos ficaram abaladas. A Rússia e o Irã manifestaram sua insatisfação ao ataque feito pelos Estados
Unidos ao governo sírio (aliado russo).
Os Estados Unidos realizaram essa intervenção porque atribuem a Bashar al-Assad o ataque químico que aconteceu em
abril de 2017 contra a cidade de Khan Sheikhoun. As armas químicas usadas em Khan Sheikhoun resultaram em 86
mortes pelo altamente tóxico gás sarin.
Conclusão
Não há previsão de quando a guerra civil síria chegará ao fim. Em virtude da alta complexidade dos grupos que lutam entre
si e da alta interferência estrangeira na região, o conflito segue sendo alimentado. Além disso, a existência do Estado
Islâmico deu uma nova dimensão ao conflito.
A guerra que se estende por seis anos e já resultou em 470 mil mortes gerou uma crise internacional de refugiados. Estima-
se que mais de 11 milhões de sírios sejam refugiados e que aproximadamente 5 milhões estejam fora do país. Após seis
anos de conflito, a população civil é quem mais sofre, principalmente as crianças.
Atribuem-se crimes de guerra a todas as partes do conflito, como genocídios de civis, além de dois ataques com armas
químicas. A guerra resultou na destruição de grande parte do acervo histórico existente no país, principalmente pela ação
do Estado Islâmico.
A questão da Ucrânia
0. A Ucrânia
A Ucrânia é o segundo maior país da Europa, que se destaca por um Índice de Desenvolvimento Alto.

Bandeira da Ucrânia
Segundo maior país do continente europeu, atrás somente da Rússia, a Ucrânia, cujo nome na língua eslava significa
“Fronteira”, limita-se ao sul com a Moldávia, a sudoeste com a Romênia, Hungria e Eslováquia, a oeste com a Polônia, a
noroeste com a Bielorrússia, a nordeste com a Rússia, além de ser banhada ao sul pelo Mar Negro.
A Ucrânia foi um dos principais países da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Em 1920, seu
território passou a ser controlado pelos comunistas que, aproveitando a fertilidade do solo ucraniano (“terra negra”),
desenvolveram grandes plantações de cereais. A independência nacional foi proclamada em 16 de julho de 1990, sendo
aprovada no dia 24 de agosto do mesmo ano. Desde então, a nação passou a integrar a Comunidade dos Estados
Independentes (CEI) – grupo formado pela Rússia e as antigas repúblicas soviéticas.
Com a desagregação da União Soviética, a economia ucraniana sofreu grande declínio, pois a Rússia, principal
importadora dos seus produtos agrícolas (beterraba, trigo, batata, milho, soja, etc.) e responsável pela aplicação de
recursos financeiros no setor industrial, também teve a economia extremamente afetada, refletindo diretamente nas
relações comerciais entre as duas nações. Desde 1990, a Ucrânia, visando alavancar o setor econômico, tem
proporcionado incentivos para a entrada de capitais estrangeiros, atraindo filiais de empresas transnacionais. Outro
destaque são as grandes reservas de carvão, ferro e manganês.
A população nacional apresenta grande diversidade cultural. Na porção leste do país, próxima à Rússia, os habitantes são
seguidores do cristianismo ortodoxo, ligado ao patriarcado russo. A população do oeste ucraniano, por sua vez, é
majoritariamente católica grega, aceitando a supremacia do Papa. Também existem movimentos separatistas, sobretudo
na península da Crimeia, na qual a maioria da população é de origem russa.
O país ficou mundialmente conhecido após o acidente nuclear na usina de Chernobyl (em abril de 1986), que é
considerado a maior catástrofe com material radioativo da história. Esse desastre provocou a morte de milhares de
pessoas, além do desenvolvimento de cânceres após décadas do ocorrido. Por volta de 135 mil habitantes tiveram que
abandonar a região onde estava instalada a usina.

Brasão de Armas da Ucrânia

1. Crise Política na Ucrânia


A Crise Política na Ucrânia  está relacionada com a disputa de influência no país entre União Europeia e Rússia.
Em novembro de 2013 iniciou-se, na Ucrânia, uma onda de protestos em torno do parlamento do país, cuja motivação
principal era a não assinatura de um tratado de livre-comércio comércio com a União Europeia. Esse episódio acirrou
ainda mais as diferenças entre os dois principais grupos políticos ucranianos: os “pró-ocidente” e os mais próximos à
Rússia.
A decisão de “adiar” o acordo, tomada pelo governo ucraniano, foi em grande parte motivada pela influência russa no
país, que não vê com bons olhos a sua aproximação com o bloco europeu. Uma significativa parcela da população e
grupos políticos opositores ficaram bastante descontentes com a postura submissa do governo e iniciaram as
manifestações que, apesar da renúncia do primeiro-ministro Mykola Azarov em janeiro de 2014, parecem ainda estar
longe de acabar.
A Ucrânia é um país de regime semipresidencialista, ou seja, o gabinete e as funções executivas nacionais são divididos
entre o presidente (com mandato de cinco anos) e o primeiro-ministro, além de uma influência mais destacada do
parlamento. O presidente ucraniano é Viktor Yanukovich, uma personalidade polêmica no país em virtude dos eventos
eleitorais relacionados com a Revolução Laranja de 2004, o que o torna inimigo de uma poderosa e influente oposição
“pró-ocidente”, a mesma que atualmente lidera boa parte das manifestações no país.
Quem são os manifestantes?
Os opositores ao governo de Yanukovich e da administração de Azarov são formados por várias frentes políticas, a maior
parte constituída pela parcela da população mais “ocidental”, ou seja, mais próxima culturalmente da Europa,
diferentemente dos 30% dos habitantes que falam russo e possuem uma cultura mais próxima ao país vizinho.
O principal líder e organizador dos protestos é Vitali Klitschko, uma personalidade esportiva do país (ex-campeão de boxe)
e que se tornou também uma figura política, com intenções de, inclusive, concorrer à presidência em 2015. Ele
atualmente lidera o movimento denominado Udar (“soco”, em tradução livre), que vem mostrando uma ampla frente de
mobilização.
Outra força que está atualmente compondo as manifestações é o partido político Svoboda (que significa “liberdade”),
liderado por Oleh Tyahnybok e que possui caráter nacionalista, sendo frequentemente acusado de possuir um caráter
puramente fascista. Esse partido traz consigo outras frentes de extrema direita, como o Bratstvo e o Setor Direito.
Além dessas frentes, ainda existem grupos de esquerda e até anarquistas que buscam ganhar espaço com as
manifestações. Esse grupo, minoritário, não objetiva defender o tratado com a União Europeia – causa maior das
manifestações –, mas lutar por melhores condições sociais e atenuação dos índices de pobreza e desigualdade na
Ucrânia.
Mas, sem dúvidas, a frente de oposição mais influente sob o ponto de vista internacional é o Pátria, segundo maior
partido do país (atrás somente da frente governista), liderado por Arseniy Yatsenyuk, um militante extremamente
próximo a Yulia Tymoshenko, ex-primeira-ministra do país presa por abuso de poder em 2009, uma das principais
personalidades da Revolução Laranja de 2004.
Yulia Tysmoshenko, ex-primeira-ministra da Ucrânia ²
Yulia Tymoshenko e a Revolução Laranja de 2004
A Revolução Laranja foi uma série de protestos que tomou as ruas – de forma semelhante a que se iniciou no final de
2013 – durante as eleições presidenciais de 2004 e que se encerrou apenas no ano seguinte. A disputa eleitoral envolveu
o atual presidente Viktor Yanukovich (mais próximo à Rússia) e Viktor Yushchenko (mais favorável à União Europeia),
resultando na vitória do primeiro.
A oposição, no entanto, não acatou o resultado oficial, sobretudo, em virtude das inúmeras fraudes, imposições e
ameaças ocorridas durante a realização do pleito, o que culminou em uma série de manifestações, a maioria delas
liderada por Yulia Tymoshenko e o seu grupo, que ficou conhecido como “Bloco Yulia Tymoshenko”.
O evento resultou no cancelamento das eleições e em um novo segundo turno em 2005, com vitória para Victor
Tymoshenko, que se aliou à Yulia, nomeando-a primeira-ministra de seu governo. Yanukovich, derrotado, conseguiu se
eleger apenas nas eleições posteriores, em 2010.
No ano de 2009, Yulia Tymoshenko foi acusada de abuso de poder durante um acordo sobre a comercialização de gás
natural com a Rússia, episódio que resultou em sua rápida condenação. A Europa aceitou a versão da ex-premiê de que a
sua prisão teria sido de caráter puramente político, tornando a sua causa famosa internacionalmente.
As sanções contra os protestos
Com a resistência do governo ucraniano em não aderir à causa das manifestações de assinar o acordo de livre-comércio
com a União Europeia, os militantes passaram a exigir a renúncia do presidente e do primeiro-ministro do país, apontados
como os principais responsáveis pela influência russa nas decisões nacionais.
Sob a alegação de que os manifestantes utilizavam formas ilegais e violência exagerada durantes os protestos, o
parlamento aprovou uma série de leis para reprimi-los duramente, principalmente através do uso da força policial. Essas
medidas foram seriamente criticadas pela comunidade internacional, sobretudo após a morte de manifestantes em
janeiro de 2014. Os Estados Unidos chegaram a ameaçar a imposição de sanções contra a Ucrânia caso as violações aos
direitos humanos prosseguissem. No dia 28 de janeiro, após uma série de negociações entre governo e oposição, o
presidente decidiu revogar as leis de repressão aos protestos.
A Renúncia de Mykola Azarov
O auge da tensão do país iniciou-se no dia 23 de Janeiro de 2014, quando cinco manifestantes morreram em confronto
com a polícia, além dos inúmeros feridos. No mesmo dia, negociações foram realizadas sem sucesso, o que proporcionou
a invasão de várias sedes do governo em diversas regiões do país. Além disso, os opositores também conseguiram invadir
a Casa Ucraniana, na cidade de Kiev, e o Ministério da Justiça, que ficou sob o seu controle.
Dois dias depois, o governo ucraniano, mediante a elevação da tensão, ofereceu os cargos de primeiro-ministro ao líder
Arseniy Yatsenyuk e o de vice-primeiro-ministro ao boxeador Vitali Klitschko, oferta prontamente recusada pela oposição.
No entanto, as negociações continuam.
Em 28 de Janeiro, com o objetivo de diminuir o ímpeto das manifestações, o primeiro-ministro Mykola Arazov pediu a sua
demissão. No entanto, a estratégia, ao menos até o momento, não surtiu efeito e os opositores continuam em protestos
em exigência à renúncia também do presidente Yanukovich.
A influência russa e europeia sobre a Ucrânia
A ocorrência da crise política na Ucrânia, com a intensificação dos protestos, é o estopim de uma instabilidade política
que marca a região há vários anos. A extinta União Soviética – da qual o território ucraniano era integrado –
industrializou-se por meio de uma integração estrutural envolvendo todas as suas repúblicas, com o objetivo de garantir
uma maior estabilidade territorial. Após a queda do Muro de Berlim, os países ex-soviéticos encontravam-se muito
interdependentes, fato que se mantém ainda hoje em muitos aspectos.
Atualmente, a Ucrânia depende comercial e economicamente da Rússia, sobretudo por esta lhe fornecer gás natural,
fonte de energia primordial ao país, e por ser o principal comprador de inúmeras matérias-primas produzidas pela
economia ucraniana. Quando a Ucrânia se aproximou da União Europeia, a Rússia ofereceu melhores acordos
econômicos e, segundo algumas versões não confirmadas oficialmente, ameaçou cortar o fornecimento de gás e a
compra dos produtos ucranianos, além de impor restrições alfandegárias.
Por outro lado, a União Europeia, sobretudo a Alemanha, busca ampliar a sua influência sobre as nações asiáticas mais
próximas ao ocidente, como é o caso da Ucrânia. Com isso, o bloco europeu conseguiria enfraquecer o domínio russo na
região e também diminuir o poder da CEI (Comunidade dos Estados Independentes), bloco econômico formado pelas
antigas repúblicas soviéticas.

2. A importância da Crimeia
A importância estratégica da Crimeia está na sua localização e posição geográfica, além de oferecer vantagens
econômicas e comerciais.
A Crimeia é uma província semiautônoma da Ucrânia localizada na região sul do país, em uma península situada às
margens do Mar Negro. Trata-se de uma zona que, apesar de fazer parte do território ucraniano, ainda possui fortes
relações étnicas e políticas com a Rússia, sendo um dos principais entraves entre os dois países em âmbito diplomático.
O principal valor estratégico da Crimeia é, sem dúvida, a sua posição geográfica. A região representa uma saída
importante para o Mar Negro, que é o único porto de águas quentes da Rússia. Isso significa que essa zona possui
relevância tanto em nível comercial quanto no plano militar para os russos, por facilitar a movimentação de cargas e por
garantir o controle do canal que liga esse mar ao Mar de Arzov, conforme podemos observar no mapa a seguir:

Mapa de localização da província da Crimeia


Outro ponto importante é o valor econômico da província, que é uma grande produtora de grãos e vinhos, apresentando
também uma avançada indústria alimentícia. Os portos da Crimeia também são responsáveis por boa parte do
escoamento da produção agrícola ucraniana que segue em direção à Europa e à própria Rússia, além de ser o ponto onde
o país realiza uma considerável parte de suas importações, incluindo o gás russo.
Em um acordo firmado em 2010, a Rússia instalou uma base militar em Sebastopol, cidade localizada no sul da Crimeia,
com a permanência prevista até o ano de 2042. Em troca, o governo de Moscou cedeu US$ 40 bilhões de dólares em gás
natural, fonte de energia da qual a Ucrânia é extremamente dependente.
Além de todos esses fatores, na região concentra-se uma grande quantidade de povos ligados à Rússia, utilizando o
idioma do país vizinho. Essa população corresponde a 60% dos mais de dois milhões de habitantes da região, que foi
cedida à Ucrânia ainda na época da União Soviética pelo líder do Partido Comunista, Nikita Khrushchev. Nesse sentido,
tanto o governo russo quanto o governo ucraniano procuram intensificar o sentimento nacionalista na região para ambos
os lados a fim de ampliarem a influência ideológica local, atualmente polarizada entre os “pró-Rússia” e os “pró-Ucrânia”,
esses últimos mais conhecidos como “pró-Europa”, por serem favoráveis a um estreitamento das relações comerciais
com a União Europeia.
Essa questão, inclusive, está no centro da crise que atingiu o país nos últimos tempos, resultando em uma série de
protestos que derrubou, respectivamente, o primeiro-ministro, Mykola Azarov, e o presidente, Viktor Yanukovich, com a
instituição de um novo governo. Essa mudança de poder foi uma represália à ação do então presidente que se recusou a
assinar um tratado que estreitaria as relações comerciais ucranianas com a União Europeia, preferindo aproximar-se
economicamente da Rússia, o que desagradou os comandos pró-Europa.
O presidente russo, Vladimir Putin, então considerou essa tomada de poder como uma ação ilegítima. Assim, a região da
Crimeia passou a ser dominada por um comando pró-Rússia, que vem procurando ampliar a autonomia da região e
consolidar um centro de oposição ao novo governo instaurado. Assim, sob a justificativa de “normalizar” a situação e
estabelecer uma proteção aos cidadãos russos, a Rússia enviou tropas para a Crimeia, ocupando aeroportos e bases
militares na província.
Esse movimento desagradou profundamente os governos ocidentais, notadamente a União Europeia e os Estados Unidos,
que não veem com bons olhos um eventual crescimento do imperialismo russo na região. Por esse motivo, o presidente
estadunidense Barack Obama vem articulando uma série de sanções diplomáticas e comerciais contra a Rússia para
enfraquecer Moscou e pressionar Putin a recuar, o que vem contribuindo para elevar a tensão tanto em nível local
quanto em escala mundial.

3. Questão da Crimeia
As tensões na Crimeia envolvem as transformações políticas na Ucrânia e os interesses de União Europeia, Estados Unidos
e Rússia.

Localização da província da Crimeia na Ucrânia    


As tensões na Crimeia – província semiautônoma da Ucrânia, localizada em uma península no sul do país – revelam as
relações existentes entre os ucranianos e os russos desde a extinção da União Soviética. A população dessa região, em
sua ampla maioria, utiliza o idioma russo e mantém-se mais vinculada a Moscou do que propriamente a Kiev. Assim, com
as recentes transformações que marcaram a política do país, a província em questão passou a tornar-se palco de extrema
instabilidade política.
Os problemas internos da Ucrânia encontraram o seu ápice quando o então presidente Viktor Yanukovich refugou de um
acordo que se comprometera a realizar com a União Europeia, o que ampliaria as relações do país com o bloco vizinho.
Essa decisão foi diretamente influenciada pela Rússia, que não via com bons olhos esse acordo, uma vez que a Ucrânia é
um dos seus principais parceiros comerciais no continente europeu.
Nesse momento, os grupos opositores ao governo constituídos majoritariamente pela população que utiliza o idioma
ucraniano e que habita a porção central e oeste do país iniciaram uma onda de protestos pelas ruas das principais
cidades. Os líderes desse movimento são políticos ligados ao governo anterior a Yanukovich e a partidos e movimentos de
direita e de extrema-direita, com destaque para o Udar (soco), o Svoboda  (liberdade) e o Setor Direito.
Diante disso, alguns meses sucederam-se com o agravamento das tensões, em que prédios públicos foram ocupados, as
ruas incendiadas e a repressão aos manifestantes intensificada. Em janeiro de 2014, o então primeiro-ministro Mykola
Azarov renunciou ao cargo e, no mês seguinte, o presidente Yanukovich fugiu para a Rússia após a ocupação da sede do
governo pelos grupos opositores.
As regiões leste e sul, as mais industrializadas e povoadas do país, possuíam uma grande quantidade de habitantes russos,
que obviamente se opuseram aos manifestantes pró-Europa. Nessas regiões, foi a província da Crimeia que conheceu,
então, os níveis maiores de tensão e instabilidade política, principalmente com a atitude do novo governo de revogar uma
lei que garantia o russo como idioma oficial local.
Com isso, grupos militares pró-Rússia assumiram o controle político da província e estabeleceram ali uma zona de
resistência ao novo governo ucraniano, nomeando Sergei Axionov como primeiro-ministro do parlamento local. Sob esse
panorama, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, teve aprovado no parlamento de seu país o pedido de envio de tropas
para Ucrânia. Com isso, os países da União Europeia, além dos Estados Unidos, anunciaram o descontentamento com a
decisão, iniciando uma política de articulação de um provável bloqueio econômico e/ou comercial à Rússia.
No entanto, sob a argumentação de que era necessário defender os direitos humanos da população russa na Crimeia,
foram enviadas tropas que rapidamente ocuparam aeroportos e bases militares na província, com alguns poucos focos de
resistência. Os militares ucranianos da região, em sua ampla maioria, aliaram-se a Moscou ou abandonaram a Crimeia.
Em resposta, os estadunidenses e os europeus prometeram agir no sentido de punir a Rússia pela ação realizada,
considerada ilegítima pelos governos ocidentais.

Manifestantes vão às ruas, na cidade de Kahrkov, em oposição à ocupação russa na Crimeia ¹

Manifestantes favoráveis à intervenção da Rússia na cidade de Lugansk ²


De toda forma, é preciso também salientar que o que motivou a ação militar da Rússia foi o interesse na região da
Crimeia, que foi anexada pela Ucrânia em 1954, quando o então líder soviético Nikita Khrushchev – de origem ucraniana –
cedeu-a em caráter amistoso. Essa península possui uma importância econômica e outra estratégica, configurando-se
como uma importante via de ligação entre o Mar Negro e o Mar de Arzov, servindo também de entreposto comercial
para a Europa, além de ser uma grande produtora de grãos e alimentos industrializados. Por outro lado, a Europa e os
Estados Unidos objetivam diminuir a influência russa na zona formada pelas ex-repúblicas da antiga União Soviética.
E hoje em dia?

DICA DO PROFESSOR – Como pode cair no vestibular?


De acordo com Bruno Saneti, professor de Geografia e Atualidades da Oficina do
Estudante, o vestibulando deve concentrar seus estudos na Guerra Fria. “Os conflitos
entre EUA e Rússia, além do fato de a Crimeia ter sido cedida à Ucrânia em 1954,
período significativo da Guerra Fria, trazem à tona esse período da história e tem
grandes chances de ser revivido no vestibular”, diz. O professor também ressalta que é
importante manter o foco em questões da Guerra Fria que envolvem a Ucrânia, como o
Memorando de Budapeste e a situação do país no pós-queda da União Soviética. “Os
exames também podem cobrar a questão da perda de influência da Rússia e como ela
pode estar tentando recuperá-la com a questão territorial da Crimeia”, completa.
A questão da Palestina
1. A Questão Palestina
Palestina (do original Filistina – “Terra dos Filisteus”) é o nome dado desde a Antiguidade à região do Oriente Próximo
(impropriamente chamado de “Oriente Médio”), localizada ao sul do Líbano e a nordeste da Península do Sinai, entre o
Mar Mediterrâneo e o vale do Rio Jordão. Trata-se da Canaã bíblica, que os judeus tradicionalistas preferem chamar de
Sion.
A Palestina foi conquistada pelos hebreus ou israelitas (mais tarde também conhecidos como judeus) por volta de 1200
a.C., depois que aquele povo se retirou do Egito, onde vivera por alguns séculos.

Mas as sucessivas dominações estrangeiras, começadas com a tomada de Jerusalém (587 a.C.) por Nabucodonosor, rei da
Babilônia, deram início a um progressivo processo de diáspora (dispersão) da população judaica, embora sua grande
maioria ainda permanecesse na Palestina.
As duas rebeliões dos judeus contra o domínio romano (em 66-70 e 133-135 d.C.) tiveram resultados desastrosos. Ao
debelar a primeira revolta, o general (mais tarde imperador) Tito arrasou o Templo de Jerusalém, do qual restou apenas o
Muro das Lamentações. E o imperador Adriano, ao sufocar a segunda, intensificou a diáspora e proibiu os judeus de viver
em Jerusalém. A partir de então, os israelitas espalharam-se pelo Império Romano; alguns grupos emigraram para a
Mesopotâmia e outros pontos do Oriente Médio, fora do poder de Roma.
A partir de então, a Palestina passou a ser habitada por populações helenísticas romanizadas; e, em 395, quando da divisão
do Império Romano, tornou-se uma província do Império Romano do Oriente (ou Império Bizantino).
Em 638, a região foi conquistada pelos árabes, no contexto da expansão do islamismo, e passou a fazer parte do mundo
árabe, embora sua situação política oscilasse ao sabor das constantes lutas entre governos muçulmanos rivais. Chegou até
mesmo a constituir um Estado cristão fundado pelos cruzados (1099-1187). Finalmente, de 1517 a 1918, a Palestina foi
incorporada ao imenso Império Otomano (ou Império Turco). Deve-se, a propósito, lembrar que os turcos, e embora
muçulmanos, não pertencem à etnia árabe.
Em 1896, o escritor austríaco de origem judaica Theodor Herzl fundou o Movimento Sionista, que pregava a criação de um
Estado judeu na antiga pátria dos hebreus.
Esse projeto, aprovado em um congresso israelita reunido em Genebra, teve ampla ressonância junto à comunidade judaica
internacional e foi apoiado sobretudo pelo governo britânico (apoio oficializado em 1917, em plena Primeira Guerra
Mundial, pela Declaração Balfour).
No início do século XX, já existiam na região pequenas comunidades israelitas, vivendo em meio à população
predominantemente árabe. A partir de então, novos núcleos começaram a ser instalados, geralmente mediante compra de
terras aos árabes palestinos.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a Turquia lutou ao lado da Alemanha e, derrotada, viu-se privada de todas as suas
possessões no mundo árabe. A Palestina passou então a ser administrada pela Grã-Bretanha, mediante mandato concedido
pela Liga das Nações.
Depois de 1918, a imigração de judeus para a Palestina ganhou impulso, o que começou a gerar inquietação no seio da
população árabe. A crescente hostilidade desta última levou os colonos judeus a criar uma organização paramilitar – a
Haganah – a princípio voltada para a autodefesa e mais tarde também para operações de ataque contra os árabes.
Apesar do conteúdo da Declaração Balfour, favorável à criação de um Estado judeu, a Grã-Bretanha tentou frear o
movimento imigratório para não descontentar os Estados muçulmanos do Oriente Médio, com quem mantinha proveitosas
relações econômicas; mas viu-se confrontada pela pressão mundial da coletividade israelita e, dentro da própria Palestina,
pela ação de organizações terroristas.
Após a Segunda Guerra Mundial, o fluxo de imigrantes judeus tornou-se irresistível. Em 1947, a Assembléia Geral da
ONU decidiu dividir a Palestina em dois Estados independentes: um judeu e outro palestino. Mas tanto os palestinos como
os Estados árabes vizinhos recusaram-se a acatar a partilha proposta pela ONU.
Em 14 de maio de 1948, foi proclamado o Estado de Israel, que se viu imediatamente atacado pelo Egito, Arábia Saudita,
Jordânia, Iraque, Síria e Líbano (1ª Guerra Árabe-Israelense). Os árabes foram derrotados e Israel passou a controlar 75%
do território palestino. A partir daí, iniciou-se o êxodo dos palestinos para os países vizinhos. Atualmente, esses refugiados
somam cerca de 3 milhões.
Os 25% restantes da Palestina, correspondentes à Faixa de Gaza e à Cisjordânia, ficaram sob ocupação respectivamente do
Egito e da Jordânia. Note-se que a Cisjordânia incluía a parte oriental de Jerusalém, onde fica a Cidade Velha, de grande
importância histórica e religiosa.
Damos a seguir a cronologia dos principais acontecimentos subsequentes
1947 – A ONU aprova a partilha da Palestina em dois Estados – um judeu e outro árabe. Essa resolução é rejeitada pela
Liga dos Estados Árabes.
1948 – Os Judeus proclamam o Estado de Israel, provocando a reação dos países árabes. Primeira Guerra Árabe-Israelense.
Vitória de Israel sobre o Egito, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano e ampliação do território israelense em relação ao que fora
estipulado pela ONU. Centenas de milhares de palestinos são expulsos para os países vizinhos. Como territórios palestinos
restaram a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, ocupadas respectivamente por tropas egípcias e jordanianas.
1956 – Guerra entre Israel e o Egito. Embora vitoriosos militarmente, os israelenses retiraram-se da Faixa de Gaza e da
parte da Península do Sinai que haviam ocupado.
1964 – Criação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cuja pretensão inicial era destruir Israel e criar um
Estado Árabe Palestino. Utilizando táticas terroristas e sofrendo pesadas retaliações israelenses, a OLP não alcançou seu
objetivo e, com o decorrer do tempo, passou a admitir implicitamente a existência de Israel.
1967 – Guerra dos Seis Dias. Atacando fulminantemente em três frentes, os israelenses ocupam a Faixa de Gaza e a
Cisjordânia (territórios habitados pelos palestinos) e tomam a Península do Sinai ao Egito, bem como as Colinas de Golan à
Síria.
1970 – “Setembro Negro”. Desejando pôr fim às retaliações israelenses contra a Jordânia, de onde provinha a quase
totalidade das incursões palestinas contra Israel, o rei Hussein ordena que suas tropas ataquem os refugiados palestinos.
Centenas deles são massacrados e a maioria dos sobreviventes se transfere para o Líbano.
1973 – Guerra do Yom Kippur (“Dia do Perdão”). Aproveitando o feriado religioso judaico, Egito e Síria atacam Israel; são
porém derrotados e os israelenses conservam em seu poder os territórios ocupados em 1967. Para pressionar os países
ocidentais, no sentido de diminuir seu apoio a Israel, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) provoca
uma forte elevação nos preços do petróleo.
1977 – Pela primeira vez, desde a fundação de Israel, uma coalizão conservadora (o Bloco Likud) obtém maioria parla
mentar. O novo primeiro-ministro, Menachem Begin, inicia o assentamento de colonos judeus nos territórios ocupados em
1967.

1979 – Acordo de Camp David. O Egito é o primeiro país árabe a reconhecer o Estado de Israel. Este, em contrapartida,
devolve a Península do Sinai ao Egito (cláusula cumprida somente em 1982). Em 1981, militares egípcios contrários à paz
com Israel assassinam o presidente Anwar Sadat.
1982 – Israel invade o Líbano (então em plena guerra civil entre cristãos e muçulmanos) e consegue expulsar a OLP do
território libanês. Os israelenses chegam a ocupar Beirute,
capital do Líbano. Ocorrem massacres de refugiados palestinos pelas milícias cristãs libanesas, com a conivência dos
israelenses.
1985 – As tropas israelenses recuam para o sul do Líbano, onde mantêm uma “zona de segurança” com pouco mais de 10
km de largura. Para combater a ocupação israelense, forma-se o Hezbollah (“Partido de Deus”), organização xiita libanesa
apoiada pelo governo islâmico fundamentalista do Irã.
1987 – Começa em Gaza (e se estende à Cisjordânia) a Intifada (“Revolta Popular”) dos palestinos contra a ocupação
israelense. Basicamente, a Intifada consiste em manisfestações diárias da população civil, que arremessa pedras contra os
soldados israelenses. Estes frequentemente revidam a bala, provocando mortes e prejudicando a imagem de Israel junto à
opinião internacional. Resoluções da ONU a favor dos palestinos são sistematicamente ignoradas pelo governo israelense
ou vetadas pelos Estados Unidos. A Intifada termina em 1992.
1993 – Com a mediação do presidente norte-americano Bill Clinton, Yasser Arafat, líder da OLP, e Yitzhak Rabin,
primeiro-ministro de Israel, firmam em Washington um acordo prevendo a criação de uma Autoridade Nacional Palestina,
com autonomia administrativa e policial em alguns pontos do território palestino. Prevê-se também a progressiva retirada
das forças israelenses de Gaza e da Cisjordânia. Em troca, a OLP reconhece o direito de Israel à existência e renuncia
formalmente ao terrorismo. Mas duas organizações extremistas palestinas (Hamas e Jihad Islâmica) opõem-se aos termos
do acordo, assim como os judeus ultranacionalistas.
1994 – Arafat retorna à Palestina, depois de 27 anos de exílio, como chefe da Autoridade Nacional Palestina (eleições
realizadas em 1996 o confirmam como presidente) e se instala em Jericó. Sua jurisdição abrange algumas localidades da
Cisjordânia e a Faixa de Gaza – embora nesta última 4 000 colonos judeus permaneçam sob administração e proteção
militar israelenses. O mesmo ocorre com os assentamentos na Cisjordânia. Na cidade de Hebron (120 000 habitantes
palestinos), por exemplo, 600 colonos vivem com o apoio de tropas de Israel. Nesse mesmo ano, a Jordânia é o segundo
país árabe a assinar um tratado de paz com os israelenses.
1995 – Acordo entre Israel e a OLP para conceder autonomia (mas não soberania) a toda a Palestina, em prazo ainda
indeterminado. Em 4 de novembro, Rabin é assassinado por um extremista judeu.
1996 – É eleito primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, do Partido Likud (antes denominado Bloco Liked), que paralisa a
retirada das tropas de ocupação dos territórios palestinos e intensifica os assentamentos de colonos judeus em Gaza, na
Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, em meio à população predominantemente árabe. O processo de pacificação da região
entra em compasso de espera, ao mesmo tempo em que recrudescem os atentados terroristas palestinos. Em Israel, o
primeiro-ministro (chefe do governo) é eleito pelo voto direto dos cidadãos.
1999 – Ehud Barak, do Partido Trabalhista (ao qual também pertencia Yitzhak Rabin), é eleito primeiro-ministro e retoma
as negociações com Arafat, mas sem que se produzam resultados práticos.
2000 – Israel retira-se da “zona de segurança” no sul do Líbano. Enfraquecido politicamente, devido à falta de progresso no
camiho da paz, e também devido às ações terroristas palestinas (não obstante as represálias israelenses), Barak renuncia ao
cargo de primeiro-ministro. São convocadas novas eleições, nas quais ele se reapresenta como candidato. Mas o vencedor é
o general da reserva Ariel Sharon, do Partido Likud, implacável inimigo dos palestinos. Pouco antes das eleições, começa
nos territórios ocupados uma nova Intifada.
2001 – Agrava-se o ciclo de violência: manifestações contra a ocupação israelense, atentados suicidas palestinos e graves
retaliações israelenses. Nesse contexto, Yasser Arafat, já septuagenário, parece incapaz de manter a autoridade sobre seus
compatriotas ou de restabelecer algum tipo de diálogo com Israel, cujo governo por sua vez mantém uma inflexível posição
de força.
Balanço Atual
Até agora, Israel desocupou apenas sete cidades da Cisjordânia (uma oitava foi desocupada parcialmente),
correspondentes a 3% do território cisjordaniano; deste, 24% encontram-se sob controle misto israelense-palestino e 74%
permanecem inteiramente ocupados. Em termos demográficos, 29% dos palestinos estão sob a jurisdição exclusiva da
Autoridade Palestina. Quanto à Faixa de Gaza, cuja importância é consideravelmente menor, nela permanecem apenas as
tropas israelenses que protegem os colonos judeus ali estabelecidos.
Os grandes obstáculos para a implementação do acordo firmado entre Yitzhak Rabin e Yasser Arafat são:
a) A oposição das facções extremistas, tanto palestinas como isralelenses.
b) A posição militarista e intransigente do governo Sharon.
c) O estatuto de Jerusalém Oriental, que os palestinos almejam transformar em sua capital mas que já foi incorporada
oficialmente ao território israelense, dentro do conceito de que a cidade de Jerusalém “é a capital de Israel, una e
indivisível”.
d) O problema dos 150 000 colonos existentes em Gaza e na Cisjordânia e que se recusam a deixar seus assentamentos.
e) A disputa pelos recursos hídricos do Rio Jordão, pois parte de seu curso (na fronteira entre a Jordânia e a Cisjordânia)
ficaria fora do controle de Israel.
f) O território palestino simplesmente não tem como absorver os quase 3 milhões de refugiados que habitavam terras do
atual Estado de Israel e que continuam a viver, na maior parte, em precários campos de refugiados espalhados pelo mundo
árabe – notadamente no Líbano.

A “Cidade Velha”
A disputada “Cidade Velha”, dentro de Jerusalém Oriental, conta com locais sagrados de três religiões. Os principais são: o
Muro das Lamentações, reverenciado pelos judeus como o único remanescente do grandioso Templo de Jerusalém; a
Mesquita da Rocha (foto acima), erigida sobre um rochedo de onde, segundo a tradição islâmica, a alma de Maomé
ascendeu ao Paraíso; por último, a Igreja do Santo Sepulcro, construída sobre o lugar onde Cristo teria sido sepultado e, de
acordo com a crença cristã, ressuscitou no terceiro dia.

2. A situação do conflito Israel-Palestina atualmente


Com o fim da segunda Intifada e a retirada das tropas de Israel (2005), o Hamas ganhou força e passou a governar a
Faixa de Gaza. A Cisjordânia continuou sendo governada pelo Fatah, e os grupos começaram a discordar entre si sobre
as atitudes que deveriam ser tomadas no interesse da Autoridade Nacional Palestina. Isso levou a uma ruptura entre
Fatah e Hamas.
Nesses últimos dez anos, aconteceram diversos conflitos entre Israel e Palestina, invasões de Israel na Faixa de Gaza e
inúmeras tentativas de acordos de cessar-fogo – nenhuma, entretanto, bem-sucedida. Israel continuou criando novos
assentamentos nas zonas C da Cisjordânia, ato repudiado por palestinos e por organismos internacionais.
O Brasil e grande parte dos países do mundo reconhecem a existência do Estado da Palestinanas fronteiras estabelecidas
pelo acordo de 1967 (antes da Guerra dos Seis Dias) e reconhece as Colinas de Golã como propriedade da Síria e a
Cisjordânia como território palestino invadido. Atualmente, cerca de 20% da população de Israel é árabe. Há 4,5 milhões
de palestinos em Israel e na Palestina e cerca de 8 milhões espalhados pelo mundo.
Hoje, a diferença entre os dois Estados é gritante. Israel conta com um dos exércitos mais bem equipados e preparados do
mundo – devido, principalmente, ao apoio dos EUA. Sua economia também é fonte de tecnologia de ponta e ciência de alta
qualidade, reconhecida no mundo inteiro.
Por outro lado, a Palestina segue com a divisão política entre a Cisjordânia do Fatah moderado e da Faixa de Gaza, do
Hamas radical, e ainda sem o reconhecimento da ONU como Estado membro (é apenas um não-membro ouvinte, sem
poder de voto). Sua economia se mantém fraca, sendo bastante prejudicada pela imposição de bloqueios por parte de Israel.
a) A visão de cada um (e porque o conflito Israel-Palestina não vai acabar tão cedo)
Na visão de Israel, a existência do seu país é legítima, primeiro porque foi garantido a eles por Deus. Segundo, porque
seria uma espécie de merecida retribuição pelos séculos de expulsões e o extermínio que sofreram no Holocausto. Quanto
ao Estado palestino e à presença do exército israelense na Cisjordânia, o argumento é de que eles, os israelenses, têm que se
defender de possíveis ataques, tanto dos palestinos quanto dos países árabes vizinhos.
Afinal, apesar da Autoridade Nacional Palestina de tempos em tempos sentar para dialogar em busca de um acordo, há uma
ala que prega a destruição de Israel e os israelenses precisam garantir a segurança do seu povo.
Na visão dos palestinos, eles foram expulsos das suas terras pelos israelenses e Israel ocupa um pedaço de terra que
deveria ser dos palestinos (com o direito reconhecido pela ONU e por diversos países do mundo). Para eles, Israel é um
povo invasor que usa força desproporcional para se manter nos territórios invadidos e que vem, há mais de seis décadas,
expondo os palestinos a humilhações e os impedindo de viver com dignidade em um lugar que seria do povo árabe
por direito.
Justamente os judeus, que foram tão perseguidos e sofreram tantas violências, agora fazem a mesma coisa com outro povo,
dizem os palestinos. 
Ambos os lados têm seus pontos e bons argumentos, o que torna o conflito Isarel-Palestina muito difícil de ser solucionado.
c) Fatos Recentes
Desde os anos 2000 até os dias atuais, uma série de fatos ocorreram e as disputas na região seguem sem resolução. Uma
série de conflitos ocorre, resultando na morte de muitos inocentes.
2001: Sharon é eleito em Israel.
2004: Morre Arafat assume Mammoud Abbas (ANP).
2005: Hamas toma o poder na Faixa de Gaza.
2006: Hamas vence as eleições democraticamente em Gaza. Grupo não reconhece a existência de Israel. 
2007: Novos conflitos entre Faixa de Gaza e Israel.
2008: Fim do Cessar fogo Gaza x Israel (Ataque do Hamas).
2010: Obama (EUA), Netanyahu (ISR) e ABBAS (ANP) negociam a paz, mas sem sucesso.
2012: Palestina é reconhecida por 138 países na ONU.

Mulher retira pertences dos destroços na Faixa de Gaza (Foto: G1)


Em 2014, os conflitos continuam, com uma disparidade de números de mortos altíssima, maioria palestina e minoria de
israelenses. Deve-se lembrar ainda que países da região já não conseguem apoiar o povo palestino, pois seus territórios
apresentam grande instabilidade política, influenciada pela Primavera Árabe. Apesar de não chegarem a uma solução,
países vizinhos (como o Egito) e a ONU conseguiram elaborar uma espécie de acordo, que estabeleceu o cessar-fogo na
região no dia 26 de agosto.

A crise hídrica

  
Falta de manejo adequado e uso sustentável dos recursos naturais contribuem para a escassez de água no Brasil e no
mundo. Por isso, garantir o acesso à água de qualidade para toda a população brasileira é um dos principais desafios do
poder público, visto que esse bem natural é um dos que mais dá sinais de que não subsistirá às mudanças climáticas e às
intervenções humanas no meio ambiente.
Em diversas regiões do mundo, já é possível perceber diferentes impactos, como desaparecimento de rios e nascentes,
escassez e poluição das águas. Por isso, é fundamental que a sociedade mude o seu comportamento e a sua relação com
os recursos naturais.
Neste artigo, vamos abordar as principais causas para a escassez de água e algumas soluções para evitar a crise
hídrica. 
Dados sobre a escassez de água
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que 2,2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à
água potável. Nos países em desenvolvimento, esse problema está relacionado a 80% das doenças e mortes.
No século XX, o consumo de água aumentou em 6 vezes — o dobro do crescimento da população mundial. Ao todo, 26
países enfrentam escassez crônica de água e a previsão é de que em 2025 o problema afete 52 países e 3,5 bilhões de
pessoas.
É importante entender que a água doce disponível no planeta tem uma distribuição desigual. O Brasil, por exemplo,
detém 12% da água doce mundial, mas enfrenta desafios no que se refere à disponibilidade do recurso. A discrepância
geográfica e populacional da água no país é um dos grandes problemas: a Região Hidrográfica Amazônica comporta 74%
da disponibilidade de água e é habitada por apenas 5% dos brasileiros.
Ou seja, a água nem sempre está localizada próxima à população que necessita desse recurso para sua sobrevivência. De
acordo com Marcia Greco, “existem populações concentradas, por exemplo, na bacia do PCJ (Piracicaba, Capivari e
Jundiaí), no estado de São Paulo. Em 2014, tivemos uma crise hídrica que atingiu essa região fortemente”.
Marcia também reforça que as causas mais comuns para a crise hídrica, tanto no mundo quanto no Brasil, são:
desperdício de água;
diminuição do nível de chuvas;
aumento do consumo de água devido ao crescimento populacional, industrial e da agricultura.
Além disso, nosso planeta é composto, em sua maioria, por água do mar. Apesar do grande volume e da possibilidade
de dessalinização da água – um modelo que inclusive já é implementado no Brasil desde 2004. No entanto, apesar do
grande potencial dessa prática, o problema da crise hídrica é muito complexo e exige uma série de medidas para ser
contornado.
1. Crise hídrica no mundo
A ONU reconhece o acesso à água e ao saneamento básico como um direito universal. A meta é que os países membros
trabalhem para que todas as pessoas tenham acesso a esse direito até 2030. No entanto, a demanda crescente por água
pode afetar a produção de alimentos e gerar conflitos.
A agropecuária é a maior consumidora de água atualmente, responsável por 69% da retirada anual de água no mundo.
As residências particulares respondem por 12% e a indústria (incluindo a geração de energia), por 19%.
De acordo com as estimativas, 31 países passam por estresse hídrico entre 25% e 70%. Outros 22 países estão em situação
grave de estresse hídrico, ou seja, acima dos 70%. Isso significa que essas nações fazem uso intenso do recurso, com
grandes impactos na sustentabilidade.
Segundo a ONU, as principais razões para a falta de acesso à água são:
urbanização;
crescimento populacional;
desigualdade social;
pobreza;
falta de acesso à educação e ao trabalho.
a) Países que já sofrem com a escassez de água
Os países árabes são os que mais enfrentam estresse hídrico. Além do crescimento populacional e das mudanças climáticas,
a região sofre com conflitos e violência em países menos desenvolvidos, como Sudão, Somália e Iêmen.
Na Ásia, 29 países foram categorizados como não seguros em relação ao acesso à água. Os motivos para isso são a
baixa disponibilidade de água e o uso excessivo de águas subterrâneas. Altos níveis de poluição hídrica agravam a situação,
com águas residuais sem tratamento lançadas em corpos d’água superficiais.
Na Europa, 57 milhões de pessoas não têm acesso à água encanada em casa. O problema é maior em países do Leste
europeu. No Caribe e na América Latina, apenas 22% da população têm acesso ao saneamento básico de qualidade.
Apenas 24% da população da África Subsaariana têm acesso a bons serviços de água potável. 
2. Crise hídrica no Brasil
O Brasil tem a maior reserva de água superficial do mundo, vastos reservatórios de água subterrânea, como o Aquífero
Guarani, e duas das maiores áreas úmidas: a Bacia Amazônica e o Pantanal Mato-Grossense. No entanto, essa
abundância de água não garante a segurança hídrica do país.
a) Histórico
A crise hídrica que aconteceu em 2015 na região Sudeste do Brasil teve início em abril de 2012, conforme mostram
imagens de satélites. Desde então, a parte mais populosa do país perdeu 56 trilhões de litros de água por ano.
A situação na região Nordeste também é grave. No mesmo período, a perda foi de 49 trilhões de litros de água por ano.
Os dados obtidos pelas imagens foram analisados com o objetivo de quantificar a perda de água no Brasil.
As análises mostram que a maioria dos meses entre 2012 e 2015 foram mais secos do que a média histórica no Leste do
país. As informações foram retiradas do satélite Grace (sigla em inglês para Experimento de Recuperação de Gravidade e
Clima), que investiga mudanças no campo gravitacional terrestre desde 2012.
As mudanças acontecem basicamente por variações no volume de água na Terra, movimentação de grandes massas e gelo e
por fenômenos naturais, como terremotos. 
b) Regiões mais afetadas
O Brasil tem 917 municípios em crise hídrica, ou seja, que estão em situação de emergência por estiagem ou seca. A
maioria das cidades está no Nordeste do país, porém, o problema não acontece somente nessa região.
Do total de municípios afetados, é possível identificar:
211 na Bahia;
196 na Paraíba;
153 no Rio Grande do Norte;
123 em Pernambuco;
94 no Ceará;
40 em Minas Gerais;
38 em Alagoas;
18 no Rio de Janeiro;
17 no Rio Grande do Sul;
além de registros em outros estados.
Por esse motivo, o governo brasileiro busca formas de revitalizar o Rio São Francisco e fazer a integração entre bacias de
diferentes regiões do país, além de investir em saneamento básico para a população.
c) Principais causas
Especialistas afirmam que um dos principais motivos para a escassez de água no Brasil é o uso inadequado do solo.
No Centro-Oeste, por exemplo, estão concentrados os rios e as nascentes mais importantes do país, devido a sua
localização no Planalto Central.
A região é conhecida como berço das águas e tem como bioma o Cerrado. Essa vegetação ocupa mais de 20% do
território e é uma das principais áreas de expansão da agropecuária, atividade que utiliza cerca de 70% da água
consumida no país.
O avanço da fronteira agrícola causa diversas consequências para o Cerrado. Hoje, a região já tem quase metade da sua área
totalmente devastada. O resultado da ausência de vegetação nativa para proteger o solo já é percebido especialmente na
redução da vazão dos rios e na escassez de água para o abastecimento humano.
d) Como o país está combatendo a escassez de água?
A crise hídrica no Brasil é assunto constante nas comissões de Desenvolvimento Sustentável e Desenvolvimento Urbano
e de Meio Ambiente, além dos comitês especiais, externos e de frentes parlamentares. Vários projetos de lei estão em
análise e buscam formas de economizar água.
A reutilização da água de menor qualidade para rega de jardins e descargas está entre as propostas analisadas, assim como
o reaproveitamento da água desprezada por aparelhos de ar-condicionado.
Outra solução para a escassez de água, principalmente quando a previsão de chuvas está abaixo da média, é a construção de
infraestrutura hídrica. Isso significa mais barragens e reservatórios, depósitos com maior capacidade de acumular água e
obras de interligação dos tanques com os centros de consumo de água.
Em alguns casos, as ações podem envolver obras de interligação de bacias e de sistemas de transporte de água. Também
existem projetos governamentais para o tratamento do esgoto sanitário para criar água de reúso, que pode ser empregada
principalmente na agricultura e na indústria, que são os setores que mais consomem esse recurso natural.
e) Impactos do desperdício de água
Em 2016, o Brasil desperdiçou 38% da água potável nos sistemas de distribuição, o que equivale a quase 7 mil piscinas
olímpicas a cada dia. A perda financeira no ano chegou a mais de R$ 10 bilhões.
O desperdício de água, tanto doméstico quanto industrial, prejudica o abastecimento em todos os setores. Um dos impactos
é a dificuldade para os sistemas de produção agropecuária. A escassez de água também pode prejudicar o turismo de uma
região, resultando em impactos econômicos.
Além disso, o desperdício traz consequências para o meio ambiente, já que um elevado nível de perda acarreta na
necessidade de captação e produção superiores ao volume que as pessoas normalmente precisam.
Com relação ao que é possível fazer no curto prazo para mitigar as crises hídricas, Marcia afirma que existem muitas
possibilidades. Além do uso racional, a gestora cita a utilização da água de reúso. Para isso, é necessário tratar os esgotos
domésticos para fornecer água para a indústria e deixar a utilização de água fresca para a população.
“Além disso, é possível coletar e reutilizar água da chuva, conservar as bacias hídricas (nascentes de água e rios) e pensar
em técnicas de irrigação mais eficientes”, afirma a profissional.
No entanto, além da falta de legislação, o preconceito pode dificultar o aproveitamento da água de reúso no país. Embora
tenha um importante impacto na economia, muitas pessoas não acreditam que a solução seja útil.
Vale lembrar que a água de reúso é considerada tão limpa quanto as águas dos rios antes do tratamento. Apesar disso, o alto
investimento dificulta a implementação da solução em curto e médio prazo no Brasil.
3. Soluções adotadas pelos países para combater a escassez de água
A maior parte da água doce do mundo está congelada nos polos e nas montanhas. Por isso, apenas uma pequena parte
do recurso está disponível nos mananciais, como lagos, rios e lençóis subterrâneos, para o uso humano. Conheça algumas
soluções usadas em diferentes países para combater a escassez de água no mundo.
Austrália
A Austrália passou uma importante adaptação com o objetivo de evitar a escassez de água. O período de seca mais rigoroso
ocorreu entre 1997 e 2009. Entre 2013 e 2014, o país passou por diversos recordes de temperatura.
A solução foi fazer um grande investimento em infraestrutura, evitando vazamentos e economizando água. A técnica
utilizada foi a que muitos países aplicam em seu sistema: o tratamento e reúso da água.
O projeto encaminha as águas residuais que saem das residências para os reservatórios. Então, elas são tratadas e retornam
para as casas, já adequadas para recebê-las em um encanamento especial.
Essa água é utilizada na lavagem de roupas, limpeza do chão e outras atividades. Assim, é possível economizar água
potável, sem coletar mais recursos da natureza.
China
A China sofreu com a ameaça de seca na região Nordeste do país. Para resolver o problema, foi desenvolvido um plano
integrado de ações. Duas medidas principais foram tomadas. A primeira se refere à implementação de cisternas e
reservatórios em todo o país.
A segunda ação é um projeto de selos de eficiência hídrica para mictórios, vasos sanitários, torneiras e pias —
parecido com o selo de eficiência energética brasileiro. Dessa forma, o consumidor pode optar por equipamentos mais
econômicos, que além de serem mais sustentáveis, também reduzem a conta de água.
Estados Unidos
O estado da Califórnia também passou por muitas secas, devido a sua densidade populacional e as características
geográficas da região. Algumas ações para solucionar esse problema visam a economia individual de água.
Também houve mudanças no paisagismo, com substituição das plantas que exigem aumento do consumo em centros
comerciais, campos de golfe e casas. A água reciclada também é represada e utilizada para irrigação e descargas sanitárias.
Japão
Desde 1955, o Japão — país pequeno e superpopuloso — passa por cenários de seca. Por isso, foi desenvolvido
um manual geral contra a seca, que apresenta medidas para prevenir o fenômeno, além de educar a população com ações
a serem tomadas em momentos de estiagem.
No entanto, a grande mudança no Japão é comportamental. As campanhas massivas fazem com que as pessoas
entendam o problema e economizem água de fato. Como o país é muito eficiente, o desperdício por infraestrutura é
mínimo. Toneiras, pias e vasos sanitários são altamente tecnológicos, o que ajuda na economia, com sistemas avançados de
reúso e reaproveitamento da água.
Israel
Israel é um país de clima árido. Para enfrentar essa situação, o governo regulamenta leis para o uso da água, com sistemas
de economia. Assim como no Japão, a tecnologia também tem papel fundamental para o controle do desperdício.
Técnicas exclusivas permitem obter água até de geadas. O tratamento e reúso das águas também é altamente eficiente. O
esgoto coletado e tratado é reutilizado para a agricultura, especialmente na parte Sul do país.
Israel também tem um controle rígido de perdas e cinco centros de dessalinização, que coletam água do Mar Mediterrâneo
e fazem o abastecimento para consumo doméstico. Essa forma de obter água potável já é usada há mais de 80 anos em
Curaçao.
Cingapura
Toda a população da pequena ilha de Cingapura recebe água potável. Além disso, todo o esgoto é tratado e reutilizado. Por
isso, o país é um dos mais eficientes em reaproveitamento de água do mundo.
Tudo isso só é possível graças aos investimentos em infraestrutura. Com isso, é possível coletar a água, evitar
vazamentos, realizar campanhas de conscientização e construir usinas de dessalinização.
O país ainda importa água da Malásia por meio de dutos — uma operação complicada e cara. Cingapura também tem um
programa que incentiva o consumo de produtos com maior eficiência hídrica.
Aruba
A fonte principal de água da ilha de Aruba, no Caribe, é o mar. Apesar de ter um território pequeno, com área de 178,9
km², o país tem a segunda maior usina de dessalinização do mundo, inaugurada em 2000.
Apesar de caro, esse método permite que a água de Aruba seja reconhecida por sua qualidade, podendo ser bebida
diretamente da torneira.
4. Principais ações dentro de casa para evitar a escassez de água
Economizar água nas tarefas do dia a dia é fundamental para evitar que o abastecimento seja comprometido. Para isso, veja
as dicas a seguir.
Reduzir o tempo dos banhos
Quando não adotamos hábitos diários de consumo consciente para reduzir o desperdício, o chuveiro representa um dos
maiores vilões do consumo de energia elétrica em casa. Ele também pode representar um enorme gasto de água.
Tomar banhos curtos é uma das principais ações para economizar água em casa. Reduzir o tempo embaixo do chuveiro em
1 minuto pode fazer você economizar 6 litros de água por dia, o que representa uma economia de 180 litros por mês.
Além disso, é importante evitar deixar o chuveiro aberto enquanto se ensaboa. Ligar o equipamento apenas quando for se
enxaguar representa uma economia ainda maior ao final do mês.
Outro ponto básico é manter a torneira sempre fechada enquanto faz a sua rotina de higiene, como lavar as mãos, o rosto e
escovar os dentes.
Economizar água na lavagem de louças
Primeiro, faça uma limpeza prévia da louça, retirando o excesso de alimento com uma esponja seca. Não se esqueça de usar
um ralinho de pia para que a sujeira não desça para a rede de esgoto. Depois, umedeça um pouco todos os itens antes de
ensaboar e comece a lavar aqueles menos gordurosos.
Parta para as louças mais sujas, até ensaboar tudo o que está na pia. No enxágue, a sequência é a mesma. Aproveite essa
água para deixar as panelas de molho e facilitar a remoção dos alimentos e da gordura.
Outra dica é usar água quente para diluir a gordura. Isso faz com que seja necessário usar menos detergente e,
consequentemente, menos água durante a lavagem.
Reutilizar a água das máquinas de lavar roupas
Um ciclo completo de lavagem utiliza, em média, 90 litros de água, podendo chegar a 200 litros em alguns casos. O
sabão em pó e amaciante usados tornam a água da máquina especialmente útil para algumas tarefas domésticas, como para
lavar pisos ou dar a descarga. 
Também é possível reutilizar a água do segundo enxágue para colocar outras peças de molho. Se for necessário armazenar
a água por mais de dois dias, é recomendado adicionar pastilhas de cloro, pois os micro-organismos presentes na água
podem causar mau cheiro.
Coletar e usar a água da chuva
Quem mora em casa, pode coletar e usar a água da chuva. A coleta e o armazenamento para uso doméstico podem ser feitos
em cisternas, que é um sistema de baixo custo para o aproveitamento da água da chuva.
Essa água não é considerada potável para o consumo humano, pois pode conter partículas de poeira e fuligem, além de
compostos tóxicos, como sulfato, amônio e nitrato. No entanto, ela pode ser utilizada em diversas tarefas domésticas, como
para lavar o carro ou regar o jardim.
Verificar instalações hidráulicas
Vazamentos nem sempre significam grandes buracos no cano que podem ser percebidos facilmente. Mesmo quando se
tratam de pequenas falhas, o desperdício de água pode ser grande. Como não é fácil detectar o problema, é importante ter
atenção a qualquer alteração no consumo das contas para fazer um comparativo.
É possível encontrar problemas em:
vasos sanitários;
conectores que ligam torneiras internas e externas;
canos em paredes e próximos ao cavalete de água.
Os recursos hídricos são utilizados nos mais diversos setores, como na produção agrícola, criação de animais e geração de
energia. A escassez de água já é uma realidade em diversos países. Nesse cenário, os avanços científicos e tecnológicos
são fundamentais para evitar o agravamento da situação, assim como mudanças éticas.
Terrorismo
Terrorismo são atos violentos cometidos por pessoas ou grupos a fim de causar medo e danos materiais a um Estado ou
uma população.
O termo surgiu durante a Revolução Francesa, a fim de designar as facções mais radicais do processo revolucionário, entre
1793-1794.
Esta definição voltaria após a Segunda Guerra Mundial, para nomear grupos separatistas ou de esquerda que usavam da
violência para reivindicar seus direitos de emancipação.
Terrorismo no Mundo

A definição de ato terrorista depende de cada país, pois não há consenso no Direito Internacional sobre o que é terrorismo.
A Enciclopédia Britânica o estabelece como:
"Uso sistemático de violência para criar um clima de medo generalizado numa população e dessa forma atingir um
determinado objetivo político. O terrorismo tem sido praticado por organizações políticas tanto de direita quanto de
esquerda, por nacionalistas e grupos religiosos, e por instituições do Estado como Forças Armadas e policiais."
Apesar da falta de consenso, alguns elementos parecem ser comuns nos atos terroristas do século XX e XXI.
O primeiro é que ele é realizado por pessoas com baixa tolerância a indivíduos que não estão de acordo com determinada
ideologia.
De igual maneira, o terrorismo procura causar atos violentos espetaculares e que chamem muita atenção. Por isso, o alvo
escolhido deve causar grande quantidade de vítimas ou ser num lugar que renderá horas de programas e reportagens
televisivas.
Os Estados Unidos seguem a Doutrina Bush para definir quais atos recebem a classificação de terroristas.
Veja também: O que é Ideologia?
Atentados Terroristas
O atentado de 11 de setembro de 2001, na cidade de Nova Iorque, contra as Torres Gêmeas e o Pentágono, foi considerado
um marco para definição de terrorismo como o entendemos atualmente.

O grupo terrorista Al-Qaeda atacou os Estados Unidos com aviões civis no dia 11 de setembro de 2001
Da mesma forma, podemos citar os ataques:
11 de março de 2004 (Madrid): explosões quase simultâneas ocorreram em algumas estações de trens da capital
espanhola. Cerca de 190 pessoas morreram e 2000 ficaram feridas.
01 de setembro de 2004 (Rússia): esse ataque aconteceu na cidade Beslan e ficou conhecido como "Massacre de Beslan".
Cerca de 1200 reféns foram mantidos dentro de uma escola durante três dias. Cerca de 330 pessoas morreram, entre adultos
e crianças.
07 de julho de 2005 (Londres): explosões aconteceram em diversos pontos da cidade, nas estações de metrô. Cerca de 50
pessoas morreram e 700 ficaram feridas.
29 de março de 2010 (Moscou): 39 mortos e quase 40 feridos foi o saldo das explosões ocorridas em Moscou, na Rússia,
por terroristas chechenos.
13 de novembro de 2015 (Paris): em vários pontos da capital francesa, como a casa de shows Bataclan ou perto do
Estádio da França, aconteceram explosões e tiroteios a civis. 137 pessoas morreram e mais de 400 ficaram feridas.
17 de agosto de 2017 (Barcelona): uma furgoneta atropelou vários pedestres na cidade de Barcelona. Igualmente, nas
cidades de Alcanar e Cambrils se produziram explosões. Este atentado deixou 16 mortos e mais de uma centena de feridos.
21 de abril de 2019 (Sri Lanka): no domingo de Páscoa foram contabilizadas várias explosões provocadas por ataques
suicidas a cristãos em particular e turistas no geral. Foi um dos ataques mais sangrentos da história com 258 mortos e cerca
de 500 feridos.
Veja também: Ataques de 11 de Setembro: resumo e consequências

Grupos terroristas atuais

Os principais grupos terroristas no mundo são:


1. Al-Qaeda
O Al-Qaeda surgiu no Oriente Médio e trata-se de um grupo de fundamentalistas islâmicos que comandam parte dos
atentados terroristas pelo mundo. Osama Bin Laden foi um dos líderes.
Veja também: Al-Qaeda
2. Estado Islâmico
O Estado Islâmico surge com a intenção de formar uma nação islâmica independente e atua principalmente na Guerra da
Síria, além de ser responsável por vários atentados terroristas no mundo.
Veja também: Estado Islâmico
3. Boko Haram
Boko Haram que significa “a educação não islâmica é pecado” é um grupo terrorista que atua, principalmente, na Nigéria.
Seu objetivo e criar uma república islâmica neste país utilizando meios como sequestros e ataques mortíferos aos inimigos.
Antigos grupos terroristas
Há grupos que cessaram sua atividades no século XXI, mas causaram pânico no passado recente da humanidade.
1. ETA (Pátria Basca e Liberdade)
O ETA é um grupo separatista basco, que tem sua origem no País Basco espanhol. Esse grupo terrorista lutava através da
violência pela independência territorial da França e da Espanha.
Veja também: ETA: tudo sobre o grupo separatista basco
2. IRA (Exército Republicano Irlandês)
Grupo paramilitar católico que desde os anos 60, começou a atuar pela saída das forças britânicas do território da Irlanda,
ou seja, a separação da Irlanda e do Reino Unido. Encerrou suas atividades em 2005.
Tipos de Terrorismo
Apesar de serem caracterizados por ações violentas é possível diferenciar alguns tipos de terrorismo.
1. Terrorismo Indiscriminado
O próprio nome já indica que não existe um alvo específico. A principal característica é atentar contra a vida da população
civil de forma indiscriminada.
Um dos meios é depositar bombas em latas de lixo, cafés, cinemas, metrôs e outros locais públicos, com o intuito de
chamar atenção do governo e propagar o temor na população.
Esse tipo de terrorismo pode ser praticado tanto em tempo de paz como em guerra. Durante a Guerra da Argélia, os
argelinos costumavam usar esse método contra os franceses.
Veja também: Guerra da Argélia
2. Terrorismo Seletivo
Nesse caso, há um alvo específico e suas ações são principalmente pautadas na chantagem, tortura, terror psicológico,
dentre outros.
Um notório exemplo desse tipo de terrorismo é o grupo estadunidense protestante e racista Ku Klux Klan (KKK), fundado
em 1865.
Seus alvos eram principalmente a população negra dos Estados Unidos e, em menor medida, judeus e brancos que lutavam
pelos direitos civis destas minorias.
Veja também: Ku Klux Klan
3. Terrorismo de Estado

Aspecto da repressão militar durante a ditadura na Argentina


As ditaduras, com o pretexto de impor a ordem, praticam violações aos Direitos Humanos contra grupos políticos que não
se enquadram nas leis do Estado de exceção.
Dessa forma, suspendem garantias constitucionais e encobrem as violências praticas pelas forças policiais.
Como exemplo, temos o terrorismo de Estado na época da Alemanha Nazista ou as ações do Estado inglês contra
manifestações realizadas pelos irlandeses, como o Domingo Sangrento.
Veja também: Domingo Sangrento
4. Terrorismo Comunal
Chamado também de Terrorismo Comunitário é caracterizado por manifestações e atentados que visam controlar e debilitar
a capacidade produtiva da comunidade.
Assim são atingidos alvos como cisternas, pastos, gado, o direito de ir e vir e tudo que serve de sustento econômico para
uma população.
Um exemplo claro são as regiões que são controladas por narcotraficantes, os quais passam a ditar as regras de convivência
daquela população.
Veja também: Narcotráfico
Terrorismo no Brasil
Devido a eventos internacionais, como a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016), o Brasil tornou-se um alvo
potencial para o terrorismo.
A Polícia Federal tem monitorado certos grupos islâmicos e indivíduos que escrevem mensagens exaltando atos ou grupos
terroristas.
Em outubro de 2018, havia dados que três brasileiros haviam se unido ao Estado Islâmico, na Síria.

Conflitos do Século XXI


No Século XXI, além de guerras civis regionais, uma nova forma de guerra está em ascensão: o terrorismo islâmico.
Século XXI: a Era do Terror
Se, para alguns autores, o século XX teve início efetivo em 1914, em razão da Primeira Guerra Mundial; para outros, o
século XXI começou, de fato, em 11 de setembro de 2001, com o ataque terrorista às torres gêmeas do World Trade
Center, em Nova Iorque, e ao prédio do Pentágono (sede do Departamento de Defesa dos estadunidenses), em
Washington (capital dos Estados Unidos).
Esses ataques foram planejados e executados pela rede terrorista islâmica, de atuação internacional, Al-Qaeda, que, à
época, era comandada pelo saudita Osama Bin Laden. Esse acontecimento revelou não apenas uma nova forma de
ataque terrorista, maior e bem coordenado, como também uma nova concepção de guerra.
Medidas contra o Terror
O fato é que, após os ataques de 11 de setembro, a primeira medida decididamente bélica dos EUA foi procurar e atacar
os centros de treinamento da Al-Qaeda. Na época, a Al-Qaeda estava sediada no Afeganistão e recebia apoio do Talibã,
um grupo fundamentalista islâmico atuante no Paquistão e no Afeganistão.
A procura por Bin Laden e outros membros da Al-Qaeda desencadeou a Guerra do Afeganistão, em 2002, cujo momento
mais expressivo foi a Batalha de Tora Bora. Essas ações de retaliação aos ataques de 11 de setembro de 2001
configuraram o que o governo do presidente dos EUA, George W. Bush, chamou de Guerra ao Terror.

 Bombardeio em Tora Bora, onde se esconderam membros do grupo terrorista Al-Qaeda


A “Guerra ao Terror” foi o modelo de guerra que mais ficou em evidência na primeira década do século XXI. Isso
aconteceu, especialmente, em razão da Guerra do Iraque (ou como nomeiam alguns autores, “Segunda Guerra do
Golfo”), que teve início em 2003 e só cessou em 2011. A Guerra do Iraque constituiu uma extensão da política da “Guerra
ao Terror” dos Estados Unidos, só que com ênfase em regimes autoritários islâmicos que representavam um perigo
internacional por conterem armas de destruição em massa. Era o caso do Iraque, que possuía armas químicas que haviam
sido utilizadas, nos anos 1980, para dizimar milhares de pessoas da etnia curda. A questão da posse desse tipo de arma foi
a principal justificativa para a deflagração da guerra em solo iraquiano.
Efeitos colaterais das medidas contra o Terror
O grande problema enfrentado no território iraquiano pelas tropas americanas não foi exatamente a resistência das
forças armadas ligadas a Saddan Hussein, mas as guerras internas entre grupos jihadistas*, que também estavam
interessados na derrubada de Saddan e no controle do território iraquiano. Entre esses grupos, estava uma facção da Al-
Qaeda. A administração do governo de Barack Obama, eleito após o fim do mandato de Bush, decidiu por retirar as
tropas americanas do Iraque e confiar o controle do país a um governo provisório. A retirada completa das tropas ocorreu
em dezembro de 2011.
Nesse mesmo ano, muitos dos focos de insurreição contra o governo provisório começaram a ganhar mais força. Nos
anos que se seguiram, o Iraque viu-se imerso em uma guerra civil generalizada, que dura até os nossos dias. Um dos
grupos jihadistas que mais se aproveitaram dessa situação foi o Estado Islâmico, do qual falaremos mais adiante. Antes,
precisamos falar um pouco da chamada “Primavera Árabe”, um acontecimento que mudou a situação do mundo islâmico
e que pode ser o centro de inúmeras guerras futuras.
Importância da Primavera Árabe
A “Primavera Árabe” foi uma sucessão de levantes insurrecionais ocorridos em países do norte da África e do Oriente
Médio nos anos de 2011 e 2012. Quando ocorreram os primeiros levantes em 2011, muitos jornalistas e especialistas no
mundo islâmico diziam que a “Primavera Árabe” tinha como objetivo derrubar as ditaduras dos países em questão e
estabelecer um regime democrático.
Acontece que, com o tempo, foi verificada a presença maciça da ideologia radical islâmica nos rebeldes, haja vista que
boa parte deles é defensora da implementação da Sharia, a lei islâmica, e da jihad. Essa ideologia penetrou nesses grupos
de rebeldes por meio da Irmandade Muçulmana, uma organização fundada na década de 1920, no Egito, que tem sido
uma das maiores propagadoras das ideias matrizes do terrorismo islâmico.
Países como Egito, Líbia e Tunísia tiveram a sua estrutura política, econômica e social completamente transformada com
a Primavera Árabe. O risco de guerras civis é iminente nesses países, que também podem sofrer com ações de grupos
terroristas, como é o caso da Síria, um dos alvos da “Primavera Árabe”.
A Síria, comandada pelo ditador Bashar Al-Assad, enfrenta uma guerra civil desde 2011 contra vários focos jihadistas que
procuram derrubar Assad. Ao contrário do caso iraquiano, citado acima, a Síria não sofreu interferência direta dos EUA,
mas alguns dos grupos de rebeldes atuantes em seu território receberam armas, treinamento e dinheiro americano. O
problema é que muitos desses rebeldes são mercenários e lutam para quem oferecer maior quantia. Um dos grupos
terroristas mais poderosos da atualidade, o Estado Islâmico, é quem mais se beneficia disso.

 O ditador da Síria, Bashar Al-Assad, procura preservar-se no comando do país **  


A singularidade do Estado Islâmico
O Estado Islâmico originou-se de uma ruptura entre o grupo que representava a Al-Qaeda no Iraque e o próprio comando
central da Al-Qaeda. Esse grupo iraquiano decidiu atuar também na Síria por volta de 2011. Na Síria, já havia outro grupo
patrocinado pela Al-Qaeda, o Al-Nusra, o que levou a um choque entre os dois projetos. O líder do grupo iraquiano, Abu
Bakr Al-Bahgdadi, elevou a condição do grupo jihadista à categoria de Estado, chamando-o de Estado Islâmico do Iraque
e na Síria (ou Levante, como também é conhecido o território sírio onde eles atuam), cuja sigla em inglês é ISIS. Três anos
depois, em agosto de 2014, esse mesmo líder autodeclarou-se califa do Estado Islâmico. A partir daí o nome do grupo
ficou conhecido apenas como Estado Islâmico. Muitos oficiais do exército iraquiano, antes leais a Saddan, passaram a se
aliar ao califa Abu Bahgdadi, como salienta o investigador Patrick Cockburn:
“Abu Bakr al-Baghdadi começou a surgir das sombras no verão de 2010, quando se tornou o líder da Al-Qaeda no Iraque,
depois que seus antecessores foram mortos num ataque conduzido por tropas desse país e dos Estados Unidos. A Al-
Qaeda no Iraque andava mal das pernas, já que a rebelião sunita, em que havia antes desempenhado um papel de
liderança, estava sucumbindo. Foi reavivado pela revolta dos Sunitas na Síria, em 2011, e, nos três anos seguintes, por
uma série de campanhas cuidadosamente planejadas, tanto nesse país quanto no Iraque. Não se sabe até que ponto al-
Baghgdadi foi diretamente responsável pela estratégia militar e táticas da Al-Qaeda no Iraque e, posteriormente, do ISIS.
Ex-funcionários graduados do exército e inteligência iraquianos, à época de Saddan Hussein, desempenharam um papel
central, mas estão sob a liderança geral de al-Bahgadadi.”  [1]
Além de ser um grupo abertamente terrorista (o caso mais emblemático de terrorismo assumido pelo Estado Islâmico foi
o dos atentados de 13 de novembro, em Paris) e jihadista, o Estado Islâmico tem uma proposta de, efetivamente,
construir um Estado, isto é, uma nação islâmica jihadista com base na sharia***. Esse Estado não se limitaria à região do
Iraque e da Síria, mas teria o objetivo de conquistar todo o território que, entre a Idade Média e a Idade Moderna,
pertenceu à civilização islâmica.
O grande risco que o Estado islâmico e sua nova forma de guerra, que não é apenas convencional e terrorista, mas
também cultural e religiosa, representam para o século XXI é o fascínio que provocam em jovens do mundo inteiro, que
se voluntariam para lutar nas guerras do “califado” e para fazer atentados terroristas em quaisquer partes do mundo.
Outro perigo, maior, inclusive, é o de, se alcançado o objetivo da fundação de um Estado (com sistema de saúde,
educação etc.), o Estado Islâmico passar a ser reconhecido como tal. É o que argumenta a especialista Loretta Napoleoni:
“Independentemente da forma pela qual os enfrentarmos, o nascimento do Califado serve para nos advertir que aquilo
que os políticos confundiram com uma nova espécie de terrorismo pode ser, na verdade, um novo modelo de terrorismo.
Em outras palavras, o Estado Islâmico pode romper com a tradição e resolver o dilema do terrorismo sendo bem-sucedido
na criação de uma nação, conquistando para membros de uma organização armada o status de inimigos e, para as
populações civis, o status de cidadão. Mesmo sem reconhecimento diplomático, a simples existência do Califado levaria a
comunidade internacional a encarar o terrorismo com outro olhar.”  [2]
 Outros conflitos   
Além desses conflitos no Oriente Médio e dos riscos que representa o Estado Islâmico, o século XXI também tem
apresentado outros focos de tensão. Na região subsaariana do continente africano, há a guerra civil no Quênia e na
Nigéria, onde também há a atuação de um grupo terrorista, o Boko Haram. Na região do Cáucaso, houve
uma insurgência da Chechênia contra a Rússia, que só foi devidamente controlada em 2006. Houve também uma tensão
entre Rússia e Ucrânia, em razão da região estratégica da Crimeia, no início do ano de 2014. Aos poucos, muitas
transformações geopolíticas vão se acentuando nessas regiões do mundo, sobretudo na África, Oriente Médio e Leste
Europeu. Os focos de guerras atuais estão dispostos nessas regiões.

*Jihadistas:  A expressão “jihadista” vem do termo “jihad”, que significa “esforço”, em árabe, e, originariamente, indicava
a ascese, o esforço ou guerra espiritual para se tornar uma pessoa virtuosa. Com a ascensão do fundamentalismo
islâmico, esse termo passou a ser identificado com a “guerra santa contra os infiéis”, isto é, uma guerra contra todos que
não partilham da fé islâmica.
**  Créditos da imagem:  Shutterstock  e  Valentina Petrov
***  Sharia:  A sharia, ou lei islâmica, é um conjunto de prescrições jurídicas sobre a conduta das pessoas que se baseia em
interpretações do Corão. Os grupos jihadistas frequentemente fazem interpretações deturpadas dessas prescrições para
cometerem atrocidades, como escravização sexual de mulheres, enforcamento de homossexuais e degolação e
crucificação de cristãos.
União Europeia e Brexit
0. União Europeia
A União Europeia, atualmente composta por 28 países, é uma das principais forças políticas e econômicas do período após
a Guerra Fria.

Bandeira da União Europeia


A União Europeia é o maior bloco econômico do mundo, conhecido pela livre circulação de bens, pessoas e mercadorias e
pela adoção de uma moeda única: o euro. A origem data, oficialmente, o dia 07 de Fevereiro de 1992, mas sua criação
esteve intimamente ligada a processos anteriores de criação de um grande bloco econômico europeu.
1º Estágio: Benelux
O Benelux foi um bloco criado ainda durante a Segunda Guerra Mundial e recebeu esse nome por conta das iniciais dos
países integrantes: Bélgica (Be), Holanda (Ne), do Inglês “Netherland”, e Luxemburgo (Lux). O objetivo desse bloco era
integrar esses três países em um mercado comum e único, com a redução das tarifas aduaneiras. Apesar da existência da
atual União Europeia, o Benelux ainda existe com o nome de “União Benelux”.
2º Estágio: CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço)
Muitos autores, economistas e cientistas políticos não consideram o Benelux como a origem da UE, mas sim a CECA.
Criada em 1952, ela era composta pelos países do Benelux juntamente à França, Itália e Alemanha Ocidental. Por conta
disso, também era chamada de Europa dos Seis.
A criação da CECA esteve diretamente ligada ao Plano Schuman, que foi um planejamento econômico do governo francês
para integrar a produção siderúrgica dos seis países em questão. O objetivo maior era estabelecer um acordo com a
Alemanha Ocidental para que ambas compartilhassem a produção de carvão mineral e minério de ferro na região da
Alsácia-Lorena (França) e de Sarre (Alemanha). Tais regiões encontram-se na fronteira dos dois países e foram
historicamente envolvidas por disputas territoriais entre as duas nações.
Diante disso, a CECA se caracterizou por uma integração do mercado siderúrgico, objetivando uma maior integração
industrial envolvendo os seis países.
3º Estágio: Mercado Comum Europeu (MCE) ou Comunidade Econômica Europeia (CEE).
Com a fragmentação da Europa em vários Estados, os países-membros da CECA reconheciam que era necessário ampliar
o mercado consumidor interno e acelerar o desenvolvimento de sua produção industrial. Em vista disso, foi criado em
1957, com o Tratado de Roma, o Mercado Comum Europeu, que também é chamado de Comunidade Econômica
Europeia.
Além dos países da antiga CECA, integravam o bloco econômico os seguintes países: Inglaterra, Irlanda e Dinamarca, a
partir de 1973; Grécia, a partir de 1981; Espanha e Portugal, a partir de 1986. Era a Europa dos 12.
A CEE era caracterizada pela proposta do estabelecimento de uma livre circulação de mercadorias, serviços e capitais.
Além disso, foi pela primeira vez colocada em um bloco econômico a possibilidade de permissão à livre movimentação de
pessoas entre os países-membros.
Com o final da Guerra Fria, em 1989, a Alemanha Oriental também foi incorporada ao MCE.
4º estágio: O Tratado de Maastricht
Somente após a criação da União Europeia, em 1991, com o Tratado de Maastricht, que todos os objetivos do Mercado
Comum Europeu puderam ser alcançados, com o estabelecimento da livre circulação de pessoas, mercadorias, bens e
serviços entre os países-membros.
Em 1995, mais três países integraram a UE: Suécia, Finlândia e Áustria. Tratava-se, a partir de então, da Europa dos 15.
Em 2004, integraram o bloco as ilhas de Malta e Chipre. Além disso, alguns países do antigo bloco socialista soviético
também ingressaram na UE (Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia e Bulgária) e três antigos países da
União Soviética (Estônia, Letônia e Lituânia). Em 2007, Bulgária e Romênia também aderiram ao bloco, que passou a ser
a Europa dos 27.

Mapa com os países que atualmente compõem a Europa dos 27


No dia 1 de julho de 2013, a Croácia também foi integrada à União Europeia, tornando-se a Europa dos 28. O país da
Península Balcânica, que antes fazia parte da extinta Iugoslávia, havia um pedido de integração em tramitação desde o
ano de 2003, completando, portanto, dez anos de negociações antes de sua total adesão. Espera-se que em breve os
croatas adotem o euro como a sua única moeda.
A criação do euro
O euro foi criado durante o Tratado de Maastricht, em 1991. Entretanto, seu uso inicial era somente para trocas cambiais
entre os países da UE, pois os governos dos países, bem como a população europeia como um todo, preferiam a
manutenção de suas moedas nacionais. A partir de 2002 que o Euro foi colocado em circulação, porém, alguns países,
como Dinamarca e Inglaterra, preferiram manter suas moedas nacionais, outros foram adotando o euro de forma
gradativa.
O euro demonstrou um rápido crescimento e passou a ser um grande rival do dólar, que, no entanto, continua a ser a
principal moeda utilizada em políticas financeiras internacionais.
A questão turca
A Turquia, desde o final da década de 1990, encontra-se na fila de espera para uma possível aprovação de sua entrada no
bloco europeu. Entretanto, existem alguns fatores que dificultam a sua adesão.
Primeiramente, existe um grande risco geopolítico, uma vez que parte do território turco compõe o Oriente Médio. Por
conta dos atentados frequentemente praticados na região, por conta da grande instabilidade política, existe um temor
dos países europeus, que veem na Turquia uma possível porta de entrada para grupos terroristas na Europa.
Em segundo lugar, há também as diferenças culturais e religiosas, as quais poderiam desencadear grandes movimentos
de xenofobia e intolerância religiosa no continente europeu, uma vez que a maior parte da população turca é islâmica.
Em relação a esse último fato, o ex-ministro turco Abdullah Gul declarou que a Europa deveria provar que não era apenas
um “clube cristão”. Além disso, a Turquia argumenta que, mesmo com a população predominantemente islâmica, possui
um estado inteiramente laico.
A perspectiva é que as negociações prossigam até 2015. Outros países que aguardam aprovação são Ucrânia e
Macedônia.

2. Entenda o que é o Brexit


No dia 23 de junho de 2016, os cidadãos do Reino Unido participaram de um plebiscito em que podiam escolher entre
duas opções: o Reino Unido permanecer (“remain”) ou deixar (“leave”) a União Europeia. No fim das contas, venceu a
opção pela saída dos britânicos da UE, com 52%. Sem dúvida, esta é uma decisão de grandes proporções para aquele país,
para a Europa e para todo o mundo. Vamos entender um pouco melhor as implicações do Brexit.
O QUE É BREXIT?
A sigla Brexit é uma junção de “Britain” e “exit”, que em português significa saída do Reino Unido (da União Europeia). O
Brexit, opção que venceu o plebiscito, consiste basicamente no desmembramento, por parte do Reino Unido, do bloco da
União Europeia.
O QUE É A UNIÃO EUROPEIA?
Surgida após a Segunda Guerra Mundial e desenvolvida ao longo de décadas, a União Europeia é um bloco econômico
acordado entre vários países europeus (com a saída do Reino Unido serão 27 países-membros), cujo objetivo maior é
promover a integração e a cooperação entre tais países, em diversos aspectos: econômicos, culturais e políticos.
Os irremediáveis prejuízos da Primeira e Segunda Guerras serviram de inspiração para o surgimento da UE. Em lugar da
desconfiança e do isolacionismo que as grandes potências europeias mantiveram entre si na primeira metade do século
XX (e a rigor ao longo de grande parte de sua história), líderes desses países preferiram adotar medidas que
aproximassem as populações do continente, promovendo a cooperação e um sentimento de unidade europeia. Os líderes
europeus acreditavam, após a Segunda Guerra Mundial, que essa integração conduziria a região a uma paz definitiva.

     Britânicos participam de protesto contra o Brexit em Londres


De alguma forma, eles estavam certos, afinal a União Europeia existe até hoje, mais de sete décadas após o fim da
Segunda Guerra, e já alcançou acordos de integração em um nível inédito na história mundial: abertura comercial,
formação de um mercado comum europeu, acordo de livre circulação de pessoas e até a unificação monetária (o Euro é a
moeda oficial de 19 países europeus atualmente).
A União Europeia tornou-se uma forte organização política, com significativo poder de decisão na vida dos europeus.
Possui um parlamento e também uma corte de justiça. Tudo isso são feitos que não encontram paralelo na história
mundial: vários Estados soberanos optaram por se integrar e até mesmo abrir mão de parte de suas soberanias, por
entender que a cooperação entre si traria mais benefícios para si.
POR QUE O REINO UNIDO ESCOLHEU DEIXAR A UNIÃO EUROPEIA?
A realização e o resultado do plebiscito sobre a presença do Reino Unido na União Europeia traduzem um sentimento
compartilhado por muitos europeus em relação à essa organização – especialmente nos últimos anos. Como você já deve
saber, o mundo passa por uma grave crise de refugiados: chegamos ao maior número de pessoas que abandonam seu
país-natal desde a Segunda Guerra Mundial, por causa de conflitos armados que ameaçam suas vidas. Desesperadas,
essas pessoas fogem para lugares que eles acreditam serem seguros e acolhedores.
Por esse motivo, milhões de pessoas têm migrado incessantemente de países da África e do Oriente Médio para a Europa.
A onda de imigrantes assusta muitos europeus, que muitas vezes reagem com xenofobia em relação a essas pessoas.
A campanha pelo Brexit certamente foi muito fortalecida pela percepção de que o Reino Unido estava sendo prejudicado
pela facilidade com que muitos estrangeiros conseguiam migrar para o país. A alegação de que o país não possui controle
efetivo sobre suas próprias fronteiras por causa da União Europeia pesou bastante para o resultado final.
Além da questão da imigração, também há o argumento de que a União Europeia cria uma situação injusta entre seus
membros, em que os países com economias mais fortes (como Alemanha, França e Reino Unido) sustentam os países
economicamente mais fracos e endividados (Espanha, Portugal, Grécia, Itália, etc).
Por fim, é preciso notar que o Reino Unido é um país que guarda algumas diferenças com seus vizinhos. O país fica em
uma ilha e sua vocação marítima o alçou à condição de maior império do mundo no século XIX, com colônias espalhadas
por todo o globo. É daí que vem a famosa frase “O sol nunca se põe no império britânico”.
O sentimento nacionalista britânico, portanto, pode ter sido um apelo para que a população da ilha (principalmente os
ingleses e galeses) deixasse seus pares europeus. Membro da UE desde 1973, o Reino Unido sempre teve uma
participação titubeante no bloco. Um exemplo disso é que o país nunca adotou o euro como moeda (a libra esterlina
continuou circulando). O país também não participou completamente do acordo de Schengen, que não era originalmente
parte da União Europeia, mas desde 1997 faz parte do quadro jurídico; tal acordo criou um espaço de livre circulação de
pessoas entre países europeus, sem a necessidade de controle de passaporte.
AGORA QUE O BREXIT VENCEU, O QUE ACONTECE?
Com a vitória da saída do Reino Unido da União Europeia, abre-se um período de incertezas, afinal, essa é a primeira vez
que um membro decide deixar a união. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que fez campanha pela
permanência de seu país, já declarou que renunciará ao seu cargo em outubro, afirmando que um novo primeiro-ministro
deve conduzir as negociações de saída do bloco. Agora, Reino Unido e União Europeia terão de fazer intensas
negociações, que definirão como será a relação entre eles de agora em diante.
Veja no infográfico abaixo como funciona, de acordo com o artigo 50 do Tratado de Lisboa, o processo de saída de um
membro da União Europeia:
Além disso, há previsões preliminares sobre como a saída afeta na prática o dia a dia dos britânicos, dos europeus e do
resto do mundo:
Economia
As previsões sobre as consequências do Brexit para a economia não são positivas. O país deve sofrer perdas por não
participar mais do mercado comum europeu – a União Europeia já sinalizou de que não manterá intacto o acesso a esse
mercado se não o Reino Unido não aceitar também a livre circulação de pessoas. Não se sabe ao certo em que nível a
economia britânica e mundial será afetada, mas é os resultados no curto prazo já são negativos. Nos próximos anos, o
país pode experimentar desvalorização de sua moeda, aumento da inflação, recessão econômica, queda na renda per
capita, entre outros problemas graves.
Além disso, o Reino Unido também não participará mais das negociações da criação de uma área de livre comércio entre
a União Europeia e os Estados Unidos, que se for concretizada será a maior área de livre comércio já registrada na
história.
Imigração
Apesar de ainda não serem conhecidas as consequências exatas em relação à imigração, é provável que haja maior
controle na entrada de estrangeiros no país. Como membro da União Europeia, o Reino Unido teve de receber uma
parcela dos refugiados que chegaram ao continente, o que parece ter sido um dos grandes motivos para o Brexit. Agora,
sem fazer parte do bloco, o país terá mais liberdade para regular a entrada de imigrantes.

3.  A crise econômica na Grécia e o envolvimento do FMI


Bandeira da Grécia, país integrante do bloco União Europeia. Fonte: Pexels.com

O Brasil se relaciona fortemente com as questões de política externa de outros países considerados seus parceiros. A
relação brasileira com a Grécia não é uma exceção. O Brasil hoje mantém uma embaixada localizada na capital Atenas, e a
Grécia, por sua vez, mantém uma Embaixada em Brasília e dois consulados gerais em São Paulo e no Rio de Janeiro. Por
isso, tendo em vista essa relação amigável entre os países, devemos estar próximos aos assuntos que sejam do interesse
dos nossos parceiros. Mas para compreender melhor essa relação, primeiro temos de entender os envolvidos na crise
econômica na Grécia. Vamos lá?
O QUE É O FMI?
O FMI, da sigla em português, é o Fundo Monetário Internacional. Trata-se de uma organização internacional criada em
1944 com o objetivo de ajudar na reconstrução econômica no período pós-guerras mundiais e promover cooperação
econômica e monetária entre os países. Embora o FMI tenha suas ações pautadas nos princípios de cooperação, ajuda e
assistência internacionais, os empréstimos disponíveis são um recurso utilizado em último caso pelos países.
Isso se deve principalmente porque as negociações de empréstimos são feitas apenas mediante a adoção de uma “Carta
de Intenções” que contém o que ficou conhecido como condicionalidades, isto é, condições tratadas no acordo do
empréstimo que não somente estabelecem os termos da negociação, mas também auxiliam o país que pede o
empréstimo a se recuperar da crise, sendo assim capazes de quitar a dívida com o FMI. A Carta, portanto, é responsável
por estabelecer que o país responsável por tomar o empréstimo deva seguir à risca todas as condicionalidades previstas.
Essa é uma forma de garantir que o Fundo não seja prejudicado na negociação e não seja ressarcido do valor emprestado.
Leia também: como é a relação do FMI com o Brasil?
A GRÉCIA NA UNIÃO EUROPEIA
A Grécia é um dos 28 Estados-membros da União Europeia e é também pertencente à Zona do Euro. Tem como capital e
maior cidade Atenas, com 4 milhões de habitantes. O país inteiro tem quase 11 milhões, sua língua oficial é o grego e sua
adesão à UE aconteceu no dia 1º de janeiro de 1981.
Segundo informações do site da União Europeia, em 2015, os principais setores da economia grega foram o comércio
atacadista e varejista e os serviços de transportes, hospedagem e restaurantes (25,4 %), a administração pública,
a defesa, a educação, a saúde e os serviços sociais (21,0 %) e o imobiliário (17,2 %). A Grécia exporta principalmente óleos
de petróleo, medicamentos e azeite para países como a Itália, a Eslovênia e a Alemanha; e suas importações provêm
sobretudo da Alemanha, da Itália e da Rússia.
Ainda segundo informações da União Europeia, atualmente, o total da despesa da União Europeia na Grécia é de 6,2
bilhões de euros (aproximadamente 22 bilhões de reais), e o total da contribuição da Grécia para o orçamento da UE é de
1,2 bilhões de euros (aproximadamente 4 bilhões de reais). Hoje, claramente, a relação que a Grécia estabelece com a UE
é deficitária e essencial para o país que possui um PIB médio de 194,5 bilhões de dólares, segundo dados de 2016. Essa
contribuição orçamentária da UE tem sido fundamental para ajudar nas despesas do país.

A CRISE ECONÔMICA DE 2011


No ano de 2011, uma grave crise econômica se instaurou na União Europeia. Essa situação, embora não tenha um início
propriamente marcado, é fruto dos impactos que os países do bloco europeu sofreram com a crise de 2008 dos Estados
Unidos. O que ficou conhecido como “Estouro da Bolha Imobiliária”, no mercado interno dos EUA, causou ondas de
instabilidade pelo mundo todo, principalmente aos maiores parceiros econômicos. Os países europeus, historicamente
aliados dos estadunidenses, receberam boa parte desse impacto negativo. O elevado endividamento público na UE
(principalmente nos países como Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália) e a falta de coordenação política para buscar
solucionar os problemas dessa dívida pública, foram agravantes consideráveis para a recessão.
A crise de 2008 foi apenas o gatilho que expôs esse panorama em que os países gastavam mais do que conseguiam
arrecadar e realizavam uma série de empréstimos sem os devidos fundos para posterior pagamento das dívidas. Os países
da Europa estavam desequilibrados economicamente e 2011 foi o colapso dessa instabilidade.
Um alto índice de desemprego se espalhou no continente. Somado a isso, podemos citar a fuga de capitais de
investidores, isto é, quando os países perdem credibilidade pela alta da inflação. E, por consequência, ocorre a
desvalorização da moeda e a queda do PIB, que leva investidores locais e estrangeiros a deixarem de investir no país. Isso,
por sua vez, gera uma escassez de crédito. Ou seja, baixos investimentos devido à falta de acesso ao crédito por parte dos
bancos e que acabam por afetar pequenos e médios empresários, aumentando ainda mais as taxas de desempregados.
Somado a esse panorama de instabilidade, revoltas populares passam a ser também um ponto importante dessa crise
que causou impactos muito negativos na população e nos pequenos e médios investidores.
É importante ressaltar que, devido ao forte poder e influência do continente europeu, a crise teve consequências em todo
o mundo, inclusive no Brasil. Por quê? Ora, o Brasil é um país agroexportador, o que quer dizer que a maior parte da
nossa economia vem da exportação de produtos desse gênero, como frutas, verduras, legumes; grãos, como café, açúcar;
também envolve carnes como bovina, suína, de frango; enfim, produtos naturais.
Uma crise econômica diminui o poder de compra dos indivíduos e, consequentemente, o consumo será menor, pois
menos produtos serão comprados. Logo, o consumidor europeu – que adquire muitos produtos do Brasil – não vai
comprar tanto como antes da crise, gerando menos dinheiro para o nosso país e todos os outros dos quais ele comprava.
Essa redução de consumo causa um panorama de Déficit Privado no país exportador, isto é, quando os investidores locais
começam a ter em suas contas uma redução do lucro ou até um prejuízo. No mercado local, devido a essa redução
causada pela crise externa, pessoas serão demitidas e isso reduz a renda, desacelera o consumo local e causa mais déficit
privado em outros setores. 
A CRISE ECONÔMICA NA GRÉCIA: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
O país mais afetado pela crise europeia foi a Grécia, cuja dívida estava em torno de 300 bilhões de euros (ou um pouco
mais de 1 trilhão de reais). Parte deste gasto é devido à grande quantidade de dinheiro público gasto na manutenção das
atividades básicas do Estado, além do aumento do salário de funcionários do governo. Podemos comprovar no gráfico o
impacto da crise no PIB da Grécia, no infográfico.
Quando a crise chegou, o país foi fortemente impactado. Por esse motivo não somente a Grécia como também outros
países viram-se forçados a diminuir seus gastos públicos e aumentar as taxas de juros como uma medida que busca pagar
boa parte do prejuízo estatal. O ato de aumentar a taxa de juros freia ainda mais o consumo, embora seja positivo em
certa medida para a recuperação econômica do país, pois permite que o governo tenha mais dinheiro em caixa ao reduzir
a inflação – porém, a população sai prejudicada nessa decisão. O volume de empregos decresce, por exemplo, tendo em
vista que as altas taxas de juros inviabilizam novos investimentos por parte dos empresários e vale ressaltar que a decisão
de aumentar as taxas de juros é extremamente impopular dentro da política e tomada em último caso.
A nação grega cogitou abandonar a moeda europeia e a própria União Europeia como estratégia econômica. Dessa forma,
já que ela usava a moeda comum e estava economicamente debilitada, acabou por enfraquecer o Euro e levar outros
países, num efeito dominó, à crise. É simples: se a economia de um país enfraquece (o que quer dizer que isso acontece
em todo o seu território), sua moeda perde força no mundo inteiro. Agora imagine que vários países utilizam a mesma
moeda e a economia de um deles enfraquece. Logo, a moeda também perderá força em todo o território que utilizar essa
moeda. Não teria como o Euro perder força apenas na Grécia se a França e a Alemanha, por exemplo, usam exatamente a
mesma moeda.
Por esse motivo de grandes quedas no orçamento, Grécia, Portugal e Espanha tentaram abandonar o Euro e reestruturar
suas economias. Assim, os países poderiam permitir a desvalorização da nova moeda nacional e, assim, melhorar a
competitividade, porque com a moeda desvalorizada, seus produtos seriam baratos para os outros países com moedas
mais caras.
Caso a Grécia viesse a abandonar o Euro ela voltaria a usar nacionalmente o Dracma, moeda utilizada pela última vez em
2001, quando foi substituída pelo Euro. A nova moeda seria muito desvalorizada em relação ao Euro e ao Dólar:
estimativas indicam que 1 Euro teria um valor aproximado de 340 Dracmas, um valor muito baixo e muito positivo para a
recuperação econômica. Com a moeda desvalorizada, seria possível que os principais produtos nacionais – como os
derivados de petróleo e os manufaturados – tivessem mais credibilidade internacionalmente, pois o baixo valor de
mercado faria com que fossem comprados mais facilmente, melhorando a economia do país e ajudando a impulsionar a
economia grega. No entanto, o bloco europeu não deseja abandonar a união monetária e acalmou os investidores que
viam uma possibilidade de prejuízo na divisão, descartando a ideia de que países iriam abandonar a moeda. Então, como
ajudar a Grécia?
A ATUAÇÃO DO FMI NA CRISE ECONÔMICA NA GRÉCIA
Para superar essa situação de crise econômica, medidas como a implementação de um pacote anticrise foram lançadas,
no fim de 2011. O FMI e o Banco Central Europeu agiram ativamente na Grécia e nos demais países assolados pela crise,
oferecendo ajuda financeira. Em maio de 2010, o primeiro pacote foi aprovado pela União Europeia e o FMI, no qual o
governo grego recebeu 110 bilhões de euros (ou 380 bilhões de reais).
Essa ajuda foi oferecida para que a Grécia pagasse suas contas, que eram principalmente com bancos privados europeus.
Não sendo suficiente, o empréstimo aumentou para 240 bilhões de euros, ou 832 bilhões de reais. Porém, a Grécia ficou
sob a condição de implementar medidas rígidas de moderação e controle da economia. Alguns exemplos como: diminuir
os gastos públicos; aumentar os impostos, o que deixaria os produtos mais caros e faria com que as pessoas gastassem
menos dinheiro, já que diminuiria o poder de compra.
A Grécia também contraiu empréstimos e assumiu o proposto pelo FMI em sua Carta de Intenções, mas a relação entre o
Fundo Monetário e a Grécia só foi de mal a pior a partir disso. Atualmente, o país tem uma dívida com o FMI no valor de
21,4 € bilhões e o Fundo Monetário é apenas o quinto maior credor do país. Atualmente a Alemanha, que ocupa a
primeira posição, é responsável por empréstimos totais de 68,2 € bilhões, o que demonstra que a situação instável com o
FMI é apenas uma amostra da má situação econômica em que o país se encontra.
Segundo economistas, a economia do país encolheu em 25% desde que começou com as medidas de moderar a
economia, resultando em uma dependência de crédito externo – aquele crédito que vem de agências de países
estrangeiros, organismos internacionais (como o FMI) ou instituições financeiras estrangeiras.
Leia mais: 3 formas de cooperação entre a União Europeia e o Brasil
SITUAÇÃO ECONÔMICA NA GRÉCIA ATUAL
O estado financeiro em que se encontra a Grécia ainda é caótico, por tentar de forma lenta e gradual se livrar do
endividamento que a crise a submeteu. Em 2015, o país foi o primeiro desenvolvido a dar um calote no FMI,
surpreendendo economistas por todo o mundo e fazendo com que a relação que já se mostrava instável, por conta da
crise aqui discutida, piorasse ainda mais. O FMI emitiu uma nota afirmando que o país somente poderia contrair novos
empréstimos caso pagasse o que devia ao fundo, dificultando ainda mais a situação grega. A dívida externa da Grécia já
assume valores altíssimos, principalmente no ano do estouro da crise. Depois, volta a ter uma queda razoável pelas
ajudas externas como podemos observar no infográfico.
Atualmente, economistas interpretam que a situação grega já pode ser vista como o “século perdido”. Os parâmetros do
FMI tentam barrar sem sucesso os gastos do governo em sua Carta de Intenções, nas atuais circunstâncias. Os gastos
feitos pela Grécia, embora estejam acima do que se espera para uma recuperação econômica, estão no limite: ou seja, o
país está consumindo apenas o essencial para manter o Estado em funcionamento. O FMI agora tenta pressionar os
credores para que aliviem as dívidas, rearranjando o espaço econômico europeu.
Em julho de 2017, o terceiro pacote de ajuda anticrise foi aprovado, com um empréstimo de 1,8 bilhão de dólares. O FMI
também alertou que só o fará se ocorrer uma grande diminuição na dívida do país, aliviando a economia. Além disso, a
Europa precisaria concordar com um plano claro de alívio da dívida para que o empréstimo fosse desembolsado pelo FMI.
A organização estabeleceu um limite de 325 bilhões de euros, que é o máximo de dinheiro que a Grécia poderá dever, e
isto deve impedir que o governo grego levante dinheiro nos mercados no futuro próximo. A situação da Grécia continua
instável. O FMI, embora tenha nutrido um relacionamento complicado com o país, tenta ajudá-lo a se reerguer da crise
que não só coloca em risco a Grécia, mas diversos outros países da União Europeia. Embora o Fundo parece disposto a
cooperar essa atuação não é vista com bons olhos por todos economistas, e muitos acusam a piora na crise Grega pela
atuação do FMI, portanto, precisamos manter atenção redobrada nos próximos acontecimentos desse problema.
América Latina do Século XXI
A América Latina compreende mais de 20 países. Todos são ex-colônias de potências europeias de idiomas latinos e falam
espanhol, português ou francês. Países colonizados por Holanda e Inglaterra  caso de Guiana, Belize e Suriname  não são
considerados latinos. Nos Estados Unidos da América, entretanto, usa-se a expressão América Latina para designar todos
os países centro e sul-americanos, sem distinção do idioma falado.
Aspectos Físico-Naturais
A maior parte das terras latinoamericanas está na zona intertropical, que condiciona suas vegetações e climas. O relevo da
região varia das altas cordilheiras na porção oeste (derivadas de dobramentos modernos) a grandes planícies fluviais (como
a do rio Amazonas). De forma geral, a oeste, o relevo é recente e elevado. A leste, é antigo, desgastado e rebaixado.
Aspectos políticos e humanos
Toda a América Latina é marcada pelo subdesenvolvimento, pela industrialização tardia e dependente de capital externo,
pelos problemas sociais e políticos e, em certa medida, pela instabilidade política.
A região engloba diversas etnias, principalmente por causa de movimentos demográficos ocorridos durante a época
colonial  como a chegada forçada de negros da África Subsaariana e a vinda de europeus na passagem do século 19 para o
20.
Assim, há países com expressiva população descendente de ameríndios (caso de Bolívia e Peru), de africanos (Brasil,
Venezuela, Colômbia e países do Caribe) e de europeus (Argentina, Uruguai e Chile). O idioma mais falado na região é o
espanhol, seguido pelo português (por conta da grande população brasileira) e pelo francês.

Aspectos econômicos
Considerada economicamente subdesenvolvida, a América Latina caracteriza-se por ser grande exportadora de produtos
agrícolas e minerais para os países desenvolvidos. O setor primário, portanto, é muito importante para a economia de seus
países e emprega parcela significativa da população regional.
Extrativismo mineral: alguns dos maiores produtores mundiais de determinados minerais são latinoamericanos. Isso
ocorre, por exemplo, com o petróleo (com Venezuela, México e, agora, o Brasil, por conta da camada pré-sal), o ferro
(Chile e Brasil são primeiro e o segundo maiores produtores mundiais), o manganês (Brasil é o segundo maior produtor
mundial), o estanho (Bolívia), a prata (México e Peru) e a platina (Colômbia).
Agropecuária: na América Latina, o setor é marcado por grande concentração de terras, que gera diversos conflitos
fundiários  especialmente no México, no Brasil e na Bolívia. Em geral, a agricultura e a pecuária tradicional (culturas
extensivas, com técnicas primitivas e sem seleção de plantel) fornecem alimentos para as populações urbanas e rurais.
Quando moderna e mecanizada, a produção agropecuária regional está muito vinculada ao capital externo e destina-se,
sobretudo, à exportação.
Indústria: Brasil, Argentina e México possuem parques industriais expressivos, com indústria de base e de tecnologias de
ponta, mas são exceções. A maior parte dos países latinoamericanos detém apenas indústrias tradicionais têxteis,
alimentícias e de beneficiamento de matérias-primas para exportação.
Fique atento
Recentes tensões da região apareceram com destaque nos noticiários nacionais e internacionais. Alguns exemplos são:
– Reativamento da 4ª Frota Naval americana, encarregada de patrulhar o Atlântico Sul e mantê-lo como zona de influência
exclusiva norte-americana;
– Aumento de tensões entre Colômbia e Venezuela por conta do ataque colombiano às Farc (Forças Armadas
Revolucionarias da Colômbia) no Equador e ao acordo militar que permite aos EUA construir bases militares na Colômbia;
– Modernização do arsenal militar da Venezuela;
– Organismos multinacionais como a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e a Alba (Aliança Bolivariana para as
Américas) são tentativas de integrar e unir os países latinoamericanos aliados às ideologias dessas organizações.
– Surgimento do bolivarianismo como ideologia da América Latina  principalmente na Venezuela e na Bolívia  em
contraposição ao neoliberalismo.
Como pode cair no vestibular?
Em 2009, houve grandes acontecimentos na América Latina: tensões envolvendo Venezuela e Colômbia, movimento
separatista em Santa Cruz, na Bolívia, e crise política em Honduras (com grande destaque internacional para a atuação do
Brasil no caso). Vale a pena procurar se informar sobre esses e outros eventos atuais da região.
Crises econômicas do Século XXI
0. Crises Econômicas
Crise econômica, recessão, depressão, desemprego, PIB. Você com certeza já teve dúvidas sobre esses conceitos tão
comuns quando se fala em economia, não é mesmo? Mas afinal, o que é uma crise na economia? Por que de tempos em
tempos ouvimos falar sobre isso? O Politize! preparou esse texto para te explicar de uma maneira simples esses temas
que parecem tão complicados.
A Grande Depressão causou pobreza geral nos Estados Unidos e em diversos países do mundo. Aqui, família
desempregada, vivendo em condições miseráveis, em Elm Grove, Oklahoma, Estados Unidos.
Foto: Domínio Público
CRISE ECONÔMICA, ISSO É NORMAL?
Antes de mais nada, precisamos explicar que a economia é cíclica – apesar de apresentar períodos de certa estabilidade.
Isso significa que, em alguns momentos há crescimento e em outros há queda da atividade econômica, o que é
um padrão normal do sistema capitalista. Ou seja, de tempos em tempos passaremos por crises, isso é inevitável. O que
pode variar são as razões que levam às crises, os setores da economia que serão mais afetados e a intensidade delas, é
claro. Em geral, grandes crises afetam de alguma forma todos os países do sistema capitalista, pois as economias são
dependentes entre si.

CERTO, MAS O QUE ACONTECE DURANTE UMA CRISE, AFINAL?


Durante uma crise econômica há declínio da atividade econômica. A demanda por consumo diminui, o que leva à
diminuição da taxa de lucro das empresas. Como as empresas passam a lucrar menos, muitas delas acabam demitindo
funcionários e isso leva ao aumento de taxas de desemprego. Com mais pessoas desempregadas, a renda diminui, o que
leva a um menor consumo das famílias, ou seja, menor demanda. Como podemos ver, esse ciclo tende a se reproduzir e
se intensificar. Para frear o ciclo, é necessário adotar políticas econômicas de estímulo à economia e o sucesso – ou não
– dessas medidas, vai determinar a intensidade e duração dessas crises.
INTENSIDADE DIFERENTE, COMO ASSIM?
A intensidade de uma crise econômica para outra varia. Você provavelmente já ouviu falar sobre a crise de 1929, não é
mesmo? Essa é a crise mais famosa do sistema capitalista, ela foi tão grave que é considerada uma depressão. Há duas
classificações de crise conforme sua força e duração: recessão e depressão, veja abaixo a diferença entre elas.
Recessão: as recessões são crises relativamente curtas, são fases nas quais há retração da atividade econômica, aumento
do desemprego, diminuição da produção, nas taxas de lucro e nos investimentos. Considera-se em recessão uma
economia que apresenta queda no PIB por dois trimestres consecutivos.
Depressão: são crises duradouras – um estado de agravamento da recessão – com forte redução da atividade econômica,
falências, altas taxas de desemprego e grandes quedas de produção e investimentos. Geralmente considera-se depressão
uma recessão que ultrapassa 3 ou 4 anos de duração ou então, uma queda drástica no PIB.
PIB, é com ele que se mede a produção econômica?
Isso mesmo, o Produto Interno Bruto é a soma de toda a riqueza – conjunto de bens e serviços – produzidos
internamente no país durante um determinado período de tempo. É um dos indicadores mais utilizados para medir o
tamanho de uma economia, bem como seu crescimento ou recessão.
Há duas formas de calcular o PIB: pela oferta e pela demanda. Na ótica da oferta, soma-se o valor do que é produzido
pela indústria, serviços e agropecuária. Na ótica da demanda, calcula-se o que é gasto: o consumo das famílias em bens e
serviços, gastos do governo, investimentos das empresas e as exportações, descontadas as importações.  
CRISE ECONÔMICA: NO BRASIL E NO MUNDO
Para você entender melhor o fenômeno das crises econômicas, vamos explicar brevemente o que aconteceu antes,
durante e depois de três crises importantes da história: a  depressão de 1929, a crise econômica mundial em 2008 e a
recessão brasileira entre 2014 e 2016.
Depressão de 1929
Para entender a crise econômica de 1929, vamos relembrar o que estava acontecendo antes desse período. Com o final
da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos tinham a Europa como um grande consumidor dos seus produtos, afinal, a
indústria europeia tinha sido afetada pela guerra e boa parte dos produtos tinham que vir de fora. Mas, aos poucos, a
indústria dos países europeus foi se recuperando, a necessidade de importar produtos diminuiu e esses países passaram a
comprar menos dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos – devido a essa demanda externa – estavam produzindo muito, mas com a redução das exportações
para a Europa, sofreram uma crise de superprodução. Isso significa que havia muito produto, mas não havia comprador.
Com muitos produtos parados, as empresas passaram a demitir funcionários, o que teve como consequência taxas altas
de desemprego e crescimento da pobreza. Como as empresas estavam ameaçadas, a compra de suas ações reduziu
drasticamente, o que levou à famosa quebra da bolsa de valores.
A crise de 1929 foi uma crise do liberalismo. O liberalismo defendia o Estado mínimo, ou seja, a menor intervenção
possível do Estado na economia. Segundo essa corrente de pensamento, o mercado se ajustaria conforme a lei de oferta
e demanda. Porém, o mercado não foi capaz de se auto regular e a economia entrou em crise. Para a recuperação do
país, foram adotadas medidas de intervenção do Estado na economia, como estímulos às indústrias e programas
assistencialistas.
Saiba mais: Liberalismo: entenda essa corrente política
Crise econômica mundial de 2008
A crise global de 2008 também foi iniciada nos Estados Unidos, mas diferente do que aconteceu em 1929, essa foi
uma crise financeira. Foi um colapso no sistema de especulação, decorrente da chamada bolha imobiliária. Antes do
estouro dessa crise, os juros estavam baixos e havia crédito abundante no mercado americano. Isso significa que as
pessoas tinham facilidade em conseguir empréstimos e os juros que pagariam por eles era baixo. Atrativo, não?
A forma desses empréstimos era a hipoteca. Ou seja, ao pegar um empréstimo, as pessoas davam seus imóveis como
garantia e, geralmente, usavam o crédito para investir em outros imóveis. Esses empréstimos eram considerados de alto
risco, pois muitas dessas pessoas não tinham condições de pagar suas dívidas. Desconsiderando esse risco, os bancos de
investimento vendiam essas dívidas e as classificavam como seguras, ou seja, com baixo risco de calote.
Como a inflação no país estava aumentando, o governo precisou aumentar a taxa de juros. Isso levou ao “esfriamento”
da economia e à desvalorização dos imóveis. Assim, grande parte das pessoas que havia realizado empréstimos não
conseguiu mais pagar suas dívidas. Como essas dívidas estavam sendo negociadas pelos bancos de investimento no
mundo todo, essa crise econômica gerou um efeito dominó, que levou ao colapso de diversos bancos. A crise atingiu em
princípio os Estados Unidos, depois de algum tempo atingiu a Europa e até mesmo os países em desenvolvimento,
embora em menor intensidade. Para evitar uma crise ainda maior, novamente o Estado teve que intervir para salvar os
bancos. O plano de socorro de George W. Bush foi de R$ 2,6 trilhões.
Crise econômica brasileira
A recessão no Brasil foi de abril de 2014 a dezembro de 2016, ao longo desse período houve retração do Produto Interno
Bruto do país. Dentre as causas dessa crise, podemos destacar a crise global de 2008, que afetou o mercado
internacional como um todo; e as políticas adotadas pela equipe econômica do governo em resposta à crise internacional.
O Brasil é um grande exportador de commodities –  produtos cujos preços são determinados no mercado internacional.
Como o mundo estava em crise, o valor desses produtos caiu. Essa queda de preços afetou as exportações brasileiras e,
apesar da adoção de políticas econômicas por parte do governo, não foi possível evitar a recessão econômica.
Nesse período, o setor que mais sofreu no Brasil foi a indústria, você talvez lembre de situações em que
as indústrias realizaram demissões em massa, não é mesmo? O desemprego aumentou, atingindo a taxa de 13,7% em
março de 2017 e a capacidade de consumo das famílias caiu. Nesse período também houve baixa Formação bruta de
capital fixo, que são os investimentos que podem gerar mais produção e riqueza e aumentar o PIB, como por exemplo,
novas plantas industriais.
A gravidade da situação se intensificou com uma crise política que culminou no impeachment da presidente Dilma
Rousseff. Para conter a crise, seu sucessor, Michel Temer, adotou várias medidas econômicas, como a PEC do teto dos
gastos, a reforma trabalhista e a Lei da terceirização. Muitas dessas medidas se tornaram impopulares por seus riscos de
precarização do trabalho e das possíveis consequências para a população diante das dificuldades
que educação, saúde e segurança pública enfrentarão nos próximos anos com o congelamento dos gastos.
ENTENDEU UM POUCO SOBRE CRISE ECONÔMICA?
Esperamos que esse texto tenha te ajudado a entender o que são as crises econômicas em um sistema capitalista. Como
você pode ver, há diferentes tipos de crise, seja pela origem, pelos setores que mais são afetados e pela intensidade e
duração. Em geral, as crises produzem cenários de precarização da condição da vida da população, especialmente
daquelas camadas mais pobres, que são diretamente afetadas pelo desemprego e diminuição da sua capacidade de
consumo. Para ajudar a entender ainda melhor o assunto, o Politize! preparou um infográfico para você, confira!

1. Crise financeira de 2008    

Bolsa de Valores de Nova Iorque.


Você provavelmente já ouviu falar sobre a crise financeira de 2008, certo? Afinal, ela foi uma das grandes crises do século
XXI e que abalou o mundo todo! Nesse conteúdo, veremos quais os fatores que contribuíram para a crise, quais foram as
consequências e quais medidas foram tomadas para melhorar a economia mundial.
O que foi a crise financeira de 2008
Considerada por muitos economistas como a pior crise econômica desde a Grande Depressão, a crise financeira de 2008
ocorreu devido a uma bolha imobiliária nos Estados Unidos, causada pelo aumento nos valores imobiliários, que não foi
acompanhado por um aumento de renda da população.
Primeiramente, vamos entender o que é uma bolha imobiliária.
Formalmente, significa que diversos bancos passaram a oferecer mais créditos, expandindo o crédito imobiliário e
atraindo os consumidores, o que causou a valorização dos imóveis. Até que com a alta procura, a taxa de juros subiu,
derrubando os preços do imóveis. Como muitos destes empréstimo foram de alto risco, muita gente não teve como pagá-
los e diversos bancos ficaram descapitalizados.
Em outras palavras, os bancos passaram a oferecer empréstimos a juros baixos para a população financiar a compra de
imóveis – mesmo para pessoas que não conseguiam comprovar renda suficiente para quitá-los! Isso aumentou a procura
por imóveis, e com isso os preços foram subindo, não pela valorização das áreas, mas apenas porque mais
pessoas estavam procurando imóveis. A consequência foi uma bolha imobiliária, já que as pessoas financiavam imóveis a
um preço muito acima do que eles realmente valiam. Quando os bancos passaram a aumentar a taxa de juros dos
empréstimos, ou seja, as pessoas teriam que pagar mais juros sobre o valor emprestado, muitas delas não conseguiram
mais pagar as parcelas do empréstimos e com isso, os bancos não tinham mais dinheiro para realizar suas operações, o
que foi o início da crise.
Vamos a um exemplo?
Na prática, isso significa que João tinha uma renda mensal de mil reais. Decidido a comprar a casa própria, foi ao Banco X
e conseguiu um financiamento para comprá-la em parcelas mensais de quinhentos reais, pois como não precisou
apresentar nenhum comprovante de quanto ganhava, informou que recebia dois mil reais por mês.
A casa que João estava interessado era em uma área bastante procurada e custava duzentos mil reais, sendo que um
ano atrás valia apenas cem mil reais. Mas, como João acreditava que a casa iria se valorizar ainda mais, ele fechou o
negócio.
Um ano depois, João estava com dificuldades de pagar as parcelas da casa e tentou vendê-la. José ficou interessado e
procurou o banco, que ofereceu um crédito igual ao que o João conseguiu – mesmo prazo, mesmo valor – só que as
parcelas não seriam de quinhentos reais, mas de setecentos reais mensais. Então, José desistiu do negócio. E o mesmo
ocorreu de forma generalizada.
Assim, João percebeu que sua casa não poderia mais ser vendida pelos duzentos mil que comprou, pois o preço máximo
que ofereceram a ele foi noventa mil reais. Como João estava desesperado, pois não podia vender a casa, porque
receberia muito menos do que ainda devia ao banco, não conseguiu continuar pagando as parcelas do empréstimo, e
muitas outras pessoas também não.
Por fim, o Banco não tinha mais dinheiro para emprestar a outras pessoas, para pagar os funcionários, despesas de água,
energia elétrica e fornecedores. Foi exatamente isso que ocorreu nos EUA, só que com dezenas (talvez centenas) de
bancos e milhões de pessoas.
Nesse sentido, em 15 de setembro de 2008, um dos mais tradicionais bancos americanos, o Lehman Brothers, decretou
falência. Esta, seguida por uma enorme queda das bolsas mundiais, marca o início de uma das mais severas crises
econômicas que o mundo já conheceu.
Como a crise ocorreu
Apesar do início da crise ser associada à quebra do Lehman Brothers, o problema teve origem em uma sucessão de fatos
ocorridos desde o final da década de 90. Nesse período, houve uma grande expansão do crédito no mercado norte-
americano.
A grande questão é que havia uma prática muito comum no país, a da hipoteca. Esta é uma modalidade de crédito na
qual as pessoas obtém um empréstimo bancário e colocam o imóvel como garantia de que o empréstimo será pago (se
não pagarem o empréstimo, o banco toma o imóvel da pessoa). Além disso, a pessoa pode hipotecar o mesmo imóvel
diversas vezes, ou seja, contrair vários empréstimos, mas com o mesmo imóvel como garantia de todos eles.
Com a expansão do crédito, conforme explicado no início do texto – e com um histórico de juros baixos no país – as
pessoas passaram a hipotecar suas casas para investir em mais imóveis, o que gerou uma valorização destes,
alimentando ainda mais o mercado imobiliário.
O maior problema dessa expansão desordenada do crédito foi que uma parte considerável dos empréstimos foi
concedida a pessoas que não possuíam condições de quitá-los, como desempregados e pessoas que não tinham renda
comprovada, pessoas como o exemplo de João. São os chamados “subprime mortgages”, hipotecas de alto risco.
Além disso, os bancos criaram títulos no mercado financeiro lastreados nessas hipotecas (ou seja, lançaram títulos  com o
valor baseado nas hipotecas)  e os vendiam para outros bancos, instituições financeiras, companhias de seguros e fundos
de pensão, ativos negociados pelo mundo inteiro.
Outro fator que contribuiu para a crise foi a estagnação da renda das famílias, movimento que vinha ocorrendo desde os
anos 80. Além disso, os altos gastos do governo americano com as Guerras do Afeganistão e Iraque também
contribuíram. Isso porque os gastos do Governo americano com as guerras foram elevados e contribuíram para o
aumento da inflação no país. Com o aumento da inflação, o Federal Reserve (equivalente ao Banco Central) aumentou os
juros a partir de 2004, na tentativa de diminuir a inflação. Entretanto, isso estrangulou financeiramente as famílias, que
não conseguiam mais crédito nem honrar com as dívidas provenientes das hipotecas.
Com isso, em 2006, algumas instituições de crédito que concediam as hipotecas de alto risco começaram a quebrar.
Isso impactou diretamente vários bancos maiores envolvidos nas operações com o Lehman Brothers. O gráfico abaixo,
mostra o aumento na inadimplência referente às hipotecas.
Como a crise afetou o sistema financeiro mundial
Após a quebra do tradicional banco americano e a recusa do governo norte-americano de salvá-lo – ao colocar dinheiro
público no Banco que era privado – as bolsas ao redor do mundo entraram em colapso, pois os investidores passaram a
resgatar suas aplicações, diminuindo a liquidez no mercado.
Isso quer dizer que quem tinha dinheiro investido em bancos e em ações pediu para sacá-lo com medo de perdê-lo, e os
bancos não tinham como cobrir tantos saques.
Após a recusa do governo norte-americano de socorrer o Lehman Brothers, houve o anúncio de que o Bank of America
iria adquirir a Merrill Lynch – a maior corretora dos EUA. Nos dias seguintes, as bolsas mundiais perderam mais de 30% do
seu valor, ou seja, as empresas de capital aberto (as que comercializavam ações) valiam 30% menos do que antes da
crise.
Na sequência, a AIG – uma das maiores seguradoras do país – teve seu crédito rebaixado por ter subscrito mais contratos
de derivativos de crédito do que sua capacidade de pagá-los. Isso significa que a seguradora informou que teria a
capacidade de quitar mais empréstimos do que tinha dinheiro para fazer. Com isso, o governo norte-americano decidiu
intervir e injetar recursos públicos para salvar a empresa (ou seja, pegou dinheiro dos contribuintes para salvar uma
empresa privada).
Cabe ressaltar o papel das agências avaliadoras de risco – Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s – que empresas que
avaliavam e davam notas para outras empresas e para tipos de empréstimos na crise. Essas empresas garantiam que
os CDO’s (obrigações de dívida com garantia) eram investimentos de qualidade, mas na verdade não eram. Isso porque,
como já mencionamos, não havia comprovação de que as pessoas poderiam pagá-los e, portanto, os títulos eram de alto
risco, o contrário do informado.
Após os colapsos do Lehman Brother e da AIG, outras importantes instituições financeiras ao redor do mundo, como o
Citigroup, Northern Rock, Swiss Re, UBS e Société Générale declararam enormes prejuízos nos balanços, agravando ainda
mais a desconfiança do mercado.
Consequências para os Estados Unidos
“Eu acredito muito na livre iniciativa, por isso o meu instinto natural é se opor a intervenção do governo. Eu acredito que
as empresas que tomam más decisões devem sair do mercado. Em circunstâncias normais, eu teria seguido esse curso.
Mas estas não são circunstâncias normais. O mercado não está funcionando corretamente. Houve uma perda
generalizada de confiança, e grandes setores do sistema financeiro da América estão em risco”. (George W. Bush, 2008)
Esse é um trecho de um discurso proferido pelo presidente americano George W. Bush, em 24 de setembro de 2008,
enquanto anunciava o Programa de Alívio de Ativo Problemático. Esta foi uma polêmica medida que previa a liberação
de 700 bilhões de dólares em ajuda para os bancos.
Além disso, os grandes bancos centrais ao redor do mundo lançaram programas de incentivo, injetando liquidez nos
mercados, ou seja, aumentando o crédito para as pessoas e empresas, na tentativa de conter a crise.
Apesar disso, a crise se espalhou e atingiu empresas consideradas sólidas até o momento, como a General Motors e a
Crysler.
A renda coletiva das famílias norte-americanas teve uma queda de mais de 25% entre 2007 e 2008. O índice S&P 500,
composto pelos ativos das 500 maiores empresas dos EUA listadas nas bolsas, caiu cerca de 45%. O desemprego subiu
para 10,1%, maior percentual desde 1983.
Ao final, os bancos – principais responsáveis pela crise – mantiveram os grandes lucros que conseguiram nos tempos de
bonança e, quando o prejuízo veio, este foi socializado para a população.
Consequências para a Europa
A principal crítica que é feita é que apesar dos esforços dos bancos centrais que injetaram mais de um trilhão de dólares
na economia mundial, a crise se espalhou em cerca de dois anos depois do início, atingindo países europeus, em especial
a zona do euro.
Entre os países da zona do Euro, a crise de 2011 foi mais forte nos países chamados PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia
e Espanha), cujo países – com exceção da Itália que possui uma maior industrialização – são em sua maioria dependentes
do turismo. Em geral, a principal consequência adotada nesses países foram as políticas de austeridade.
O caso mais emblemático foi da Grécia, que teve de contratar volumosos empréstimos do Fundo Monetário Internacional
e em contrapartida implementar controversos cortes de gastos, reduzindo direitos trabalhistas, folha salarial dos
servidores públicos e realizando privatizações.
Essas medidas implementadas foram acompanhadas por diversos protestos no país que criticavam as contrapartidas
impostas pelo FMI, o papel da União Européia e o governo grego. As críticas ocorreram devido aos impactos negativos
na população do país, como aumento do nível de desemprego, diminuição da renda, diminuição dos direitos dos
trabalhadores e, com uma população envelhecida, muitos aposentados tiveram seus rendimentos reduzidos.
Consequências para o Brasil
Em geral, os países emergentes – dentre eles o Brasil – sentiram menos os efeitos da crise. Ainda, entretanto, houve de
fato uma forte queda no índice BOVESPA – que mede o valor das ações negociadas na bolsa de valores do país – e
um aumento no preço do dólar. Isso porque os investidores ao redor do mundo estavam resgatando as aplicações devido
à quebra de confiança no mercado. Assim, as expectativas de crescimento econômico foram reduzidas e em
consequência houve redução nas previsões para o PIB do país.
“- Lá (nos EUA), ela é um tsunami; aqui, se ela chegar, vai chegar uma marolinha que não dá nem para esquiar.” (Luiz
Inácio Lula da Silva, 2008).
Apesar do discurso otimista do presidente Lula e de um impacto menor do que o ocorrido nas economias americana e
europeia, a crise teve um impacto significativo no país.
Em outubro, a Sadia reportou prejuízo milionário com investimentos em derivativos tóxicos (títulos que foram
comprados por um valor muito maior do que o real) que levaram a um prejuízo trimestral de mais de R$ 2 bilhões. Esses
prejuízos culminaram na fusão da companhia com sua maior concorrente, a Perdigão, o que originou a BRF.
Outra grande empresa brasileira, a Aracruz, também perdeu dinheiro com derivativos e teve mais de R$ 3 bilhões de
prejuízos no último quarto de 2018 e fez um acordo de aquisição com a VCP, criando a Fibria.
Após esses acontecimentos, o governo viu que era necessário agir e baixou a taxa básica de juros, SELIC, de 13,75% para
8,75% ao ano em 2009, diminuindo os juros pagos para empréstimos tanto de pessoas físicas quanto de empresas, com
o objetivo de aumentar o dinheiro em circulação.
Além disso, diminuiu a alíquota de impostos (principalmente IPI) para produtos da linha branca, materiais de construção
e automóveis e liberou bilhões de reais em depósitos compulsórios para os bancos, para aumentar a liquidez no
mercado, ou seja, estimular a produção das indústrias e aumentar o dinheiro em circulação para que as pessoas
consumissem mais.
Apesar de no ano de 2008 o PIB nacional ter aumentado 5,2%, com o impacto da crise, em 2009, obteve uma retração de
0,3%. Ainda, a bolsa de valores, Bovespa, teve uma queda em 2008 de 4%, a maior desde a década de 70.
Sugestões de materiais sobre a crise
Filme “A Grande Aposta“: mostra quatro homens que perceberam o problema dos créditos subprime antes do estouro da
crise.
Filme “Grande demais para quebrar”:   mostra como as decisões políticas contribuíram para a crise.
Documentário “Trabalho interno”: mostra como os investidores comuns foram manipulados pelas instituições norte-
americanas.
Livro “Margin Call – O dia Antes do Fim”: mostra uma empresa do mercado financeiro (em alusão ao Lehman Brothers”),
dias antes de quebrar e os dilemas enfrentados pelos funcionários.
2. Crise Econômica do Chile

Manifestação em solidariedade ao povo chileno nas ruas de Barcelona em 2019. Foto: Tomo Carbajo/Fotovimiento/Fotos Públicas.

Tudo começou em 6 de outubro de 2019, quando o governo anunciou um aumento de 30 pesos nas passagens do
transporte público. Primeiro, foram os estudantes que tomaram as ruas em protestos que se espalharam por várias
cidades. Com a adesão de outros participantes, o movimento tomou corpo e as manifestações se tornaram mais
agressivas, deixando um saldo de mais de 20 mortos e 9 mil pessoas presas nos primeiros 30 dias de protestos.
Mas tudo isso só por causa do aumento das passagens?
“No es por 30 pesos, es por 30 años”
A frase acima foi recorrente nas manifestações e mostra o espírito da população. Mas o que causou esse
descontentamento geral nas últimas 3 décadas?
Para entendermos, vamos voltar um pouco na história chilena.
Em 1970, quando assumiu a presidência do Chile, Salvador Allende tinha um plano de desenvolvimento para o país que
visava reduzir as diferenças sociais. Para isso, deu continuidade a reformas agrárias iniciadas por seu antecessor Eduardo
Montalva, estatizou bancos e algumas indústrias, como a de mineração, têxtil e alimentícia.
De fato, o país cresceu. De 1970 para 1971 houve um aumento de 12% na produção industrial, (o maior em 20 anos),
novos empregos foram gerados e os salários aumentaram. Porém o rápido crescimento ocasionou graves desequilíbrios
nas finanças chilenas: o país se endividou ao comprar empresas privadas, e os gastos públicos também aumentaram,
especialmente devido aos salários dos trabalhadores que eram dessas empresas e passaram a ser funcionários públicos
por causa das estatizações.
Além do aumento de gastos, ocorreu nesse período também um aumento de salários. Com maior poder aquisitivo, a
população foi às compras e isso elevou a inflação, que foi de 22% em 1971 para 162% um ano depois.
O governo começou a controlar preços e as empresas reduziram o fornecimento de mercadorias. Dessa forma,
começaram a faltar produtos no comércio. A população estava descontente, e a economia, fora de controle.

O golpe militar de 1973


Salvador Allende, presidente do Chile de 1970 a 1973. Foto: Reuters.
Com a justificativa de reorganizar a economia e principalmente conter a inflação, os militares tomam o poder em 1973
sob o comando do General Augusto Pinochet.
Para reequilibrar as finanças, o governo decidiu promover drásticos cortes em gastos públicos. Isso deu espaço para as
ideias de um jovem grupo de economistas formados na Escola de Chicago – os “Chicago Boys” – que defendiam
privatizações, abertura da economia e regime previdenciário de capitalização, no qual as aposentadorias são custeadas
somente pelos trabalhadores. Cada um seria responsável pela própria poupança, sem participação do estado ou das
empresas.
E quais foram os efeitos dessas medidas na economia chilena? Vejamos cada uma delas:
Privatizações
Os Chicago Boys defendiam a participação mínima do estado na economia. Dessa forma, promoveram a privatização de
cerca de 400 empresas, o que reduziu bastante o sistema público. Ocorre que essas privatizações foram realizadas num
momento de grande recessão, e isso contribuiu para aumentar a desigualdade social no Chile, pois a propriedade privada
ficou concentrada numa minoria mais rica.
Essa desigualdade permanece até hoje e é uma das maiores do mundo. Segundo relatório anual sobre desigualdades
globais produzido pela Escola de Economia de Paris, somente 1% da população mais rica do Chile detem 24% da geração
anual de riquezas do país. Essa concentração de renda só é menor do que a do Catar (29%) e do Brasil (28%).
Abertura da economia ao comércio exterior
Essa medida ocorreu de forma abrupta, o que ocasionou prejuízos para a indústria chilena. Até hoje a produção industrial
do Chile é baseada em produtos primários, mais especificamente minério de cobre. Isso significa que sua indústria é
pouco sofisticada, pois o cobre serve de matéria-prima para produtos eletrônicos, por exemplo. Ou seja, o Chile vende a
matéria-prima e compra o produto feito com ela.
Há dois riscos principais quando a indústria de um país é dependente de produtos primários:
1) Os produtos terão menor valor agregado  (serão mais simples e, consequentemente, mais baratos);
2) O preço dos produtos primários são definidos pelo mercado mundial. Quando o barril do petróleo cai, por exemplo,
isso acontece em todo o mundo e não em apenas alguns países. O mesmo acontece com o cobre. Isso é ruim para a
previsibilidade de lucro das empresas dependentes desses produtos, pois sempre estarão sujeitas às oscilações
internacionais.
Regime previdenciário de capitalização
Como já explicamos, esse sistema, implantado no Chile em 1980, prevê que o trabalhador seja o único responsável pela
sua aposentadoria. Durante seu período de atividade ele faz uma “poupança” e, ao se aposentar, passa a ter renda
mensal proveniente dos anos que investiu.
O Chile foi o primeiro país no mundo a adotar esse sistema. Porém, de uns anos para cá, esse modelo dá sinais de
colapso, pois a primeira leva de aposentados da capitalização simplesmente não consegue sobreviver de suas
aposentadorias.
E por que? Basicamente por dois motivos:
No início da capitalização, a expectativa de vida no Chile era de 78 anos. Hoje é de 85 anos. Ou seja, há 7 anos a mais de
vida a serem financiados sem prévia programação.
Nos últimos 30 anos, as taxas de juros no Chile caíram. Os investimentos aumentaram em volume, porém a rentabilidade
deles não foi suficiente para garantir o valor do dinheiro no tempo. Por isso a dificuldade dos aposentados em viverem de
seu benefício.
Educação
Há alguns anos o Chile apresenta o melhor desempenho da América do Sul no PISA ( Programa Internacional de Avaliação
de Estudantes, que aplica provas de leitura, matemática e ciências em alunos de 79 países). Porém esse dado deve ser
analisado com cuidado. O sistema de educação chileno demonstra fortemente a desigualdade social do país: 84% dos
universitários pertencem às classes mais altas, contra somente 11% de alunos que provém de famílias mais pobres. Logo,
percebe-se que estes últimos são massivamente direcionados a formações técnicas.
Além disso, todo o ensino superior é pago, até mesmo nas faculdades públicas. Em 2018 foi aprovada uma lei que
retomaria a gratuidade do ensino, todavia ainda não foi posta em prática.
E então, quais conclusões podemos tirar da situação chilena?
Algumas questões não atingem só o Chile, mas a grande maioria dos países em desenvolvimento:
1 – Baixo desenvolvimento tecnológico da indústria
Há duas grandes consequências quando a indústria de um país depende principalmente de setores primários como a
mineração, por exemplo. A primeira delas é sobre a desvantagem comercial, afinal o país que só faz extrações ou atua na
agropecuária necessariamente dependerá de outros que lhe forneçam produtos prontos – ou produtos mais
elaborados. E, logicamente, o saldo das negociações será negativo para quem possui os produtos mais simples, certo?
O segundo é que produtos primários tem seu preço definido pelo mercado mundial. Não é o produtor quem faz o preço.
Isso também foi uma das causas dos atuais problemas econômicos do Chile, pois em 2017 o preço do cobre sofreu forte
redução no mercado mundial.
2 – Educação
Por melhor que seja a posição do Chile dentre os países sul-americanos, a predominância do ensino técnico sobre o
superior é um entrave para que consiga reverter sua situação econômica. Segundo Oscar Vara, professor de Economia na
Universidad Autónoma de Madrid, países que não contam com formação superior qualificada sempre dependerão de
tecnologia externa.
3 – Aposentadorias privadas
O sistema de capitalização implementado pela ditadura militar ajudou a sanear as finanças públicas, reduzindo
substancialmente os gastos do estado. Porém, como vimos, as taxas de juros e a expectativa de vida foram mantidas
constantes na projeção das aposentadorias, e isso foi um problema. De fato, não há como prever a movimentação dessas
variáveis num período de 30 anos.
Em entrevista à jornalista Mara Luquet, o CEO de seguros de vida do BTG Pactual Chile Jaime Maluk falou sobre fatores
problemáticos em relação às aposentadorias no país. Maluk citou, entre outros, o aumento da expectativa de vida, a
queda das taxas de juros e a falta de reavaliação periódica desses dois pontos.

3. Crise Econômica da Argentina


Macri discursa na Bolsa de Comércio de Buenos Aires. /Fonte: Fotos Públicas

A crise na Argentina tem sido um assunto recorrente na mídia nacional e internacional e diversas são as notícias sobre as
oscilações econômicas do país. Mas você sabe o que tem afetado a economia argentina e quais os fatores dessa crise?
Vamos entender neste post!
CONTEXTO DA CRISE NA ARGENTINA
A Argentina está atravessando uma intensa crise econômica que já dura aproximadamente 30 anos. Essa situação
impulsionou, principalmente nos últimos anos, a desvalorização do peso argentino, uma alta taxa de inflação e pedidos
de ajuda do país ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
A crise teve origem na década de 1990, quando se iniciou o histórico déficit fiscal no país – ou seja, os gastos do governo
eram maiores que a arrecadação. Isso significa que o dinheiro recebido pelo governo a partir dos impostos não era
suficiente para custear as despesas de administração e dos investimentos do governo.
Para amenizar a situação, foram emitidos títulos da dívida pública, que são, basicamente, como empréstimos que a
população faz ao governo para financiar a dívida. As pessoas que compram esses títulos estão fazendo uma espécie de
investimento no governo para que ele possa arrecadar recursos e pagar suas contas. Em datas determinadas, as pessoas
resgatam o dinheiro que investiram nesse título com o objetivo de obter lucros, pois o valor pode ter aumentado (ou não)
devido principalmente às taxas de juros – ou seja, esse investimento também apresenta o risco de não haver retorno total
do valor.
A crise na Argentina recentemente…
Em 2013, a economia argentina entrou em um período de estagnação, apresentando um crescimento econômico muito
lento que, aliado à altas taxas de desemprego, agravou cada vez mais a crise fiscal, pois os gastos do governo se
mantiveram mais altos que a arrecadação. Em outras palavras, essa estagnação, em conjunto com o desemprego, fazem
com que as pessoas consumam menos – ou porque elas não têm dinheiro ou porque preferem guardá-lo devido às
expectativas de inflação. Isso gera uma menor movimentação da economia e, portanto, uma menor arrecadação do
governo, o que intensifica a crise fiscal.
Outro agravante da crise é o fato de que, historicamente, a Argentina possui uma baixa reserva de dólares, o que faz com
que a moeda nacional (o peso argentino) se torne muito suscetível à desvalorização. Isso porque se o valor do dólar
aumenta muito, o governo não possui uma quantidade de moeda suficiente para fornecer aos compradores de dólares e,
por isso, deve obter mais moeda para estabelecer a equivalência do aumento, gastando mais dinheiro.
Além disso, como o país tem passado por uma estiagem – período longo sem chuvas – e nos últimos anos, o setor
agrícola apresentou queda em sua produção. Como boa parte das exportações da Argentina são do setor agrícola, há
uma dependência da economia nesse setor. Assim, quando a exportação de produtos agrícolas cai, a entrada de dólares
no país diminuiu em grande medida.
Em 2015, o presidente Mauricio Macri assumiu o governo e, desde então, tem aplicado um plano de ajuste fiscal
baseado nos cortes de gastos como uma tentativa de reduzir a dívida pública e alcançar um superávit primário. Para
compreender os cortes que o governo argentino tem realizado com o objetivo de combater a crise, precisamos entender
no que consiste um ajuste fiscal.
AJUSTE FISCAL: ENXUGANDO AS CONTAS DO GOVERNO
Esse termo tão presente no dia-a-dia dos jornais é mais simples do que parece e diz muito à respeito a situação da
Argentina. Ajuste fiscal é, basicamente, o corte de gastos do governo e o aumento de tributação, mas, normalmente, o
segundo é menos utilizado nesta fórmula por ser impopular.
O governo argentino realizou o ajuste fiscal por meio do corte de subsídios, como o auxílio na energia elétrica, gás e
transporte público, da criação de imposto direto sobre exportações e do corte de verbas ministeriais. O objetivo de Macri
com essas medidas é reduzir a participação do Estado na economia, de forma a reduzir os gastos do governo e o déficit
fiscal. Com esse dinheiro economizado, o governo visa a pagar a dívida pública argentina, freando seu crescimento ano
após ano.
TAXA DE JUROS: EFEITO DOMINÓ
A taxa de juros corresponde ao lucro que se recebe por emprestar dinheiro ou que se paga por tomá-lo emprestado. A
maioria das pessoas está habituada com esse termo quando se trata da relação entre pessoas e bancos, mas também é
possível que ocorra entre o Estado e pessoas. Como assim? Bom, aqui vai um exemplo para explicar:
Quando o governo precisa de dinheiro para pagar suas contas, uma de suas opções, como já explicamos, é colocar à
venda Títulos da Dívida Pública. Eles são papéis emitidos pelo Banco Central garantindo que, em um tempo determinado,
aquele título vai valer o que foi pago com o acréscimo de um percentual – esse percentual é a taxa de juros.
A taxa de juros do país depende de dois fatores: da taxa de juros que está em vigor nos Estados Unidos (já que o dólar é
a moeda de referência) e do chamado “risco país”, baseado em um ranking feito por agências especializadas, que mede o
risco que aquele país possui em não pagar sua dívida, ou seja, de “dar o calote”. No caso argentino, a dívida pública já é
tão grande que as agências de risco temem que o governo não consiga mais pagar, o que aumenta em muito o “risco
país” – aumentando, assim, os juros que o governo precisa pagar a quem detém o título da dívida. Afinal, para o
comprador, só compensa adquirir o título e se expor a um risco de não receber seu dinheiro de volta, se a “recompensa”
(o juro) for alta.
Essa instabilidade econômica causa descrença na capacidade do governo de pagar a sua dívida, fazendo com que os
investidores internacionais vendam seus títulos da dívida argentina, com medo de não receberem o valor que lhes é
devido. Esse movimento é chamado de “fuga de capitais”, o que diminui mais ainda a disposição de dinheiro para o
governo argentino poder fazer sua economia voltar a funcionar.
Para evitar essa “fuga de capitais”, o Banco Central Argentino, elevou a taxa de juros para 60%. Para você ter uma
referência, nos EUA, a mesma taxa é de 1,75%, e no Brasil, mesmo com uma crise econômica, é de 6,5%. A lógica é de
que, com um “prêmio” tão alto, valeria a pena para os investidores correr o risco do calote. Porém, essa medida foi
pouca efetiva, pois a desvalorização do Peso continuou a crescer, apontando que a saída de capitais se manteve.
Por outro lado, esse aumento da taxa de juros gera recessão na atividade industrial e econômica do país, pois, como
dissemos, essa mesma taxa é usada como base para se tomar empréstimos e, portanto, fica inviável para os industriais
realizarem investimentos. Então, por exemplo, se o industrial desejar investir em seu maquinário, e para isso precisa
pegar um empréstimo, ele deixará de fazê-lo, pois os juros tão altos aumentarão muito o custo desse investimento.
Sem investimentos, a economia não cresce, o que tem como consequência mais desemprego e diminuição da renda da
população, que acaba consumindo menos. Assim, agrava-se a crise  do país como um todo. Esse é o efeito dominó!
ALTA DA INFLAÇÃO NA ARGENTINA
A inflação é um percentual que mede o aumento geral de preços numa economia e é um importante fator de
intensificação da crise econômica, pois com o aumento dos preços, há uma queda no consumo, que é, por sua vez, um
importante gerador de emprego e renda.
Existem muitos fatores que podem gerar inflação em um país – no caso argentino, são dois os mais relevantes: a fuga de
capitais e a pouca oferta de produtos no mercado interno. A baixa disponibilidade de produtos no mercado faz com que
os preços subam, pois eles passam a ser mais procurados – e quanto mais desejados, maior o preço – gerando um
aumento da inflação. Além disso, frente à instabilidade econômica, muitos investidores e produtores passam a retirar
suas empresas e fábricas de um país, fazendo com que o dinheiro saia do país. Esse fenômeno é conhecido como fuga de
capitais, e faz com que muitos produtos e serviços deixem de existir, contribuindo também para que os preços do
comércio e do mercado financeiro tornem-se mais altos.
Conforme falamos, o Estado pode tomar empréstimos da sociedade, podendo ser agentes nacionais e internacionais  Em
primeiro lugar porque, com a fuga de capitais e a baixa reserva de dólares, o peso argentino fica desvalorizado, elevando
o preço dos produtos importados, o que gera inflação. Isso ocorre porque se um produto possui algum insumo de origem
estrangeira, por exemplo, ele vai precisar de um maior investimento para ser fabricado, já que a moeda argentina está
desvalorizada e o dólar mais caro, elevando o preço final do produto e agravando  ainda mais a inflação e o consumo.
Como consequência, o investimento no país diminui porque a produção torna-se muito mais cara e não há expectativas
de aumento do consumo, fazendo com que o desemprego cresça e intensifique a crise.
É bem verdade, contudo, que quase todas as moedas de países em desenvolvimento têm sofrido uma pressão de
desvalorização em relação ao dólar, por conta do aumento da taxa de juros dos EUA, que tem atraído muitos investidores
em busca da segurança de pagamento que os títulos americanos possuem.
Em segundo lugar, a baixa oferta de produtos no mercado interno está entrelaçada aos motivos que já citamos. Com o
aumento do preço do dólar na Argentina, vale mais a pena para o industrial vender seus produtos no exterior, em dólar,
que no mercado interno, pois com a mesma quantidade de dólares recebidos, ele poderá obter mais Pesos Argentinos.
Ou seja, as indústrias argentinas começaram a exportar mais e vender menos dentro do país. Assim, pela Lei da Oferta e
Demanda, o preço dos produtos no mercado interno aumenta, pois há menos produtos em oferta, mas a demanda é a
mesma.
A ATUAÇÃO DO FMI NA CRISE ARGENTINA
Economistas afirmam que o governo argentino deve estabelecer medidas que estabilizem o câmbio do país para que
possam, posteriormente, recuperar a credibilidade argentina no cenário econômico internacional. A queda do peso
argentino em relação ao dólar foi a maior entre todos os países emergentes desde o início deste ano. Diante de todos
esses problemas econômicos e sociais, a Argentina decidiu pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional – FMI.
Em junho de 2018, o país recebeu do FMI 50 bilhões de dólares em um acordo de financiamento com duração de 36
meses. Apesar de aparentemente essa ser uma boa notícia, o acordo gerou diversas manifestações contrárias por parte
da população pelo país. Isso aconteceu pois quando um acordo com o FMI é firmado, a instituição exige que certas
políticas sejam adotadas para que o país em crise volte a ter uma estabilidade econômica e recupere a credibilidade no
mercado internacional.
Porém, essas políticas são medidas de austeridade para reduzir o déficit fiscal do país, ou seja, medidas que possuem
objetivo de reduzir gastos públicos e, como geralmente impactam em áreas sociais, como na educação, saúde e
previdência, geram descontentamento por parte da população.
Com a alta da inflação, o poder de compra da população argentina já havia diminuído, trazendo um índice alto de
pobreza para o país. Acrescentando ainda as novas políticas adotadas, indicadas pelo FMI, a população se encontra em
um novo estado de vulnerabilidade social, com o acesso à serviços básicos de direito sofrendo cortes de gastos.
ELEIÇÕES ARGENTINAS 2019
Em 2019, ocorrem as eleições presidenciais na Argentina – realizadas em duas etapas, as primárias e as eleições gerais. 
Assim, no dia 11 de agosto do mesmo ano, já ocorreram as Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO) – em
que os principais candidatos foram Alberto Fernández e Mauricio Macri. 
Mas o que isso significa? A PASO é considerada uma modalidade única do planeta, criada em 2009, obriga todo o
eleitorado do país a ir às urnas para escolher, entre os pré-candidatos, quais serão os candidatos à eleição presidencial.
Como todos são obrigados a votar, é considerada como um “mega ensaio” do primeiro turno das eleições gerais. Assim,
enquanto aqueles candidatos que possuem menos de 1,5% de votos em nível nacional são descartados da eleição geral,
as primárias argentinas também sinalizam à sociedade e – principalmente – ao mercado quem são os favoritos ao cargo. 
O peronista Fernández derrotou Macri nas primárias com 47,4% dos votos, tornando-se o favorito à presidência. O
candidato já declarou que considera o FMI como corresponsável pelo desastre econômico argentino. Assim, caso ganhe,
já se espera que não siga o plano de emergência lançado em 2019 pelo presidente Macri – o presidente decidiu por adiar
o pagamento da dívida externa e renegociar termos com o FMI. Assim, em 28 de agosto, a Argentina
declarou reperfilamento da dívida, o que para muitos especialistas é apenas outro termo para moratória.
Para além disso, no início de setembro, também foi determinado pelo Banco Central que as entidades financeiras devem
pedir autorização antes de remeter dólares ao exterior.  O objetivo principal das medidas é impedir que as reservas
internacionais deixem o país e, assim, estabilizar o mercado monetário e financeiro do país. 
No dia 27 de outubro está marcado às eleições gerais.  Como você pode ver, o cenário econômico argentino ainda é de
grande incerteza e, dependendo do resultado da eleição, um novo plano econômico pode entrar em vigor no país.
Também há a recessão brasileira atual, além disso, com o Coronavirus, o mundo caminha para uma nova recessão.
Crise na Venezuela

Você provavelmente já ouviu falar da crise na Venezuela, certo? O tema é amplamente discutido no Brasil, principalmente
por tratar-se de um país vizinho, e que tem provocado forte fluxo de refugiados. Além disso, o governo socialista do atual
presidente Nicolás Maduro é alvo de críticas recorrentes na mídia brasileira.
Mas você sabe como começou a crise na Venezuela? Bom, para entender suas origens é preciso fazer uma retrospectiva
histórica, já que os acontecimentos recentes se somam aos acontecimentos históricos para construir a realidade atual do
país. Além disso, as características relacionadas à riqueza natural do território venezuelano e ao sistema de
governo também são bastantes importantes. Neste post, vamos entender de que forma todos esses aspectos influenciaram na
atual crise na Venezuela.
GEOGRAFIA DA VENEZUELA
A República Bolivariana da Venezuela é um país da América do Sul, que faz fronteira com o Mar do Caribe, com a
Colômbia, com o Brasil e com a Guiana. O país se situa em um território conhecido por suas grandes reservas petrolíferas,
sendo que o petróleo e suas variações representam cerca de 96% das exportações do país, levando os governos
venezuelanos, historicamente, a utilizarem o mesmo como foco das políticas econômicas.
Crise na Venezuela – Mapa

RETROSPECTIVA HISTÓRICA
Podemos olhar a partir do governo de Juan Vicente Gómez (1908-1935), quando as reservas de petróleo começaram a ser
exploradas, consolidando o Estado Nacional Venezuelano como o principal exportador mundial de petróleo para os
EUA, o que fez com que o país desenvolvesse uma forte dependência com o mercado estadunidense.
A Venezuela se beneficiava do aumento do preço do barril, como por exemplo na década de 70, quando as Crises do
Petróleo foram responsáveis por grandes aumentos no preço dessa commodity, já que a oferta do mesmo estava
diminuindo,  gerando prosperidade para o país durante a presidência de Carlos Andrés Pérez, de 1974 a 1979.
Posteriormente, após o estabelecimento dessa dependência, durante o segundo governo de Pérez, de 1989 a 1993,
ocorreram novas crises relacionadas ao petróleo, porém, dessa vez, eram decorrentes da alta oferta do produto, que  acabou
por levar a uma queda acentuada dos preços dos barris. O então presidente anuncia uma série de ajustes de caráter liberal –
inclusive um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) -, que resultaram em um aumento dos preços dos
combustíveis e das passagens.
Insatisfeito, o povo foi às ruas no movimento conhecido como “Caracazo”, o qual aconteceu em fevereiro de 1989 e deu
respaldo para uma tentativa de golpe. Nesta tentativa, participou Hugo Chávez, que foi preso. Quando foi solto, concorreu
às eleições presidenciais e foi eleito em 1998.
Leia mais: Política na Venezuela
Governo de Hugo Chávez
Hugo Chavéz ocupou o cargo de presidente da Venezuela durante 14 anos, eleito por 3 mandatos seguidos, e governou
o país com base em ideais diferentes dos governos passados, mas ainda assim o petróleo era o principal produto de
exportação venezuelano. É importante ressaltar que Chávez tem um perfil presidencial diferente de seus antecessores, já
que era soldado, bolivariano, socialista e anti-imperialista.
Durante os anos em que Chávez esteve na presidência dividiu opiniões fervorosamente, já que suas decisões políticas
muitas vezes foram consideradas autoritárias, extremistas, nacionalistas e populistas.
Apesar da manutenção de Chávez como presidente, havia grupos de oposição na própria população venezuelana. Isso
pode ser visto pela tentativa de golpe de Estado que sofreu em 2002, quando a crise na Venezuela era política. Ele tentou
neutralizar a ação dessa oposição silenciando parte da imprensa e perseguindo pessoas contrárias ao seu governo.
O ex-presidente venezuelano manteve a economia e as exportações do país com base no petróleo, não diversificando os
setores significativos de exportação de produtos. E, por isso, enquanto os preços dos barris de petróleo estavam em alta,
a Venezuela conseguiu lucrar muito com a exportação deste produto.  
Mas o que fez o governo chavista para se tornar ao mesmo tempo tão popular e impopular? A resposta dessa questão está
nas medidas de grande impacto que Chávez tomou nos seu governo. Durante os anos que esteve como
presidente, nacionalizou setores estratégicos (reservas de petróleos, telecomunicações, eletricidade, etc.), de grande
importância para a Venezuela. Ao fazer tudo isso, acabou por contrariar e afastar investimentos internacionais no país.
Além disso, sua posição de aproximação à Cuba, com Fidel Castro, e afastamento dos EUA, não era bem vista por grande
parte da sociedade internacional.
Por outro lado, Chávez teve parte do apoio popular, principalmente, pelos projetos desenvolvidos nas áreas da saúde e
educação. E, sua imagem, para os venezuelanos que o defendiam, estava para além de um presidente, muitos o viam como
um familiar ou ícone.
Leia mais:  O que é socialismo?
TRANSIÇÃO DE CHÁVEZ PARA MADURO
Em meados de 2011, Chávez faz um anúncio na televisão afirmando que estava com câncer, tendo que fazer diversas
operações e portanto precisando se ausentar no governo. O então Ministro das Relações Exteriores, que seria seu vice na
candidatura de Chávez do ano seguinte, Nicolás Maduro, passou a ganhar destaque, tendo que ser o representante oficial do
governo em múltiplas ocasiões.
Em 2012, houve uma nova eleição para escolher o futuro presidente do país. Chávez teria como principal adversário o
então governador do estado de Miranda, Henrique Capriles. Essa foi a eleição mais disputada da “Era Chávez”, decorrente
do início da crise econômica que estava surgindo no país. Mesmo assim, Hugo Chávez é escolhido pelos venezuelanos para
continuar seu mandato por mais 6 anos.
No entanto, dois meses após ser empossado para o seu quarto mandato seguido, Chávez morre, tendo assim que ser feita
uma nova eleição. Maduro é escolhido como o candidato para seguir o legado chavista, enquanto Capriles é novamente o
candidato da oposição. A eleição novamente é disputadíssima, mas Maduro se elege por uma pequena diferença.
Crise na Venezuela – Chavez

A CRISE NA VENEZUELA
Como já explicamos, durante décadas, a política econômica voltada para a exportação de petróleo obteve
sucesso, principalmente nos anos em que o preço do barril estava em alta. O governo de Chávez aproveitou a massiva
entrada de dólares no país para promover a importação de todos os bens que eram consumidos no país, além de
financiar programas de cunho social, despreocupando-se com o desenvolvimento agrícola e industrial do país.
No entanto, desde meados de 2014, já no governo de Nicolás Maduro, o preço dos barris começou a cair gradualmente.
Essa queda pode ser explicada por alguns fatores como a recusa por parte da Arábia Saudita (principal produtora de
petróleo do mundo) e outros países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de diminuirem suas
produções para manter os preços, além de uma demanda menor do que a esperada da Europa e da Ásia e o aumento
da produção de xisto (rocha metamórfica) pelos EUA, viabilizando a produção de petróleo de xisto e gerando uma
alternativa às importações advindas da Venezuela.
Com isso, além de não receber tanto dinheiro como recebia antes (quando os preços estavam em alta), a produção
venezuelana desacelerou porque a PDVSA, empresa estatal de petróleos de Venezuela, sofria com infraestrutura
precária, devido a já mencionada falta de investimentos no setor industrial e aos escândalos de corrupção. Além
disso, no governo Chávez foi criada a Petrocaribe, que consistia em uma aliança entre a Venezuela e os países do Caribe,
com o objetivo das ilhas caribenhas comprarem o petróleo venezuelano por meio pagamentos diferenciais (abaixo do preço
de mercado).
Essa queda na produção acentuou o baixo incentivo que as indústrias possuíam de se desenvolverem, e estimulou o setor
privado a importar cada vez mais. Tomando como base a dependência dos produtos importados, somado a o
decréscimo das exportações, começou a faltar produtos essenciais nos supermercados, levando ao desabastecimento.
O governo, então, adquiriu dívidas públicas, porque começou a depender muito dessas importações, gastando muito
dinheiro. Por isso, a solução encontrada foi imprimir mais dinheiro, para que fosse possível cobrir os desfalques das
contas públicas. Porém, ao se imprimir mais dinheiro, a oferta da moeda acaba se tornando maior que a demanda, o que faz
com que o preço do dinheiro em si caia, sendo necessário mais dinheiro para comprar as mesmas coisas. Em outras
palavras, essa solução fez com que a inflação, ou seja, o aumento dos preços, ficasse alta.
Com o objetivo de manter o valor da moeda local (bolívar), o governo criou uma política cambial para controlar a
compra de dólares pela população e obrigou os comerciantes a venderem seus produtos abaixo do preço de custo para
que se controlasse artificialmente a inflação, levando inúmeros estabelecimentos a falência. Somada a essa
hiperinflação, o governo ainda tinha que expandir seus gastos para garantir a manutenção dos programas sociais.
Existe até hoje, na política, uma crise na Venezuela muito forte, que coloca de um lado os chavistas e do outro os
opositores do governo, e essa oposição é fortemente marcada pela presença das forças armadas. Em 2014, protestos
populares tomaram conta das ruas em oposição ao governo de Maduro, que repreendeu fortemente a população.
RELAÇÃO COM OS ESTADOS UNIDOS E EMBARGO ECONÔMICO
Não há como explicar a crise na Venezuela sem falar das sanções econômicas impostas ao país pelos Estados Unidos.
O relacionamento entre os dois países é bastante controverso: eles exercem oposição aberta um ao outro, por serem rivais
ideológicos. A Venezuela segue princípios bolivarianos anti-imperialistas, e se opõe ao modelo de capitalismo adotado
pelos Estados Unidos. Os Estados Unidos, por sua vez, é contrário ao governo socialista venezuelano, que faz frente a seu
poderio. Mas isso não significa que os dois países não tenham relação alguma. A Venezuela possui a maior reserva de
petróleo do mundo, e os Estados Unidos são o maior consumidor desse recurso: esse é o elo de ligação entre os rivais.
Conforme mencionamos anteriormente, os Estados Unidos são o maior importador do petróleo venezuelano, o que faz com
que a economia do país seja altamente dependente da entrada de dólares vindos dos Estados Unidos. Essa é a delicada
situação da Venezuela: sua economia depende de seu rival, pois é com a entrada de dólares que a Venezuela recebe dos
Estados Unidos pelo petróleo que o país consegue importar a maioria do que consome.
Com a morte de Hugo Chávez, em 2013, o país passou a enfrentar uma crise política e um aumento da oposição
internacional. A rivalidade com os Estados Unidos se intensificou, e o país começou a aplicar fortes sanções econômicas à
Venezuela.
De acordo com um estudo do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (CELAG), as sanções impostas pelos
Estados Unidos entre 2013 e 2017 causaram à Venezuela um prejuízo de 350 bilhões de dólares e o fechamento 3
milhões de postos de trabalhos (24% da população ativa do país). Com a eleição de Donald Trump, as sanções ganharam
ainda mais força: foram impostos bloqueios de medicamentos e alimentos, que afetaram: 9 milhões de dólares em
medicamentos para diálise, 29 milhões de dólares em alimentos, 300 mil doses de insulina, medicamentos para tratamento
da malária, entre outros.
Assim, é evidente que o bloqueio econômico realizado pelos Estados Unidos é um fator fundamental na crise humanitária
que atinge a população venezuelana.
2019: DOIS PRESIDENTES E O AGRAVAMENTO DA CRISE
Em Janeiro de 2019, a autoproclamação do líder do Parlamento venezuelano como Presidente Interino levou à uma enorme
escalada da crise na Venezuela.
Agora, o país vive um contexto ainda mais complexo: possui dois presidentes reconhecidos internacionalmente, cada um
apoiado por diferentes países. Juan Guaidó, o presidente autoproclamado, é fortemente apoiado pelos Estados Unidos, que
pressionam cada vez mais pela queda do governo de Maduro.
Para ficar por dentro de toda a conjuntura atual da Crise da Venezuela e os acontecimentos mais recentes, acompanhe
nosso outro post sobre a Crise da Venezuela.
LINHA DO TEMPO DA CRISE NA VENEZUELA
Muita coisa de uma vez, né? Então vamos recapitular os acontecimentos que levaram à crise na Venezuela:
2012 – Uma nova eleição presidencial. Com câncer, Chávez permanece um bom tempo fazendo tratamento em Cuba, não
participando diretamente de sua campanha. A oposição consegue se fortalecer, levando à eleição mais disputada da era
Chávez. No entanto, o então presidente consegue se manter no poder.
2013 – No dia 5 de março, Nicolás Maduro anuncia a morte de Hugo Chávez. Uma nova eleição é marcada, sendo Maduro
o candidato de continuação do Governo Chávez. Por uma pequena diferença, Maduro vence e consegue se manter no
poder.
2014 – Com a inflação no país aumentando gradualmente, além de um crescimento na criminalidade, milhares de pessoas
vão protestar nas ruas, gerando depredações de prédios públicos e mortes de manifestantes.
2015 – Ocorre a eleição parlamentar no país, na qual a oposição consegue a maioria da Assembleia Nacional. A crise da
Venezuela (econômica e política) se agrava ainda mais com a queda do preço do barril de petróleo.
2016 – A inflação cresce mais com o passar dos meses, junto com a pobreza e os índices de criminalidade. A falta de
alimentos, de produtos higiênicos e de energia começa a se alastrar pelo país.
2017 – A Venezuela é suspensa do Mercosul pela Cláusula Democrática, após a instalação de uma Assembleia
Constituinte composta apenas por aliados de Maduro. Novos protestos deixam mais de 100 mortos.
2018 – Uma nova eleição à presidência ocorre, porém sem a participação da oposição, a qual alega que o próprio governo
estava comprando votos por meio da distribuição de benefícios. A crise migratória de venezuelanos se agrava, chegando a
milhões espalhados pelo continente americano.
2019 – Nicolás Maduro e Juan Guaidó tomam posse paralelamente como presidentes da Venezuela. O primeiro eleito pelo
Tribunal Supremo de Justiça e o segundo pela Assembleia Nacional.
Saúde e Problemas ambientais
Problemas Ambientais  e Aquecimento Global são temas contemporâneos de muita importância, e podem aparecer
nas questões de Biologia, Química, Física, Geografia, História, e como temas transversais e na Redação também. Se
liga aqui no resumo e no simulado.
O tema do Aquecimento Global do Planeta Terra a partir das interferências do homem tem a sua origem na época
da Revolução Industrial, inicialmente na Inglaterra, no século XVIII. O domínio do homem sobre a energia produzida nas
máquinas a vapor gerou um ciclo de uso intensivo da queima do carvão como fonte de alimentação

Depois vieram os motores a combustão interna, movidos pela queima do petróleo (na forma de seus derivados mais
comuns: óleo diesel, gasolina, e querosene), gerando o “Efeito Estufa” na atmosfera. Junto com a queima destes
combustíveis fósseis contribuem ainda para o Aquecimento Global o desmatamento de florestas e a queima de vegetações.
O Aquecimento global, portanto, está relacionado às consequências para o ambiente que desencadearam nos últimos
séculos o aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra.  
Os registros científicos dos últimos 140 anos mostra que o Planeta Terra vem num processo contínuo de aquecimento da
temperatura na superfície dos continentes e dos oceanos. Desde 1880 a temperatura já subiu 1 grau centígrado. O ciclo de
2014 a 2018 registrou a maior temperatura média de todos os tempos.
O Efeito Estufa e o Aquecimento Global
Há uma constatação pelas medições da NASA, a Agência Espacial Norte Americana, de que o ano de 2016 foi o mais
quente dos últimos seculos, e de que o ano de 2018 esteve com temperatura elevada, mantendo a rota de Aquecimento
Global.
Os  da NASA apontam através de evidências pela medição de gases que geram o efeito estufa de que o mesmo ocorre
principalmente pela ação do homem neste processo, gerando o Efeito Estufa. Todo o planeta está de olho nas Mudanças
Climáticas.
Confira com o professor Carrieri, do canal Curso Enem Gratuito, uma aula com foco nas Mudanças Climáticas e no
Aquecimento Global:
O aquecimento global, nesta direção apresentada no vídeo pelo professor Carrieri, seria uma consequência direta de ações e
processos determinados pelos humanos, tais como a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento, a produção de
diversos gases que no conjunto ‘blindam’ a Terra.
Uma das consequências desta blindagem que estes gases provocam é impedir que o Planeta Terra devolva para o espaço
uma parte do calor recebido do Sol.  Assim, uma parte do calor não se dissipa como antigamente, e o sistema ‘esquenta’.
Veja na imagem abaixo um esquema do Efeito Estufa, que é o nome deste fenômeno que leva ao Aquecimento Global.
Observe como as Queimadas, a queima de combustíveis fósseis ou renováveis, e os gases de queimas industriais ou mesmo
um simples aerosol de clorofluorcarbono contribuem para “O Efeito Estufa”.

Veja no diagrama como acontece o Efeito Estufa:

Se este aumento se deve de maneira preponderante a causas naturais ou antrópicas (provocadas pelo homem) ainda  há
controvérsias. Porem, as evidências coletadas pelos cientistas, meteorologistas e climatólogos convergem para considerar
que a ação humana realmente está influenciando na ocorrência do fenômeno.
As perspectivas não são nada otimistas. Conferências globais tentam definir o papel de cada país na redução de atividades
que contribuem fortemente para o aquecimento do planeta, e sem chegar a acordos objetivos em profundidade. 
Os presidentes das maiores potências mundiais discutem se adotam ou não o limite de aquecimento global de 1 (um) ou
(dois) graus na temperatura do planeta no século XXI. Mas, para a Terra, ninguém perguntou ainda.
As temperaturas globais podem aumentar entre 1,1 e 6,4 °C, entre 1990 e 2100, segundo modelos climáticos do IPCC. No
ano de 2016 o Planeta registrou as maiores temperaturas médias desde o ano de 1880, quando teve início a coleta de dados.
Em 2017 a temperatura média foi 0,9 Graus Célsius mais alta do que a média registrada nos anos de 1951 a 1980. Olhando
apenas para o número da diferença no aumento da temperatura podemos imaginar que “seria pouco, menos de um grau”.

Mas, para a natureza, é uma mudança radical.


Aumento contínuo da temperatura no Século XXI – Os registros mostram que de maneira recorrente os anos de 2014, 2015,
2016 , 2017 e 2018 foram os mais quentes já registrados. Em 2018 os dados mostraram a quarta temperatura mais elevada
em 140 anos de monitoramento, com elevação de 0,83 °C (Graus Célsius) na comparação com as médias de 1951 a 1980.
O longo ciclo de acompanhamento das medições da temperatura no Planeta Terra mostra um período de Aquecimento
Global real.
Veja as consequências do Aquecimento Global:
– Aumento do nível do Mar;
– Secas devastadoras;
– Disponibilidade Agrícola comprometida;
– Desertificação;
– Extinção da fauna e da flora;
– Aumento das precipitações;
– Incêndios naturais;
– Furacões….
Principais conferências sobre Meio Ambiente
ECO 92
Em 1992, no Rio de Janeiro, representantes de quase todos os países do mundo reuniram-se para decidir que medidas tomar
para conseguir diminuir a degradação ambiental e garantir a existência de outras gerações.
A intenção, nesse encontro, era introduzir a ideia do desenvolvimento sustentável, um modelo de crescimento econômico
menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. A pauta já continha discussões sobre o Aquecimento Global.
Os encontros ocorreram no centro de convenções chamado Rio Centro. A diferença entre 1992 e 1972 (quando teve lugar a
Conferência de Estocolmo) pode ser traduzida pela presença maciça de Chefes de Estado, fator indicativo da importância
atribuída à questão ambiental no início da década de 1990. Já as ONGs fizeram um encontro paralelo no Aterro do
Flamengo.
A ECO-92 frutificou a elaboração dos seguintes documentos oficiais: A Carta da Terra; três convenções (Biodiversidade,
Desertificação e Mudanças Climáticas); uma declaração de princípios sobre florestas; a Declaração do Rio sobre Ambiente
e Desenvolvimento; e a Agenda 21 (base para que cada país elabore seu plano de preservação do meio ambiente).
Os Fenômenos El Niño e La Niña
Consequências básicas
Região El Niño La Niña
Aumento da precipitação e do volume de água
Norte Menor precipitação / secas / incêndios
dos rios
Aumento da precipitação / elevação da vazão
Nordestes Longos períodos de forte estiagem
dos rios
Centro- Tendências de chuva acima da média e pequena elevação das
Sem grandes alterações
Oeste temperaturas
Sudeste Pequena elevação nas temperaturas médias no inverno Sem grandes alterações
Aumento das temperaturas médias e dos índices
Sul Longos períodos de estiagem
pluviométricos
.
O protocolo de Kyoto (1997)
Como estava previsto na convenção do clima, assinada durante a ECO-92, deveria ocorrer um novo encontro internacional
para discutir a emissão de gases responsáveis pelo aumento da temperatura do planeta.
Tal reunião ocorreu em Kyoto no Japão em 1997: líderes de 160 países assinaram um compromisso que ficou conhecido
como Protocolo de Kyoto. O Protocolo corre o risco de não sair do papel, pois não foi assinado pelos Estados Unidos,
responsáveis pela emissão de um quarto do gás carbônico na atmosfera.
A Conferência Rio+10
Em 2002, mais uma vez a ONU tentou estabelecer ações globais para a melhoria da qualidade de vida. Tal medida ficou
conhecida como Rio+10, a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável, que se realizou em Johanesburgo na África do Sul.
Algumas das discussões que causaram mais polêmicas em Johanesburgo foram:
• Clima e energia.
• Subsídio agrícola.
• Kyoto.
• Biodiversidade.
• Água e saneamento.
• Transgênicos.
• Pesca e Oceano.
 
Rio+20: temas e debates
A Rio+20 foi realizada em 2012. na paura pauta de discussões estava o termo “desenvolvimento sustentável”, que já fora
apresentado no Relatório “Nosso Futuro Comum”, de 1987, tendo como diretriz a ideia de um desenvolvimento “que
atenda às necessidades das gerações presentes sem comprometer a habilidade das gerações futuras de suprirem suas
próprias necessidades”.
O desenvolvimento sustentável é concebido na interação entre três pilares: o pilar social, o pilar econômico e o pilar
ambiental.
Na Rio+20, assim como ocorreu na Rio-92, espera-se pensar o futuro. Além de refletir sobre as ações adotadas desde 1992,
deseja-se estabelecer as principais diretrizes para orientar o desenvolvimento sustentável pelos próximos vinte anos.

Sob o tema “economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”, o desafio proposto à
comunidade internacional é o de pensar um novo modelo de desenvolvimento que seja ambientalmente responsável, socialmente
justo e economicamente viável. Assim, a “economia verde” deve ser uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável. O Brasil
propõe-se a facilitar as discussões, uma vez que o debate sobre o tema encontra-se em estágio inicial.
Sob o tema da estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável, insere-se a discussão sobre a necessidade de
fortalecimento do multilateralismo como instrumento legítimo para solução dos problemas globais. Busca-se aumentar a
coerência na atuação das instituições internacionais relacionadas aos pilares social, ambiental e econômico do
desenvolvimento.
Governos Trump e Bolsonaro
Fatos importantes sobre Donald Trump e pilares de seu governo
Há sempre um espacinho para os EUA nos vestibulares, no ENEM e até em concursos públicos brasileiros    
Donald Trump, como você já deve saber, é o atual presidente dos Estados Unidos, considerado a maior potência
mundial. Por conta disso, os holofotes do planeta inteiro se voltam para o líder do país e a tudo que ocorre dentro e fora da
Casa Branca.
As políticas de estado, externas, de imigração, decisões econômicas e de saúde, em meio ao coronavírus, de Donald Trump,
chamam a atenção. Algumas por serem bem controvérsias.
Mas qualquer que seja o presidente, há sempre um espacinho para os EUA nos vestibulares, no ENEM e até em concursos
públicos brasileiros. Para ajudar você no estudo das atualidades, selecionamos informações sobre a “era Trump” a seguir.
Era Donald Trump
Eleito em novembro de 2016, Donald John Trump é o 45° presidente da história dos Estados Unidos da América pelo
partido republicano. Ele busca sua reeleição nas eleições que ocorrerão em 2020.
Quem é Donald Trump?
Donald Trump nasceu em junho de 1946, em Nova Iorque, em uma família de imigrantes. Seu pai era descendentes de
alemães e sua mãe era escocesa.
Trump cursou Economia na Universidade da Pensilvânia. Nos anos 70 assume a direção da Trump Organization e torna-se
um dos empresários de maior sucesso nos EUA.
Políticas de Donald Trump
Donald Trump é considerado um político de direita e nos olhares da mídia um “populista”. Dentre várias políticas de
Donald Trump algumas merecem mais atenção.
Políticas de imigração
Donald Trump é sempre polêmico ao tocar no assunto. Politicamente, reduziu fundos que ajudavam ao menos 80 mil
imigrantes jovens.
Além disso, ele restringiu a imigração de muçulmanos ao país. No entanto, a Suprema Corte Americana interviu e a
proibição se dá somente para imigrantes dos seguintes países: Síria, Irã, Iêmen, Somália e Sudão.
Donald Trump ainda queria construir um muro na fronteira com o México para barrar a entrada de estrangeiros ilegais nos
EUA. Tal medida foi reprovada pelo Congresso Americano.
Coreia do Norte
Donald Trump teve problemas diplomáticos com a Coreia do Norte, chefiada pelo ditador Kim Jong-un. A Coreia do Norte
realizava testes com mísseis, com potencial de atingir os EUA. A partir disso, ameaças e insultos foram disparados por
Trump em redes sociais e na mídia.
O mundo previu um choque entre as nações, entretanto Donald Trump e Kim Jong-Un reuniram-se em Singapura em 2018
e a Coreia do Norte não seguiu com os testes nucleares na época.
Além disso, Donald Trump foi o primeiro presidente americano a pisar em solo norte coreano. Foi em 2019 em uma
reunião entre os governantes. As negociações seguem estagnadas.
Cuba
Quando Barack Obama foi presidente dos EUA, os americanos tiveram aproximação com Cuba e restabeleceram relações
diplomáticas, revisando acordo e excluindo os cubanos da lista de terroristas norte americana.
Porém, o governo Trump está revendo acordos com Cuba e com isso é possível a volta de Cuba à lista de patrocinadores do
terrorismo.
Além disso, os EUA restringem viagens para Cuba além da realização de negócios.
Rússia
A relação entre as nações ficaram estremecidas após saírem notícias de possível intervenção russa na eleição americana.
As acusações estão baseadas em divulgações de Fakenews contra a candidata Hillary Clinton.
Oriente Médio
Algumas das medidas mais conhecidas de Trump foram criar sanções econômicas ao Irã e romper o pacto nuclear que
mantinha com o país do Oriente Médio.
Trump x Venezuela
Donald Trump, não reconhece Nicolás Maduro como presidente da Venezuela. Além disso, decretou sanções econômicas
ao país. A Venezuela enfrenta uma crise econômica, política e social severa.
Trump e o Brasil
Trump mantém uma certa proximidade com o então presidente do Brasil Jair Bolsonaro. Porém, recentemente criticou as
relações comerciais entre os dois países.
Fez críticas aos processos burocráticos brasileiros, e comentou que os EUA saem perdendo em acordos que têm com o
Brasil. Trump também fez ressalvas na maneira como o governo brasileiro tem enfrentado a pandemia da Covid-19.
Pandemia do novo Coronavírus
O EUA foi o país mais afetado pela pandemia até então com milhões de casos e milhares de mortos. Além disso, o país
conta com mais de 40 milhões de desempregados.
Trump cancelou financiamentos a OMS e diversas vezes subestimou o vírus.
Internet, Redes sociais e Fake News
1. Inclusão digital no Brasil: em que estágio desse processo estamos?

Foto: Pexels.
A pandemia de Covid-19 trouxe, além da crise sanitária, problemas econômicos e políticos.  Setores da sociedade se veem
empurrados para o mundo digital como forma de gerar renda, obter informações e até mesmo estudar. Não estar na
internet pode significar, cada vez mais, estar excluído do século XXI.
Esse texto visa entender como esse processo, denominado de inclusão digital, acontece no Brasil e quais os caminhos
para que a internet de qualidade seja mais acessível.
O que é inclusão digital?
Esse é um daqueles conceitos que cada um pode ter uma ideia diferente. Em regra, pensamos nessa inclusão como “levar
acesso à internet” às pessoas. Mas que tipo de acesso? Por quais aparelhos? Quão limitado e qual a qualidade desse
acesso? Quando podemos falar que alguém está incluído digitalmente?
Para entender a questão, observemos a análise da cientista política e professora da USP Marta Arretche. Considerando
pesquisas da área, ela analisa dois tipos de usuários na internet:
Cidadãos de primeira classe: esses são os que conseguem usar a internet de forma ilimitada, realizando atividades
complexas, como produção de textos
Cidadãos de segunda classe: esses são os que têm acesso limitado, usando, principalmente, celulares e acessando redes
sociais.
Geralmente, políticos e mercados, ao falarem de inclusão digital, não fazem essa divisão entre as classes. De fato, se
olharmos o Brasil dessa forma, como um todo, nosso país possui um índice de inclusão digital bem acima da média
mundial. Mas se considerarmos que os ”cidadãos de primeira classe” são os que  conseguem benefícios reais com o
acesso – como oportunidades de emprego, educação e consumo de conteúdos de qualidade -, teremos que fazer essa
separação.
Neste texto, consideraremos que estar digitalmente incluído é ter o acesso ilimitado e com qualidade.
Qual a importância do acesso à internet no século XXI?
Mesmo antes da pandemia de Covid-19, as atividades feitas offline e online já estavam começando a se confundir. Isso
porque estamos cada vez mais na Era da Informação, na qual a tecnologia se torna fundamental para as relações entre
pessoas, mercados e governos.
Assim, governos podem se digitalizar, se modernizar e tornar seus serviços mais eficientes; setores educacionais podem
oferecer educação à distância; mercados podem produzir em regime de home office; e a sociedade, como um todo, vai
aprendendo um novo tipo de interação, que vai se tornando essencial.
Contudo, não só de conquistas vive esse momento histórico. O escritor Yuval Noah Harari, autor da famosa obra Sapiens:
Uma Breve História da Humanidade, reflete, no seu livro ‘’21 Lições para o Século 21’’, que a internet e outros avanços
tecnológicos, que se prometiam uma ferramenta de eliminação de barreiras entre países e classes, podem estar
ampliando o abismo da desigualdade:
‘’Na verdade, o século XXI poderia criar a sociedade mais desigual na história. Embora a globalização e a internet
representem pontes sobre as lacunas que existem entre os países, elas ameaçam aumentar a brecha entre as classes, e,
bem quando o gênero humano parece prestes a alcançar unificação global, a espécie em si mesma pode se dividir em
diferentes castas biológicas.’’
Para Harari, é tamanha a diferença competitiva dos que possuem acesso à informação, que pode ser possível o
surgimento de castas entre humanos. Estar excluído da internet, no século XXI, é estar excluído da sociedade. Ou, no
mínimo, ter acesso precário ao mundo de hoje.
Além disso, podemos ver óbvias consequências da exclusão digital em três grandes áreas essenciais: democracia,
educação e PIB.
Inclusão digital e democracia
O acesso à informação é uma das bases da democracia. A invenção e disseminação da imprensa no século XV,
por Johannes Guttenberg, foi essencial para a Revolução Científica, período em que historiadores apontam como marco
para estabelecer nossas bases – culturais, sociais, políticas – modernas. E isso há mais de 500 anos atrás!
Desde então, outros movimentos, como o Iluminismo e o Liberalismo foram consolidando o papel informativo como um
pilar democrático, um direito humano. Afinal, só com informação podemos saber qual a melhor forma de nos
organizar politicamente: quem votar, como fiscalizar, e por aí vai.
Não por acaso, é um direito colocado na nossa Constituição (assim como a liberdade de expressão e de imprensa). A
mídia,  maior responsável por levar a informação, é considerada um quarto poder informal, na democracia.
A popularização da internet, e, principalmente, das redes sociais, trouxe outra coisa fantástica: as pessoas não precisam
mais nem da invenção de Guttenberg para se informar: podem ter acesso à conteúdos em tempo real e compartilhar com
qualquer pessoa. Se antes o poder da televisão ou da mídia poderiam influenciar politicamente, hoje não há tanta
certeza.
Segundo o pesquisador Maurício Moura da IDEA Big Data, existem três mudanças principais:
1. Dinâmica: a formação de opinião é muito acelerada, mudando constantemente, já que tem potencial de entrega
instantâneo
2. Algoritmos das redes sociais: a organização plataformas acaba gerando ”bolhas sociais” – grupos nas redes em que só
os que têm opiniões parecidas dialogam.
3. Acesso por celular: o acesso é feito pelos telefones móveis
Mas a falta de intermediários para levar informação e o acesso por aparelhos móveis também têm problemas. Os filtros
de qualidade, para se levar a informação, estão mais fracos, já que o acesso digital depende de capacitação e ferramentas
para filtrar o que é confiável.
Como dito acima, a expansão digital ocorre principalmente pelos celulares, com usuários acessando recursos
limitados. Um relatório da consultoria McKinsey & Company analisou um estudo da Google que mostrou que o padrão de
acesso brasileiro é:
aplicativos de mensagens: 83%
redes sociais: 56%
leitura de notícias e mecanismos de busca: 54%
Juntando essas informações, podemos encontrar um cenário perigoso. Especialistas apontam que o fenômeno pode
deixar os brasileiros mais vulneráveis às Fake News.  Isso acontece por três motivos principais.
Primeiro, há os consumidores dessas informações, que, apesar de terem acesso às redes sociais, possuem um plano de
dados limitado para acessar alguma checagem de informações, ficando suscetível a manipulação.
Segundo, na era da informação, há empresas especializadas em coletar e analisar dados de comportamento das pessoas,
gerando informações precisas sobre qual a melhor forma de influenciá-los.
(A Netflix fez um documentário sobre isso, explicando o escândalo da Cambridge Analytica – empresa que usou dados de
usuários do Facebook para fins eleitorais)
Terceiro, existem potenciais ações orquestradas, como uso de robôs e disparos em massa, para disseminar essas
informações e influenciar a opinião pública.
Por isso, o professor Lucas Belli coloca a questão da inclusão digital como essencial para a democracia:
‘’é essencial, para limitar os riscos de manipulação eleitoral, evitar a concentração de dados pessoais nas mãos de um
número exíguo de entidades dominantes.’’
Inclusão digital e educação
Apesar de especialistas apontarem desafios muito mais básicos, como dificuldade de ler e escrever, a falta de um ensino
com habilidades digitais está adquirindo mais peso. Até porque a tecnologia pode ser uma ferramenta para melhorarmos
nossos números atuais.
O relatório da OCDE mostra os resultados do PISA, principal forma de avaliação o ensino mundial. Um emblemático é:
2/3 dos estudantes brasileiros não sabem o básico de matemática, por exemplo
De acordo com o relatório, há uma associação entre o nível socioeconômico e o desempenho na matéria. Com relação à
outras competências analisadas, como leitura e ciências, o país está estagnado.
Outra forma importante de mensuração é olhar para os jovens que estão saindo da escola. Se olharmos para números de
evasão escolar, veremos que não estamos progredindo na qualidade da educação, empurrando milhões de jovens para o
mercado de trabalho despreparados.

Fonte: Relatório Todos pela Educação.


É importante analisar também a pesquisa TIC EDUCAÇÃO 2019, feita pelo Cetic.Br, que mostra que grande parte dos
estudantes não tem computadores em casa. Também é significativa a quantidade de estudantes que acessam a rede
exclusivamente pelo celular:

Fonte: Pesquisa TIC EDUCAÇÃO 2019, Cetic.Br


Além disso, uma pesquisa do movimento Todos pela Educação com professores mostra que 2/3 alega ”Número
insuficiente de equipamentos” com  na sua escola.  Assim, enquanto alguns se veem sem fronteiras para complementar
os estudos, outros ficam estagnados, dependendo do sistema tradicional de ensino.
Inclusão digital e PIB (Produto Interno Bruto)
Nos últimos anos, nos acostumamos com a crise econômica que acometeu nosso país. Com a pandemia de Covid-19, é
possível que haja uma crise ainda mais desafiadora, com números de desemprego e falências ainda maiores do que os da
última crise.
O quanto a tecnologia poderia ajudar nesse obstáculo? Pesquisas mostram a relação entre o uso de ferramentas
tecnológicas e a produtividade dos trabalhadores.
A pesquisa da McKinsey & Company mostrou que, pela falta de competências digitais, estamos deixando passar uma
oportunidade de empregar mais de 20 milhões de pessoas, podendo ter um acréscimo de 70 bilhões de dólares para o
PIB até 2025.
Como podemos ver, o acesso à internet afeta áreas importantes da nossa sociedade. Mas como anda esse acesso?
Como anda a inclusão digital no Brasil?
A internet, que chegou popularmente no Brasil por volta de 1995, prometia quebrar barreiras entre os territórios. Hoje
podemos fazer uma imensa gama de atividades através dela. Desde a década passada o acesso está expandindo
rapidamente no país.
Essa, no entanto, não é a realidade de grande parte dos brasileiros.  Os dados mostram que as regiões Norte e Nordeste,
assim como as áreas rurais, têm, em geral, um acesso mais precário.

Outro ponto a se considerar é o quão limitado é o acesso que essas pessoas têm. De fato, há uma grande expansão do
acesso por celulares. O relatório da Banco Mundial faz uma constatação interessante:
‘’É mais provável que os domicílios mais pobres tenham acesso à telefones celulares do que a sanitários ou água potável.’’
No entanto, como já dito, o celular não possui as mesmas funcionalidades que um computador. Fazer trabalhos da escola
ou se especializar para uma vaga de emprego são atividades que exigem certo grau de complexidade, demandando um
computador e uso ilimitado de dados.
Portanto, quando analisamos dados da inclusão digital no Brasil, precisamos ter em mente algumas premissas:
As pessoas precisam ter acesso a um computador e banda larga para realizar tarefas complexas
Há imensas diferenças regionais e sociais que fazem com que não dê para pensar em apenas um Brasil. Temos que olhar
para os diferentes ‘’brasis’’.
Com isso em mente, podemos passar a traçar desafios para garantir a inclusão seja quantitativa e qualitativa. Ou seja, que
cada vez mais pessoas possam ter acesso à conexão de qualidade na internet.
Os desafios para a inclusão digital no Brasil
Os desafios se tornam complexos exatamente pelas inúmeras realidades dentro do país. Políticas públicas pensadas para
uma cidade podem ser bem diferentes dependendo da região do país.
É possível exemplificar no setor de educação. Vamos imaginar 3 tipos diferentes de estudantes:
José, que mora na zona rural de uma cidade no interior do Pará. Na cidade de José, quase não tem sinal de internet. Isso
ocorre porque o município não tem uma infraestrutura de energia adequada. Na maior parte da cidade sequer existe
energia elétrica.
Gustavo, residente da cidade no interior da Bahia. Gustavo até tem uma rede disponível na sua cidade, mas não pode
arcar com os custos do pacote de banda larga. Para realizar as atividades escolares, precisa se contentar com seu celular.
Mas tem enormes dificuldades para realizar os trabalhos e fazer pesquisas.
Paulo, morador da periferia da região metropolitana de São Paulo, possui uma rede disponível, mas nem sempre ela
funciona. Além disso, não há ninguém para ensiná-lo sobre como aproveitar as oportunidades de acesso à internet.
Essas três histórias sintetizam os maiores problemas encontrados no Brasil:
Infraestrutura: muitos lugares têm problemas para ter uma rede adequada de internet
Custo desproporcional: o custo dos pacotes ou equipamentos é muito elevado
Falta de treinamento: parte significativa dos estudantes – e professores – não tem conhecimento para o acesso
Os problemas acima têm sido constantes desde o começo no século XXI. As políticas públicas nacionais foram precisas em
diagnosticar esses problemas, mas os desafios para implementar as soluções ainda persistem.
Como o setor público agiu para sanar essas barreiras, o que deu certo e o que precisa melhorar? Analisar essas questões
nos dará pistas de qual seria uma política pública eficientes para as próximas décadas.
O que já foi feito no Brasil?
Por serem as principais, focaremos nas políticas de iniciativas dos governos federais, ao longo dos anos. No final do século
XX, e começo do século XXI já tinham esforços governamentais para criar uma governança para o desenvolvimento da
internet. Com a avanço da sociedade, medidas mais consolidadas foram ganhando espaço.
Alguns marcos, baseados neste documento do TCU e no podcast Café da Manhã da Folha foram:
Governo Collor (1990 – 1992)
No Governo Collor surgiu a primeira lei de incentivo à era da informação. A Lei da Informática, com isenções fiscais para
incentivar empresas brasileiras a produzir tecnologias.
Governos Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2002)
É possível que muitos se lembrem do primeiro computador ‘’Windows 95’’, sistema operacional da Microsoft. Também é
de 1995 uma das principais medidas do Poder Público para desenvolver a internet no Brasil: O Comitê Gestor Internet,
organização formada por diferentes setores da sociedade.
Em uma nota do Governo Federal, já se sabia a relevância do tema:
‘’O Governo considera de importância estratégica para o país tornar a Internet disponível a toda a Sociedade, com vistas à
inserção do Brasil na Era da Informação.’’
Além disso, começava  os primeiros esforços para trazer a internet para espaços públicos, como os
chamados Telecentros (que foram repetidos em gestões posteriores).
Começava a ter de fato uma governança, com setores responsáveis para implementar medidas de inclusão digital no
Brasil.
Governos Lula e Dilma (2003 – 2016)
Já no final do Governo Lula e início do Governo Dilma, os primeiros projetos de universalização apareceram. O principal
foi o Programa Nacional de Banda Larga, tanto financeiramente quanto em sua extensão.
Programa Nacional de Banda Larga
Na época, já se sabia dos principais problemas atuais. Alguns projetos de inclusão já eram testados e as estratégias
pareciam ir na direção certa: reduzir o preço da banda larga, aumentar a cobertura da rede e otimizar a
velocidade. Concretamente, o plano propunha, dentre outras coisas, a criação de uma Rede Nacional, incentivos fiscais e
financiamento da produção tecnológica.
O plano, segundo relatórios de avaliações, não foi adequadamente executado, não batendo as metas e sendo substituído
por outro: o Programa Banda Larga para Todos, já no final do Governo Dilma.  Esse programa queria promover a inclusão
de 90% dos brasileiros. Com a crise que se seguiu, foi colocado na gaveta.
Vale notar que, com a Copa e as Olimpíadas, um outro projeto para levar a rede móvel para diferentes locais do Brasil
foi elogiado por algumas organizações internacionais, merecendo certo destaque.
Governo Temer (2016 – 2018)
No Governo Temer, foi feito um estudo que avançou no diagnóstico do problema. O relatório ‘’Transformações Digitais’’ ,
feito com parcerias do Governo com setores da sociedade, inova em apresentar ações estratégicas para a implementação
da inclusão digital. Desse estudo resultou o programa Internet para todos, para levar conexão aos municípios mais
afastados do Brasil.
O projeto sofreu com entraves burocráticos, e não é possível mostrar resultados práticos. Na gestão posterior, seria
remodelado.
Governo Bolsonaro (2019 – atualmente ) :
No Governo Bolsonaro, um marco foi a sanção da Lei das Telecomunicações, que muda o regime de contratação das
empresas, exigindo como contrapartida investimentos em acesso à internet.
Além disso, o ministro do Ministério das Comunicações, recriado em 2020, coloca a inclusão digital como prioridade. Uma
das ações previstas é a implementação da rede 5G, uma tecnologia que promete qualidade e potência para o acesso à
internet. A pandemia de Covid-19, no entanto, atrapalhou a execução do projeto.
O que falta fazer
Todos os governos analisados até aqui souberam apontar direções e fazer diagnósticos sobre a situação. A execução das
políticas, no entanto, parecem ser um problema.
Na realidade, falta uma política contínua para a inclusão digital. O  relatório do TCU de 2015 é emblemático em apontar
que essa política precisa, principalmente, ser feita com uma efetiva gestão e integração entre o Poder Público.
Segundo o documento:
‘’ não é possível identificar, para o caso brasileiro, uma política pública única e integrada, sendo que os diversos
programas de inclusão identificados coexistem de forma independente e desarticulada.’’
Em relação a execução das políticas, há:
‘’ fragilidades relevantes relacionadas às metas e aos prazos estabelecidos, aos indicadores utilizados e à definição dos
responsáveis’’.
Com os desafios e as políticas apresentados, fica a óbvia reflexão: como seria uma política pública ideal de inclusão
digital?
Como superar essa barreira
Até agora, vimos a importância de se ter uma população usando plenamente tecnologias. Passamos também pelos
desafios de um projeto que cubra todo o país. A boa notícia é que a mesma política já foi feita em outros países, afinal: a
demanda por uso de internet é global. Portanto, vale a pena conhecer o que dá certo.
Inclusão digital no mundo
O mundo ainda tem um grande desafio: a ONU previa 46% do mundo sem conexão à internet. Mas a pandemia de Covid-
19 mostrou que esse número pode ser bem maior.
O relatório da União Internacional de Telecomunicações é útil para sabermos quais países nos inspirar. A métrica usada é
o IDI (assim como o IDH mede o desenvolvimento dos países, o Índice de Desenvolvimento de TIC mede uma série de
parâmetros para analisar a inclusão digital).
Ao explicar o sucesso dos primeiros colocados, como a Dinamarca e a Coreia do Sul, o documento cita como motivos,
além da renda, mercados livres e com concorrência, assim como uma população treinada para usar as tecnologias.
Vale notar que o ranking de inclusão possui um arranjo bem semelhante ao ranking de nações com melhores resultados
no PISA, programa de avaliação da educação mundial.
Como podemos melhorar: 10 boas práticas
Considerando que a inclusão é uma questão global, podemos melhorar olhando pra iniciativas aqui no Brasil e também no
mundo. Abaixo, algumas iniciativas interessantes que poderiam ser úteis para gestores implementarem.
Para traçar as iniciativas, foram usados, principalmente, relatório de governos, como o Estratégia Brasileira para o
transformação Digital; de organizações civis, como o Movimento Brasil Digital; e da consultoria McKinsey & Company.
1) Expansão da tecnologia de fibra ótica
Documentado no relatório do movimento ”Mapa do Buraco”, está o projeto de cinturões digitais no Ceará, conectando o
estado através de cabos de fibra ótica. A confiança na ferramenta é tanta que um técnico da cidade de Sobral, disse que
“essa é a única opção que pode ser chamada de investimento quanto à ampliação e melhoria da conectividade’’.
Muitos países também têm empregado a estratégia, e ela tem se mostrado efetiva. Um exemplo é a Índia, que teve a
experiência em 2015.
2) Legislação mais flexível
Modelos alternativos no ordenamento jurídico podem dar flexibilidade para gestores municipais e incentivar o setor de
telecomunicações.
A Inglaterra fez isso recentemente, incentivando a indústria. Aliás, muitos outros estudos apostam na reforma
tributária para tornar o empreendedorismo mais atraente para empresas da área.
3) Políticas de incentivo fiscais
Políticas que oferecem vantagens para empresas têm gerado resultados positivos em vários estados. É o caso de Minas
Gerais, Ceará e Amazonas.
Fonte: Estratégia brasileira para a transformação digital.
4) Redes Comunitárias
As redes comunitárias chegaram ao Brasil no final do século XX, com os Telecentros, gerando efeitos positivos.
Lucas Belli, professor da FVG, confirma a eficácia de medidas desse tipo. Ele cita a região de Osana, na Catalunha, que
obteve resultados bem significativos com a medida, inclusive para a economia da região.
5) Criação de mecanismos de continuidade
As políticas públicas de conectividade precisam se tornar políticas de Estado. Para isso, pode-se criar certos mecanismos,
como simplificação de processos e parcerias. A Alemanha e a Suécia têm feito políticas nessa linha bem interessantes.
6) Capacitação
Principalmente voltada para o setor educacional, políticas voltadas para a educação continuada tendem a ter efeitos
positivos.
O relatório da McKinsey & Company propõe que a capacitação seja feita priorizando habilidades mais simples e de maior
impacto, como procurar e consumir conteúdos de qualidade. Assim, pode ser usado para desenvolver conhecimento e
gerar renda.
7) Foco na zona Rural
Experiências mundiais mostram que o foco em regiões mais afastadas geram resultados. No Canadá, ocorreu um plano
específico para levar banda larga às áreas rurais. Junto com o plano, foram feitas várias medidas para baratear os custos,
como mudanças nos pacotes. Também é o caso de demais nações desenvolvidas, como Alemanha e Suécia.
8) Doações
Nada impede que nós, como indivíduos, sejamos parte da solução.
Na Inglaterra existe uma campanha para que empresas doem aparelhos e tecnologias para que mais pessoas possam ter
acesso à rede.
No Brasil, há algumas iniciativas para que a população doe aparelhos eletrônicos que não mais usam, para que pessoas de
baixa renda possam utilizar em atividades online.
9) Parceria com empresas
A iniciativa Google Station, com promovendo parcerias entre a multinacional, outras empresas e governos, promete levar
acesso para países em desenvolvimento. Inicialmente adotada na índia, a tecnologia chegou no Brasil em 2016. No
entanto, desafios técnicos e de infraestrutura levaram a empresa a cancelar o projeto.
Nada impede que parcerias com projetos semelhantes aceitem o desafio de superar tais barreiras no futuro.
10) Parceria entre países e blocos
O Brasil já se aproximou da União Europeia para o desenvolvimento da rede 5G. Países também podem se tornar
parceiros nesse projeto, já que muitos deles tiveram desafios similares em seus territórios.
Conclusão
Se você chegou ao final desse texto, tem uma grande chance de ter uma internet com qualidade para acessar conteúdos.
É interessante fazer um exercício de reflexão: ”como estaria minha vida hoje sem a internet?’‘. Provavelmente, seria
completamente diferente, porque estar longe dessa conexão é estar à margem da sociedade.
Isso nos força a pensar que o acesso à internet é um direito fundamental. E, assim como outros direitos, há dificuldades
de universalização. Mas as experiências globais nos mostram que fazer essa inclusão agora pode ser vital para um país
menos desigual e mais desenvolvido.

2. Mídias sociais e sua influência

Atualmente, vivemos uma exacerbação do narcisismo devido ao surgimento das redes sociais, pois são os meios mais
utilizados para divulgação de nossa própria imagem.
As redes sociais chegaram com o propósito de fazer os usuários mostrarem sua intimidade, suas experiências, forma de
vida, padrão social, consumismo, dentre muitas outras coisas. São um meio que os indivíduos encontraram para se
agrupar de acordo com suas preferências e afinidades, sem barreiras geográficas, podendo conectar-se com pessoas de
diversas partes do mundo, mudando completamente a forma de nos comunicarmos por proporcionar rapidez.
Já é um hábito ter em mãos tantas oportunidades de expor a vida e, juntamente com as redes sociais estão os
smartphones, tablets e computadores, que surgiram para complementar, quase como uma extensão de nosso corpo.
De acordo com McLuhan, qualquer extensão afeta todo o complexo psíquico e social. Há grande dificuldade de
concentração na realidade, já que o mundo virtual se faz presente em praticamente tudo.
Segundo Mariana Parizotto (2012), um smartphone reúne exatamente aquilo que é exigido de indivíduos modernos:
mobilidade, rapidez e funcionalidade. Já o coach Silvio Selestino (2012) diz “Não preciso esperar chegar em casa ou no
escritório para responder e-mails. Consigo navegar na internet e ler o que preciso de qualquer lugar, tenho uma agenda à
mão, fácil de acessar e modificar”. Ou seja, a facilidade que há atualmente em comunicar, procurar informações e expor a
privacidade é muito grande.
Todas as tecnologias existentes hoje, faz com que a população viva de uma maneira muito diferente da qual vivia-se há 10
anos. Para saber sobre a vida de algum famoso, por exemplo, o único meio era a televisão ou o rádio. Hoje, nesse quesito,
a internet é muito mais eficiente.
Como podemos encarar essas mudanças? Será que tudo isso está nos fazendo tão bem quanto parece? Vivemos em
constante alteração. Auto divulgamos nossas imagens e não precisamos que mais ninguém faça isso por nós. Sabemos
que aquilo que é íntimo tende a ficar oculto (e deveria), mas, paradoxalmente, é o que atrai o olhar do outro se
pensarmos que nossa vida é exposta em apenas um clique, mostrando o que estamos fazendo em nosso dia-dia.
Segundo (FEUERBACH, apud DEBORD, 1997, p.13): “Sem dúvida o nosso tempo prefere a imagem à coisa, a cópia ao
original, a representação à realidade, a aparência ao ser.” Isso faz com que os usuários se tornem egoístas. Porém,
estamos fadados ao mundo da imagem.
A tecnologia, juntamente com as mídias sociais mudaram não somente a forma de nos comunicarmos mas também a
forma com que as empresas divulgam seus produtos e fazem publicidade. Algum tempo atrás, ao fazer publicidade e até
mesmo marketing pessoal, pensava-se apenas em mídias impressas, televisão e outdoors. Precisávamos contar com a
ajuda de alguém.
De acordo com Sant’Iago (2012), no Brasil, a presença de empresas em redes sociais ainda é vista como novidade.
Segundo Resina de Oliveira (2009), a forma de comunicação deve ser reinventada, já que a nova era é a da interatividade,
com comunicação direta entre clientes e empresas, pois os membros das redes sociais querem conversar e interagir com
pessoas e não com marcas.
“Tornando-se cada vez mais idêntico a si mesmo, e aproximando-se o máximo possível da monotonia imóvel, o espaço
livre da mercadoria é a cada instante modificado e reconstruído. Esta sociedade que suprime a distância geográfica,
amplia a distância interior, na forma de uma separação espetacular.” (Guy Debord, Pág 109).
A partir desta frase podemos concluir que a sociedade atual se enquadra perfeitamente no Espetáculo de Guy Debord,
onde a distância não mais existe, sendo suprida pela tecnologia que aproxima os indivíduos onde quer que estejam. É um
lugar onde podemos nos encontrar, nos relacionar, compartilhar gostos e experiências e conhecer pessoas parecidas
conosco. Agora que já são parte de nossas vidas, torna-se difícil, ou praticamente impossível, conviver sem suas
facilidades.

3. Fake News e Eleições

Foto: Pexels
As eleições de 2018 estão sobrecarregadas com as mais distintas expectativas. Para analistas e formuladores de políticas
públicas, uma das maiores preocupações em relação às campanhas eleitorais está relacionada à elaboração de possíveis
estratégias para combater as  fake news nas eleições.
O Brasil fornece o cenário perfeito para que a guerra informativa tome conta do debate político. Não apenas pela
forte polarização ideológica, mas também pela ampla utilização de redes sociais pelos brasileiros com acesso à internet.
As redes sociais se tornaram um terreno fértil para fomentar a polarização dos discursos por meio do impulsionamento
de notícias falsas e da utilização de algoritmos. Estes, por sua vez, nos dão a sensação de viver em uma “bolha”, em que
todos os nossos contatos pensam de forma parecida com a nossa. Sendo assim, o que se pode fazer para combater
as fake news nas eleições?
FAKE NEWS E A GUERRA INFORMATIVA NO MUNDO
As fake news se tornaram uma das ferramentas de influência política mais utilizadas nas guerras informativas ao redor do
mundo. Dentre os exemplos mais conhecidos de influência das fake news nas eleções, estão as que levaram Donald
Trump à presidência dos Estados Unidos e o plebiscito sobre o Brexit, que levou o Reino Unido à saída da União Europeia.
Em 2017, o Facebook admitiu que a empresa Internet Research Agency – conhecida por usar contas falsas para publicar
comentários favoráveis ao governo Putin em redes sociais –  comprou mais de US$ 100 mil em anúncios políticos na
plataforma durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos. Durante as investigações, executivos de empresas como
Google e Facebook, se comprometeram a divulgar quem paga por anúncios nas plataformas. O caso diz respeito
à acusação, do Departamento de Justiça dos EUA, de 13 russos e 3 empresas russas de se passarem por cidadãos
estadunidenses em redes sociais para apoiar a campanha de Donald Trump. Além disso, prejudicaram a campanha  de
Hillary Clinton, por meio de ações como a compra de anúncios políticos em nome de pessoas e entidades dos Estados
Unidos, o envio de comunicados à imprensa estadunidense sobre manifestações pró-Trump e o recrutamento pago de
manifestantes e eleitores.
Em 2018, a Alemanha se tornou um dos primeiros países com legislação para combater discursos de ódio e fake news.
A França está considerando fazer o mesmo. Segundo a lei, as redes sociais possuem 24h após o recebimento de uma
queixa para excluir estes conteúdos. O prazo se estende para sete dias quando o caso for mais complexo. Além disso, as
empresas são obrigadas a produzir um relatório anual sobre as postagens excluídas e seus motivos. As críticas à nova
legislação alemã estão ligadas à opção do governo alemão em deixar para as empresas – em vez de tramitações judiciais –
a tarefa de barrar usuários e  excluir conteúdos. Este ponto dificultaria a exposição dos motivos pelos quais postagens
individuais foram excluídas. Além de abrir espaço para que postagens sejam excluídas de forma arbitrária e sem que as
autoridades fiquem sabendo.
No Brasil, o Marco Civil da Internet determina que as redes sociais (e outros provedores de serviços) não são responsáveis
pelos os conteúdos publicados nestas plataformas. Segundo ele, cabe à rede social remover ou não conteúdos (caso não
estejam nos termos de uso, por exemplo).
FAKE NEWS E A GUERRA INFORMATIVA NO BRASIL
No Brasil, o contexto de grande polarização política é promissor para a utilização de notícias falsas e outras armadilhas
digitais. Como armadilhas digitais, podemos citar as fake news  e também outros mecanismos de proliferação da
desinformação, como os perfis-robôs (bots). Até mesmo as chamadas junk news – ou “notícias enviesadas” – , que são
notícias desatualizadas e/ou descontextualizadas, que confundem quem lê.
As fake news nas eleições estão presentes, pelo menos, desde as eleições de 2014. Elas foram decisivas em processos
mais recentes, como o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Segundo a Diretoria de Análise de Políticas Públicas
da Fundação Getúlio Vargas (DAPP/FGV), perfis falsos chegaram a gerar mais de 10% do debate político durante as
eleições de 2014. O mesmo estudo aponta que estes perfis representaram quase 20% das interações no Twitter entre os
eleitores de Aécio Neves. Após Dilma vencer, boatos sugeriam fraudes nas urnas eletrônicas. Estes boatos foram
utilizados como justificativa pelo PSDB para pedir recontagem de votos. Fraude que a própria auditoria do partido
desmentiu.
Uma novidade da reforma eleitoral para as eleições 2018 é investir em postagens impulsionadas em redes sociais, como o
Facebook. Candidatos poderão pagar para refinar seus discursos e distribuir material de campanha para públicos
específicos. Tornando o discurso o mais atraente possível para cada público-alvo. Isso permitirá que os candidatos
consigam dizer para determinado público exatamente o que ele quiser ouvir. Para Pablo Ortellado, professor da
Universidade de São Paulo (USP), as fake news são sintoma da polarização política do país e a perspectiva de possibilidade
de financiamento desta polarização durante o período eleitoral de 2018 é preocupante.
O QUE VEM SENDO FEITO NO BRASIL PARA COMBATER AS FAKE NEWS
Em 2017, o então presidente do TSE, Gilmar Mendes, instituiu um Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições. Este
conselho visa estudar soluções para a disseminação de informações falsas e é composto por integrantes do:
Ministério da Justiça;
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC);
Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br);
Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
Exército;
Sociedade civil, como representantes da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da SaferNet.
Outro presidente do TSE que também trouxe propostas foi Luiz Fux. Ele criou um Grupo de Trabalho junto ao governo
executivo e órgãos de inteligência para propor um projeto de lei específico que lide com notícias falsas. Segundo Luiz Fux,
haverá possibilidade de cassação de mandato e anulação das eleições caso seja comprovado que um candidato tenha sido
eleito com influência de notícias falsas. Dentre os participantes deste Grupo de Trabalho, estão:
Polícia Federal;
Exército, através do seu Centro de Defesa Cibernética;
Abin;
Ministério da Defesa;
Ministério Público Federal;
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
O TSE é responsável pela parte jurídica dos mecanismos de combate a notícias falsas. Ele estabelece previsões de
punição e interpretação dos conteúdos compartilhados. Já o Ministério da Defesa, a Abin e o Exército se encarregam da
parte tecnológica. Verificando a vulnerabilidade de sistemas de informação e rastreamento de perfis-robôs.
Em entrevista à Carta Capital, o chefe da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado da PF defendeu a
necessidade de criação de uma legislação mais moderna e alertou que, “em último caso”, se não houver uma nova
legislação até o início do período eleitoral, haveria possibilidade de utilizar a Lei de Segurança Nacional (criada no final da
ditadura militar) para lidar com as fake news. Tal declaração pode ser vista com apreensão, tendo em vista a origem
autoritária e antidemocrática desta lei.
Além da Justiça Eleitoral na preparação para as eleições, diversos Projetos de Lei  tramitam no Congresso. Alguns com o
intuito de criminalizar a criação e divulgação de fake news nas eleições. Outros defendendo a obrigação das redes sociais
de deletarem mensagens falsas, além de prever a aplicação de multas pesadas. Dentre estes, estão:
PL 473/2017, do senador Ciro Nogueira (PP-PI),
PL 6812/2017, do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR),
PL 8592/2017, do deputado Jorge Côrte Real (PTB-PE),
PL 9554/2018, do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS),
PL 9533/2018, do deputado Francisco Floriano (DEM-RJ).
Todos de teor semelhante, os projetos diferem em relação à duração da pena de detenção, entre outros detalhes.
Atualmente, não existe uma lei específica que puna a criação de boatos no Brasil. Porém, essa prática poderia ser
enquadrada como crime contra a honra, sendo eles calúnia, injúria ou difamação. Isto, dependendo do conteúdo da
notícia. Segundo o Código Penal, as penas variam entre detenção de 1 mês a detenção de 2 anos, além de multa.
Em entrevista para o G1, o advogado, ex-integrante do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional e
professor das universidades de Princeton, Oxford, Columbia, UERJ e MIT Media Lab, Ronaldo Lemos, defende que a
legislação eleitoral brasileira atual já seria suficiente para combater fake news nas eleições. O especialista coloca que a
legislação brasileira já consiste em “uma das mais restritivas entre os países democráticos”. Com amplos poderes para
remover conteúdos online. O que pode ser visto  com preocupação devido ao histórico recente do país em relação à
censura.
A LINHA TÊNUE ENTRE MONITORAMENTO E CENSURA
Diversos especialistas e organizações veem com apreensão as iniciativas estatais e tantos órgãos de segurança agindo
contra as fake news. Não sendo especificadas formas de atuação, tais iniciativas podem ser utilizadas como pretexto para
censura e restrição às liberdades individuais. Para que o combate às fakes news nas eleições seja efetivo, suas premissas
devem ser expostas de maneira transparente.
No âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA), foi assinada uma Declaração Conjunta sobre Liberdade de
Expressão e Notícias Falsas (Fake News), Desinformação e Propaganda. Segundo o documento, a desinformação afeta
a democracia, corroendo a credibilidade da imprensa e interferindo no direito à informação. Entretanto, governos que
apresentarem medidas de combate à desinformação devem fazê-lo de forma a não promover a censura. Além de visar à
manutenção de valores democráticos.
Para Francisco Brito Cruz, diretor do Internetlab e pesquisador da USP, a tentativa de criminalização da prática aparece
como problemática. Isto porque poderia se tornar um mecanismo de controle de discurso. O especialista vê com
apreensão a participação da PF nesse âmbito. Além disso, problematiza a tentativa de delegar à Justiça Criminal a tarefa
de definir o que é verdade. Isto por causa do acesso não democratizado ao Poder Judiciário no Brasil. Ainda, especialistas
como Janaína Spode, da Casa de Cultura de Porto Alegre, apontam para o risco destas punições se transformarem em
uma perseguição contra determinados segmentos políticos, especialmente se amparadas por leis que foram aprovadas às
pressas.
O QUE PODEMOS FAZER PARA COMBATER PARA EVITAR A DISSEMINAÇÃO DA DESINFORMAÇÃO?
A atuação das mídias, da Justiça Eleitoral e de instituições será essencial para o combate às fake news nas eleições. Existe
a possibilidade das fake news nas eleições serem um sintoma da polarização política e da guerra ideológica do país.
Entretanto, para tal possibilidade, medidas de transparência devem ser acompanhadas de campanhas de conscientização
crítica dos usuários das redes sociais. A solução sugerida é de educação política dos usuários e da população.
Sabemos que, hoje em dia, existem páginas criadas com o intuito exclusivo de compartilhar informações ilegítimas, textos
de caráter sensacionalista, conspiratório e de opinião disfarçados de matérias jornalísticas, bem como de fotos
manipuladas e vídeos editados. Além disso, elas contam com redes de perfis-robôs que ampliam sua circulação e geram
uma sensação de relevância. Sendo assim, como saber se o que você está compartilhando é uma notícia legítima?
A melhor maneira de combater as fake news nas eleições é saber identificá-las. Para isso, conta-se não apenas com o
senso crítico, tendo em mente que os algoritmos das redes sociais funcionam de maneira a mascarar informações
contraditórias, mas com uma lista de passos de checagem, como esta do Aos Fatos. Além disso, preste atenção nos
resultados de pesquisas que já foram feitas em relação às fake news, por exemplo:
1) Foi comprovado que aplicativos de mensagens criptografados, tais como o WhatsApp, apresentam as condições ideais
de disseminação de desinformação, pois dificultam o mapeamento e a verificação das informações enviadas. Na dúvida,
evite compartilhar “correntes” ou mensagens cuja fonte foi omitida ou não verificada.
2) No Twitter, o papel dos perfis-robôs é central. Entretanto, com a mudança na legislação eleitoral que permite o
impulsionamento de postagens no Facebook, há quem acredite que a influência destes perfis tenda a diminuir. De
qualquer forma, sempre verifique os links e a informação que você está compartilhando.
3) Evite compartilhar notícias de sites polarizados que não são transparentes, que postam em anonimato ou veiculem
discursos de ódio. Aliás, pesquisas demonstraram que a polarização que leva ao compartilhamento irresponsável de  fake
news é mais intensa entre pessoas na faixa dos 40 aos 60 anos, com grau de escolaridade superior e bom nível de renda.
Se você conhece alguém com esse perfil que frequentemente compartilhe matérias sensacionalistas, tente ensinar a esta
pessoa como identificar notícias falsas. 4) Preste atenção nos candidatos que apresentam seus planos de governo da
maneira mais transparente possível. Além disso, siga páginas de agências de checagem de fatos (fact-checking)! A Agência
Lupa e a Aos Fatos são ótimos exemplos de plataformas que checam o nível de veracidade e distorção não somente de
notícias falsas, mas das informações presentes em discursos de políticos e candidatos.
4) Utilize ferramentas que já estão disponíveis online que auxiliam na identificação de desinformação, como o Eleições
sem Fake, desenvolvido pelo Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
ou o Monitor do Debate Político no Meio Digital, que produz relatórios de análises sobre centenas de veículos de
comunicação e páginas no Facebook.
CONCLUSÃO
A desinformação é um fenômeno que vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões sobre política no mundo
inteiro, especialmente quando questionamos seus possíveis impactos na democracia. No Brasil, em plena véspera de
eleições, a possível influência de fake news nas eleições  traz preocupações para candidatos, eleitores, analistas,
formuladores de políticas públicas e tomadores de decisão. 
Entretanto, foram apresentados diversos esforços em nível institucional para combater as fake news nas eleições, muitos
dos quais podem ser problematizados quando contextualizados em relação às políticas repressivas de censura utilizadas
no regime autoritário que marcou o passado recente do país. Contudo, especialistas das mais diversas áreas concordam
que, independente das medidas institucionais que venham a ser empregadas, a conscientização do público através da
educação política é essencial para barrar a disseminação de informações falsas.
Para tanto, foram expostas várias maneiras de identificar armadilhas digitais para poder discernir o que é conteúdo falso.
Outra estratégia extremamente eficaz de impedir o compartilhamento de notícias falsas consiste no diálogo com
familiares, amigos e conhecidos, explicando o que é desinformação, para que fins ela é utilizada e como identificá-la.

4. A Pós Verdade
Pós-verdade foi eleita a palavra do ano em 2016 pelo Dicionário Oxford. De acordo com o Dicionário Oxford, pós-
verdade é: um substantivo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em
moldar a opinião pública do que apelos à emoção e crenças pessoais”.  
A explicação da palavra pós-verdade de acordo com o Oxford é de que o composto do prefixo “pós” não se refere apenas
ao tempo seguinte a alguma situação ou evento – como pós-guerra, por exemplo –, mas sim a “pertencer a um momento
em que o conceito específico se tornou irrelevante ou não é mais importante”. Neste caso, a verdade. Portanto, pós-
verdade se refere ao momento em que a verdade já não é mais importante como já foi.
Para o  jornalista Matthew D’ancona, autor do livro “Pós verdade: a nova guerra contra os fatos em tempos de fake
news”, o ano de 2016 marcou o início da “era da pós verdade”, ou seja, o início de um período em que os fatos são cada
vez mais desvalorizados, enquanto que paixões e crenças ganham força.
O termo pós-verdade já existe desde a última década, mas as avaliações do Dicionário Oxford perceberam um pico de uso
da palavra exatamente no ano de 2016, no contexto do referendo de saída do Reino Unido da União Europeia – o Brexit –
e das eleições estadunidenses. Além disso, é bastante usado com o termo política depois, então, pós-verdade política.
Durante esses dois grandes eventos políticos, a pós verdade ganhou força através da massiva propagação de fake news
na internet (afinal, as campanhas do Brexit e de Trump foram altamente digitalizadas, favorecendo a propagação de
notícias falsas). 
Qual o real impacto das notícias falsas na política?

Conforme mencionado, dois acontecimentos que tiveram relevância internacional em 2016 foram o Brexit – saída do
Reino Unido da União Europeia – e as eleições presidenciais estadunidenses. Além de serem os principais motivos do
crescente uso da palavra pós-verdade, também foram onde o próprio fenômeno das notícias falsas foi muito
intenso. Mas porque?
Bom, isso ocorreu especialmente em função da alta digitalização dessas campanhas políticas. A campanha pelo Brexit,
bem como a campanha de Trump, foram desenvolvidas com foco em internet e redes sociais.  A estrutura desse ambiente
digital é essencialmente favorável à propagação de notícias falsas. A principal razão para isso é que na internet é possível
realizar campanhas personalizadas: Ou seja, enviar anúncios diferentes para cada pessoa, de acordo com o perfil de
personalidade dos usuários. O impacto disso é o que veremos a seguir. 
O caso da eleição dos Estados Unidos
Em 2016, 33 das 50 notícias falsas mais disseminadas no Facebook eram sobre a política nos Estados Unidos, muitas delas
envolvendo as eleições e os candidatos à presidência. Durante a campanha presidencial, notícias falsas foram espalhadas
sobre os dois candidatos: o republicano Donald Trump – depois eleito – e a democrata Hillary Clinton. No monitoramento
de 115 notícias falsas pró-Trump e 41 pró-Hillary, os economistas Hunt Allcott e Matthew Gentzkow concluíram que as
postagens pró-Trump foram compartilhadas 30 milhões de vezes, enquanto as pró-Hillary 8 milhões. 
Sobre Trump, a “notícia” de que o Papa Francisco havia apoiado sua candidatura e lançado um memorando a respeito
foi a segunda maior notícia falsa sobre política mais republicada, comentada e a qual as pessoas reagiram no Facebook
em 2016. Outra notícia falsa,  diretamente relacionada com Trump, afirmava que ele oferecia uma passagem de ida à
África e ao México para quem queria sair dos Estados Unidos – a postagem obteve 802 mil interações no Facebook.
Quanto à Hillary Clinton, uma notícia falsa com alta interação no Facebook – 567 mil – foi de que um agente do FBI (órgão
de investigação federal) que trabalhava no caso do vazamento de e-mails da candidata foi supostamente achado morto
por causa de um possível suicídio. 
O site PolitiFact, de checagem de informações e ganhador do Prêmio Pulitzer, 69% das declarações de Trump são
‘predominantemente falsas’, ‘falsas’ ou ‘mentirosas’. Quando pensamos que trata-se do Presidente da maior potência
mundial, é possível imaginar que isso tenha consequências em todo o mundo.

Notícias falsas no Brexit


Nigel Farage, líder da campanha Leave EU, na inauguração de um outdoor de campanha. O outdoor apresenta a imagem de uma
suposta fila de imigrantes turcos aguardando para entrar no país, junto a frase “A União Europeia falhou”. A notícia falsa de que 76
milhões de turcos entrariam na UE foi central na campanha pelo Brexit.
Quanto ao Brexit, houve diversas informações truncadas disseminadas pela campanha Vote Leave – em tradução livre,
“vote para sair” – para a saída do Reino Unido da União Europeia. As questões envolviam principalmente as políticas de
imigração da UE e questões econômicas. O jornal The Independent reporta que um dos líderes da campanha pelo Brexit
afirmou que mais 5 milhões de imigrantes iriam ao Reino Unido até 2030 por conta de uma licença dada a 88 milhões de
pessoas para viver e trabalhar lá – uma informação que não tem fundo de verdade. Um dos pôsteres da campanha
clamava: “Turquia (população de 76 milhões) está entrando na UE” – quando, na verdade, o pedido de entrada na UE
pela Turquia é antigo e não mostra sinal de evolução. 
O fenômeno das fake news no Brasil
Em 2018, foi a vez do Brasil de experimentar a proliferação de notícias falsas, que ganharam força durante a eleição
presidencial. É provável que tenha sido durante as eleições que você tenha ouvido falar no termo fake news pela primeira
vez. Ao contrário dos casos do Reino Unido e dos Estados Unidos, no Brasil a rede social que protagonizou a disseminação
de notícias falsas foi o Whatsapp. Você pode conferir um pouco mais sobre isso nesse podcast do Nexo.
Qual o papel da imprensa com as notícias falsas no mundo da pós-verdade? 
Podemos dizer que o jornalismo sempre foi o canal que disseminava as notícias e conteúdos às pessoas, seja a respeito da
sua própria comunidade ou sobre o mundo. Hoje há, porém, um ruído na relação entre os jornalistas, os meios de
comunicação tradicionais e o público. Em alguns casos, o público não quer mais ser informado por apenas o que uma
emissora de TV, de rádio ou jornal impresso têm vontade de veicular. Em outros, acredita-se que a cobertura de situações
é parcial e partidária para algum lado. 
Desde a massificação da internet, mas principalmente das redes sociais, não há mais filtro entre a informação e o público.
O público pôde se emancipar da necessidade em se conectar com veículos tradicionais de informação e, portanto, há
quem se informe somente pelas redes sociais e nunca abra um jornal. Aí reside o problema: muitas vezes são
disseminadas informações inexatas, exageradas ou erradas de alguma maneira. Isso traz à tona a importância da
imprensa, que tem a formação jornalística necessária para o combate a notícias falsas, pois envolve apuração dos fatos, a
checagem de informações e as entrevistas com diversas partes envolvidas numa situação (pluralidade de fontes).
Em um estudo da USP sobre as “Eleições 2018 – Perspectivas da comunicação organizacional”, conclui-se que metade das
empresas brasileiras não acredita que a imprensa está preparada para a cobertura das eleições de 2018. Por outro lado, a
metade que acredita na capacidade da imprensa de cobrir as eleições do ano que vem o faz porque enxerga competência
e tradição da mídia brasileira nesse tipo de cobertura.
O jornalismo tradicional, portanto, pode e deve encontrar novos formatos de conteúdo, inovar em suas abordagens para
manter a sua credibilidade perante o público que já tem e adquirir o público que ainda não tem – exatamente a
população que nasceu em meio à internet e às redes sociais. É papel de imprensa utilizar suas ferramentas para combater
a disseminação das notícias falsas e da pós-verdade. Um dos meios para isso é a checagem de fatos feita em agências,
redações e coletivos de jornalismo, sobre a qual você pode ler aqui!
Antes de prosseguir a leitura, que tal conferir um vídeo rápido? São dicas fáceis que te ajudam a reconhecer uma notícia
falsa:
 
Porque notícias falsas são feitas?
Há diversos fatores para a criação de notícias falsas. Alguns deles são a descrença na imprensa e a utilização das fake
news como um negócio, para atingir objetivos de interesse próprio. Em estudos sobre os motivos pelos quais são feitas
as fake news, chegou-se ao seguinte resultado: os motivos podem ser um jornalismo mal-feito; paródias, provocações ou
intenção de “pregar peças”; paixão; partidarismo; lucro; influência política e propaganda.
Quanto ao lucro, por exemplo, os estudos se referem às notícias falsas terem se tornado um negócio. Há realmente quem
lucre com esse advento, com ferramentas de propaganda gratuitas e com as manchetes chamadas de “iscas de clique”.
Foi o caso de um brasileiro que chegou a fazer 100 mil reais mensais de lucro com sites de notícias falsas, segundo um
mapeamento da  Folha de São Paulo.
A respeito da veiculação desses conteúdos, podemos dizer que são disseminados principalmente pela internet, por meio
de redes sociais, portais falsos de notícias e grupos de aplicativos de mensagem, amplificados até por jornalistas que
passam informações truncadas às pessoas. Outras notícias falsas são disseminadas por grupos diversos – de política, de
religião, de crenças variadas – que fazem comunidades, páginas de Facebook e sites para compartilhar suas crenças e
(des)informar as pessoas de acordo com sua fé. Existem também outras maneiras mais sofisticadas, em que há uso de
robôs e mecanismos da internet próprios para disseminar conteúdos falsos.

Está sendo discutido, atualmente, uma lei contra as fake news.

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